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Terapia Nutricional na Insuficiência Cardíaca (IC) Nutricionista: MSc. Jenifer d´El- Rei jeniferdelrei@gmail.com Definição Insuficiência Cardíaca – Síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender as necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê- lo somente com elevadas pressões de enchimento. Sua causa pode ser estrutural ou funcional Aguda X Crônica Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Sistólica X Diastólica Mecanismos Fisiopatológicos Doença valvar Hipertensão arterial Diabetes mellitus Doença arterial coronariana Doença pulmonar obstrutiva crônica Obesidade Aterosclerose Dislipidemia Mecanismos compensatórios: SNS SRAA Sistema citocinas Krause, 14a edição, 2018 Hipertrofia ventricular esquerda Ou Estresse hemodinâmico em um Coração doente Excesso de sódio na dieta Não adesão ao tto farmacológico Arritmias Embolia pulmonar Infecção Anemia Insuficiência Cardíaca Fisiopatologia Evento inicial IAM Ativação Neuro - humoral: Ativação SRAA Ativação SNS Vasopressina Endotelina Baixo débito cardíaco Apoptose Necrose Fibrose Vasoconstricção Edema Hipertrofia Remodelamento Saad M et al. Drugs in Context. 2018.; 7. 212549 Classificação Pode ser classificada de acordo com: - Fração de ejeção (preservada, intermediária e reduzida) - Gravidade dos sintomas (classificação funcional da New York Heart Association – NYHA) - Tempo e progressão da doença (diferentes estágios) Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Classificação Funcional - NYHA Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Estágios da Insuficiência Cardíaca Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Epidemiologia Prevalência mundial 23 milhões Mortalidade tardia em portadores de IC crônica: ICFEr = 8,8% ICFEi= 7,6% ICFEp = 6,3% Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Diagnóstico Sinais e sintomas de Insuficiência Cardíaca Sintomas típicos Sinais mais específicos Falta de ar e dispnéia Ortopnéia Dispnéia paroxística noturna Fadiga/ Cansaço Intolerância ao exercício Pressão venosa jugular elevada Refluxo hepatojugular Terceira bulha cardíaca Impulso apical desviado para esquerda Sintomas menos típicos Sinais menos específicos Tosse noturna Ganho ponderal Dor abdominal Perda de apetite e peso Noctúria e oligúria Crepitações pulmonares Taquicardia Hepatomegalia e ascite Extremidades frias Edema periférico Sinais clínicos em pacientes crônicos - Adaptação Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Diagnóstico Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Diagnóstico Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Marcadores prognósticos de IC Tratamento Farmacológico IECAS: Captopril, Enalapril, Ramipril, Lisinopril, Perindopril BRAs: Candesartana, Losartana, Valsartana Antagonista de Aldosterona: Espironolactona Beta Bloqueadores: Bisoprolol, Carvedilol, Succinato de metoprolol INRA: Sacubitril / valsartana Hidralazina/ Dinitrato de isossorbida Ibravadina Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Alterações metabólicas Tratamento Não Farmacológico Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Dietoterapia Avaliação Nutricional: - Anorexia - Náusea, dor abdominal e sensação de plenitude - Constipação intestinal - Má absorção - Desnutrição - Caquexia cardíaca Krause, 14 ed. 2018 Caquexia Cardíaca Contribuintes fisiológicos para Desnutrição e Caquexia Cardíaca Isquemia intestinal Reduzida circulação esplânica Reduzida função epitelial e aumentada permeabilidade intestinal Exposição a endotoxinas e citocinas liberadas Hipercatabolismo Elevados níveis de hormônios de estresse e neurohormônios: epinefrina, norepinefrina e cortisol Reduzidos níveis de hormônios anabólicos: IGF1 Má absorção Reduzida circulação intestinal Edema intestinal: Reduzida absorção de gordura e perda protéica Anorexia Náusea e saciedade precoce Polifarmácia Depressão Dunn et al. Nutrition on Clinical Practice/ Vol 24, N1. 2009 Alterações Musculoesqueléticas na IC Perda de função Fraqueza Fatigabilidade Estruturais Perda de massa muscular Atrofia, fibrose Substituição do tipo de fibra do tipo I para o tipo IIb Perda dos mitocôndrias Dano endotelial Fluxo sanguíneo Densidade capilar reduzida Vasodilatação Redução do fluxo sanguíneo da perna Metabolismo Proteólise Metabolismo oxidativo Inflamação Citocinas e marcadores oxidativos Neuroendócrinos GH, IGF-, Epinefrina, Norepinefrina, cortisol, TNF Fatores genéticos Miostatina, IGF Krause, 14a edição, 2018 Dietoterapia Calorias e Macronutrientes: Ajustar ao peso atual Evitar desnutrição e obesidade!! Gasto energético aumentado – Controvérsias!! Krause, 14 ed. 2018 Álcool Efeitos do Álcool no Coração EFEITOS INDIRETOS: Deficiência de tiamina (Beriberi) Hipertensão EFEITOS DIRETOS: Etanol e Acetaldeído – Interferência na homeostase muscular esquelética e cardíaca. Reduzida sensibilidade: Miofilamento – Cálcio. Reduzida contração e consequentemente dilatação do ventrículo (esquerdo). Efeito apoptótico do etanol Maisch, B. Herz. 2016; 41(6): 484–493 Heart, 2018 Peroxidação lipídica Inflamação Fibrose extracelular Injúria intracelular Necrose de cardiomiócito Tempo e Dose dependentes Restrição Hídrica e Sódio Sódio e Água na IC Baixo débito Redução da PA Ativação dos baroreceptores Liberação de Vasopressina Ativação Simpática Ativação do SRAA Vasoconstricção + Retenção de sódio e água Sódio e Água na IC Pontos POSITIVOS e NEGATIVOS da restrição de Na Reduz dispnéia Melhora edema Reduz Pressão Arterial Melhora classe funcional NYHA Aumenta o risco de hiponatremia Ativa o SRAA Ativa o SNS Piora função renal Aumenta citocinas inflamatórias Aumenta FC DiNicolantonio. JJ. et al. Progress in Cardiovasc Disease (2016). 401- 406 Restrição de sódio é questionável tanto para população em geral, quanto para população com IC. Ingestão de sódio deve ser individualizada. Mais estudos são necessários para estabelecer esta restrição e sua magnitude. Restrição Hídrica e de Sódio Escassos estudos, com qualidade metodológica para definir o nível de restrição. Sódio – Evitar ingestão excessiva (> 7 g dia/dia). Líquidos - 1000 a 2000 ml/dia (Volume avaliado em estudos) Sobrecarga de sódio e hídrica – Efeito deletério!! Prescrições individualizadas – Levando em consideração: uso de medicações, grau de IC, sintomas e estado nutricional. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Sódio e Sal Sal (NaCl) – 40 % de sódio 5g de sal – 2000 mg de sódio Redução do consumo de alimentos ultraprocessados (Alto teor de sódio) Ômega 3 Ômega 3 e Insuficiência Cardíaca Prevenção de Fibrose: - Reduz transformação de miofibroblastos - Reduz proliferação - Reduz síntese de colágeno Indução de Angiogênese: - Reduz expressão de VEGF M1: Pró inflamatório M2: Anti inflamatório Fibrose Intersticial Rarefação microvascular Disfunção diastólica O’ Connel, T.D. et al. J Mol Cell Cardiol. 2017 ; 103: 74–92. Lancet, 2008 Pacientes com Insuficiência Cardíaca Classe funcional II – IV N= 6795 Suplementação: 1 de óleo de peixe/dia( 850 – 882 mg de EPA e DHA) Follow up: 3.9 anos Desfechos: Mortalidade por todas as causas, admissão hospitalar (motivo cardiológico) e tempo para admissão e mortalidade. Ômega 3 X Mortalidade e Admissão Hospitalar Considerações finais... Ômega 3: - É um tratamento efetivo e seguro para pacientes com Insuficiência Cardíaca tratados. - Pequeno benefício na mortalidade e admissão hospitalar por razões cardiológicas em pacientes com IC. Coenzima Q10 Possíveis benefícios da Coenzima Q 10 COENZIMA Q 10 Mecanismos: Melhora biodisponibilidade de ON Transportador de elétrons Previne hipertrofia ventricular Reduz fibrose ventricular Benefício Fisiológico: Melhora função sistólica ventricular Melhora função endotelial Pode reduzir aterosclerose Pode reduzir inflamação Beneficio clínico, pode: Reduzir mortalidade cardiovascular Reduzir hospitalização Melhorar qualidade de vida Melhorar status funcional Sharma A. et al. Circ Heart Fail. 2016; 9:e002639 Considerações Finais Japão – Coenzima Q 10 aprovada para tratamento da IC em 1974. 2013 – American College of Cardiology/American Heart Association Guidelines – Não recomendaram o uso de Coenzima Q10 Q- SYMBIO trial – Suplementação de coenzima Q 10 - Reduziu sintomas, eventos cardiovasculares e mortalidade em pacientes com IC. Evidências sugerem que a coenzima Q 10 pode ser usada como opção no manejo de pacientes com IC. Circ Heart Fail. 2016 Revisão sobre os mecanismos, informações clínicas e perfil de segurança da suplementação de Coenzima Q 10 em pacientes com Insuficiência Cardíaca Ensaios clínicos e Coenzima Q 10 na IC Recomendação do uso de coenzima Q 10 em pacientes com IC Questão clínica Recomendação Suplementação de coenzimaQ 10 deveria ser realizada em pacientes com Insuficiência Cardíaca? ACC / AHA não recomendam suplementação nutricional (coenzima Q10) em pacientes com sintomas prévios, com fração de ejeção reduzida. Resultados positivos do Q - SYMBIO - Metodologia questionável Subgrupos de pacientes com IC, poderiam ter benefícios com a suplementação de coenzima Q10? Trials avaliando a suplementação de coenzima Q 10 em pacientes com IC, tem focado em pacientes com FEr. Q- SYMBIO – não sugere uma relação entre benefícios e subgrupos. Não há recomendação para suplementação em subgrupos específicos. Se os pacientes já fazem uso de coenzima Q10, o profissional, deveria recomendar a continuação do seu uso? Avaliar risco e benefício. Atenção – Pacientes em uso de varfarínicos!! Monitorização minuciosa Estrutura similar a vitamina K Considerações finais Coenzima Q 10 : potente antioxidante, reduz disfunção endotelial e pode melhorar produção de ATP cardíaco. Possível opção terapêutica - Pacientes com fração de ejeção reduzida. Dose sugerida para apresentar benefícios: > 2mg/ L no soro. Mais estudos são necessários tanto em pacientes com fração de ejeção reduzida quanto com fração de ejeção preservados – Visando avaliar eficácia e segurança. Vitamina D Vitamina D e IC crônica Witte, K.K. et al. J Am Coll Cardiol. 2016;67(22):2593–603. Plitz e cols, 2016 Efeitos Cardiovasculares da Vitamina D Estabelecer segurança e eficácia da suplementação de vitamina D (4000UI/dia) por 1 ano em pacientes com IC e deficientes em vitamina D (< 20ng/ ml). Desfecho primário: Teste de caminhada de 6 minutos Desfecho secundário: Fração de ejeção, segurança na função renal e concentração sérica de Ca, a cada 3 meses. Desfechos Primário e Secundários Considerações Finais Não houve melhora no teste da caminhada, desfecho primário. Mudanças positivas na estrutura do ventrículo esquerdo e função cardíaca , em pacientes com terapia medicamentosa adequada. Mais estudos são necessários. Baixos níveis de vitamina D, estão associados à maior mortalidade em pacientes com IC crônica – Disfunção ventricular esquerda. Suplementação de vitamina D – Mais estudos são necessários!! Deficiência de Fe e Anemia 50% da população com IC – Deficiência de Fe Ferritina sérica < 100mg/L ou Ferritina entre 100 – 299mg/L com saturação da transferrina < 20% Dosagem de ferritina e de saturação de transferrina, obrigatórias!! Reposição de Fe venosa- Melhorou capacidade funcional, qualidade de vida e internações em ICFEp e ICFEr Investigar possíveis causas Anemia – Presente em 1/3 dos pacientes com IC Pior prognóstico! Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Deficiência de Fe e Anemia Possíveis causas da anemia: - Anemia da doença crônica; - Deficiência de ferro; - Dilucional; - Secundária à insuficiência renal. Rastreio: Hemograma (características), contagem de reticulócitos, esfregaço periférico, investigação de def. de ferro (ferro sérico, ferritina, saturação de transferrina), dosagem de B12 e ácido fólico e creatinina (avaliação de fç renal). Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Tiamina Creatina Taurina Cartinina Arginina Carnosina Insuficiência Cardíaca Resultados promissores na Insuficiência Cardíaca Nutrients, 2016 Nutrients, 2018 Objetivo: Explicar a relação entre padrões dietéticos e prevenção secundária na insuficiência cardíaca. DASH, Dieta do Mediterrâneo, Dietas hiperproteicas e Low – carb. Considerações Finais Padrão DASH – Melhorou função cardíaca, capacidade funcional, pressão arterial, estresse oxidativo e mortalidade. Dieta do mediterrânea – melhorou inflamação, qualidade de vida e função cardíaca. Hiperproteica e Low carb – Somente 1 estudo mostrou melhoria na capacidade funcional, com estes padrões. Mais estudos são necessários , com melhor qualidade metodológica – tamanho amostral , adesão a dieta, tempo de seguimento. Fatores de estilo de vida que podem contribuir para o risco de IC Aggarwal,, M et al. J Am Coll Cardiol. 2018; 72 (19): 2391- 405 Transplante Cardíaco Tratamento indicado para Insuficiência Cardíaca refratária. Doadores limitados – Cuidadosa seleção dos receptores Probabilidade de adesão ao tratamento Tratamento nutricional : Pré transplante, Pós – transplante imediato e Pós- transplante em longo prazo. Krause, 14 ed. 2018 Dietoterapia Pré - Transplante Avaliação nutricional Mudança no estilo de vida: - Adequação do Peso corporal – Risco de infecção, morbidade e mortalidade Menos de 80% ou mais de 140% do peso corporal ideal Comorbidades pré transplante: Reduzem as taxas de sobrevida. Avaliar necessidade de Suporte Nutricional – Condições nutricionais e comorbidades Krause, 14 ed. 2018 Terapia Nutricional Pós – transplante Compatíveis com todos os tipos de transplantes de órgãos. Objetivos no pós transplante agudo: - Fornecer quantidade energia e proteína, visando tratar catabolismo e promover cicatrização - Monitorar e corrigir anormalidades eletrolíticas - Controle ideal de glicemia Alta demanda metabólica!! Krause, 14 ed. 2018 Terapia Nutricional Pós – transplante Sugestão de evolução de consistência: Dieta líquida à Pastosa, fracionada. Avaliar aceitação e tolerabilidade do paciente!! Indicação de SVO, alta densidade calórica – Complementar plano alimentar Terapia Nutricional Enteral – avaliar necessidade. Vigência de complicações Krause, 14 ed. 2018 Terapia Nutricional Pós – transplante No pós transplante em longo prazo, o objetivo é evitar ou tratar comorbidades: HAS, Obesidade, Dislipidemia, Osteoporose e Infecção. Efeitos colaterais dos Imunossupressores Krause, 14 ed. 2018 Aumentam risco de Insuficiência Cardíaca Recomendações Nutricionais Pós - Transplante Krause,14 ed. 2018 Nutrientes Curto Prazo Longo Prazo Calorias 120- 140% do GEB (30-35 Kcal/ Kg) ou medida do GER 120 – 130% do GEB (20-30Kcal / Kg). Dependendo do nível de atividade Proteína 1,3- 2g/Kg/dia 1g/kg/dia Carboidratos 50% da energia Restringir carboidratos simples 50% da energia Restringir carboidratos simples e aumentar com alto teor de fibras Lipídios 30% da energia ou mais na presença de hiperglicemia grave ≤ 30% da energia total < 10% da energia de gordura saturada Cálcio 1.200mg/dia 1.200 a 1.500mg / dia (considerar necessidade de estrogênio ou de vitamina D) Sódio 2g/dia 2g/ dia Magnésio e Fósforo Incentivar a ingestão de alimentos ricos nesses nutrientes Incentivar a ingestão de alimentos ricos nesses nutrientes Potássio Suplementar ou restringir – Avaliar concentrações! Suplementar ou restringir – Avaliar concentrações! Outras vitaminas e minerais Mutivitamínicos/ minerais - suplementar até os teores de RDI Mutivitamínicos/ minerais - suplementar até os teores de RDI Outros Evitar produtos complementares em pacientes submetidos a transplantes Evitar produtos complementares em pacientes submetidos a transplantes Cuidados Paliativos na IC crônica Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Cuidados Paliativos na IC crônica Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, 2018 Obrigada!! jeniferdelrei@gmail.com nutri jeniferdelrei
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