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GASTRONOMIA E EVENTOS AULA 3 Profª Sandra Jussara Kuchnir 2 CONVERSA INICIAL A cultura alimentar moderna exige dos profissionais da gastronomia o conhecimento de todas as suas principais técnicas. Mais do que isso, exige conhecimento, adquirido ao longo do tempo. Saber qual método de cocção é o mais adequado a cada preparação e dominar essa técnica é essencial para se preparar os alimentos. Da mesma forma, os cortes corretos nos vegetais que serão utilizados em um prato farão com que eles tenham padrão de formato e tamanho, facilitando a sua cocção e apresentação. Saber como usar de forma adequada e sem cometer excessos as ervas e especiarias é um diferencial para o profissional da gastronomia, pois a aplicação errônea de algum tipo de especiaria, por exemplo, pode mascarar o sabor do alimento e estragar o prato. Alguns aromáticos também são essenciais na cozinha, fazendo com que o alimento ganhe destaque na preparação. Muitos termos utilizados na cozinha têm origem estrangeira e é preciso conhecê-los, para empregá-los corretamente. Nesta aula, estudaremos todos esses tópicos, fazendo com que você desvende mais alguns segredos e curiosidades do fantástico mundo da gastronomia. TEMA 1 – TÉCNICAS DE CORTE Os cortes aplicados em vegetais têm como objetivo a padronização do seu formato e do seu tamanho, o que levará a uma cocção uniforme, que manterá a textura e a apresentação dos pratos, propiciando uma harmonia visual. Existem diferentes tipos de cortes em vegetais; a seguir, você verá os mais utilizados em uma cozinha profissional. 1.1 Cortes longitudinais e em cubos Temos diferentes denominações para os cortes em vegetais. Entre eles, podemos destacar os longitudinais e em cubos. Para executar os cortes longitudinais, é preciso descascar o vegetal e deixá-lo em formato retangular. Lembre-se de guardar as aparas do vegetal para fazer caldos, purês ou sopas. Após deixá-los no formato retangular, você deve cortar fatias no sentido do comprimento, de acordo com a espessura desejada. Vejamos quais são os cortes longitudinais: 3 • Julienne ou juliana: é o corte em tiras finas de aproximadamente 1,5 cm de largura. Créditos: Food Impressions/Shutterstock. • Batonnet: corte como em bastões medindo aproximadamente 6 cm por 6 cm. Créditos: Moving Moment/Shutterstock. • Allumette: também conhecido como palito. Mede aproximadamente 3 cm por 3 cm. Após os cortes longitudinais, é possível fazer os cortes em cubos: • Brunoise: é o menor cubo, medindo aproximadamente 1,5 cm por 1,5 cm. Do corte julienne, temos o cubo brunoise. 4 Créditos: Angela M. Benivegna/Shutterstock. • Jardineira: são cubos médios e que medem aproximadamente 1 cm por 1 cm. É obtido do corte allumette. • Macedônia: são cubos grandes, medindo 2 cm por 2 cm. Obtêm-se do corte batonnet. Temos ainda outros cortes como: • Rondelle: corte em rodelas. • Paysanne: cubos finos, que podem ser tirados do batonnet. 1.2 Torneados e boleados Os cortes torneados são ótimas opções quando se quer caprichar na apresentação do prato, pois são decorativos. Eles têm o formato de um barril, com as bases retas e sete lados iguais. O nome a esses cortes atribuído varia de acordo com o tamanho desses cortes. São eles: • Chatêau: mede aproximadamente 6 cm de altura. • Cocotte: mede aproximadamente 4 cm de altura. • Olivette: mede aproximadamente 2 cm de altura. Já os boleados possuem formato de bolas e são feitos com um utensílio chamado boleador. O nome dos cortes também muda em conformidade com o tamanho. São eles: • Parisienne: possui 15 mm. • Noisette: possui 10 mm. • Royalle: possui 6 mm. 5 1.3 Cortes em folhosos Ervas e hortaliças folhosas são cortadas em chiffonade, que consiste em se sobrepor as folhas do vegetal, enrolá-las e cortá-las em tiras finas. Não existe uma medida específica a esse corte. No entanto, o ideal é que ele seja realizado com tiras finas, para uma melhor apresentação. Créditos: tmalucelli/Shutterstock. TEMA 2 – TÉCNICAS DE COCÇÃO Segundo o livro Sou cozinheiro: Técnicas, tendências e informações para o aperfeiçoamento profissional (2011, p. 96), “as técnicas nada mais são do que um conjunto de processos, que são fundamentais, principalmente quando falamos em cozinha profissional, pois elas garantem a padronização de medidas, receitas métodos e nomenclaturas”. Saber escolher o método adequado faz toda a diferença no resultado do prato. Por meio do calor, é possível modificar a textura, o sabor e a cor dos alimentos. A cocção também destruirá microrganismos nocivos, deixando o alimento próprio para consumo. Os métodos de cocção podem ser distinguidos segundo a forma e/ou tipo de calor empregado, podendo ser: calor seco, calor úmido ou calor misto. Veja a seguir esses métodos. 2.1 Calor seco A cocção por calor seco pode ser feita com ou sem a aplicação de gordura. Na cocção sem gordura, apenas o ar será aplicado, como no caso de 6 grelhar, assar e defumar um alimento. O calor ainda pode ser conduzido por meio de panela ou convecção (em forno). Esse método permite que as características sensoriais do alimento se intensifiquem, principalmente em relação à textura, sabor e consistência, sendo que os nutrientes se concentram no interior do alimento. Na cocção com calor seco utilizando gordura, ela é acrescentada para umedecer o alimento. Exemplos de cocção com calor seco com aplicação de gordura: saltear, fritar com pouca gordura e fritar por imersão. O alimento recebe o calor de forma indireta, por meio da gordura. Vejamos algumas particularidades de cada um desses métodos, começando pelas técnicas que não utilizam gordura: • Assar: o alimento é envolvido pelo ar quente do forno. O forno deve ser regulado na temperatura apropriada, levando em consideração o peso e o tipo de alimento. • Grelhar: o alimento é exposto diretamente sobre o calor intenso e seco. O calor é irradiado das laterais ou da parte de baixo da grelha. Esse processo pode ser feito na grelha da churrasqueira, em chapas ou no char broiler. • Defumar: nesse método, que é utilizado para a conservação dos alimentos desde a Antiguidade, o alimento é exposto à fumaça. Podem ser utilizadas madeiras, serragens, cascas de árvores e ervas para aromatizar a fumaça. A madeira e as cascas devem estar sempre secas e não podem ser perfumadas. Agora vamos ver os métodos que envolvem a utilização de gordura: • Saltear: o alimento é cozido rapidamente, com pouca gordura e em fogo alto. Normalmente, é utilizada uma frigideira ou sautese, para esse método. É importante que os alimentos sejam cortados com um mesmo padrão (tamanho e espessura semelhantes), para facilitar a cocção, e a frigideira deve estar bem quente e com pouca gordura. • Selar: usa-se para preparar carnes. A frigideira deve estar bem quente e com pouca gordura, sendo que os pedaços de carne devem ser colocados aos poucos para a temperatura da frigideira não baixar. Deve-se evitar ficar mexendo a carne, para que ela não solte líquido. 7 • Fritar com pouca gordura ou fritura rasa: a quantidade de gordura que normalmente se usa é um terço da capacidade do utensílio. O resultado é bem melhor se os alimentos estiverem secos antes de serem fritos ou empanados. Dessa forma, eles terão uma crosta crocante e estarão úmidos e saborosos por dentro. • Fritar por imersão: nesse caso, os alimentos serão mergulhados em uma grande quantidade de gordura. É recomendado colocar os alimentos em cestas de metal e levá-los à fritura ou colocá-los direto na gordura e retirá- los com uma escumadeira. Os alimentos ficarão crocantes por fora e úmidos por dentro. Ao se retirar os alimentos da fritura, tanto da rasa como da por imersão, deve-se colocá-los sobre um papel absorventepara que o excesso de gordura seja absorvido, antes de servi-los. 2.2 Calor úmido Nesse tipo de cocção, os alimentos serão cozidos no vapor, na água ou em outro líquido em que estejam imersos. A cocção é lenta para que o vapor possa amolecer as fibras dos alimentos. Ao final da cocção, o alimento estará úmido, macio e saboroso. É o melhor método de cocção e visa preservar a cor dos alimentos. Vamos ver as diferentes maneiras de se utilizar o calor úmido: • Cozinhar o alimento em líquido: método que pode ser realizado das seguintes formas: a. Fervura: utiliza-se água ou qualquer outro líquido fervente até que o alimento esteja pronto. Pode-se ou não utilizar uma tampa, dependendo do que se pretenda cozinhar. No caso de uma carne mais dura, ela pode ser cozida em fervura branda, cuja temperatura não ultrapasse 95 ºC. Essa é uma cocção mais demorada e o líquido deve ser em quantidade suficiente apenas para cobrir o alimento. No caso de tubérculos, raízes, leguminosas, massas etc., esses podem ser cozidos em fervura a uma temperatura de 100 ºC. b. Pocher ou escalfar: nesse método, o alimento é imerso em líquido quente a, no mínimo, 65 ºC e, no máximo, 85 ºC. São utilizados alimentos delicados, como massas recheadas, peixes, ovos e filés de frango. 8 • Cozinhar a vapor: no cozimento a vapor, os alimentos não entram em contato diretamente com a água. Eles são coccionados somente no vapor do líquido utilizado (água ou caldo). Nesse tipo de técnica, os alimentos devem ter tamanho e forma que possibilitem o seu cozimento uniforme em pouco tempo. Existem alguns tipos de cozimento a vapor, tais como: a. Cozimento a vapor sem pressão: o alimento é colocado sobre um recipiente perfurado, como um escorredor ou uma grelha, que é encaixado em uma panela com água ou outro líquido, sem que o alimento encoste no líquido. Ao entrar em ebulição, a água formará o vapor que cozinhará o alimento. b. Cozimento a vapor com pressão: nesse tipo de cocção, utilizam-se panelas apropriadas, como autoclaves. Como a panela é vedada, impedindo a saída do vapor de água e aumentando a pressão interna, o cozimento do alimento é mais rápido. c. Cozimento em papillote ou cartoccio: essa técnica emprega o vapor produzido pelos próprios líquidos dos alimentos, que são envoltos em papel-manteiga ou papel-alumínio. É usada preferencialmente para se preparar alimentos naturalmente macios como frangos, peixes, frutos do mar etc. 2.3 Calor misto ou combinado Nessa técnica, utilizam-se dois modos de cocção. Inicia-se a cocção em calor seco, com pouca gordura – para que o alimento não perca líquido interior –, e, depois, ele é cozido em pouco líquido. Vejamos os métodos a seguir: • Estufar: nessa técnica, usam-se pedaços grandes de carne, ou até mesmo uma peça inteira, para se formar uma crosta, por meio do processo de selagem. Em seguida, a peça deve ser colocada numa panela com tampa, a que se adiciona um líquido, juntamente com aromáticos. Coloca-se esse líquido na proporção de um terço ou metade da altura da peça e se tampa a panela. O cozimento da peça é lento e a temperatura, ao final, deve ser baixa. Um dos pratos tradicionais do Estado do Paraná que é feito com essa técnica é o barreado. 9 • Guisar: essa técnica é muito parecida com a de estufar, mas os seus cortes são muito menores. O alimento é refogado em pouca gordura e cozido em pouco líquido, para formar um molho. No método de cocção misto, formam-se molhos saborosos, ao se utilizar tanto o calor quanto o líquido para que o alimento possa concentrar sabor e nutrientes, dissolvendo substâncias como os sucos da carne. TEMA 3 – FUNDOS E MOLHOS Os fundos são a base da cozinha clássica e servem como estrutura para diferentes preparações, como molhos, sopas, ensopados, consommés etc. O caldo é o fundo produzido pelo alimento, após a sua cocção. Pode ser servido assim que finalizado, e o seu cozimento pode ser mais rápido. Já os fundos são coccionados lentamente e se prestam para preparar outros pratos. Por sua vez, os molhos são preparos que podem ser quentes ou frios, com consistências diferentes e que acompanham ou realçam os alimentos, tanto na apresentação como no sabor. Podem ter como base caldos, gorduras e purês de vegetais, de frutas ou hortaliças. 3.1 Fundos Classificamos os fundos em claros, escuros e fumets. Eles são resultado da cocção de legumes, aves, peixes ou carnes em água e aromáticos. Portanto, possuem três componentes: a base de sabor, o líquido e os aromáticos, o que podemos observar melhor no Quadro 1. Quadro 1 – Componentes dos fundos Componentes da base de sabor Líquido Aromáticos - Ossos, aparas de carne, carcaças de boi, frango, vitela, carnes de caça ou porco ✓ Água ✓ Vinho (às vezes) ✓ Mirepoix1 ✓ Cebola piquê2 1 “Mirepoix: denominação clássica, dada na França, a uma mistura de alguns legumes (cenoura, aipo e cebola), picados em cubinhos. É usada no cozimento de carnes e peixes, na redução de molhos, para enriquecer o prato” (Gomensoro, 1999, p. 267). 2 Cebola piquê: cebola cortada ao meio, com dois ou três cravos-da-índia e uma folha de louro espetados na sua superfície. 10 - Aparas e espinhas de peixe - Legumes ✓ Bouquet garni3 ✓ Folhas de louro etc. Os fundos não podem ferver. Eles devem ser cozidos lentamente em panela destampada, para que todos os sabores do alimento sejam extraídos. Eles não devem ser mexidos, para que não fiquem turvos; e não devem conter sal porque serão utilizados em outras preparações. Os fundos claros são feitos de vitelas, legumes, aves e peixes; e os fundos escuros, de vegetais dourados e carcaças de aves, ossos bovinos ou ossos de caça tostados. 3.2 Molhos Os molhos são a base da culinária e são utilizados para dar brilho, realçar, embelezar, umedecer e, muitas vezes, até mesmo denominar os pratos, como no caso do espaguete ao molho sugo. Eles podem ser quentes ou frios e se classificam em: molhos-mãe, molhos derivados, molhos emulsionados, molhos especiais e molhos contemporâneos. 3.2.1 Molhos-mãe Denominam-se molhos-mãe aqueles que servirão de base para outros molhos. São preparados em grande quantidade e finalizados e guarnecidos com outros ingredientes. São eles: a. Molhos de base escura: • Espanhol: o molho espanhol é o fundo escuro acrescido de mirepoix dourado, extrato de tomate, vinho, ervas aromáticas e engrossado com roux4. • Demi-glace: o molho demi-glace classicamente é preparado com a redução de partes iguais do fundo escuro e do molho espanhol até o ponto nappé (para testar esse ponto, mergulha-se uma colher no 3 “Bouquet garni: conjunto de temperos embrulhados juntos em um pequeno saco de tecido fino, com a boca bem amarrada para que não se espalhem durante o cozimento, sendo o saco retirado ao seu término. Tem por objetivo aromatizar pratos cozidos” (Gomensoro, 1999, p. 73). 4 “Roux: é uma preparação básica, feita com base em uma mistura de farinha de trigo cozida na manteiga. O roux pode ser claro, dourado ou escuro, dependendo do tempo de fritura da farinha, o que leva a um maior ou menor escurecimento” (Gomensoro, 1999, p. 351). 11 molho e, ao se passar o dedo no meio da colher, o risco deve permanecer). O resultado é um molho saboroso e brilhante. b. Molhos de base clara: • Bechamel: composto por roux claro e leite, muitas vezes aromatizado com cebola piquê e/ou noz-moscada. O molho é iniciado com o preparo do roux e, posteriormente, o leite é acrescentado. Aromáticos são colocados na sequência e se deve mexer o molho até que ele engrosse. • Velouté: preparado com o fundo claro de bois, legumes, aves ou peixes, engrossado com roux. O resultado deve ser um molho aveludado, brilhoso e suave ao paladar. Deve ser espessado o suficiente para atingir o ponto nappé. Pode ser utilizado em diferentes pratos e comobase de sopas. • Molho de tomate ou molho ao sugo: pode ser preparado de diferentes maneiras. Algumas receitas sugerem apenas o uso de tomates, azeite de oliva e ervas, enquanto outras indicam o uso de bacon, ossos, assados, ervas aromáticas etc. O molho deve ter um sabor equilibrado, nem doce nem ácido demais. Após cozido, o molho é coado e sua textura deve ser fluida o suficiente para que o molho derrame facilmente. Esses são os cinco grandes molhos utilizados como bases na cozinha francesa. Com eles, podemos preparar vários molhos secundários. TEMA 4 – ERVAS Ao se temperar a comida com ervas frescas, é possível notar um sabor marcante e saboroso, e existem inúmeras possibilidades de combinação dessas ervas. Ervas são folhas, de diferentes plantas, ricas em aromas e óleos essenciais. Seus princípios ativos são estudados pela medicina, pois muitas delas melhoram a digestão e colaboram com a absorção de nutrientes. Já a utilização das ervas secas requer um pouco mais de cuidado porque elas possuem sabor mais concentrado e devem ser empregadas em menor quantidade. 12 Vamos ver quais são as principais ervas frescas que normalmente se usa, informando quais são mais resistentes e quais são menos resistentes ao calor, bem como alguns tipos de alimentos que mais combinam com elas: a. Ervas mais resistentes ao calor: • Orégano: combina muito bem com tomate, mas pode ser utilizado com ovos, queijos, carnes e saladas. É encontrado nas formas fresca ou seca. • Louro: pode ser usado, fresco ou seco, no preparo de sopas, feijões, cremes, marinadas, carnes etc. • Alecrim: erva de origem mediterrânea muito utilizada no preparo de pães, carnes, peixes e molhos. Deve ser usada com cautela, pois seu sabor é intenso e marcante. • Sálvia: possui folhas verde-claras um tanto quanto acinzentadas, ovaladas e aveludadas. Pode ser utilizada para preparar manteigas compostas, molhos, carnes e marinadas. • Tomilho: encontrado tanto seco como fresco, serve para aromatizar pratos encorpados, molhos e legumes. Permite um longo tempo de cozimento. • Estragão: utilizado para aromatizar pratos com vitelas, patos, peixes, moluscos, ovos, saladas e conservas, além do molho bearnaise, que é um derivado do molho holandês. b. Ervas menos resistentes ao calor: • Salsinha: usada em diferentes preparações, como cozidos, saladas, patês, molhos etc. Possui folhas lisas e/ou crespas, ideais para decorações. • Coentro: muito utilizado na culinária brasileira, especialmente nas Regiões Norte e Nordeste, ele é encontrado fresco, em grãos ou em pó. Além da cozinha brasileira, o coentro é apreciado nas cozinhas mexicana, árabe, indiana e tailandesa. Visualmente, ele se parece com a salsinha; porém, seu aroma e sabor são bem diferentes. Ele confere certo frescor às preparações. • Manjericão: por ser uma erva sensível ao calor, o ideal é acrescentá-la somente no momento de servir o prato, mas nada impede que ela seja utilizada para aromatizar molhos, especialmente o de tomate. O manjericão é a erva fresca usada no preparo do pesto, um molho italiano 13 tradicional, que acompanha massas. Comumente, possui folhas verdes ovaladas, mas pode ser encontrado também na cor roxa. • Hortelã: possui aroma refrescante e suave. Combina com sucos, cremes, doces, carnes, saladas etc. É muito comum na culinária árabe. • Cebolinha: pode ser utilizada em saladas, molhos ou como decoração. Possui folhas longas, finas, de cor verde viva e com um leve sabor de cebola. A ciboulette, ou cebolinha-francesa, é um tipo de cebolinha que possui folhas mais finas e sabor mais delicado que a cebolinha comum. • Endro: usado para temperar peixes, molhos à base de iogurte, sopas, entre outros alimentos. In natura, dá sabor a saladas e decora bem os pratos. • Manjerona: erva de sabor suave, pode ser encontrada fresca ou seca. É bastante sensível ao calor e, quando utilizada fresca, deve ser colocada apenas no final da preparação. É ideal para aromatizar carnes, peixes e vegetais. Não existe uma regra para o emprego de ervas na culinária; porém, procure combinar preparações quentes com ervas que resistam ao calor, deixando as não resistem mais para o preparo de refeições frias. TEMA 5 – TERMOS GASTRONÔMICOS Sabemos que a França é considerada o berço da gastronomia, sendo sua culinária mundialmente conhecida e o francês, a língua oficial gastronômica. Por isso, há o emprego, na culinária, de muitas palavras ou termos em francês. Além do francês, temos na culinária o uso do italiano e de algumas palavras específicas ao vocabulário gastronômico. É importante que conheçamos alguns desses termos ou expressões comuns na cozinha, a fim de que possamos aprimorar nossa técnica e conhecimento. Fizemos uma seleção dos que consideramos mais importantes, como segue: • À dorê: diz-se de um alimento empanado na farinha de trigo e no ovo e frito. • À la carte: significa o tipo do serviço oferecido pelo restaurante, que apresenta a seus clientes uma lista dos pratos que serve e o cliente pode escolher dali a sua refeição. Essa lista normalmente possui entradas, pratos principais e sobremesas. 14 • À la mode: significa à moda de. Ex.: à moda da casa, à moda francesa, à moda italiana etc. • Al dente: é considerado o ponto de cozimento em que o alimento não fica nem muito duro, nem muito mole. Ele apresenta uma certa resistência quando mordido e é utilizado muito para legumes, massas e arroz, nos risotos. • Banho-maria: serve para aquecer ou cozinhar um alimento, evitando expô-la a calor excessivo. Nesse processo, o alimento é colocado num recipiente que, por sua vez, será colocado em outro recipiente mais raso e maior, o qual conterá água. Esse recipiente mais raso e maior é que é levado ao fogo, na chama do fogão ou no forno. Essa técnica faz com que a parte externa do recipiente em que o alimento foi colocado não aqueça demais. • Besuntar: significa passar gordura sobre o alimento que está sendo assado ou grelhado. Esse processo evita que o alimento resseque e lhe acrescenta cor e sabor. • Beurre: significa manteiga, em francês. • Branquear: essa técnica consiste em mergulhar o alimento em água fervente por alguns minutos e, depois tirá-lo, colocando-o em água gelada para interromper o cozimento. Mantém a cor dos alimentos mais viva. • Cajun: é um estilo de culinária praticado na região de Nova Orleans, EUA. É uma mistura da cozinha praticada no sul dos EUA e da francesa. “Suas principais características são o estilo campestre, forte, em que se usa muito o roux escuro, gordura de animais e especiarias, além de pimentas verdes, cebolas e aipo” (Gomensoro, 1999, p. 86). • Carré: costeleta de porco ou de vitela, que se situa entre o pescoço e o lombo do animal. Quando se trata da carne de cordeiro, corresponde ao corte completo das costelas, com o lombo. É muito bom para assar, sendo considerado um corte nobre. • Chinois: é uma palavra de origem francesa e denomina um utensílio de cozinha que serve para coar. Tem um formato cônico. • Clarificar: tornar um caldo limpo e sem impurezas, retirando a sua espuma e pequenas partículas de gordura. 15 • Confit: técnica antiga de conservação de carnes. Consiste em cozinhar a carne e guardá-la na própria gordura. Muito utilizada para porco e algumas aves, em especial o pato. • Defumar: essa é outra técnica para conservação de alimentos e é feita expondo o alimento à ação de calor e da fumaça, para desidratá-lo. Pode ser feita com a queima de madeira ou de serragem. Usa-se para carnes, embutidos e queijos. • Deglaçar: “[...] refere-se à técnica de desprender do fundo do recipiente (assadeira ou panela), com a ajuda de um caldo, vinho ou simplesmente água, as substâncias solidificadas resultantes de assado ou fritura. É a base para o preparo do molho” (Gomensoro, 1999,p. 145). • Dessalgar: serve para tirar o excesso de sal do alimento. Coloca-se o alimento de molho, em água, algumas horas antes de sua preparação. • Duxelles: é uma preparação feita com champignons, cebolas e echalotas5, que são finamente picados e dourados na manteiga até evaporar todo o seu líquido. É utilizada como recheio, guarnição ou complemento de molhos. • Embeber: encharcar de líquido um alimento. Ex.: molhar um bolo com uma calda. • Embutido: produto feito com diversos tipos de carne, colocados dentro de tripas. Ex.: salame, salsicha, mortadela etc. • Émincer: é uma técnica que consiste em cortar a carne em fatias bem finas. • Emulsionar: consiste em juntar dois ou mais líquidos que não se misturam. • Escaldar: imergir alimentos ou algum utensílio em água fervente por alguns minutos. No caso dos utensílios, a finalidade da técnica é esterilizá-los. • Flambar: significa adicionar uma bebida alcoólica, como o conhaque, a determinados alimentos e atear fogo até o álcool evaporar, permanecendo apenas o aroma e o sabor da bebida. • Foie gras: fígado gordo de ganso ou pato. 5 “Echalotas: tipo de cebola pequena e suave” (Gomensoro, 1999, p. 153). 16 • Fouet: utensílio de cozinha feito de fios de aço curvos e entrelaçados, usado para bater ovos, cremes, claras em neve, molhos. • Ghee: manteiga clarificada, feita de leite de búfala e muito utilizada na Índia. • Glacear: envolver um alimento com um líquido que pode ser doce ou salgado, que endurecerá e dará um aspecto brilhante e liso ao alimento. • Gohan: palavra que significa arroz, em japonês. • Guarnecer: decorar, enfeitar pratos salgados com elementos decorativos. • Homogeneizar: tornar o alimento uniforme, de mesma textura, como feito com purês, maioneses, patês etc. • Hors d’oeuvre: termo de origem francesa que significa pequenas entradas ou iguarias que antecedem a refeição. • Infusão: usada normalmente para preparar chá ou café, consiste em colocar ervas (medicinais ou aromáticas) de molho, em água fervente ou não. • Lardear: consiste em colocar tiras de gordura, geralmente bacon, em grandes peças de carne, para lhes acrescentar sabor e maciez. • Liaison: de origem francesa, essa palavra significa uma mistura que é feita para espessar ou dar liga a um caldo, sopa ou molho. • Macerar: é uma técnica em que se coloca um alimento sólido de molho em tempero líquido ou algum molho aromático por determinado tempo. Nas carnes, utiliza-se a vinha-d’alhos6; nas frutas, aguardente. • Marmorizar: técnica usada em bolos, significa misturar de forma parcial duas massas de bolos de cores diferentes, criando um de duas cores. • Marsala: vinho de sobremesa, de origem italiana. • Masala: é uma mistura de temperos utilizada na Índia para dar sabor aos cozidos. Também chamada de curry. • Nirá: alho-japonês. • Pancetta: é o toucinho não defumado, curado em sal e especiarias, utilizado na culinária italiana. 6 “Vinha-d’alhos: é uma marinada, de origem portuguesa, utilizada em carnes e caças que nela ficam macerando por horas” (Gomensoro, 1999, p. 411). 17 • Parfait: é uma sobremesa muito parecida com uma mousse, feita com ovos batidos e calda de açúcar, aos quais, após cozidos e frios, são acrescidos creme chantilly, nozes e purê de frutas. • Pectina: é uma substância encontrada nas frutas, principalmente nas suas cascas, sementes e partes brancas, de consistência gelatinosa, que serve para dar densidade a alimentos que a contêm, desde que fervidos com açúcar. Muito utilizada na produção de geleias. • Pesto: é um molho cru, composto de manjericão, alho, azeite de oliva, queijo pecorino e pignoli7 picado, amassados juntos e temperados com sal. • Pilar: moer, triturar alimento com o auxílio de um pilão. • Réchaud: trata-se de um fogareiro utilizado para manter os alimentos quentes, na mesa. • Tournedos: são medalhões de filé mignon, com peso aproximado de 150 g. • Trinchar: significa cortar aves em pedaços ou carnes em fatias, com utensílios próprios para isso. • Vol-au-vent: de origem francesa, é uma entrada feita de massa folhada em formato de cilindro e vazada no meio, onde se coloca o recheio. • Wok: panela ou frigideira, empregada na cozinha asiática, que tem o fundo côncavo e as bordas altas. • Zester: “camada finada parte externa da casca de frutas cítricas” (Gomensoro, 1999, p. 424). NA PRÁTICA Você dará treinamento para alguns cozinheiros de um restaurante que precisa padronizar seus pratos. Para isso, você desenvolveu fichas técnicas e agora precisa explicar alguns tipos de cortes de alimentos que abordou nelas. Pensando nos tipos de cortes mais apropriados, quais você indicaria para a produção das seguintes preparações: sopa de legumes, batata-palha, couve que acompanha feijoada, vinagrete que acompanha feijoada, batata frita e repolho para salada? 7 “Pignoli: palavra italiana que denomina a semente do pinheiro” (Gomensoro, 1999, p. 309). 18 FINALIZANDO Muitas são as técnicas utilizadas para a produção de pratos, em uma cozinha. Cada técnica tem a sua função e serve para otimizar o tempo, para padronizar pratos e para que apresentação, sabor, aroma e texturas dos alimentos estejam adequados. Nesta aula, conhecemos os tipos de cortes, as técnicas de cocção, as ervas que podem ser usadas para melhorar o sabor e o aroma dos pratos, além de alguns termos gastronômicos muito utilizados no âmbito da cozinha. Com esse conhecimento, você já pode dar início à prática de uma cozinha profissional. 19 REFERÊNCIAS GOMENSORO, M. L. C. Pequeno dicionário de gastronomia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. SOU COZINHEIRO: técnicas, tendências e informações para o aperfeiçoamento profissional. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2011.
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