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ITU compreende a colonização bacteriana da urina e a infecção de várias estruturas que formam o aparelho urinário, desde a uretra até o parênquima renal. Abrange uma grande variedade de síndromes clínicas, desde quadros assintomáticos, praticamente sem sequelas, como a bacteriúria assintomática, até quadros graves, como a urosepse, com índices elevados de mortalidade. Trata-se de uma doença de crianças, mulheres jovens e idosos. A ITU é mais comum em mulheres devido a menor extensão da uretra feminina e sua proximidade com o ânus, o que favorece a ascensão de patógenos pelo aparelho urinário, de modo que na vida adulta as mulheres têm 50 vezes mais chance de adquirir ITU do que os homens, sendo 30% sintomáticas ao longo da vida. Porém, nas faixas etárias extremas a incidência de ITU aumenta nos homens. Durante o período neonatal, a incidência de ITU é levemente maior nos homens do que nas mulheres, devido à maior frequência de anomalias congênitas do trato urinário em bebês do sexo masculino. Após os 50 anos de idade, a incidência de ITU entre os homens passa a ser quase tão alta quanto nas mulheres, provavelmente por causa da obstrução decorrente da hipertrofia prostática. As crianças são as que apresentam maior risco em adquirir lesões graves e, eventualmente, com episódios repetidos e quando de acometimento bilateral e associado a alterações como refluxo vesicoureteral (RVU) maciço, processos obstrutivos ou outros fatores de risco, evoluir com hipertensão arterial e doença renal crônica. Infecções agudas não complicadas ocorrem como episódios de cistite, em vários milhões de pessoas, e de pielonefrite em aproximadamente 250 mil pessoas/ano, nos EUA. As infecções complicadas são associadas a uma grande variedade de doenças, responsabilizando-se por 5 em cada 100 internações hospitalares, na grande maioria associadas à sondagem vesical de demora. A bacteriúria assintomática ocorre em 1 a 2% dos recém-nascidos, sendo o sexo masculino mais acometido que o feminino e não circuncidados apresentando risco ainda maior. Já depois do 1o ano de vida, as ITU são mais frequentes (1,2%) em meninas, com prevalência entre 5 e 18 anos, e 0,03% em meninos. A frequência cumulativa de bacteriúria assintomática em mulheres jovens é de 5%, aumentando 1% a cada década, com acentuações no início da atividade sexual e na gravidez, variando nesta de 2 a 6%, com prevalência entre 3 e 7%, a partir dos 16 anos. Bem menos frequente em homens (0,008%), volta a ser mais comum em idosos de ambos os sexos (5,4 a 43% em mulheres e 1,5 a 21% em homens). Pode-se prevenir a pielonefrite aguda (PNA) durante o 3o trimestre da gravidez pela triagem e o tratamento precoce da bacteriúria assintomática. Infecções associadas ao cateter são muito frequentes e ocorrem em qualquer idade, devendo-se seguir normas estritas quanto a sua indicação e cuidados em sua manutenção para minimizar os riscos. Define-se infecção bacteriana pela localização e multiplicação, no trato urinário, de bactérias obtidas na cultura de urina, na maior parte das vezes com contagem ≥ 105 UFC/mℓ de urina. Algumas situações contribuem para o crescimento menor de bactérias na urocultura na vigência de infecção, como: • Uso de antibacterianos à época da realização da urocultura, antecedendo (3 a 4 dias), na vigência ou logo após o término de sua utilização • Presença de bactérias com crescimento lento, como as Gram-positivas • Hiper-hidratação do paciente • Coleta da amostra de urina pouco tempo após uma micção prévia • Contaminação da urina com material utilizado na limpeza da genitália e da região periuretral. As manifestações clínicas da ITU, aguda ou crônica, estão relacionadas com sua localização no trato urinário, os agentes etiológicos, a gravidade da infecção, possíveis alterações anatômicas ou neurológicas e a resposta do paciente. Localização • Pielonefrite: refere-se à infecção alta, ou seja, dos rins e da pelve • Cistite: quando localizada na bexiga. A síndrome uretral não é mais incluída entre as ITU, mas faz parte do complexo sindrômico cistite intersticial/síndrome da bexiga dolorosa, associada à dor pélvica crônica. A cura é indicada pela urocultura negativa e/ou normalização dos dados da urinálise, durante ou imediatamente após o término do tratamento. Origem do patógeno ITU comunitária, ou nosocomial, quando o patógeno é adquirido em ambiente hospitalar. ITU sintomática ou assintomática Depende da existência ou não de sintomas e sinais clínicos mais ou menos específicos, acompanhando o diagnóstico bacteriológico. ITU complicada e não complicada Conforme a ausência ou presença de fatores de risco que, eventualmente, possam dificultar o tratamento ou provocar lesão renal com mais facilidade. É complicada quando tem repercussões sistêmicas, que está associada a algumas condições pré-existentes do indivíduo que podem resultar em maior dificuldade no tratamento É aguda ou recorrente quando se está diante de um caso sintomático atual ou de outro com episódios repetidos (mais de três episódios no intervalo de 1 ano) e inequivocamente diagnosticados como infecção. ITU adquirida na comunidade: Escherichia coli; Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella; Enterococcus faecalis. ITU recorrente/complicada: enteroccocus, pseudomonas, serratia, E. coli, S. aueus. Entre as Gram-positivas, pode-se encontrar Staphyloccus saprophyticus plasma-coagulase-negativo, S. aureus, Enterococcus sp etc. No Brasil, nos pacientes ambulatoriais, as ITU originam-se de bactérias Gram-negativas em 85% dos pacientes, sendo as Gram-positivas responsáveis pelos 15% restantes. • Sexo feminino; • Suscetibilidade genética; • Idade; • Hospitalização; • Má higiene íntima; • Retardar demasiadamente a micção; • Relação sexual; • Hipoestrogenismo (pós menopausa); • Incontinência urinária; • Problemas relacionados à próstata (obstrução do orifício de saída da urina); • Diabetes miellitus (hiperglicemia constante - favorece a proliferação de microrganismos e diminui a atividade do sistema imunológico) • Obstrução no trato urinário (cálculos, tumor, etc); • Insuficiência renal; • Imunodeficiência; • Uso de espermicida (microbiota vaginal alterada); • Instrumentação genito urinária prévia/cateter vesical; • Gravidez. (relaxamento da musculatura lisa ureteral, aumento do volume sanguíneo e da taxa de filtração glomerular, causando dilatação ureteral, refluxo vesicoureteral e estase urinária. A interação entre bactéria infectante e as características do epitélio urinário representa a base da patogênese nessa doença. Diversos fatores relacionados com as bactérias predispõem ao desenvolvimento e à recorrência da ITU, incluindo colonização periuretral e virulência da bactéria. As bactérias uropatogênicas derivadas da microbiota fecal apresentam características que possibilitam a aderência, o crescimento e a resistência às defesas do hospedeiro, resultando em colonização e ITU. A Escherichia coli uropatogênica (ECUP) permanece o patógeno mais frequentemente isolado nos pacientes com ITU, além de a maioria dos dados bacterianos derivar de pesquisas com essa bactéria. A ITU tem como origem: • Colonização com infecção ascendente (substituição da flora normal por bactérias entéricas) • Disseminação hematogênica (rara, bacteremia – estafilococos e cândida) • Via linfática, possível, mas controversa, e não suficientemente comprovada. As enterobacteriáceas originam-se da microbiota fecal, colonizam as regiões perineal, vaginal, periuretral e uretral distal, e, facilitadas pela turbulência do jato urinário, localizam-se e multiplicam-se na bexiga. A via ascendente é a forma mais comum de infecção. FATORES BACTERIANOS Os genes das ECUP codificam vários fatoresde virulência – adesinas, protectinas, sideróforos e toxinas –, também sintetizando substâncias naturais que facilitam a colonização do trato urogenital. Esses fatores, atuando em cadeia, iniciando pela fixação ao urotélio e terminando pela lesão tecidual, devem se sobrepor aos mecanismos imunológicos de defesa do hospedeiro. A maioria das bactérias causadoras de ITU tem a capacidade de aderir às células do epitélio urinário ou à uromucoide, prevenindo o wash-out e possibilitando a invasão bacteriana. Essa aderência está associada à existência de fímbrias ou pilli, filamentos proteicos que existem na superfície de bactérias Gram-negativas uropatogênicas. As fímbrias são responsáveis pela aderência da bactéria ao urotélio e pela transmissão de informações genéticas para outras bactérias por meio dos plasmídios. Os dois tipos principais de fímbrias (tipos L e P) encontrados nas E. coli diferem quanto à capacidade de mediar a hemaglutinação quando há manose. As fímbrias do tipo P são resistentes à manose e assim foram denominadas em razão de sua incidência alta nas E. coli causadoras de pielonefrite, e também em consequência de sua relação com o sistema do grupo sanguíneo P. Neutrófilos não têm receptores de pili P, por isso as bactérias com pili P são resistentes à fagocitose. A resposta do hospedeiro aos pili P via TLR-4 (receptor toll-like 4) é exacerbada, resultando em liberação de citocinas inflamatórias. Essas estirpes de E. coli com pili P são uma causa frequente de urossepse (bacteriemia causada por infecção urinária). Os pili P também foram observados em mais de 90% das cepas de E. coli que provocam pielonefrite. Embora E. coli com pili P exacerbem a colonização do intestino grosso, é mais provável que E. coli com pili P do tipo I colonizem a bexiga urinária e provoquem cistite. As cepas com pili do tipo I apresentam maior afinidade por aderência e conseguem formar inclusões semelhantes a biofilmes As enterobacteriáceas dispõem de estruturas e substâncias flagelares (antígeno H), capsulares (antígeno K) e lipopolissacarídios (antígeno O), responsáveis pela motilidade, a resistência à fagocitose e a antigenicidade, respectivamente. Outros fatores que contribuem para a virulência bacteriana são a hemolisina, lisando hemácias, e a aerobactina, quelante do ferro, elemento importante para o desenvolvimento bacteriano. A permanência de algumas cepas de E. coli uropatogênicas e outras bactérias, em reservatórios intracelulares do urotélio na bexiga, formando um biofilme, poderia explicar a recorrência das infecções e a resistência à resposta imune do hospedeiro. FATORES DO HOSPEDEIRO Já é conhecida a maior prevalência da ITU em mulheres, em relação ao início e à maior atividade sexual e à utilização de espermicidas. Também o uso pregresso, inadequado ou necessário de antibióticos, alterando a microflora vaginal normal constituída principalmente de lactobacilos e estafilococos, que estabelecem proteção à infecção com uropatógenos, facilita a colonização vaginal pela E. coli. No homem, o maior comprimento da uretra, o maior fluxo urinário e, também, o fator antibacteriano prostático contribuem para uma menor incidência de ITU. A disfunção miccional, promovendo esvaziamento vesical incompleto, e a constipação intestinal, comprimindo e alterando o funcionamento normal da bexiga, favorecem a recorrência da ITU. No desenvolvimento de uma infecção urinária, as defesas do hospedeiro são contrapostas à virulência do patógeno. As da bexiga são: • Fenômeno de eliminação, por meio do qual as bactérias são removidas da bexiga e da uretra durante a micção • Revestimento vesical, que ajuda a formar uma barreira de proteção contra invasão bacteriana • Reação imune do organismo. Nos ureteres, os movimentos peristálticos facilitam a passagem da urina da pelve renal pelos ureteres e destes para a bexiga. Os mecanismos imunes, especialmente a imunoglobulina A (IgA) secretória, parecem oferecer defesas antibacterianas importantes. As células fagocitárias também ajudam a erradicar bactérias do sistema urinário. Outros fatores importantes relativos ao hospedeiro são a flora normal das regiões periuretrais das mulheres e as secreções prostáticas dos homens. Nas mulheres, essa flora, que inclui microrganismos como os lactobacilos, confere defesa contra colonização por patógenos urinários bacterianos. As alterações do ambiente periuretral, inclusive as que ocorrem com a redução do nível de estrogênio durante a menopausa ou o uso de antibióticos, podem modificar a flora protetora e possibilitar que patógenos urinários colonizem e tenham acesso ao sistema urinário. Nos homens, o líquido prostático tem propriedades antimicrobianas que evitam colonização da uretra. FATORES GENÉTICOS Entre eles, observou-se a capacidade da proteína de Tamm-Horsfall e de receptores uroteliais celulares de impedir a aderência da E. coli tipo fimbriada, constituindo- se em eficiente defesa contra a ITU causada por bactérias uropatogênicas. Pacientes não secretores de antígenos do grupo sanguíneo ABO mais frequentemente apresentam cistite recorrente. Mulheres e crianças com o fenótipo do grupo sanguíneo P1 apresentam risco aumentado para pielonefrite recorrente, já que as células uroepiteliais dessas pacientes exibem aumento da aderência das ECUP em relação às não secretoras, com reações inflamatórias e imunológicas. FATORES BIOLÓGICOS Fatores antibacterianos na urina e na mucosa vesical contribuem para uma maior proteção contra bactérias uropatogênicas – IgA secretória, pH ácido, concentração de ureia, osmolalidade e vários ácidos orgânicos evitam a multiplicação da maioria das bactérias no trato urinário. Por sua vez, anormalidades hormonais e metabólicas, como gravidez, diabetes melito e diminuição de estrógenos em pacientes idosas, representam fatores para maior incidência e recorrência da ITU. OBSTRUÇÃO E REFLUXO Quando a drenagem urinária está obstruída, a urina permanece na bexiga e funciona como meio favorável à proliferação de microrganismos. Em seguida, os microrganismos na urina contaminada podem ascender ao longo dos ureteres e infectar os rins. A existência de urina residual correlaciona-se diretamente a bacteriúria e sua recidiva depois do tratamento. Outra consequência da obstrução da drenagem vesical e da distensão da bexiga é o aumento da pressão intravesical, que comprime os vasos sanguíneos da parede do órgão e deprime as defesas da mucosa vesical. Com as infecções urinárias associadas à estase da urina, a obstrução pode ser: • Anatômica: incluem cálculos urinários, hiperplasia prostática, gestação e malformações da junção ureterovesical. • Funcionais: incluem bexiga neurogênica, micções infrequentes, instabilidade do músculo detrusor (vesical) e constipação intestinal. O refluxo ocorre quando a urina proveniente da uretra entra na bexiga. Nas mulheres, pode ocorrer durante atividades como tossir ou se agachar, porque aumentam a pressão intra-abdominal e fazem com que a urina seja comprimida para dentro da uretra e, em seguida, reflua para a bexiga à medida que a pressão diminui. Isso também pode acontecer quando a micção é interrompida subitamente. Como o orifício uretral geralmente está contaminado por bactérias, o mecanismo de refluxo pode possibilitar que refluam para dentro da bexiga. Refluxo vesicoureteral ocorre nos níveis da bexiga e do ureter. Nos indivíduos com refluxo vesicoureteral, o ureter entra na bexiga praticamente em ângulo reto, de modo que a urina é forçada a entrar no ureter durante a micção. Isso ocorre mais comumente nas crianças com infecção urinária e parece resultar de anomalias congênitas de comprimento, diâmetro, estrutura muscular ou inervação do segmento submucoso do ureter. A forma côncava da papila periférica pode contribuirpara o refluxo. INFECÇÃO INDUZIDA POR CATETER Complicada. A bacteriúria associada ao uso de cateter ainda é a causa mais comum de infecção em pacientes hospitalizados. As bactérias aderem à superfície do dispositivo e estimulam a formação de uma biopelícula, que então recobre sua superfície. Essa biopelícula (ou biofilme) tende a proteger as bactérias da resposta do hospedeiro e da ação dos antibióticos, o que dificulta o tratamento. S epidermidis (geralmente mais de uma bactéria) As manifestações clínicas da infecção urinária dependem de a infecção alcançar as vias urinárias inferiores (bexiga) ou superiores (rins), e de ser aguda ou crônica. A maioria é representada por infecções vesicais agudas sem complicações, que acometem as mulheres. As infecções urinárias altas envolvem o parênquima e a pelve do rim (pielonefrite), são menos comuns e acometem mais frequentemente crianças e adultos com obstruções do sistema urinário ou outros fatores predisponentes, inclusive diabetes. • Febre alta com calafrios e dor lombar • Queda no estado geral, náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia • Dor pode irradiar para região inguinal (obstrução do ureter) • Disúria, polaciúria, urgencia miccional, hematúria Diabéticos podem ser oligosintomáticos Punho percussão: doloroso sinal de Giordano O episódio agudo de cistite (infecção da bexiga) caracteriza-se por micções frequentes, desconforto na região abdominal baixa ou no dorso e ardência e dor ao urinar (i. e., disúria). Em alguns casos, a urina fica turva e com odor fétido. Polaciúria, dor suprapúbica, hematúria Uretrite: igual cistite, urocultura negativa, sintomas demoram mais para aparecer Manifestações em crianças com menos de 2 anos são tipicamente inespecíficas, enquanto crianças com mais de 5 anos tendem a apresentar os sintomas localizados de cistite mencionados anteriormente. Nos adultos, geralmente não há febre nem outros sinais de infecção. Quando não ocorrem complicações, os sintomas desaparecem nas primeiras 48 h de tratamento. Os sinais e sintomas de cistite também podem refletir uretrite causada por Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae ou herpes-vírus simples (HSV), ou um episódio de vaginite secundária à infecção por Trichomonas vaginalis ou espécies de Candida. Hemograma: cistite pode ser normal, pielonefrite pode ter leucocitose com desvio para a esquerda Exames de urina são realizados para revelar bactérias na urina e diagnosticar infecção urinária. Um critério diagnóstico amplamente aceito de infecção urinária é a detecção de 100.000 unidades formadoras de colônia (UFC) ou mais bactérias por mililitro (μℓ) de urina. Em geral, a definição de colonização é a multiplicação dos microrganismos no hospedeiro, sem indícios aparentes de invasividade ou lesão dos tecidos. O termo piúria (existência de mais de 5 a 8 leucócitos por campo de grande aumento) indica reação do hospedeiro à infecção, em vez de colonização bacteriana assintomática. A coloração de Gram pode ser realizada para determinar o tipo (gram-positivo ou gram-negativo) de microrganismo. A cultura de urina pode ser efetuada para confirmar se há bactérias patogênicas nas amostras de urina, viabilizar sua caracterização e determinar sua sensibilidade aos antibióticos específicos. A amostra de urina pode ser examinada com fita reagente ou microscopia óptica a procura de biomarcadores de infecção. Pesquisa de nitrito e de esterase leucocitária.. As bactérias reduzem os nitratos da urina a nitritos, fornecendo um substrato para análise bioquímica. Do mesmo modo, os leucócitos ativados secretam esterase leucocitária, que pode ser detectada por testes químicos.Os testes para nitritos podem ser negativos quando o agente etiológico não decompõe nitratos (p. ex., enterococos ou S. saprophyticus). Também podem ser negativos quando a amostra de urina está muito diluída. Cistite: em mulheres com disúria e polaciúria pode-se iniciar tratamento, se não responder realizar urocultura. Bacteriúria assintomática Presença de bactéria sem sintomas Mulheres: maior ou igual a 10 UFC em duas ou mais amostras com micção espontânea e mostrando a mesma bactéria Homens: de 10-5 em uma amostra Gestante: tratar Depende do patógeno causal e da existência de fatores contribuintes relacionados com o hospedeiro e o patógeno. Se a infecção ser aguda, crônica ou recidivante. A maioria das infecções urinárias baixas agudas, que acometem principalmente mulheres e geralmente são causadas por E. coli, é tratada eficazmente com um ciclo breve de antibiótico. A ingestão forçada de líquidos pode atenuar os sinais e sintomas, e esta abordagem é usada como medida complementar ao tratamento antimicrobiano. As infecções urinárias baixas recidivantes são as que recorrem depois do tratamento e são causadas por persistência das bactérias ou por reinfecção. Em geral, a persistência das bactérias pode ser curada com a remoção da fonte de infecção (p. ex., cateter urinário ou cálculos vesicais infectados). A reinfecção é evitada principalmente com medidas educativas quanto à prevenção da transmissão dos patógenos. As infecções urinárias crônicas são mais difíceis de tratar. Como geralmente estão associadas à uropatia obstrutiva ou ao refluxo urinário, os exames complementares são realizados frequentemente para detectar essas anormalidades. Quando possível, a condição predisponente à obstrução ou ao refluxo deve ser corrigida. Em especial, os homens devem ser avaliados quanto à existência de distúrbios obstrutivos ou foco infeccioso prostático. Há pouco mais de uma década, no Brasil, a sensibilidade das bactérias prevalentes aos medicamentos mais utilizados – amicacina, gentamicina, cefalosporinas de primeira geração, ácido nalidíxico (agora fora do mercado) e nitrofurantoina – situava-se na faixa de 88% a 96%. Atualmente, entre as bactérias Gram-positivas, a sensibilidade está em torno de 75% e, entre as Gram- negativas, de somente 34%. No ambiente hospitalar, há um grande aumento da ocorrência de K. pneumoniae multirresistente, produtora de betalactamase de espectro estendido (ESBL) e da enzima carbapenemase (KPC), com níveis de resistência de 70 e 80%, respectivamente. RIELLA, Miguel C. Princípios de Nefrologia e Distúrbios Hidroeletrolíticos, 6ª edição. Grupo GEN, 2018. 9788527733267. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852 7733267/. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2021. 9788527737876. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852 7737876/.
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