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0 1 SUMÁRIO 1 A LEI Nº. 10.098/00 SOBRE ACESSIBILIDADE ...................................................... 3 1.1 Conhecendo a Lei nº. 10.098/00 ........................................................................... 3 1.2 A Lei nº. 10.098/00 no ambiente escolar ............................................................... 6 2 O PROGRAMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIREITO À DIVERSIDADE .................. 8 2.1 Compreendendo os objetivos do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade............. .................................................................................................... 9 2.2 A formação docente e o suporte pedagógico ...................................................... 11 3 CONCEITUANDO O ENSINO INTEGRADO E O INCLUSIVO .............................. 13 3.1 Ensino integrado e ensino inclusivo: características e diferenças ....................... 13 3.2 A integração e a inclusão na prática de sala de aula .......................................... 16 4 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA .......................................................................................... 18 4.1 As políticas públicas e a implementação da Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva ....................................................... 18 4.1.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ............................................. 19 4.1.2 Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica ............. 20 4.1.3 Plano de Desenvolvimento da Educação ......................................................... 21 4.2 Objetivos da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.......... .......................................................................................................... 22 4.3 Diretrizes e normas para a implantação de sistemas educacionais inclusivos.... 23 5 IDENTIDADE E ATENDIMENTO: DIFERENÇA ENTRE DEFICIÊNCIA E INCAPACIDADE ....................................................................................................... 25 5.1 O que é deficiência? O que é incapacidade? ...................................................... 25 5.2 Deficiência e incapacidade: características e terminologia atual ......................... 26 5.3 As deficiências e incapacidades à luz da educação inclusiva ............................. 27 6 PARCERIA ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA: EDUCAÇÃO INCLUSIVA .................... 29 2 6.1 As funções da família na educação ..................................................................... 29 6.2 Ações de participação da família na educação inclusiva .................................... 30 6.3 A interação entre a escola e a família ................................................................. 33 7 UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO ........................................................................ 34 8 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 45 3 1 A LEI Nº. 10.098/00 SOBRE ACESSIBILIDADE Você sabia que uma simples escadaria ou a ausência de rampas de acesso às calçadas, assim como a falta de indicações em braile nos rótulos dos produtos, podem se tornar obstáculos à acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida? Sabia que a condição de alcance para a utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, edificações, transportes, sistemas e meios de comunicação por essas pessoas é garantida por lei? (SILVA, 2019). 1.1 Conhecendo a Lei nº. 10.098/00 A Lei nº. 10.098/00 foi promulgada em 23 de março de 1994. Ela estabelece as normas gerais e os critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Para isso, determina a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação (SILVA, 2019). De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão - Lei n° 13.146, de 06 de julho de 2015. Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015, p. 1). Nesse sentido, é importante destacar que o público-alvo da Educação Especial, de acordo com a legislação vigente, é o seguinte: pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Ainda de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão, pessoa com mobilidade reduzida é “aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso. ” (BRASIL, 2015, p. 3). De forma geral, você verá a seguir alguns conceitos importantes para o entendimento das diretrizes dessa lei e para o que é estabelecido por ela: o de 4 acessibilidade, o de barreira e o de ajuda técnica. Acessibilidade é toda possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Barreira é qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas. Elas podem ser classificadas em arquitetônicas urbanísticas, arquitetônicas na edificação, arquitetônicas nos transportes e nas comunicações. Ajuda técnica é qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o uso de meio físico (SILVA, 2019). Fonte: www.s2.glbimg.com Entre suas principais disposições, o Capítulo II, que trata dos elementos da urbanização, dispõe que o planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Da mesma forma, o projeto dos elementos de urbanização públicos e privados de uso comunitário, ou seja, os itinerários e as passagens de pedestres, os percursos de entrada e saída de veículos, as escadas e rampas deverão estar de acordo com os parâmetros estabelecidos pela ABNT NBR 9050:2015. As áreas externas ou internas das edificações destinadas a garagem e estacionamento de uso público também deverão ser adaptadas. Nelas, vagas próximas aos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, precisam ser reservadas para veículos que transportem pessoas com deficiência ou com 5 dificuldade de locomoção permanente. As referidas vagas deverão ser em número equivalente a dois por cento do total. Além disso, deve ser garantida, no mínimo, uma vaga devidamente sinalizada e com as especificações técnicas de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes (SILVA, 2019). O Capítulo III articula que os semáforos para pedestres instalados nas vias públicas deverão estar equipados com mecanismo que emita sinal sonoro suave, intermitente e sem estridência ou com mecanismo alternativo que sirva de guia ou orientação para a travessia de pessoas com deficiência visual. Isso deve ocorrer caso a intensidade do fluxo de veículos e a periculosidade da via assim determinarem (SILVA, 2019). O Capítulo IV dispõe sobre a acessibilidade nos edifícios públicos ou de uso coletivo. Ele estabelece que a construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados destinadosao uso coletivo deverá ser executada de modo que esses locais sejam ou se tornem acessíveis às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Estabelece, ainda, que esses edifícios deverão dispor de pelo menos um banheiro acessível, distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de maneira que possam ser utilizados por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O Capítulo dispõe, ainda, que os locais destinados a espetáculos, conferências, aulas e outros eventos de natureza similar deverão dispor de espaços reservados para pessoas que utilizam cadeira de rodas e de lugares específicos para pessoas com deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhante, de acordo com a ABNT NBR 9050:2015. O Capítulo VI dispõe que os veículos de transporte coletivo deverão cumprir os requisitos de acessibilidade estabelecidos nas normas técnicas específicas. No Capítulo VII temos as disposições sobre acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização. Esse capítulo estabelece que o Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem os sistemas de comunicação e sinalização acessíveis às pessoas com deficiência sensorial e dificuldade de comunicação. Assim, garantindo a elas o direito de acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer. Para isso, implementará a formação de profissionais 6 intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa com deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação. Já os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano de medidas técnicas. O objetivo disso é permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação para garantir o direito de acesso à informação às pessoas com deficiência auditiva (SILVA, 2019). O Capítulo VIII traz a garantia da supressão de barreiras urbanísticas, arquitetônicas, de transporte e de comunicação, mediante ajudas técnicas, fomentando programas destinados à promoção de pesquisas científicas voltadas ao tratamento e prevenção de deficiências, ao desenvolvimento tecnológico orientado à produção de ajudas técnicas para as pessoas com deficiência e à especialização de recursos humanos em acessibilidade (SILVA, 2019). Nas disposições finais estão determinadas a destinação anual de dotação orçamentária para as adaptações, eliminações e supressões de barreiras arquitetônicas existentes nos edifícios de uso público de sua propriedade e naqueles que estejam sob sua administração ou uso. A lei também determina a promoção de campanhas informativas e educativas dirigidas à população em geral, com a finalidade de conscientizá-la e sensibilizá-la quanto à acessibilidade e à integração social da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Além disso, aponta a legitimidade das organizações representativas de pessoas com deficiência para acompanhar o cumprimento dos requisitos de acessibilidade estabelecidos na legislação (SILVA, 2019). Você ainda deve considerar que as mudanças determinadas pela lei deveriam ser reconhecidas, e que as ações para a sua implantação deveriam entrar em vigor a partir da sua publicação. Contudo, você sabe que, no que se refere às mudanças na estrutura das cidades, essas alterações dependem dos investimentos do Poder Público em novas obras e reformas e de tempo hábil para colocá-las em prática (SILVA, 2019). 1.2 A Lei nº. 10.098/00 no ambiente escolar Para colocar em prática as diretrizes estabelecidas na Lei nº. 10.098/00 em relação à acessibilidade no ambiente escolar, foi publicado o Manual de 7 Acessibilidade Espacial para Escolas (BRASIL, 2009). Esse documento traz, de forma simples e didática, as diretrizes da lei adaptadas ao ambiente da escola. O objetivo disso é tornar esse espaço um local acessível às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Para isso, a lei especifica normas de construção e adaptação dos vários ambientes que compõem o ambiente escolar para receber alunos que necessitam de modificações para a sua inclusão. A obra apresenta as condições de acessibilidade previstas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na NBR 9050/2015. Além disso, explicita os critérios de acessibilidade a serem observados no planejamento do espaço escolar. São detalhados, por intermédio de textos e ilustrações, os diferentes ambientes da escola. Há, também, orientações para a eliminação das barreiras e para a garantia do acesso, com autonomia e segurança, a todos os alunos. Você deve imaginar que é importante e cada vez mais urgente cumprir as normas e a legislação de acessibilidade. Também é fundamental melhorar as condições de acesso e uso das escolas brasileiras, seja por meio de reformas das edificações existentes, seja da construção de novas escolas acessíveis. A maioria das escolas ainda funciona em edificações construídas anteriormente às novas normas, sem levar em consideração as necessidades de pessoas com deficiência. Para garantir condições de acessibilidade espacial, é importante identificar quais barreiras físicas aumentam o grau de dificuldade ou impossibilitam a participação, a realização de atividades e a interação das pessoas com deficiência nas escolas (SILVA, 2019). Veja alguns exemplos trazidos pelo Manual (BRASIL, 2009): • No caso de alunos com deficiência visual, é importante que o piso seja regular e que contenha o piso tátil para a devida orientação, assim como placas com inscrições em braile para identificar os banheiros e outras dependências da escola. Também é importante que não sejam deixados objetos ao longo de corredores de acesso, como lixeiras fora do lugar, por exemplo. Além disso, o manual sugere que as bibliotecas das escolas adquiram materiais em braile, áudio ou formato digital acessível; • No caso de alunos com deficiência intelectual não alfabetizados, é importante a utilização de símbolos para a sua orientação. Por exemplo: o uso dos símbolos para identificar os banheiros masculinos e femininos (boneca e boneco). 8 • No caso de alunos que usam cadeira de rodas ou muletas para a locomoção, o ideal é a construção de rampas em vez de escadarias. Além disso, as portas de acesso a todos os ambientes devem ser largas o suficiente para a passagem da cadeira de rodas. Ainda é necessário que a escola disponibilize mesas de tamanho adequado para o uso com a cadeira de rodas. • Nos casos de alunos com deficiências múltiplas, as maçanetas grandes em forma de alavanca podem ajudar. O uso de tecnologias assistivas também pode melhorar a locomoção desses alunos pelo espaço da escola. O mapa tátil é uma ferramenta importante para a orientação da pessoa com deficiência visual no espaço/ambiente. É um instrumento que permite que o deficiente visual amplie seu conhecimento do universo. Sua função é de auxiliá-lo a mentalizar o espaço geográfico (SILVA, 2019). Fonte: Arco Sinalização Universal (2016). 2 O PROGRAMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIREITO À DIVERSIDADE Você sabia que a construção de sistemas educacionais inclusivos está orientada por ações de formação docente e organização do atendimento educacional especializado? Elas visam à equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com qualidade, em todas as dimensões da vida. Para que esses sistemas educacionais sejam colocados em prática nas escolas, é essencial a participação dos dirigentes 9 estaduais e municipais de educação no processo. Por isso foi criado o documento intitulado Programa Educação Inclusiva:Direito à Diversidade (SILVA, 2016). 2.1 Compreendendo os objetivos do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade O Brasil é um país marcado por profundas desigualdades sociais e econômicas. Acompanhando a sua história, você pode perceber que não foi (e ainda não é) diferente em relação às pessoas com deficiência e que há muito ainda por fazer em relação aos seus direitos mais essenciais. É com essa perspectiva de melhoria de condições e oportunidades para as pessoas com deficiência que o País vem juntando esforços, estabelecendo parcerias entre os governos federal, estadual e municipal, as iniciativas privadas, as organizações não governamentais e a sociedade em geral. A educação inclusiva é uma das principais iniciativas para colocar a pessoa com deficiência no papel de protagonista da sua própria trajetória de estudante, cidadão e trabalhador. Assim, ela conquista maior autonomia e a garantia dos seus direitos, o que é considerado um avanço na história da educação especial (SILVA, 2016). Com o intuito de estabelecer as diretrizes para a implantação da educação inclusiva no Brasil, foram promulgadas leis, elaborados documentos e políticas e desenvolvidas ações que visam a orientar as práticas e dispor sobre os direitos das pessoas com deficiência. Você deve conhecer a Declaração de Salamanca (é um documento internacional do qual o Brasil é signatário), a LDB 9394/96, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, o Plano Nacional de Educação e o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, com o qual você se familiarizará melhor neste texto. O Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade tem como base a diretriz da LDB que estabelece que a educação é direito de todos e que as pessoas com deficiência devem ser inseridas na escola regular por meio da educação inclusiva. Esse programa se configura em um projeto de ação para subsidiar as práticas inclusivas nos estabelecimentos de ensino dos municípios-polo e, consequentemente, dos municípios da área de abrangência, procurando ampliar o seu alcance com o passar do tempo. O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, desenvolveu o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade em todos os estados e no Distrito Federal, envolvendo 106 municípios-polo. Estes são 10 responsáveis por atuar como multiplicadores para os municípios da sua área de abrangência, compreendendo, na época da publicação do documento orientador, em 2003, 1.869 municípios (SILVA, 2016). Fonte: www.despnet.com O programa ressalta a importância da formação de gestores e educadores para efetivar a transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos. Para isso, tem como princípio a garantia do direito dos alunos com necessidades educacionais especiais de acesso e permanência, com qualidade, nas escolas regulares. Ele traz como objetivos fundamentais disseminar a política de construção de sistemas educacionais inclusivos e apoiar o processo de implementação e consolidação do próprio programa nos municípios brasileiros; sensibilizar e envolver a sociedade e a comunidade escolar, em particular, na efetivação da política de educação inclusiva; e formar gestores e educadores para atuar na transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos. Essas perspectivas gerais e específicas visam a atender às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência, a prepará-los para o exercício da cidadania e a formá-los para o trabalho. É importante também colocar as escolas num contexto mais amplo de sistemas educacionais, reunindo recursos da comunidade para garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos (SILVA, 2016). 11 2.2 A formação docente e o suporte pedagógico Uma das ações mais importantes é a de que o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade disponibilizaria para os municípios-polo e secretarias estaduais de educação equipamentos, mobiliários e material pedagógico para a implantação de salas de recursos multifuncionais destinadas ao atendimento especializado. O objetivo disso é apoiar o processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais na rede pública de ensino. Outra ação importante é a disponibilização do material de formação docente “Educar na Diversidade” para todos os educadores das escolas relacionadas pelos dirigentes (SILVA, 2016). Com essas ações, espera-se obter a formação de gestores e educadores do município-polo e dos municípios de abrangência, efetivando, assim, a proposta de educação inclusiva. Com a sensibilização da sociedade, espera-se a formação de uma rede de apoio à inclusão que propicie a implementação de sistemas educacionais inclusivos. Em 2003, os dirigentes de educação especial de todas as unidades da Federação e dos municípios-polo participaram, em Brasília, do I Seminário Nacional de Formação de Gestores e Educadores do Programa. Em 2004, cada município-polo realizou um curso de formação de gestores e educadores para a sua rede de ensino e outro para os municípios de sua área de abrangência, totalizando a participação de 23 mil educadores. Em 2005, o II Seminário Nacional de Formação de Gestores e Educadores do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade contou com a participação de dois representantes de cada secretaria estadual e municipal de educação (SILVA, 2016). O Programa estabelece a assinatura da Carta de Acordo entre a Prefeitura Municipal, o Ministério da Educação (MEC) – por meio da Secretaria de Educação Especial (SEESP) – e o Programa das Nações Unidas (PNUD). Além disso, estimula parcerias entre os municípios-polo e as suas respectivas secretarias estaduais da educação, assim como a criação de parcerias entre as esferas municipais, estaduais, federal e particulares para atuação conjunta no fortalecimento da política de educação inclusiva. Esses processos têm o intuito de promover a construção de uma rede de inclusão educacional e social, garantindo a oferta de vagas no Curso de Formação de Gestores e Educadores para os professores das redes federal, estadual, municipal e particular de ensino. Conforme você viu, um dos focos principais do programa é 12 justamente a formação dos professores para a educação inclusiva. Observe alguns pontos sobre o assunto constantes no documento orientador (SILVA, 2016): Os seguintes eixos temáticos são trabalhados nos seminários nacionais e nos cursos regionais: • Inclusão: um desafio para os sistemas educacionais. • Fundamentos e princípios da educação inclusiva. • Valores e paradigmas na atenção às pessoas com deficiência. • Diversidade humana na escola. • Concepções, princípios e diretrizes de um sistema educacional inclusivo. • Referenciais nacionais para sistemas educacionais inclusivos: fundamentação filosófica, o município, a escola e a família. • Escola e família: um compromisso comum em educação. • Educação infantil no sistema educacional inclusivo. • Orientações e marcos legais para a inclusão. • Experiências educacionais inclusivas. • Atendimento educacional especializado para deficiência mental e tecnologias assistivas no processo educacional. • Surdocegueira: processo de ensinar e aprender. • Educação de alunos com altas habilidades/superdotação. • Inclusão de alunos surdos/deficiência auditiva. • Inclusão de alunos cegos/deficiência visual. • Inclusão de alunos com autismo. Os seminários nacionais de formação de gestores e educadores do programa terão duração de 40 horas e certificado emitido pela SEESP/MEC. De mesmo modo, os cursos de formação de gestores e educadores do município- -polo com os municípios de abrangência terão carga horária de 40 horas e a certificação aos participantes deverá ser emitidapela secretaria de educação do município-polo. Os cursos de formação de gestores e educadores dos municípios-polo e da área de abrangência deverão acontecer em uma única ação. Eles serão destinados aos professores que atuam nas classes comuns do ensino regular, educadores que atuam 13 no apoio educacional especializado, diretores, coordenadores pedagógicos e demais profissionais da educação (SILVA, 2016). O MEC/SEESP disponibilizará recurso financeiro e material instrucional aos municípios-polo para a execução do Projeto de Formação de Gestores e Educadores. Os recursos repassados pelo MEC aos municípios-polo deverão ser utilizados para hospedagem, alimentação e transporte de instrutores e participantes da área de abrangência, reprodução de materiais instrucionais, aquisição de materiais de consumo utilizados nos cursos de formação de gestores e educadores, pagamento de hora/aula dos instrutores; aluguel de equipamentos de áudio e vídeo e material de divulgação. Deve ser enviada ao MEC, imediatamente após a realização do Curso de Formação de Gestores e Educadores, a prestação de contas (SILVA, 2016). A SEESP fará a avaliação e o acompanhamento das ações do programa. Os municípios-polo devem informar os dados solicitados referentes aos indicadores estabelecidos pelo programa. O documento orientador traz ainda, nos anexos, a carta de acordo, o modelo para o projeto do Curso de Formação de Gestores e Educadores, o cronograma do curso, o modelo de planilhas para a prestação de contas, além da relação dos municípios-polo (SILVA, 2016). 3 CONCEITUANDO O ENSINO INTEGRADO E O INCLUSIVO Você já escutou a expressão “ensino integrado na educação inclusiva”? Os termos inclusivo e integrado muitas vezes são utilizados como se tivessem o mesmo significado, porém, no âmbito educacional essas duas expressões apresentam diferenças dependendo da situação vivencial em que cada uma delas é utilizada (SILVA, 2016). 3.1 Ensino integrado e ensino inclusivo: características e diferenças Você iniciará esta etapa conhecendo os conceitos de ensino integrado e ensino inclusivo. No ensino integrado, as pessoas com necessidades educacionais especiais frequentam a mesma instituição de ensino que as pessoas ditas normais, mas em grupos separados. Isso quer dizer que estão inseridas na escola regular, mas podem ser dispostas em classes ou grupos diferenciados para serem atendidas 14 separadamente. Já no ensino inclusivo, as pessoas com necessidades educacionais especiais estão inseridas na mesma escola e frequentam o mesmo grupo que as pessoas ditas normais, pois o modelo de inclusão prevê um ensino que seja capaz de abranger a todos em uma mesma classe, dentro de uma mesma escola, compartilhando espaços físicos e vivências (SILVA, 2016). A partir da definição dos conceitos, você pode verificar as diferenças entre os dois modelos: • Ensino integrado: defende a inserção parcial e condicional da criança no ambiente da escola regular, uma vez que esta precisa “se preparar” para tanto. Também propõe mudanças que visam conceder prioridades à pessoa com deficiência, criando a ideia de que ela é “especial”. Essa modalidade de ensino acaba se contentando com transformações superficiais, pois não exige mudanças de paradigmas sociais e pedagógicos. É um modelo que pede concessões ao sistema, uma vez que as pessoas com deficiência precisam de adaptar às necessidades dos modelos preestabelecidos na sociedade, que apenas se ajustam para recebê-las. Além disso, incentiva a inserção, nos grupos, de pessoas “excluídas, mas que provaram estar preparadas” para isso. Fonte: Adaptada de Bombeiro Oswaldo (2016). Assim, a integração busca a qualidade das estruturas que atendem apenas às pessoas com deficiência consideradas aptas, tendendo a disfarçar as limitações para aumentar as possibilidades de inserção. A presença de pessoas com e sem deficiência no mesmo ambiente, somente compartilhando o espaço físico, tende a ser 15 suficiente para o uso do adjetivo “integrador”. Por fim, a integração incentiva pessoas com deficiência a seguir modelos, não valorizando, por exemplo, outras formas de comunicação, como a Libras. Tem-se como modelo um bloco majoritário e homogêneo de pessoas sem deficiência rodeado pelas que apresentam diferenças. • Ensino inclusivo: propõe a inclusão total e incondicional das crianças com deficiência no ambiente da escola regular. Aqui, não há a necessidade de nenhuma “preparação” para a sua inserção. As mudanças propostas beneficiam a todas as pessoas e partem do pressuposto de que são todas iguais. É uma modalidade de ensino que exige mudanças profundas de paradigmas e extinção de preconceitos. É a sociedade que se adapta para atender às necessidades das pessoas com deficiência e, com isso, se torna mais atenta às necessidades de todos, defendendo os direitos de todas as pessoas, com e sem deficiência. Incentiva a inserção nos sistemas dos grupos de “excluídos” e, paralelamente, transforma esses sistemas para que se tornem de qualidade para todos, valorizando a individualidade das pessoas com deficiência e as diferenças. Não tem por objetivo disfarçar as limitações, porque elas são reais e assim devem ser aceitas e respeitadas. Caracteriza-se pela presença de pessoas com e sem deficiência em um mesmo ambiente, interagindo e participando, compartilhando espaços físicos e experiências. Promove a certeza de que todas as pessoas são diferentes, não existem “os especiais”, “os normais”, “os excepcionais”, mas apenas pessoas com deficiência. Fonte: Adaptada de Bombeiro Oswaldo (2016). 16 3.2 A integração e a inclusão na prática de sala de aula De acordo com os principais teóricos atuais da área da educação (Romeu Sassaki, Maria Teresa Mantoan, entre outros), com documentos sobre educação especial inclusiva reconhecidos internacionalmente (a Declaração de Salamanca, entre outros) e com a legislação brasileira (o Capítulo III da Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases e outros decretos e portarias), o ensino inclusivo é o modelo mais apropriado para a educação de pessoas com deficiência (SASSAKI, 1997). Você imagina por quê? O motivo são as características democráticas desse modelo, que têm o objetivo de promover o alcance e a qualidade do ensino para todos. As políticas públicas e as iniciativas para a implantação da educação inclusiva são inúmeras, pois essa é uma tarefa de transição. Isso significa que não é possível simplesmente substituir o ensino das pessoas com necessidades educacionais especiais em escolas especiais pelo ensino inclusivo na escola regular de uma hora para outra. Como você deve imaginar, essa transição requer mudanças no sistema escolar como um todo. É necessário modificar desde as estruturas físicas e as instalações dos estabelecimentos de ensino regular para receber esses alunos até os paradigmas sociais e pedagógicos dos gestores, educadores e demais profissionais envolvidos no processo. Além disso, há a necessidade de se rever conceitos e preconceitos sobre a inclusão na prática (SILVA, 2016). Se você refletir sobre as práticas pedagógicas de sala de aula, essa realidade se torna bastante peculiar. Você já parou para pensar em como aplicar atividades para um grupo visando a inclusão, e não a integração? Apesar de os conceitos serem bastante diferentes, a prática ainda não está bem definida, ocasionando dúvidas sobre como direcionar a aula para uma conduta inclusiva. É importante que você considere que uma prática inclusiva é a que deve proporcionar a todos os alunos oportunidades educacionais adequadas e desafiadoras, porém ajustadas às necessidades e habilidades de cada um. Veja a seguir algumas sugestões de ações e posturas que você pode colocar em prática (SILVA, 2016). • Partir da premissa deque todos os alunos são diferentes. Assim, suas experiências prévias proporcionam a construção de saberes e resultados pedagógicos singulares, que não poderão ser desconsiderados no monitoramento e no registro do desempenho escolar de cada aluno em relação às metas propostas para o grupo. Ou 17 seja, a avaliação deve ser sobre o desenvolvimento do aluno em relação a ele mesmo anteriormente, e não em relação ao grupo, evitando comparações. • Pedir ajuda quando necessário e saber que os alunos podem dar informações preciosas sobre como aprendem. Isso o ajudará a elaborar as metas a alcançar e as atividades e materiais mais apropriados. • Incentivar os alunos a fazerem escolhas e a aprenderem com seus sucessos e erros, criando um ambiente ativo de aprendizagem que permita a resolução de problemas e a colaboração com seus pares, estimulando a autonomia. Atividades e trabalhos em grupos são muito indicados para estimular a troca de experiências. • Ter sempre em mente que os alunos têm ritmos e estilos diferentes de aprendizagem e que eles devem ser levados em conta. • Desenvolver a criatividade, buscando alternativas que despertem o interesse e a curiosidade de todos os alunos, trabalhando com uma variedade de materiais, jogos, brinquedos e atividades. Também é fundamental investir em uma organização diferente da rotina e do espaço da sala de aula, o que irá colaborar para a ampliação das experiências de aprendizagem. • Sair da sala de aula e explorar outros ambientes, que podem se tornar fontes muito ricas de conhecimento. Ir ao parque, ao zoológico, ao museu, à biblioteca, à feira, ao mercado, fazer uma horta, plantar flores no jardim, entre outras atividades que contribuem para a vivência na prática dos conteúdos abordados na sala de aula. • Criar espaços cênicos, improvisando, usando o mobiliário já existente, trazendo outros materiais, como cortinas, caixas grandes, almofadas, retalhos, sucatas, fantasias, para que as crianças utilizem a imaginação, atribuindo novos sentidos aos objetos. • Contar histórias utilizando recursos como sons, imagens e objetos, até que todos possam entendê-las, incentivando o desenvolvimento dos sentidos. • Incentivar as brincadeiras e as diferentes formas de expressão. É importante que você saiba, no entanto, que cada grupo tem as suas características. Assim, os tipos de atividades vão depender daquilo que desperta o interesse de cada um. Nesse sentido, você deve sempre adequar os assuntos e conteúdo de acordo com o plano de estudos do estabelecimento de ensino. De qualquer forma, é importante sempre incentivar a interação e a troca de experiências 18 entre os alunos, levando em conta o aprendizado em conjunto e direcionando-os a explorar, pesquisar e questionar, para que se tornem autônomos, críticos e construtores do próprio saber (SILVA, 2016). 4 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos participarem e aprenderem juntos, sem qualquer tipo de discriminação. Constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, compreendendo igualdade e diferença como valores indissociáveis e, por consequência, avançando em relação à ideia de equidade formal, uma vez que contextualiza as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola (NUNES, 2019). Nesse sentido, em 2008, foi estabelecida a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, apresentada pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Secretaria da Educação Especial (SEESP). Esse documento tem como objetivo acompanhar os avanços do conhecimento e das lutas sociais, visando constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos (BRASIL, 2008). 4.1 As políticas públicas e a implementação da Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva A educação inclusiva no Brasil vem passando por uma trajetória de avanços e conquistas, com a promulgação de leis que orientam a sua implantação em nível nacional. É importante destacar que as políticas no Brasil são fortemente infl uenciadas por eventos e documentos internacionais, como a Conferência Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien, 1990), o Relatório Delors (1993–1996), a V Reunião do Comitê Regional Intergovernamental do Projeto Principal de Educação para a América Latina e Caribe (1993) e a Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais (Declaração de Salamanca, 1994). 19 Todos esses eventos, de uma forma ou de outra, contribuíram fortemente para as políticas de inclusão no Brasil, inclusive para a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. A partir da Constituição Federal de 1988 e da Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), os sujeitos com deficiência passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direitos, inclusive no que se refere à educação (BRASIL, 1988; 1990). Nesse sentido, podemos afirmar que, a partir dos anos 1990, houve uma mudança importante no cenário da educação, principalmente no que se refere à regularização da situação educacional das pessoas com deficiência. Ou seja, o movimento pela educação especial ganhou força. Várias políticas importantes foram implementadas, no sentido de garantir a entrada e a permanência dos sujeitos da educação especial no ensino regular. A seguir, veremos algumas das principais políticas. Fonte: www.drmommychronicles.com 4.1.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional No ano de 1996, mais especificamente em 20 de dezembro de 1996, foi estabelecida a Lei nº. 9.394, denominada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). No Capítulo V, “Da Educação Especial”, art. 58, essa Lei estabelece que: “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” (BRASIL, 1996, documento on-line). Caso a escola regular não possua condições de atender esses alunos, “O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não 20 for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular” (BRASIL, 1996, documento on-line). Cabe destacar que, após a LDBEN, a educação especial passou de um sistema à parte para uma modalidade educacional transversal. A partir dela, as normativas foram se tornando cada vez mais detalhadas e direcionadas ao público-alvo da educação especial. Salienta-se que a LDBEN apontou algumas mudanças significativas em prol da educação escolar das pessoas com deficiência, porém, tratou a educação especial como “[...] a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” (BRASIL, 1996, documento on-line). O termo “preferencialmente” gerou algumas brechas na lei, permitindo que algumas instituições negassem a matrícula para os sujeitos da educação especial. Rech (2015) chama a atenção de que, embora a Lei não tenha se referido à educação inclusiva, nela ficou perceptível a intenção de abrir espaços para a ideia de educação para todos, tendo como base a proposta de manter, na escola especial, apenas os alunos que não tiverem condições de serem integrados na escola regular. A partir desse momento, a matrícula para alunos com deficiência passou a ser obrigatória na escola regular. Porém, até esse momento, pelo menos nas políticas públicas, não se falava no conceito de inclusão naperspectiva da integração escolar. 4.1.2 Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica Conforme leciona Rech (2015, p. 160-161), o MEC organizou, em 2001, as “Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica”; esse documento começou a circular pelas escolas, “[...] juntamente com um maior aporte teórico sobre a inserção da Educação Especial na escola regular”. Esse material “[...] trouxe também, informações mais completas a respeito dos serviços de apoio pedagógico especializado, nomenclatura adotada no Documento”, ainda conforme Rech (2015, p. 160-161). Rech (2015, p. 160-161) afirma que, conforme o documento: [...] o atendimento educacional especializado (AEE), poderia ser realizado nas classes comuns de ensino, mediante parcerias entre os professores da Educação Especial e do ensino regular; nas salas de recursos pelo professor da Educação Especial e, também, fora da escola em classes hospitalares e em ambientes domiciliares. 21 Esse documento é bastante importante, já que nele aparece pela primeira vez o termo inclusão, em substituição ao termo integração. Rech (2015) aponta ainda três aspectos importantes a considerar a partir dessas diretrizes: 1. a utilização do termo “alunos com necessidades especiais”, referindo-se aos alunos que necessitavam ser incluídos; 2. responsabilização do governo em assumir a proposta da inclusão como uma das metas das políticas educacionais; 3. responsabilização do governo pelo sucesso da inclusão. 4.1.3 Plano de Desenvolvimento da Educação Outra política importante direcionada para a inclusão das pessoas com deficiência no ensino regular foi a criação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). De acordo com Rech (2015), o PDE foi lançado oficialmente a partir do Decreto nº. 6.094, de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007), que tratou do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. A autora destaca duas ações importantes no sentido de combater a exclusão escolar: o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais (2005) e o Programa Incluir: Acessibilidade na Educação Superior (2005). Essas ações foram importantes, no sentido de trabalharem formas ou criarem experiências para fortificar o movimento pela inclusão, ainda conforme Rech (2015). Fonte: www.facafisioterapia.net 22 Esses são alguns exemplos de políticas que, aos poucos, foram sendo criadas e implementadas no sentido de criar condições para que, no ano de 2008, fosse criada a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. É importante destacar que, após a implementação dessa Política, várias outras políticas foram criadas, dando prosseguimento às ações desenvolvidas até então. Dentre elas, podemos citar: Resolução nº. 4 do Conselho Nacional de Educação, de 02 de outubro de 2009; Nota técnica nº. 11 da SEESP, de 07 de maio de 2010; Decreto nº. 7.611, de 17 de novembro de 2011; Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº. 13.146, de 06 de julho de 2015). 4.2 Objetivos da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva O documento orientador para a implementação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, publicado em 2008, tem como diretriz principal a instrução para que os estados e municípios organizem as suas ações, no sentido de transformarem seus sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos. O documento tem como objetivo principal o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares. Ele orienta os sistemas de ensino a promoverem respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo os aspectos descritos a seguir (BRASIL, 2008). • Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior. O atendimento especializado deve ser oferecido em todos os níveis, não substituindo o ensino regular, mas auxiliando o aluno nas suas dificuldades de aprendizagem. • Atendimento Educacional Especializado (AEE). É o conjunto de atividades e recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente. Ele é prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. Pode ser organizado dentro do mesmo estabelecimento escolar ou oferecido em outros espaços, como escolas especiais. • Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino. Devem ser oferecidas oportunidades àqueles alunos que tenham interesse e estejam aptos a 23 ingressarem nos níveis mais elevados, como o ensino superior e as suas modalidades posteriores. • Formação de professores para o atendimento educacional especializado e dos demais profissionais da educação para a inclusão escolar. O MEC, em parceria com a SEESP, deverá oferecer programas de formação inicial e continuada para os professores da rede regular de ensino, com o objetivo de melhor preparar os profissionais envolvidos no processo de inclusão. • Participação da família e da comunidade. É de responsabilidade do MEC a criação de iniciativas de conscientização das famílias e da sociedade em geral, no sentido de uma maior participação e acompanhamento das crianças, perfazendo uma troca de experiências e uma parceria família- -escola, o que pode contribuir para a melhoria do sistema como um todo. • Acessibilidade urbanística e arquitetônica nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e na informação. Os sistemas de ensino devem organizar as condições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à comunicação, para que favoreçam a promoção da aprendizagem e a valorização das diferenças, de forma a atender às necessidades educacionais de todos os estudantes. • Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. Para assegurar a intersetorialidade na implementação das políticas públicas, a formação deve contemplar conhecimentos de gestão de sistema educacional inclusivo. Assim, deve ter em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas, visando à acessibilidade arquitetônica, aos atendimentos de saúde e à promoção de ações de assistência social, trabalho e justiça (NUNES, 2019). 4.3 Diretrizes e normas para a implantação de sistemas educacionais inclusivos A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva estabelece as normas e diretrizes para a implantação, a implementação e a manutenção da inclusão nos estabelecimentos de ensino da rede regular (BRASIL, 2008). Você verá, aqui, algumas delas, consideradas de caráter essencial. Mas, para um maior aprofundamento sobre o assunto, você deve fazer a leitura do documento orientador na íntegra. 24 A educação especial é uma modalidade de ensino que deve perpassar todos os níveis, etapas e modalidades. Ela engloba realizar o atendimento educacional especializado, disponibilizar os recursos e serviços e orientar quanto à sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado se diferenciam daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização e complementando a formação dos estudantes (NUNES, 2019). O acesso à educação tem início na educação infantil, na qual se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e o desenvolvimento global do aluno. Na modalidade de educação de jovens e adultos e educação profissional, as ações da educação especialpossibilitam a ampliação de oportunidades de escolarização, a formação para o ingresso no mercado de trabalho e a efetiva participação social (NUNES, 2019). Na educação superior, a educação especial se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos estudantes. Essas ações envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas de informação e nos materiais didáticos e pedagógicos que devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvam o ensino, a pesquisa e a extensão (NUNES, 2019). A avaliação pedagógica deve considerar tanto o conhecimento prévio e o nível atual de desenvolvimento do aluno quanto as possibilidades de aprendizagem futura. Assim, deve configurar uma ação pedagógica processual e formativa, que analisa o desempenho do aluno em relação ao seu progresso individual. Na avaliação, deve-se destacar os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções pedagógicas do professor. Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área (NUNES, 2019). 25 5 IDENTIDADE E ATENDIMENTO: DIFERENÇA ENTRE DEFICIÊNCIA E INCAPACIDADE Você sabe qual é a diferença entre deficiência e incapacidade? Saberia conceituar essas duas condições? E, na prática, o que é uma pessoa com deficiência e uma pessoa incapacitada? Utilizar a terminologia correta não é mera questão de semântica, mas proporciona um melhor entendimento sobre o assunto e evita o uso de vocábulos desatualizados ou preconceituosos (LOPES, 2016). 5.1 O que é deficiência? O que é incapacidade? Antes de conhecer melhor as características das deficiências e das incapacidades, é importante que você compreenda que elas são coisas distintas. As pessoas com deficiência são aquelas que apresentam “significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de caráter temporário ou permanente”, de acordo com a Política Nacional de Educação Especial. Como exemplos, você pode considerar as paralisias, as deficiências mentais, visuais e auditivas de origem congênita (adquiridas no nascimento) ou adquiridas por meio de doenças, acidentes ou outras causas (LOPES, 2016). Fonte: www.nspcc.org.uk A incapacidade implica dificuldade extrema para fazer alguma coisa ou desempenhar alguma atividade (andar, subir escadas, ver, ouvir), levando a pessoa a 26 não conseguir fazê-lo. É uma consequência da deficiência e deve ser vista como localizada, pois não implica incapacidade do indivíduo para outras atividades específicas. Em outras palavras, a incapacidade é específica e não engloba todas as possibilidades do indivíduo. Por exemplo, a incapacidade de um deficiente visual está na visão, mas ele pode caminhar com o auxílio de acessibilidade adequada à sua deficiência. A incapacidade de um paraplégico está no andar, mas ele pode exercer funções que não exijam esse movimento, como ler, ouvir, falar e outras. Você deve ter em mente que exemplificamos aqui as incapacidades específicas. Isso não quer dizer que não existam pessoas com mais de uma incapacidade decorrentes de deficiências de acometimento mais global, como no caso das paralisias cerebrais, que causam várias incapacidades ao mesmo tempo, entre outras (LOPES, 2016). 5.2 Deficiência e incapacidade: características e terminologia atual De acordo com Sassaki (2000), “[...] a construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntariamente ou involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com deficiências”. Em debates promovidos pelos movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil, elas entraram em consenso sobre o nome pelo qual desejam ser chamadas. Mundialmente, foi decidido que preferem ser chamadas de “pessoas com deficiência” em todos os idiomas. Essa expressão faz parte do texto da Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência. Ela foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU, em 2004, e promulgada posteriormente por meio de leis nacionais em todos os países-membros (BRASIL, 2009). A opção por essa terminologia e por parar de dizer ou escrever a palavra “portadora” (como substantivo e como adjetivo) remete ao fato de que ter uma deficiência faz parte da pessoa, ou seja, essa pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Você percebe que tanto o verbo “portar” como o substantivo ou o adjetivo “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida que faz parte da pessoa? Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar, deliberada ou casualmente, e isso, obviamente, não se aplica a uma deficiência (LOPES, 2016). 27 Veja alguns dos termos que as pessoas devem utilizar atualmente para se referirem a deficiências ou contextos referentes a elas. Em contraposição, você pode observar também as expressões incorretas. No passado, a desinformação e o preconceito a respeito de pessoas com deficiência eram de tamanha magnitude que a sociedade acreditava na normalidade das pessoas sem deficiência. Essa crença se fundamentava na ideia de que a pessoa que tivesse uma deficiência era anormal. A normalidade, em relação a pessoas, é um conceito questionável e ultrapassado. Por isso, ao se referir a crianças, adolescentes e adultos que não possuem deficiência, você deve utilizar a expressão sem deficiência ou não deficiente (LOPES, 2016). As expressões como aleijado, defeituoso físico, incapacitado e inválido foram substituídas por pessoa com deficiência. Expressões como “ceguinho” ou “surdinho”, utilizadas no diminutivo, denotam que as pessoas com esse tipo de deficiência não são completas. Por isso, esses termos foram substituídos por cego, pessoa cega, pessoa com deficiência visual, deficiente visual ou pessoa com deficiência auditiva (LOPES, 2016). Já as expressões “mongoloide”, “mongol”, “excepcional”, “doente mental” e “retardado” foram substituídas, respectivamente, por pessoa com Síndrome de Down, pessoa com deficiência mental e pessoa deficiente mental. Os termos epilético e paralisado cerebral foram substituídos por pessoa com epilepsia e pessoa com paralisia cerebral. Esses são os termos mais utilizados no cotidiano. Para um maior aprofundamento sobre o assunto, você pode fazer a leitura na íntegra da obra Terminologia sobre deficiência na era da inclusão (SASSAKI, 2000). 5.3 As deficiências e incapacidades à luz da educação inclusiva A inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino é um direito garantido pela Constituição Federal. Contudo, isso não é sufi ciente para garantir a construção e o desenvolvimento de um sistema educacional inclusivo. Para que a inclusão obtenha sucesso, é necessário que a comunidade escolar se disponha a aceitar e a participar desse processo. Este, por sua vez, é mais complexo do que somente inserir a criança com deficiência, fisicamente, numa sala de aula comum (LOPES, 2016). 28 É imprescindível que, antes de se iniciar um trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais em classes comuns do sistema regular de ensino, seja feito um preparo dos demais alunos para a convivência na diversidade. Nesse processo, é necessário enfatizar a importância das diferenças entre as pessoas, de maneira geral. A premissa é de que somos todos diferentes e que, em virtude disso, todos os alunos recebem atenção e acompanhamento pedagógico de acordo com as suas necessidades. Essa noção é importante para desenvolver a compreensão entre os colegas eevitar sentimentos de ciúmes, exclusão ou mesmo disputas por atenção. Os comportamentos de rejeição e de superproteção à diferença devem ser trabalhados com os alunos, discutidos, compreendidos e modificados, inclusive como parte da ação educativa da escola, que é formar cidadãos ativos, conscientes, críticos e responsáveis. É indicado sempre que se tenha uma atitude de respeito e de dignidade no trato das deficiências e incapacidades, o que, por si só, já transmite aos alunos um modelo que se fortalece na convivência com um colega que tenha uma deficiência (LOPES, 2016). Fonte: www.miloserdie.ru Assim como é fundamental preparar os alunos para receber seus colegas com necessidades educacionais especiais e outros tipos de deficiência, também é muito importante sensibilizar e envolver seus pais. Eles precisam compreender, aceitar e colaborar para que a inclusão se concretize com vantagens para todos. Para que os membros da família desejem cumprir o seu papel de educadores no âmbito informal do ensino, eles necessitam de informação, de orientação e de se sentirem parte do processo. É fundamental para o sucesso da educação inclusiva que se estabeleça 29 uma parceria entre a família e a escola, uma troca de experiências e de saberes. Essa troca tem o objetivo de desenvolver plenamente o educando com deficiência e de oferecer ensino de qualidade para todos os alunos (LOPES, 2016). 6 PARCERIA ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA: EDUCAÇÃO INCLUSIVA Você sabia que é muito importante haver uma parceria entre a escola e a família na educação inclusiva? Todos sabemos que a família cumpre um papel primordial na educação de uma criança. Mais do que o direito de fazer as escolhas de cunho educacional de seus filhos, a família tem o dever legal e a responsabilidade por decisões que atendam aos interesses da criança (LOPES, 2016). 6.1 As funções da família na educação De acordo com Witt (2016), a definição de família é feita em termos do que uma família é, com ênfase em sangue e afinidade, e do que uma família faz, ou das funções que cumpre. Isso inclui reprodução, socialização, proteção, regulação do comportamento sexual, afeto, companheirismo e fornecimento de status social. A família tem inúmeras funções no contexto do desenvolvimento do ser humano. Você pode considerar, por exemplo, a função procriadora, que consiste em assegurar a continuidade das gerações familiares e da vida humana. Muitas famílias encontram o sentido da sua união nos filhos a que deram existência. Isso pode ser considerado um reflexo do pensamento advindo da igreja católica e que ainda vem repercutindo até os dias de hoje. Algumas delas referem, ainda, que os filhos podem servir também como companhia na sua velhice, mantendo a unidade do núcleo familiar. A função alimentar é, sem sombra de dúvida, uma das mais básicas. Compete à família assegurar o sustento da criança, satisfazendo as suas necessidades relacionadas à nutrição, do vestuário e ao abrigo. A função protetora se baseia no fato de que a infância do homem é um período frágil. Por isso, a criança necessita dos cuidados e da proteção dos adultos para sobreviver. Além disso, é importante que você saiba que essa função protetora por parte da família não se limita apenas aos primeiros anos de vida, mas se estende para além da infância. Na sociedade atual, é cada vez mais comum essa função se prolongar até a idade adulta. A função 30 educativa, que será o assunto alvo deste texto, é de importância fundamental, uma vez que é a primeira instituição social em que o ser humano é inserido. Os pais e as mães são os primeiros e os principais educadores das crianças. Mas, com o passar do tempo, essa função educadora será gradativamente compartilhada com outras instituições, principalmente com a escola. Quando pais e profissionais trabalham juntos durante a infância, os resultados têm um impacto positivo no desenvolvimento da criança e na sua aprendizagem. Dessa forma, as famílias proporcionam o contexto no qual as crianças nascem, são socializadas e estabelecem suas identidades básicas. É nela que se adquire, além da linguagem, do afeto e de crenças culturais, as regras básicas de convivência em sociedade e os valores morais (LOPES, 2016). Assim, o processo de ensino-aprendizagem da criança no ambiente escolar necessita de uma continuidade no ambiente familiar, pois ambas as instâncias têm por objetivo comum a educação da criança. É na instituição familiar que ocorrem as primeiras aprendizagens da criança. Por esse motivo, a família deve assumir um papel primordial na educação, sendo o primeiro e mais importante agente educativo, o núcleo central do desenvolvimento global da criança no que se refere ao domínio afetivo, social, cognitivo e motor (LOPES, 2016). 6.2 Ações de participação da família na educação inclusiva Você já sabe que a participação da família na escolarização dos filhos é essencial. Essa parceria entre a família e a escola é importante em todas as esferas, no caso de crianças sem deficiência ou dificuldades de aprendizagem. E ela se torna primordial no caso daquelas com deficiência ou necessidades educacionais especiais. Nesses casos, a criança necessita de um acompanhamento mais cuidadoso por parte da família. Isso ocorre pois eles envolvem questões relativas às condições emocionais e psicológicas da criança, assim como fatores como ansiedade e problemas de autoestima. A escola tem o papel de observar a ocorrência dessas dificuldades e reportá-las à família. Assim, em um trabalho conjunto, esses problemas são diagnosticados e a criança é encaminhada ao atendimento profissional competente. Do mesmo modo, de posse do diagnóstico, é imprescindível que a escola acompanhe a evolução escolar do aluno, modificando ações e criando alternativas para melhorar o seu desempenho (LOPES, 2016). 31 A família pode se fazer presente e participar da vida escolar do filho de várias formas. Pode, por exemplo, fazer uma revisão em casa do conteúdo que foi trabalhado na sala de aula, além de participar de reuniões com a equipe escolar com o objetivo de planejar, adaptar o currículo ou compartilhar os avanços das crianças. Estar presente como parceiro das equipes e participar de todos os aspectos operacionais da escola, trocando opiniões e experiências, assim como participar de atividades extracurriculares e treinamentos relevantes também são ações que podem levar a uma inclusão verdadeiramente concreta. Isso ocorre porque a escola, a família e a criança estão envolvidas em um processo com um único objetivo: o bem-estar e o aprendizado desta última (LOPES, 2016). Fonte: www.cnsdb.ca A escola inclusiva conta com a participação da família e da comunidade. Isso ocorre pois somente as ações dos gestores e educadores não são suficientes para promover a inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais. As crianças com deficiência ou necessidades educacionais especiais demandam um apoio maior tanto da comunidade escolar quanto da família e da comunidade em geral para o seu pleno desenvolvimento. É importante que você se lembre de que a família é o alicerce natural para a criança. É a partir de ações promovidas por ela que o seu desenvolvimento será impulsionado. Muitas vezes, a criança necessita de algum tipo de apoio ou acompanhamento externo, ou seja, que não é oferecido pela própria escola. Nesses casos, cabe à família buscar alternativas para suprir essas necessidades. Aqui você pode considerar atendimentos psicológicos, 32 psicopedagógicos, fisioterapêuticos ou neurológicos, entre outros, dependendo da especificidade da necessidade da criança (LOPES, 2016). É importante você lembrar que, para que a família desempenhe bem o seu papel, ela deve estar atenta a buscar orientações com médicos, psicólogos ou em centros de atendimentoàs pessoas com deficiência. O objetivo disso é estabelecer metas realistas e adequadas às capacidades da criança, dando- -lhe oportunidade de se desenvolver sem superprotegê-la, pressioná-la nem a comparar com outras crianças. No que se refere à legislação, a participação da família também é considerada de vasta importância. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído pela Lei nº 8.069/90, no artigo 55, determina que “[...] os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.” (BRASIL, 1990). Já a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares (BRASIL, 2008). Assim, orienta os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais, garantindo, entre outras prioridades, a participação da família e da comunidade. O artigo 205 do Capítulo III da Constituição Federal dispõe que “[...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1988). Isso vem ao encontro do disposto no artigo 2º da LDB nº 9.394/96, que diz que “[...] a educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1996). Você deve saber que as disposições apresentadas acima se referem também à educação das pessoas com necessidades educacionais especiais. A educação é um direito de todos, assim como os deveres da família se estendem a todas as crianças, sejam elas deficientes ou não (LOPES, 2016). 33 6.3 A interação entre a escola e a família Você deve imaginar que o diálogo, a colaboração e o compartilhamento devem ser as bases de trabalho sobre as quais a escola e a família formam uma equipe. O objetivo dessa equipe será sempre o pleno desenvolvimento de todas as crianças, principalmente daquelas com deficiência ou necessidades educacionais especiais. A participação ativa dos pais e o engajamento na vida dos filhos, inclusive no cotidiano escolar da criança, gera uma tendência de que os alunos se dediquem e se esforcem mais, além de se sentirem amados e apoiados. A família que se interessa em saber sobre a relação dos filhos com os professores, sobre o seu comportamento em sala de aula, suas notas e dificuldades, enfim, que procura se inteirar sobre tudo relacionado ao rendimento escolar do filho, normalmente está disposta e aberta a ajudar o professor a vencer os desafios em sala de aula, adotando medidas complementares em casa. Essa postura, inevitavelmente, promove uma melhora na performance do aluno (LOPES, 2016). Na educação inclusiva, é importante que os pais enxerguem os professores como aliados, e que os professores vejam os pais como potencializadores do rendimento escolar. Isso abre maiores possibilidades de conversar abertamente sobre os problemas dos alunos, identificando as deficiências de aprendizagem e reprogramando o processo de ensino de maneira personalizada e eficaz. Não basta dizer a um pai que o seu filho não está aprendendo, não está prestando atenção nas aulas e não está ajudando nas atividades. O pai precisa ser orientado sobre como pode intervir e o que deve fazer para ajudar a solucionar o problema. Além disso, os direitos e deveres da família e da escola devem estar claramente definidos. Muitas vezes, não é da alçada dos próprios pais a resolução de determinados problemas e se faz necessária a busca de profissionais para prestarem o devido auxílio (LOPES, 2016). Por outro lado, a criança passa muitas das horas do dia na escola. Além disso, muitas vezes, são os profissionais de educação que têm um maior convívio com ela. Por isso, é da escola que parte o alerta à família de que a criança apresenta alguma dificuldade ou problema que não pode ser solucionado na própria instituição. A partir do alerta, a busca por acompanhamento com profissionais da área da saúde ou da educação fora da escola é feita pela família, mas sempre tendo em vista a troca de informações sobre a evolução do aluno em todas as esferas. É a partir dessa troca 34 que pais e professores serão capazes de proporcionar as melhores ações voltadas para o bem-estar e desenvolvimento das potencialidades e habilidades da criança (LOPES, 2016). 7 UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO Entretanto, para um melhor aprofundamento do tema, observa-se que mediante a justiça, o direito do aluno com necessidades educativas especiais e de todos os cidadãos à educação, é um direito constitucional. Uma educação de qualidade para todos implica entre outros fatores a necessidade de um redimensionamento da escola no que consiste não somente na aceitação, mas também na valorização das diferenças (LOPES, 2016). Logo, com a vigência da LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), que no seu capítulo V define educação especial como modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para as pessoas com necessidades especiais, observou-se a necessidade de capacitar os professores, principalmente os professores da rede pública, pela responsabilidade que têm em relação ao trabalho desenvolvido com a maioria das crianças e adolescentes em idade escolar. Esta capacitação teria que abordar questões voltadas tanto para o melhor convívio e entendimento com estes alunos com necessidades educacionais especiais quanto aos seus processos de aprendizagem e necessidades adaptativas. Contudo, o que se percebe é que para essa mudança ocorrer torna-se necessário ir muito além de simples capacitações e especializações de caráter informativo para o professore lidar com essa população. Toda a escola deve estar engajada para essa nova etapa, desenvolvendo um projeto político pedagógico que envolva estes alunos especiais, tendo instrumental didático, esclarecimento sobre as necessidades educacionais especiais do aluno, entre muitas outras coisas. Essa mudança na valorização se efetua pelo resgate dos valores culturais, os quais fortalecem a identidade individual e coletiva do indivíduo, bem como pelo respeito do aprender e construir. Cada aluno numa sala de aula, representa características próprias e um conjunto de valores e informações que os tornam únicos e especiais, constituindo um ritmo de aprendizagem, o desafio da escola hoje é trabalhar com essas diversidades na tentativa de construir um novo conceito do processo ensino- 35 aprendizagem de modo que sejam incluídos neste processo todos que dele, por direito, são sujeitos (LOPES, 2016). Contudo, de acordo com alguns autores pesquisados (MONTOAN, MAZZOTA, BUENO) uns estão insatisfeitos com os paradigmas que têm predominado em Educação Especial, isto originado pelo fato de que, a despeito de todos os esforços, os alunos com deficiências, condutas típicas e síndromes neurológicas, psiquiátricas ou quadros psicológicos graves e, ainda, os de altas habilidades (Superdotados) continuam excluídos, seja das escolas comuns, seja do direito à apropriação do saber na intensidade e ritmo necessários para sua aprendizagem. A integração das pessoas com necessidades especiais tem sido objeto de sérios questionamentos. Com o objetivo de analisar e melhor entender esse quadro, no qual se inserem as minorias, têm se discutido um novo paradigma: a inclusão de todos. Para tanto, a sociedade precisa assumir mais concretamente o seu papel, criando as condições necessárias para a equalização de oportunidades (LOPES,2016). A inclusão escolar em escolas públicas tem gerado inúmeras discussões e controversas, que é comum ouvir que a Educação Especial passa por momentos críticos em todas as estâncias que permeiam: conceitual, nos aspectos das divergências, nos aspectos das atribuições de competências, no aspecto da transição do modelo pedagógico, no aspecto da construção da prática pedagógica, no aspecto qualidade docente, no aspecto da educação para o trabalho e o fenômeno da globalização. No entanto, deve-se entender como é a Educação Inclusiva na sua totalidade, para não a tornar excludente. A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte significativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por privações constantes e pela baixa autoestima resultante da exclusão escolar e da social – alunos que são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos. (MANTOAN, 2005, p. 27). Um dos grandes desafios que se coloca a escola inclusiva são a preparação, interação e conscientização da equipe pedagógica, bem como na formação, participação e formação de professor, ainda que se façam necessários programas de formação mais significativos para uma qualificação maior desses profissionais. Na perspectiva dessa abordagem, não é difícil verificar como a escola pode contribuir para o sucesso ou o insucesso do aluno e, que através desses mecanismos forma-se 36 o tipo de ser humano desejável para uma determinada sociedade. Na questão da inclusão do aluno com necessidades educativas especiais o especialista deve concentrar-se em uma investigação sobre o funcionamento da instituição, seu currículo, a pedagogia que orienta a ação educativa e o tipo de avaliação, e sugerir as modificações necessárias para reduzir as diferenças e a amplitude dos possíveis insucessos escolares, não só dessas crianças, mas de todos os alunos (LOPES, 2016). Os instrumentos para se atingir os objetivos da inclusão do aluno com necessidades educativas especiais na escola são necessariamente o conhecimento das teorias educacionais e das propostas existentes neste sentido, e sua divulgação aos profissionais da Educação tais com os professores que estão mais perto desses alunos todos os dias, aprendendo e ensinando com os mesmos, para que ocorra a sensibilização e a conscientização da comunidade escolar (LOPES, 2016). 1. Conceito de inclusão Segundo Mazzotta (1996) a preocupação com a educação das pessoas com necessidades especiais no Brasil é recente, tendo se iniciado efetivamente no século XIX inspirado em experiências norte-americanas e europeias. O histórico pode ser dividido em quatro grandes períodos, a saber: Até 1854 as pessoas com deficiências de qualquer natureza – física, mental ou sensorial – eram excluídos tanto da família como da sociedade, sendo acolhidos em asilos e instituições de cunho filantrópico e/ou religioso. Não raro passavam ali toda a sua vida sem receber nenhum atendimento especial de modo a torná-los produtivos. Entre 1854 e 1956 foi marcado pelo gradual surgimento de algumas escolas especiais de caráter privado, com ênfase no atendimento clínico especializado. Neste período a sociedade começava a compreender que os deficientes poderiam ser produtivos, e o atendimento foi migrando lentamente do âmbito da saúde para o da educação (LOPES, 2016). De 1957 a 1993 constituiu-se em um período marcado por ações oficiais de âmbito nacional. A educação especial se estabeleceu como sendo uma modalidade de educação escolar, que assegurava um conjunto de serviços educacionais especiais, organizados nas diferentes instituições de ensino, sendo: apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns. O objetivo era de garantir o acesso à educação escolar formal e desenvolver as potencialidades dos alunos. Em 1990, com a participação do Brasil na Conferência 37 Mundial sobre Educação para Todos na cidade de Jomtien, na Tailândia, se estabeleceu os primeiros ensaios da política de educação inclusiva (LOPES, 2016). E desde 1994, a concepção de educação inclusiva substituiu definitivamente o conceito de educação especial com base na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que ampliou o conceito de necessidade educacional especial e defendeu a necessidade de inclusão dos alunos especiais no sistema regular de ensino, tendo por princípio uma “Educação para Todos”. A proposta da educação inclusiva se baseia na adaptação curricular, realizada através da ação de uma equipe multidisciplinar que oferece suporte tanto ao professor quanto a pessoas com necessidades especiais, por meio do acompanhamento, estudo e pesquisa de modo a inseri-lo e mantê-lo na rede comum de ensino em todos os seus níveis. A concretização da escola inclusiva baseia-se na defesa de princípios e valores éticos, nos ideais de cidadania e justiça, para todos, em contraposição aos sistemas hierarquizados de inferioridade e desigualdade (LOPES, 2016). Para SASSAKI (1997, p. 41) inclusão é um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus sistemas sociais gerais pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra exclusão, transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas. É oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da colaboração de pensamentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da via. 2. Os contextos político, econômico e social No Brasil, a implementação de propostas relacionadas as pessoas com necessidades especiais é muito difícil. Não apenas na área educacional, mas também no que diz respeito a emprego e direitos. Essa dificuldade reflete a predominância de uma perspectiva assistencialista que, apesar de todas as lutas e leis instituídas, ainda está diretamente vinculada a iniciativas e disposições individuais. De acordo com Mazzotta (1982), os dispositivos legais servem como sustento as linhas de ação estabelecidas, pela política educacional e, se constituem em preceitos a serem respeitados e utilizados como ferramentas, para embasar as ações que levem ao cumprimento das determinações contidas nos textos e nas recomendações de organismos internacionais. A Constituição Federal estabelece 38 como fundamentos da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1° inc. II e III), e como um de seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e credo. No artigo 5º preconiza o direito à igualdade e a educação para todos indistintamente. Esses direitos devem visar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art. 205). Além disso, determina como um dos princípios para o ensino, a: “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206 inc. I), acrescentando que o “dever do Estado 10 com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística segundo a capacidade de cada um. ” (Art. 208 V). Embora a educação especial tenha o amparo da referida lei, ressaltando mais uma vez, a LDB nº 9.394, 20 de dezembro de 1996 em seu capítulo V, Da Educação Especial, art. 58, “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com necessidades especiais”. (LEI DE DIRETRIZES E BASES N°9394/96, Capítulo V, Art.58, 1996). Ao adotar a prática inclusiva como um objetivo de curto prazo, as políticas públicas desconsideram que: os ambientes físicos não estãopreparados para receber esses indivíduos e que a adequação desses espaços vai exigir um grande investimento em infraestrutura e equipamentos, cujas verbas geralmente inexistem. A comunidade não foi “educada” para receber, acolher, integrar e aprender a se relacionar com o diferente. Com isso a possibilidade de que haja rejeição por parte dos demais integrantes da sociedade se torna concreta. O professor precisa ter tempo para refletir e adequar as suas práticas pedagógicas aos novos desafios sem comprometer a qualidade de seu trabalho. Como discute ARANHA (2001) adotar o objetivo de curto prazo, a intervenção junto às diferentes instâncias que contextualizam a vida desse sujeito na comunidade, no sentido de nelas promover ajustes (físicos, materiais, humanos, sociais, legais, etc.) que se mostrem necessários, para que a pessoa com deficiência possa imediatamente adquirir condições de acesso ao espaço comum da vida na sociedade”. (pg. 160-173). É preciso destacar o despreparo dos professores do ensino regular para receber em suas salas de aula, geralmente repletas de alunos com problemas de 39 disciplina e aprendizagem, os alunos com necessidades especiais. Se considerarmos que o ensino regular tem excluído, sistematicamente, larga parcela da população escolar por apresentar problemas pessoais das mais diversas origens, então será possível ter uma boa ideia de como a inclusão é desafiadora. (BUENO, 1999). A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte significativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por privações constantes e pela baixa autoestima resultante da exclusão escolar e da social – alunos que são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos. (MANTOAN, 2003, p. 27). Observando essas constatações é preciso compreender que a profissão docente na contemporaneidade exige um novo perfil, baseado em estudo, reflexão e desenvolvimento de competências práticas realmente significativas. Perrenoud (2000) destaca que uma condição para transformação escolar é a “profissionalização do profissional” da educação e para tanto, ele elenca três aspectos que precisam estar presentes: a responsabilidade, o investimento e a criatividade (LOPES, 2016). Educação Inclusiva A educação inclusiva diz respeito ao direito à educação e, conforme Monteiro (2004) deve buscar-se em princípios tais como: a preservação da dignidade humana, a busca de identidade e o exercício de cidadania. Segundo Macedo (2005), é preciso refletir sobre os fundamentos da educação inclusiva, procurar saber e repensar o modo de funcionamento institucional, hoje pautado na lógica da exclusão em favor da inclusão. Conforme consta na Cartilha da Inclusão dos Direitos das Pessoas com deficiência, para se ter realmente uma escola democrática, é preciso criar uma nova ordem social, pela qual todos sejam incluídos no universo dos direitos e deveres. (GODOY, 2000). Segundo Mantoan (2005) para haver um projeto escolar inclusivo são necessárias mudanças nas propostas educacionais da maioria das escolas, uma nova organização curricular idealizada e executada pelos seus professores, diretores, pais, alunos e todos os que se interessam pela educação na comunidade onde está a escola. Pietro (2006), a inclusão é uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento da educação escolar e para o benefício de todos os alunos com e sem deficiência; ensinar é marcar um encontro com o outro, e a inclusão escolar provoca, basicamente, uma mudança de atitude diante do outro, esse que é alguém especial e que requer do educador ir além. 40 Construir um projeto político pedagógico, numa perspectiva de escola includente exige, portanto: reorientar radicalmente o currículo em todos os seus aspectos, desde a organização das turmas, a escolha de cada professor ou professora para cada grupo de alunas, a horários de aula, a seleção de conteúdos culturais que na escola ganham o nome de conteúdos pedagógicos, a escolha dos materiais didáticos, das metodologias e didáticas ao tipo de relações que se dão na sala de aula e no espaço fora da sala de aula, a relação da escola com as famílias das alunas e com a comunidade circundante e, até a repensar a avaliação em suas consequências na vida das alunas. A reorientação curricular leva a um novo projeto político- pedagógico orientado por uma visão intercultural que acolha todas as etnias, contribuindo assim para que a escola se torna efetivamente uma escola includente, sintonizada com um projeto de sociedade mais democrática e, portanto, includente (GARCIA, 2003). Freire (1997) uma das virtudes do educador democrático é saber ouvir as diferentes vozes com suas linguagens específicas, construídas a partir de um contexto sociocultural, o que implica em saber silenciar, em estar imerso na experiência histórica e concreta dos educandos, mas nunca imerso de forma paternalista, de modo a falar por eles mais do que verdadeiramente ouvi-los. (FREIRE, 2001) 4.A formação de professores para a educação inclusiva Para Morin (2004, p. 11.) Uma educação só pode ser viável se for uma educação integral do ser humano. Uma educação que se dirige à totalidade aberta do ser humano e não apenas a um de seus componentes. A educação deve contribuir, não somente para a tomada de consciência de nossa Terra Pátria, mas também permitir que esta consciência se traduza em vontade de realizar a cidadania terrena. (MORIN, 2004 – p. 18) Quando se trata da inclusão, deve-se considerar aspectos ligados a formação do professor, uma vez que, este deve estar preparado e seguro para trabalhar com o aluno com necessidade educacional especial. Conforme já destacava Piaget (1984, p. 62) a preparação dos professores constitui questão primordial de todas as reformas pedagógicas em perspectiva, pois, enquanto não for a mesma resolvida de forma satisfatória, será totalmente inútil organizar belos programas ou construir belas teorias a respeito do que deveria ser realizado. 41 Ora esse assunto apresenta dois aspectos. Em primeiro lugar, existe o problema social da valorização ou da revalorização do corpo docente primário e secundário, a cujos serviços não são atribuídos o devido valor pela opinião pública, donde o desinteresse e a penúria que se apoderaram dessas profissões e que constituem um dos maiores perigos para o progresso, e mesmo para a sobrevivência de nossas civilizações doentes. A seguir, existe a formação intelectual e moral do corpo docente, problema muito difícil, pois quanto melhores são os métodos preconizados para o ensino mais penoso se tornam o ofício do professor, que a pressupõe não só o nível de uma elite do ponto de vista dos conhecimentos do aluno e das matérias como também uma verdadeira vocação para o exercício da profissão. Para esses dois problemas existe uma única e idêntica solução racional: uma formação universitária completa para os mestres de todos os níveis (pois quanto mais jovens são os alunos, maiores dificuldades assumem o ensino, se levado a sério) (LOPES, 2016). Os três elementos apontados por Perrenoud (2000) se constituem em aspectos fundamentais para a construção de profissionais que assumam a tarefa de desbravar e abrir novos caminhos, construindo com isso uma autonomia individual e liderança na gestão de sala de aula. Na condição de profissionais reflexivos, as receitas prontas não são mais adequadas e sim as habilidades para identificar, definir, projetar, avaliar os desafios. Segundo Paula (2004): Na formação de professores de educação especial, essa ambiguidade manifesta-se, por exemplo, na forma como as políticas públicas consideram essa questão. Também fica evidente, na construção do saber e, do saber fazer, desses futuros docentes, pois os currículos de sua formação inicialprivilegiam, predominantemente, a especificidade do trabalho com determinados alunos “especiais” por que apresentam incapacidades físicas, e/ou mentais, e/ou sensoriais, e/ou adaptativas”. Tal como constata Bueno (1998) apud Nunes et al (1998, p. 70). A formação universitária do professor especial foi incluída como habilidade da pedagogia a qual, via de regra, trata a formação docente como subproduto da formação do especialista: forma-se nesse curso, portanto, um docente especializado com pouca formação como professor, com insuficiente experiência teórico-prática consistente como professor do ensino fundamental. A ênfase nas características e dificuldades específicas das 42 diversas deficiências reiterou, ainda mais uma “especificidade docente” que não levou em conta perspectivas ampliadas sobre a relação entre o fracasso escolar e processo pedagógico. Bueno (1999) assinala que um ensino de qualidade para crianças com necessidades especiais, na perspectiva de uma educação inclusiva, envolve pelo menos, dois tipos de formação profissional docente: professores “generalistas” do ensino regular, com um mínimo de conhecimento e prática sobre alunado diversificado; e professores “especialistas” nas diferentes “necessidades educacionais especiais”, quer seja para atendimento à essa população, quer seja para apoio ao trabalho realizado pelos profissionais de classes regulares que integrem esses alunos. O trabalho docente com pessoas com necessidades educativas especiais na contemporaneidade deve combinar estes dois aspectos, o profissional e o intelectual, e para isso se impõe o desenvolvimento da capacidade de reelaborar conhecimentos. Desta maneira, durante a formação inicial, outras competências precisam ser trabalhadas como a elaboração, a definição, a reinterpretação de currículos e programas que propiciam a profissionalização, valorização e identificação do docente (PIMENTA, 2002, p. 131-132). A verdadeira profissionalização se dá a partir do momento em que é permitido ao professor racionalizar e analisar a própria prática, criticando-a, revisando-a, fundamentando-a na construção do crescimento da unidade de ensino como um todo. O professor é um agente fundamental no processo de inclusão, mas ele precisa ser apoiado e valorizado, pois sozinho não efetivar a construção de uma escola fundamentada numa concepção includente (LOPES, 2016). Para tanto se faz necessário “a preparação de todo o pessoal que constitui a educação, como fator chave para a promoção e progresso das escolas inclusivas” (Declaração Salamanca, p. 27). E também, “a provisão de serviços de apoio é de importância primordial para o sucesso das políticas educacionais inclusivas. ” Segundo Mittler (2003, p. 35), “A inclusão implica que todos os professores têm o direito de esperar e de receber preparação apropriada na formação inicial em educação e desenvolvimento profissional contínuo durante sua vida profissional”. Inclusão e inclusão social Abordagem dessas categorias conceituais, relativas à pessoa com necessidades educativas especiais, implica, em buscar o conceito de “inclusão”, que no entendimento de Forest & Pearpoint, significa “estar com”, “viver 43 com o outro”, sair da condição de marginalidade na qual se encontra. Inclusão significa convidar aqueles que (de alguma forma) têm esperado para entrar e pedir-lhes para ajudar a desenhar novos sistemas que encorajem todas as pessoas a participar da completude de suas capacidades como companheiros e como membros. (Apud MANTOAN, 1997, p.137) Segundo ainda FOREST; PEARPOINT (apud MANTOAN, 1997), inclusão, significa estar com o outro e cuidar uns dos outros, que traduz em convidar pais, estudantes e membros da comunidade para ser parte de uma nova cultura, de uma nova realidade, juntar-se a novos e excitantes conceitos educacionais (tecnologia da informática, pensamento crítico, educação cooperativa). Sassaki (1999), fala da “inclusão social” como um novo paradigma, “o caminho ideal para se construir uma sociedade para todos e que por ele lutam para que possamos – juntos na diversidade humana – cumprir nossos deveres de cidadania e nos beneficiar dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de desenvolvimento”. Karagiannis e Stainback (1999, p. 21), afirmam que “a educação é uma questão de direitos humanos, e os indivíduos com deficiências devem fazer parte das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos”, esta é a mensagem claramente transmitida pela Conferência Mundial de 1994 da UNESCO sobre Necessidades Educacionais Especiais. Inclusão social é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder receber em seus sistemas sociais, cidadãos que dela foram excluídos, no sentido de terem sido privados do acesso aos seus direitos fundamentais. (PAULA, 2004, p. 93). Segundo Mendes (2001, p.17), “ao mesmo tempo em que o ideal de inclusão se populariza, e se torna pauta de discussão obrigatória para todos interessados nos direitos dos alunos com necessidades educacionais especiais, surgem às controvérsias, menos sobre seus princípios e mais sobre as formas de efetiva-la. Segundo Góes e Laphane (2004) muitos dos alunos com diferenças individuais e sociais são mais prevalecentes em populações mais carentes e menos favorecidas econômica e culturalmente. Analisando e levando em consideração as demandas atuais da Educação Especial, constituímos aqui um ponto de partida para desacomodar certas tradições às quais estamos acostumados. Uma reforma da educação para a cidadania envolve 44 também uma reforma dos educadores. Essa é uma tarefa política cuja finalidade é fazer dos educadores pessoas mais informadas e mais eficazes na transformação da sociedade. A inclusão implica na mudança de políticas educacionais e de implementação de projetos educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo. Educação Especial é muito mais do que uma escola especial, sua prática não precisa estar limitada a um sistema paralelo de educação, e sim fazer parte da educação como um todo, acontecendo nas escolas regulares e constituindo-se em mais um sinal de qualidade em educação, quando oferecida a qualquer aluno que dela necessite (LOPES, 2016). Para que a inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema de ensino regular possibilita o resgate da cidadania e ampliação das perspectivas existenciais, pois não basta uma legislação que determinem a criação de cursos de capacitação básica de professores, nem a obrigatoriedade de matrículas nas escolas da rede pública. A educação inclusiva no modelo atual é um desafio que nos obriga a repensar a escola, sua cultura, sua política e suas práticas pedagógicas. Dessa forma estará atendendo não somente aqueles com deficiência, mas todos aqueles atualmente marcados pelo ciclo de exclusão e do fracasso escolar. Portanto para finalizar, cabe ressaltar que a inclusão não é uma ameaça, muito menos uma mera questão de terminologia, é apenas uma expressão linguística e física de um processo histórico que não se iniciou e nem terminará hoje. Na verdade, a inclusão não tem fim, se entendida dentro deste enfoque dinâmico, processual e sistêmico (LOPES, 2016). 45 8 BIBLIOGRAFIA ALONSO, D. Educação inclusiva: desafios da formação e da atuação em sala de aula. Nova Escola, dez. 2013. Disponível em: <http://acervo.novaescola.org.br/politicas-publicas/palavra-especialista-educacao- inclusiva-desafios-formacao-atuacao-sala-aula-762299.shtml?page=4>. Acesso em: 20 dez. 2012. ARCO SINALIZAÇÃO AMBIENTAL. Mapa tátil. São Paulo: Arco Sinalização Ambiental, 2016. Disponível em: <http://www.arcomodular.com.br/portugues/uploads/images/MT%2001%20A.jpg>. Acesso em: 11 dez. 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9050:2015. Acessibilidadea edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 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