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AULA 3 GESTÃO DE EQUIPES DE MANUTENÇÃO Prof. Newton Nauro Tasso Faraco 2 TEMA 1 – LIDERANÇA 1.1 Uma abordagem de liderança Em um mercado cada vez mais competitivo e com a globalização da economia, existe, cada vez mais, uma necessidade de investimentos na preparação de líderes que possam cumprir seus papéis, em um âmbito mundial. Um novo processo de desenvolvimento de liderança pode atuar, como catalisador de mudança, nesse momento. Assume-se que os responsáveis por deflagrar tal processo de mudança são os líderes das organizações. Deve-se conceituar a liderança como a capacidade de influenciar um grupo para o alcance de objetivos. “Os líderes estabelecem direções através do desenvolvimento de uma visão do futuro, depois engajam as pessoas comunicando-lhes essa visão e inspirando-as a superar os obstáculos” (Robbins, 2007, p. 211). O verdadeiro líder constrói uma sinergia com seus seguidores a fim de torná-los futuros líderes, para que a sua organização possa crescer de forma homogênea e mais fortalecida. Esse mesmo líder é o que vai oportunizar um clima favorável às escolhas pessoais, preservando assim um sentimento de liberdade, e também promover o desenvolvimento da autonomia de seus seguidores, gerando com isso uma melhor autoestima daqueles que o procuram, tanto como relacionando os objetivos da empresa com os métodos e meios de atingi-los. Ele deve reunir as habilidades técnicas e comportamentais e possuir capacidade de adaptação e uma comunicação correta. 1.2 Liderança – conceitos e fundamentos De acordo com Souza Neto e Calvosa (2006), ter uma liderança de excelência é um dos principais meios para o sucesso de uma organização. Líderes eficazes conseguem conduzir processos, administrar empresas e gerenciar pessoas, conduzindo organizações aos seus objetivos desejados e conseguindo para ela resultados lucrativos e aceitáveis. Portanto, o destino de uma família, de uma organização, de um país está ligado à competência de suas lideranças. Mesmo que, nesses novos tempos, quem é líder esteja sempre em busca de novos meios de atuar, quebrando 3 paradigmas, esse líder busca extrair de seus liderados o melhor de cada um, mobilizando-os para que se comprometam com alguma causa ou objetivos. Segundo Souza Neto e Calvosa (2006), “liderar, então, é a capacidade de conseguir com que pessoas façam algo, ou busquem resultados por meio de confiança, admiração e vontade própria, motivados por um ideal ou por um objetivo que as organizações tentam alcançar”. Já para Ervilha (2008), “liderar é influenciar e conduzir pessoas nas situações em que é identificado um objetivo claro e definido, que busca os resultados desejados”. Portanto, a liderança, para que seja aplicada de forma a ocorrer com perfeição, deve ser exercida de modo a deixar claro o que se espera e quais objetivos se quer alcançar. Com o passar do tempo, a liderança vem se transformando e se adaptando aos vários níveis hierárquicos e, com isso, há necessidade de ela trabalhar em suas principais características para conseguir o máximo de sua efetividade. Independentemente das características pessoais e de personalidade do líder, estas comprometem as relações do líder com seus liderados e, logo, os desempenhos destes nas tarefas que executam nas organizações. Para Ervilha (2008), parafraseando uma célebre citação de Peter Drucker: “A única definição de líder é alguém que possui seguidores. Algumas pessoas são pensadoras, outras profetas. Os dois papéis são importantes e muito necessários. Mas, sem seguidores, não podem existir líderes”. Que razões as pessoas teriam para seguir as ideias dos líderes? 1.3 Três estilos de liderança Quando se busca um estilo de comportamento do líder, isso está implícito no que ele faz e em como o faz. Na literatura, descreve-se que existem sobretudo três estilos de liderança, sendo eles: liderança autocrática, democrática ou liberal. Chiavenato (2005) aborda as três formas de liderança citadas dividindo-as em quatro estágios, sendo eles a tomada de decisão, a programação dos trabalhos, a divisão do trabalho e a participação do líder, conforme apresentado no Quadro 1. 4 Quadro 1 – Os três estilos de liderança LIDERANÇA AUTOCRÁTICA LIDERANÇA DEMOCRÁTICA LIDERANÇA LIBERAL Tomada de decisões Apenas o líder decide e fixa diretrizes, sem qualquer participação do grupo liderado. As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo liderado, que é estimulado e assistido pelo líder. Há total liberdade para a tomada de decisões grupais ou individuais, com participação garantida. Programação dos trabalhos O líder determina providências para a execução de tarefas, uma por vez, na medida em que são necessárias e de modo imprevisível para o grupo liderado. O próprio grupo liderado esboça providências e técnicas para atingir o alvo pretendido, com o aconselhamento técnico do líder. As tarefas ganham novos contornos com os debates realizados. A participação do líder no debate é limitada, apresentando apenas alternativas ao grupo liderado, esclarecendo que ele poderia fornecer outras informações, desde que solicitadas. Divisão do trabalho O líder determina qual a tarefa que cada um deverá executar e qual seu companheiro de trabalho. A divisão das tarefas fica a critério do grupo liderado e cada membro tem liberdade de escolher seus próprios colegas de trabalho. Tanto a divisão das tarefas como a escolha dos companheiros fica totalmente a cargo do grupo liderado. Participação do líder O líder é pessoalizado e dominador nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada um. O líder procura ser um membro normal do grupo liderado. É objetivo e o estimula com fatos, elogios ou críticas. O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou regular o curso das coisas. Faz comentários apenas quando perguntado. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2005, p. 187. [...] verificou-se que os melhores liderados foram os grupos que tinham uma liderança democrática, porque a qualidade de trabalho gerada era de grande satisfação e o líder conseguia um alto índice de comprometimento com a organização. A liderança democrática sobressai às outras, pois as organizações procuram o atingimento de suas metas, e as pessoas lideradas, estão cada vez mais ágeis, procuram pessoas que os apoiam, proporcionam força, cobrando, incentivando, e enfrentando os problemas juntos. A liderança democrática aborda a prevalência da democracia na forma com que se lidera, ou seja, o líder caracteriza os objetivos, mostra o que deve ser feito, mas escuta os liderados, pede sugestões e deixa algumas decisões a cargo do grupo. Liderança autocrática diz que é baseada em uma centralização no líder, sendo ele responsável por todas as decisões sem pedir as considerações de cada elemento do grupo. Este tipo de liderança muitas vezes desagrada os liderados fazendo com que os mesmos não se sintam motivados por não poderem participar ou colaborar para que sejam tomadas as decisões. 5 Abordando a liderança liberal diz-se que é oposta à autocrática, pois o líder existe apenas para fazer uma mediação. Na maioria das vezes essa liderança agrada os liderados de forma geral, mas não consegue muito bem definir regras de controle, pois todos podem contribuir com suas opiniões no processo de tomada de decisões. (Chiavenato, 2005, p. 188, grifos do original) TEMA 2 – CHEFE VERSUS LÍDER 2.1 O chefe O chefe que não tem o perfil de líder tem como intenção dar ordens diretas e incontestáveis, obrigando que as pessoas sob seu comando venham a cumpri- las, sem julgamento dos aspectos do lado humano que estão envolvidos no desempenho de uma tarefa, deixando de lado valores primordiais nas relações. Esse modelo de chefe é aquele que está no comando e não quer e se recusa a ser contrariado, que não escondea sua intenção de comandar e controlar os seus subordinados e, com isso, impor suas ordens pela força e seu autoritarismo. Sua realização é a de centralizar o poder, focando somente nos resultados e nos lucros, simplesmente. Fundamentalmente, todos os chefes são temidos e, em decorrência de suas ações, não são respeitados. Como consequência, seus subordinados, em regra geral, não se sentem à vontade para lhes expor seus problemas, tampouco para lhes pedir conselhos e assim eliminar suas dúvidas. O chefe costuma não estimular ou motivar seus subordinados, pois tem como verdade que não há necessidade de incentivar a criatividade de seus subordinados, entendendo que realizar um trabalho excelente é dever dos seus empregados e, quando isso não acontece, ele faz toda a questão de apontar-lhes os erros, atirando toda a culpa de um fracasso em cima de sua equipe, quando algo não dá certo, e se vangloriando quando um objetivo é alcançado. Enfim, o chefe considera que seus subordinados são simples peças de um mecanismo qualquer, desprezando plenamente o potencial de sua equipe. 2.2 O líder “Liderança é ação, e não posição” – a frase de Donald McGannon (citado por Marques, 2018) torna clara uma das primeiras características que o líder deve ter para alcançar o sucesso. http://www.jrmcoaching.com.br/blog/o-que-e-leader-coach/ 6 Segundo Alonso (2005), a tarefa do líder consiste em “ajudar as pessoas a encarar a realidade, e mobilizá-las para que façam mudanças”. Para Hunter (2004, p. 26), “o líder deve identificar e satisfazer a necessidade de seus liderados e servi-los, ou seja, atendê-los, o que não se trata de satisfazer as vontades, mas sim as necessidades” desses liderados. O líder, por meio de sua ação, deve saber obter a cooperação entre as pessoas. Precisa ser capaz de desenvolver, estabelecer e manter uma direção, além de promover a convergência de diferentes percepções, interesses e objetivos. Hunter (2004) afirma que todo líder possui cinco atividades básicas e que a liderança deve ser definida como um conjunto de atividades e não como um conjunto de características pessoais, conforme o Quadro 2. Quadro 2 – As cinco atividades básicas de um líder AS CINCO ATIVIDADES BÁSICAS DE UM LÍDER primeira atividade Está relacionada a diagnosticar problemas, em que se diferenciam os problemas técnicos dos problemas de adaptação, já que ambos demandam tratamentos diferentes. Os técnicos e rotineiros são resolvidos pela intervenção de um perito, normalmente tratam de trabalhos relacionados a máquinas e equipamentos. Entretanto, os problemas de adaptação não têm respostas adequadas desenvolvidas; para eles, não há procedimentos nem experiências que possam resolvê-los diretamente. Esses problemas levam as pessoas a inovar e a aprender, e exigem liderança. Em tais situações de necessidade de diferenciação, os líderes terão de identificar e definir três questões: quais competências, normas e valores culturais da organização valem a pena se preservar, quais terão de ser descartados e quais inovações são necessárias para que a empresa possa utilizar o melhor de sua história e avançar rumo ao futuro. segunda atividade Relaciona-se a expor desafios. Nesse caso, o líder não deve encontrar respostas, nem fornecê-las gratuitamente, mas sim procurar formular as perguntas apropriadas. O líder precisa desenvolver no grupo um espírito criativo, inovador, que encoraje as pessoas a estar sempre buscando novos desafios, como forma de obter maior conhecimento e experiência em novas e adversas situações. terceira atividade É a necessidade de o líder entusiasmar as pessoas, mobilizando-as com o intuito de que sejam capazes de assumir suas responsabilidades, de enfrentar as mudanças que forem necessárias e de orientar a sua atenção para os temas difíceis, ao invés de evitá-los. Para o autor, o líder sempre precisa encorajar seus subordinados, a fim de que trabalhem comprometidos com os objetivos da 7 empresa. Um líder que não transmita entusiasmo em qualquer que seja a situação provavelmente não obterá o respeito e a admiração de seus liderados. quarta atividade Refere-se a regular o nível de conflito e de desordem. O conflito, conforme afirmado pelo autor (Hunter, 2004), é uma das causas da inovação, por isso deve ser administrado por um líder que tenha autoridade sobre seus liderados, de forma que se torne produtivo e gere inovações. Os conflitos internos podem resultar em competições internas e podem acabar por prejudicar o rendimento dos funcionários da empresa. Porém, se o conflito for bem administrado, de forma que não prejudique as relações de trabalho, ele poderá se tornar produtivo. Para que essa produtividade seja alcançada, é extremamente importante que o líder saiba trabalhar com cada um dos seus liderados, impondo regras e limites para as competições entre eles. quinta atividade Está relacionada à visão de longo prazo do líder. É necessário lembrar frequentemente às pessoas qual é a visão de longo prazo e explicar por que o trabalho delas é importante para a organização. A comunicação da visão é uma forma de motivar os liderados e de dar sentido aos seus esforços. Com a visão, os liderados podem definir com clareza o que o líder e a própria organização buscam, podendo também definir metas próprias. Fonte: Adaptado de Hunter, 2004. Rossi (2013) sugere que, no mundo atual, “[...] o papel do líder mudou. As empresas não procuram mais um chefe supremo, mas um articulador de talentos, que saiba encontrar as pessoas certas para executar as tarefas e obter resultados”. Para que se efetivem as ações definidas, com respostas imediatas e o alcance de resultados em prazos reduzidos, esse líder deve ter como princípios a eficácia e a proatividade. 2.3 Chefe versus líder Quando se compara a conduta de um chefe com a de um líder, percebe-se uma grande diferença nas suas atuações e o quanto cada vez mais é necessário o desenvolvimento de líderes, conforme demostrado no Quadro 3. Quadro 3 – Diferença entre chefe e líder CHEFE LÍDER O chefe determina O líder aconselha O chefe impõe pelo medo O líder inspira entusiasmo O chefe diz “eu” O líder diz “nós” 8 O chefe foca nas tarefas O líder foca nas pessoas O chefe contempla o passado O líder contempla o futuro O chefe centraliza as decisões O líder eleva cada colaborador a líder no que faz O chefe se preocupa com resultados imediatos e aparentes O líder se preocupa com a missão, valores e pessoas O líder deve fazer constantemente uma avaliação de seu desempenho junto aos seus liderados, a fim de que a equipe o considere como tal; caso aja de maneira diferente disso, será necessário rever os pontos de distorção de sua atuação, com o líder reavaliando sua postura, aparência, crenças, hábitos e também buscando aprimoramento, conhecimento, o entendimento de pessoas e de como se relacionar com elas. TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS DO LÍDER DO SÉCULO XXI Rocha (2005) afirma que “o mundo está em constante processo de atualização, e que os profissionais que têm a capacidade de se adequar, ou se atualizar, conseguirão ter melhor rendimento perante os outros”. Os líderes precisam estar em desenvolvimento constante e na busca incansável de novos conhecimentos e aprendizados, para não ficarem defasados em relação aos conceitos próprios de sua área de atuação e assim se tornarem líderes ultrapassados. Ervilha (2008, p. 55, grifos do original) sugere que uma pessoa pode nascer líder, ou seja, ser um líder nato; ou pode desenvolver seus atributos de liderança. O líder nato é aquele que nasce com esse dom, reúne características de personalidade e tem atitudes que fazem dele naturalmente um líder. O líder treinável é aquele que não nasceu com este dom, mas tem algumas características e desenvolve outras com muito esforço emuito empenho. Muito aplicado, consegue o respeito de todos. O líder formidável é aquele que nasceu com características de liderança e, além disso, é extremamente esforçado, treina e desenvolve habilidades, tornando-se um líder admirável. Candeloro (2013) também relata que “um líder pode já nascer com características de liderança, mas também pode ser treinado ou desenvolver qualidades e competências para se tornar um”. Para Candeloro (2013), os líderes modernos alinhados às novas atuações das organizações estratégicas, têm como objetivos atuarem em negócios cada vez mais competitivos e, para tanto, deverão ter em sua formação algumas especialidades, assim descritas no Quadro 4. 9 Quadro 4 – Itens indispensáveis para o líder contemporâneo Líder contemporâneo - formação Capacidade de desenvolver pessoas Ao recrutar pessoas, o líder deve saber treiná-las e motivá-las. Grandes empresas, em sua maioria, possuem um setor específico para fazer a contratação dos funcionários, mas o líder deve avaliar alguns pontos, por exemplo a timidez de uma pessoa. O líder deve enxergar com clareza e entender todas as limitações e pontos positivos do seu liderado, podendo assim fortificar o seu lado bom, e sempre tentar melhorar aquilo em que a pessoa liderada tende mais a falhar. Saber entregar à sua equipe quais seus objetivos e ter consistência na entrega dos seus resultados O líder deve saber como comunicar de modo simples e descomplicado todos os objetivos que a organização espera dele e como todos os liderados farão para que isso ocorra. As empresas contratam líderes para atingirem seus objetivos e não para, no final de cada mês, eles explicarem o porquê de não ter alcançado suas metas. Então, é preciso ter uma consistência para saber gerar os resultados. Ter habilidade de mudar rapidamente Capacidade de adaptação é uma característica que todos os líderes devem possuir. Imprevistos acontecem e o líder deve estar preparado para uma nova ação caso ela seja necessária para alcançar resultados. 10 Conectar a empresa a todos os funcionários A equipe tem que estar ligada totalmente à empresa, deve saber o que a empresa quer e busca no mercado, como sua missão, sua definição e seu planejamento. Ser criativo, saber criar processos O processo da empresa deve ser organizado, buscando a excelência. Quando se tem um processo organizado e se age de modo eficaz, tudo se torna mais ágil. Ser perseverante e ter foco em lucratividade Qualquer empresa no mercado, antes de sua missão, busca lucratividade. O líder deve conseguir mostrar para a equipe que a empresa precisa sobreviver e, para isso, é necessário agregar valores. Estar preparado para o futuro e para novas oportunidades Tentar fazer antecipações de mercado e buscar soluções são atividades necessárias para que tudo flua de modo a não se ter problemas no futuro. Ser um grande psicólogo O líder deve saber conversar, escutar, ajudar cada liderado, fazer com que ele se sinta com vontade de criar e produzir mais. Grandes líderes são solucionadores de problemas, às vezes até problemas que envolvem questões pessoais dos liderados. Ir direto à fonte O novo líder precisa ser direto quando isso for necessário à resolução de problemas ou ao alcance de objetivos. Fazer perguntas O bom líder não deve ter medo de perguntar. Não ter medo de errar Nos dias atuais, o mundo das organizações não aceita que um líder sempre erre, mas é necessário que ele 11 ouse arriscar de vez em quando. Nunca se tem total certeza de que tudo vai acontecer corretamente, e o mundo e as ações a ser tomadas mudam constantemente. Conquistar a confiança Resultados dependem do quanto as pessoas estão envolvidas e comprometidas com o líder e os objetivos propostos. Fonte: Adaptado de Candeloro, 2013. As características indicadas no Quadro 4 são indispensáveis para o líder contemporâneo, em seu desenvolvimento, com mudança de postura e de comportamento em comparação com os líderes do passado, buscando ele, cada vez mais, elaborar respostas mais eficientes, para obter sempre novas conquistas, adquirindo uma postura mais flexível, focada e alinhada aos objetivos definidos pala organização. Em um mundo globalizado, no qual as repostas são sempre instantâneas, as pessoas devem agregar conhecimento e se atualizarem constantemente, mostrando-se logicamente abertas a mudanças. As grandes organizações buscam profissionais desse tipo. TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA 4.1 Liderança estratégica, visionária e gerencial Para Rowe (2002), as características da liderança estão classificadas em três espécies de comportamentos dos líderes de uma organização: estratégico, visionário e gerencial, conforme estabelecido no Quadro 5. Quadro 5 – Liderança estratégica, visionária e gerencial LÍDERES ESTRATÉGICOS LÍDERES VISIONÁRIOS LÍDERES GERENCIAIS • Combinam, em sinergia, liderança gerencial e liderança visionária • Enfatizam o comportamento ético e decisões baseadas em valores • São proativos, moldam ideias, mudam o que as pessoas pensam ser desejável, possível e necessário • São conservadores, adotam atitudes passivas em relação a metas; entendem que metas surgem da necessidade e não de 12 • Supervisionam responsabilidades operacionais (rotineiras) e estratégicas (de longo prazo) • Formulam e implementam estratégias de impacto imediato e manutenção de metas de longo prazo para garantir a sobrevivência, o crescimento e a viabilidade de uma organização, a longo prazo • Possuem expectativas grandes e otimistas em relação à performance de seus superiores, pares, subordinados e à deles próprios • Valem-se de controle estratégico e financeiro, dando ênfase ao estratégico • Utilizam e alternam o uso de conhecimento tácito e explícito em relação ao indivíduo e à organização • Usam padrões de pensamento linear e não linear • Acreditam na adoção de estratégias, isto é, suas decisões estratégicas fazem diferença em suas organizações e ambiente de trabalho • Trabalham para aprimorar estratégias e para aplicar novas abordagens a problemas antigos; ocupam cargos de alto risco • Preocupam-se com ideias; relacionam-se com as pessoas de maneira intuitiva e compreensiva • Sentem-se alienados de seu ambiente de trabalho, trabalham nas organizações, mas não fazem parte delas; a percepção que têm de si próprios não é vinculada ao trabalho • Influenciam atitudes e opiniões das pessoas de uma organização • Preocupam-se com garantir o futuro da organização, principalmente por meio do desenvolvimento e gerenciamento de pessoas • São mais ligados à complexidade, à ambiguidade e à sobrecarga de informações; comprometidos com tarefas multifuncionais e integradoras • Sabem menos do que os especialistas de sua área funcional • São mais propensos a tomar decisões baseadas em valores • Estão mais dispostos a investir em inovações e em capital humano e a criar e manter uma cultura eficiente, a fim de assegurar a viabilidade de uma organização, a longo prazo • Enfatizam o conhecimento tácito e desenvolvem estratégias como uma forma comum de conhecimento tácito, que incentiva a realização de um objetivo • Valem-se de pensamento não linear • Acreditam na adoção de estratégias, isto é, suas decisões estratégicas fazem diferença em suas organizações e ambiente de trabalho desejos e sonhos; metas baseadas no passado • Consideram o trabalho um processo facilitador que envolve a integração de ideias e pessoas que interagem para definir estratégias • Relacionam-se com pessoas segundo as funções delas no processo de tomada de decisão • Acreditam ser conservadores e reguladores do status quo; a percepção que têm de si próprios é vinculada à organização • Influenciam os atos eas decisões das pessoas com quem trabalham • Envolvem-se em situações e contextos característicos de atividades do dia a dia • Preocupam-se e sentem-se bem com áreas funcionais de responsabilidade • São especialistas na sua área funcional • Estão menos propensos a tomar decisões baseados em valores • Apoiam e adotam postura de preço mínimo a curto prazo, a fim de aumentar a performance financeira de uma empresa • Concentram-se em gerenciar a troca e a combinação de conhecimento explícito e garantem o cumprimento de procedimentos de operação • Valem-se de pensamento linear • Acreditam em determinismo, isto é, as escolhas que fazem são determinadas pelo ambiente externo e interno Fonte: Adaptado de Rowe, 2002. Rowe (2002) propõe, como já exposto, que a liderança estratégica é a junção entre a liderança gerencial e a visionária, sendo então a melhor delas. As 13 lideranças gerenciais buscam a estabilidade financeira da organização, a curto prazo. Logo, mantêm o status quo e não investem em inovações que possam mudar e aumentar os recursos da organização, a longo prazo. Já a liderança visionária procura a viabilidade, a longo prazo, da organização, quer mudar e inovar, a fim de criar valor, a longo prazo. A integração desses dois tipos de liderança pode originar uma equipe de dois ou mais indivíduos que possam exercer uma liderança estratégica e gerar valor para a organização. Portanto, o líder estratégico deve combinar e equilibrar as estratégias de curto e longo prazos, alcançando o máximo de criação para a organização. A Figura 1 representa o continuum das lideranças e a localização da liderança estratégica. Figura 1 – Um continuum duplo das lideranças gerencial, visionária e estratégica Fonte: Adaptado de Rowe, 2002. TEMA 5 – LIDERANÇA NA ÁREA DE MANUTENÇÃO 5.1 Líder de manutenção no século XXI Quando abordamos liderança, estamos confirmando a necessidade de sua existência como uma atividade dos dias atuais, nas organizações que buscam estar bem posicionadas no mercado. Assim, o papel do líder seria o de se mostrar preparado para realizar ações e tomar decisões rápidas, como na coordenação de suas equipes e em atividades que buscam a solução de problemas. Assim sendo, o setor de manutenção, como órgão estratégico de uma organização, deve buscar tomar decisões rápidas e coerentes, principalmente nos casos emergenciais. 14 O líder de manutenção deve incorporar as seguintes características para que possa conduzir de forma hábil esse departamento: competência técnica; competência administrativa; experiência. Portanto, com esse perfil, o líder de manutenção conseguirá suportar as pressões exercidas pela direção administrativa ou produtiva, tendo menos dificuldades no gerenciamento de seus recursos e expressando suas habilidades. O setor de manutenção tem uma forte relação com demais áreas da organização, principalmente a produtiva direta e a administrativa. Habilidades como comunicação e gerenciamento de custos são importantes para o bom andamento das atividades de uma organização, além de para o atendimento, pelo menos, satisfatório dos seus objetivos. 5.2 Habilidades de um líder de manutenção Conforme Maximiano (2011, p. 205), as atividades do gerente do setor de manutenção, de maneira geral, “encontra[m]-se hierarquicamente abaixo do nível da alta direção e acima da chamada supervisão operacional”. Sendo assim, o Quadro 6 descreve, de forma sucinta, algumas habilidades dos gerentes de manutenção, segundo diversos autores, cujas visões são resumidas por Maximiano (2011). Quadro 6 – Habilidades dos gerentes de manutenção Autor dos conceitos HABILIDADES DOS GERENTES DE MANUTENÇÃO Daniel Katz - Habilidade técnica: conhecimento específico nas atividades do escopo técnico da formação profissional - Habilidade humana: capacidade de lidar com as pessoas, seus interesses e seus conflitos - Habilidade conceitual: conhecimento abstrato e capacidade de lidar com a complexidade organizacional Henry Mitsemberg - Habilidade de relacionamento com colegas: capacidade de se construir redes de contatos, de negociação, comunicação etc. - Habilidade de liderança: nas tarefas, orientações e treinamentos, com uso de autoridade e motivação 15 - Habilidade de resolução de conflitos: exige tolerância, por conta da tensão que a resolução de distúrbios produz - Habilidade de processamento de informações: capacidade de filtrar, processar e comunicar as informações recebidas, principalmente de modo informal - Habilidade de tomar decisões de ambiguidade: imprevistos demandam decisões emergenciais, às vezes ambíguas em relação às políticas locais - Habilidade de alocação de recursos: recursos limitados demandam a necessidade de se estabelecer prioridades - Habilidade de ser empreendedor: gestão das mudanças, aproveitamento de oportunidades ou de seu desenvolvimento - Habilidade de introspecção: reflexão e autoanálise, de modo a se avaliar e aprender com as próprias experiências Fonte: Adaptado de Maximiano, 2011. Kardec e Zen (2002) dizem que, se forem consideradas as habilidades de um líder, como relatadas no Quadro 6, e as características do trabalho de manutenção, esse líder terá um perfil tão diferenciado quanto apropriado. Essa formação de liderança não acontece sem um preparo. Esse é um trabalho que exige estudos, aperfeiçoamentos, habilidades natas e/ou desenvolvidas. Do ponto de vista da manutenção, o líder se viabiliza com trabalhos práticos, no dia a dia. Mas o profissional deverá buscar seu aprofundamento como líder por intermédio de seminários, feiras, cursos de aperfeiçoamento e outros, para assim incrementar seus conhecimentos. Para liderar esse setor complexo, o líder de manutenção deverá ter competência administrativa apurada, além de visão empresarial. Outras questões que devem ser vistas para a função são: as metas e objetivos organizacionais, o tamanho da empresa e de suas instalações, as suas tendências de crescimento, os padrões de qualidade pela empresa exigidos. O líder de manutenção deverá ter ainda a capacidade de planejar. Essas habilidades gerenciais proporcionarão o amadurecimento rápido de novatos, assim como a convivência com problemas de pessoal; o incremento do desempenho no trabalho, por meio de uma boa comunicação; uma rápida adequação aos níveis de produção; e uma menor resistência a novas ideias. O líder das equipes de manutenção deverá ser embasado por: competência técnica, competência administrativa e vivência prática de suas atividades. 16 REFERÊNCIAS ALONSO, V. As cinco atividades básicas do líder. HSM Management, v. 9, n. 52, set./out. 2005. CANDELORO, R. Oito características de um líder de vendas de sucesso. VendaMais, Curitiba, n. 229, p. 6-7, maio 2013. CHIAVENATO, I. Gerenciando com pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. ERVILHA, A. J. L. Liderando equipes para otimizar resultados. São Paulo: Nobel, 2008. HUNTER, J. C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. MAXIMINIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. 9. ed. São Paulo: Pearson Education, 2007. ROSSI, L. Seja o líder que as empresas querem. Você S/A, São Paulo, n. 181, p. 39-48, jun. 2013. ROWE, W. G. Liderança estratégica e criação de valor. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 42, n. 1, p. 7-19, jan./mar. 2002. SOUZA NETO, S. P. de; CALVOSA, M. V. D. As competências de liderança: atributos e práticas do líder do século XXI, uma pesquisa quantitativa. Revista de Administração da Unimep. Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, jan./abr. 2006. TAJRA, S. F.; SANTOS,N. Planejamento e liderança: conceitos, estratégias e comportamento humano. São Paulo: Érica, 2014.