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Tipos e normas de tutela do trabalho SST Rufino, R. C. P.; Tipos e normas de tutela do trabalho / Regina Celia Pezutto Rufino Ano: 2020 nº de p.: 10 páginas Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Tipos e normas de tutela do trabalho 3 Apresentação A CLT estabelece normas que são destinadas à tutela, à proteção do trabalhador. Elas são divididas em normas gerais e normas especiais, que são aquelas inseridas com o passar do tempo por meio de artigos na CLT. As normas gerais e especiais dividem-se em: normas sobre documentação da vida do trabalhador (anotação do contrato e demais ocorrências na Carteira de Trabalho); jornada de trabalho (diurna e noturna); períodos de descanso e intervalos; férias e normas gerais de segurança, medicina e higiene do trabalho. Fonte: Plataforma Deduca (2020). Normas gerais Existe hoje um enorme leque de normas de proteção ao trabalhador, notadamente em respeito ao princípio do protecionismo. Com relação aos direitos devidos aos empregados como forma de pagamento ou inerentes à sua atividade laboral, a primeira regra a ser analisada é o registro da carteira de trabalho, uma regra geral e muito importante, uma vez que retrata a trajetória do empregado. O Art. 29 da CLT dispõe de regras de proteção gerais sobre o registro do empregado e suas modalidades. 4 Confira a seguir como fazer o registro em carteira. • O registro deve ser feito no máximo em 48 horas depois que o trabalhador a entregar ao empregador. • Ao receber a carteira, forneça recibo para o trabalhador. • Anote: data de admissão, remuneração (salário, estimativa de gorjetas, se o pagamento será em dinheiro ou não etc.) e outras condições especiais. • Mantenha atualizada a carteira, fazendo os ajustes de salário na data- base da categoria ou sempre que ocorrerem. A anotação na CTPS do empregado é essencial para que ele tenha registrado todo seu período laboral. Esse registro é importante, pois serve como prova em eventual ação trabalhista. Ele também comprova o tempo de serviço perante a Previdência Social para a requisição da aposentadoria. Jornada de trabalho (diurna e noturna); períodos de descanso e intervalos; e, férias Férias Perceba que férias é um tipo de garantia do empregado para interromper seu trabalho para lazer e repouso após determinado período no emprego. O objetivo é garantir os direitos fundamentais à saúde e ao lazer. Reforma Trabalhista, Lei 13.467/2017. • As férias podem ser fracionadas em até três períodos, sendo que um não poderá ser inferior a 14 dias ocorridos e os outros dois não inferiores a 5 dias corridos. • O fracionamento depende da concordância do trabalhador, sendo de sua opção e escolha. • O parcelamento pode ser realizado por qualquer trabalhador, independente de sua idade, não sendo imposta nenhuma restrição na lei. 5 • Todos períodos devem ser gozados dentro dos 12 meses subsequentes, chamado de período concessivo. • O pagamento das férias será de acordo com seu fracionamento, sendo que o pagamento de cada período deve ser realizado até dois dias antes de seu início, sob pena de pagamento em dobro. Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Veja alguns detalhes: a. Período aquisitivo: para adquirir direito às férias, o empregado necessita tra- balhar por 12 meses, período este denominado período aquisitivo. Só depois desse prazo passará a ter direito às férias. b. Período concessivo: o momento da concessão das férias será escolhido pelo empregador, porém este deverá conceder o descanso de férias no máximo nos 12 meses subsequentes ao período adquirido. Assim, o empregado não ficará por um longo período sem férias. De acordo com o Art. 135 da CLT, o empregador deverá conceder ao empregado no mínimo 30 dias de férias, dentro do período concessivo, sob pena de pagamento em dobro. c. Perda do direito a férias: dependendo do número de faltas injustificadas do empregado, presume-se que ele não se encontra tão cansado, razão pela qual não terá direito às férias de 30 dias. O número de dias de férias é reduzi- do gradativamente, conforme o número de faltas injustificadas. Perda do direito a férias em razão das faltas injustificadas Faltas injustificadas Direito a férias Até 5 30 dias corridos De 6 a 14 24 dias corridos De 15 a 23 18 dias corridos De 24 a 32 12 dias corridos Fonte: Elaborado pelo autor - CLT (2020) 6 Remuneração das férias O Art. 7, XVII, da Constituição Federal de 1988, dispõe que, além da remuneração normal, o empregado receberá um acréscimo de 1/3, denominado de terço constitucional, que deve ser pago ao empregado em até 48 horas antes do início das férias. Jornada de trabalho O Art. 4 da CLT trata da contagem da jornada: Considera-se como serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 1º A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 1º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou contrato coletivo, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda o horário normal da semana nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. § 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de cento e vinte dias, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o Iimite máximo de dez horas diárias. (Redação dada pela Lei nº 9.601, de 21.1.1998). § 3º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que 7 não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) .... § 5º O banco de horas de que trata o § 2o deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 6º É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017). Fonte: CLT Horas extras Se o empregado extrapolar a jornada legal ou normal, fará jus a um adicional de no mínimo 50% da hora normal, caso não haja sua compensação. Banco de horas (Lei 9.601/98) A partir da reforma trabalhista estabelecida pela Lei 13.467/2017, a qual incluiu o § 5º no art. 59, bem como o parágrafo único do art. 59-B da CLT, o banco de horas passa ser uma medida que pode ser adotada por qualquer empregador. Jornada noturna Tipo de empregado Hora trabalhada Adicional Cômputo da hora noturna Celetista urbano 22h – 5h 20% adicional hora diurna Hora noturna 52min e 30s Rural 21h – 5h Mínimo 25% adicional hora diurna Hora noturna 60 min Rural pecuária 20h – 4h Mínimo 25% adicional hora diurna Hora normal 60min Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 8 Intervalos para descanso Os intervalos para descanso visam a possibilitar que o empregado recupere energias para seguir sua jornada diária, semanal ou mensal. De acordo com o tipo de jornada diária, deverá haver um intervalo mínimo para repouso e refeição. Confira a seguir alguns tipos de intervalo e suas exceções:a. Intrajornada: é o intervalo dentro da jornada diária. Deve ser de pelo menos 15 minutos (na jornada de quatro a seis hora ou de uma a duas horas nas jornadas superior a seis horas. A Lei 13.467/2017 passou a admitir a redução para 30 minutos, desde que haja previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho. a. Entre jornadas: é o intervalo entre a jornada de um dia e a de outro dia. Deve ser de 11 horas no mínimo entre a jornada de um dia e a jornada do outro e de 24 horas entre a jornada de uma semana e o início da outra semana. a. Intervalos especiais: conheça a seguir alguns casos de intervalos especiais: • Mecanografia e datilografia; • Telefonistas, telegrafias, radiotelefonistas; • Trabalho nas minas de subsolo; • Mulher com filho em idade de amamentação. Os intervalos não são computados na jornada do empregado, podendo este fazer o que quiser durante seu período de intervalo. SÚMULA Nº 118 - JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS Os intervalos concedidos pelo empregador na jornada de trabalho, não previstos em lei, representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final da jornada. Fonte: Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Descanso Semanal Remunerado (DSR) Nas atividades em que não for possível a suspensão do trabalho, nem nos dias como feriados civis e religiosos, a remuneração será paga em dobro, salvo se o empregador determinar outro dia de folga. 9 STF no julgamento da ADI 1687, j. 18 de junho de 2020, que garantiu ao trabalhador que ao menos uma folga, a cada quatro semanas, seja usufruída num domingo. Fonte: STF, Adi 167. Medicina e segurança do trabalho As empresas devem cumprir as normas de medicina e segurança do trabalho, adotar todas as medidas necessárias e instruir seus empregados sobre esses aspectos através das ordens de serviço, capacitações, campanhas e outras ações (MARTINS, 2011). A empresa com mais de 20 trabalhadores é obrigada a criar a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que é formada por representantes dos empregados e do empregador. Insalubridade (Art.192 da CLT) Periculosidade (Art.193 da CLT) Compensar a exposição do trabalhador a agentes nocivos à saúde acima dos limites de tolerância fixados na legislação. Risco a sua integridade física ou sua vida. O empregador precisa fornecer os EPIs e ter os EPCs. Não há como eliminar a periculosidade com o uso de EPIs ou EPCs, apenas reduzir o risco de ocorrência. O percentual a ser aplicado é de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) e 40% (grau máximo), com base no salário mínimo. Adicional de periculosidade será de 30% do salário básico do empregado. Fechamento Nessa Unidade, estudamos os tipos e normas voltadas ao Direito do Trabalho, as quais foram divididas em gerais e específicas. As normas gerais dizem respeito ao empregado e a seu registro como tal; e, específicos a análise de alguns direitos do empregado, como jornada de trabalho e férias. No item intitulado medicina e segurança do trabalho vimos a diferença entre insalubridade e periculosidade, valores e percentuais. 10 Referências BARROS, A. M. de. Curso de direito do trabalho. Atual José C. Franco de Alencar. 11.ed. São Paulo: LTR, 2017. MARTINS, S. P. Direito do trabalho. São Paulo: Atlas, 2011. NASCIMENTO, A.M. Curso de direito do trabalho. 35.ed São Paulo: Saraiva, 2019.