Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Treinamento Esportivo Professor Dr. Francisco de Assis Manoel Professor Dr. Bruno Pereira Melo Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira 2022 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2022 Os autores Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Per- mitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M285t Manoel, Francisco de Assis Treinamento esportivo / Francisco de Assis Manoel, Bruno Pereira Melo. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 100 p. : il. Color. 1. Educação física . 2. Treinamento (Atletismo). I. Melo, Bruno Pereira. II. Centro Universitário UniFatecie. III. Núcleo de Educação a Distância. IV. Título. CDD : 23 ed. 796.07 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Prof. Dr. Francisco de Assis Manoel ● Doutor em Educação Física na linha de pesquisa: ajustes e respostas fisiológi- cas e metabólicas ao exercício físico, pela Universidade Estadual de Maringá (PEF- UEM/UEL); ● Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (PEF- UEM/UEL); ● Graduado em Educação Física Bacharelado (Universidade Federal de Lavras); ● Graduado em Educação Física Licenciatura (Universidade Cesumar); ● Integrante do Grupo de Estudos em Fisiologia do Exercício Aplicada a Humanos (GEFEAH) (Universidade Estadual de Maringá); ● Integrante do Grupo de Estudos de Unidade de Análises em Condições Am- bientais e Desempenho Aeróbio (Uacamda) (Universidade Federal de Santa Catarina); ● Faz parte do corpo docente do curso de Educação Física da Universidade Federal de Lavras (UFLA); ● Professor formador e mediador do curso de Educação Física Licenciatura e Ba- charelado, na modalidade a distância, na Universidade Cesumar (Unicesumar); ● Treinador de Atletismo nível 1 pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT). ● Treinador de Ciclismo nível 1 pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). Tem experiência nas áreas: respostas fisiológicas e metabólicas advindas da prática de exercícios, controle e prescrição do exercício físico (treinamento de endurance). Fatores determinantes da aptidão aeróbia, fisiologia do exercício aplicada ao treinamento esportivo, iniciação esportiva e atletismo. Link para acesso ao Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1191463936540589 http://lattes.cnpq.br/1191463936540589 Prof. Dr. Bruno Pereira Melo ● Doutor em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); ● Mestre em Educação Física na linha de pesquisa: ajustes e respostas fisioló- gicas e metabólicas ao exercício físico pela Universidade Estadual de Maringá (PEF - UEM / UEL); ● Especialista em Fisiologia Humana pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) ● Graduado em Educação Física Licenciatura (Universidade Federal de Lavras); ● Pesquisador colaborador na Unité de Recherche Pluridisciplinare, Sport, Santé, Societé (UReSSSP, Eurasport France) da Université de Lille (França); ● Integrante do Grupo de Estudos em Termorregulação, Metabolismo e Exercício Físico (Universidade Federal de Minas Gerais); ● Professor formador e mediador de cursos de atualização e capacitação profis- sional na área de treinamento físico e esporte; Tem experiência nas áreas: Fisiologia Humana e do Exercício, Bioestatística, Imu- nologia, Saúde Coletiva, Metodologia do Treinamento Físico, Medidas e Avaliação Física, Nutrição Esportiva, Metodologia da Pesquisa, Anatomia Humana, Exercício Físico e Popu- lações Especiais, Esportes individuais e coletivos. Link para acesso ao Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3413569717288466 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de “Treinamento Esportivo”! Ao se ouvir falar em treinamento esportivo, na maioria das vezes ele é apenas, associado a melhoria do desempenho de atletas em determinada modalidade esportiva. E afinal o que é o treinamento esportivo? Ele realmente se restringe apenas a melhoria do desempenho dos atletas? E o que a maioria das pessoas pensam: será que existe uma receita para a prescrição do treinamento esportivo? Essas e outras perguntas serão respondidas ao longo da apostila. Para isso, convido você a aprofundar o estudo nessa disciplina complexa, pois ela envolve diferentes aspectos, exigindo que o futuro trei- nador tenha um domínio do conteúdo científico e prático para que possa aplicar de maneira correta os princípios do treinamento e obtenha êxito com o seu programa de treinamento. Nesta apostila você irá estudar o treinamento esportivo por meio de diferentes aspectos, ou seja, percorreremos o processo histórico do treinamento esportivo, conhe- cendo os seus princípios e métodos, até chegarmos no planejamento e aplicação de um programa de treinamento. Para isso, este material está dividido em quatro unidades, sendo a primeira delas intitulada de “Introdução ao Treinamento Esportivo”, você irá voltar um pouco no tempo e conhecerá um pouco mais sobre a História do treinamento esportivo no Brasil e no mundo, aprenderá sobre os conceitos e princípios do treinamento esportivo e sua aplicabilidade e sobre cargas de treinamento. Na Unidade II, falaremos sobre as capacidades físicas, os seus conceitos, caracte- rização e como treiná-las, assim como o condicionamento físico geral. Na Unidade III, conhecerá como é feito a organização do treinamento a partir do processo de avaliação: olhares para diferentes populações, aprenderá como estruturar e organizar o treinamento a partir dos modelos de periodização e estudará treinamentos com carga e suas combinações. Por fim, na Unidade IV, você estudará o Treinamento esportivo em diversas popula- ções como: em crianças, adolescentes, idosos, populações especiais e vai saber sobre os avanços científicos e tecnológicos na área do treinamento esportivo. Caro(a) aluno(a), com esta disciplina e todo o conhecimento contido nela, estamos dando mais um passo em direção à formação profissional em Educação Física. Espero que, ao concluir seus estudos, você seja capaz de refletir acerca das temáticas abordadas e atuar autonomamente em diferentes vertentes do treinamento esportivo. Desejamos a você ótimos estudos! SUMÁRIO UNIDADEI ...................................................................................................... 3 Introdução ao Treinamento Esportivo UNIDADE II ................................................................................................... 30 Capacidades Físicas e o Treinamento UNIDADE III .................................................................................................. 48 Treinamento Esportivo: Como Planejar UNIDADE IV .................................................................................................. 70 Treinamento Esportivo: Possibilidades 3 Plano de Estudo: ● História do treinamento esportivo no Brasil e no mundo; ● Conceitos do treinamento esportivo; ● Princípios do treinamento esportivo e sua aplicabilidade; ● Carga de treinamento: componentes, adaptações e aplicação. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e conhecer o percurso histórico do Treinamento Esportivo no Mundo e no Brasil; ● Descrever as características e aplicabilidades do treinamento esportivo; ● Conceituar e conhecer os diferentes tipos de carga de treinamento. UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo Professor Dr. Francisco de Assis Manoel Professor Dr. Bruno Pereira Melo 4UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo INTRODUÇÃO Olá, aluno(a), seja-vindo à primeira unidade da nossa apostila de Treinamento Esportivo! Em algum momento você já deve ter em algum momento ouvido falar ou partici- pado de algum programa de Treinamento Esportivo. Nesta unidade, você conhecerá um pouco da origem do treinamento esportivo no âmbito mundial e nacional, e isso trará uma interpretação da evolução do treinamento esportivo ao longo da história para compreender como ele é prescrito e aplicado hoje. Além disso, falaremos sobre as características conceitos mais gerais do treinamen- to esportivo, assim como os seus princípios que são treinamento fundamentais para que os treinadores levem em consideração na hora de montar os programas de treinamento. Por fim, estudaremos sobre as cargas de treinamento, como e por que controlá- -las, pois a utilização das mesmas da maneira correta irá minimizar os riscos de lesões e adaptações negativas ao treinamento e poderá proporcionar um maior sucesso a partir do programa planejado. O conhecimento destes conceitos possibilitará que você, aluno(a), compreenda que o resultado no treinamento é proveniente da interação de diversas disciplinas devendo respeitar cada um dos princípios –– os quais fornecerão subsídios e ferramentas para o desenvolvimento físico e esportivo dos praticantes de alguma modalidade esportiva, inde- pendente do nível, possam melhorar o desempenho e alcançar o objetivo desejado. Se prepare, iremos iniciar nossa caminhada pelas estações do treinamento esportivo! 5UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 1. HISTÓRIA DO TREINAMENTO ESPORTIVO NO BRASIL E NO MUNDO A origem do treinamento esportivo tem suas bases fundamentadas na cultura grega, e sua evolução ao longo do tempo surgiu de maneira gradativa de acordo com o período em que encontrava, organizando dessa forma os diferentes métodos de treinamento (ANDRA- DE; ROCHA; CALDAS, 1978; HERNANDES JR, 2002). É possível observar até hoje alguns tipos de treinamentos ou modelos utilizados naquela época da Grécia antiga, porém muita coisa foi mudada e aperfeiçoada para chegar no modelo atual de cada modalidade. Naquela época havia uma preparação geral com- posta de corridas, marchas, jogos, lutas, danças e uma preparação específica, utilizava-se sacos de areia, pesos e pedras como sobrecargas. Além disso, eles realizavam uma rotina de quatro dias, que eram os chamados tetras. Em uma classificação mais recente, a evolução do treinamento desportivo pode ser dividida em sete fases para melhor compreensão: 1) Período do Empirismo; 2) Perío- do da Improvisação; 3) Período da Sistematização; 4) Período Pré-Científico; 5) Período Científico; 6) Período Tecnológico 7) Período do Mercantilismo Desportivo (ALMEIDA et al., 2000). Para a descrição de cada um dos períodos será utilizada as referências dos autores (ALMEIDA et al., 2000; TUBINO, 1979; HERNANDES JR, 2002). 6UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 1.1 Período do Empirismo Duração: inicia com os métodos arcaicos de preparação física das antigas civilizações; Finaliza: até o surgimento do Renascimento (século XV). Nesse período o treinamento foi tendo contribuições ao longo do tempo, surgindo na pré história, onde o homem utilizava movimentos básicos para sobrevivência. Depois vimos uma grande contribuição dos povos gregos e romanos para esse período Este período inicia-se com os métodos arcaicos de preparação física das antigas civilizações, embora o treinamento realizado de maneira totalmente empírica, começa a ter um entendimento da aproximação com o treinamento empregado nos dias atuais, utilizando o aquecimento, a parte principal e a volta à calma com a realização de massagem no final das sessões de treinamento e finaliza com o Renascimento que busca do conhecimento passou a ser postulamos. 1.2 Período da Improvisação Duração: inicia com o Renascimento (século XV) Finaliza: com a I Olimpíadas da Era Moderna (Atenas - 1896) Esse período teve influência de duas tendências metodológicas: a inglesa que consistia em um predomínio do treinamento baseado na quantidade diária (corridas de longa duração). Por outro lado, influenciados por esse método, a concepção de treinamento norte-americano levava em consideração a divisão em distâncias mais curtas, com perío- dos de recuperação (ALMEIDA; DE ALMEIDA; GOMES, 2000). Entretanto, neste período o treinamento não era individualizado, fazendo com que todos os atletas vivenciassem o mesmo tipo de treinamento, saindo vitoriosos das competições os atletas que tivessem maior recurso pessoal (TUBINO; MOREIRA, 2003). 1.3 Período da Sistematização Duração: inicia com as I Olimpíadas da Era Moderna (Atenas - 1896) Finaliza: nas XI Olimpíadas (Berlim - 1936). Neste período, evidencia-se a necessidade de planejar previamente o ordenamento e controle as cargas de trabalho a serem ministradas durante o treinamento, estabelecendo- -se pontos básicos e caminhos a seguir em direção a uma meta previamente estabelecida. (DANTAS, 2003; TUBINO e MOREIRA, 2003). 7UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo As mudanças no treinamento dessa época tiveram influências do sistema finlan- dês, com característica multilateral possuindo um planejamento racional e sistemático, ca- racterizado pela introdução do método de treinamento de velocidade para meio-fundistas, treinamentos com aumento no volume e na intensidade, aplicação de distâncias curtas e intensas com períodos longos de recuperação, esse último, proposto como “treinamento intervalado” e por fim, Incrementar significativamente tanto a quantidade como também a qualidade dos treinamentos. Esse período também foi marcado pela contribuição alemã propondo o desenvol- vimento de um treinamento de resistência que não era baseado em distâncias longas, mas sim em distâncias curtas, com grande intensidade, seguidas por um período de re- pouso. E ainda nesse período teve a contribuição sueca, desenvolvendo dois métodos de treinamento, Fartlek e Valadalen, muito populares que são utilizados até hoje. O fartlek parte da premissa de que os atletas devem realizar trabalhos relativamente prolongados evitando o contato direto com os locais de competição em seus treinamentos, utilizando bosques, campos, dentre outros locais, com distâncias compostas por subidas, descidas e alternâncias das corridas rápidas e lenta (ALMEIDA; DE ALMEIDA; GOMES, 2000). Já o método Valadalen também utiliza terrenos naturais, mas com altos graus de dificuldade, baseando-se em um trabalho com uma maior intensidade. 1.4 Período Pré-científico Duração: inicia com as XI Olimpíadas (Berlim - 1936) Finaliza: nas XIV Olimpíadas (Londres- 1948). Este período caracteriza-se pelo surgimento das primeiras tentativas de experimentos científicos relacionados com a preparação física, mas estes foram prejudicados pela falta de recursos financeiros, já que todos estes foram voltados para a II Guerra Mundial. Mas isto não impediu o surgimento de trabalhos na área do treinamento desportivo, surgindo com mais evidência as tendências alemã, tcheca e húngara (ALMEIDA; DE ALMEIDA; GOMES, 2000). A tendência alemã que marcava o retorno dos treinamentos na pista próxima às competições importantes, com sessões mais curtas, incluindo o treinamento de velocidade e com controle de tempo. Posteriormente surgiram outras contribuições importantes do sistema alemão a ordenação de todos os sistemas de trabalho, classificando-os de acordo com seus objetivos; b) Proposição de tabelas de treinamento; c) Organização de toda uma temporada de treinamento. A tendência checa contribuiu para o surgimento do treinamento intervalado com o qual Zatopek, surpreenderia o mundo desportivo da época com resulta- 8UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo dos considerados fantásticos, uma diminuição nas distâncias empregadas anteriormente; utilização de elevado número de repetições. Já o sistema húngaro propôs o treinamento individualizado (surgimento do princípio da individualidade biológica), na qual deveria levar em consideração as características hereditárias dos atletas (ALMEIDA; DE ALMEIDA; GOMES, 2000). 1.5 Período Científico Duração: inicia com as XIV Olimpíadas (Londres - 1948) Finaliza: nas XXI Olimpíadas (Munique - 1972). Tendo os seus fundamentos no período pré-científico, este período caracteriza-se pela enorme multiplicação de laboratórios que pesquisam sobre o esforço físico, e se cons- tituindo em três grandes tendências desportivas. Constitui-se de três grandes tendências desportivas, a Australiana (defendia a teoria de que para se adquirir resistências geral e específica, são necessários trabalhos prolongados e extensos e nunca esforços rápidos e breves) (HEGEDUS, 1969; FERNANDES, 1981). Na tendência Neozelandesa Arthur Ly- diard procurou extrair os pontos fortes do treinamento de intervalos e do treinamento de du- ração, fazendo uma mescla dos dois sistemas. De acordo com a temporada de competição no país, o ano competitivo, o treinamento poderia ser dividido em etapas, cada uma com o seu objetivo específico: Etapa Pós-competitiva, Etapa de competições nacionais de cross- -country, Etapa de Treinamento da Maratona, Etapa de treinamento em terrenos variados, Etapa de treinamento em estradas, Etapa de treinamento em pista. E a tendência Alemã é marcada por aprofundar os estudos relacionados ao treinamento intervalado, devido aos impressionantes resultados obtidos por Zatopek. Gerschler e colaboradores realizaram vá- rias investigações clínicas-médicas, observando as alterações fisiológicas ocorrentes nos atletas quando submetidos a diferentes variações desta forma de treinamento. Gerschler modificou o tipo de treinamento intervalado, reduzindo as distâncias utilizadas por Zatopek que eram de 200 – 400m para 100-200m, aumentando assim o número de repetições e encurtando as pausas entre os esforços. Além disso, defendia a teoria dos treinamentos intervalados, pois um maior benefício do treinamento era produzido durante as pausas e não durante os esforços. Por esse motivo, essas fases intermediárias entre cada esforço (corrida) foram denominadas de “pausas ativas ou proveitosas”, o que levou o método a ser chamado de treinamento de intervalos ou interval-training. A partir desse embasamento fisiológico, o método passou a ter significado científico. Neste período também, foi onde se registrou pela primeira vez o uso de computadores e os estudos biomecânicos das provas de natação e atletismo. 9UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 1.6 Período Tecnológico Duração: inicia com as XXI Olimpíadas (Munique - 1972) Finaliza nas XXV Olimpíadas (Barcelona - 1992). Foi nítido a contribuição do período científico para a melhoria dos resultados es- portivos que se projetavam para um constante crescimento, devido ao surgimento de uma metodologia de treinamento com bases científicas. Além da contribuição científica para evolução do desempenho, a evolução da tecnologia dos equipamentos e das vestimentas dos atletas de alto rendimento e pelo aparecimento de formas diferenciadas de preparação dos atletas, também contribuíram para que esse processo acontecesse. tendo evidenciadas as tendências saxônica, socialista, européia-ocidental e asiática de treinamento desportivo. De acordo com Almeida, De Almeida, Gomes (2000), a partir desse momento os meios esportivos passaram a utilizar de acordo com suas tradições, as mais variadas formas de pesquisas que pudessem trazer algum benefício em prol do desporto de competição. Iniciou-se assim uma nova etapa dentro do processo de evolução do treinamento, com o aparecimento de diferentes filosofias orientando de formas diferenciadas as direções quando da preparação dos atletas. 1.7 Período Mercantilismo Esportivo Duração: inicia com as XXV Olimpíadas (Barcelona - 1992) e dura até hoje. Nesse período, o esporte atingiu um patamar de ser uma das formas mais eficien- tes para divulgação do nome e marca de seus anunciantes e patrocinadores, permitindo a aproximação dos clientes e do mercado (ALMEIDA; DE ALMEIDA; GOMES, 2000). Além disso, é atribuído inconscientemente atribuído às empresas que promovem o esporte, o sucesso que o esporte transmite a seus participantes (NETO, 1986). A partir disso, temos na atualidade a existência de duas grandes orientações de treinamento esportivo: A tendência capitalista do treinamento esportivo, é composta pelos países capitalistas do globo, os clubes e associações são subsidiados por grandes empresas com o objetivo de ter lucros financeiros, divulgação, vantagens fiscais entre outros. Assim o atleta passa a ser valorizado financeiramente e isso faz com que eles tenham como obrigação, conquistar a vitória sempre. Ocorre com isto, o amadu- recimento do desenvolvimento científico e tecnológico, em todos os aspectos relacionados à melhoria do desempenho do atleta. 10UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo Essa tendência é marcada pela característica principal das competições de alto nível tornarem verdadeiros shows independentemente do nível: profissional ou pseudo-amador das mesmas. E a universidade, a exemplo do período anterior, se constitui ainda na prin- cipal fonte de pesquisas (ALMEIDA, DE ALMEIDA; GOMES 2000). A tendência socialista do treinamento esportivo, segundo Almeida et al. (2000), é composta por todos os países do bloco socialista, onde o estado tem a completa responsabilidade sobre a educação física e o desenvolvimento desportivo. A base dessa tendência é o regime de governo que entrega ao estado a educação integral das crianças. Esses países possuem importantes centros de investigação científica dirigidos para a ciência dos desportos (FERNANDES, 1981; TUBINO, 1985). No Brasil, o treinamento esportivo tem seus primeiros relatos relacionados ao mili- tarismo. De acordo com Rother e Fransen (2005) o modelo de treinamento historicamente nasceu desvinculado de seu propósito e necessitou modificar-se para manter-se útil, embo- ra ainda se percebam alguns traços de referências já superadas pelo tempo. Entre os anos de 1930 e 1940 havia uma predominância da Educação Física milita- rista no Brasil, que influenciou na concepção de treinamento para o esporte de rendimento. Essa concepção de treinamento tinha como plataforma básica, a coragem, a vitalidade, o heroísmo e a disciplina exacerbada, levando a imposição de padrões de comportamento estereotipados (ROTHER E FRANSEN, 2005). E todo esse planejamento de treinamento tinha uma finalidade mais voltada para a guerra, combate, luta, dessa forma, ocorrendo o processode seleção natural, eliminando os fracos e premiando os fortes (ROTHER E FRANSEN, 2005). O treinamento esportivo no Brasil parte da hipótese de que no âmbito da natação estabeleceu-se a primeira tradição de métodos e técnicas formais entre os diferentes es- portes praticados no Brasil (TUBINO, 1979). Dessa forma, sendo na marinha os primeiros relatos do treinamento esportivo no Brasil voltado para o âmbito competitivo. Fator que pode ter contribuído para o desenvolvimento dos métodos a prática da modalidade com esse fim, foram as publicações nacionais de livro estrangeiros traduzidos, desde então, novos livros foram escritos, iniciando um período de estudos e investigações sobre o tema, contribuindo para a evolução do treinamento esportivo também em outras modalidades. 11UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 2. CONCEITOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO O treinamento esportivo é a ciência que trabalha com o objetivo de otimizar o de- sempenho físico e/ou esportivo de indivíduos comuns, assim como de atletas (PEDRO, 2020). Esse o objetivo será atingido de forma progressiva, individualizada, atuando espe- cificamente nas funções humanas, fisiológicas e psicológicas (BOMPA, 2002). Segundo Barbanti (1997), o treinamento esportivo também se baseia no relacionamento humano, com pessoas de diferentes tipos e personalidades, trabalhando-se então, com um conjunto de situações complexas em que estão envolvidas de forma decisiva, as emoções e as relações interpessoais. Para se alcançar o objetivo final de um programa de treinamento esportivo, é preci- so que haja uma interação de diversas áreas para que possamos compreender o indivíduo como um todo e individualizar o seu treinamento. Dentre as áreas de conhecimento que se interagem entre si para que o treinamento esportivo evolua, podemos destacar fisiologia e anatomia humana, fisiologia do exercício, métodos de avaliação das capacidades físicas, pedagogia e aprendizagem motora, noções sobre nutrição esportiva, entre outras (PEDRO, 2020). Sendo de extrema importância o conhecimento delas por parte do treinador para que seja prescrito um treinamento de qualidade. Na figura 1 podemos observar algumas áreas de conhecimento que interagem entre si. Sendo que esse grupo de áreas pode variar de acordo com a modalidade, e o perfil do treinador e atleta. 12UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo FIGURA 1 - DISCIPLINAS ASSOCIADAS AO TREINAMENTO ESPORTIVO Fonte: Pedro (2020) adaptada de Bompa (2002). Apesar do conhecimento do treinamento dessas áreas de conhecimento, em equi- pes podemos encontrar profissionais especialistas em cada uma delas (figura 2), podendo contribuir de uma forma mais eficiente para melhoria do desempenho. Apesar de serem es- pecialistas nas áreas, esse trabalho deve ser em conjunto, os profissionais devem montar um planejamento em com o objetivo específico para melhoria do desempenho do aluno/atleta. 13UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo FIGURA 2 - TRABALHO TRANSDISCIPLINAR A SER REALIZADO NO ESPORTE Fonte: Pedro (2020) adaptada de Bompa (2002). Esses aspectos nos mostram que o treinamento deve ser pensado levando em consideração o indivíduo como um todo, e assim podendo aplicar os meios e métodos adequados na programação baseados em evidências científicas, que vem auxiliando cada vez mais para o desenvolvimento do treinamento. Isso permite aos treinadores realizarem uma prescrição de qualidade, prescrevendo com as cargas ideais, diferente do empirismo de antigamente. 14UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 3. PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO E SUA APLICABILIDADE O conhecimento e o seguimento de cada um dos principais princípios do treina- mento, é fundamental para que os objetivos durante um programa de treinamento sejam alcançados, pois eles são considerados a base da teoria e da metodologia do treinamento. Dentre os principais princípios de treinamento podemos destacar: segundo são considerados os fundamentos científicos do treinamento esportivo os princípios da indivi- dualidade biológica, sobrecarga, adaptação, interdependência volume–intensidade, conti- nuidade, reversibilidade e especificidade (TUBINO e MOREIRA, 2003) 3.1 Princípio da Individualidade biológica O princípio da individualidade biológica, considerado um dos princípios mais im- portantes, nos mostra que nenhum indivíduo é igual ao outro, devendo ser analisados de maneira diferente. Esse princípio inclui fatores genéticos, composição corporal, biótipo, estatura máxima esperada, força máxima possível e percentual de fibras musculares dos diferentes tipos, dentre outros fatores físicos, psíquicos que têm importante papel no modo como um indivíduo responde ao treinamento. Nos esportes individuais o treinamento indi- vidual fica facilitado, pois obedece às características e necessidades do indivíduo. Já nos esportes coletivos não é realista esperar que todos os atletas de uma equipe de modalidade coletiva realizem uma quantidade de trabalho idêntica durante as sessões de treinamento; em Grupos homogêneos coletivos isso facilita o treinamento desportivo entretanto cabe ao treinador verificar as potencialidades, necessidades e fraquezas de seu atleta para o treinamento ter um real desenvolvimento. Nesse contexto, os testes específicos (avaliações) são primordiais antes do início de uma temporada de treinamento. (TUBINO, 2003; DANTAS, 2003). 15UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo Mas, o ideal é sempre identificar os pontos fortes e fracos de cada indivíduo, com o intuito de facilitar a individualização do treinamento, mesmo sendo realizando o trabalho em grupo. 3.2 Princípio da sobrecarga e adaptação Os princípios da sobrecarga e da adaptação fundamentam-se no fenômeno da aplicação de estímulos estressores variados e a constante busca do organismo humano pela homeostase (DANTAS, 2003). Entretanto, para que se ocorra adaptações positivas su- periores desejadas deve haver uma aplicação progressiva e variada do estímulo oferecido, possibilitando alcançar novas adaptações e consequentemente melhora do desempenho. Caso o estímulo oferecido seja excessivo ou inferior ao necessário, não serão observadas adaptações positivas, proporcionando uma queda no desempenho. Quando se oferece o estímulo e tempo de recuperação ideal, observamos o fenô- meno da supercompensação (figura 3) (BOMPA, 2002). Esse fenômeno sugere que após a aplicação de um estímulo, o indivíduo irá acumular níveis de fadiga que estão associados com a diminuição dos principais substratos energéticos, resultando em um declínio tempo- rário do desempenho. A partir desse momento, o organismo lenta e progressivamente tende a retornar à homeostase considerado como um período de compensação (repouso). O tempo ideal para a recuperação pode ser afetado pela intensidade do estímulo, o nível nutricional e de treinamento do indivíduo (BOMPA, 2002). FIGURA 3 - CICLO DE SUPERCOMPENSAÇÃO APÓS O ESTÍMULO DE UM TREINAMENTO Fonte: PEDRO (2020), BOMPA (2002). 16UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 3.3 Princípio da Interdependência volume-intensidade A melhora do desempenho provocada pela sobrecarga, está ligada a sua prescrição, que deve sempre como referência duas variáveis interligadas ao processo de treinamento, sendo uma voltada para a quantidade (volume) e a outra voltada para a qualidade (inten- sidade) de trabalho, que seguem uma orientação de interdependência entre si. Quando há um aumento em alguma dessas variáveis, consequentemente ocorrerá uma diminuição durante o treinamento da outra (TUBINO e MOREIRA, 2003). A aplicação do princípio da interdependência volume-intensidade leva em conside- ração as capacidades físicas visadas durante as fases de treinamento. Algumas capacida- des físicas devido às suas características necessitam de uma ênfase maior no volume de treinamento (capacidade aeróbia, flexibilidade, dentre outras), outrasuma ênfase maior na intensidade de treinamento (velocidade, força, potência anaeróbia, dentre outras). Desta forma, o treinamento deve seguir uma trajetória com ênfase inicial na quantidade (volume) até chegar a qualidade (intensidade) de preparação (TUBINO; MOREIRA, 2003). É importante ressaltar que um excesso de sobrecarga pode resultar em um so- bretreinamento (overtraining) que é definido com acúmulo do estresse de treinamento que compromete o atleta a realizar sessões de treino e a longo prazo queda no desempenho; o sobretreinamento, está associado a sintomas fisiológicos e psicológicos (fadiga crônica, perturbação do humor, etc) (POWERS; HOWLEY, 2014). 3.4 Princípio da Continuidade O princípio da continuidade está intimamente ligado à adaptação, pois a continui- dade ao longo do tempo é primordial para o organismo progressivamente se adaptar. Para que possamos observar certas mudanças positivas nas capacidades físicas visadas, é necessário um período mínimo durante o processo de treinamento, que vai depender da capacidade física que pretende desenvolver, o nível de treinamento do indivíduo, idade, sexo, entre outros fatores. Desta forma, a continuidade do treinamento se torna crucial para a ocorrência de alterações fisiológicas e morfológicas (BOMPA, 2002; TUBINO, 2003; DANTAS, 2003). Assim como é importante a aplicação das cargas de treinamento, deve-se haver em alguns momentos a redução ou interrupção da mesma, com fins recuperativos, pois ela permite a restauração dos substratos energéticos, gerando um período de recuperação am- pliada, possibilitando a aplicação constante de novas cargas de trabalho (BOMPA, 2002). Entretanto, alguns processos de treinamento não permitem uma recuperação ampliada devido a altas intensidades de treinamento impostas, e para que não ocorra um estado de sobretreinamento, que prejudique a continuidade do treinamento, são intercaladas sessões de menor intensidade proporcionando uma recuperação ampliada. 17UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo Sempre que ocorra uma interrupção no treinamento do indivíduo que não esteja planejado, o indivíduo deverá passar por uma nova aplicação de sobrecarga, não levando em consideração as últimas cargas impostas. 3.5 Princípio da Reversibilidade Quando as sessões dentro de programa de treinamento são organizadas e prescri- tas de forma progressiva, constantes e com tempo ideal de recuperação, será observado a aquisição e o desenvolvimento da treinabilidade proporcionando desta forma um acúmulo dos efeitos do treinamento em longo prazo (GOMES, 2009). Caso contrário, o indivíduo passará pelo processo da reversibilidade, sendo considerado a volta ao estado inicial das adaptações orgânicas com a interrupção do treinamento a longo prazo, perdendo todas ou partes das capacidades funcionais e morfológicas adquiridas. O tempo necessário para que ocorra a reversão dos efeitos adaptativos adquiridos com o treinamento é proporcional ao tempo de treinamento, mas quanto maior a base de treinamento, mais lenta será a perda de desempenho (TUBINO, 2002; GOMES, 2009). 3.6 Princípio da Especificidade O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser planejado/elaborado sobre os requisitos específicos da modalidade desportiva e os objetivos do treinamento, levando em consideração os gestos específicos (habilidades), aspectos físicos envolvidos, músculos específicos, sistemas energéticos predominantes para a realização do exercício, segmento corporal e coordenações psi- comotoras utilizados (DANTAS, 1995). No entanto, além de utilizar nos treinamentos os sistemas energéticos predominantes que serão requisitados durante a competição, temos que considerar realizá-lo próximo a realidade do indivíduo. Além de levarmos em consideração esse princípio no momento da prescrição do treinamento, devemos considerá-lo também no momento da realização das avaliações para prescrição e monitoramento do treinamento, como por exemplo: se o indivíduo for corredor, deve-se realizar testes avaliativos de corrida. 3.7 Inter – relação dos princípios Cada um dos princípios tem a sua importância no momento do planejamento do treinamento, apresentando o seu valor e função individualmente. Porém, a integração entre esses princípios, eles adquirem um papel mais de destaque e inestimável importância (GOMES DA COSTA, 1996). 18UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo Dessa forma, para que se possa planejar um treinamento ideal e eficaz, é preciso ter o conhecimento de todos os princípios (LUSSAC, 2008). Segundo Lussac (2008) a excelência só será atingida se houver a inter-relação perfeita entre todos estes saberes e respectivas aplicações, e devendo ter uma constante reformulação desta inter-relação. 19UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 4. CARGA DE TREINAMENTO: COMPONENTES, ADAPTAÇÕES E APLICAÇÃO A carga de treinamento é o resultado da relação da quantidade de trabalho (volume) com seu aspecto qualitativo (intensidade) (MANSO, 1996), e o controle dela é de extrema importância para o sucesso no programa de treinamento. Porém, o monitoramento dessa carga aplicada e seu efeito sobre o organismo do aluno é um processo mais complexo. As adaptações ao treinamento são determinadas pela qualidade, quantidade e organização de variáveis envolvidas como volume, intensidade, além das características individuais (NAKAMURA; MOREIRA, AOKI, 2010). Essas variáveis que geralmente são manipuladas pelo treinador no momento da prescrição, são denominadas, de carga externa de treinamento. Logo a carga interna é considerada o estresse psicológico e fisiológico imposto ao organismo do aluno/atleta por uma relativa carga externa (IMPELLIZZERI, RAMPININI, MARCORA, 2005). 4.1 Carga Externa Para o controle da carga externa no momento do planejamento do treinamento, o Colégio Americano de Medicina do Esporte – American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda que o treinamento deve ser estruturado seguindo os princípios FITT-VP (Frequência, Intensidade, Tempo, Tipo, Volume e Progressão. (ACSM, 2018). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Rampinini+E&cauthor_id=16195007 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Marcora+SM&cauthor_id=16195007 20UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo A frequência refere-se à quantidade de dias na semana que determinada capaci- dade será treinada. A intensidade está relacionada ao quão intenso é o treinamento, por exemplo, velocidade de corrida, potência para pedalar, a carga selecionada em um exercício de musculação etc. O tempo refere-se a duração de cada sessão de treinamento, que pode ser o tempo propriamente dito, o número de séries de determinados exercícios ou o número de repetições; o tipo é utilizado para descrever quais serão os exercícios escolhidos para trabalhar as capacidades físicas que se pretendem melhorar; o volume é o tempo semanal destinado para cada tipo de exercício utilizado, e a progressão está relacionada a como o treinador modifica as sessões, pensando como as variáveis descritas, como a intensidade e o volume, principalmente, se comportarão ao longo do tempo (PEDRO, 2020). Cada uma dessas variáveis tem a sua importância no momento da prescrição do treinamento, porém daremos um foco em duas delas: volume e intensidade. 4.2 Volume O volume significa, em outras palavras, a quantidade de atividades realizadas em uma sessão ou fase(s) de treinamento e ele pode ser formado pelas seguintes partes: A duração, A distância percorrida pelo atleta, O peso levantado por unidade de tempo, o número de repetições de determinado exercício ou movimento (PEDRO, 2020). A quantificação do volume do treinamento de um corredor pode ser realizada atra- vés da distância percorrida. Essa distância pode ser estabelecida de acordo com o nível e período de treinamento em que o aluno/atleta se encontra. No exemplo podemos observar o mesociclo com volumecrescente nas duas primeiras Semanas, redução na terceira e um novo aumento no volume na última semana (Figura 4). FIGURA 4 - VOLUME DE TREINAMENTO DE UM MESOCICLO DE TREINAMENTO DE UM CORREDOR Fonte: o autor. 21UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo Um outro exemplo é a quantificação do volume de treinamento de um treino de força e uma sessão. Essa quantificação pode ser realizada pela soma total de repetições e/ou por exercícios que trabalhem os diferentes grupos musculares (membros superiores e membros inferiores) (tabela 1), lembrando que essa escolha depende do objetivo do trei- namento. Assim como no exemplo do treinamento de corrida, essa quantificação também pode ser realizada semanalmente e no final ter uma quantificação do mesociclo. QUADRO 1 - EXEMPLO DE QUANTIFICAÇÃO DO VOLUME DE UMA SESSÃO DE TREINAMENTO DE FORÇA Grupos musculares Exercício Séries Repetições Total de repetições Membros su- periores Exercício A 4 10 40 Exercício B 3 12 36 Exercício C 6 5 30 Total de repetições para membros superiores 106 Membros infe- riores Exercício A 6 12 72 Exercício B 6 12 72 Exercício C 6 10 60 Total de repetições para membros inferiores 204 Fonte: o autor. 4.3 Intensidade De acordo com Pedro (2020), relacionada com produção de trabalho que um atleta produz por unidade de tempo. A intensidade é dependente, dentre outros fatores, da carga de treinamento, da velocidade de contração muscular, da amplitude ar- ticular, do intervalo de recuperação e do esforço mental empregado para realização de determinadas tarefas. A intensidade para exercícios de endurance e resistido pode ter a sua classificação que vai de esforço leve ao esforço máximo de acordo com o Colégio Americano de Medicina do Esporte – American College of Sports Medicine (ACSM, 2011) (Quadro 2). 22UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo QUADRO 2 - INTENSIDADES DE TREINAMENTO PARA O TREINAMENTO DE ENDURANCE Exercício de Endurance Intensidade %FCres/%VO2res %FCmáx %VO2máx PSE (6-20 METs Muito leve < 30 <57 <37 <9 <2 Leve 30-39 57-63 37-45 9-11 2,0-2,9 Moderada 40-49 64-76 46-63 12-13 3,0-5,9 Vigorosa 60-89 77-95 64-90 14-17 6,0-8,7 Próxima do máximo >90 >97 >90 >17 >8,7 Fonte: Pedro, 2020; adaptada de ACSM (2011). 4.4 Carga Interna Após a aplicação da carga externa de treinamento, é preciso quantificar a resposta do organismo frente a esse estímulo. Segundo Nakamura, Moreira, Aoki (2010), diversos parâmetros podem ser utilizados para avaliar a sobrecarga interna, como por exemplo, o perfil hormonal (relação testosterona: cortisol), a concentração de metabólitos (lactato e amônia), o comportamento da frequência cardíaca (FC) e a percepção subjetiva do esforço (PSE). A variação das cargas do treinamento (externa e interna) ao longo do macrociclo é um dos princípios que regem o processo de treinamento esportivo. Além disso, a aplicação da carga de forma progressiva, a fim de visando promover estímulos para a adaptação e supercompensação (BUDGETT, 1998; FRY; MORTON; KEAST, 1992) (figura 1) Para que o processo de supercompensação seja bem sucedido, é preciso controle da carga interna de treinamento, pois caso contrário, pode levar a efeitos indesejáveis chamado de overtraining. Este quadro consiste na perda prolongada (meses) do desempenho esportivo e na alteração severa de indicadores funcionais e psicológicos (MEEUSEN et al., 2006). Diferentes ferramentas podem ser utilizadas para o monitoramento da carga interna de treinamento, neste capítulo daremos ênfase a PSE. A percepção subjetiva de esforço (PSE) e, tradicionalmente, compreendida como a integração de diversos sinais tanto perifé- ricos (sistemas muscular e articular) quanto centrais (sistema cardiorrespiratório), os quais são processados e interpretados pelo córtex sensorial geral, uma resposta (percepção do esforço) a determinada tarefa (BORG, 1982). Por outro lado, um modelo mais contemporâ- neo tem sido apresentado. Segundo esta hipótese, a PSE seria independente de feedback da periferia (músculos e cardiorrespiratórios) e sua origem dá-se a partir dos estímulos do córtex motor, os quais, de forma corolária, seriam enviados para o córtex sensorial (MARCORA, 2009). 23UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo O método da PSE da sessão foi proposto por Foster et al. (1996, 2001), com intuito de quantificar a carga de treinamento. A metodologia é baseada em um questionamento muito simples. Trinta minutos após o término da sessão de treino, o atleta deve responder a seguinte pergunta: “Como foi a sua sessão de treino?” A resposta ao questionamento é fornecida a partir da escala apresentada na Figura 5. A utilização da escala CR10 requer alguns procedimentos de ancoragem. O avaliador deve instruir o avaliado a escolher um descritor e depois um número de 0 a 10, que também pode ser fornecido em decimais (por exemplo: 6,5). O valor máximo (10) deve ser comparado ao maior esforço físico realizado pela pessoa e o valor mínimo é a condição de repouso absoluto (0) (NAKAMURA, MOREI- RA, AOKI et al., 2010). PSE da sessão (U.A) = PSE x duração da sessão (min) Onde: U.A = unidades arbitrárias; min = minutos FIGURA 5 - ESCALA CR10 DE BORG (1982) MODIFICADA POR FOSTER ET AL. (2001) Fonte: Nakamura et al. (2010). Exemplo: a sessão de treinamento durou 100 minutos, e a PSE foi 7, a carga interna de treinamento será (PSE da sessão = 700 U.A). A carga interna de treinamento deve ser calculada de sessão a sessão, e a soma semanal dessas cargas é definida como a carga semanal de treinamento. 24UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo QUADRO 3 - EXEMPLO DE CÁLCULO DA PSE DA SESSÃO Dia Período Duração (min) PSE PSE da sessão (U.A) PSE da ses- são diária (U.A) Segunda manhã 100 5 500 900 tarde 50 8 400 Terça manhã 120 4 480 660 tarde 20 9 180 Quarta manhã 55 3 165 165 Quinta manhã 60 7 420 1170 tarde 150 5 750 Sexta manhã 80 9 720 1020 tarde 75 4 300 Sábado tarde 162,5 8 1300 1300 Domingo ________ 0 0 0 0 Média semanal 745 U.A Soma da carga semanal 5215 U.A Fonte: adaptada de Foster (1998). Não é recomendado que essa carga seja comparada entre os esportes, pois cada esporte tem suas características específicas. Além disso, mesmo atletas da mesma moda- lidade devem ser avaliados também de forma individual, pois pode haver diferenças entre eles conforme mostra a figura 6, que são apresentados os valores da PSE relatada por 10 atletas para a mesma sessão de treino. Mostrando a importância desse monitoramento evitando a superestimativa ou subestimativa da sessão do treinamento dos atletas. FIGURA 6 - EXEMPLO DO RELATO DA PSE DE CADA ATLETA APÓS UMA SESSÃO DE TREINAMENTO FÍSICO DE ESPORTE COLETIVO Fonte: o autor. 25UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo Portanto, considerando a influência da carga interna de treinamento sobre o surgi- mento das adaptações desejadas (VIRU, A; VIRU, M, 2000; IMPELLIZZERI, RAMPININI, MARCORA, 2005) torna-se inquestionável a importância do acompanhamento da carga interna assim como da carga externa durante o treinamento. REFLITA Foi possível compreender um método para quantificação da sessão do treinamento. En- tretanto, é importante utilizar outras maneiras de verificar o efeito do treinamento sobre o aluno/atleta. Uma outra estratégia muito simples é uma boa conversa, pois assim você passa a conhecer um pouco mais o aluno/atleta, podendo identificar fatores que vai te auxiliar no momento da prescrição e monitoramento do treinamento. Fonte: o autor. SAIBA MAIS Apesar da origem do treinamento esportivo na pré-história, no início somente os homens faziam parte dessas sessões de treinamento, assim como das competições quando se iniciaram. Em toda história do esporte a mulher foi subjugada no que tange à conquis- ta de seus direitos fundamentais de participação. A participação feminina cresceu ao mesmo tempo em que se acentuaram os processos de globalização do esportee da institucionalização dos interesses das mulheres em participar tanto de esportes aquá- ticos como terrestres. O ciclismo foi o esporte que exerceu maior influência na emanci- pação física das mulheres inglesas e americanas. Atividade importada da Inglaterra em 1870 tornou-se muito popular nos Estados Unidos em finais de 1880, início de 1890 e oferecia para as mulheres o potencial para a mobilidade física e os benefícios de uma recreação ativa e saudável, assim como um novo senso de liberdade da roupa restri- tiva, demandando o abandono dos espartilhos e a divisão das saias em calças curtas ou bloomers (calções de mulher, folgados e compridos até os joelhos). Fonte: Di Pierro, C. (2007). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Rampinini+E&cauthor_id=16195007 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Marcora+SM&cauthor_id=16195007 26UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim da Unidade I de nossa apostila Treinamento Esportivo e, durante nossa caminhada, conceituamos e conhecemos o percurso histórico do treinamento espor- tivo no mundo e no brasil; conhecemos as características e aplicabilidades do treinamento esportivo e conceituamos e conhecer os diferentes tipos de carga de treinamento. Foi possível observar que a origem do treinamento esportivo tem suas bases funda- mentadas na cultura grega, e sua evolução ao longo do tempo surgiu de maneira gradativa de acordo com o período em que encontrava, sendo dividida em sete fases: Período do Empirismo; Período da Improvisação; Período da Sistematização; Período Pré-Científico; Período Científico; Período Tecnológico, Período do Mercantilismo Desportivo. No Brasil, o treinamento esportivo tem seus primeiros relatos relacionados ao militarismo partindo da hipótese de que no âmbito da natação estabeleceu-se a primeira tradição de métodos e técnicas formais entre os diferentes esportes praticados no Brasil. Para se alcançar o objetivo final de um programa de treinamento esportivo, é preci- so que haja uma interação de diversas áreas para que possamos compreender o indivíduo como um todo e individualizar o seu treinamento. Dentre as áreas de conhecimento que se interagem entre si para que o treinamento esportivo evolua, podemos destacar fisiologia e anatomia humana, fisiologia do exercício, métodos de avaliação das capacidades físicas, pedagogia e aprendizagem motora, noções sobre nutrição esportiva, entre outras (PEDRO, 2020). Além disso, é preciso seguir os principais princípios de treinamento podemos des- tacar: segundo são considerados os fundamentos científicos do treinamento esportivo os princípios da individualidade biológica, sobrecarga, adaptação, interdependência volume– intensidade, continuidade, reversibilidade e especificidade, pois eles são considerados a base da teoria e da metodologia do treinamento. Ao chegarmos no último tópico desta unidade, verificamos que a carga de treina- mento pode ser dividida em carga interna e carga externa e, o controle delas é de extrema importância para o sucesso no programa de treinamento. Além disso, as adaptações ao treinamento são determinadas pela qualidade, quantidade e organização de variáveis en- volvidas como volume, intensidade, além das características individuais. Então, aluno(a), concluímos a primeira etapa de nossa caminhada acadêmica, em direção à formação em Educação Física, com foco no Treinamento Esportivo. E agora dando continuidade à nossa caminhada, vamos descobrir o que nos aguar- da na Unidade II. 27UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo LEITURA COMPLEMENTAR A QUANTIFICAÇÃO DA CARGA INTERNA DE TREINAMENTO POR MEIO DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO. A quantificação da carga interna é tão importante quanto a carga externa. Uma maneira simples e de baixo custo financeiro para quantificar a carga interna de treinamento é por meio do método percepção subjetiva de esforço da sessão (PSEs), proposta por Carl Foster, em 1995. A utilização da PSEs é muito simples. De 15 a 30 min após o término da sessão de treinamento, o atleta deve responder qual a sua percepção de esforço em relação à sessão, levando em consideração esta como um todo. O resultado da resposta é, então, multiplicado pela duração da sessão de treinamento em minutos. O produto desta equação é a carga interna de treinamento daquela sessão. A carga diária de treinamento pode ser utilizada pelos treinadores com diferentes finalidades. O treinador pode visualizar a carga diária ao longo da semana e compará-la com o que foi planejado por ele (percepção do treinador). A carga semanal de treinamento, a variabilidade da carga ao longo da sema- na (desvio-padrão) pode ser utilizada para avaliar se o treinamento está sendo monótono (monotonia do treinamento) e, além disso, o treinador pode associar a monotonia com a carga de treinamento acumulada ao longo da semana e calcular o training stain, que pode indicar excesso de treinamento. Além destes fatores, os treinadores podem, por meio do comportamento da carga de treinamento diário, semanal e mensal, verificar, no final das contas, se os atletas estão respondendo bem aos estímulos que estão sendo aplicados. A carga interna de treinamento deve “caminhar” em conjunto com a análise de desempenho, o que, no final das contas, é o que importa. A carga interna de treinamento deve ser calculada de sessão a sessão, e a soma semanal dessas cargas é definida como a carga semanal de treinamento. A partir dos dados de média semanal, soma e desvio-padrão da carga de treinamento, é possível calcular outras variáveis que complementam a quantificação da carga interna (FOSTER, 1998). Levando em consideração que a pouca variação (mono- tonia) nos estímulos de treinamento independente ou a monotonia associada a alta carga de treinamento (training strain) são associados com adaptações ao treinamento negativo. Dessa forma, Foster (1998) determinaram como calcular a monotonia e o training strain. A monotonia é o resultado da divisão da média semanal da carga de treinamento pelo desvio-padrão da carga, e o training strain e o produto da monotonia pelo somatório da carga semanal de treinamento. Fonte: Pedro (2020) adaptado de Foster et al. (1995; 1998). 28UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga Autores: Luiz Alberto Cabral Editora: Odysseus Sinopse: Considerado pela crítica internacional especializada como um dos mais completos e esclarecedores já escritos sobre os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga, esse livro foi elaborado por uma equipe dos mais renomados arqueólogos e filólogos gregos da atualidade, membros eméritos da Academia Olímpica Internacional e diretores dos principais Museus da Grécia sob a organização de Nicolaos Yalouris. LIVRO Título: A indústria do Esporte no Brasil Autores: Istvan K. Kasznar; Ary S. Graça. Editora: M.Books. Sinopse: Este livro, consagrado como best-seller e referência em Economia do Esporte no Brasil, oferece uma visão estratégica úni- ca sobre a atividade econômica esportiva, é um ponto de partida relevante para o desenvolvimento de políticas públicas e privadas na arena esportiva. https://indicalivros.com/autores?q=Istvan%20K.%20Kasznar https://indicalivros.com/autores?q=Ary%20S.%20Gra%C3%A7a 29UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo FILME / VÍDEO Filme: Coach Carter – Treino Para a Vida Ano: 2005 Sinopse: Baseado em fatos reais, no filme, Ken Carter, interpreta- do por Samuel L. Jackson, é dono de uma loja de artigos esportivos que aceita ser o técnico de basquete de sua antiga escola. No entanto, ele impõe regras para isso: os alunos devem ter um com- portamento respeitoso, um modo adequado de se vestir e obter boas notas em todas as matérias. Em caso de descumprimento de algum desses itens, o técnico os repreenderia com pesados exer- cícios físicos. Os jovens mostram resistência inicial, mas acabam cedendo e tornam o timeimbatível. 30 Plano de Estudo: ● Conceitos e caracterização das capacidades físicas ● Força; ● Resistência; ● Velocidade; ● Flexibilidade ● Coordenação; ● Agilidade; ● Condicionamento físico geral; ● Capacidade físicas em prática: como treiná-las; Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e caracterizar as capacidades físicas condicionantes, incluindo, a força, resistência, velocidade e flexibilidade; ● Conceituar e caracterizar as capacidades físicas coordenativas, incluindo a coordenação motora e agilidade; ● Conceituar e contextualizar o condicionamento físico geral; ● Contextualizar as capacidades físicas na prática e sua aplicabilidade em diferentes modalidades esportivas. UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento Professor Dr. Francisco de Assis Manoel Professor Dr. Bruno Pereira Melo 31UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 31UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento INTRODUÇÃO Olá, aluno(a), bem-vindo(a) à Unidade II da nossa apostila de Treinamento Esportivo! Após estudarmos os contextos históricos, os conceitos sobre treinamento esportivo, bem como os princípios do treinamento físico e sua aplicabilidade, chegamos ao momento de compreender e conceituar as capacidades físicas envolvidas no treinamento físico! Nesta unidade iremos aprender os conceitos sobre as capacidades físicas con- dicionantes, incluindo a força muscular, resistência, velocidade e flexibilidade, além das capacidades físicas coordenativas, incluindo a agilidade e a capacidade motora. Aprende- remos também nesta unidade sobre o condicionamento físico geral e como treinar as dife- rentes capacidades físicas. Você pode estar se perguntando, mas como faço para treinar as capacidades físicas? Fique tranquilo(a)! Nesta unidade você aprenderá como treinar tais capacidades e a sua aplicabilidade em diferentes modalidades esportivas! Sim, caro aluno(a) é isso mesmo! Mas para que você tenha sucesso na prática pro- fissional o conhecimento sobre cada capacidade física, bem como as suas características e classificações, é algo indispensável! Portanto, dedique-se aos estudos e mergulhe na leitura! Vamos em frente? Ótimo estudo! 32UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 32UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento 1. CAPACIDADES FÍSICAS E O TREINAMENTO Ao visualizar a imagem acima, podemos imaginar o quão complexo deve ser o planejamento do treinamento físico para fazer o atleta chegar até o pódio e conquistar o primeiro lugar, não é mesmo? Mas não se preocupe, nesta apostila você aprenderá as características importantes envolvidas no planejamento do treinamento esportivo e como podemos utilizá-las na prática. A primeira pergunta que muitos técnicos e treinadores fazem ao planejar um pro- grama de treinamento físico é: Quais variáveis determinam o desempenho físico? De fato, esta é uma questão importante que deve ser levado em consideração para o planejamento do treinamento físico. Embora as variáveis determinantes do sucesso do treinamento físi- co possam variar de acordo com cada modalidade esportiva, as capacidades físicas são importantes variáveis que contribuem efetivamente para o desempenho físico de atletas em diferentes modalidades esportivas. Portanto, o primeiro tópico de nossa apostila de treinamento físico, iremos aprender sobre as capacidades físicas e como treiná-las em diferentes contextos esportivos. 33UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 33UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento As capacidades físicas podem ser divididas em capacidades condicionantes, ou seja, aquelas que são influenciadas e determinadas pelo metabolismo energético, tais como, a força muscular, a resistência, a velocidade e a flexibilidade. Além das capacida- des físicas condicionantes, temos também as capacidades coordenativas, ou seja, estas envolvem a integração entre o sistema nervoso central e o músculo esquelético para o controle e a realização do movimento corporal durante os exercícios físicos, são exemplos de capacidades coordenativas a agilidade e a coordenação motora (BARBANTI, 2010). A compreensão das capacidades físicas condicionantes e coordenativas é um dos processos mais importantes para o planejamento do treinamento físico em diferentes moda- lidades esportivas. Portanto, agora iremos aprender sobre cada uma delas, seus conceitos e classificações, vamos lá? 1.1 Força muscular FIGURA 1 - EXERCÍCIO NO APARELHO LEG PRESS PARA DESENVOLVIMENTO DE FORÇA PARA MEMBROS INFERIORES A força muscular é uma capacidade física condicionante definida como a capaci- dade do músculo esquelético em gerar tensão contra uma determinada resistência, na qual pode ser influenciada por fatores mecânicos e / ou fisiológicos (BARBANTI et al., 2010). Do ponto de vista da física, a força é o produto da massa (kg) pela aceleração (m/s2). Neste 34UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 34UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento sentido, não podemos esquecer que o processo de geração da força muscular inicia-se pela ligação das proteínas actina e miosina no músculo esquelético, fenômeno conhecido como, formação de “pontes cruzadas”. Portanto, uma vez que este processo depende de energia (ATP), a geração de força pelo músculo esquelético pode ser influenciada também pelo metabolismo energético. A força muscular pode ser caracterizada de acordo com a sua manifestação, es- truturação e componentes envolvidos no treinamento esportivo. Na figura abaixo podemos observar que a capacidade motora força muscular manifesta-se por meio da força rápida e pela resistência de força, além disso, a interação dos componentes: força explosiva, força máxima e capacidade de resistência à fadiga podem contribuir efetivamente para geração da força muscular (CHAGAS; LIMA, 2015). FIGURA 2 – ESTRUTURAÇÃO, MANIFESTAÇÃO E COMPONENTES DA FORÇA MUSCULAR Fonte: Adaptado de CHAGAS; LIMA (2015) Agora que compreendemos o conceito de força muscular, é importante aprender- mos sobre os conceitos das manifestações da força e seus componentes. ● Força rápida: é conceituada como a capacidade do sistema neuromuscular de produzir o maior impulso possível no tempo disponível; 35UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 35UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento ● Força máxima: representa o maior valor de força que pode ser produzido pelo sistema neuromuscular por meio de uma contração voluntária máxima. A força máxima pode ser mensurada envolvendo ações estáticas e dinâmicas; ● Força explosiva: é a capacidade do sistema neuromuscular de desenvolver uma elevação máxima após o início da contração; ● Resistência de força: capacidade do sistema neuromuscular de produzir a maior somatória de impulsos possível sob condições metabólicas predominantemente anaeróbias e de fadiga, ou seja, representa a capacidade de resistir à fadiga. 1.2 Resistência FIGURA 3 - CORRIDA DE RESISTÊNCIA A resistência é uma capacidade física condicionante que também pode ser in- fluenciada pelo metabolismo energético. Além disso, é uma das capacidades físicas mais importantes na determinação do desempenho físico em diversas modalidades esportivas. Do ponto de vista fisiológico, a resistência pode ser definida como a capacidade de tolerân- cia ao exercício físico em uma determinada intensidade e duração, ou seja, representa a capacidade de resistir à fadiga (WEINECK, 2001). A fadiga induzida pelo exercício físico, pode ser definida como a incapacidade na manutenção do esforço físico, com consequente redução do desempenho físico, podendo ser considerada como crônica ou aguda (SILVA; OLIVEIRA; GEVAERD, 2006). Neste sen- tido, devido à ampla variabilidade de modalidades esportivas e estímulos de treinamento físico, a fadiga tem sido estudada por diversos autores na área do treinamento esportivo. 36UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 36UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃODA RESISTÊNCIA DE ACORDO COM A SUA MANIFESTAÇÃO Classificação Manifestação Características Volume da musculatura envolvida Resistência local < da massa muscular (predomínio muscular) Resistência geral > da massa muscular (predomínio cardiorrespiratório) Tipos de vias energéticas Resistencia aeróbica Utilização de vias aeróbicas como fonte de energia Resistência anaeróbica Utilização de vias anaeróbias como fonte energia Forma de trabalho muscular Dinâmica ou estática Mudanças entre contração e a relação contração prolongada sem mudança de ângulo Duração da carga em caso de máxima carga de trabalhos possíveis Muito curta 35 segundos – 2 minutos Curta 2 minutos – 10 minutos Média 10 minutos – 35 minutos Longa Acima de 35 minutos Relação com as capacidades condicionantes Resistência de força Aplicação de força por um período curto de tempo Resistência de força explosiva Relacionada à realização explosiva do movimento Resistência de velocidades Relacionada às velocidades submáximas Resistência de sprints Relacionadas às velocidades máximas Importância para a capacidade de rendimento específico do desporto praticado Resistência de base Possibilidades básicas para diferentes atividades motrizes desportivas Resistência específica Adaptação da estrutura da resistência de uma modalidade específica Resistência competitiva Estímulos semelhantes à demanda competitiva Fonte: Adaptado de WEINECK (2001). 37UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 37UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento O quadro acima apresenta a classificação da resistência de acordo com suas formas de manifestações. Como podemos observar, dependendo da característica do exercício físico, a resistência pode ser classificada de diferentes maneiras. Portanto, a compreensão das formas de manifestação é sem dúvidas importante para o planejamento do treinamento físico cujo objetivo seja melhorar esta capacidade condicionante. 1.3 Velocidade FIGURA 4 - CORRIDA DE VELOCIDADE A velocidade é uma capacidade física determinante para o desempenho físico em diversas provas de diferentes modalidades esportivas, tais como, o atletismo, a natação, o ciclismo entre outras. A velocidade é a capacidade de se concluir ações motoras em de- terminadas intensidades em um curto intervalo de tempo (FEITOZA; DE OLIVEIRA, 2017). Por apresentar características diferentes nas modalidades esportivas, a velocidade pode ser subdividida em velocidade de reação e velocidade de deslocamento. ● Velocidade de reação: representa o tempo de reação do atleta a partir de um determinado estímulo. Como exemplo da velocidade de reação podemos citar a largada no atletismo ou na natação. 38UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 38UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento ● Velocidade de deslocamento: é a capacidade do atleta em deslocar-se de um ponto ao outro em determinado tempo. A velocidade de deslocamento é uma capacidade importante em provas cíclicas, especificamente, na corrida. 1.4 Flexibilidade FIGURA 5 - CONTRIBUIÇÃO DE OUTRAS PRÁTICAS PARA MELHORIA DA FLEXIBILIDADE A flexibilidade é uma capacidade física condicionante na qual é definida como a capacidade de promover a maior amplitude de movimento de uma articulação durante a execução de uma atividade física. Já a amplitude de movimento é definida como a quan- tidade de mobilidade de uma articulação, determinada pelo tecido mole e sua estrutura articular (ACHOUR JUNIOR, 2007). É comum que muitas pessoas utilizem de forma equivocada os conceitos de alon- gamentos e flexibilidade como sinônimos. Neste sentido, saber diferenciar o conceito de alongamento e flexibilidade é sem dúvidas de grande relevância. Como vimos, a flexibili- dade é uma capacidade física condicionante, já os alongamentos são exercícios utilizados para a melhora da flexibilidade. 39UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 39UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento 1.5 Coordenação FIGURA 6 - EXIGÊNCIA DE MUITA COORDENAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE UMA DAS PROVAS MAIS COMPLEXAS: O SALTO COM VARA A coordenação motora é uma capacidade física coordenativa, ou seja, representa a capacidade de integração entre o sistema nervoso central e o músculo esquelético para a realização do movimento durante o exercício físico e/ou um gesto motor (SILVA; ZAMPIER; BRAGA, 2019). A coordenação motora é uma capacidade física presente determinante em diversas modalidades esportivas, tais como, na ginástica, na natação, no salto em altura do atletis- mo, no tênis, voleibol, futebol, etc. Portanto, é uma das capacidades mais importantes na determinação da execução do movimento e também da técnica correspondente à modali- dade esportiva. 40UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 40UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento 1.6 Agilidade FIGURA 7 - EXERCÍCIO DE AGILIDADE A agilidade é uma capacidade física coordenativa que representa a habilidade de mudar a direção do movimento de maneira eficaz em um curto intervalo de tempo. Sem dúvidas, a agilidade está presente em diversas modalidades esportivas. Neste sentido, a avaliação da agilidade é uma estratégia importante para o planejamento do treinamento esportivo (OLIVEIRA, 2017). 41UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 41UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento 2. CONDICIONAMENTO FÍSICO GERAL Caros alunos(as), até o momento, nós aprendemos sobre as capacidades físicas, seus conceitos e suas classificações. A partir deste ponto, iremos aprender sobre o con- dicionamento físico geral, a importância de trabalhar os aspectos do treinamento físico, bem como, as capacidades físicas. Portanto, a primeira pergunta que devemos fazer é: o que é condicionamento físico? Quais os aspectos são importantes para melhorarmos o condicionamento físico? Estas são algumas perguntas que iremos responder neste tópico! O condicionamento físico ou aptidão física representa a condição física rela- cionada à prática de exercícios físicos, incluindo a aptidão cardiorrespiratória e aptidão neuromuscular. A aptidão cardiorrespiratória é definida como a capacidade dos sistemas circulatório e respiratório em tolerar o exercício físico sob uma determinada intensidade por um longo período de temo. Já a aptidão neuromuscular é definida como a condição na qual o atleta consegue executar ações musculoesqueléticas relacionadas às capacidades de força, resistência muscular e flexibilidade (NOVAES; GIL; RODRIGUES, 2014). A importância do condicionamento físico geral está associada à promoção da saúde e à prevenção de diversas doenças. Vale ressaltar que indivíduos com baixa aptidão física são mais susceptíveis ao desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas, incluindo as doenças cardiovasculares. Portanto, a prática regular de exercícios físicos, principalmente aqueles cujo objetivo seja a melhora das capacidades físicas, podem contribuir efetivamen- te não apenas para o aumento do condicionamento físico, mas também para a melhora da saúde e prevenção de diversas doenças crônico degenerativas. 42UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 42UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento 3. CAPACIDADES FÍSICAS EM PRÁTICA: COMO TREINÁ-LAS? Caros alunos(as) chegamos na última parte da unidade II da apostila de treinamento físico. Após compreendermos os conceitos envolvidos nas capacidades físicas e sua impor- tância para a melhora do condicionamento físico e prevenção de diversas doenças, chegou a hora de sabermos sobre como podemos treinar as capacidades físicas. Portanto, a partir deste ponto, iremos aprender como planejar o treinamento físico para a melhorar as capa- cidades físicas e sua aplicabilidade em diversas modalidades esportivas. Vamos em frente? O desenvolvimento das capacidades físicas de forma isolada têm sido um tema bastante estudado por diversos autores na área de Educação Físicae Esportes. Neste sentido, o quadro abaixo apresenta os principais métodos de treinamentos envolvidos na melhora das capacidades físicas individuais. 43UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 43UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento QUADRO 2 – MÉTODOS ENVOLVIDOS NA MELHORA DAS CAPACIDADES FÍSICAS Capacidade física Métodos de treinamento Força muscular O desenvolvimento das diferentes manifestações da força muscular pode ser atingido através do treinamento específico com uso de diferentes métodos, incluindo o método isométrico funcional, método isocinético e o método dinâmico. Velocidade Corridas rápidas e curtas, corridas curtas em subidas ou com coletes de sobrecarga, exercícios pliométricos e saltos com sobrecarga. Flexibilidade Geralmente são divididos em três tipos: estático, dinâmico e combinados (alongamentos-contração-relaxamento) envolvendo séries com pelo menos 30 a 45 segundos de estímulo em cada exercício. Resistência Treinamento intervalado de alta intensidade, treinamento de força e potência para a melhora da economia de corrida, treinamento contínuo por longo período de tempo. Coordenação Repetição de exercícios envolvidos na técnica da modalidade esportiva. Agilidade Exercícios de velocidade e potência com mudança de direção do corpo. Fonte: Adaptado de (ROSCHEL; TRICOLI; UGRINOWITSCH, 2011). 44UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 44UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento REFLITA O conhecimento das capacidades físicas sem dúvidas é um dos passos mais importan- tes para o planejamento do treinamento físico, independente da população e/ou mo- dalidade esportiva. Neste sentido, a realização de avaliações físicas periódicas é in- dispensável não apenas para a determinação da capacidade física, mas também para o monitoramento do atleta durante o período de treinamento. Portanto, esteja sempre atualizado sobre os conhecimentos envolvidos no processo de avaliação física, bem como, dos métodos utilizados na determinação da performance e no monitoramento do treinamento físico de atletas em diferentes modalidades esportivas! Fonte: o autor. SAIBA MAIS O CrossFit é um método de treinamento que tem aumentado consideravelmente o nú- mero de adeptos em todo o mundo, devido principalmente a sua característica de trei- namento. Embora, muitas pessoas associam-se o crossFit como um método de treina- mento funcional, o crossFit possui suas próprias características. Portanto, para trabalhar com este método é necessário à obtenção da licença oficial, na qual pode ser obtida por meio da realização de um curso teórico e prático, além de uma avaliação. A certi- ficação Crossfit possui diferentes níveis, que pode chegar até o mais avançado (nível 4) denominado coach. Portanto, para saber a data, local e valores do próximo curso de formação em crossfit, basta acessar o site oficial crossfit.com e encontrar todas as infor- mações sobre a capacitação profissional em crossfit. Fonte: Crossfit oficial. Disponível em https://www.crossfit.com/certificate-courses. Acesso: 21/07/2021. https://www.crossfit.com/certificate-courses 45UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 45UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade. Parabéns pela imersão na leitura e conhecimento! Compreender os conceitos das capacidades físicas, bem como as suas características e como treiná-las é o primeiro passo para o planejamento do treina- mento físico de diversas modalidades esportivas! Nesta unidade abordamos os conteúdos referentes às capacidades físicas, seus conceitos e características, além da sua importância para a melhora do condicionamento físico e prevenção de doenças. Esperamos que, após compreender os aspectos abordados na Unidade III, você tenha conseguido identificar a importância das capacidades físicas e o seu papel no contexto da saúde e do esporte. Trabalhar com treinamento físico exige além dos conhecimentos que foram en- fatizados e explorados nesta unidade, o conhecimento da organização, estruturação e dos modelos de periodização do treinamento físico (tema que iremos abordar na próxima unidade). Portanto convido você a continuar esta imersão na leitura e seguir em frente para a próxima unidade. Nela iremos abordar os temas relacionados ao planejamento do treina- mento físico, a estrutura, os ciclos e as sessões de treinamento envolvidas em diferentes populações e modalidades esportivas. Além disso, iremos aprender sobre o treinamento com carga e suas combinações. Vamos lá? 46UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 46UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento LEITURA COMPLEMENTAR Treinamento intervalado de alta intensidade reduz a gordura corporal? O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT – High Intensity Interval Training) é um método de treinamento que consiste na realização de exercícios em alta intensidade por um período curto de tempo seguido de um período de recuperação passiva ou ativa (BELMIRO; NAVARRO, 2016). Devido à sua característica, o HIIT tem sido um método de treinamento utilizado em diversas modalidades esportivas. Além disso, o HIIT também tem sido um método de treinamento prescrito com o objetivo de promoção da saúde e prevenção de diversas doenças. Uma das principais características do HIIT é promover ao aumento do gasto calóri- co mesmo após o término da sessão de exercícios. Devido à esta importante característica, será que o HIIT pode contribuir, portanto, para a redução da gordura corporal de indivíduos com sobrepeso e/ou obesos? Esta foi a pergunta realizada por Belmiro e Navarro (2016) em seu estudo publicado na Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. Para responder esta pergunta, os autores realizaram uma revisão sistemática na literatura na tentativa de identificar os estudos científicos que avaliaram os efeitos do HIIT em indivíduos com sobrepeso ou obesos. Os resultados obtidos pelos pesquisadores demonstraram que a realização do HIIT com uma frequência de dois a três vezes por semana durante seis a doze semanas de treinamento demonstrou ser uma estratégia eficaz para reduzir a gordura corporal de indiví- duos com sobrepeso ou obesos. Tal benefício foi associado ao maior gasto energético total, influenciando o balanço energético negativo. Portanto, embora o HIIT seja considerado um método de treinamento importante para a redução da gordura corporal de indivíduos com sobrepeso ou obesos, a prescrição deste tipo de treinamento para pessoas com diferentes comorbidades deve ser realizada com cautela, levando em consideração o estado físico e clínico de cada indivíduo. Fonte: Adaptado de (BELMIRO; NAVARRO, 2016). 47UNIDADE I Introdução ao Treinamento Esportivo 47UNIDADE II Capacidades Físicas e o Treinamento MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Treinamento esportivo Autor: Dietmar Martin Samulski; Hans-Joachim Menzel; Luciano Sales Prado Editora: Manole Sinopse: O livro é destinado aos atuais e futuros profissionais da área, que buscam aperfeiçoar a formação em treinamento espor- tivo. Neste livro, os autores apresentam os principais aspectos do treinamento esportivo, incluindo as características especiais do treinamento com crianças e jovens, da biomecânica aplicada, da preparação psicológica para eventos competitivos, do treinamento técnico e tático e da atividade física com fins competitivos e pre- ventivos. LIVRO Título: Treinamento Esportivo: As capacidades motoras dos es- portistas Autor: Valdir J. Barbanti Editora: Manole Sinopse: O principal objetivo deste livro é justamente auxiliar es- ses profissionais, explorando os conceitos básicos do treinamento esportivo segundo as mais atuais investigações científicas. Neste livro o autor destaca as capacidades físicas e sua aplicabilidade em diferentes modalidades esportivas. FILME / VÍDEO Título: Missão Olímpica acompanha o treinamento
Compartilhar