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INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

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INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO 
INTRODUÇÃO 
• A infecção do trato urinário é uma das causas mais comuns de infecção na população geral. É mais prevalente no 
sexo feminino. Pode ser classificada quanto a localização em ITU baixa (cistite) e ITU alta (pielonefrite) e a fatores 
complicadores em ITU não complicada e ITU complicada. 
• A ITU é complicada quando estão presentes alterações estruturais ou funcionais do trato urinário. 
• Infecções com maiores riscos e chances de falência de tratamento tendem a evoluir para sepse. 
• Os fatores de complicação são: 
 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA 
• Trato inferior: bexiga (cistite), uretra (uretrite). 
• Trato superior: rins (pielonefrite) e ureteres (ureterite). 
• Associados ao trato urinário: próstata (prostatite) e epidídimo (epididimite). 
EPIDEMIOLOGIA 
• 130 – 175 milhões de infecções do trato urinário/ano, custando 1,6 bilhões de dólares. 
• É rara em homens. 
• Mulheres jovens com incidência de 0,5 a 0,7 ITUs/ano (25 – 30% das mulheres tem ITU de repetição). Homens 5 
a 8 ITUs por 10000. 
• Morbidade: média de 6,1 dias com sintomas, 2,4 dias de restrição das atividades e 0,4 dia perdido de trabalho. 
• Risco aumentado em subpopulações específicas: crianças, gestantes, idosos, uso de cateter, diabéticos e 
imunossuprimidos. As barreiras contra a penetração de bactérias são reduzidas. 
• A Escherichia coli (gram -) é responsável por 75 – 90% das ITUs. E 40% das infecções hospitalares. Acomete 
1% dos RNs. 
• Infecção urinária adquirida na comunidade: E.coli como principal agente seguida de Staphylococcus 
saprophyticus(gram +) (5 – 20%) e Klebsiella pneumoniae (gram -), Proteus mirabilis (gram -), Pseudomona 
aeruginosa e Enterococcus faecalis (gram +). 
• Infecção urinária nosocomial: E.coli (menos de 50%), seguida de Enterococcus faecalis, Pseudomona aeruginosa, 
Proteus mirabilis, Enterobacter, Enterococcus, Staphylococcus aureus, Candida (doentes graves e cronicamente 
algaliados ou imunodeprimidos). 
TRANSMISSÃO 
• A infecção se dá pelo alojamento e multiplicação de microorganismos em qualquer parte do trato urinário e podem 
chegar de 3 formas: 
 
SINTOMAS 
• Assintomático. 
• Sintomático: 
o Disúria (dor, ardor ou 
desconforto ao urinar). 
o Dor lombar ou dor 
suprapúbica. 
o Urina turva (piúria) ou 
avermelhada (hematúria). 
o Urgência miccional. 
o Nictúria. 
o Febre (pielonefrite). 
o Calafrios. 
DIAGNÓSTICO 
• EAS: A coleta é realizada após assepsia ou por sondagem e são dois testes que podem ser realizados: 
o Exame microscópico: piúria > 8 leucócitos/ul. 
o Testes com tira reagente: positivo para nitrito. 
• Urocultura: sugerido quando características e sintomas sugerem ITU complicada ou indicação de tratamento de 
bacteriúria. 
• Bacteriúria assintomática: mesma cepa em contagem de colônias > 100.000. 
• Cistite não complicada em mulheres: > 1000. 
• Pielonefrite não complicada aguda em mulheres: > 10000. 
• ITU complicada: > 100000. 
DEFINIÇÕES 
• A infecção urinária pode ser sintomática ou assintomática, recebendo na ausência de sintomas a denominação de 
bacteriúria assintomática. 
• A ITU baixa (cistite) apresenta-se habitualmente com disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor 
suprapúbica. NÃO APRESENTA FEBRE. 
• A ITU alta (pielonefrite) se inicia habitualmente com quadro de cistite, sendo frequentemente acompanhada de 
febre elevada, geralmente superior a 38°C, associada a calafrios e dor lombar uni ou bilateral. 
• Febre + calafrios + dor lombar é a tríade de sintomas característicos da pielonefrite, estando presentes na maioria 
dos casos. 
 
ITU EM GESTANTES 
• Ocorre em 7% das gestantes. Está relacionado com relaxamento do músculo liso e dilatação ureteral. É fator de 
risco para parto prematuro, baixo peso e mortalidade. Terapias com dose única são inadequadas. Devemos tratar 
toda bacteriúria assintomática. Terapias com 7 dias reduzem o risco de evolução (CEFALEXINA). 
CASO CLÍNICO 01 
• R.B.M, 40 anos, sexo feminino, branca, professora, solteira ,natural e procedente de Araguari – MG 
• QP- Ardência para urinar 
• HMA: Paciente comparece a UPA com queixa de disúria e dor na região abdominal supra púbica com inicio há 5 
horas. Refere dor em pontada, com intensidade de 6/10, sem irradiação, intermitente, sem fatores de melhora ou 
piora. Nega náuseas, vômitos ou diarreia. Diz que no dia anterior sentiu vontade de urinar mais vezes que o habitual, 
com volume urinário pequeno, desejo súbito e compulsivo de urinar, associado a ardência. Não apresentou febre. 
• Antecedentes pessoais: Refere inicio da vida sexual aos 20 anos e que mantem relações sexuais com parceiro único, 
fazendo uso de preservativo Nega uso de anticoncepcional. Nega alergia medicamentosa e uso de ACO. Nega 
comorbidades , nega tabagismo e etilismo. 
• EF: 
• ECTOSCOPIA: BEG, AAA, eupneica, panturrilhas livres. 
• DV: FC 85BPM; FR 18IRPM; PA 120X80MMHG; TEMP 36,6°C. 
• ACV: BRNF em 2T sem sopros. 
• AR: MVF sem RA. 
• ABD: RHA+, flácido, dor leve a palpação em baixo ventre, Giordano e DB negativos. 
1- Qual a principal suspeita diagnóstica e os principais agentes etiológicos? 
Cistite. Os principais agentes são: E.coli, Staphylococcus saprophyticus, Proteus, Klebsiella e Enterococcus faecalis. 
2- Como essa doença é classificada clinicamente? 
Infecção do trato urinário baixa. 
3- Qual o tratamento proposto? 
Primeira escolha para cistite: 
Fosfomicina 3g → 1 sachê a cada 48 horas (totalizando 2 sachês). No protocolo é dose única. 
Nitrofurantoína 100mg → 1cp de 6/6 horas por 05 a 07 dias (associar IBP devido a intolerância gástrica). 
Segunda escolha: 
Amoxicilina/Clavulanato 500mg/125mg → 01 cp de 8/8 horas por 5 – 7 dias. 
Ciprofloxacino 500mg → 01 cp de 12/12 horas por 5 – 7 dias. 
4- Há necessidade de solicitar exames, se sim, quais você solicitaria? 
Não há necessidade de solicitar exames na cistite. 
Em pacientes com cistite sintomática não devemos solicitar exames para diagnóstico. Apenas solicita EAS com 
urocultura se suspeita de cistite se febre ou sintomas duram mais que 7 dias, dor abdominal, náuseas e vômitos, DM, 
gestante ou se internação hospitalar ou tratamento de ITU recente. 
CASO CLÍNICO 02 
• Mulher, 35 anos, apresenta dor para urinar, aumento da frequência, diminuição da quantidade, urgência miccional 
há 02 dias. Refere que há 01 dia vem apresentando febre com 03 episódios nas últimas 24 horas associado a 
prostração moderada. Relata dor lombar em flanco esquerdo. 
• EF: 
• ECTOSCOPIA: REG, AAA, eupneica, panturrilhas livres. 
• DV: FC 107BPP; FR 18IRPM; PA 120X80MMHG; TEMP 38,2°C; 
• ACV: BRNF em 2T sem sopros. 
• AR: MVF sem RA. 
• ABD: RHA+, flácido, dor leve a palpação em flanco esquerdo, Giordano e DB negativos. 
 
1- Qual a principal suspeita diagnóstica e os principais agentes etiológicos? 
Pielonefrite. Os principais germes são: E.coli, Staphylococcus saprophyticus, Proteus, Klebsiella e Enterococcus 
faecalis. 
2- Como essa doença é classificada clinicamente? 
Infecção do trato urinário alta. 
 
3- Qual o tratamento proposto? 
Está infectado? SIM. 
Comunitária ou hospitalar? Comunitária. 
Qual o foco? Urinário. 
Qual os germes mais comuns? Escherichia coli, Staphylococcus saprophyticus, Proteus, Klebsiella e Enterococcus 
faecalis. 
Tratamento é CEFTRIAXONE 1G, EV, DE 12/12 HORAS. FAZER DOSE DE ATAQUE 2G, EV. 
O tratamento empírico via oral para casa quando alta é: CEFUROXIMA (ZINNAT) 500MG, 12/12 HORAS POR 07 
DIAS. 
AMOXICILINA/CLAVULANATO 500MG/125MG, 1 CP DE 8/8 HORAS POR 5 – 7 DIAS. 
4- Há necessidade de solicitar exames, se sim, quais você solicitaria? 
Sim. Hemograma, PCR, EAS, urocultura, creatinina e ureia. 
 
 
Tratamento de bacteriúria assintomática apenas em gestantes, neutropênicos, transplantados, pré-operatório 
urológico ou próteses. 
ITU de repetição: 3 episódios documentados em 01 ano ou 2 em 6 meses → fazer profilaxia com Nitrofurantoína100mg, 01 cp à noite por 6 meses ou Fosfomicina 3g, 01 sachê por semana durante 6 meses.

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