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CBI of Miami 1 CBI of Miami 2 DIREITOS AUTORAIS Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre o mesmo estão reservados. Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou quaisquer veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações legais. CBI of Miami 3 Inventário Portage Operacionalizado Aída Brito Nas aulas anteriores, foram apresentadas as etapas que antecedem a avaliação. Dessa forma, ao chegar até esse passo, dá-se início um novo, ou seja, a avaliação. Para a etapa da avaliação o analista deverá ter em mãos um arcabouço completo com relação ao sujeito que irá avaliar e ao contexto o qual está inserido e, portanto, chegar à decisão de qual protocolo será o mais indicado para utilizar no caso. Nesta aula, o protocolo que será abordado será o Inventário Portage Operacionalizado. O Portage, como de modo geral é citado, foi elaborado por volta dos anos 70 por alguns estudiosos, como Shearer, Frohman e Hilliard. Os pesquisadores produziram tal protocolo a partir de um experimento realizado com crianças da zona rural que eram atendidas por um hospital da cidade de Portage, em colaboração com a universidade de Wisconsin. Ao serem feitos os atendimentos às crianças da zona rural, os cientistas perceberam que muitas das crianças que viajavam do interior até a cidade, para serem consultadas pelos profissionais do hospital, apresentavam um desenvolvimento comportamental atrasado, em comparação às crianças moradoras da cidade. Portanto, os pesquisadores tomaram tal informação como ponto de partida para a sua pesquisa, questionando-se sobre o porquê essas crianças apresentavam atrasos no desenvolvimento e o que motivaria esse atraso. Para isso, os pesquisadores fizeram um conjunto de procedimentos a serem aplicados com crianças da zona urbana e da zona rural, obtendo alguns resultados com relação à questão norteadora da pesquisa. Posteriormente, as professoras Lúcia Williams e Ana Aiello, além de traduzir todo o inventário, elas também operacionalizaram, ou seja, criaram “todas as definições operacionais para que as pessoas pudessem utilizar as provas de maneira sistemática” (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018, p.133). O Portage é um dos inventários mais divulgado e utilizado no mundo para a avaliação do desenvolvimento humano. Tal inventário está presente em todos os países, traduzido para todas as línguas e tem muitas adaptações em CBI of Miami 4 cima dos resultados do inventário como, avaliação do desenvolvimento de pessoas surdas, baixa visão, TEA etc. Para que se fale e utilize o Inventário Portage, é necessário que se tenha conhecimento acerca do desenvolvimento humano e suas características, o qual consiste em mudanças físicas, neurológicas, cognitivas, emocionais, sociais, linguísticas e comportamentais, que acontecerão em etapas, mas não de forma individual. Portanto, ao longo desta aula foi sendo discutida a primeira etapa do desenvolvimento humano e as habilidades esperadas para cada idade, ou seja, os marcos de desenvolvimento na faixa de 0 a 6 anos – primeira infância (DIAS, CORREIA, MARCELINO, 2013). Conforme afirmam Dias, Correia e Marcelino (2013), o desenvolvimento humano corresponde a várias mudanças que ocorrem na vida do sujeito de forma progressiva, contínua e cumulativa, desde o seu nascimento até a sua morte. Tal processo é resultante da interação constante dos aspectos biológicos e dos fatores ambientais onde o sujeito está inserido, colaborando para que este venha a evoluir de forma integrada. Logo, “falar em desenvolvimento também implica falar sobre comportamentos, ao se partir do entendimento de que comportamento se define enquanto uma relação do organismo com o seu ambiente” (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018, p.36). Além disso, as autoras Ribeiro, Sella e Souza (2018) também comentam que o desenvolvimento humano se trata de alterações apresentadas em várias áreas, como: motor, social, emocional, linguagem/comunicação, cognitiva etc. Tal segmentação se dá a nível de melhor compreensão para aqueles que investigam o desenvolvimento humano, visto a sua complexidade. Por consequência, as mudanças que ocorrem ao longo da vida do sujeito e que são esperadas para um desenvolvimento típico, seguindo por fases/etapas, são denominadas como “marcos do desenvolvimento” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Ao longo de todas as etapas do desenvolvimento humano espera-se que o sujeito atinja alguns marcos ou habilidades do desenvolvimento, específicos para a sua faixa etária. Caso o sujeito não evolua dentro do esperado, estamos diante de um atraso do desenvolvimento e, portanto, ao identificar tais atrasos, os familiares e profissionais devem “ligar” o sinal de alerta. Dessa forma, torna- CBI of Miami 5 se fundamental que os profissionais e familiares identifiquem quais são esses atrasos, compreendendo o que acontece com esse sujeito. Para isso, é necessário que o profissional conheça plenamente os marcos do desenvolvimento humano, distinguindo se há ou não um desenvolvimento dentro do que é habitualmente esperado, a partir das faixas etárias correspondentes. Dessa forma, a criança deve ser avaliada por profissionais da saúde e da educação, e diante de alguns atrasos do desenvolvimento, verificar quais os passos deverão ser seguidos. A exemplo disso, podemos pensar na seguinte situação: uma criança de 02 anos chega para a avaliação médica/escolar e ao longo da anamnese a família informa que essa criança não emite nenhuma palavra, mas o que se espera, tipicamente, de uma criança de 02 anos é de que ela apresente um vocabulário de mais de 50 palavras. Logo, considera-se que tal criança está em atraso do desenvolvimento, visto que ela não tem atingido uma habilidade esperada para a idade. Dessa forma, os profissionais deverão fazer uma avaliação aprofundada, acionando todos os envolvidos na rotina da criança para que possa ser feito esse processo. Inicialmente será feita a pré-avaliação com o sujeito, seus familiares e as demais pessoas que para ele são significativas. Ao longo do processo, os profissionais poderão ter uma linha de base sobre quais os comportamentos que o sujeito emite e quais ele ainda não desenvolveu, o que irá possibilitar a escolha de comportamentos-alvos para a intervenção. Além do mais, é nesse momento que o profissional poderá selecionar qual o protocolo comportamental que estará de acordo com a demanda do sujeito e, portanto, poderá ser utilizado no processo de avaliação e delineamento das intervenções. Tais comportamentos-alvos apresentam ápices, ou seja, eles podem chegar ao topo do desenvolvimento e são pré-requisitos para o desenvolvimento, sem eles o processo de evolução fica todo atrapalhado. E o que, de fato, são os ápices? CBI of Miami 6 Um comportamento que tem consequências além da própria mudança, algumas das quais podem ser consideradas importantes (...) ela expõe o repertório do indivíduo a novos ambientes, especialmente novos reforçadores e punidores, novas contingências, novas respostas, novos controles de estímulos e novas comunidades de contingências mantenedoras ou destrutivas. Quando alguns ou todos esses eventos acontecem,o repertório do indivíduo se expande. (ROSALES-RUIZ E BAER, 1997, p.534 apud COOPER, 2014). Conforme apresenta Cooper (2014), ao citar Rosales-Ruiz e Baer (1997), compreendemos que o ápice se trata de comportamentos que ao chegar ao seu nível superior de aprendizado, dirigem-se a um outro comportamento. A exemplo disso, Varella e Amaral (2018), apresentam que uma criança, aos 12 meses de idade, começa a apresentar alguns comportamentos, como: responder ao ser chamado pelo nome, segue instruções simples, imita sons, emite algumas palavras, entre outras habilidades. Dessa forma, a criança passa a compreender e se usar da linguagem como uma forma de interagir com as pessoas mais próximas. Tal comportamento, quando apreendido, aponta para outro, que se trata da atenção compartilhada. Logo, para que a criança venha a apresentar o comportamento de atenção compartilhada, antes ela precisa passar por alguns pré-requisitos, ou seja, os comportamentos que foram citados anteriormente. Dessa forma, contextualizando para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), percebe-se que alguns sinais comuns do autismo, como: dificuldade para manter contato visual, dificuldade para brincar, pouco ou nenhuma comunicação social, entre outros, afetam as cúspides comportamentais. E, dessa forma, ao afetar as cúspides comportamentais, a falta de repertório para tais comportamentos afetarão as principais áreas de desenvolvimento do sujeito, ou seja, áreas que possibilitam a evolução do sujeito em outros aspectos. À vista disso, alguns protocolos comportamentais estudam as cúspides e se baseiam nos marcos do desenvolvimento, visando operacionalizar o protocolo de forma a facilitar para que o profissional identifique qual o comportamento necessário de ser aprendido. Dito isso, voltamos a discutir sobre o Inventário Portage Operacionalizado, o qual é um dos protocolos que se baseia nos marcos do CBI of Miami 7 desenvolvimento e propõe uma avaliação do desenvolvimento de crianças na faixa etária dos 0 aos 6 anos de idade, em seus marcos do desenvolvimento. Dessa forma, o Portage irá avaliar por faixas de idade, como de 0 a 1 ano, 1 a 2 anos, 3 a 4 anos e, por fim, 5 a 6 anos de idade. Com o Portage, os profissionais têm a possibilidade de avaliar 580 categorias comportamentais importantes para o desenvolvimento de uma criança de 0 a 6 anos, considerando o desenvolvimento típico das crianças dessa faixa etária. Sendo assim, ele irá distribuir tais categorias em 05 áreas gerais, sendo: desenvolvimento motor, linguagem, cognição, socialização e autocuidados (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018). Tal protocolo poderá ser utilizado por qualquer profissional de saúde ou educação, visto que não se trata de um teste padronizado, não sendo de uso exclusivo do psicólogo. Porém, deve ter conhecimento acerca do inventário, bem como da análise do comportamento. Na aula anterior, foi discutido sobre a importância dos marcos do desenvolvimento infantil e a implicação destes no processo de avaliação do sujeito. Dando prosseguimento, discutiremos a seguir acerca do Inventário Portage Operacionalizado e suas especificidades. Portanto, resgatando algumas informações acerca do que já foi discutido sobre o Portage, sabemos que tal inventário foi planejado com o objetivo de contribuir em uma avaliação e intervenção no ambiente natural das crianças e, dessa forma, tornou-se um dos protocolos mais indicados no treinamento parental. O Inventário Portage Operacionalizado é um instrumento de avaliação direcionado à infância, mais especificamente às crianças de 0 a 6 anos, ou seja, específico para a intervenção precoce. Todo o protocolo é constituído por 580 alvos/comportamentos, os quais são subdivididos em cinco áreas do desenvolvimento infantil, sendo: desenvolvimento motor, linguagem, cognição, socialização e autocuidados. Para os menores, conforme mencionam Ribeiro, Sella e Souza (2018, p.134) “existe a área de estimulação infantil, a qual mescla tarefas de cada uma das áreas de desenvolvimento”. Tal protocolo é enriquecedor no sentido de que permite aos profissionais, bem como a família, avaliar continuamente o repertório e o desenvolvimento da criança, seguindo mediante os marcos do CBI of Miami 8 desenvolvimento infantil que são esperados para cada idade. Dessa forma, possibilita a fácil identificação de possíveis atrasos no desenvolvimento, o que acaba por colaborar para que a família e os profissionais busquem estimular a criança, por meio de intervenção, objetivando minimizar ou sanar o desenvolvimento tardio de habilidades indispensáveis para a vida do sujeito. (BOLSANELLO, 2003). Com relação a isso, Bolsanello (2003), em seu estudo com os profissionais que atuam na avaliação e intervenção precoce, faz uma crítica e chama a atenção dos profissionais para aspectos fundamentais no processo avaliativo e de delineamento para intervenção: Observa-se que os profissionais utilizam o que sabem sobre o desenvolvimento infantil, não como parte daquilo que devem conhecer amplamente para a sua própria referência no processo de intervenção, mas sim para organizar roteiros de atividades que se constituem em objetivos a serem alcançados pelo bebê, a fim de promover o seu desenvolvimento ou corrigir os déficits que possam apresentar, o que caracteriza um modelo de atuação focalizado eminentemente na criança e na sua deficiência (...) constata-se que em nenhum momento os profissionais levam em conta a mãe ou familiares na elaboração do plano de intervenção, no sentido de evidenciar para eles as capacidades do filho e salientar, frente às dificuldades, as maneiras de como eles poderão ajuda-lo. (p.347). Diante dessa declaração, podemos reafirmar a importância da participação não apenas dos profissionais, mas também da família e de todos aqueles que são significantes no trajeto de tal criança (detalhes que foram discutidos ao longo da primeira aula do módulo 01 – Avaliação comportamental). Assim, o Inventário Portage é extremamente contribuinte para a participação dos pais no processo de avaliação e do delineamento da intervenção, visto as suas definições operacionalizadas e compreensivas, acessíveis a qualquer pessoa que tenha conhecimento e interesse acerca do desenvolvimento infantil (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018). A avaliação a partir do inventário Portage se dá a partir de áreas, como já citadas anteriormente e, dessa forma, serão apresentadas cada uma delas e as respectivas habilidades esperadas em cada uma das áreas: SOCIALIZAÇÃO – A área de socialização contará com a composição de 83 habilidades, distribuídas nas faixas etárias de 0 a 1 ano, 1 a 2 anos, 2 a 3 anos, 3 a 4 anos, 4 a 5 anos e 5 a 6 anos. Esta área propõe observar a interação CBI of Miami 9 com os pares, familiares, o dia a dia da criança em seus ambientes naturais – casa, escola, parques etc, sorrir, acariciar, brincar, imitar, chamar a atenção das pessoas, etc. LINGUAGEM – A área de linguagem contará com a presença de 99 habilidades, distribuídas da mesma forma que mencionada acima. Dessa forma, tal área propõe observar os comportamentos verbais de falante/emissão, assim como o comportamento de compreensão do sujeito, ou seja, segue instruções, fornece informações quando é questionado, nomeia objetos, categoriza por cor, classe ou função, entre outros comportamentos. AUTOCUIDADO – A área de autocuidado contará com 105 habilidades referentes a comportamentos que envolvem viver de forma independente, ou seja, referentes a alimentação, higiene, vestimenta, entre outros. COGNIÇÃO - A área referente a cognição contará com 108 habilidades, contando comcomportamentos como: selecionar itens por cor, separar e classificar por tamanho, ordem ou cor, selecionar itens iguais ou semelhantes, entre outras. DESENVOLVIMENTO MOTOR – A área referente ao desenvolvimento motor, contará com 140 habilidades, referente a coordenação motora grossa e fina, contando com comportamentos como: subir/descer obstáculos, rolar, engatinhar, montar quebra-cabeças, recortar, pintar, desenhar etc. O profissional irá, portanto, preencher um checklist das áreas citadas anteriormente, marcando com um V os comportamentos que a criança emitir, X para quando ela responder de forma incorreta ou não responder e, por fim, o 0 caso alguns dos comportamentos não possam ser selecionados ou solicitados para que a criança faça, em virtude de alguma questão pessoal ou ambiental. Ao final, o avaliador poderá computador os dados, avaliando em qual faixa etária a criança está encaixada. Dessa forma, ao selecionar o Inventário Portage, o profissional deverá estar consciente das orientações que são dadas para que seja feita uma boa avaliação com tal inventário, assim como pode ser levado em consideração essa recomendação no uso dos demais protocolos. É recomendado que se inicie a avaliação de uma criança a partir dos marcos presentes na faixa etária CBI of Miami 10 anterior a qual ela se encontra, ou seja, se a criança que será avaliada tem 4 anos de idade, a avaliação deve ser feita a partir dos marcos dos 3 anos. Conforme afirmam Ribeiro, Sella e Souza (2018, p.134): Para retroceder na faixa etária, deve ocorrer erros em, pelo menos, 15 itens consecutivos em uma dada área do desenvolvimento. 15 erros consecutivos devem resultar na interrupção da avaliação da faixa etária da área sendo avaliada e retrocesso à faixa etária anterior. Tal orientação se dá pelo fato de que a criança que veio a ser avaliada, apresenta uma deficiência no seu desenvolvimento, ou seja, terão áreas ou comportamentos os quais ela não terá o pré-requisito para que possa emitir tal comportamento. Dessa forma, para que a avaliação não se torne um processo fatigante e aversivo, demandando da criança comportamentos os quais ela, possivelmente, ainda não tem, é indicado que seja feita a avaliação com comportamentos esperados dentro da faixa etária anterior a sua, ou seja, retroceder a faixa etária. Ao ser feita a avaliação e perceber que em determinadas áreas a criança não atingiu alguns comportamentos, dentro do que é esperado para a sua idade, o avaliador terá, então, a lista de alvos a serem colocadas em intervenção. Visando contribuir no processo de avaliação, as autoras do Manual do Inventário Portage Operacionalizado, elencaram ao final do livro algumas cadeias de respostas, ou seja, algumas possibilidades de respostas para um determinado comportamento. Como exemplo, podemos citar um caso em que a função desejada seria de que a criança se comunicasse e, portanto, ao final são dispostas algumas possibilidades de respostas que possibilitam a emissão desse comportamento, como: ligar para a pessoa, mandar uma mensagem, escrever um bilhete etc. Como considerações finais acerca do Portage, torna-se importante comentar que nenhum protocolo de avaliação é semelhante a um livro de receitas. Uma criança não cabe em um inventário só, o inventário é um instrumento didático, mas apresenta um limite. Portanto, é imprescindível que o profissional tenha conhecimento sobre outros protocolos, visando uma aplicação mais extensa e um olhar ampliado. Além disso, por mais que o CBI of Miami 11 inventário seja destinado a crianças de 0 a 6 anos, isso não significa que o profissional não poderá ou deverá utilizá-lo com uma criança mais velha, mas que não tenha adquirido ainda os comportamentos de tais marcos. Portanto, a idade não deve ser o corte para o uso ou não do protocolo, mas sim o repertório do sujeito. 01 - Observa uma pessoa que se mova diretamente na linha de visão A criança irá observar uma pessoa que se mova diretamente na linha de visão. 02 – Ri A criança deverá rir. 03 – Sorri (começa a reconhecer o ambiente que a cerca) A criança sorri e começa a reconhecer o ambiente que a cerca. 04- Sorri em resposta a atenção dada pelo adulto (sorri para as pessoas) A criança sorri em resposta a atenção dada pelo adulto (sorri para as pessoas) 05 - Mantém contato visual durante 2 a 3 minutos, quando está sendo trocada A criança mantém contato visual durante 2 a 3 minutos, quando está sendo trocada. 06- Adormece em horas apropriadas A criança adormece em horas apropriadas 07- Vocaliza em resposta a atenção A criança vocaliza em resposta a atenção 08-Olha para as próprias mãos, sorri e vocaliza com frequência CBI of Miami 12 A criança olha para as próprias mãos, sorri e vocaliza com frequência 09- Sorri em resposta a expressão facial de outras pessoas A criança sorri em resposta a expressão facial de outras pessoas 10-Segura e examina o objeto oferecido pela mãe por um minuto A criança segura e examina o objeto oferecido pela mãe por um minuto 11- Sacode ou aperta o objeto colocado na mão, fazendo ruídos não intencionais A criança sacode ou aperta o objeto colocado na mão, fazendo ruídos não intencionais 12- Brinca sozinho sem vigilância durante 10 minutos A criança brinca sozinho sem vigilância durante 10 minutos 13- Brinca sozinho contente perto do adulto durante 15 a 20 minutos A criança brinca sozinho contente perto do adulto durante 15 a 20 minutos 14- Responde, no círculo familiar, através de sorriso, vocalizando ou parando de chorar A criança responde, no círculo familiar, através de sorriso, vocalizando ou parando de chorar 15- Bate nos óculos, nariz ou cabelos do adulto A criança bate nos óculos, nariz ou cabelos do adulto 16- Tenta alcançar pessoas que lhe são familiares A criança tenta alcançar pessoas que lhe são familiares 17- Vocaliza para chamar atenção CBI of Miami 13 A criança vocaliza para chamar atenção? 18- Responde ao próprio nome, olhando ou estendendo os braços para ser levantado A criança responde ao próprio nome, olhando ou estendendo os braços para ser levantado? 19- Aperta ou chocalha brinquedo para produzir som, em imitação ao adulto A criança aperta ou chocalha brinquedo para produzir som, em imitação ao adulto 20- Sorri e vocaliza ao ver sua imagem refletida no espelho A criança sorri e vocaliza ao ver sua imagem refletida no espelho? 21- Imita brincadeira de "esconde-esconde"... achou A criança imita brincadeira de "esconde-esconde"... achou 22- Tenta alcançar e bater em sua imagem no espelho ou em outra criança A criança tenta alcançar e bater em sua imagem no espelho ou em outra criança 23 -Bate palmas imitando adultos A criança bate palmas imitando adultos 24- Acena dizendo "adeus”, imitando o adulto A criança acena dizendo "adeus”, imitando o adulto 25- Abraça, acaricia, beija pessoas familiares A criança abraça, acaricia, beija pessoas familiares CBI of Miami 14 26- Manipula brinquedos ou objetos A criança manipula brinquedos ou objetos 27- Oferece brinquedo ou objeto ao adulto e solta A criança oferece brinquedo ou objeto ao adulto e solta 28 - Oferece brinquedo ou objeto ao adulto e solta A criança oferece brinquedo ou objeto ao adulto e solta 29- Imita movimentos de outra criança brincando A criança imita movimentos de outra criança brincando 30- Ajuda o adultoem tarefa simples A criança ajuda o adulto em tarefa simples (ex: guardar material, ajudar no lanche) 31 - Brinca paralelamente com outra criança A criança brinca paralelamente com outra criança 32- Participa do jogo, empurrando carro ou rolando bola, durante dois a cinco minutos A criança participa do jogo, empurrando carro ou rolando bola, durante dois a cinco minutos 33- Aceita a ausência dos pais continuando a brincar – ocasionalmente A criança aceita a ausência dos pais continuando a brincar - podendo fazer manhã ocasionalmente 34- Explora espontaneamente o ambiente A criança explora espontaneamente o ambiente 35 - Toma parte em jogos manipulativos com outra pessoa CBI of Miami 15 A criança toma parte em jogos manipulativos com outra pessoa (puxa fio, move trinco) 36- Abraça e carrega boneca ou brinquedo macio A criança abraça e carrega boneca ou brinquedo macio 37- Repete ações que provoca risada e atenção A criança repete ações que provoca risada e atenção 38- Puxa uma outra pessoa para mostrar a ela alguma ação ou objeto A criança puxa uma outra pessoa para mostrar a ela alguma ação ou objeto 39- Retira a mão perto do objeto proibido, quando lembrado A criança retira a mão perto do objeto proibido, quando lembrado 40- Espera a vez no lanche A criança espera a vez no lanche 41- Brinca com dois a três companheiros sem interação A criança brinca com dois a três companheiros sem interação 42- Compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando solicita A criança compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando solicita 43- Saúda companheiros e adultos familiares quando lembrado 44- Coopera com pedidos dos técnicos algumas vezes A criança coopera com pedidos dos técnicos algumas vezes 45- Pode trazer ou levar objetos dentro da sala quando devidamente CBI of Miami 16 estimulado A criança pode trazer ou levar objetos dentro da sala quando devidamente estimulado 46- Presta atenção a música por cinco a dez minutos A criança presta atenção a música por cinco a dez minutos 47- Tenta ajudar técnico em parte da tarefa A criança tenta ajudar técnico em parte da tarefa (ex: segurar a pá de lixo). 48- Entrega um livro ao adulto para que o leia ou compartilhe com ele A criança entrega um livro ao adulto para que o leia ou compartilhe com ele 49- Brinca de fantasiar-se A criança brinca de fantasiar-se 50- Faz uma escolha quando pedem A criança faz uma escolha quando pedem 51- Pede ajuda quando está em dificuldades A criança pede ajuda quando está em dificuldades (ex: banheiro ou quando tem sede). 52- Mostra compreensão de sentimentos como amor, tristeza, alegria A criança mostra compreensão de sentimentos como amor, tristeza, alegria 53- Permanece na sala de terapia - banheiro, refeitório A criança permanece na sala de terapia - banheiro, refeitório CBI of Miami 17 54- Ao escutar música, canta e dança Ao escutar música a criança canta e dança 55- Segue regras imitando ações de outras crianças A criança segue regras imitando ações de outras crianças 56- Saúda adultos que lhe são familiares, sem ser lembrado A criança saúda adultos que lhe são familiares, sem ser lembrado 57- Segue regras de jogos de grupo conduzidos pelo adulto A criança segue regras de jogos de grupo conduzidos pelo adulto 58- Diz "por favor" quando lembrado A criança diz "por favor" quando lembrado 59- Responde ao telefone dramatizando conversas com pessoa que lhe é familiar A criança responde ao telefone dramatizando conversas com pessoa que lhe é familiar 60- Espera a vez num grupo de seis crianças A criança espera a vez num grupo de seis crianças 61- Coopera com pedidos do adulto a maioria das vezes A criança coopera com pedidos do adulto a maioria das vezes 62- Interage com outras crianças, enquanto trabalha na sua própria tarefa O aprendiz interage com outras crianças, enquanto trabalha na sua própria tarefa 63- Pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoas em outra sala quando devidamente instruída CBI of Miami 18 O aprendiz pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoas em outra sala quando devidamente instruída 64- Repete rimas, danças ou canções para outras pessoas O aprendiz repete rimas, danças ou canções para outras pessoas 65- Trabalha sozinho numa tarefa mais de dez minutos O aprendiz trabalha sozinho numa tarefa mais de dez minutos 66- Pede ajuda verbal quando está em dificuldade O aprendiz pede ajuda verbal quando está em dificuldade. 67- Pede desculpas, sem ser lembrado a maioria das vezes O aprendiz pede desculpas, sem ser lembrado a maioria das vezes 68- Brinca com duas a três crianças durante vinte minutos em atividades cooperativas O aprendiz brinca com duas a três crianças durante vinte minutos em atividades cooperativas 69- Apresenta uma conduta socialmente aceitável em público O aprendiz apresenta uma conduta socialmente aceitável em público 70- Pede licença para usar objetos pertencentes a outra pessoa O aprendiz pede licença para usar objetos pertencentes a outra pessoa 71- Diz "por favor" e "obrigado", sem precisar ser lembrado O aprendiz diz "por favor" e "obrigado", sem precisar ser lembrado 72- Expressa seus sentimentos O aprendiz irá ser capaz de expressar seus sentimentos CBI of Miami 19 73- Brinca com 4/5 crianças em atividades cooperativas sem supervisão constante O aprendiz brinca com 4/5 crianças em atividades cooperativas sem supervisão constante 74- Explica regras de jogo ou atividade a outras pessoas O aprendiz explica regras de jogo ou atividade a outras pessoas 75- Imita papéis de adultos O aprendiz imita papéis de adultos AE at01s AE at03s 76- Segue regras do jogo de raciocínio verbal O aprendiz segue regras do jogo de raciocínio verbal 77- Conforta companheiros de brinquedo quando estão tristes O aprendiz conforta companheiros de brinquedo quando estão tristes 78- Escolhe seus próprios amigos O aprendiz escolhe seus próprios amigos 79- Representa partes de uma estória, desempenhando um papel ou utilizando fantoches O aprendiz representa partes de uma estória, desempenhando um papel ou utilizando fantoches LINGUAGEM COMPREENSÃO 01- Responde a voz de outro através de movimentos corporais ou parando de chorar A criança responde a voz de outro através de movimentos corporais ou parando de chorar CBI of Miami 20 02- Chora de modo diferente em relação a desconfortos diferentes A criança chora de modo diferente em relação a desconfortos diferentes 03 Sorri A criança sorri 04. Arrulha e sussurra quando contente A criança arrulha e sussurra quando contente 05. Repete os próprios sons A criança repete os próprios sons 06. Ri A criança ri 07. Mostra reconhecimento de seu meio, por meio de sorriso ou parando de chorar A criança mostra reconhecimento de seu meio, por meio de sorriso ou parando de chorar 08. Sorri em resposta a atenção dada pelo adulto A criança sorri em resposta a atenção dada pelo adulto 09. Responde ao estar em seu meio, através de sorriso, vocalizando ou parando de chorar A criança responde ao estar em seu meio, através de sorriso, vocalizando ou parando de chorar 10. Responde ao próprio nome olhando ou estendendo o braço para ser levantado A criançaresponde ao próprio nome olhando ou estendendo o braço para ser levantado CBI of Miami 21 11. Responde a gestos com gestos A criança responde a gestos com gestos 12. Executa instruções simples, quando acompanhadas de gestos A criança executa instruções simples, quando acompanhadas de gestos 13. Para atividades ao menos momentaneamente, quando lhe dizem não, 75% do tempo A criança para atividades, ao menos momentaneamente, quando lhe dizem não, 75% do tempo. 14. Responde a perguntas simples com respostas não verbais A criança responde a perguntas simples com respostas não verbais 15. Obedece a ordem não verbal A criança obedece a ordem não verbal 16. Executa gestos simples a pedido A criança executa gestos simples a pedido 17. Demonstra compreensão de sentimentos, carinho, zanga, alegria. A criança demonstra compreensão de sentimentos, carinho, zanga, alegria. 18. Compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando lhe pede A criança compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando lhe pede 19. Entende "mais", "que" A criança entende "mais", "que" CBI of Miami 22 20. Entende "acabou" e "foi embora" A criança entende "acabou" e "foi embora" 21. É capaz de dar ou mostrar alguma coisa a pedido A criança é capaz de dar ou mostrar alguma coisa a pedido 22. Aponta uma parte do corpo A criança aponta uma parte do corpo 23. Aponta para si mesmo, quando se pergunta "onde está?" A criança aponta para si mesmo, quando se pergunta "onde está?" 24. Aponta para uma parte do corpo de outro A criança aponta para uma parte do corpo de outro 25. Segue duas ordens simples relacionadas de uma etapa sem gestos A criança segue duas ordens simples relacionadas de uma etapa sem gestos 26. Aponta para três partes do corpo em si A criança aponta para três partes do corpo em si 27. Aponta doze objetos familiares, quando lhe dão os nomes A criança aponta doze objetos familiares, quando lhe dão os nomes 28. Aponta para três a cinco figuras num livro, quando nomeados A criança aponta para três a cinco figuras num livro, quando nomeados 29. Combina objetos com gravuras A criança combina objetos com gravuras 30. Presta atenção à música por cinco a dez minutos A criança presta atenção à música por cinco a dez minutos CBI of Miami 23 31. Executa uma série de três ordens relacionadas A criança executa uma série de três ordens relacionadas 32. Aponta para gravuras de objeto comum, descrito por seu uso A criança aponta para gravuras de objeto comum, descrito por seu uso 33. Ergue os dedos para dizer a idade A criança ergue os dedos para dizer a idade 34. Vira as páginas de um livro, duas a três de uma vez para achar a gravura designada A criança vira as páginas de um livro, duas a três de uma vez para achar a gravura designada 35. Aponta para grande e pequeno pedido A criança aponta para grande e pequeno pedido 36. Coloca objetos: em cima de, embaixo de e dentro, a pedido. A criança coloca objetos: em cima de, embaixo de e dentro, a pedido. 37. Dá mais de um objeto quando lhe pedem, usando forma de plural (cubos) A criança dá mais de um objeto quando lhe pedem, usando forma de plural (cubos) 38. Discrimina o diferente em meio aos iguais A criança discrimina o diferente em meio aos iguais 39. Pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoa que está em outra sala quando devidamente instruída A criança pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoa que está em CBI of Miami 24 outra sala quando devidamente instruída 40. Coopera com pedidos dos adultos em 75% do tempo A criança coopera com pedidos dos adultos em 75% do tempo 41. Compreende texturas: duro, mole, macio A criança compreende texturas: duro, mole, macio 42. Presta atenção por cinco minutos, enquanto é lida uma estória A criança presta atenção por cinco minutos, enquanto é lida uma estória 43. Executa uma série de duas ordens não relacionadas A criança executa uma série de duas ordens não relacionadas 44. Aponta para dez partes do corpo, obedecendo a ordem verbal A criança aponta para dez partes do corpo, obedecendo a ordem verbal 45. Aponta para menino e menina por ordem verbal A criança aponta para menino e menina por ordem verbal 46. Segue regras, imitando ações de outras crianças A criança segue regras, imitando ações de outras crianças 47. Executa uma série de três instruções relacionadas A criança executa uma série de três instruções relacionadas 48. É capaz de achar um par de objetos ou gravuras a pedido A criança é capaz de achar um par de objetos ou gravuras a pedido 49. É capaz de achar: parte de cima, parte de baixo de objetos a pedidos A criança é capaz de achar: parte de cima, parte de baixo de objetos a pedidos CBI of Miami 25 50. Capaz de apontar absurdos numa gravura A criança é capaz de apontar absurdos numa gravura 51. Combina símbolos (números e letras) A criança combina símbolos (números e letras) 52. Coloca objetos: atrás, do lado de, próximo de A criança coloca objetos: atrás, do lado de, próximo de 53. Aponta parte que falta em objetos, representados em gravuras A criança aponta parte que falta em objetos, representados em gravuras 54. Segue regras de raciocínio verbal A criança segue regras de raciocínio verbal 55. Representa partes de uma estória dramatizando com fantoches ou gestos A criança representa partes de uma estória dramatizando com fantoches ou gestos 56. Pode apontar para alguns, muitos, vários A criança pode apontar para alguns, muitos, vários 57. Capaz de apontar para maioria, menos de todos, poucos A criança capaz de apontar para maioria, menos de todos, poucos 58. Aponta objetos pela metade ou inteiros A criança aponta objetos pela metade ou inteiros 59. Conhece o nome de dez numerais A criança conhece o nome de dez numerais CBI of Miami 26 ABLA-R Como já discutido em outros módulos, sabe-se que a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) se preocupa em realizar uma avaliação geral do sujeito, ou seja, considerando aspectos de sua vida, diagnóstico, antecedente histórico, expectativas do sujeito/família, bem como a avaliação do repertório comportamental. Conforme afirmam Varella, Souza e Williams (2017), tal avaliação é extremamente importante, visto que possibilitará o alcance de comportamentos-alvos fidedignos à necessidade do sujeito, sendo fiel a seus requisitos comportamentais. Dessa forma, finalizam afirmando que “avaliações imprecisas podem levar à escolha de objetivos inapropriados em virtude da possível ausência de requisitos comportamentais para a aprendizagem dos comportamentos selecionados” (p. 42). Dessa forma, no processo de aprendizado de novos comportamentos é requisitado ao sujeito o estabelecimento de discriminações que se diferenciam em graus de dificuldade e tipos de discriminação. De uma forma didática, Varella, Souza e Williams (2017), exemplificam o que seria uma discriminação em uma situação simples e bastante rotineira no cotidiano, como: “uma criança com autismo que aprendeu a guardar todas as roupas na gaveta direita de uma cômoda, estabeleceu discriminações diferentes de uma outra criança que aprendeu a guardar as camisetas na gaveta direita e as calças na gaveta da esquerda” (p.43). No primeiro cenário, ou seja, na qual a criança deveráguardar todas as roupas em uma só gaveta, trata-se de um grau de discriminação simples, visto que o comportamento dela estará sob controle apenas da gaveta da direita. Portanto, tal gaveta pode ser compreendida, nesse cenário, enquanto o estímulo discriminativo para que a criança guarde suas roupas nela, enquanto a outra gaveta, a da esquerda, seria o estímulo delta, ou seja, que não promove algum tipo de consequência quando a criança está frente a ela. Já no segundo cenário, trata-se de uma discriminação condicionada, onde a criança terá duas instruções, sendo: guardar as camisas na gaveta direita e as calças na gaveta esquerda. Quando entregue as camisas à criança, a gaveta da direita será o estímulo discriminativo, as camisas serão os estímulos CBI of Miami 27 condicionais, visto que deverão ser guardadas em uma gaveta específica (gaveta da direita) e a gaveta da esquerda será o estímulo delta, não promovendo nenhuma consequência reforçadora. Da mesma maneira acontece quando entregue as calças à criança - as calças serão os estímulos condicionais, a gaveta da esquerda será o estímulo discriminativo e, por fim, a gaveta da direita o estímulo delta. (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017). Nesse sentido, compreende-se que existirão “medidas comportamentais”, conforme afirmam os autores Varella, Souza e Williams (2017, p.43), “de facilidade ou dificuldade no estabelecimento de discriminações que podem auxiliar na seleção de objetivos” que serão adequados para o sujeito, levando em consideração o seu repertório, demandas e formas eficazes de ensinar-lhes. Sendo assim, os pesquisadores Kerr, Meyrson e Flora, no ano de 1977, preocupados em compreender o porquê algumas crianças com deficiência conseguiam realizar determinadas atividades com presteza, mas quando diante de atividades similares não conseguiam, elaboraram o teste de Avaliação de Habilidades Básicas de Aprendizagem, o ABLA (Assessment of Basic Learning Abilities). (SOUZA, 2019). O teste ABLA foi elaborado visando avaliar o que facilita ou dificulta a aprendizagem de algumas habilidades básicas, divididas em algumas áreas, como: motor, visual e auditivo. Ao analisar crianças em desenvolvimento típico, é possível observar que estas apresentam discriminações simples em seis níveis, os quais serão estudados e avaliados a partir de tal instrumento, até por volta dos 03 anos de idade. Ao invés de identificar apenas o que a criança já sabe, o ABLA se propõe a observar como ocorre o processo de aprendizagem, quais as formas, níveis e dificuldades apropriadas para o ensino de novas habilidades para o sujeito, ou seja, contribuindo ricamente para o delineamento de intervenções e sendo levado em consideração o repertório da criança. (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017; SOUZA, 2019). Dessa forma, o teste consiste na aplicação de seis níveis/tarefas, sendo: Nível 1 – Imitação; Nível 2 – Discriminação de posição; Nível 3 - Discriminação visual; CBI of Miami 28 Nível 4 – Emparelhamento por identidade visual; Nível 5 – Emparelhamento arbitrário visual; Nível 6 – Emparelhamento auditivo visual. Durante a aplicação, o avaliador irá organizar os materiais disponibilizando-os frente ao sujeito e fornecerá uma instrução padrão, seguindo três passos, os quais fazem parte do chamado Padrão de Reforçamento e Dica (PPRD) (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017): 1º passo: O avaliador demonstra para o sujeito como se faz. (Demonstração) 2º passo: O avaliador irá oportunizar uma tentativa com AF. 3º passo: Espera a resposta independente da criança (Oportunizar independência), esperando 10 segundos para que a criança emita a resposta correta. Em vista disso, a marcação do teste é simples, devendo ser marcado apenas se a criança apresenta ou não tal comportamento. Como critério, o ABLA coloca que diante de 8 respostas corretas, independentes e consecutivas, o avaliador poderá passar para o próximo critério. Já se a criança errar 8 respostas consecutivas, o avaliador poderá parar a avaliação de tal nível. A cada nível, o sujeito é apresentado a um tipo de discriminação mais avançada, baseada nas foram apresentadas anteriormente (MARTIN, YU, VAUSE, 2007; SOUZA, 2019). Dessa forma, a aplicação do ABLA, conforme mencionam Varella, Souza e Williams (2017), dura em torno de 40 minutos, contando com pequenos intervalos entre os níveis testados. Além disso, a testagem conta com o uso de alguns materiais, como: espuma, uma lata amarela, um cilindro amarelo, uma caixa vermelha com listras pretas, um cubo vermelho com listras pretas, um pedaço de madeira roxo e um pedaço de madeira prateado. Níveis do ABLA NÍVEL 01 – IMITAÇÃO MOTORA – Em tal nível, é solicitado à criança uma resposta imitativa simples após ser dado o modelo. Dessa forma, o sujeito deverá estar sob controle da ação demonstrada pelo avaliador e, portanto, CBI of Miami 29 deverá repeti-la corretamente, de forma independente ou com AF. O avaliador irá colocar uma esponja dentro de um dos recipientes - lata amarela ou da caixa vermelha e, em seguida, será solicitado ao sujeito que imite a ação do avaliador. Se a criança não emitir a resposta que foi solicitada, o avaliador deverá guiá-la para que ela responda corretamente, mas caso responda de forma independente, será dada uma consequência reforçadora. Após 8 tentativas independentes e consecutivas, segue para o próximo nível. NÍVEL 02 – DISCRIMINAÇÃO DE POSIÇÃO – Em tal nível, será demandado da criança uma discriminação por posição, ou seja, sua resposta deverá estar sob controle apenas da posição. Dessa forma, o avaliador colocará dois recipientes sobre a mesa, ambos da mesma cor, em posições fixas. O avaliador irá dar a instrução - “Onde isso vai?”, para que a criança coloque o objeto na mesma lata que o avaliador colocou anteriormente. NÍVEL 03 - DISCRIMINAÇÃO VISUAL - Neste nível a testagem será semelhante a anterior, porém a posição dos recipientes deverão ser randomizadas após cada tentativa e, além da discriminação da posição (esquerda ou direita), o sujeito também estará sob controle do recipiente (caixa ou lata), discriminando qual é o recipiente correto e a posição que ele está. NÍVEL 04 - DISCRIMINAÇÃO CONDICIONAL VISUAL VISUAL - Neste nível, será avaliado uma “aprendizagem de uma tarefa de escolha de acordo com o modelo” (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017, p.45). Dessa forma, o avaliador irá expor alguns objetos sobre a mesa, mas selecionará apenas um e o entregará a criança, dando a instrução - “Onde vai?”. Portanto, o sujeito deverá discriminar o objeto, sua cor, a posição dos recipientes e, por fim, colocá-lo no recipiente correto. Como exemplo, pensemos no seguinte cenário: o avaliador entrega à criança o cilindro amarelo e lhe dá a instrução - “Onde vai?”. Na mesa estarão dois recipientes: a caixa vermelha e a lata amarela. Dessa forma, ao ser dado início a tentativa, a criança precisará discriminar qual o objeto que está em suas mãos, a cor do objeto (amarelo), qual o recipiente correto, sendo neste que deverá depositar o cilindro (lata amarela) e, por fim, colocar o objeto na lata. Em vista disso, pode-se considerar que o cilindro assume a função de estímulo condicional à lata, que opera como estímulo discriminativo. CBI of Miami 30 NÍVEL 05 - DISCRIMINAÇÃO VISUAL VISUAL ARBITRÁRIO - Neste nível a testagem será semelhante a anterior, porém não terá nenhuma similaridade entre os estímulos apresentados. Nesse caso, o sujeito avaliado deverá estabelecer “relações arbitrárias entre estímulos visuais condicionais (pedaços de madeirade cor roxa e prateada) e estímulos visuais discriminativos (lata amarela e caixa vermelha)” (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017, p.46). Por exemplo: ao ser entregue um pedaço de madeira, de cor roxa, ao sujeito, este deverá colocar tal estímulo na lata amarela, assim como fornecido o modelo. NÍVEL 06 - DISCRIMINAÇÃO CONDICIONAL AUDITIVOVISUAL - Consistindo enquanto o último nível da testagem, o avaliador deverá apresentar o objeto e indicar onde a criança deverá colocá-lo, por exemplo: “Na lata amarela”. Portanto, tal testagem é considerada enquanto condicional auditivo visual porque o SD dado pelo avaliador será a indicação “lata amarela” e a resposta da criança será o de ouvinte e visual, ao discriminar qual das latas é a de cor amarela. Considerações Finais Acerca do Tema Enquanto considerações finais acerca do teste ABLA, é possível mencionar o quanto tal avaliação é importante para crianças com atraso no desenvolvimento e que estão falhando nas habilidades de iniciante, como as habilidades discriminativas – simples ou condicionais, podendo discriminar onde a criança tem mais falhado, podendo trabalhar especificamente no que ela tem tido dificuldade, planejando intervenções eficazes, as quais levarão em consideração as demandas da criança. Porém, como um alerta, os autores ao concluírem declaram que: Apesar de o ABLA-R apresentar um bom potencial preditivo, seus resultados não devem ser considerados definitivos, uma vez que a medida do ABLA é sensível à aprendizagem de novos repertórios e tampouco deve ser considerado um impeditivo para aprendizagem de discriminações inconsistentes com o nível atual. Em virtude de a aplicação do teste ser rápida e seus resultados oferecerem informações relevantes para o planejamento das condições de ensino e seleção de objetivos comportamentais, o ABLA-R se mostra como uma ferramenta útil, tanto para analistas do comportamento que atuam com intervenções analítico-comportamentais no autismo e outros distúrbios do desenvolvimento, quanto para pesquisadores que necessitam de medidas do repertório discriminativo de um indivíduo (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017, p.53). CBI of Miami 31 Referências Bibliográficas BOLSANELLO, M.A. Concepções sobre os procedimentos de intervenção e avaliação de profissionais em estimulação precoce. Rev. Educar, n.22, p.343-355, 2003. COOPER, J.O.; HERON, T.E.; HEWARD, W.L. Análise do Comportamento Aplicada. 2. ed. PEARSON, 2014. DIAS, I.S., CORREIA, S., MARCELINO, P. Desenvolvimento na primeira infância: características valorizadas pelos futuros educadores de infância. 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