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B O A S P R Á T I C A S D E F A B R I C A Ç Ã O M A N I P U L A D O R E S D E A L I M E N T O S 2 3 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO MANIPULADORES DE ALIMENTOS AUTORES: Eng°. Alim. Nivaldo Morais Viana júnior Eng°. Alim. Vagner Ferraz Souza 2 0 0 9 SUMÁRIO 4 Y APRESENTAÇÃO..............................................................................................................................4 1. TERMINOLOGIA...........................................................................................................................5 2. DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS – DTA´s........................................................7 2.1. CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS.....................................................................................7 2.2. CONDIÇÕES PARA MULTIPLICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS...................................10 3. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO........................................................................................13 3.1. HIGIENE E SAÚDE DOS MANIPULADORES......................................................................13 3.2. HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS..........19 3.3. CONTROLE DA POTABILIDADE DA ÁGUA.......................................................................24 3.4. CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS........................................26 3.5. MANEJO DE RESÍDUOS.......................................................................................................28 3.6. SELEÇÃO E CONTROLE DE MATÉRIAS-PRIMAS, INGREDIENTES E EMBALAGENS. .29 3.7. TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS.....................................................32 3.8. MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CALIBRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS............................34 3.9. PROGRAMA DE RECOLHIMENTO DE ALIMENTOS.........................................................35 4. REFERÊNCIAS.............................................................................................................................37 APRESENTAÇÃO 5 Os estabelecimentos manipuladores/comercializadores de alimentos têm uma grande responsabilidade com a qualidade dos produtos e serviços que fornecem, sendo regulados por legislações específicas, estabelecidas por órgãos governamentais como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde (ANVISA) e o Ministério da Agricultura (MAPA). Dentre as obrigatoriedades está a implantação do Programa de Boas Práticas de Fabricação para alimentos (BPF), um programa de qualidade que contém requisitos higiênico-sanitários, garantindo não só o cumprimento com as obrigações legais, mas também a redução de rejeição dos produtos e manutenção da qualidade uniforme, ao mesmo tempo que minimiza custos, prevenindo que qualquer alimento impróprio para o consumo ponha em risco a saúde do consumidor. A higienização das instalações, equipamentos e utensílios, o manejo de resíduos, o controle de pragas e uma estrutura física adequada, associados à higiene e saúde do manipulador, dentre outros, são itens determinantes na execução eficiente do BPF. Considerando-se que, os manipuladores são responsáveis por importantes etapas da elaboração de alimentos, passíveis de constituírem perigo de contaminação, a capacitação destes complementa o processo na medida em que passam a realizar suas atividades em conformidade com os padrões adequados. Por ser um trabalho de equipe, para que o controle possa ser real e efetivo, é necessário envolvimento de todos (proprietário, manipuladores, etc.), o que implica em mudanças de comportamento, cada um ciente de sua responsabilidade. Este manual tem como objetivo o aprimoramento de profissionais envolvidos na fabricação e comercialização de alimentos a partir do estudo de todas as etapas deste processo (preparação, conservação e distribuição). 1. TERMINOLOGIA 6 Este manual apresenta alguns termos técnicos que são usados para descrever determinados aspectos, específicos da área de higiene alimentar. A seguir listaremos alguns deles: Microrganismos – são seres microscópicos, que incluem grupos como as bactérias, os vírus, os bolores e as leveduras. Alguns são causadores de doenças, outros podem impedir que venhamos a adquirir alguma enfermidade, ou até mesmo nos auxiliar, como no caso das bactérias do trato intestinal. Microrganismos Patógenos – são microrganismos que causam doenças nos seres humanos. Microrganismos Deteriorantes – são microrganismos que causam alterações químicas de deterioração nos alimentos. Bactérias – microrganismos unicelulares com forma esférica ou de bastão que estão presentes principalmente no ar, no solo e na água. Esporos – são uma fase de resistência e de adormecimento das bactérias, que as protege contra as adversidades do ambiente. Fungos – são um vasto grupo que incluem desde organismos de dimensões consideráveis, como os cogumelos, mas também muitas formas microscópicas, como bolores e leveduras. Vírus – são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, somente se reproduzem pela invasão e possessão do controle da célula. Detergente – produto químico utilizado para a remoção de sujeira, gordura e restos de alimentos encontrados em uma superfície, antes da sanitização. Sanitizante – produto químico que reduz a contaminação de microrganismos para níveis aceitáveis. Limpeza – operação de remoção de sujidades, resíduos de alimentos, e outras substâncias indesejáveis. Sanitização – operação de redução, por método físico e ou agente químico, do número de microrganismos a um nível que não comprometa a segurança do alimento. Higienização – operação que se divide em duas etapas: limpeza e sanitização. Esterilização – destruição de microrganismos em quase sua totalidade. 7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Parasita http://pt.wikipedia.org/wiki/Cogumelo http://pt.wikipedia.org/wiki/Levedura http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolor Portador – indivíduo que carrega ou pode transmitir microrganismos prejudiciais à saúde, sem que ele próprio mostre sinais de doenças. Perigo – são contaminações que provocam problemas à saúde do consumidor. Perigo biológico – contaminações causadas por microrganismos ou suas toxinas, parasitos, etc. Perigo químico – substâncias estranhas aos alimentos, como inseticidas, desinfetantes, e outros. Perigo físico – corpos estranhos aos alimentos como: pedaços de vidro, plástico, metal, etc. Contaminação – presença de qualquer material prejudicial nos alimentos seja biológico, químico ou físico tornando esses produtos inadequados para o consumo humano. Contaminação Cruzada – é contaminação transferida de um alimento para outro, por substâncias ou microrganismos nocivos à saúde, principalmente por manipuladores, equipamentos e utensílios. Manipulador – qualquer pessoa que trabalha na produção, preparação, processamento, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição ou comercialização de alimentos. Intoxicação Alimentar – doença causada pela ingestão de alimentos contaminados com toxinas produzidas por microrganismos. Infecção Alimentar – doença causada pela ingestão de microrganismos patógenos, que se multiplica dentro do organismo, normalmente causando doenças do trato intestinal. Toxinfecção – conjunto de doenças que abrange as intoxicações e infecções alimentares. Alimentos de alto risco – quaisquer alimentos que tenham elevado teor de proteínas e permitam a rápida multiplicação dos microrganismos. Período de Incubação – tempo entre a contaminação pelo microrganismo e o aparecimento dos sintomas da doença. 8 2. DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS – DTA´s Às vezes, nos descuidamos com nossa alimentação e esta falta de cuidado pode causar desde um simples desconforto intestinal a doençasgraves, devido à presença de microrganismos patogênicos. Dentre os alimentos que mais causam problemas por intoxicação ou infecção alimentar estão os alimentos de origem animal como a carne, os ovos e o leite. Mas qual a diferença entre intoxicação e infecção alimentar? São dois conceitos muito distintos, e é importante conhecê-las. A Intoxicação alimentar é causada pela ingestão de alimentos contaminados com toxinas produzidas por microrganismos, sendo a toxina responsável pelos sintomas clínicos, enquanto que, a infecção alimentar ocorre quando o microrganismo é ingerido e se multiplica dentro do organismo, normalmente causando doenças do trato intestinal. Muitos casos de enfermidades causadas por alimentos não são notificadas às agências de saúde, pois, muitos patógenos presentes em alimentos causam sintomas brandos, parecidos com os da gripe e as vítimas não buscam auxílio médico. Apesar do progresso na medicina e na tecnologia da produção de alimentos, as enfermidades causadas por microrganismos continuam apresentando problemas significativos para a saúde e para a economia. Nos Estados Unidos (EUA), país com uma população em torno de 270 milhões de habitantes, estima-se que ocorram aproximadamente 76 milhões de casos, com 232 mil hospitalizações e 5 mil mortes por ano, devido às toxinfecções alimentares, sendo que apenas três microrganismos patógenos (Salmonella, Listeria, e Toxoplasma) foram responsáveis por 30% destas mortes. Infelizmente no Brasil não existem dados precisos em relação a estas ocorrências, mas considerando-se que, em um país desenvolvido os dados são tão alarmantes, fica o alerta para a nossa sociedade. 2.1. CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS A contaminação dos alimentos pode ocorrer em toda a cadeia produtiva, desde a matéria-prima até o consumo, destacando-se como os maiores responsáveis por surtos os alimentos de origem animal e os preparados para o consumo coletivo. Na Tabela 1 estão relacionados alguns microrganismos e detalhes das doenças causadas por eles. 9 Tabela 1. Microrganismos causadores de toxinfecções AGENTE ETIOLÓGICO DETALHES PREVENÇÃO Escherichia coli patogênica Sintomas: dores abdominais, diarréia, vômitos, cefaléia, mialgia. Alimentos envolvidos: diversos alimentos e água. Período de incubação: 5 a 48 horas Manipulação, refrigeração e cozimento adequado dos alimentos. Além da limpeza e desinfecção correta dos equipamentos. Salmonella spp. Sintomas: dores abdominais, febre, diarréia, vômito, cefaléia. Alimentos envolvidos: Carne bovina e de aves, produtos à base de ovos. Período de incubação: 8 a 72 horas Higiene na manipulação, manter os alimentos refrigerados, evitar carnes e ovos crus. Clostridium botulinum Sintomas: Vertigem, dificuldade para deglutir, falar, respirar, constipação. Frequentemente evolui para obtido. Alimentos envolvidos: Conservas de vegetais, carnes e peixes. Período de incubação: 2 horas a 8 dias Consumir conservas com certificação, evitando as conservas caseiras, principalmente de palmito e cogumelo. Clostridium perfrigens Sintomas: Dores abdominais intensas, diarréia e gases. Alimentos envolvidos: Carnes cozidas ou assadas, molhos e sopas. Período de incubação: 8 a 22 horas Descongelamento e reaquecimento em temperaturas adequadas. Staphylococcus aureus Sintomas: vômitos, dores abdominais, diarréia, prostração. Alimentos envolvidos: produtos cárneos, de confeitaria e que envolvam muita manipulação. Período de incubação: 1 a 8 horas Manter os alimentos refrigerados e higiene na manipulação. Bacilus cereus tipo emético Sintomas: Náusea, vômito, diarréia, dores abdominais. Alimentos envolvidos: Produtos ricos em amido, molhos, pudins, sopas, carne, leite, vegetais cozidos. Período de incubação: 30 min. a 16 horas Manutenção de alimentos prontos sob refrigeração e reaquecimento adequado. Campylobacter jejuni Sintomas: dores abdominais, diarréia, cefaléia, vômitos, febre, anorexia. Alimentos envolvidos: leite cru, fígado de boi, mariscos crus e água. Período incubação: 2 a 17 dias Evitar o consumo de leite e carnes crus ou semi crus. Listeria monocytogenes Sintomas: febre, cefaléia, vômitos, meningite, sepsia, encefalite. Alimentos envolvidos: leite, queijo fresco, patê, carnes processadas. Período de incubação: 4 a 21 dias Cozimento adequado. Não manter alimentos refrigerados por muito tempo. Aspergillus niger Sintomas: cirrose, necrose aguda e carcinoma de fígado. Alimentos envolvidos: Nozes, amendoins, milho e sementes de algodão. Tempo de ação: 2 a 7 dias Armazenamento adequado de produtos alimentícios, principalmente grãos. 10 Como os microrganismos não podem mover-se com seus próprios meios, precisam ser levados de um lugar para outro, seja nas mãos ou roupas do manipulador, ou até mesmo pelo vento. As principais fontes de contaminação dos alimentos são: Pessoas – chamados de portadores, quando carregam consigo microrganismos causadores de doenças, os seres humanos são responsáveis pela contaminação direta dos alimentos. Presentes em lugares como boca, nariz, cabelos e pele, a contaminação pode ocorrer ao tossir ou espirrar na área de manipulação, ou mesmo quando as mãos não são lavadas depois de usar o banheiro; Alimentos crus – devido ao fato de não ter passado por qualquer tipo de processamento, podem se tornar veículos para a contaminação, devendo ser mantidos sempre separados dos alimentos preparados. Como exemplo, podemos citar os líquidos que sobram do descongelamento de alimentos, em especial as carnes, que podem contaminar as superfícies de trabalho, uniformes e equipamentos; Água – na área de manipulação de alimentos o uso da água é abundante, sendo fundamental na etapa de higienização. Por isso, a água utilizada para qualquer finalidade deve ser tratada adequadamente, uma vez que, também pode conter microrganismos perigosos; Solo – o solo contém bactérias prejudiciais à saúde, exigindo, portanto muito cuidado com o armazenamento, manipulação e lavagem de frutas e legumes frescos, de modo a evitar a contaminação que pode ser causada por terra. A poeira também está presente no ar, por isso, os produtos alimentícios em geral, devem ser mantidos bem protegidos, para evitar a contaminação por estas partículas; Insetos e roedores – todas as medidas necessárias devem ser tomadas para mantê-los fora da área de processamento de produtos alimentícios e arredores. Podem transportar microrganismos para os alimentos através de suas fezes, urina e pelos, ao entrar em contato com superfícies contaminadas ou simplesmente no ato de roer embalagens e produtos; Animais domésticos e pássaros – o acesso destes animais deve ser evitado, pois, transportam grandes quantidades de microrganismos prejudiciais à saúde (pelos, 11 penas, fezes, urina, etc.), que são disseminados com facilidade quando penetram na área de alimentos; Lixo e restos de alimentos – Os recipientes destinados ao lixo e aos restos de alimentos devem ser removidos da área de manipulação muito antes de estarem cheios. Os latões e sacos de lixo, por sua própria natureza, são ambientes ideais para a multiplicação de microrganismos prejudiciais à saúde e para a proliferação de doenças provocadas pelos alimentos. Devem ser feitos de materiais que possam facilitar a desinfecção diária, para também desencorajar o aparecimento de animais, roedores e pássaros que vêm em busca dos restos de alimentos. Em grande parte dos casos de toxinfecção alimentar, os microrganismos são transferidos por contaminação cruzada, quando, por exemplo, alimentos crus são preparados sobre uma superfície e, posteriormente, sem a devida higienização, outro alimento é manipulado, entrando em contato com a mesma superfície. Por isso, na indústria de alimentos o fluxode alimentos não deve nem mesmo permitir o cruzamento de produtos de áreas sujas (matéria prima/recepção) com as das áreas limpas (processamento). 2.2. CONDIÇÕES PARA MULTIPLICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS O crescimento dos microrganismos é grandemente afetado pelas condições físicas e químicas do ambiente onde se encontram, podendo influir positiva ou negativamente de acordo com o microrganismo em questão. Uma bactéria, por exemplo, a uma temperatura em torno de 37° C, pode multiplicar-se transformando em 16.000.000 (dezesseis milhões) de células, em apenas 8 horas. Algumas bactérias são capazes de formar uma espécie de “semente” chamada de esporo. Os esporos são resistentes a muitos tipos de tratamentos térmicos aplicados com o objetivo de destruir bactérias, como por exemplo, a pasteurização, que em ambiente propício, germinam e começam a se multiplicar rapidamente. A multiplicação dos mofos ocorre de forma diferenciada. Eles formam filamentos que crescem e depois originam os esporos, que se espalham por diversas formas (ventos, portadores, etc.) e em lugar apropriado desenvolvem-se formando outra colônia. Leveduras vírus e parasitos têm outras formas de se multiplicarem, mas aqui não entraremos em detalhes. 12 FATORES QUE AFETAM O CRESCIMENTO MICROBIANO No ambiente podemos encontrar diversos fatores que interferem positiva ou negativamente no desenvolvimento dos microrganismos. São eles: Temperatura Corresponde a um dos principais fatores que influenciam o desenvolvimento bacteriano. Em uma faixa de temperatura conhecida como zona de perigo (entre 5°C e 65°C) as bactérias são capazes de se multiplicarem a uma velocidade considerável. A 100° C praticamente todas as bactérias morrem e baixo de 0° C elas têm seu crescimento retardado. Assim, fica claro que se o objetivo é controlar a multiplicação e o crescimento dos microrganismos, devemos controlar a temperatura na qual os alimentos são armazenados e cozidos. Por exemplo, para controlar o crescimento de espécies de salmonella o alimento não deve ser exposto a temperaturas entre 5,2°C e 10°C durante mais de 14 dias; ou a temperatura entre 11°C e 21°C durante mais de 6 horas; ou, ainda a temperaturas maiores que 21°C por mais de 3 horas. A manutenção dos alimentos fora da zona de perigo não impede que todas as bactérias se multipliquem, já que alguns tipos são capazes de produzir esporos, além daquelas que são mais resistentes a altas ou baixas temperaturas. Água Essencial a qualquer ser vivo, embora as necessidades sejam variadas, os microrganismos necessitam de água para se desenvolverem. Os fungos precisam de menor quantidade, por isso preferem alimentos mais secos (doces, charques, produtos de panificação, cereais, etc.). Quanto mais água melhor para as bactérias, pois estas preferem alimentos com maior umidade como leite, carne e ovos (alimentos de alto risco). Nutrientes 13 Como todo ser vivo, os microrganismos necessitam de um conjunto básico de nutrientes para o seu desenvolvimento. Isso pode ser encontrado nos alimentos, nas sujeiras e resíduos que ficam no chão, nos equipamentos, nos utensílios, etc. As bactérias, por exemplo, preferem alimentos com alto teor de proteína, como os de origem animal. Os cuidados na limpeza e no processamento evitam que os microrganismos tenham nutrientes disponíveis no ambiente de elaboração dos alimentos para se multiplicarem. Acidez O aumento da acidez de um alimento contribui para reduzir a capacidade de desenvolvimento microbiano, razão pela qual a acidificação é usada como técnica de conservação de alimentos. Em seu estado natural, alimentos como a carne, os peixes e a maioria dos vegetais são pouco ácidos, sendo preferidos pelos microrganismos, especialmente pelas bactérias. Alimentos com maior acidez, como picles, molho de tomate e a maioria das frutas limitam ação das bactérias e favorecem o desenvolvimento de fungos e leveduras. Oxigênio Presente no ar, o oxigênio é necessário ao desenvolvimento de muitos microrganismos (fungos e a maioria das bactérias) denominados aeróbios. Entretanto, sua presença inibe o crescimento de bactérias como a produtora da toxina do botulismo, que não se multiplicam na presença do ar, e devido a isto são conhecidas como anaeróbias. Existem ainda, os chamados microrganismos facultativos, que se desenvolvem tanto na presença quanto na ausência de oxigênio. 3. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 14 Os estabelecimentos manipuladores/comercializadores de alimentos são regulados por legislações específicas, estabelecidas por órgãos governamentais como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão do Ministério da Saúde (Portarias Nº. 1.428/93 e 326/97 e RDC Nº. 275/2002) ou pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Portaria Nº. 368/97). Dentre as obrigatoriedades estabelecidas estão as Boas Práticas de Fabricação com alimentos, um programa de qualidade que contém requisitos detalhados em áreas como: controle de pragas; higienização de instalações, equipamentos e utensílios; comportamento pessoal e controle de processo (matéria-prima, operações de processamento, estocagem e distribuição), garantindo não só o cumprimento com as obrigações legais, mas também a redução de rejeição dos produtos e manutenção da qualidade uniforme, ao mesmo tempo em que minimiza custos, prevenindo que qualquer alimento impróprio para o consumo ponha em risco a saúde do consumidor. Gerências, chefias e supervisão devem estar totalmente engajadas para o êxito do programa, sendo importantes não só na adequação das não-conformidades detectadas como também nas ações de motivação dos funcionários. 3.1. HIGIENE E SAÚDE DOS MANIPULADORES O conceito de higiene pessoal refere-se ao estado geral de limpeza do corpo e da roupa das pessoas que manipulam os alimentos, sendo a primeira medida a tomar para minimizar os riscos de contaminação por parte dos manipuladores a sua educação nas boas práticas de higiene. Qualquer pessoa, mesmo que seja saudável, pode contaminar os alimentos com microrganismos que poderão causar doenças a quem consome esses alimentos. Muitos deles vivem em diversas partes do nosso corpo, onde normalmente não causam doenças, mas quando presentes nos alimentos podem causar infecções ou intoxicações. MÃOS E PELE Quem trabalha com produtos alimentícios mantém contato direto com o alimento através das mãos. Por isso, é essencial que elas estejam tão higiênicas quanto possível, não bastando apenas lavá-las antes de começar a trabalhar, pois, durante todo o período 15 de trabalho as mãos entram em contato com superfícies, alimentos e substâncias que contêm microrganismos, havendo assim um grande risco de contaminação cruzada. As mãos também devem ser lavadas toda vez que houver uma mudança de atividade durante o período de trabalho, e de forma correta, em lavatório destinado especialmente a esta finalidade, com um sabão bactericida, sendo as unhas esfregadas com escova apropriada, e adequadamente secadas. Quando lavar as mãos: Sempre que iniciar o trabalho; Sempre que se apresentarem sujas; Sempre que mudar de tarefa; Depois de manipular alimentos crus; Sempre que tossir, espirrar ou mexer no nariz; Sempre que utilizar o banheiro; Depois de mexer no cabelo, olhos, boca, ouvidos e nariz; Depois de comer; Depois de fumar; Depois de manipular ou transportar lixo e restos de alimentos; Depois de manipular produtos químicos (limpeza e desinfecção); Como lavar as mãos: Molhar bem as mãos e antebraços com água corrente, quente e potável; Ensaboar bem as mãos com o sabão líquido, esfregando os espaços entre os dedos, as palmas e as costas das mãos, os polegares e os antebraços; Lavar as unhas com escova própria (que deverá ser mantida limpa e seca entre as utilizações); Enxaguar com água corrente, quente e potável removendo todo o sabão; Usar o líquido desinfetante espalhando bem pelas mãos e antebraços; Enxaguar abundantemente com água quente, corrente e potável; Secar as mãos com toalhas de papel descartável não-reciclado. A utilização de luvas é muito discutível. Quando usadas, devem ser descartáveis, impermeáveis e desinfetadas antes de se iniciar o trabalho. Devem ser mantidas sempre limpas, e seu uso não dispensa a correta higienização das mãos. As tarefas que impliquem o uso de luvas descartáveis devem decorrer sem 16 interrupções, e caso ocorra, o manipulador ao reiniciar a tarefa deve higienizar novamente as mãos e colocar novas luvas. Deve-se ainda usar roupas de baixo sempre limpas, com banhos diários, para reduzir o risco de contaminação da pele por microrganismos prejudiciais à saúde. As unhas devem ser mantidas sempre curtas, sem o uso de esmalte ou unhas postiças, pois suas partículas podem se soltar e misturar aos alimentos. Deve-se evitar também que as unhas sejam levadas à boca, enquanto se manipula os produtos, e, principalmente, evitar lamber os dedos antes de separar folhas de papel ou plástico destinado a embalar os alimentos, sacos de papel, etc. CABELOS Os fios de cabelo caem com facilidade podendo se misturar aos alimentos e o simples ato de penteá-los enquanto está se usando a roupa de trabalho pode ocasionar contaminação. Por isso, os cabelos devem apresentar-se aparados, penteados, lavados e totalmente protegidos por uma touca. O uso de barba ou bigode não é indicado, sendo, no entanto recomendável a sua proteção nos indivíduos que os possuam. ORELHAS, NARIZ E BOCA Os estafilococos, comumente encontrados no nariz e na boca, contribuem com uma grande parte dos casos de intoxicação alimentar, sendo disseminados com muita facilidade quando espirramos, tossimos, assoamos o nariz ou mesmo assobiamos nas áreas de manipulação de produtos alimentícios. Quando uma pessoa está resfriada, não se deve permitir que trabalhe perto de alimentos, e sempre que alguém for tossir ou espirrar deve cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel descartável, desviando a cabeça para que não o faça sobre os alimentos. O manipulador não deve manter o lenço consigo devido ao risco de contaminação e ao retomar a tarefa deve higienizar corretamente as mãos. Deve-se lembrar ainda que o ato de cuspir além de não ser higiênico é ilegal quando feito em áreas de manipulação de produtos alimentícios. COMER, BEBER E MASCAR 17 Todas estas ações devem ser realizadas em local próprio fora do lugar de trabalho, de modo a evitar o risco de contaminação dos produtos alimentícios. Evitar também que as mãos dos manipuladores fiquem contaminadas, devido ao contato com estes materiais, devendo sempre ser higienizada antes que se proceda novamente a manipulação dos alimentos. O HÁBITO DE FUMAR O ato de fumar em qualquer área de manipulação de alimentos, assim como nos locais de armazenamento, não é permitido, por uma questão de saúde ambiental e também pelo aumento do risco de contaminações nos alimentos. O hábito de fumar leva a pessoa a tossir ou espirrar e as pontas e as cinzas podem cair nos alimentos. O USO DE ADORNOS E PERFUMES Deve ser impedido o uso de produtos como loção após a barba, perfumes, cremes, maquiagem, etc., por parte dos manipuladores de produtos alimentícios. Existe uma grande probabilidade de os alimentos serem tocados, em especial aqueles com alto teor de gordura, transmitindo odores que não lhe são característicos, causando a contaminação e posterior queixa dos consumidores. O uso de adornos como brincos, relógios, colares, anéis, etc., são possíveis armadilhas de sujeira, onde as partículas de alimentos e a poeira podem se acumular e disseminar microrganismos, causar doenças na pele, ou serem perdidos nos alimentos, representando um perigo físico. A única exceção é a aliança de matrimônio, que deve ser de ouro, sem folgas e retirada para a higienização junto com as mãos durante a lavagem. ROUPAS DE PROTEÇÃO A palavra proteção aqui empregada refere-se aos alimentos, que devem ser protegidos pela roupa do manipulador contra as fontes externas de contaminação e não aos equipamentos de proteção individual, conhecidos como “EPI´s”, que são responsáveis pela garantia da segurança do trabalhador. 18 A roupa e outros materiais de uso pessoal utilizados fora do local de trabalho devem ser deixados no vestiário, podendo ser usado apenas peças de roupa do fardamento, não sendo permitido o uso de roupas por cima, como casacos, que não sejam de uso exclusivo do trabalho. As roupas de rua hospedam inúmeros tipos de microrganismos ao entrar em contato com a poeira, pelos de animais domésticos, etc., que podem ser disseminadas no contato com equipamentos, superfícies de trabalho, mãos, maçanetas, etc., ou diretamente com o alimento, levando desta forma à contaminação. O fardamento utilizado deve ser confortável, adequado à tarefa a desempenhar e resistente às lavagens freqüentes, constituído por touca, camisa, calças, calçado apropriado e eventualmente avental. Uma das exigências da vigilância sanitária é que todos os manipuladores de alimentos usem roupas de proteção limpas, laváveis, de cores claras, sem bolsos externos e de preferência com prendedores do tipo “não abotoável”. Bolsos externos podem ficar presos nas engrenagens das máquinas, representando risco ao manipulador, além de servirem para abrigo de objetos e sujeira. Os prendedores do tipo abotoável também não são aconselháveis devido ao fato de poderem soltar-se e cair no meio dos alimentos, causando sua contaminação física. CORTE, MACHUCADOS, FERIDAS, RASPÕES, ETC. Manipuladores com feridas não podem trabalhar diretamente com os alimentos, pois, qualquer tipo de ferimento na pele é um lugar ideal para a multiplicação dos microrganismos. Caso se verifique que o ferimento não representa um risco para a saúde do consumidor, eles devem ser cobertos com algum tipo de proteção à prova d’água e de cor viva, para que seja encontrado com facilidade no caso de caírem, reduzindo a possibilidade de contaminação. CUIDADOS GERAIS DE SAÚDE Todos os manipuladores de produtos alimentícios têm a obrigação legal de informar aos seus superiores se estão sofrendo de qualquer tipo de doença infecto- contagiosa (hepatite, tuberculose, etc.), doença de pele (furúnculos, ferimentos, etc.) ou qualquer enfermidade acompanhada de diarréia, vômito, febre, dores abdominais, inflamação da garganta, nariz, olhos, ouvidos, expectoração, tosse, 19 gripe ou corrimento nasal, que possa levar à contaminação de produtos alimentícios, ficando impedido de manipular alimentos enquanto não obtiver um atestado médico, declarando que está em condição de saúde para voltar a exercer normalmente suas atividades. Reações alérgicas, além representar perigo para a saúde do manipulador, potenciam a contaminação dos alimentos, pela reação natural de coçar, levando à escamação da pele, devendo também ser comunicada de imediato ao responsável para eventual tratamento médico, possível afastamento temporário e averiguação do agente causador da alergia. Exames médicos devem ser feitos na admissão e, pelo menos, uma vez ao ano, para que se possa ter um controle do estado geral de saúde de todos os manipuladores. MANIPULAÇÃO DE PRODUTOS DE LIMPEZA, TÓXICOS OU PERIGOSOS Após a manipulação destes produtos não se deve tocar nos alimentos sem antes efetuar uma correta higienização das mãos e a roupa tem que ser diferente da utilizada quando se manipulam alimentos. VISITANTES E CHEFIAS Sempreque ocorram visitas à unidade, deve-se tomar as medidas necessárias para impedir as contaminações das instalações e dos alimentos por parte dos visitantes, a partir do uso de vestuário adequado e evitando que tenham contato com os alimentos. As chefias devem dar o exemplo, colocando o vestuário adequado sempre que visitarem as instalações. FORMAÇÃO PROFISSIONAL A entidade empregadora tem o dever de informar convenientemente a cada colaborador de todas as regras e instruções de trabalho, dando-lhe a conhecer a respectiva documentação, que deverá ser elaborada e organizada por técnicos habilitados. Cada colaborador deve ser treinado, após recrutamento e tantas vezes quanto for necessário, para que a higiene não seja entendida apenas como um 20 conjunto de regras e obrigações. È importante lembrar que, qualquer que seja a tarefa de um manipulador de alimentos, este pode ser responsabilizado pelo não cumprimento das regras de higiene pessoal. 3.2. HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS A higienização é um processo que compreende a limpeza e a sanitização, nem sempre sendo apreciável pelos colaboradores. Porém uma instalação higienizada adequadamente contribui decisivamente para a redução da carga microbiana dos alimentos a níveis aceitáveis, prevenindo o risco de contaminação cruzada e o aparecimento de pragas, além de tornar o ambiente de trabalho mais agradável. É importante estabelecer rotinas de higienização. As bancadas, equipamentos e utensílios devem ser primeiramente limpos e posteriormente, sanitizados, principalmente em superfícies que entram em contato com os alimentos. PRODUTOS QUÍMICOS E AGENTES FÍSICOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAÇÃO Detergentes Produtos utilizados em conjunto com a água para a remoção de gorduras, restos de alimentos e sujidades em geral. Dentre os mais utilizados, têm-se os detergentes ácidos, neutros e alcalinos, diferenciando-se, principalmente por suas habilidades na remoção de resíduos. Detergentes ácidos: são adequados para a remoção de sais minerais na superfície de equipamentos e utensílios, à temperatura de 70°C; Detergentes alcalinos: são adequados para a remoção de proteínas, gorduras e açucares, à temperatura de 80ºC. Detergentes neutros: são preferencialmente utilizados na limpeza de materiais sensíveis e na limpeza das mãos, à temperatura entre 35 e 40ºC, devido ao contato direto com o manipulador; Sanitizantes Produtos destinados a destruir a maioria dos microrganismos, reduzindo-os para níveis seguros, apesar de nem sempre eliminar os seus esporos. É fundamental a sanitização das superfícies, equipamentos e utensílios com 21 frequência, pois a simples limpeza não elimina sua contaminação. Antes que se proceda esta etapa é preciso que a limpeza tenha sido realizada de forma correta, pois partículas de sujeira podem diminuir a eficiência dos sanitizantes. Dentre os diversos agentes químicos disponíveis para uso como sanitizantes, encontram-se compostos à base de cloro, iodo, amônia quaternária, ácido peracético, água oxigenada e clorhexidina, que apresentam uma comprovada eficiência sobre os microrganismos nas condições recomendadas para o seu uso. Os sanitizantes devem ser selecionados de modo que: Sejam aprovados pelos órgãos competentes, seguindo as normas da Portaria nº 15, da Divisão Nacional da Vigilância Sanitária de Produtos Saneantes Domissanitários, de 23 de agosto de 1988, com alteração aprovada pela Portaria nº. 211, da ANVISA, Ministério da Saúde; Apresentem amplo espectro de ação antimicrobiana, sendo capazes de destruir rapidamente os microrganismos; Sejam estáveis sob variadas condições de uso (temperatura, umidade, etc.) e que possuam baixa toxicidade e corrosividade. Torna-se necessário conhecer as propriedades, vantagens e desvantagens de cada sanitizante disponível para que seja selecionado o mais apropriado a cada aplicação específica. É importante saber que a ação dos sanitizantes é afetada pelas características da superfície; pelo tempo e temperatura de contato, pela concentração de uso e pelos tipos de resíduos presentes nas superfícies, dentre outros fatores. Agentes físicos São utilizados em substituição aos sanitizantes químicos na redução do número de microrganismos a níveis aceitáveis. Os mais utilizados na indústria de alimentos são: Vapor: aplicado diretamente na superfície a ser higienizada durante 1 minuto; Água quente: sanitização feita por imersão, circulação (tubulações e equipamentos) ou aplicação direta sobre a superfície a 80ºC durante 5 minutos; Ar quente: aplicado diretamente sobre superfície a 90ºC durante 30 minutos; 22 Irradiação ultravioleta: aplicação de radiação UV provenientes de lâmpadas germicidas, em 254 nm, sobre a superfície ou ar do ambiente por determinado tempo. PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO A higienização feita de forma correta seja manual ou mecânica, deve enfocar etapas fundamentais como: Pré-limpeza: é a remoção de sujidades como restos de alimentos, terra, entre outros, usando apenas água potável. Cerca de 90% dos resíduos solúveis em água são removidos nesta etapa, onde a temperatura é importante, uma vez que temperaturas muito elevadas podem provocar a desnaturação das proteínas e se estiver muito baixa, causa a solidificação da gordura, dificultando a limpeza. Assim, é recomendável que a temperatura esteja entre 35 e 40 °C; Limpeza principal: é a remoção das sujidades que não puderam ser removidas na pré-limpeza, utilizando-se detergente. Quando feita manualmente deve-se utilizar detergente neutro e temperaturas em torno de 35 e 40 °C; Enxágue: é o processo de remoção dos resíduos da etapa anterior, inclusive o detergente; Sanitização: tem a função de reduzir o número de microrganismos a níveis aceitáveis pelo uso de agentes físicos ou químicos, respeitando as instruções de uso; Enxágue final: é a remoção de resíduos do sanitizante após a sua ação; Secagem: é o processo de secagem dos equipamentos e utensílios, utilizando ar seco, ou simplesmente deixando-os secar naturalmente. O uso de panos na área de manipulação de alimentos não é permitido. HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES Tetos, paredes e portas 23 A higienização de paredes e portas é feita geralmente usando água quente e detergente, devendo ser realizada periodicamente; Os tetos, devido às dificuldades na higienização, devem ser limpos periodicamente para retirada de sujidades, incrustações, teias de aranha, etc.; Atenção especial deve ser dada às paredes em torno das bancas de preparação devido à proximidade com o produto durante a manipulação; A higienização de tetos, paredes e portas só pode ser realizada quando não se estiver manipulando alimentos; É importante limpar e desinfetar os puxadores das portas diariamente. Pavimentos Os pavimentos de todas as zonas da unidade de processamento devem ser lavados após cada período de trabalho; Na higienização devem ser usados esfregões e rodos. O ato de varrer os pisos pode levantar pó, o qual pode cair nos alimentos e contaminá-los. Ralos de escoamento Devem apresentar-se sempre limpos, sem gordura ou restos de alimentos e desentupidos; Devem ser higienizados após cada turno de trabalho. Instalações sanitárias e vestiários Devem ser limpos e desinfetados diariamente; Devem dispor sempre de escova de unhas, toalhas de papel e sabão líquido bactericida, junto aos lavatórios; Deve existir sempre papel higiênico, vassoura, pás e recipiente para lixo em locais apropriados. HIGINIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS 24 As mesas, bancas, pias, etc., devem ser limpas e sanitizadas diariamente e após cada utilização; As máquinas devem ser desmontadas, lavadase sanitizadas após cada utilização; No caso da mesma máquina necessitar ser usada para diferentes alimentos (por exemplo, para picar carne crua e cozida) deve-se fazer a higienização entre as duas utilizações. Câmaras de frio Além da limpeza diária geral, os equipamentos de refrigeração devem ser higienizados, pelo menos uma vez por semana; Os equipamentos de conservação de congelados devem ser higienizados pelo menos uma vez por mês; Durante a higienização o conteúdo das câmaras deve ser retirado; Deve dar-se especial atenção às portas (especialmente às borrachas e puxadores), prateleiras, paredes interiores, chão e teto. HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS As tábuas de corte, os cabos de facas, as colheres de cozinha e outros utensílios não podem ser de madeira, uma vez que esta absorve umidade e sujidades, e não permite uma higienização adequada; Quaisquer utensílios quebrados ou que tenham fissuras devem ser rejeitados, pois mesmo uma higienização eficaz não consegue eliminar os microrganismos que se acumulam nas ranhuras, existindo o risco de contaminação; Todos os utensílios usados na manipulação dos alimentos devem ser devidamente higienizados, imediatamente depois de utilizados. ARMAZENAMENTO DOS PRODUTOS DE HIGIENIZAÇÃO Os produtos químicos utilizados na higienização devem ser armazenados em local próprio e devidamente identificados. Este espaço deve ser separado da área de processamento e dos materiais utilizados na manipulação, para evitar a contaminação química dos alimentos 25 SEGURANÇA NA HIGIENIZAÇÃO O processo de higienização deve ser realizado seguindo todos os procedimentos de segurança, de forma a não prejudicar a saúde dos manipuladores. Os produtos químicos devem ser utilizados de acordo com as especificações do rótulo, respeitando os tempos de exposição indicados e as condições de uso. Deve-se colocar fichas técnicas dos produtos em locais de fácil acesso a todos para orientação. A higienização manual deve ser feita utilizando-se os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados e sem o uso de temperaturas elevadas. 3.3. CONTROLE DA POTABILIDADE DA ÁGUA Dentre a totalidade de água no Planeta, cerca de 1 % é potável ou pode ser potabilizada. Para uso na indústria de alimentos a água pode ser obtida previamente tratada da rede pública ou comprada de terceiros. Quando coletada de rios, lagos, cisternas, poços artesianos ou semi-artesianos deve ser submetida a tratamento adequado. A água deve ser de boa qualidade para qualquer finalidade no setor alimentício e o seu uso abrange desde a higienização até a composição de produtos alimentícios (indústria de bebidas), por isso, seu controle é necessário para evitar possíveis riscos à saúde do consumidor. Uma água não potável, ou seja, fora dos padrões de qualidade estabelecidos por lei, além de provocar processos corrosivos e depósitos de matéria orgânica em equipamentos e utensílios, contribui decisivamente para uma maior contaminação do produto. A água para consumo humano e uso na indústria de alimentos deve atender aos padrões físicos, químicos e microbiológicos estabelecidos na legislação brasileira, de acordo com a Portaria n° 518, do Ministério da Saúde, publicada em 25 de março de 2004. CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS 26 Testes como o de turbidez, sabor, cor e odor são empregados para avaliar as características sensoriais da água. A turbidez é causada por material de qualquer natureza em suspensão, como plânctons, bactérias, argila, areia e poluição de forma geral. A cor é definida pela decomposição de matéria orgânica e, também, pela presença de íons metálicos, como ferro e manganês, plânctons e resíduos industriais. A legislação exige que a água não apresente sabor nem odor que impeçam seu consumo. Poluição industrial ou doméstica, matéria orgânica e atividade biológica de microrganismos são responsáveis pela ocorrência de sabor e odor na água. CONTAMINANTES Dentre algumas análises feitas para a verificação da qualidade da água, estão a presença de metais pesados, pesticidas, solventes orgânicos, nitratos, nitritos e microrganismos patogênicos, oriundos, por exemplo, de resíduos industriais e domésticos. Ao se confirmar a presença em níveis não aceitáveis destes agentes, devem ser interrompidas as atividades, e medidas de correção adotadas imediatamente. Amônia, nitrato e nitrito são indicadores de poluição da água e a presença dessas substâncias, dependendo da concentração, indica poluição fecal. As análises propostas para avaliar a qualidade da água fundamentam-se em cinco principais grupos (Tabela 1). Tabela 1 - Grupos de análises propostos para avaliar a qualidade da água 27 VERIFICAÇÃO DA POTABILIDADE DA ÁGUA Para o controle da potabilidade da água é preciso ter o suporte especializado de um técnico, que estabelece as análises a serem realizadas, determinando os pontos de coleta e as medidas de controle de caráter preventivo, que podem ser a inspeção e manutenção de encanamentos e drenos, higienização de reservatórios, etc. Seja qual for o tamanho da caixa d’água, é recomendável que se faça sua higienização semestralmente para evitar o acúmulo de matéria orgânica e incrustações que podem levar à contaminação da água. Em caso de irregularidades, com consequente comprometimento da potabilidade da água, ações corretivas devem ser tomadas. Estas ações dependem do grau de comprometimento do produto final e do tipo de produção envolvida. Podem ser recomendadas desde uma parada da produção até a destruição dos produtos produzidos com esta água. 3.4. CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS Uma praga pode ser definida como um animal que vive dentro dos produtos alimentícios ou sobre eles, causando estragos, contaminação ou outros problemas. As pragas mais comuns em áreas de processamento de alimentos são roedores (ratos e camundongos), insetos (moscas, baratas, traças, formigas, etc.) e pássaros (pardais, pombos, etc.) Do mesmo modo que todas as criaturas vivas, as pragas precisam de alimentos, água e abrigo para poderem sobreviver. Ao negar-lhes estes requisitos básicos, elas não vão permanecer, nem aparecer. Por isso, as áreas de processamento e/ou comercialização de alimentos devem ser planejadas, construídas e manejadas de tal maneira que as pragas não encontrem nelas as condições de que necessitam para sobreviver e causar infestação. Alguns sinais podem nos indicar a presença de pragas nos estabelecimento, e devemos estar sempre alerta a isto para que as devidas providências sejam tomadas. São eles: Corpos vivos ou mortos, inclusive larvas e pupas; 28 Fezes e urina; Estragos em sacos, pacotes, caixas, etc., causados por mordidas ou arranhões de roedores; Derramamento de ingredientes ou produtos acabados próximo a área de armazenamento. ONDE ENCONTRAR AS PRAGAS? As pragas gostam de abrigo e de calor, e não querem ser perturbadas. Lugares pouco frequentados ou que não são limpos periodicamente como depósitos, velhos barracões, abrigos e garagens tornam-se excelentes abrigos para eles. Um lugar óbvio para as pragas se esconderem é o depósito de lixo, especialmente se não for mantido desinfetado e limpo com regularidade. É importante ficar atento em toda a área de manipulação de alimentos, inclusive nas áreas externas, pois, o melhor método de se evitar as pragas é não atraí-las e impedir o seu acesso. Para isto, algumas medidas podem ser tomadas para auxiliar neste controle: Instalar fechamento automático de portas internas e externas, com protetores de borracha para vedar frestas; Instalar telas milimétricas laváveis em todas as janelas e outras aberturas; Vedar buracos, rachaduras e aberturas; Usar cortinas de ar com velocidade e angulação adequados, quando necessário; Usar somente ralos sifonados para impedir o acesso de insetos e roedores pelas tubulações de esgoto; Usar lâmpadas de sódio nas entradas das áreas externas para diminuir a atração de insetos voadores; Eliminar ou aparar qualquer tipo de vegetação próxima às áreas de processamento; Evitar o acúmulo de resíduos e sucatas dentro ou nos arredores da área de manipulação de alimentos; 29 Fazer inspeções regulares de manutenção, com os reparos necessários ou, se preciso, a substituição de equipamentos com defeito e descarte dos defeituosos; Realizar uma limpeza completa em toda a área de processamento de alimentos (interna e externa). Limpar imediatamente qualquer lixo derramado; Armazenar corretamente as matérias-primas, ingredientes e produtos acabados, com 30 cm de altura do piso e desencostados das paredes, para permitir exames fáceis e regulares de todos os depósitos, além de facilitar a limpeza. Examinar todos os produtos entregues no estabelecimento para se ter certeza de que não estão trazendo pragas para dentro. Além das medidas citadas anteriormente, é exigido por lei que todos os estabelecimento manipuladores de alimentos tenham implantados um controle integrado de vetores e pragas urbanas, que deve contemplar medidas preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e a proliferação dos mesmos. Informações sobre a legislação sanitária específica podem ser encontradas na portaria CVS nº. 09, de 16 de novembro de 2000 da ANVISA que regulamenta as normas técnicas para empresas prestadoras deste serviço e as Boas Práticas Operacionais para o controle de vetores e pragas urbanas. O controle integrado de vetores e pragas urbanas pode ser feito por pessoal do próprio estabelecimento, contanto que sejam devidamente capacitados, ou por empresas terceirizadas especializadas neste tipo de serviço. Os certificados de Execução do controle químico devem ser mantidos e estar de acordo com a legislação. No caso de ocorrer uma infestação, a melhor solução será chamar imediatamente a empresa local de controle de pragas para resolver o problema. 3.5. MANEJO DE RESÍDUOS Os resíduos provenientes da produção podem não só servir de veículo para a contaminação do produto, como também atrair pragas urbanas para a área de manipulação. Por isso, toda unidade de processamento de alimentos deve ter 30 estabelecida uma freqüência de coleta de lixo, função esta que deve ter seus responsáveis previamente definidos. Os resíduos gerados mais comuns e o seu devido destino podem ser descritos como: Lixo orgânico - destinado ao aterro sanitário Papel, metais, plásticos e vidros - vendidos para a reciclagem Embalagens de produtos químicos - devolvidas para os fabricantes Para um efetivo manejo dos resíduos, é importante seguir algumas recomendações: Na área de manipulação, o lixo deve ser mantido em recipientes constituídos de material de fácil higienização, com tampa, pedal de acionamento, revestidos internamente com plástico descartável, e devidamente identificados com a palavra “LIXO”; O lixo deve ser retirado da área de manipulação sempre que necessário ou no mínimo uma vez por dia, sendo imediatamente levados para os recipientes da área externa; Após a retirada do lixo os recipientes devem ser higienizados; Os recipientes coletores de lixo da área externa devem ser mantidos fechados, e diariamente esvaziados (por empresas terceirizadas ou pelo serviço público de coleta de lixo) e posteriormente higienizados; As áreas de guarda de lixo devem ser isoladas, de fácil limpeza e exclusivas para este fim de forma a não se tornarem um atrativo para as pragas; Atenção especial deve ser dada à retirada do lixo, que não pode ser feita pelo mesmo local onde entram as matérias-primas, embalagens e produtos acabados de modo a evitar a contaminação cruzada. 3.6. SELEÇÃO E CONTROLE DE MATÉRIAS-PRIMAS, INGREDIENTES E EMBALAGENS 31 Pode-se considerar como matéria-prima todos os produtos que ainda serão processados, como alimentos crus (“in natura”) ou até mesmo os já preparados que podem ser usados como ingredientes. Dentre as matérias-primas utilizadas, os produtos perecíveis ricos em proteína, representados pelas carnes, leite e derivados e ovos, precisam ter um rigoroso controle higiênico sanitário por se tratarem de alimentos de alto risco. Além destes produtos, os vegetais também merecem atenção especial devido a contaminantes ambientais e microrganismos fecais, de origem animal ou humana, que podem transportar. Para o efetivo controle e seleção das matérias-primas e ingredientes a serem utilizados, algumas medidas devem ser adotadas: Visitas técnicas aos fornecedores - Tem como objetivo, observar as condições operacionais das empresas fornecedoras de produtos, no sentido de avaliar o risco destes produtos estarem contaminados com microrganismos patogênicos ou toxinas. Controle sensorial – Consiste na observação das características sensoriais dos produtos que estão sendo processados ou distribuídos pelos fornecedores, como cor, odor, textura, sabor, etc., seguindo os critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. A observação das características sensoriais é importante para a identificação de produtos alterados tanto do ponto de vista microbiológico, como químico. Controle microbiológico e físico-químico - Coleta de amostras dos produtos entregues pelos fornecedores para análises microbiológicas (avaliação das condições higiênico-sanitárias) e físico-químicas (avaliação de alterações promovidas por microrganismos e outras substâncias nocivas presentes). 32 MATÉRIA- PRIMA Má qualidade * Presença de toxina microbiana * Presença enzimas deteriorantes * Alta contaminação microbiológica RISCO DE CONTAMINAÇÃO CRUZADA IMPRÓPRIA PARA A MANIPULAÇÃO Boa qualidade * Prioridade no controle Higiênico- sanitário IDEAL PARA A MANIPULAÇÃO RECEPÇÃO Etapa onde se recebe o material entregue pelo fornecedor, para avaliação antes de seguir para o processamento. Recomendações básicas: Observar a data de validade e fabricação; Fazer avaliação sensorial; Observar as condições das embalagens, que devem estar limpas, íntegras e adequadas para cada tipo de alimento. Os produtos não devem estar em contato direto com papel, papelão ou plástico reciclado; Observar as condições do entregador que deve estar com uniforme adequado e limpo, avental, sapato fechado e proteção para o cabelo ou mãos, quando necessário; Na rotulagem devem constar nome e composição do produto, lote, data de fabricação e validade, número de registro no órgão fiscal, endereço do fabricante e distribuidor, condições de armazenamento e quantidade; Observar alvará do veículo de transporte; Fazer coleta para análises, quando necessário, podendo ser realizado por laboratório próprio ou terceirizado; As temperaturas devem estar adequadas e registradas no ato do recebimento. Para alimentos perecíveis congelados a temperatura deve estar a -18°C com tolerância de -12°C. Alimentos refrigerados devem estar a até 6°C com tolerância até 7°C e resfriados devem estar entre 6 e 10°C ou conforme especificação do fabricante. 33 Produtos aprovados na recepção devem ser registrados no formulário de avaliação de recebimento do produto. Produtos reprovados devem ser devolvidos no ato do recebimento. 3.7. TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS O ambiente de armazenamento influencia nas alterações sofridas pelos alimentos. Fatores como temperatura, umidade, presença de oxigênio,entre outros, podem acelerar reações químicas indesejáveis ou favorecer o desenvolvimento microbiano. Por isto, o controle do transporte e do armazenamento torna-se fundamental na preservação da qualidade dos produtos alimentícios. O transporte/armazenamento de alimentos não perecíveis (grãos, farinhas, conservas, etc.), por serem mais estáveis, pode ser feito à temperatura ambiente, enquanto que nos alimentos perecíveis (carne, ovos, leite, frutas, etc.), que se alteram facilmente, deve ser feito sob refrigeração ou congelamento, para aumentar o seu tempo de vida útil. TRANSPORTE Para uma proteção eficaz, algumas medidas podem ser tomadas no transporte de alimentos: Não transportar, no mesmo compartimento do veículo, pessoas, animais, alimentos ou substâncias estranhas que possam contaminá-los ou corrompê-los; Não é permitido o transporte concomitante de matéria-prima E ingredientes ou produtos alimentícios crus com alimentos prontos para o consumo, se os primeiros apresentarem risco de contaminação para esses últimos; A cabine do condutor deve ser isolada da parte que contém os alimentos; Os equipamentos de refrigeração não devem apresentar riscos de contaminação para o produto e devem garantir, durante o transporte, temperatura adequada para o mesmo. 34 Os veículos de transporte de produtos sob controle de temperatura devem ser providos permanentemente de termômetros adequados e de fácil leitura. O veículo de transporte de alimento deve ser mantido em perfeito estado de conservação e higiene; O transporte de produtos perecíveis deve ser de material liso, resistente, impermeável e atóxico, lavável, aprovado pela autoridade sanitária; O veículo deve possuir dispositivos de segurança que impeçam o derrame em via pública de alimentos e/ou resíduos sólidos e líquidos, durante o transporte; Quando a natureza do alimento assim o exigir, deve ser colocado sobre prateleiras e estrados removíveis, de forma a evitar danos e contaminação; Os materiais utilizados para proteção e fixação da carga (cordas, encerados, plásticos e outros) não devem constituir fonte de contaminação ou dano para o produto, devendo os mesmos serem desinfetados juntamente com o veículo de transporte; A carga e/ou descarga não devem apresentar risco de contaminação, dano ou deterioração do produto e/ou matéria-prima alimentar. ARMAZENAMENTO A depender de suas características os alimentos podem ser armazenados sob congelamento (temperatura menor ou igual a – 18ºC), refrigeração (temperatura entre 0ºC e 10ºC) ou à temperatura ambiente (em torno de 25ºC). Para os alimentos refrigerados recomenda-se: carnes: até 4º C; pescados: até 2º C ou permanecer congelados; sobremesas prontas: até 6º C; hortifrutigranjeiros (legumes, verduras, frutas e ovos): até 10º C; frios, leite e derivados: até 8º C; 35 A portaria CVS 18 de 09/09/2008, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, estabelece normas para o armazenamento de alimentos, resumidas a seguir: O estoque e as embalagens devem ser mantidos limpos e secos; Produtos de fabricação mais antiga devem ser posicionados de forma a serem consumidos em primeiro lugar. Tudo deve estar identificado; Alimentos ou recipientes com alimentos, não devem estar em contato com o piso, e sim apoiados sobre estrados ou prateleiras das estantes, a 30 cm de altura; O empilhamento no estoque devem ser alinhado e em altura que não prejudique as características do produto, favorecendo a ventilação; Os alimentos que estão apoiados nas prateleiras das estantes, devem estar afastados da parede em pelo menos 10 cm para permitir a ventilação. A distância do teto deve ser de 60 cm; Os alimentos não devem ficar armazenados junto a produtos de limpeza, químicos, de higiene e perfumaria; Materiais em geral e estrados fora de uso, devem ser retirados das áreas de armazenamento; É importante saber que, qualquer irregularidade observada nos produtos armazenados deve ser informada imediatamente ao responsável para a sua inutilização. 3.8. MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CALIBRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS Equipamentos podem representar perigo físico (parafusos, peças metálicas, etc.) ou químico (óleo lubrificante, graxa, etc.) ao alimento. Por isso, torna-se necessário a existência de um programa de manutenção preventiva dos equipamentos envolvidos na linha de produção, com registro de todas as 36 manutenções corretivas, lubrificações e revisões efetuadas, peças substituídas, junto com os dados do fabricante do equipamento. Desta forma, busca-se garantir a preservação das condições de boas práticas (BPF) das instalações e equipamentos, impedindo que partes do equipamento possam desprender-se e contaminar o produto. Sempre que possível, o equipamento deve ser removido da área de fabricação, mas, caso isso não seja possível, a manutenção pode ser feita no local, fora do horário da produção. Quando houver qualquer risco de contato do lubrificante com o produto, o mesmo deve ser comprovadamente permitido para uso em indústrias de alimentos. A mesma atenção deve ser dada às soldas dos equipamentos, que devem ser do tipo sanitária. Ao iniciar os serviços de manutenção, deve-se fazer uma limpeza inicial, eliminando excesso de graxa, sujeiras, fragmentos metálicos, ou qualquer tipo de objetos estranhos. Ao final dos trabalhos, verificar se todas as partes, parafusos, porcas, etc, estão corretamente fixados e apertados, e então inicia-se a higienização do equipamento. É importante salientar que todas essas atividades realizadas devem ser registradas em formulários específicos, para consulta posterior. Outro item importante, é a calibração de equipamentos de medição que, fora dos padrões podem comprometer a qualidade do alimento. Como exemplo, podemos citar os dosadores, medidores de temperatura e pressão, etc. Assim, deve-se identificar quais são estes equipamentos, fazendo um monitoramento contínuo (a cada 6 meses) e onde o ajuste não for possível, deve ser providenciada a substituição por outro equipamento com a precisão adequada. Se necessário, o serviço de calibração de equipamentos pode ser terceirizado, contanto que a empresa seja aprovada pelo Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO) e faça parte da Rede Brasileira de Calibração (RBC). 3.9. PROGRAMA DE RECOLHIMENTO DE ALIMENTOS Este programa consiste na elaboração de um “esquema” para recolhimento de produtos que se apresentem fora dos padrões, representando assim, risco à saúde do consumidor. Requer uma definição clara de responsabilidade e 37 autoridade, uma vez que se trata de uma situação de risco, onde o bom gerenciamento do recolhimento é fundamental. A portaria nº. 789 de 24 de agosto de 2001, do Ministério da Justiça, dispõe sobre as atitudes que uma organização deve tomar quando verificados os perigos relativos à segurança dos alimentos após a entrega ao consumidor, onde está prevista a notificação das partes interessadas e o recolhimento do produto, também conhecido como “recall”, dentre outras providências a serem tomadas. Além disso, o fornecedor do produto comprometido deverá notificar o fato, por escrito, ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, aos PROCON’s estaduais e demais autoridades competentes. A notificação deverá conter a descrição detalhada do defeito detectado, acompanhada das informações técnicas que esclareçam os fatos, com a descrição dos riscos que o produto ou serviço apresenta. O consumidor também deverá ser informado imediatamente, sobre a periculosidade ou nocividade, mediante campanha publicitária, quedeverá ser feita em todos os locais onde haja consumidores deste produto. Paralelamente, o recolhimento do alimento deve ser realizado nos pontos de venda, clientes e consumidores. Vale observar que, para o rápido e efetivo recolhimento do produto, é necessário que a organização tenha dados que garantam a rastreabilidade externa (produtos que já estão sendo comercializados) e que estes ônus recaiam sobre a empresa produtora, mesmo que a venda final seja feita por um distribuidor. A rastreabilidade interna deverá ser feita sempre que o problema for ocasionado por lote de insumo que possa ter contaminado outros lotes de produto. O recolhimento destes lotes também deverá ser realizado. De acordo os riscos oferecidos pelo produto ao consumidor, podemos classificar o “recall” como: Classe 1: Quando a não conformidade identificada representa alto risco à saúde do consumidor, podendo ocasionar a morte. Exemplo: cacos de vidro ou presença da toxina botulínica. Classe 2: Quando a não conformidade identificada apresentar risco médio. Exemplo: contaminação por Clostridium perfrigens. 38 Classe 3: Quando a não conformidade identificada acarreta risco à saúde considerado moderado. Exemplo: contaminação por Staphylococcus aureus. De acordo com a classe deverá ser constituído um Comitê de Recall, responsável por articular todas as medidas necessárias, convocando todos os departamentos interessado para realizar a rastreabilidade externa e caso seja necessário a rastreabilidade interna. 4. REFERÊNCIAS BARUFALDI, Renato; OLIVEIRA, Maricê Nogueira de. Fundamentos de Tecnologia de Alimentos. Vol. 3. São Paulo: Atheneu Editora, 1998; BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores de Alimentos. Resolução RDC Nº. 275 de 15 de setembro de 2004. Brasília – DF; BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Controle e Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano e seu Padrão de Potabilidade. Portaria Nº. 518 de 25 de março de 2004. Brasília – DF; BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênicos-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Portaria SVS/MS Nº. 326 de 30 de julho de 1997. Brasília – DF; BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Regulamento Técnico Sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores/ Industrializadores de Alimentos. Portaria Nº 368 de 04 de setembro de 1997. Brasília – DF; 39 BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA). Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Aprovado pelo decreto n°. 30.691 de 29 de março de 1952. Brasília, 1997; GERMANO, PML, Germano MIS. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. 2ª ed. São Paulo: Varela, 2003; HAZELWOOD, D. McLEAN A. C. Manual de Higiene para Manipuladores de Alimentos. Tradução José A. Ceschin. São Paulo: Livraria Varela, 1994; MEAD, P. S., SLUTSKER, L., DIETZ., et al. Food-related illness and death in the United States. Emerg. Infect. 1999. SÃO PAULO. Centro de Vigilância Sanitária. Normatização do Transporte de Alimentos por Veículos para Consumo Humano. Portaria CVS 15, de 07/11/1991. Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. São Paulo – SP; SÃO PAULO. Centro de Vigilância Sanitária. Boas Práticas Operacionais para Alimentos manipulados prontos para o Consumo. Portaria CVS 18, de 09/09/2008. Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. São Paulo – SP; SILVA JÚNIOR, Eneo Alves da. Manual de Controle Higiênico Sanitário em Alimentos. 3 ed. São Paulo: Livraria Varela, 1995. 40 APRESENTAÇÃO 1. TERMINOLOGIA 2. DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS – DTA´s 2.1. CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS 2.2. CONDIÇÕES PARA MULTIPLICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS 3. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 3.1. HIGIENE E SAÚDE DOS MANIPULADORES 3.2. HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS 3.3. CONTROLE DA POTABILIDADE DA ÁGUA 3.4. CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS 3.5. MANEJO DE RESÍDUOS 3.6. SELEÇÃO E CONTROLE DE MATÉRIAS-PRIMAS, INGREDIENTES E EMBALAGENS 3.7. TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS 3.8. MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CALIBRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS 3.9. PROGRAMA DE RECOLHIMENTO DE ALIMENTOS 4. REFERÊNCIAS
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