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Ebook - Constituição e o Poder Constituinte

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Prévia do material em texto

Direito Constitucional
Unidade 1
Constituição e Poder Constituinte
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
ELLEN THAYNNÁ MARA DELGADO BRANDÃO 
MILENA BARBOSA DE MELO
AUTORIA
Ellen Thaynná Mara Delgado Brandão
Possuo graduação em Direito pela Universidade de Ciências Sociais 
Aplicadas (Unifacisa). Atualmente, sou professora conteudista e autora 
de cadernos de questões. Como jurista, atuo nas áreas de Direito Penal, 
Direito do Trabalho e Direito do Consumidor.
Milena Barbosa de Melo
Possuo graduação em Direito pela Universidade Estadual da 
Paraíba. Sou Especialista e Mestra em Direito Comunitário e Doutora em 
Direito Internacional, todos esses títulos pela Universidade de Coimbra. 
Atualmente, sou professora universitária. Como jurista, atuo principalmente 
nas seguintes áreas: Direito Internacional – público e privado, Jurisdição 
Internacional, Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da 
Propriedade Intelectual e Direito Digital.
Com satisfação, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a 
integrar seu elenco de autores independentes. Diante dessa oportunidade, 
estamos muito felizes em poder ajudar você nesta fase de muito estudo 
e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Conceito e classificação da Constituição Federal ........................ 10
Constitucionalismo ......................................................................................................................... 10
Conceito de Constituição Federal ...................................................................................... 12
Histórico das constituições .................................................................... 18
A Constituição Federal ................................................................................................................ 18
História das constituições ......................................................................................................... 19
Classificação das constituições ............................................................29
Classificação das constituições ............................................................................................29
Quanto à origem .......................................................................................................... 30
Quanto ao modo de elaboração ....................................................................... 31
Quanto ao conteúdo .................................................................................................32
Quanto à forma ..............................................................................................................32
Quanto à alterabilidade ...........................................................................................33
As constituições que vigoraram no Brasil e a sua classificação ...................35
O poder constituinte ..................................................................................39
Poder Constituinte originário .............................................................................. 40
Poder Constituinte derivado ................................................................................42
Poder Constituinte difuso .......................................................................................44
Poder Constituinte supranacional ................................................................... 46
7
UNIDADE
01
Direito Constitucional
8
INTRODUÇÃO
O Direito é um ramo que possui uma extensão de disciplinas, 
sendo que todas possuem fundamentação e importância. Tendo 
isso em vista, nesta unidade, estudaremos uma das disciplinas 
mais presentes no dia a dia da população: o Direito Constitucional. 
Iniciaremos nossos estudos conceituando o que vem a ser o Direito 
Constitucional, trazendo sua definição assim como sua classificação, 
para que possamos melhor compreender em que consiste essa 
disciplina. Como forma de ampliar o conhecimento, estudaremos todas 
as constituições que fizeram parte do ordenamento jurídico do Brasil 
e os cenários em que elas surgiram. Tudo isso para, enfim, podermos 
estudar sobre o Poder Constituinte. Vamos juntos nesta jornada?
Direito Constitucional
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Constituição e Poder 
Constituinte. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das 
seguintes competências profissionais até o término desta etapa de 
estudos:
1. Definir a classificação da Constituição.
2. Analisar as constituições sob o contexto histórico.
3. Classificar os diversos tipos de Constituição, contextualizando 
cada um deles. 
4. Identificar o que vem a ser o Poder Constituinte e suas aplicações.
Você está preparado para adquirir conhecimento sobre um 
assunto fascinante e inovador como esse? Então, vamos lá!
Direito Constitucional
10
Conceito e classificação da Constituição 
Federal
OBJETIVO:
Você sabe o que vem a ser a Constituição Federal? Se 
ainda não, iremos tratar de explicar seu conceito e sua 
importância para que o país seja democrático. Caso você 
já saiba, iremos explorar de uma forma mais didática para 
trazer maiores conhecimentos. Prontos? Vamos lá!
Constitucionalismo
Para iniciarmos nossos estudos, precisamos, primeiramente, 
compreender o que é o constitucionalismo.
Não existe apenas um constitucionalismo, posto que é possível 
identificar diversos, como o inglês, o francês e o americano. Dessa forma, 
é preferível tratá-lo como um movimento constitucional.
O Constitucionalismo consiste em uma teoria que ergue o princípio 
do governo limitado, portanto é indispensável à garantia dos direitos em 
dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. 
Nessa dimensão, o constitucionalismo moderno representa uma técnica 
específica de limitação do poder com fins de garantia. Desse modo, o 
conceito de constitucionalismo remete-nos a um juízo de valor (LENZA, 
2007).
A fim de que se possa reconhecer o constitucionalismo, Tavares 
(2012) elenca as principais exigências que devem ser observadas para o 
seu reconhecimento, sendo elas:
1. Soberania popular para o constitucionalismo atual.
2. Supremacia e imperatividade da Constituição, limitando e 
estabelecendo o governo.
3. Sistema democrático e governo representativo, mesmo em 
tempos de emergência nacional.
Direito Constitucional
11
4. Governo limitado, havendo uma separação de poder, com freios e 
contrapesos, assim como controle civil dos militares, governo das 
leis e um controle judicial, além de um Judiciário independente.
5. Direitos civis respeitados e assegurados pelo governo, sendo, 
geralmente, os indicados na Declaração Universal. Os direitos 
podem ser limitados, entretantoessas limitações também devem 
ter limites.
6. Instituições que monitorem e assegurem o respeito à Constituição.
7. Respeito pela autodeterminação, o direito de escolha e política 
livre.
SAIBA MAIS:
Você sabe o que vêm a ser os freios e os contrapesos? 
Essa teoria foi desenvolvida por Montesquieu, tendo como 
embasamento as ideias de John Locke e Aristóteles. Assim, 
ele estabeleceu que os poderes precisariam ser devidos 
para tirar a ideia de todos os poderes da mão de uma única 
pessoa. Saiba mais assistindo ao vídeo “AGU – Explica – 
Sistema de Freios e Contrapesos”, disponível aqui.
Podemos, então, concluir que o constitucionalismo corresponde 
à busca do homem pela limitação do poder absoluto que é exercido por 
aquele que detém o poder de Estado, além de representar uma forma de 
estabelecer uma justificação ética, moral e espiritual da autoridade, deixando 
de lado a ideia de submissão da sociedade a quem se encontra no poder.
De forma a complementar esse conceito e explicando de maneira 
geral, podemos dispor que o constitucionalismo foi um movimento social, 
político e jurídico que teve a finalidade de fazer emergir as constituições. 
Seu marco foi a Constituição dos Estados Unidos da América, em 1787 e a 
Constituição da França, em 1791. Sendo assim, deve ser considerado que 
a Constituição norte-americana veio como forma de garantir direitos e de 
limitar os poderes; e que a Constituição da França estabeleceu um poder 
supremo com um titular, sendo ele o povo, que começa a deter um poder 
constituinte que possibilita a criação de uma nova ordem política e social.
Direito Constitucional
https://www.youtube.com/watch?v=vlYBWII2YZ0
12
O constitucionalismo surgiu para que as constituições fossem 
promulgadas. Ele foi o marco inicial para que houvesse a limitação dos 
poderes e para que a soberania emergisse do povo. Dessa forma, sabendo 
em suma, o que vem a ser o constitucionalismo e sua luta para garantir a 
igualdade, a justiça e os direitos dos cidadãos, cabe-nos agora retratar o 
que vem a ser o Direito Constitucional.
Conceito de Constituição Federal
Foi o constitucionalismo que desencadeou a ideia de uma 
constituição, mas o que vem a ser, de fato, a Constituição?
Figura 1 – Constituição Federal de 1988
Fonte: Wikimedia Commons.
Até chegarmos a compreender a Constituição atual, necessitamos 
seguir um caminho, e o primeiro passo desse caminho é compreender o 
conceito de Constituição. Partindo da importância excepcional de existir 
um texto superior que tenha como objetivo primordial a organização e 
funcionamento de qualquer Estado, identifica-se a presença de um 
instrumento que reveste tais exigências e que, durante o processo 
de evolução e consolidação de um território, veio a ser sedimentado, 
nomeadamente a Constituição.
Direito Constitucional
13
Nesse sentido, é apontado por Moraes (2003) que a
Constituição, lato sensu, é o ato de constituir, de 
estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo qual se 
constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; 
organização, formação. Juridicamente, porém, Constituição 
deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de 
um Estado, que contém normas referentes à estruturação 
do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de 
governo e aquisição do poder de governar, distribuição 
de competências, direitos, garantias e deveres dos 
cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza 
os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, 
legislativas ou administrativas. (MORAES, 2003, p. 29)
De forma inicial, vale retratar que a Constituição deve possuir os 
seguintes elementos:
 • Ser escrita.
 • Conter a separação dos poderes.
 • Conter um sistema de direitos fundamentais individuais.
 • Adotar um sistema democrático formal.
Como podemos perceber, esses elementos possuem relação com 
a limitação do poder do Estado. Garantindo isso, a Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão, de 1789, em seu art. 16, dispõe que qualquer 
sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem 
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
De forma a explicar o que vem a ser Constituição, Lenza (2007) 
divide essa concepção em quatro sentidos, sendo eles:
1. Sentido sociológico – determinando que uma Constituição só é 
legítima se representar o efetivo poder social, de forma a refletir as 
forças sociais que constituem o poder. Caso isso não acontecesse, 
ela seria considerada ilegítima. Dessa forma, a Constituição, de 
acordo com esse sentido, constitui uma soma dos fatores reais do 
poder dentro de uma sociedade.
2. Sentido político – apresenta uma distinção entre Constituição e 
lei constitucional, de forma que a Constituição se refere à decisão 
Direito Constitucional
14
política fundamental, por exemplo, a estrutura e órgãos do 
Estado, direitos individuais, vida democrática, entre outros. A lei 
constitucional, por sua vez, corresponde aos demais dispositivos 
contidos no texto do documento constitucional, sem conter a 
matéria de decisão política fundamental. De forma sucinta, pode-
se dizer que, em seu sentido político, a Constituição corresponde à 
decisão política do titular do poder constituinte.
3. Sentido material e formal – primeiramente, devemos tratar do sentido 
material, em que pese, nesse sentido, para que se possa dizer 
que uma norma tem caráter constitucional, deverá ser levado em 
consideração o seu conteúdo, pouco importando o modo com que 
a norma foi introduzida no ordenamento jurídico. Dessa forma, será 
considerada constitucional a norma que defina e trate das regras que 
estruturam a sociedade, os seus alicerces fundamentais. No que diz 
respeito ao sentido formal, o que vale não é o conteúdo da norma, mas, 
sim, a maneira com que ela foi introduzida no ordenamento jurídico. 
Levando isso em consideração, são consideradas constitucionais as 
normas introduzidas pelo poder soberano, por meio de um processo 
legislativo mais dificultoso, de forma diferenciada e mais solene do 
que o processo das demais normas.
4. Sentido jurídico – é estabelecido que a Constituição corresponde 
a um dever ser e não a um ser, sendo ela, então, caracterizada 
como o resultado de uma vontade racional do homem e não das 
leis naturais. Dessa forma, a Constituição é considerada como 
uma norma pura, um puro dever ser, sem que haja uma aspiração 
à fundamentação política, sociológica ou filosófica. Nesse sentido, 
a Constituição ainda é considerada como uma lógica jurídica, na 
qual ela é conceituada como a norma fundamental hipotética, que 
possui como função precípua a de servir de fundamento lógico 
transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva. 
Mas o que vem a ser a Constituição jurídico-positiva?
Fácil responder. Ela corresponde à norma positiva suprema, que 
contém um conjunto de normas com o objetivo de regular a criação de 
outras normas. Em suma, ela é a lei nacional no seu mais alto grau.
Direito Constitucional
15
Posto em cima, podemos dizer que o sentido jurídico comporta 
o plano lógico-jurídico e o jurídico-positivo, que possui as seguintes 
categorias descritas no quadro a seguir:
Quadro 1 – Plano lógico-jurídico versus plano jurídico-positivo
PLANO LÓGICO-JURÍDICO PLANO JURÍDICO-POSITIVO
Norma fundamental hipotética Norma posta, positivada
Plano do suposto Norma positivada suprema
Fundamento lógico-transcendental da 
validade da Constituição jurídico-positiva
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Podemos, assim, dispor que a Constituição possui fundamento 
na norma hipoteticamente fundamental, sendo caracterizada como o 
fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico, estabelecendo 
a obediência do que é posto pelo Poder Constituinte.
A Constituição é o instrumento que traz em seu texto as normas de 
maior relevância no ordenamento jurídico, que as demais normas, para 
que possuam validade, devem observar. Podemos dizer,então, que as 
normas possuem uma verdadeira hierarquia vertical, que foi representada 
por Hans Kelsen em uma pirâmide como a seguinte:
Figura 2 – Pirâmide de Kelsen 
Normas Individuais
Portarias
Decretos
Leis
Constituição Federal
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Direito Constitucional
16
Como podemos observar, a Constituição Federal encontra-se 
no topo da pirâmide. Por isso, ela é a norma mais importante do nosso 
ordenamento jurídico. A responsabilidade da Constituição é, dessa forma, 
de dispor sobre os elementos que integram o Estado, os quais foram 
elencados por Lenza (2007) da seguinte forma:
 • Soberania – o Estado possui um poder soberano. Quando se diz 
que o Estado possui o poder soberano, primeiramente devemos 
dispor que esse poder é dado a ele por meio do povo, e, ao 
ser considerado como soberano, quer dizer que ele não está 
submetido a outro poder e, por essa razão, pode elaborar a sua 
própria Constituição. A soberania do Estado não se encontra, 
portanto, limitada a nenhum outro poder, podendo ser caracterizada 
como una, universal e integral, com o dever de respeitar os limites 
da soberania dos demais Estados.
 • Finalidade – corresponde aos objetivos do Estado. Sobre a 
finalidade, Aristóteles (1998) expõe:
Da finalidade do Estado [...]. Mas não é apenas para viver 
juntos, mas para bem viver juntos que se fez o Estado. O 
fim da sociedade civil é, portanto, bem viver juntos; todas 
as suas instituições não são senão meios para isso, não 
há nenhuma dúvida de que a verdadeira Cidade (a que 
não o é somente de nome) deve estimar acima de tudo 
a virtude... capaz de tornar [seus membros em] bons e 
honestos cidadãos. Dos mesmos princípios depende a 
felicidade do Estado. É impossível que um Estado seja feliz 
se dele a honestidade seja banida. Não podemos deixar de 
lembrar estes princípios. (ARISTÓTELES, 1998, p. 53)
Nesse sentido, podemos estabelecer que o objetivo do Estado é o 
de formar cidadãos honestos, bem como o de promover justiça social a fim 
de que haja um Estado cada vez mais justo. Diante disso, podemos dizer 
que a finalidade da formação de um Estado é a de dispor as necessidades 
da sociedade para que se possa educar os cidadãos de acordo com os 
seus costumes e as suas leis, concedendo, assim, benefícios ao povo.
 • Povo – são os cidadãos que possuem dignidade de pessoas 
humanas, ou seja, pessoas em seu sentido material que possuem 
cidadania, pois o povo constitui a dimensão humana do Estado.
Direito Constitucional
17
O povo é considerado o titular do poder soberano do Estado nos 
Estados que são democráticos, isso porque o governo democrático é 
governado pelo povo e para o povo.
 • Território – corresponde ao espaço em que o Estado afirma ser 
soberano e onde possui seu governo. É considerado território o 
espaço territorial (abarcando o subsolo e o solo), o espaço aéreo, 
o espaço fluvial, o espaço ficto e o espaço marítimo.
É no território que o Estado estabelece suas fontes de recursos.
Apontados os elementos do Estado que são de responsabilidade da 
Constituição, podemos, por fim, dispor que a Constituição corresponde à 
lei suprema e fundamental de todos os Estados, sendo elaborada devido 
à vontade do povo, como forma de limitação dos poderes e em busca 
de uma justiça social. Além disso, é de responsabilidade da Constituição 
estabelecer a organização político-jurídica do Estado, tratando como 
deve ser a formação e a competência dos seus órgãos, sua forma, bem 
como a aquisição e o exercício do poder.
Sabendo que o Estado é soberano, cabe à Constituição Federal 
tratar das limitações do poder desse ente, de modo a não deixar que 
o país perca o seu caráter de democrático e deixe de ter o povo como 
formador do poder.
RESUMINDO:
Neste capítulo, antes de compreendermos o que é a 
Constituição, estudamos que o Constitucionalismo foi o 
marco para a promulgação das constituições presentes no 
mundo. Assim, compreendemos que a Constituição surgiu 
como forma de limitar os poderes, sendo ela considerada a 
norma suprema de um Estado e possuindo quatro sentidos: 
sociológico, político, material e formal, e jurídico. Vimos 
também que ela dispõe sobre as obrigações do Estado 
no que diz respeito à soberania, à finalidade, ao povo e ao 
território. Esperamos que você tenha compreendido e esteja 
pronto para nosso próximo capítulo. Vamos seguir em frente.
Direito Constitucional
18
Histórico das constituições
OBJETIVO:
O Brasil começa a sua história em 1500, após o seu 
descobrimento, mas você sabe em que cenário surgiram 
as constituições? Inicialmente, o Brasil seguia as ordens de 
Portugal, não possuindo a sua própria determinação legal. 
Dessa forma, neste capítulo, estudaremos como surgiu 
a primeira Constituição e veremos como se deu a linha 
cronológica até chegarmos à Constituição que temos nos 
dias atuais. Empolgados? Vamos lá!
A Constituição Federal
Como estudamos, o termo “Constituição” pode ser compreendido 
em diferentes acepções. No sentido amplo, “Constituição” pode ser 
compreendido como ato de constituir, firmar, formar ou organizar. De 
outro lado, juridicamente a Constituição pode ser entendida como 
a Lei fundamental e suprema de um Estado, a qual, em suas normas, 
estabelece a estrutura e a organização do Estado, estabelecendo a forma 
de Estado, a forma de governo, o sistema de governo e demais normas 
relacionadas aos Poderes do Estado (MORAIS, 2019).
No entanto, para além disso, é fato que a Constituição traduz 
também o contexto histórico em que surge, pois é mantida ou até 
modificada. Nesse sentido, Masson (2015) afirma que a Constituição não 
se desliga do fator social e do contexto dos valores que pretende realizar.
Esse contexto histórico revelado por meio da Constituição pode ser 
muito bem percebido na história das constituições brasileiras, isso porque 
tivemos, ao menos, sete constituições de 1824 a 1988. 
Assim, analisaremos as constituições brasileiras dos seguintes anos: 
1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, Emenda Constitucional 1/1969 e 1988.
Direito Constitucional
19
História das constituições
Quando vamos falar da história do Brasil, rapidamente nos 
recordamos da chegada dos portugueses ao país e do período de 
Monarquia. Por isso, necessitamos fazer uma linha histórica de quando 
surgiu a primeira Constituição até chegar à Constituição que temos nos 
dias atuais.
Em 1808, as terras portuguesas foram ocupadas pelas tropas 
napoleônicas. Sabendo que tinha conquistado o Brasil, a família real 
portuguesa decide se mudar para a colônia brasileira, que, a partir daí, 
começa a se chamar de Reino Unido a Portugal e Algarves. No ano de 
1821, Dom João VI, rei de Portugal, vê-se obrigado a retornar ao seu país, 
deixando seu filho, Dom Pedro de Alcântara, como Príncipe Regente. Esse 
foi o marco histórico que desencadeou o processo gradual de construção 
de um país democrático. 
Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil em 1822 e, no 
ano seguinte, convocou uma Assembleia Constituinte e Legislativa, 
com ideais liberais. No entanto, ela veio a ser dissolvida em virtude da 
existência de divergências com seus ideais e com pretensões autoritárias 
(LENZA, 2018).
Logo após dissolver a Assembleia, D. Pedro I cria o Conselho de 
Estado com o objetivo de tratar dos negócios de maior monta e, portanto, 
elaborar uma constituição que estivesse de acordo com os interesses 
totalitários (LENZA, 2018).
Em 25 de março de 1824, foi outorgada a Constituição Política 
do Império do Brasil, a qual durou cerca de 65 anos, tendo como 
características o centralismo político e administrativo, a manutenção do 
absolutismo e unitarismo do Poder do Estado, além do Poder Moderador.
A Constituição de 1824 estruturou o Estado brasileiro como sendo 
um Estado unitário e governado por uma monarquia constitucional. Assim, 
o território brasileiro passou de capitanias hereditárias para províncias, a 
religiãooficial era a da Igreja Católica Apostólica Romana, mas permitiam-
se cultos domésticos e particulares de outra religião (LENZA, 2018). 
Direito Constitucional
20
Outro ponto interessante previsto na Constituição de 1824 foi 
a instituição do Rio de Janeiro como capital do Império e posterior 
transformação deste em Município da Corte, tendo sua submissão direta 
ao Poder Central e não ao poder da Província. Isso se deu por meio de 
adição à Constituição sob o fundamento do Ato Adicional de 1834 e Lei n.º 
12/1832 (LENZA, 2018).
Mesmo expondo todos esses pontos trazidos pela Constituição de 
1824, eles não foram os mais importantes, dado que o ato considerado 
de extrema importância contido nesse diploma foi a previsão do Poder 
Moderador. Na contramão da teoria da Montesquieu, na qual o poder do 
Estado seria separado em três Poderes – no caso, o Poder executivo, o 
Poder legislativo e o Poder Judiciário –, o Brasil, por meio da Constituição 
de 1824, inspirando-se nas ideias de Benjamin Constant, instituiu um 
quarto Poder, o Poder Moderador (LENZA, 2018).
Nesse contexto, o que vem a ser o Poder Moderador?
Segundo Lenza (2018), para conceituar o Poder Moderador, há duas 
linhas de pensamento: a primeira linha é mais liberal, estabelecendo que 
o Poder Moderador representaria um poder de coordenação entre os 
demais poderes; e a segunda linha é mais conservadora, estabelecendo 
que ele é um poder superior, que possibilitaria intervenções e imposições 
do Poder Moderador sobre os demais poderes.
Levando isso em consideração, podemos dizer que o Poder 
Moderador literalmente moderava e moldava a vontade dos demais 
poderes à vontade do Poder Central e absoluto do imperador.
NOTA:
O Poder Legislativo, naquela época, era formado por 
duas câmaras: uma câmara temporal, que passava pelas 
eleições indiretas, e outra vitalícia, que era a dos senadores. 
O imperador exercia sua influência em todos os poderes.
No que tange ao voto nesse período, ele era censitário e baseado 
em critérios econômicos.
Direito Constitucional
21
Durante o período de vigência da Constituição de 1824, o Brasil 
vivenciou alguns movimentos populares bastante relevantes, os quais 
buscavam a separação ou melhores condições de vida. Lenza (2018) 
destaca os seguintes movimentos como marcos históricos: Cabanagem 
(Pará, 1835); Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835); Sabinada (Bahia, 1837); 
Balaiada (Maranhão, 1838); e Revolução Praieira (Pernambuco, 1848).
A insatisfação dos militares após a guerra do Paraguai, o Manifesto 
do Centro Liberal e o Manifesto Republicano enfraqueceram a Monarquia, 
a qual sofreu uma grande perda quando, em 1874, passou a ter grandes 
entraves com a Igreja Católica. De todo modo, apesar da queda da 
Monarquia e ascensão de um Estado republicano, a participação popular 
nesse processo foi mínima, para não dizer nula.
Assim, em 1889, o marechal Deodoro da Fonseca proclamou a 
República devido ao enfraquecimento do imperador e à perda dos seus 
apoiadores basilares. Com esse marco histórico, foi elaborado o Decreto 
n.º 1/1889, responsável por instituir o Governo Provisório no Brasil, o qual 
deveria se consolidar no Regime e promulgar a Constituição da República, 
a primeira com a forma de governo republicano.
Em 1890, houve uma Assembleia Constituinte que levou à 
promulgação da Constituição de 1891. Essa Constituição sofreu influência 
da Constituição dos Estados Unidos da América de 1787 e, com a relatoria 
do senador Rui Barbosa, o Brasil adotou a Federação como forma de 
Estado, a República como forma de governo e o presidencialismo como 
sistema de governo. Perceba que foi só na Constituição de 1891 que foi 
instituído o Federalismo no Brasil, inclusive com previsão expressa para 
a proibição de dissolução de qualquer um dos Estados-membros, bem 
como a previsão do presidencialismo como sistema de governo.
SAIBA MAIS:
Saiba o que é federação assistindo ao vídeo “AGU 
Explica – Federação”, disponível aqui. Esse vídeo retrata 
de forma didática o que vem a ser esse sistema adotado 
pela Constituição de 1891 e que também se encontra na 
Constituição de hoje em dia.
Direito Constitucional
https://www.youtube.com/watch?v=pillDDMZ9gw
22
Em relação à Constituição de 1824, a de 1891 previu o Rio de Janeiro 
como Distrito Federal, mas o manteve com status de município e delimitou 
uma área para a construção do que seria a capital do Estado.
Foi também com a Constituição de 1891 que o Brasil passou a ser um 
Estado laico ou não confessional, cessando, assim, as relações políticas 
entre Estado e Igreja, tais como o padroado e o consentimento régio.
Adotou-se, ainda, a teoria clássica de Montesquieu quanto à 
separação do Poder do Estado em três Poderes:
 • Executivo – Exercido pelo presidente da República, eleito por voto 
direto, mas não democrático, para um mandato de 4 anos, sem 
direito à recondução. Nos Estados-membros existiam os ditos 
presidentes estaduais ou governadores.
 • Legislativo – Exercido em duas casas: uma de representação do 
povo, na qual eram escolhidos os Deputados, mediante o sufrágio 
direto, porém, de representação minoritária; e o Senado, que seria 
a representação dos próprios Estados, eleitos de igual modo.
 • Judiciário – O qual começou a ser chamado, como o órgão máximo 
do Poder Judiciário, de Supremo Tribunal Federal. Nesse período, 
também foi reconhecida a vitaliciedade para juízes federais e a 
irredutibilidade de vencimentos.
Esses três poderes se tornaram harmônicos e independentes entre 
si, extinguindo-se, portanto, o antigo Poder Moderador (LENZA, 2018).
No ano de 1926, houve uma reforma constitucional que abalou a 
autonomia dos Estados, aumentado a possibilidade de intervenção da 
União nos Estado-membros, além de um movimento que se revelava 
bastante autoritário.
O período compreendido entre 1889 a 1929 ficou conhecido 
como República Velha. Essa, por sua vez, teve o seu fim em 1930, com a 
Revolução de 30 e a instauração de um Governo Provisório, por meio do 
Decreto n.º 19.398 de 1930.
De acordo com Lenza (2018), o ponto positivo ocorrido durante 
o Governo Provisório foi o Código Eleitoral com a instituição da Justiça 
Direito Constitucional
23
Eleitoral, além de medidas como o voto feminino e o sufrágio universal, 
direto e secreto.
O Governo Provisório deteve os poderes do Estado até a 
promulgação da Constituição de 1934. A promulgação ocorreu em 
razão de pressões e irresignação com relação aos métodos arbitrários 
do Governo Provisório. Essas pressões tiveram como marco principal a 
Revolução Constitucionalista de São Paulo, no ano de 1932 (LENZA, 2018).
Então, no dia 16 de julho de 1934, foi promulgada a nova Constituição, 
a qual, por sua vez, deixou de lado a predominância do liberalismo 
econômico e da democracia liberal, características da República Velha 
sob a égide da Constituição de 1891 (LENZA, 2018).
Com relação à Constituição de 1934, Lenza (2018, p. 137) afirma 
que essa Lei Suprema “sofreu forte influência da Constituição de Weimar, 
da Alemanha de 1919, evidenciando, portanto, os direitos humanos de 
2ª geração ou dimensão e a perspectiva de um Estado social de direito 
(democracia social)”.
NOTA:
A Constituição de 1934 manteve a forma de Estado em 
Federação, a forma de Governo em República e o sistema 
de Governo em presidencialismo. Além disso, o país 
permaneceu sendo laico.
No que diz respeito às casas do Legislativo, essa Constituição 
trouxe o unicameralismo imperfeito, no qual os deputados e os senadores 
atuariam em colaboração em uma única casa.
Foi a Constituição de 1934 que trouxe a disposição dos remédios 
constitucionais: mandado de segurança e ação popular.
A Constituição que veio depois da de 1934 foi a de 1937. Como 
podemos observar, a de 1934 durou pouco tempo, mas o que devemos 
perguntar é: por que essa Constituição foi deixada de lado tão rápido?
A Constituição de 1934 deparou-se, em 1937,com um golpe 
de Estado. Esse golpe resultou de um antagonismo entre a direita e 
Direito Constitucional
24
a esquerda. A direita estava alinhada a influências fascistas e tinha um 
desejo declarado pelo autoritarismo. A esquerda, por sua vez, era 
baseada nos ideais socialistas, comunistas e sindicais, portanto, pendia 
para a instauração do socialismo no Brasil. A Ação Integralista Brasileira 
era a representação da direita, e a representação da esquerda estava na 
Aliança Nacional Libertadora.
Esse choque de forças contrárias e, de certo modo, radicais 
resultou em medidas totalitárias pelo então governo da República. Getúlio 
Vargas, que somente terminaria seu mandato em 1938, após a intentona 
comunista liderada por Luís Carlos Prestes, decretou o estado de sítio em 
1935 e, ainda no mesmo ano, fechou a Aliança Nacional Libertadora com 
base na Lei de Segurança Nacional. 
O Congresso, em apoio a Vargas, declarou o estado de guerra, 
e, diante desse cenário, proclamou-se o golpe como uma salvação à 
ameaça do Comunismo. Foi nesse contexto que, em 1937, foi instaurado o 
Estado Novo, sendo outorgada a Constituição que ficou conhecida como 
polaca, em virtude de sua influência fascista pela Constituição polonesa 
de 1935 (LENZA, 2018).
As principais características da Constituição de 1937 foram:
 • Fechamento do parlamento.
 • Domínio sobre o judiciário.
 • Nomeação de investidores para os Estados, fazendo com 
que a autonomia deles fosse ruída, comprometendo, assim, o 
federalismo.
 • Estabelecimento da Consolidação das Leis Trabalhistas devido à 
instauração de uma política populista.
 • O Presidente era quem tinha o poder de expedir leis e decretos.
 • Os direitos sociais foram encolhidos, como também não houve 
mais a previsão dos remédios constitucionais.
 • Previsão de pena de morte por crimes considerados políticos.
Direito Constitucional
25
Outros pontos traumáticos da Constituição de 1937, que foi fruto 
de um golpe, foram a suspensão de direitos individuais, a proibição de 
greves, a tortura como instrumento de repressão, entre outros. Tudo isso 
sob a égide de uma Constituição e leis por ela resguardadas.
O fim do golpe aproximou-se quando Getúlio decidiu enviar a Força 
Expedicionária Brasileira para ajudar os Países Aliados a combaterem 
os Países do Eixo, ou seja, países fascistas, muitos dos quais inspiraram 
Getúlio para a Constituição de 1937. Esse e outros eventos geraram 
insatisfação popular, mas principalmente das Forças Armadas.
O próprio Vargas, que era o presidente do Brasil, assinou o Ato 
Adicional convocando eleições diretas, mas, ainda assim, foi tirado do 
poder pelos Generais Gaspar Dutra e Góis Monteiro, ou seja, retirado pelas 
Forças Armadas. 
Após a retirada de Vargas, o presidente do Supremo Tribunal 
Federal, José Linhares, assumiu a presidência e iniciou o processo de 
redemocratização, revogando dispositivos da Constituição de 1937 que 
impediam o exercício democrático. 
Em 1945, a Lei Constitucional deu poderes ao Parlamento, que seria 
eleito para atuar como Poder Constituinte. A Assembleia Constituinte 
ocorreu em 1946, promulgando, em 18 de setembro de 1946, a 
Constituição de 1946, que marcou definitivamente o fim do Estado Novo e 
a redemocratização do país.
No que diz respeito a essa nova Constituição de 1946, podemos 
dizer que ela trouxe de volta os conceitos de Estado liberal e de Estado 
social, buscando um equilíbrio entre a livre iniciativa e os direitos sociais. 
Assim, essa Constituição trouxe para o país a retomada de sua plenitude 
como uma Federação Republicana e Democrática, com um sistema 
presidencialista.
A Constituição de 1946 retomou o mandado de segurança e a ação 
popular, trouxe de volta o bicameralismo legislativo e as eleições diretas, 
nas quais o presidente voltou a ser eleito por meio do voto popular.
Direito Constitucional
26
Entretanto, no ano de 1964, o então vice-presidente João Goulart 
foi derrubado pelo movimento militar, sendo instaurado uma nova ordem 
revolucionária que ficou conhecida como a Ditadura Militar.
A partir de então, começaram as edições dos Atos Institucionais (AI). 
Em abril de 1964, foi elaborado o AI nº 1, no qual foi prevista a possibilidade 
de aposentadoria de civis e militares, a decretação de estado de sítio e a 
suspensão de direitos políticos sem observar os limites constitucionais. 
DEFINIÇÃO:
Os Atos Institucionais foram decretos que possuíam o 
mesmo poder de Constituição, tendo sido utilizados pelos 
militares para determinar leis que traziam legitimidade 
às violências e às ilegalidades que aconteciam durante a 
Ditadura Militar.
O AI-2/1965 estabeleceu eleições indiretas para a presidência, 
o AI-3 fez o mesmo no âmbito estadual. Já em 1966, o Congresso foi 
fechado, sendo reaberto somente para a aprovação da Constituição de 
1967, o que ocorreu mediante o AI-4/1966 (LENZA, 2018).
A Constituição de 1967 colocou em uma Carta Magna todas as 
intenções dos Atos Institucionais, tendo seguido na linha da Constituição 
de 1937. Dessa forma, restringiu direitos individuais e retirou garantias.
Apesar de intitular o Estado como Federal, o federalismo, naquele 
período, aproximou-se bastante de um Estado unitário, tendo em vista 
a supressão da autonomia dos estados e a centralização do poder no 
presidente da República e esvaziamento dos demais poderes (LENZA, 
2018).
Em 1969, ocorreu a baixa pelos Militares da Emenda Constitucional 
n.º 1/1969. Autores como Lenza (2018) consideram-na como uma forma 
de Constituição, tendo em vista seu caráter revolucionário. 
Foi por intermédio da Emenda Constitucional de 1969 que os Atos 
Institucionais se constitucionalizaram, mantendo o rigor de todos aqueles 
que já tinham sido produzidos anteriormente, além de aumentar o mando 
presidencial de quatro para cinco anos.
Direito Constitucional
27
Após essa emenda, tivemos a Lei Falcão, que buscava restringir a 
propaganda eleitoral e assim prejudicar opositores, e o Pacote de Abril de 
1977, que modificou a forma de emendar a Constituição e outras medidas. 
Mas, a partir do pacote de junho de 1978, iniciou-se o que seria a abertura 
política para mais uma redemocratização, marcada pela revogação do AI-5. 
O último governo militar foi o de Figueiredo, que findou em março 
de 1985. Esse período foi marcado pela Lei da Anistia, pela reforma 
partidária, o retorno às eleições diretas estaduais, e, em 1983, ocorreu o 
movimento das Diretas Já. 
Desse modo, em 1988, após a Assembleia Constituinte presidida 
por Ulysses Guimarães, promulgou-se a Constituição, por ele mesmo 
denominada de Constituição Cidadã (LENZA, 2018).
A Constituição Federal de 1988 encontra-se vigente até os 
dias atuais. Ela foi responsável por estabelecer direitos e garantias 
fundamentais, estabelecendo novamente o Brasil como uma Federação 
Republicana e Democrática. Após o plebiscito de 1993, previsto pelo art. 
3º das Disposições Transitórias, firmou-se como sistema de governo o 
presidencialismo. A partir de 1993, foi firmado o sistema de presidencialismo 
no país, no qual o voto passou a ser direto, secreto e universal.
Como características dessa nova Constituição, podemos dispor:
 • Cláusulas pétreas.
 • Bicameralismo.
 • Independência entre os Poderes, sendo mantida a repartição de 
Montesquieu.
 • Pleno exercício dos direitos sociais e individuais, como a promoção 
da liberdade, segurança, desenvolvimento, justiça, bem-estar 
social, separação da ordem econômica e da ordem social, assim 
como outros valores supremos.
Em nossos estudos, iremos tratar sobre a Constituição de 1988, 
assim, é importante só retratar as suas principais características e o 
cenário em que ela surgiu.
Direito Constitucional
28
De modo geral, podemos dizer que as constituições Brasileiras 
refletem um ciclo grande de influência das disputas políticas internas para 
a compreensão do fundamento do Estado e de sua soberaniatraduzida 
pelo ordenamento jurídico.
RESUMINDO:
Estudamos, neste capítulo, o cenário em que surgiram 
todas as Constituições que existiram no Brasil, até chegar-se 
à atual Constituição. Assim, estudamos sobre as seguintes 
constituições: a de 1824, que correspondeu à Constituição 
do Brasil Imperial; a de 1891, que trouxe o Brasil República; a 
de 1934, que trouxe a Segunda República; a de 1937, período 
em que foi instituído o Estado novo; a de 1946, que trouxe 
a redemocratização do país; a de 1967, que surgiu devido 
ao Regime Militar; por fim, a promulgação da Constituição 
de 1988. Cada Constituição trouxe as disposições que 
correspondiam aos desejos do seu governo, possuindo 
características principais particulares.
Direito Constitucional
29
Classificação das constituições
OBJETIVO:
Seguindo o estudo, no que diz respeito às constituições, 
você já deve ter ouvido falar que elas possuem uma 
classificação, certo? Diversos autores apontam uma 
classificação de forma diferente, assim, estudaremos aquela 
que é mais utilizada. Essa classificação é importante para 
entender sobre as normas que compõem a Constituição. 
Empolgados? Vamos lá!
Classificação das constituições
No que diz respeito à especificação dos tipos de constituição que 
podem ser identificados nos estudos desenvolvidos no âmbito do Direito 
Constitucional, encontram-se diversas classificações defendidas pelos 
mais variados doutrinadores. Neste capítulo, o que deve ser levado em 
consideração é que a classificação ocorre a partir de critérios específicos 
dispostos por Lenza (2018), nomeadamente:
 • Origem.
 • Modo de elaboração. 
 • Conteúdo.
 • Forma.
 • Alterabilidade.
Nessa linha de raciocínio, após entendermos o que vem a ser essa 
classificação, estudaremos como cada Constituição que existiu no Brasil 
foi classificada.
Direito Constitucional
30
Figura 3 – Classificação das Constituições 
Origem:
Promulgadas
Outorgadas
Alterabilidade:
Rígidas
Flexíveis
Semirrígidas
Elaboração:
Dogmáticas
Históricas
CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL
Forma:
Escritas
Não Escritas
Conteúdo:
Formal
Material
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Quanto à origem
O critério de origem das constituições dispõe que elas podem ser 
promulgadas ou outorgadas. Podemos, então, dizer que elas consistem 
em:
 • Promulgadas – Também chamadas de democrática, votada ou 
popular. Esse tipo tem como pressuposto essencial a participação 
popular, visto que será construída a partir da votação de uma 
Assembleia Nacional Constituinte, cujos membros foram eleitos 
por meio da realização de sufrágio para exercer as funções na 
referida Assembleia. Nesse sentido, Silva especifica que “são 
populares ou democráticas as constituições que se originam 
de um órgão constituinte composto de representantes do povo, 
eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer” (1999, p. 43).
Direito Constitucional
31
Desse modo, percebemos que o pressuposto essencial para a 
construção de uma constituição promulgada é a participação popular 
e, de fato, isso se torna possível quando existe a possibilidade de a 
população se inserir no contexto político.
 • Outorgadas – São o contrário das promulgadas. Nesses tipos de 
constituições, não existe a participação da população no decorrer 
do processo de elaboração do texto da Constituição e, portanto, 
será o próprio agente que detém o poder político que irá impor 
as determinações sem que haja a anuência da população. Esse 
tipo de Constituição não se coaduna com as especificações 
observadas em países democráticos, mas, sim, países que detêm 
uma visão política autoritarista.
Essas são as duas principais classificações quanto à origem das 
constituições.
Quanto ao modo de elaboração
Quando abordamos a classificação quanto ao modo de elaboração, 
queremos dizer que ela é classificada de acordo com a maneira como 
foi elaborado seu texto constitucional. Por isso, podem ser dogmáticas e 
históricas. Sobre elas, podemos afirmar, de acordo com Lenza (2018):
 • Dogmáticas – têm como principal objetivo a elaboração de um 
texto constitucional a partir de teorias e dogmas que prevalecem 
quando o documento está sendo estruturado.
 • Históricas – a Constituição elaborada resulta do processo 
evolutivo da história do Estado. A constituição histórica, a partir da 
perspectiva de Lenza, “é fruto de um lento e contínuo processo 
de formação ao longo do tempo e, portanto, reúne não apenas, a 
história, mas também os costumes do país” (2018, p. 41).
Importante destacarmos que os dogmas jurídicos se referem à 
introdução de valores sociais, permitindo que haja um cruzamento de 
duas coisas distintas das normas legais sem que seja necessário seguir o 
critério de hierarquia das normas.
Direito Constitucional
32
Quanto ao conteúdo 
A Constituição pode ter seu conceito formado tanto a partir do 
sentido da matéria quanto do sentido formal. Com relação a esses 
sentidos, vale reforçar, de acordo com Lenza (2018):
 • Sentido formal – Observa-se que a Constituição irá ter como 
pressuposto essencial a maneira como o texto constitucional se 
apresenta, ou seja, numa Constituição formal prevalece a maneira 
como ela é construída, e não, essencialmente, o conteúdo de suas 
normas. Portanto, compreende-se que uma Constituição só pode 
ser classificada como formal quando é apresentada de maneira 
solene em documento escrito a partir do exercício do poder 
constituinte e, ainda, só poderá sofrer algum tipo de modificação 
quando existir um processo próprio que permita a modificação.
 • Sentido material – A Constituição observa o seu conteúdo, e 
não a maneira como ela foi incorporada no texto constitucional. 
Dessa maneira, será observado, portanto, que mesmo as normas 
que fazem parte de uma constituição escrita, mas não possuem 
o caráter específico necessário, não poderão ser consideradas 
normas constitucionais.
Podemos destacar que a Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988 é eminentemente formal, visto que qualquer dispositivo 
previsto na constituição tem caráter constitucional e, portanto, só poderá 
ser modificado se atravessar um processo de modificação peculiar, o qual, 
no caso do Brasil, seria por intermédio de uma Emenda Constitucional.
Quanto à forma
Na classificação de acordo com a forma, as Constituições podem 
ser classificadas como escritas ou não escritas. Podemos, então, dispor 
as seguintes considerações com relação a essa classificação, de acordo 
com Lenza (2018):
 • Escritas – Segundo Lenza (2018), a classificação da Constituição 
como escrita é estabelecida por um complexo de normas 
que foram sistematizadas em um único documento. Ademais, 
Direito Constitucional
33
observa-se que as normas que compõem um sistema escrito 
são evidentemente fundamentais para a formação de um Estado. 
Desse modo, as Constituições escritas representam um conjunto 
de regras sistematizadas e organizadas em um único documento, 
estabelecendo as normas fundamentais de um Estado.
 • Não escritas – Nesse momento, vários questionamentos podem 
surgir no sentido de tentar compreender como é que uma 
Constituição pode não estar devidamente formalizada em algum 
texto específico, mas é o que ocorre, por exemplo, na Inglaterra, 
onde as normas constitucionais não estão dispostas em um 
documento único e formal. O que pode ser destacado nesse 
ponto é que são Constituições em que a utilização dos costumes, 
a jurisprudência e as normas internacionais preponderam. Assim, 
a característica marcante dessas constituições é que elas não 
trazem regras específicas em um único texto solene e codificado.
A maioria das Constituições é escrita, apresentando seus textos 
sistematizados e organizados em um documento único a partir das 
normas que são essenciais para o funcionamento do Estado de direito.
Quanto à alterabilidade
Essa classificação recebe diversos nomes de acordo com os 
doutrinadores que a sustentam, por exemplo,mutabilidade, estabilidade 
e consistência. No entanto, independentemente do nome que recebe, 
ela estabelece que as Constituições podem ser classificadas segundo a 
alterabilidade em rígidas, flexíveis e semirrígidas. No que diz respeito a 
essa classificação, Lenza (2018) indica:
 • Rígida – É aquela Constituição capaz de permitir modificações em 
seu texto a partir de medidas específicas e formais. Isso implica, 
necessariamente, a realização de um processo eminentemente 
complexo, que difere, contudo, do processo que se aplica na 
criação de legislação infraconstitucional.
Assim, de modo geral, as constituições rígidas exigem um processo 
legislativo bem mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o 
processo de alteração das normas não constitucionais (LENZA, 2018).
Direito Constitucional
34
 • Flexíveis – Nessa classificação de Constituição, existe a 
possibilidade de modificação do texto constitucional por meio do 
mesmo processo que se destina à criação de uma lei ordinária.
Dessa forma, nas constituições flexíveis, para seu processo de 
modificação, é utilizada a mesma regra que se emprega para a alteração 
de leis que não são constitucionais.
Como podemos observar, quando se é utilizada a constituição do 
tipo flexível, quer dizer que não haverá hierarquia entre a constituição 
e a lei infraconstitucional. Como exemplo, podemos dizer que, se uma 
lei infraconstitucional vier, posteriormente, a alterar texto constitucional, 
declarando expressamente essa alteração, ela é válida.
 • Semirrígida – Existe a inclusão das duas formas apresentadas 
anteriormente e, portanto, o processo de mudança no texto 
constitucional para questões consideradas materialmente 
constitucionais só pode ocorrer por meio de um procedimento 
rigoroso. Além do mais, as demais questões tratadas no documento 
constitucional podem ser modificadas a partir de um processo 
padrão que estabelece a criação de uma lei ordinária.
IMPORTANTE:
A Constituição semirrígida é tanto flexível quanto rígida, 
pois algumas matérias exigem um processo de alteração 
mais dificultoso do que aquele exigido para as normas 
infraconstitucionais, enquanto outras não requerem essa 
formalidade.
Como a forma semirrígida é mais difícil de ser visualizada, podemos, 
então, trazer como exemplo dessa classificação a Constituição Imperial 
de 1824, a qual, em seu art. 178, retratava que:
É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e 
atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos 
Políticos, e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é 
Constitucional, pode ser alterado, sem as formalidades 
referidas, pela Legislaturas ordinárias. (BRASIL, 1824)
Direito Constitucional
35
As constituições que vigoraram no Brasil e 
a sua classificação
Sabemos que o Brasil possuiu várias Constituições até chegar na 
que temos em vigência atualmente. Assim, sabendo da classificação 
acima mencionada, cabe a nós discutir em que consiste a classificação 
de cada uma das constituições que já vigoraram no Brasil.
Constituição de 1824:
 • Quanto à origem – outorgada.
 • Quanto ao modo de elaboração – dogmática.
 • Quanto ao conteúdo – material.
 • Quanto à forma – escrita.
 • Quanto à alterabilidade – semirrígida.
Constituição de 1891:
 • Quanto à origem – promulgada.
 • Quanto ao modo de elaboração – dogmática.
 • Quanto ao conteúdo – formal.
 • Quanto à forma – escrita.
 • Quanto à alterabilidade – rígida.
Constituição de 1934:
 • Quanto à origem – promulgada.
 • Quanto ao modo de elaboração – dogmática.
 • Quanto ao conteúdo – formal.
 • Quanto à forma – escrita.
 • Quanto à alterabilidade – rígida.
Direito Constitucional
36
Constituição de 1937:
 • Quanto à origem – outorgada.
 • Quanto ao modo de elaboração – dogmática.
 • Quanto ao conteúdo – formal.
 • Quanto à forma – escrita.
 • Quanto à alterabilidade – rígida. 
Constituição de 1946:
 • Quanto à origem – promulgada.
 • Quanto ao modo de elaboração – dogmática.
 • Quanto ao conteúdo – formal.
 • Quanto à forma – escrita.
 • Quanto à alterabilidade – rígida.
Constituição de 1967:
 • Quanto à origem – outorgada.
 • Quanto ao modo de elaboração – dogmática.
 • Quanto ao conteúdo – formal.
 • Quanto à forma – escrita.
 • Quanto à alterabilidade – rígida. 
Constituição de 1969:
 • Quanto à origem – outorgada.
 • Quanto ao modo de elaboração – dogmática.
 • Quanto ao conteúdo – formal.
 • Quanto à forma – escrita.
 • Quanto à alterabilidade – rígida.
Direito Constitucional
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Constituição de 1988:
 • Quanto à origem – promulgada.
 • Quanto ao modo de elaboração – dogmática.
 • Quanto ao conteúdo – formal.
 • Quanto à forma – escrita.
 • Quanto à alterabilidade – rígida. 
Assim, como podemos observar, a maior diferença da classificação 
das constituições é de acordo com a sua origem, isso porque, durante 
a história do Brasil, deparamo-nos com momentos em que a vontade 
de quem estava no poder emanava e, assim, surgiam as constituições 
outorgadas. Entretanto, o povo sempre lutou pelos seus interesses e é 
nesse cenário que as constituições promulgadas vieram a ganhar sua vez.
Hoje, temos uma Constituição que surgiu da vontade de povo. Ela, 
inclusive, é conhecida como a Constituição Cidadã, pois contém todos os 
direitos e deveres dos cidadãos, como também dos entes políticos que 
compõem o nosso país.
A Constituição Federal de 1988 é promulgada, pois foi pensada 
em conjunto com um sistema social democrático, visto que, após quase 
20 anos de ditadura e com a manifestação da população por meio dos 
atos representados pelas Diretas Já, surge, inevitavelmente, um aumento 
significativo da participação popular nas decisões do governo. Essa 
participação foi sedimentada por intermédio da criação de uma comissão 
própria de estudos constitucionais cujo objetivo era realizar pesquisa 
acerca dos interesses da população brasileira e, em seguida, apresentar 
soluções fundamentais para que as necessidades fossem integradas no 
trabalho a ser desenvolvido pela Assembleia Nacional Constituinte.
Sendo assim, não se pode olvidar a grande responsabilidade que 
não apenas os governantes mas também toda a sociedade possuem no 
que tange ao respeito e à motivação da democracia. É essencial, portanto, 
respeitar todos os preceitos estabelecidos pela Constituição, não apenas 
por ser uma carta suprema, mas essencialmente por favorecer uma 
ordem jurídica fundamental de um Estado.
Direito Constitucional
38
RESUMINDO:
Estudamos, neste capítulo, sobre a classificação dos tipos 
de constituições, vendo que elas podem ser divididas das 
seguintes formas: de acordo com sua origem, podendo 
ser promulgadas ou outorgadas; de acordo com o modo 
de sua elaboração, que pode ser dogmática ou histórica; 
também de acordo com o seu conteúdo, podendo ser 
formal ou material; de acordo com sua forma, na qual ela 
é dividida em escritas ou não escritas; e, por fim, de acordo 
com sua alterabilidade, podendo ela ser rígida, flexível 
e semirrígida. Assim, depois de estudar a classificação 
existente, podemos ver como cada Constituição que fez 
parte do Brasil é classificada.
Direito Constitucional
39
O poder constituinte
OBJETIVO:
Esse capítulo se dedicará a explicar o que vem a ser o 
Poder Constituinte. Você já ouviu falar sobre ele? Sabe do 
que se trata? Estudaremos seu conceito, como também a 
sua classificação e em que ela consiste, sendo apontadas 
as suas principais características. Prontos? Vamos lá!
Barroso (2019), ao tratar de Poder Constituinte, observa que, assim 
como a Constituição surge historicamente antes de uma conceituação 
enquanto fenômeno, o mesmo ocorre com o Poder Constituinte, ou seja, 
existindo uma organização política, haverá uma força inicial que constituiu 
aquela organização, conferindo-lhe uma forma, normas e instituições. 
No mesmo sentido, Barroso (2019) aponta que a teoria constituinte 
perpassa pela estruturação do próprio Estado modernoe do 
constitucionalismo moderno, passando, portanto, pela soberania e pela 
legitimidade política.
Sabendo disso, o que vem a ser o Poder Constituinte?
Podemos dizer que o Poder Constituinte “trata-se do poder de 
elaborar e impor a vigência de uma Constituição. Situa-se ele na confluência 
entre Direito e Política, e sua legitimidade repousa na soberania popular” 
(BARROSO, 2019, p. 117).
Mas quem é o titular desse poder?
A titularidade do Poder Constituinte é a Nação, uma vez que tem 
ligação com a ideia de soberania (MORAIS, 2019). Na modernidade, por 
outro lado, entende-se que a titularidade do Poder Constituinte pertence 
ao povo (LENZA, 2018).
O Poder Constituinte é dividido em originário, derivado, difuso e 
supranacional, como podemos observar na figura a seguir:
Direito Constitucional
40
Figura 4 – Esquema do Poder Constituinte 
Derivado
Difuso
Supranacional
Reformador
Decorrente
Revisor
Histórico
Revolucionário
Originário
Decorrente 
inicial
Decorrente de 
revisão Estadual
Poder 
Constituinte
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Sabendo dessa divisão, vamos então estudar em que consiste cada 
um desses elementos.
Poder Constituinte originário
Lenza conceitua o Poder Constituinte originário como “aquele que 
instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem 
jurídica precedente” (LENZA, 2018, p. 209).
Nesse sentido, Morais (2019) pontua que há Poder Constituinte 
tanto na criação da Constituição pela primeira vez em um Estado quanto 
na criação de uma nova Constituição posterior àquela. A esse respeito, 
é possível classificá-los como: Poder Constituinte histórico – quando 
se trata da primeira Constituição; e Poder Constituinte revolucionário – 
quando referente àquelas posteriores (MORAIS, 2019).
Embora o poder constituinte originário não esteja condicionado a 
nenhuma forma, pelas experiências da própria história, podemos dizer 
que o Poder originário será exercido mediante Assembleia Nacional 
Constituinte (também chamada de convenção) ou por meio da outorga, 
em razão de um movimento revolucionário (MORAIS, 2019).
Direito Constitucional
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Exemplo: A primeira Constituição do Brasil foi a de 1824. Ela decorreu 
de um movimento popular, mas foi outorgada. Já a Constituição de 1891, 
por exemplo, foi resultado de uma Assembleia Nacional Constituinte, 
sendo assim, promulgada.
Enquanto na outorga prevalece a vontade unilateral, na Assembleia 
há a vontade deliberada a partir de representação popular (MORAIS, 2019).
O Poder Constituinte originário, de acordo com Lenza (2018), possui 
as seguintes características:
 • Inicial – Instaura uma nova ordem jurídica e tem como base da 
nova ordem a Constituição.
 • Autônomo – A estrutura e as normas da nova Constituição serão 
assentadas por quem está no exercício do Poder Constituinte, 
sendo também considerado autossuficiente, pois ele haure a sua 
força em si mesmo, não se vinculando a prescrições jurídico-
positivas para embasá-lo.
 • Ilimitado – Não tem dever de respeito à norma anterior.
 • Incondicionado e soberano – Devido à potência que atua no 
período de elaboração constitucional, ele corresponde à forma 
de todas as formas, não estando subordinado a nenhuma forma 
preestabelecida para manifestação de sua vontade constituinte.
 • Latência – É um poder atemporal, latente, contínuo, devido ao fato 
de encontrar-se pronto para ser acionado a qualquer momento.
 • Poder de fato e político – Possui uma força social e, portanto, que 
antecede a nova ordem jurídica, a qual será manifestada por meio 
do Poder Constituinte, resultando na criação da Constituição.
 • Permanente – Não se esgota na elaboração da Constituição.
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Figura 5 – Características do Poder Constituinte originário 
Inicial
Autônomo
Ilimitado
Incondicionado
Latência
Poder de fato e de direito
Poder 
Constituinte 
Derivado
Permanente
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
A doutrina ainda classifica o Poder constituinte em originário formal 
e material. A distinção entre essa classificação consiste em: formal é o ato 
de criação, o qual reveste o complexo normativo com status constitucional; 
e material diz respeito justamente à substância daquilo que é norma 
constitucional. Assim, o material é anterior ao formal (LENZA, 2018).
Poder Constituinte derivado
Sabendo o que vem a ser o Poder Constituinte originário, cabe-nos, 
então, perguntar: em que consiste o Poder Constituinte derivado?
É apontado por Bulos que o Poder Constituinte Derivado é aquele 
que “altera, formalmente, a constituição” (2018, p. 409). 
O Poder Constituinte derivado, como o próprio nome indica, está 
inserido na Constituição e dela decorre. Desse modo, conhece limitações 
expressas na própria Constituição, sendo passível de controle de 
constitucionalidade (MORAIS, 2019).
Direito Constitucional
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O Poder Constituinte derivado possui uma divisão, a qual, de acordo 
com Morais (2019), consiste em:
Figura 6 – Poder Constituinte derivado 
PODER 
CONSTITUINTE 
DERIVADO
RevisorReformador
Decorrente
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
 • Reformador – traduz a possibilidade de alterar a Constituição por 
meio de um procedimento especial, solene e específico para a 
reforma, especificações contidas na própria Constituição.
Essa característica mais solene para reforma é própria daqueles 
Estados que possuem constituições rígidas, a exemplo do Brasil, em que 
só se pode alterar a Constituição mediante um procedimento formal e mais 
complexo do que para a elaboração de leis ordinárias ou complementares. 
Esse processo está descrito nos artigos 59 e 60 da Constituição Federal. 
SAIBA MAIS:
Saiba o que dispõem os artigos 59 e 60 da Constituição 
Federal acessando este link.
A Constituição Brasileira pode ser modificada mediante Emenda 
Constitucional, observado limites, tais como quórum, votação em cada 
Casa, além das cláusulas pétreas.
 • Decorrente – ele é conceituado como a oportunidade que os 
Estados-Membros possuem devido a sua autonomia político-
administrativa de se auto organizarem por meio das suas próprias 
constituições estaduais, devendo sempre ser respeitadas as 
normas limitativas estabelecidas na Constituição Federal.
Direito Constitucional
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
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Lenza (2018), seguindo a Classificação de Anna Ferraz, divide o 
Poder constituinte derivado decorrente em duas modalidades: a primeira 
seria o decorrente inicial, aquele que elabora a constituição estadual; e a 
segunda seria decorrente de revisão estadual, na qual há uma finalidade 
de modificação da Constituição Estadual, seguindo os limites da própria 
Constituição Estadual e da Federal.
IMPORTANTE:
Nos municípios, não há manifestação do Poder Constituinte 
derivado decorrente, pois, para os municípios, há a 
elaboração de uma Lei orgânica, o mesmo ocorre para os 
territórios federais, os quais integram a União e não possuem 
uma autonomia federativa, não existindo manifestação de 
poder derivado decorrente (LENZA, 2018).
 • Revisor – Primeiramente, devemos destacar que a revisão não 
é necessariamente um poder, pois ela está limitada ao poder 
Constituinte originário.
No artigo 3º das Disposições Transitórias, foi estabelecido que a 
revisão poderia ocorrer após cinco anos da promulgação da Constituição 
por meio de uma votação da maioria do Congresso em uma sessão 
unicameral. O exercício do poder revisor somente pode ocorrer uma 
única vez. O Poder revisor diz respeito justamente a uma revisão e ou 
atualização. Contudo, na Constituição Brasileira, apesar de aparentar ser 
mais simplificado do que o caso do Poder reformador, vale ressaltar que 
o poder revisor é mais condicional e temporal que os demais modos do 
Poder derivado.
Poder Constituinte difuso
O que vem a ser o Poder Constituinte difuso? 
Um dos doutrinadores que o conceitua é Bulos, definindo o 
Poder Constituinte difusocomo “aquele que atua na etapa da mutação 
constitucional. É chamado de difuso porque não vem formalizado nas 
constituições. Mesmo assim, está presente na vida dos ordenamentos 
jurídicos” (BULOS, 2018, p. 435).
Direito Constitucional
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DEFINIÇÃO:
Barroso (2019) define mutação constitucional como uma 
alteração do significado de uma certa norma constitucional, 
sem que haja observância do mecanismo previsto 
constitucionalmente para as emendas e, além disso, sem 
que tenha havido qualquer modificação de seu texto. Esse 
novo sentido ou alcance da norma constitucional pode 
decorrer de uma alteração na realidade fática ou de uma 
nova concepção que o Direito começa a ter, assim, consiste 
em uma releitura do que deve ser considerado ético ou justo.
Um exemplo de mutação constitucional presente na atualidade 
é o que diz respeito à possibilidade do casamento homoafetivo, que foi 
autorizado em 2011 pelo Supremo Tribunal Federal. No que diz respeito à 
natureza, Bulos (2018) classifica o Poder Constituinte Difuso como sendo 
um poder de fato, pois decorre do fato social, político e econômico.
Ainda, é destacado por Lenza (2018) que, na alteração por meio 
do poder difuso, não há uma modificação do texto, mas um processo 
informal, o qual resulta em uma alteração no sentido da interpretação 
do texto. As características principais do Poder Constituinte difuso são 
apontadas por Bulos (2018):
 • Latência – Poder que somente aparece quando necessário, sendo 
exercido por aqueles a quem compete aplicar a constituição.
 • Permanência – Atuação permanente, embora não seja 
expressamente prevista.
 • Informalidade – Não se enquadra nem no poder originário nem no 
poder derivado, mas decorre de um processo informal.
 • Continuidade – Geralmente, aparece em razão de uma lacuna 
que será, por meio de um processo informal, preenchida, dando 
continuidade à obra do Constituinte.
Dessa forma, podemos dizer que a principal manifestação do Poder 
difuso é, sem dúvidas, a mutação constitucional, no entanto o estudo 
profundo dessa modalidade cabe melhor quando compreendida a 
hermenêutica constitucional.
Direito Constitucional
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Poder Constituinte supranacional
Por fim, cabe-nos estudar o que vem a ser o Poder Constituinte 
supranacional. Você já ouviu falar nele? Lenza aponta que “O Poder 
constituinte supranacional busca a sua fonte de validade na cidadania 
universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de 
integração e em um conceito remodelado de soberania” (2018, p. 225).
Ainda, é acrescentado por Bulos (2018) que o Poder supranacional 
almeja romper as fronteiras dos Estados em nome de uma integração, 
alcançando, assim, uma comunidade de nações. Essa ideia de 
supranacionalismo, também chamada de transnacional, está diretamente 
ligada à metaconstitucionalidade. É exemplo de uma metaconstituição, 
segundo Bulos (2018), a Constituição da União Europeia. No entanto, o 
tema ainda está em debate e certamente passará por muitos formatos até 
que haja uma consolidação, principalmente porque lida com a ideia de 
um constitucionalismo global.
RESUMINDO:
Estudamos, neste capítulo, a definição de Poder Constituinte, 
sendo ele o poder de elaborar e impor a vigência de uma 
Constituição. Situa-se na confluência entre Direito e Política, 
e sua legitimidade repousa na soberania popular. O Poder 
Constituinte é dividido em: originário, derivado, difuso e 
supranacional. O Poder originário é aquele que instaura 
uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com 
a ordem jurídica precedente. O Poder derivado é aquele 
que altera formalmente a Constituição. O Poder difuso 
é aquele que atua na etapa da mutação constitucional, 
é chamado de difuso porque não vem formalizado nas 
constituições, mas, mesmo assim, está presente na vida 
dos ordenamentos jurídicos. O Poder supranacional busca 
sua fonte de validade na cidadania universal, no pluralismo 
de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em 
um conceito remodelado de soberania. Assim, concluímos 
os nossos estudos.
Direito Constitucional
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REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
BARROSO, R. l. Curso de Direito Constitucional contemporâneo: 
os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: 
Saraiva Educação, 2019.
BRASIL. Constituição Política do Império do Brasil de 25 de março 
de 1824. Constituição Política do Império do Brasil. Rio de Janeiro, RJ: 
Imperador D. Pedro I, [1824]. Disponível em: https://bit.ly/3C9xF0p. Acesso 
em: 08 nov. 2020.
BULOS, U. L. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2018.
LENZA, P. Direito Constitucional esquematizado. São Paulo: Método, 
2007.
LENZA, P. Direito Constitucional esquematizado. São Paulo: Saraiva, 
2018.
MASSON, N. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm, 
2015.
MORAIS, A. de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2019.
SILVA, J. A. da. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 
1999.
TAVARES, A. R. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 
2012.
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