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NÓDULOS MAMÁRIOS Nódulo de mama é a queixa mais comum nos consultórios de mastologia, respondendo por até 50% dos casos. Na maioria das vezes, trata-se de alteração benigna, mas o câncer de mama pode estar presente em até 30% dos casos. Vale ressaltar que, atualmente, o carcinoma mamário é a 2ª causa de morte por câncer entre mulheres ocidentais. O aparecimento de um nódulo é causa de angústia e sofrimento para as pacientes. A queixa de tumoração palpável da mama pode ter inúmeras causas. As mais comuns estão associadas a alterações fibrocísticas (variações normais da ecotextura mamária), que geralmente são transitórias e relacionam-se com o ciclo menstrual. Dentre os nódulos realmente existentes, as causas mais comuns são os cistos, os fibroadenomas, a esteatonecrose e o câncer de mama. Os cistos de mama são estruturas em geral uniloculadas, com conteúdo apócrino, e apresentam baixa relação com o carcinoma de mama (0,1%). Costumam ocorrer em mulheres pré-menopausadas acima de 40 anos, sendo a causa de apenas 10% dos nódulos em pacientes jovens. São relativamente incomuns na pós-menopausa. Já os fibroadenomas são estruturas sólidas, decorrentes de hiperplasia celular mediada pelo estrogênio. Ocorrem geralmente na 2ª e 3ª décadas de vida. Geralmente não passam de 2 cm de diâmetro e involuem após a menopausa. A esteatonecrose é alteração pouco frequente que aparece após processo infeccioso, traumatismo, cirurgias ou radioterapia das mamas. Tem importância por ser clinicamente indistinguível do câncer de mama. O câncer de mama é mais incidente na 5ª e 6ª décadas de vida. Pode se manifestar por lesão palpável em qualquer área da mama, sendo mais frequente no quadrante superolateral. Vale lembrar que o câncer pode não ser palpável, portanto, um exame clínico normal não pode excluir o diagnóstico. FATORES DE RISCO PARA CA DE MAMA ● idade avançada – segundo fator de risco mais forte; ● características reprodutivas: a doença é estrogênio-dependente, sendo assim características reprodutivas estão ligadas a ela e englobam a menarca precoce que ocorre aos 11 anos ou em idades inferiores, a menopausa tardia que ocorre aos 55 https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/cancer_de_mama.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/esteatonecrose.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/carcinoma_de_mama.htm anos ou mais, primigesta com 30 anos ou mais e mulheres que não tiveram nenhuma gestação ao longo da vida; ● história familiar e pessoal: quando há um ou mais componentes da família com menos de 50 anos de primeiro grau com câncer de mama, assim como câncer de mama bilateral ou câncer ovariano em um ou mais familiar de primeiro grau independentemente da idade, câncer de mama em componente familiar do sexo masculino e também câncer de mama e/ou doença mamaria benigna anteriores; existe um número pequeno de câncer ocasionado por uma predisposição familiar, e dois genes de alto risco foram identificados: BRCA1 e BRCA2; a superfamília de enzimas glutationa-S-transferase (GST) são proteínas corpóreas de destaque, elas realizam a metabolização celular e são encontradas em todas as espécies eucarióticas e sua ausência está associada a um índice de câncer de mama elevado na população; ● hábitos de vida: obesidade, prioritariamente no climatério; consumo regular de bebidas alcoólicas em quantidades superiores a 60 gramas diárias; tabagismo; usos de hormônios pós-menopausa (reposição hormonal de estrogênio e progesterona combinados); dietas de alto teor calórico; inatividade física; ● influências ambientais: radiações ionizantes de altas doses nas mamas de uma mulher em idade jovem (por exemplo, para o tratamento de linfoma); ● gênero: fator de risco mais importante, já que no sexo feminino a doença tem uma maior frequência chegando à incidência de 100 a 150 vezes superior quando comparado com o sexo masculino, devido a quantidade superior de tecido mamário e exposição ao estrogênio endógeno nas mulheres; ● Diabetes tipo 2 (independente da obesidade); ● Certas condições benignas da mama: como hiperplasia atípica, história de carcinoma ductal ou lobular in situ e alta densidade do tecido mamário. A amamentação por pelo menos um ano é um fator protetor ao desenvolvimento dessa neoplasia maligna. Ainda, realizar o rastreio quando necessário é imprescindível para prevenção. EXAME FÍSICO Um exame físico completo inclui a avaliação de ambas as mamas, do tórax, das axilas e dos linfonodos regionais. A melhor época para realizá-lo é após a menstruação. A primeira etapa é a identificação do nódulo e, na ausência deste, deve-se tranquilizar a paciente. A comparação com a mesma região da mama contralateral pode ajudar a evidenciar lesões pouco palpáveis. Uma vez notado um nódulo, o médico deve assinalar sua localização, tamanho e características. Essas informações são imprescindíveis para um seguimento adequado. Massas benignas geralmente não causam alterações na pele, são fibroelásticas, móveis e com limites bem definidos. Alterações difusas sugerem alteração fibrocística. Já as lesões malignas em geral são duras, aderidas ao tecido adjacente e com limites pouco definidos. Alterações dolorosas são normalmente relacionadas a processos infecciosos, porém um cisto de crescimento rápido pode apresentar dor à palpação. EXAMES COMPLEMENTARES Os principais exames na avaliação de nódulos de mama são a ultrassonografia, a mamografia e a punção-biópsia. Apesar de não ser eficaz para rastreamento, a ultrassonografia apresenta melhores resultados que a mamografia na avaliação de lesões palpáveis, além de ser um exame bem tolerado. Obrigatório na diferenciação de lesões sólidas e císticas, esse exame também fornece importantes informações sobre a natureza dos nódulos. Características ultrassonográficas de benignidade: Forma: redonda, elipsoide ou com até 3 lobulações; Margens: bem definidas; Distorção arquitetural: ausente; Relação altura/largura: menor que 1. A mamografia tem importância na avaliação do nódulo e também na pesquisa de alterações nas outras áreas da mesma mama e da contralateral. Deve ser solicitada a todas as pacientes acima de 40 anos. O estudo comparativo com exames anteriores é útil na avaliação de lesões preexistentes. Esse exame tem pouca utilidade na avaliação de pacientes com menos de 35 anos e sem fatores de risco elevados, pois a mama jovem é constituída por tecido glandular denso e homogêneo, diminuindo a sensibilidade do exame. Outros exames de imagem têm menor importância na avaliação do nódulo de mama. A ressonância nuclear magnética tem uma alta sensibilidade, mas uma baixa especificidade, sendo utilizada apenas em casos especiais. A punção-biópsia é etapa fundamental na avaliação de nódulos de mama. Associada ao exame clínico e ao de imagem, forma o chamado diagnóstico tríplice, tido como padrão de referência no manejo dessas pacientes. A punção pode ser realizada com agulha fina ou grossa. A punção com agulha fina (PAAF – 21 a 22 gauge) fornece material para exame citológico. Tem a vantagem de poder ser realizada em consultório e sem anestesia. Diferencia as lesões sólidas das císticas, chegando a ser curativa no segundo caso. Nas mãos de médicos com boa experiência, apresenta sensibilidade e especificidade elevadas. Apesar de poder ser feita facilmente, sugere-se a realização de exame ultrassonográfico prévio para diferenciar os cistos complexos. A punção com agulha grossa cortante, assim como a mamotomia (MMT), fornece material para exame histológico. Deve ser feita geralmente associada a método de imagem e necessita de anestesia local. Para uma boa avaliação, são necessários, em geral, 4 a 5 fragmentos. Trata-se de um método mais invasivo e, portanto, mais desconfortável para a paciente, porém é mais confiável do que a citologia para diagnóstico de neoplasia. Convém citar a biópsia cirúrgica incisional (que retira parte da lesão) e excisional (que retira toda a lesão). A primeira deve sempreser evitada. Já a segunda pode ser realizada em alguns casos e é, ao mesmo tempo, diagnóstica e curativa para as lesões benignas. BIRADS O BIRADS, acrônimo formado pelas primeiras letras do termo, em inglês “Breast Imaging Reporting and Data System” (em português, “Sistema de Relatório de Dados de Imagens da Mama”), é a classificação que estima a chance de uma lesão visualizada em exames de mama ser um câncer de mama. Ele categoriza as lesões, de acordo com diversas análises, em 6 categorias, para laudos de mamografias e ultrassom de mama, indicando a possibilidade de benignidade ou malignidade do achado. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Nódulo Característica clínica Cisto simples Flácido e bem delimitado. Pode ser doloroso. Em geral dos 40 aos 50 anos. Fibroadenoma Fibroelástico, bem delimitado. Em geral, até 2 cm e em pacientes jovens. Tumor filoide Semelhante ao Fibroadenoma, mas de crescimento rápido, atingindo tamanhos maiores. Lesão rara que pode ocorrer na 4ª e 5ª décadas de vida. carcinoma de mama Duro, irregular, pode estar aderido a estruturas adjacentes. esteatonecrose Semelhante ao câncer. Secundário a inflamações ou cirurgias. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/fibroadenoma.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/tumor_filoide.htm
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