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E-Book 2 Negociação Simon Skarabone Rodrigues Chiacchio NESTE E-BOOK: Introdução ������������������������3 A negocIAção no contexto de negócIos ��������������������������4 negocIAção e persuAsão ����������� 10 Reciprocidade ��������������������������� 14 Compromisso e coerência ��������������� 16 Aprovação social ������������������������ 18 Afinidade e afeição ���������������������� 20 Autoridade ������������������������������ 20 Escassez �������������������������������� 22 consIderAções fInAIs ������������ 24 síntese �������������������������� 25 2 Introdução Olá, estudante! Vamos dar continuidade a nossos estudos sobre os diferentes aspectos da negociação, bem como suas relações com acordos e ga- nhos mútuos? Como ponto de partida, uma teoria importante para um modelo de negociação comercial é a teoria dos seis princípios da persuasão, do pesquisador Robert Cialdini (2006). Por meio dessa teoria, é possível compreender como o autor pretende compreender o que faz as pessoas dizerem “sim” em uma negociação, fechar o acordo, concordar com os diferentes tratos de uma negociação. O ponto de vista da negociação, neste contexto de atuação e abordagem, é a relação do tipo ganha-ganha, conduzida sob pressupostos éticos com a finalidade de construir relações mutuamente vantajosas e de longo prazo, seja com parceiros estratégicos, fornecedores, clientes, prospects entre outros possíveis. A condução dessa perspectiva tem como foco o uso das estratégicas de persuasão sob duas abordagens: a primeira refere-se a saber usar as estratégias de forma correta, considerada ética, em relações de trocas mútuas, vantajosas e, consequentemente, de longo prazo. Já a segunda abordagem diz respeito a como atuar para bloquear ou mesmo neutralizar eventuais efeitos negativos, quando um ter- ceiro faz o uso de técnicas de persuasão com o intuito de direcionar a negociação. 3 A negocIAção no contexto de negócIos Quando a tratativa da negociação está inserida no contexto de negócios, a consideração é, es- sencialmente, a negociação que envolve compra e venda de bens, serviços, produtos e soluções ao cliente. Ao comparar as diferenças dos enfoques é pos- sível compreender que há poucas diferenças entre a negociação e a negociação no contexto de negócios. Muitos dos princípios da negocia- ção como solução de interesses divergentes também acontece na negociação no contexto de negócios. Ao comparar as semelhanças e diferenças da negociação e da negociação no contexto co- mercial, ou seja, a que envolve relacionamento com clientes, fornecedores, prospects que se inter-relacionam por contratos comerciais, é possível compreender essas semelhanças e, dessa forma, direcionar o olhar tático para a solução de problemas. Vamos analisar as características da negocia- ção quando há divergências de interesses e comparar cada característica com a negociação comercial mais comum em diferentes contextos de negociação. 4 Existem duas ou mais partes envolvidas na negociação Existem duas ou mais partes envolvidas na negociação Existe mínima inter- dependência entre os envolvidos Solução em comum é o objetivo, para não surgir o conflito Existe mínima inter- dependência entre os envolvidos Quase nunca ocorre o conflito, pois existindo há desistência do cliente Existe um nível mínimo de conflito de interes- ses entre as partes É indicado que não haja conflito de inte- resses Figura 1: Características da negociação. Fonte: Elaboração própria. PODCAST 1 5 https://famonline.instructure.com/files/101248/download?download_frd=1 Ao comparar as duas colunas, é possível com- preender os pontos de semelhanças entre a negociação para resolução de divergências e a negociação comercial. Os pontos em comum são: a existência de duas ou mais partes en- volvidas possuem algum tipo de interdepen- dência entre elas, ou seja, é importante que a negociação como processo ocorra para que as partes cheguem a um “sim” e, efetivamente, concluam seus objetivos. Quanto aos pontos divergentes, na negociação, o conflito de interesses está sempre presente. Isso para a transação comercial é um proble- ma; nesse aspecto, é preferível que não haja conflito de interesses, pois isso ajuda em um processo de negociação bem-sucedida. Diante do exposto, é essencial que o negociador que conduz esse processo saiba contornar os mais diferentes obstáculos e oferecer pos- síveis soluções para o cliente. Ao apresentar as características dos negocia- dores, é importante destacar a importância da persuasão. De todas as competências, essa é uma das competências-chave do negociador/ vendedor, no ramo em que esse viés (vendas) seja predominante. Como elemento direcionador, verifica-se que, no início do processo de negociação, as partes envolvidas esperam chegar a uma solução positiva para todos, por isso são processos semelhantes. No entanto, se algo ocorrer fora do que cada parte planejou dentro do processo interno de negociação, pode haver 6 conflito, que, se não for contornado, poderá inviabilizar toda a negociação. Em comparação com a situação comercial (de compra e venda), é pouco provável que haja conflito, pois, normalmente, o possível conflito é simplesmente substituído pela desistência do cliente/comprador. O negociador precisa ter, então, habilidade para voltar à situação de boa vontade inicial para contornar e concluir o processo de forma eficiente. Figura 2: Habilidade na negociação. Fonte: Iconicbes- tiary / Freepik. A negociação como resolução de divergências e a negociação comercial apresenta também: a opção entre o ganha-ganha ou o ganha-perde. Assim como na negociação para a solução de divergências, o modelo ganha-ganha é o que permite relações de longo prazo e a lealdade do cliente. Alguns estudos na área de administração e marketing orientam que, mais importante do que conquistar novos cliente é conduzir a estratégia de manter os clientes ao longo do tempo de forma satisfatória. 7 Fonte: No contexto da negociação, a necessidade de informação sobre o produto e sobre as moti- vações e desejos do cliente são essenciais. Na negociação comercial, a informação também é estratégica, ou seja, são informações muito importantes, portanto, lembre-se de todas as variáveis da negociação. Conforme estudamos, o bom negociador pre- cisa ter inúmeras competências; em relação ao processo de compra e venda, o negociador deve ter o máximo de informações relevantes sobre as características do produto que negocia e, também, sobre os benefícios e vantagens em pauta – tudo isso para suprir a necessidade de conhecimento do cliente. Ainda sobre esse ponto, o negociador precisa de informações sobre o cliente ou mesmo, se possível, sobre o perfil do púbico consumidor do produto ou serviço em questão. Dar a devida atenção aos aspectos intangíveis expressos pelo cliente é fator crucial para qualquer processo de negociação. O negociador precisa saber escutar ativamente, isso quer dizer perceber os sentimentos do cliente sobre todo o processo. Os sentimentos, muitas vezes, são expressos de forma não-verbal e isso requer mais atenção. 8 Figura 3: Acordos. Fonte: Freepik. Fazer essa identificação ajuda em qualquer negociação. Saber sobre os pontos fortes e fracos que envolvem as variáveis da negociação favorecem o processo ao vendedor, que tem como missão fechar novos negócios. FIQUE ATENTO Perceber os aspectos intangíveis envolvidos em uma negociação não é tarefa fácil e, ao mesmo tempo, é de suma importância para o sucesso do ato de negociar. Assim, ao participar de uma negociação, não se pode esquecer de estar atento a esses as- pectos, procurar identificá-los para, então, contorná-los, evitando ou minimizando o conflito. Isso fará com que a probabilidade de negociação aumente consideravelmente. PODCAST 2 9 https://moodle.valorpormedida.pt/course/info.php?id=214 (ideia Fonte: https://famonline.instructure.com/files/101249/download?download_frd=1negocIAção e persuAsão Discutimos os princípios da negociação com objetivos comerciais. A negociação que envolve compra e venda de bens ou serviços frequen- temente faz uso de estratégias da persuasão – ponto cada vez mais importante na capacitação e desenvolvimento de equipes de vendas com foco em resultados. Grandes negociadores fazem uso da persuasão sem nem mesmo perceberem; como algo natural e necessário para a conclusão do processo de negociação. Há diferentes técnicas de convencimento. Impor- tante destacar que não discutimos sobre táticas que não estejam dentro da perspectiva ética. Embora possam ser classificadas como táticas de convencimento, não estudaremos nenhum modelo antiético ou ações obscuras de convencimento. Figura 4: Técnicas de convencimento. Fonte: Tira- chardz / Freepik. 10 Fonte: Compreendemos que profissionais de diferen- tes áreas e empresas – ou mesmo segmentos específicos – podem fazer uso de técnicas não éticas para solução e fechamento positivo em uma negociação, mas não recomendamos esse caminho. Acreditamos que esse modelo, além de destruir as relações, se sustenta apenas quando há agentes corruptos no processo de negociação. De maneira pontual, todos envol- vidos em um processo de negociação devem ter noção dos princípios éticos que envolvem o mercado, as transações e as relações dentro daquele contexto. E, para se discutir o tema da persuasão, é importante introduzir alguns con- ceitos sobre ética. A ética é resultado da razão do ser humano na busca por identificar e definir um conjunto de regras de conduta do homem, de forma que possam ser universalmente aplicadas. Para compreendermos melhor, a ética tem valores e pressupostos relacionados ao positivo; na pers- pectiva do valioso, da virtude. Os preceitos éticos são imperativos por derivarem de justificativas racionais e consistentes. O profissional ético, independentemente da área, é aquele que tem uma “[...] conduta compatível com um núcleo comum de valores consensualmente aceitos e com permanência na história da humanidade” (NALINI, 2009, p. 33). Dessa forma, não é aceita uma atitude profissional que transcenda esse pressuposto, que ultrapasse a fronteira da ética. 11 Compreender esse princípio é importante quando a perspectiva é o processo de trabalho com uma visão voltada aos relacionamentos duradouros, ou seja, uma negociação que tem como base os princípios éticos, bem como sua relação com terceiros. O pesquisador e autor da teoria dos seis princí- pios da persuasão, Robert Cialdini, afirma que as estratégias de influência devem ser aplicadas de forma ética, a fim de construir relações mu- tuamente vantajosas de longo prazo; isso deve ser aplicado nas diferentes negociações de uma organização, e pode ser crucial na permanência ou não desse relacionamento. Em negociação, algumas pesquisas se concen- tram principalmente no enfoque da aceitação. A teoria dos seis princípios busca compreender o que faz as pessoas dizerem “sim” às solicitações ou desejos do outro, considerando o aspecto ético das relações. 12 A figura a seguir apresenta como ocorre a rela- ção dos seis princípios dentro do processo de negociação. Reciprocidade Afinidade Compromisso Aprovação Escassez Autoridade Figura 5: Seis princípios do processo de negociação. Fonte: Elaboração própria. PODCAST 3 13 https://famonline.instructure.com/files/101250/download?download_frd=1 Reciprocidade Ao compreendermos o relacionamento entre cliente x fornecedor, cliente x empresa; e outras tantas diferentes relações, é possível compreen- der como um elemento provoca efeito no outro. Se a experiência é positiva, a tendência é que se receba um retorno também positivo, e o inverso é verdadeiro. O ato de se receber uma lembrança (presente), um favor não solicitado (surpresa), um brinde, uma amostra grátis, ou outra situação qualquer, com enfoque em estreitar e fortalecer o rela- cionamento entre partes gera naturalmente um processo natural na outra parte; algo velado, não oficial, mas um sentimento de dever. Figura 6: Fonte: Katemangostar / Freepik. De acordo com Cialdini (2006), um dos compor- tamentos mais genéricos e naturais da cultura humana refere-se à regra da reciprocidade; esse princípio é natural do relacionamento humano, 14 Fonte: sendo uma regra importante para o processo de persuasão. Ao receber um “não”, quem o recebe acaba por estabelecer uma obrigação (inconsciente) de reciprocidade com o ofertante e a probabilidade de desejar retribuir é significativamente grande. Mesmo sem compreender muito essa relação durante a negociação, é possível resgatar seu significado na memória; e, ao contrário do que possa parecer em um primeiro momento, isso se dá menos pelo fato de o cliente ter gostado ou não do que experimentou, mas sim, pela propensão psicológica à reciprocidade. Para Cialdini (2006), existe a estratégia de rejeição e recuo, que se trata de conseguir um determina- do resultado em uma negociação. Inicia-se com uma proposta maior do que a desejada – o que pela negociação será negada – para, em seguida, fazer uma contraproposta mais adequada. Sendo assim, a segunda proposta é “compreendida” pelo outro como uma concessão, mas se trata de uma técnica. A regra da reciprocidade é estabelecida quase que de maneira intuitiva e, nos contratos comer- ciais, é muito comum. Essa perspectiva leva em consideração uma série de elementos que, em concordância com as partes, cria uma relação de troca mútua relativa aos benefícios obtidos na negociação; se um colega conseguir um bom negócio para um cliente meu, “eu” agora estou 15 em débito com ele e farei a mesma coisa, quando depender de mim. Compromisso e coerência Existe uma relação de complexidade no mundo dos negócios e nas diferentes atividades co- merciais: a simples necessidade de se tomar uma decisão pode ser considerada complexa. A dificuldade em se tomar determinadas decisões – especialmente sobre as quais temos poucos dados, certezas, clareza e informação – torna essa decisão algo maior, ou seja, algo complexo. Nesse sentido, a tendência é de adotar valores e atitudes padrão como uma forma segura de lidar com a situação. Essa atitude cria o que chamamos de um siste- ma de valores; baseamo-nos nele para conduzir nossos passos. E queremos ser coerentes nessa atitude. O mais provável é que as decisões sejam mais padronizadas e menos contextualizadas, se analisadas de forma correta. Nesse sentido, a coerência acaba deixando os indivíduos mais seguros na tomada de decisão e, por conseguinte, acaba justificando, também, decisões anteriores e reduzindo a necessidade de processarmos uma complexidade de informa- ções a cada tomada de decisão; isso explicaria, por exemplo, a importância da experiência em uma determinada área ou segmento. 16 Havendo a consciência ou não, a coerência e o compromisso são, segundo Cialdini, estratégias de persuasão. Diante desse contexto, o negociador persuasivo busca conseguir um compromisso inicial do outro, ou seja, a coerência da outra parte. Nesse processo, ao se posicionar, há uma ten- dência natural do compromisso e concordância com as solicitações, que são compatíveis com o compromisso firmado inicialmente, ou seja, em uma negociação, há um ponto de partida, que gera a necessidade de ajustes, que será a nova negociação – o ponto de partida é o acordo – e assim sucessivamente. A consciência de que as partes são dependen- tes é um processo comum e percebido pelos envolvidos, então, existe o cuidado de ambas as partes em se propor itens coerentes. Na relação das negociações com enfoque ganha- -ganha, deve-se priorizar um compromisso inicial (de todos os envolvidos na negociação) que seja coeso, com uma conduta séria e coerente ao longo do tempo, dentro da perspectiva do tipo de relacionamento que se pretende construir. Nesse sentido, o compromisso firmado pelas partes pode ser resgatado a qualquermomento, ou seja, pode ser cobrado por todos os envolvidos na negociação. 17 Aprovação social Ao considerar o ser humano como um ser social, esse indivíduo está inserido e interage com o meio de forma natural e consciente. É possível concluir que nesse processo de viver em so- ciedade o ser humano está a todo o momento tentando provar seu “valor”, principalmente em suas escolhas. O processo de escolhas está intimamente ligado à necessidade social de aceitação e aprovação por nossos pares e superiores, eles são nossas “referências”. Em uma empresa, por exemplo, o gestor direto, o diretor, ou mesmo outro profis- sional-chave, que seja considerado modelo a seguir, esse indivíduo – e a sociedade como um todo – exerce força sobre nosso comportamento. Considerando o exposto, muitas vezes, buscamos caminhos mais “curtos” ou mesmo “atalhos” para facilitar nossas decisões, como na regra da coerência. Situações semelhantes levam os indivíduos a tomarem decisões e negociarem influenciados pela regra da aceitação social e do costume. Essa estratégia é muito comum nas agências de marketing e amplamente utilizada nas propagan- das. O “garoto propaganda” normalmente é uma pessoa famosa, estrela nacional ou internacional, e passa a ser considerado por todos como uma 18 pessoa referência e, naturalmente, atrela-se a um produto ou serviço. O poder de influência é cada vez maior, princi- palmente nos dias de hoje, quando os Youtubers possuem milhões de seguidores. Isso ratifica a importância da “era do seguir” nas redes sociais, o que amplia ainda mais a perspectiva da refe- rência. Por esse motivo, os influenciadores vêm ganhando tanto espaço e respeito no mercado. PODCAST 4 O Brasil, se considerarmos os seguidores dos maiores Youtubers atuando nas redes sociais, teremos mais pessoas do que toda a popula- ção brasileira. Disponível em: https://www.maioresemelhores.com/maiores- -youtubers-do-brasil. O uso da referência é muito comum em diferentes contextos; no processo de venda, por exemplo. Ao compararmos algo, é comum o vendedor pedir indicações de outros amigos e recorrer a esses novos potenciais clientes, citando o amigo que o indicou, e, dependendo do caso, isso torna mais próximo o processo de venda – por conta da referência. SAIBA MAIS 19 https://famonline.instructure.com/files/101251/download?download_frd=1 https://www.maioresemelhores.com/maiores-youtubers-do-brasil. https://www.maioresemelhores.com/maiores-youtubers-do-brasil. Para reduzir nossa suscetibilidade a uma possí- vel aprovação social equivocada, Cialdini (2006, 2012) recomenda que estimulemos nossa sensi- bilidade para evitar negócios forjados pelo uso desse tipo de estratégia, a influência. Afinidade e afeição A afinidade torna as pessoas mais propensas a negociar de forma positiva e dizer “sim” àqueles por quem têm afeição, isso é natural em todos os processos sociais. A estratégia perpassa no saber o quanto a regra da afinidade pode ser usada deliberadamente por negociadores para atingir seus objetivos e concluir seus objetivos de forma eficiente. Muitos negociadores têm a capacidade natural de despertar afeição dos outros, e o inverso também é verdadeiro; então, cuidado com o contrário, pois isso dificulta qualquer negociação. Uma das competências que favorecem essa apro- ximação é o carisma. Alguns são naturalmente carismáticos, ou mesmo agradáveis, sociáveis. Isso costuma propiciar um ambiente favorável para a negociação. Autoridade Outro fator muito comum no processo de nego- ciação é a questão da autoridade. Existe uma 20 tendência a aceitarmos o que é dito ou proposto por alguém que represente algum tipo de auto- ridade superior à nossa representatividade, seja a autoridade formal hierárquica ou a autoridade advinda de conhecimento, experiência ou títulos acadêmicos. Esse respeito, essa aceitação – ou mesmo submissão – são bastante comuns. PODCAST 5 Quando é necessário negociar com especialistas em determinados assuntos e o negociador não tem muito conhecimento, fica fácil conduzir a negociação com um dos lados agindo com maior força na negociação. É comum, nas empresas, consultorias e em processos de vendas de produtos e serviços, os lados apresentarem especialistas sobre os mais diferentes assuntos em que se pretende negociar. Essa prática favorece no fechamento de acordos mútuos e conduz as negociações de maneira mais eficiente. A autoridade repousa no cargo que cada um (ne- gociador) ocupa e, dessa forma, não é prudente misturar cargos que hierarquicamente estão na- turalmente em patamares muito diferentes. Isso pode, além de gerar um possível constrangimento, atrapalhar os acordos. Quando os cargos são muito hierarquicamente distantes (por exemplo: 21 https://famonline.instructure.com/files/101252/download?download_frd=1 assistente de Rh e gerente de RH), pode parecer uma ofensa para quem deve negociar. Em uma negociação entre patrão e emprega- do, a princípio, fica evidente a desvantagem do funcionário em relação ao patrão. E, se o conhecimento do funcionário for raso, ou seja, não for robusto sobre temas como: me- lhores salários, folgas ou outros benefícios, o funcionário naturalmente é a peça fraca na negociação. Entretanto, mesmo nesse caso, ele pode ganhar poder se sua reivindicação for sustentada por um sindicato que repre- sente inúmeros outros empregados. Esta é uma forma de usar o poder de outra instância para equilibrar uma desvantagem acentuada de poder. Escassez Este é um item muito particular. Como serviços ou objetos raros e valiosos costumam ser de fato difíceis de se obter, a tendência é interpre- tar a pouca oferta de um bem como indício de qualidade ou mesmo de raridade. Isso já insere no contexto da negociação um fator forte para quem negocia. Diante do exposto, a competitividade natural do ser humano faz com que ele almeje obter REFLITA 22 rapidamente um objeto, antes que outro o faça. A perspectiva de urgência, nesse caso, funciona muito bem: ou você adquire ou perde, isso ajuda – e muito – no processo de venda e, consequen- temente, em um dos lados da negociação. Um exemplo desse processo são os sites de vendas por leilão – por exemplo, E-bay e Mercado Livre –, que exploram muito bem as estratégias da escassez; e, se o cliente está procurando na rede, é porque, provavelmente, não há opções próximo de sua localidade. Nesse modelo, o comprador tem um tempo de- terminado para dar um lance antes que a oferta expire; isso dá pouco tempo para que ele tome a decisão e, como verificamos, essa variável é um fator muito importante para a negociação. Cialdini (2012, p. 463) recomenda que a parte que negocia fique em alerta, e considere às emoções envolvidas neste modelo de estratégia de persuasão, que chega a provocar um “frenesi de excitação”. Ao ficar alerta sobre esse aspecto, é possível tomar medidas para “[...] acalmar a empolgação e avaliar os méritos da oportunida- de, perguntando-nos por que a queremos tanto” e, dessa forma, ser racional em um momento que faz toda a diferença para um fechamento eficiente e satisfatório. 23 consIderAções fInAIs Neste módulo, abordamos negociação no con- texto comercial, estratégias de persuasão, e negociações do tipo ganha-ganha, conduzidas sob pressupostos éticos, com a finalidade de construir relações mutuamente vantajosas e de longo prazo, seja para clientes, fornecedo- res, parceiros estratégicos ou mesmo outras partes envolvidas direta ou indiretamente nas negociações. Aprofundamo-nos na teoria dos seis princípios da persuasão (reciprocidade, compromisso e co- erência, aprovação social, afinidade, autoridade, e escassez), de Robert Cialdini. Compreendemos seus mecanismos e também seus efeitos, quando usados para manipular uma negociação, e de- senvolvermos um olhar técnico para a atividade da negociação com foco no estabelecimento de relacionamentos. Concluímos de que forma o negociador deveatuar, como aplicar estratégias e táticas nos tempos atuais. 24 Considerações do capítulo Neste capítulo, aprofundamo-nos na teoria dos seis princípios da persuasão, de Robert Cialdini. Compre- endemos seus mecanismos e, também, seus efeitos; quando são usados para manipular uma negociação, e desenvolvemos um olhar técnico para a atividade da negociação com foco em estabelecimento de relacio- namento. Concluímos com a questão de que forma o negociador deve atuar, como aplicar estratégias e tá- ticas de um bom relacionamento nos tempos atuais. Reciprocidade Compromisso e coerência Aprovação Social Afinidade Autoridade Escassez Teoria dos seis princípios Temas abordados: NEGOCIAÇÃO síntese referêncIAs IALDINI, R. B. O poder da persuasão. São Pau- lo: Campus, 2006. CIALDINI, R. B. As armas da persuasão. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. LIMA, A. Treinamento de venda de carros - Joe Girard o Maior Vendedor de Carros do Mundo. 2009. Administradores: Artigos. Disponível em: http://www.administradores.com.br/arti- gos/ marketing/treinamento-de-venda-de-car- ros-joe-girard-o-maior-vendedor-de-carros-do- -mundo/33036. Acesso em: 13 mai. 2019. NALINI, J. R. Ética geral e profissional. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2009. _GoBack Introdução A negociação no contexto de negócios Negociação e persuasão Reciprocidade Compromisso e coerência Aprovação social Afinidade e afeição Autoridade Escassez Considerações finais Síntese
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