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O choque é uma condição de falência circulatória ameaçadora à vida devido à distribuição inadequa- da de oxigênio Pode ser defindo como um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio Os efeitos do choque são reversíveis inicialmente, mas rapidamente se tornam irreversíveis O diagnóstico é baseado em uma síntese de achados clínicos e exames laboratoriais Nenhum sinal vital ou teste laboratorial isolado é capaz de diagnostificar o choque de forma defi- nitiva Fisiopatologia Débito cardíaco:Débito cardíaco:Débito cardíaco: volume de sangue bombeado pe- lo coração a cada minuto (freq. x volume) Volume sistólico:Volume sistólico:Volume sistólico: quantidade de sangue ejetado a cada contração cardíaca O volume sistólico é classificamente determinado pela pré-carga, pela contratilidade miocárdica e pela pós-carga Pré-carga: é definida como a pressão no VE ao final da diástole (a qntde. de sangue que chega ao coração) É influenciada por: retorno venoso, volemia e complacência do músculo cardíaco O volume de sangue venoso que retorna para o coração determina o comprimento das fibras musculares miocárdicas após o enchimento ven- tricular ao final da diástole Quanto maior o estiramento da fibra, maior o vo- lume ejetado Contratilidade: é definida como a capacidade de contração das fibras miocárdicas Pós-carga: é definida como a pressão no VE ao final da sístole, pressão contra os ventrículos precisam vencer para o bombeamento Se tem aumento de pós-carga, menor o débito cardíaco Pós-carga: também conhecida como resistência vascular periférica, é sistêmica Após a troca gasosa a nível alveolar, o O2 pode seguir na corrente sanguínea de duas formas: ou dissolvido no plasma (PaO2 e PvO2) ou carreado pela hemoglobina (SaO2 e SvO2) SaO2: saturação de oxigênio arterial (se todos os sítios das hemoglobinas estiverem ocupados por oxigênio, a SaO2 é 100%) SvO2: saturação venosa de oxigênio PaO2: pressão arterial de oxigênio PvO2: pressão venosa de oxigênio DO2: oferta de oxigênio para os tecidos DC: conteúdo arterial de oxigênio VO2: consumo de oxigênio pelos tecidos Gap CO2: diferença entre a pressão venosa de CO2 e a pressão arterial dele Saturação venosa de O2 é diferente de satura- ção venosa central de O2 Saturação venosa de O2: obtida na a. pulmonar Saturação venosa central de O2: obtida na VCS ou átrio direito Classificação e etiologia Existem 4 tipos de choques reconhecidos: distri- butivo, cardiogênico, hipovolêmico e obstrutivo Muitos pacientes apresentam mais de um “tipo” de choque ao mesmo tempo, levando a uma fa- lência circulatória DistributivoDistributivoDistributivo Caracterizado por uma vasodilatação severa e pelos mecanismos/moléculas responsáveis por essa vasodilatação dependem da etiologia Causas:Causas:Causas: Choque séptico: Choque causado por infecção Sepse: resposta desregulada do hospedeiro con- tra a infecção, que resulta em ameaça à vida e disfunção orgânica É a causa mais comum do choque distributivo Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS): Síndrome caracterizada por uma robusta respos- ta inflamatória, causada por um grande insulto corporal, que pode ser infeccioso ou não Exemplos de condições não infecciosas que po- dem evoluir com SIRS: pancreatite, queimaduras, hipoperfusão causada por trauma Choque neurogênico: Pacientes com lesões traumáticas no cére- bro/medula apresentam prejuízo nas vias auto- Choque nômicas, o que leva a diminuição na resistência vascular e alteração no tônus vagal Choque anafilático: Mais comumente encontrado nos pacientes com reações alérgicas graves, mediadas pelo IgE Choque induzido por drogas e toxinas Choque endócrino/adrenal: A falência da adrenal e mixedema podem ser as- sociados à hipotensão e estados de choque Nas situações de deficiência de mineralocorticoi- des, pode ocorrer uma vasodilatação CardiogênicoCardiogênicoCardiogênico É aquele choque causado por alguma alteração in- tracardíaca que leva à falência da bomba cardía- ca, resultando em DC reduzido com altas pres- sões de enchimento Gera uma hipoperfusão tecidual Causas:Causas:Causas: São várias, podem ser divididas em 3 grandes grupos: Cardiomiopatia: Infarto do miocárdio Infarto ventricular direito severo Exacerbação da insuficiência cardíaca Miocárdio atordoado após uma parada Depressão miocárdica devido ao choque séptico ou neurogênico e miocardites Arrítmica: Taquiarritmias e bradiarritmias, tanto atrial como ventricular Mecânica: Patologias valvares Insuficiência das válvulas aórtica ou mitral Defeito valvulares devido à ruptura do m. papilar ou das cordas tendíneas Defeitos no septo ventricular O principal mecanismo compensatório no choque cardiogênico é a vasoconstrição periférica p manter a PA e perfusão de órgãos vitais HipovolêmicoHipovolêmicoHipovolêmico É o choque ocasionado por uma redução no volu- me intravascular, o que reduz o débito cardíaco Pode ser dividido em duas categorias Hemorrágico A perda de sangue resulta em uma redução no volume intravascular que pode resultar em cho- que Trauma, sangramento pós-operatório, ruptura da aorta abdominal Classe I: perda < 15% da volemia, cursa com sin- tomas mínimos, sem alterações nos dados vitais e sem necessidade de reposição volêmica Classe II: perda entre 15-30%, diminuição da PA e aumento discreto nas FC e FC, sendo o trata- mento a infusão de cristaloides (ringer lactato) que são soluções hiperosmóticas em relação ao plasma Classe III: perda entre 31-40%, com repercus- sões nos sinais vitais, neurológicas e o tratamen- to requer sangue e derivados Clase IV: rebaixamento do nível de consciência e o tratamento deve consistir em estabilização do paciente e controle do sangramento, além da re- posição Não hemorrágico Ocorre pela diminuição do volume intravascular por perda de algum fluido que não seja sangue Mais comum: perda de sódio ou de água Principalmente no TGI (diarreia, vomitos), pele (queimaduras), perdas renais (uso excessivo de diuréticos, nefropatias) ADH e aldosterona são os hormônios diretamente envolvidos na resposta hipotalâmica mediada por choque hipovolêmico. Feed-back positivo ObstrutivoObstrutivoObstrutivo Esse tipo de choque é ocasionado por causas ex- tracardíacas, que levam a uma falência da bomba É muito associado a um baixo DC direito As causas podem ser divididas em 2 categorias: Pulmonar vascular: Muitas vezes o choque obstrutivo ocorre devido à falência ventricular direita, que é resultante de duas condições principais: embolia pulmonar e a hipertensão pulmonar Logo, a falha do ventrículo é decorrente da alta pressão pulmonar, fazendo com que a sístole ventricular não vença essa pressão Pacientes com estenose grave ou com quadro agudo de obstrução da válvula pulmonar ou tri- cúspide também podem ser enquadrados Mecânico: Devido ao distúrbio que leva a uma diminuição da pré-carga, ou seja, o retorno venoso é prejudica- do e assim a bomba não tem substrato p bombe- ar Exemplos: pneumotórax, tamponamento cardíaco, cardiomiopatia restritiva, pericardite constritiva Diagnóstico O choque é diagnosticado através de disfunções orgânicas: Neurológicas (alteração no estado mental) Insuficiência respiratória (taquipneia) Hemodinâmicas Renal (oligúria) Hepática (bilirrubinas aumentadas) Pele fria, pegajosa, cianótica (devido a vaso- constrição periférica, que visa manter a perfu- são) Aumento do tempo de enchimento capilar TEC Acidose metabólica e hiperlactatemia HemodinâmicaHemodinâmicaHemodinâmica Enchimento capilar aumentado Lactato: marcador importante de hipoxia tecidual Hipotensão PAS < 90mmHg Queda da PAS >40mmHg PAM < 65mmHg Absoluta: PAS <90mmHg e a pressão arterial mé- dia é < 65mmHg Relativa: PAS diminui >40mmHg Ortostática: queda de >20mmHg na PAS ou >10mmHg na diastólica com o paciente em pé Taquicardia Sintoma compensatório mais precoce Se o débito cardíaco cai, a FC aumenta para ten- tar subir o DC RespiratóriaRespiratóriaRespiratória Taquipneia Insuficiência respiratória: PaO2 < 80mmHg Sat < 95% Pa02/FiO2 < 400 Pacientes com suspeita de pneumotórax hiper- tensivonão devem ser intubados, devem ser dre- nados Mottling scoreMottling scoreMottling score Forma de avaliação da perfusão tecidual Utilizando como parâmetro os aspectos da pele (fria, pegajosa, livedo reticular) na região do joe- lho Utiliza-se semicírculos que começam na proemi- nência do joelho, no grau leve e vão se estenden- do para regiões mais distais É classificado de 1-5 Sendo 1 a nível patelar e 5 acima da raiz da coxa Quando o score é alto, a taxa de letalidade tam- bém é Suporte hemodinâmico Durante as primeiras 6 horas o foco é elevar a PAM >65mmHg, utilizando fluidos intravenosos e vasopressores Inicialmente faz a utilização dos fluidos e quando eles não são efetivos administra-se os vasopres- sores Fluidos intravenosos:Fluidos intravenosos:Fluidos intravenosos: A administração deve ser feita com o fluido aquecido a 39º, até que a PA e a perfusão teci- dual sejam aceitáveis Os cristaloides são os utilizados, como o Ringer lactato e o soro fisiológico 0,9% Preferível o Ringer, pois é mais fisiológico e o clo- ro presente no soro pode causar acidose hiper- clorêmica Vasopressores:Vasopressores:Vasopressores: Atuam aumentando a resistência vascular peri- férica, por meio do aumento no tônus vascular Podem ser prejudiciais nos pacientes com hemor- ragia ou choque hipovolêmico Essas drogas devem ser usadas apenas como forma de suporte adicional de suporte hemodinâ- mico, quando a ressuscitação volêmica falhar Os agentes mais usados são:Os agentes mais usados são:Os agentes mais usados são: Agonistas adrenérgicos: norepinefrina e dopa-norepinefrina e dopa-norepinefrina e dopa- minaminamina Agentes ionotrópicos (aumentam a contratili- dade cardíaca): dobutaminadobutaminadobutamina Norepinefrina: 8-12 mcg/min, via IV Dobutamina: 0,5 a 1 mcg/kg/min, geralmente usada em associação com a norepinefrina, pra compensar a diminuição da resistência vascular periférica causada pelas doses baixas de dobuta- mina O uso de vasopressores é primordial no choque séptico pois corrigem a vasodilatação Deve ser iniciado precocemente, a droga de escolha é a noradrenalina
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