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APG 09 - OBSTRUÇÃO INTESTINAL

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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Objetivos 
1- Estudar a epidemiologia, fatores de risco, 
etiopatogenia, manifestações clínicas e 
diagnóstico da obstrução intestinal. 
Obstrução intestinal 
↠ A obstrução intestinal é uma síndrome na qual o 
conteúdo do intestino, tanto delgado quanto grosso, não 
consegue progredir até o reto, impossibilitando sua 
eliminação do organismo (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Obstrução intestinal estará presente a partir do 
momento em que qualquer obstáculo impeça esta 
progressão, seja por uma barreira física ou por distúrbio 
funcional da força propulsora da musculatura intestinal 
(DANI; PASSOS, 2011). 
↠ Esse bloqueio pode ser completo ou parcial, no 
intestino delgado ou no grosso, apresentar sofrimento 
vascular ou não, e ainda é possível encontrar obstrução 
em alça fechada, quando existem dois níveis de obstrução 
e o conteúdo entérico não vai nem para frente nem para 
trás (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 É fundamental assinalar a importância de se fazer o diagnóstico 
de localização da obstrução, principalmente nos casos menos 
evidentes, em que a causa não é facilmente identificável (DANI; 
PASSOS, 2011). 
CLASSIFICAÇÃO 
↠ Podem-se classificar as obstruções intestinais em dois 
tipos: obstrução mecânica e obstrução funcional 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 Podemos dividir a obstrução intestinal em dois grandes grupos: 
obstrução mecânica e obstrução reflexa (DANI; PASSOS, 2011). 
Na obstrução mecânica, há uma barreira física com manutenção da 
força propulsora da musculatura intestinal. Isto significa que o 
peristaltismo estará presente e que, auscultando o abdome, 
poderemos não só ouvir os ruídos peristálticos como também 
perceber os detalhes dos sons, que poderão ser fortes, exacerbados, 
de luta, com timbre metálico (DANI; PASSOS, 2011). 
Na obstrução reflexa, ou íleo paralítico, não há barreira física. O que 
há é um distúrbio da força propulsora da musculatura intestinal. 
Podemos encontrar duas situações: íleo adinâmico, em que a 
ineficiência é resultante do relaxamento da musculatura, e íleo 
dinâmico, em que a ineficiência é resultante de espasmo da 
musculatura. Isto significa que, auscultando o abdome, há silêncio 
abdominal porque o peristaltismo estará ausente ou é ineficiente. Vale 
assinalar que o íleo dinâmico é raro (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ Podemos classificar ainda a obstrução intestinal como 
simples ou com estrangulamento, relacionadas à 
existência ou não de comprometimento da irrigação 
sanguínea do segmento intestinal comprometido (DANI; 
PASSOS, 2011). 
A obstrução simples não apresenta risco à vitalidade da alça envolvida 
porque não há restrição do fluxo sanguíneo. A obstrução com 
estrangulamento representa risco para a vitalidade da alça porque há 
restrição do fluxo sanguíneo. Será́ de maior ou menor gravidade, 
dependendo da extensão de meso e da alça envolvidos (DANI; 
PASSOS, 2011). 
↠ Há ainda um tipo especial de obstrução que é a 
obstrução em alça fechada, quando o mesmo segmento 
intestinal está obstruído em dois pontos. Exemplos clássicos 
são o tumor obstrutivo da sigmoide com válvula ileocecal competente, 
a torção do delgado e a torção de alça aferente num paciente 
gastrectomizado com anastomose a Billroth II. Nesta situação, há 
grande proliferação bacteriana e aumento da virulência, grande 
produção de toxinas e comprometimento da irrigação sanguínea. São 
estes fatos que tornam esse tipo de obstrução grave, porque o 
segmento envolvido rapidamente caminha para necrose e 
esfacelamento, rotura e peritonite (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ Podemos, ainda, classificar a obstrução de acordo com 
o ponto em que se estabeleceu a barreira física: 
obstrução alta, quando ocorre próximo ao ângulo de 
Treitz, e obstrução baixa, quando ocorre no colón. 
Entretanto, clinicamente, é possível dividir o quadro obstrutivo em três 
grupos: obstrução alta do delgado, obstrução baixa do delgado e 
obstrução do cólon. É importante frisar que o delgado está envolvido 
em aproximadamente 60 a 80% dos casos de obstrução intestinal e 
a obstrução mecânica é a mais frequente (DANI; PASSOS, 2011). 
 Podemos classifica-la quanto ao nível (alto ou baixo), ao grau 
(completa ou incompleta), ao estado de circulação sanguínea (simples 
ou estrangulada), à evolução (aguda ou crônica), à localização 
(intramural, extramural ou intraluminal) e à causa (mecânica, vascular 
ou funcional) (SANAR). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ Obstrução intestinal é uma das causas mais frequentes 
de emergência. Aproximadamente 20% das internações 
por doença abdominal aguda ocorrem por obstrução 
intestinal (DANI; PASSOS, 2011). 
 A desatenção ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado 
ocasiona o fato de a mortalidade ainda permanecer acima do desejável, 
embora já tenha declinado de 60%, que prevalecia em meados do 
século passado, para os atuais 6 a 8% (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ É uma patologia que pode estar presente em todas 
as faixas etárias, porém é mais frequente em adultos e 
idosos. Corresponde ao segundo tipo de abdome agudo 
mais comum, ficando atrás apenas do inflamatório 
(SANAR). 
APG 09 – “Sem flato” 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ Na tabela abaixo é possível verificar as principais causas 
de obstrução intestinal separada por fatores que 
influenciam na doença (SANAR). 
 
↠ A obstrução do intestino delgado é mais prevalente 
(76% das obstruções intestinais) do que a do intestino 
grosso (25% das obstruções intestinais). A incidência do 
intestino delgado é semelhante para homens e mulheres, 
com idade média é de 64 anos. No caso do intestino 
grosso, média de idade é de 73 anos (SANAR). 
 As obstruções do intestino delgado são aproximadamente 80% 
dos casos de obstrução intestinal mecânica, sendo a incidência igual 
entre homens e mulheres (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ A obstrução mecânica aguda do intestino delgado é 
uma emergência cirúrgica comum. A média de pacientes 
que são submetidos à intervenção cirúrgica é de 20 a 
30%. Dentre as complicações da obstrução intestinal, a 
isquemia intestinal é a principal delas, estando associada ao 
risco de mortalidade (SANAR). 
 No caso da obstrução do intestino grosso, as obstruções 
ocorrem predominantemente no cólon transverso ou distal. A 
localização mais comum do câncer colorretal obstrutivo é no cólon 
sigmóide (SANAR). 
FATORES DE RISCO 
↠ Assim sendo, os principais fatores de risco para 
obstrução intestinal são: (ZATERKA; EISIG., 2016). 
• cirurgia abdominal ou pélvica prévia; 
• hérnia inguinal ou abdominal; 
• doença inflamatória intestinal; 
• história ou risco aumentado para neoplasia; 
• radioterapia prévia; 
• história de ingestão de corpo estranho. 
ETIOLOGIA 
↠ A obstrução intestinal pode decorrer de causas 
variadas, dividimos então em 3 grupos principais: (SANAR). 
• Causas extraluminais: aderências, hérnias, neoplasias e 
abscessos. 
• Causas intrínsecas à parede do intestino: tumor primário, 
congênita, inflamatória, infecciosa, neoplasia, trauma, etc. 
• Causas de obstrução intraluminal: cálculo biliar, bezoar, 
corpo estranho, etc. 
OBSTRUÇÃO MECÂNICA 
↠ Na obstrução mecânica, há uma barreira física com 
manutenção da força propulsora da musculatura intestinal 
(DANI; PASSOS, 2011). 
↠ As obstruções mecânicas podem ser classificadas de 
acordo com a localização do processo oclusivo, em: 
intraluminal, da parede intestinal ou extraintestinal 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Nas lesões intraluminais, as neoplasias são causas 
clássicas desse tipo de obstrução, sendo o 
adenocarcinoma de cólon a principal causa no intestino 
grosso, responsável por mais de 50% dos casos 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
↠ Com relação às lesões da parede intestinal, a 
intussuscepção é mais comum em crianças, porém pode 
também ocorrer em adultos. Nesse caso, tumores, pólipos 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
e doença inflamatória, assim como divertículode Meckel, 
estão com frequência presentes (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Nas lesões extraintestinais, as bridas são a principal 
causa de obstrução intestinal do adulto e ocorrem mais 
comumente em operações do andar inferior do abdome 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 As hérnias externas podem causar obstrução, e seu reparo tem 
o objetivo principal de prevenir esse mal. As obstruções completas 
são frequentemente causadas por hérnias, sendo comuns também 
em crianças. Vale lembrar que as hérnias tais como de Spiegel, hérnia 
obturadora etc., embora raras, representam grande desafio dignóstico 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 Dentre todos os tipos de hérnia, aquelas que mais 
frequentemente estrangulam são as hérnias femorais em função da 
inextensibilidade do seu anel (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
FISIOPATOLOGIA 
 A fisiologia normal do intestino é digerir e absorver nutrientes. 
Para isso, há microvilosidades, vilosidades e dobras circulares 
aumentando a área de absorção disponível. Essas dobras circulares 
podem ser vistas pelo estudo radiológico. O intestino delgado é 
relativamente livre de micróbios, ao passo que o intestino grosso 
contém bactérias comensais que auxiliam na digestão, sintetizam várias 
vitaminas e fazem a quebra da bilirrubina (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Na obstrução intestinal mecânica ocorre a distensão 
proximal da alça, resultante do acúmulo de secreções 
gastrointestinais e de gás, ao passo que a região distal ao 
bloqueio descomprime assim que o conteúdo luminal 
passa (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ O ar engolido e o gás proveniente da fermentação 
bacteriana podem acumular, adicionando-se à distensão 
da alça. Com a continuidade do processo, o intestino 
torna-se edematoso, a função de absorção normal é 
perdida e o fluido é sequestrado para dentro do lúmen 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Inicialmente, essa distensão estimula a peristalse reflexa 
abaixo do ponto de oclusão, a qual diminui 
progressivamente até a completa estagnação do 
movimento intestinal (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Conforme a distensão se torna mais grave, a pressão 
hidrostática interna aumenta até o ponto de comprimir 
ductos linfáticos e vênulas da mucosa, diminuindo a 
perfusão para a parede intestinal. Se a perfusão a um 
segmento de intestino é insuficiente para satisfazer as 
necessidades metabólicas, ocorre isquemia, resultando, 
eventualmente, em necrose e perfuração, a menos que 
o processo seja interrompido (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Há, pelo quadro edematoso, perda de líquido para o 
terceiro espaço, gerando quadro de desidratação e 
hipovolemia. Se a obstrução é proximal, a desidratação 
pode estar acompanhada de hipocloremia, hipocalemia e 
alcalose metabólica secundários a vômitos contendo suco 
gástrico (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Com a evolução do processo, um quadro sistêmico 
instaura-se, podendo a desidratação prolongada evoluir 
com oligúria, azotemia, hemoconcentração e até choque 
hipovolêmico. O aumento da distensão abdominal eleva a 
pressão intra-abdominal, gerando dificuldade respiratória 
pela elevação do diafragma e reduzindo o retorno venoso 
das extremidades inferiores pela compressão da veia 
cava, potencializando os efeitos da hipovolemia 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Caso o processo não seja interrompido, a barreira 
intestinal contra translocação bacteriana intraluminal é 
quebrada, a isquemia progressiva gera necrose da alça, 
que evolui com perfuração e, por último, ocorre o 
devastador evento de peritonite e morte por sepse 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ A obstrução intestinal simples pode estar associada a 
aumento da translocação bacteriana para linfonodos 
mesentéricos mesmo em pacientes sem infecção intra-
abdominal (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 Estudo demonstra que 59% dos pacientes submetidos à 
laparotomia por obstrução intestinal simples tinham cultura com 
bactérias nos linfonodos mesentéricos, ao passo que apenas 4% 
apresentavam culturas positivas quando operados por outras razões. 
E. coli foi a bactéria mais comumente encontrada. Todavia, não está 
comprovado se o uso de antibióticos tem papel definitivo no manejo 
pré-operatório da obstrução intestinal simples (ZATERKA; EISIG., 2016). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 Os sinais e sintomas clássicos de dor, vômito, parada de 
eliminação de gases e fezes e distensão correspondem à obstrução 
do meio do delgado e são influenciados pelo ponto de obstrução e 
tempo de doença (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ Os sintomas cardiais incluem dor abdominal em cólica, 
esses sintomas podem variar com o local e a duração da 
obstrução (proximal ou distal) e com o grau da obstrução 
(parcial ou completa) (ZATERKA; EISIG., 2016). 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ A típica dor abdominal em cólica associada à obstrução 
intestinal de delgado é frequentemente descrita como 
periumbilical com cólicas, ocorrendo em paroxismos de 
dor em intervalos de 4 a 5 minutos. Progressão de dor 
para mais localizada e constante pode indicar irritação 
peritoneal secundária a complicações como a necrose 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Dor abdominal severa pode sugerir perfuração 
intestinal aguda. Náuseas e vômitos são mais comuns em 
quadros de obstrução mais alta (duodeno, jejuno 
proximal) e, muitas vezes, podem ser os únicos sintomas. 
Obstruções mais distais estão associadas a menor 
quantidade de vômitos e o sintoma inicial mais 
proeminente é dor abdominal em cólica (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
 Os vômitos são inicialmente reflexos, consequentes à intensidade 
da dor. Posteriormente, representam o mecanismo pelo qual o 
organismo tenta se livrar da sobrecarga de conteúdo intestinal que 
não consegue progredir. O material eliminado do estômago 
inicialmente é claro; quando reflui do duodeno para o estômago e é 
eliminado, apresenta-se bilioso; quanto mais tempo durar a obstrução 
e mais baixo for, no tubo digestivo, o material eliminado, mais se 
aproximará do aspecto fecaloide: marrom, espesso e fétido, observado 
na obstrução baixa do delgado (DANI; PASSOS, 2011). 
 A distensão é o resultado do acúmulo de líquido e gás dentro 
das alças acima do ponto de obstrução. Os líquidos ficam retidos na 
luz intestinal, sem nenhuma utilidade para o meio interno, perdidos no 
chamado terceiro espaço. A parada da eliminação de gases e fezes é 
resultado da interrupção da progressão do conteúdo intestinal e, 
dependendo do ponto de obstrução, poderá levar algum tempo para 
se tornar evidente (DANI; PASSOS, 2011). 
 
OBSTRUÇÃO ALTA DO DELGADO 
Na obstrução alta, a dor não é tão intensa, porque, estando próxima 
ao ângulo de Treitz, ao menor esforço o conteúdo facilmente reflui 
para o estômago e é eliminado. Os vômitos são incoercíveis e biliosos. 
A distensão é insignificante, porque há poucas alças envolvidas e são 
facilmente esvaziadas com o vômito (DANI; PASSOS, 2011). 
A proximidade do Treitz deixa grande extensão do tubo digestivo 
com gases e fezes, e o paciente poderá eliminar gases e fezes 
mesmo já estando obstruído. Na obstrução alta, os vômitos são o 
sintoma predominante e poderá levar 48 horas para ser completa e 
evidente (DANI; PASSOS, 2011). 
 
 
OBSTRUÇÃO BAIXA DO DELGADO 
Na obstrução baixa, a dor é típica. Pelo vômito, o paciente elimina 
conteúdo das partes mais baixas do delgado, podendo chegar ao 
vômito fecaloide. O fato de o local da obstrução situar-se na parte 
distal do intestino delgado faz com que o aparecimento dos episódios 
de vômito leve algum tempo para acontecer. O intervalo entre o início 
da dor e o aparecimento do vômito orienta o diagnóstico do ponto de 
obstrução (DANI; PASSOS, 2011). 
OBSTRUÇÃO DO CÓLON 
A sintomatologia da obstrução do cólon difere da do delgado por 
condições anatômicas e fisiológicas: o cólon está preparado para reter 
gases e fezes, está distante do estômago e muito próximo do orifício 
de esvaziamento, o ânus. A complacência do cólon, a ausência de dor 
forte, que poderiadesencadear vômitos reflexos, e a distância do 
estômago fazem com que a ocorrência de vômito seja rara. A 
distensão pode assumir grandes proporções. A parada de gases e 
fezes poderá ser o primeiro sintoma, desde que interpretada 
corretamente, porque, na maioria dos casos, ocorre em pacientes 
idosos com história de constipação crônica. Na obstrução do cólon, a 
grande distensão abdominal é o sinal predominante (DANI; PASSOS, 
2011). 
DIAGNÓSTICO 
↠ História e exame clínico meticulosos são essenciais 
para estabelecimento do diagnóstico do paciente com 
obstrução intestinal (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Antes de iniciar o exame, é importante que o paciente 
informe o lugar exato do início da dor, seu deslocamento, 
sua intensidade, irradiação característica e se existe um 
lugar onde é mais intensa (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ Na investigação de um paciente com quadro clinico 
sugestivo de obstrução intestinal, temos que responder 
às seguintes perguntas: (DANI; PASSOS, 2011). 
• Há obstrução? 
• Há estrangulamento? 
• Há desidratação importante? 
• Qual a causa da obstrução? 
• Qual o nível da obstrução? 
 Para responder à primeira pergunta, teremos que fazer o 
diagnóstico diferencial entre as causas de dor abdominal em cólica. 
Somente as estruturas de musculatura lisa produzem dor em cólica: 
estômago, intestinos, ureter, trompas, útero. A partir do momento em 
que se identifica a dor tipo cólica, imediatamente a investigação deve 
concentrar-se nestes órgãos (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ O diagnóstico de estrangulamento poderá ser obtido 
com boa probabilidade de acerto se a história e o exame 
físico forem colhidos com detalhes (DANI; PASSOS, 2011). 
 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
EXAME FÍSICO 
↠ Na inspeção, observar a presença de distensão, tipo 
de respiração, abaulamento da parede, deformidade, 
peristaltismo visível, cicatrizes cirúrgicas (DANI; PASSOS, 
2011). 
↠ Do ponto de vista do exame físico, o paciente com 
obstrução intestinal pode se apresentar com taquicardia 
e hipotensão, demonstrando importante desidratação 
existente (ZATERKA; EISIG., 2016).
 Todo paciente obstruído perde líquido. Em outras palavras, perde 
volemia. E perde líquido porque não ingere, vomita, sequestra dentro 
da luz, com infiltração e edema da parede intestinal (DANI; PASSOS, 
2011). 
↠ A perda volêmica pode ser avaliada verificando-se a 
pressão arterial, pulso e volume urinário; quanto maior a 
desidratação, maior será a repercussão na volemia e pior 
o estado geral (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ Febre sugere possibilidade de estrangulamento. 
Exame demonstra abdome distendido, com grau de 
distensão dependente do nível de obstrução (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
 
↠ Cicatrizes cirúrgicas prévias devem ser observadas. 
Pode estar presente no exame físico dor abdominal leve, 
com ou sem massa palpável; no entanto, dor localizada 
ou defesa sugere peritonite e probabilidade de 
estrangulamento (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 As cicatrizes devem ser valorizadas mesmo que sejam 
pequenas, como nas incisões usadas na cirurgia por videolaparoscopia 
(DANI; PASSOS, 2011). 
↠ A percussão será usada para verificar o timpanismo 
das alças distendidas, a macicez de declive, a bexiga cheia 
e para substituir a descompressão dolorosa na pesquisa 
de peritonite. Auscultar o abdome, no momento de 
exacerbação dolorosa para perceber o peristaltismo com 
suas nuanças (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ A obstrução intestinal aguda é caracterizada por ruídos 
hidroaéreos de alta frequência, conhecidos como sons 
“metálicos”. Com a evolução da distensão intestinal, as 
alças tornam-se hipoativas e os ruídos intestinais 
diminuem progressivamente até completa parada do 
peristaltismo (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Exame cuidadoso deve ser realizado para descartar 
hérnias encarceradas, assim como toque retal para 
avaliação de massas intraluminais e exame das fezes 
quanto à presença de sangue oculto, que pode ser 
indicador de doença maligna (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ A mesma conduta utilizada para a obstrução do 
delgado deve ser mantida quando a suspeita é de 
obstrução do cólon. A grande distensão será evidente, 
com timpanismo aumentado, dor fraca referida ao 
hipogástrio, ceco facilmente palpável, o que já nos dará 
informações do problema atual, preditivo da possibilidade 
de rotura do ceco, antes mesmo do exame radiológico 
(DANI; PASSOS, 2011). 
 A causa da obstrução, embora, naturalmente, muito 
importante, não é o alvo principal da investigação inicial. O diagnóstico 
da obstrução é mais importante que o diagnóstico da causa da 
obstrução. Esta afirmação assume grande importância nos quadros 
obstrutivos atípicos em que a causa da obstrução é de difícil 
identificação. Nesta situação, o paciente será operado e a causa da 
obstrução só será identificada durante a laparotomia (DANI; PASSOS, 
2011). 
 Como a hérnia externa e a brida são as duas causas mais 
frequentes no nosso meio (70% das obstruções intestinais), o 
diagnóstico é facilitado, porque a simples inspeção mostrará a 
presença da hérnia ou da cicatriz cirúrgica abdominal (DANI; PASSOS, 
2011). 
 O diagnóstico de obstrução intestinal é clinico. Com a ajuda dos 
métodos de imagem, podemos obter informações sobre o tipo de 
alça envolvida, a extensão do comprometimento, assim como o 
melhor acesso para uma abordagem cirúrgica confortável do ponto 
de obstrução (DANI; PASSOS, 2011). 
EXAMES COMPLEMENTARES 
↠ Exame clínico é imperativo. Assim, os exames 
complementares apenas confirmam o diagnóstico, 
podendo-se utilizar análises clínicas, exames radiológicos, 
endoscópicos e tomográficos (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Exames laboratoriais 
↠ A avaliação laboratorial típica para pacientes que 
apresentam dor abdominal significativa inclui um 
hemograma completo e eletrólitos, incluindo ureia e 
creatinina (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Embora os resultados não sejam específicos para o 
diagnóstico de obstrução do intestino delgado, esses 
estudos ajudam a avaliar a presença e a gravidade de 
hipovolemia, leucocitose e anormalidades metabólicas 
(hiponatremia, hipocalemia) (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Leucocitose com desvio à esquerda pode indicar 
presença de complicações. Anemia pode apontar para 
etiologia específica (p. ex., tumor, divertículo de Meckel e 
doença de Crohn). Amilase sérica, muitas vezes, encontra-
se elevada. Leucocitose acentuada que não possa ser 
unicamente atribuída à hemoconcentração deve sugerir 
estrangulamento (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 Nas fases iniciais, os achados laboratoriais podem ser normais; 
com a progressão da doença, há hemoconcentração, leucocitose e 
anormalidades eletrolíticas que dependem do nível de obstrução e da 
desidratação (ZATERKA; EISIG., 2016). 
Estudo radiológico 
↠ Radiografias simples do abdome, com o paciente em 
pé e deitado, evidenciam padrão em escala das alças de 
intestino delgado dilatadas com níveis hidroaéreos 
(empilhamento de moedas). Tais aspectos podem ser 
pouco perceptíveis ou estar ausentes em alguns casos, 
quando as alças repletas de líquido contiverem pouco gás 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
↠ Outro dado radiológico importante é que, em quadro 
de obstrução total, haverá ausência de ar no cólon e no 
reto (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ As radiografias também podem demonstrar a causa 
da obstrução (p. ex., corpos estranhos ou cálculos biliares) 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 O estudo radiológico com o uso de contraste baritado, além de 
produzir resultados discutíveis, atrapalha a interpretação dos níveis 
hidroaéreos, e o paciente, principalmente aquele com obstrução alta, 
vomita o conteúdo e, na obstrução baixa de intestino delgado, o 
contraste demora a chegar ao local (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Entretanto, na dificuldade de localizar o processo 
obstrutivo, pode-se optar pelo exame radiológico 
contrastado, obtendo, noscasos de volvo, por exemplo, 
imagem clássica em “bico de pássaro” (ZATERKA; EISIG., 
2016). 
 
Estudo endoscópico 
↠ A retossigmoidoscopia pode diagnosticar tumores 
baixos ou presença de volvo de sigmoide (imagem em 
espiral da mucosa, confluindo para uma zona de 
estenose). Permite, ainda, avaliar condições de viabilidade 
da mucosa colônica (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ A colonoscopia na obstrução não tem sido de muita 
valia. Contudo, nos casos de volvo de ceco ou de sigmoide 
alto, assim como na presença de corpos estranhos, pode 
permitir, além do diagnóstico, o tratamento (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
7 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
Estudo ultrassonográfico 
↠ O recente aumento do uso da ultrassonografia em 
pacientes com dor abdominal tem sido ferramenta valiosa 
para diagnóstico da obstrução intestinal. Ela é um recurso 
diagnóstico barato, seguro e eficiente na obstrução 
intestinal mecânica (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
Estudo tomográfico 
↠ De modo geral, a tomografia computadorizada é útil 
em 20% dos casos em que os exames radiológicos não 
esclarecem a origem da obstrução ou não auxiliam no 
plano de tratamento (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
↠ A tomografia computadorizada nas obstruções 
colônicas pode identificar massas, assim como permitir 
estadiar as lesões com grande precisão, e é mais eficaz 
que o enema opaco na visualização dos segmentos 
colônicos à montante da lesão obstrutiva, podendo, ainda, 
determinar o nível da obstrução (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
Referências 
DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo 
F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011 
ZATERKA; EISIG. Tratado de Gatroenterologia da 
graduação à pós-graduação, 2ª edição. Atheneu, 2016.

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