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VISÃO GERAL DA ANGIOLOGIA · Dividida em doenças arteriais, venosas e linfáticas · O sangue bombeado pelo coração é distribuído por grandes artérias que tem o papel de transporte → se estendem e criam uma rede que permite a perfusão de todos os tecidos · A macrocirculação faz o transporte e a microcirculação faz nutrição → micro depende da macro · Toda vez que obstrui uma artéria → ISQUEMIA: é um conceito arterial · Se o sangue vai pelas artérias, ele volta pelas veias e vasos linfáticos · Se há bloqueio nessa volta → EDEMA: conceito de doenças venosas e linfáticas ANATOMIA VASCULAR Dx topográfico Cabeça e pescoço: carótidas internas e basilar (irrigam SNC) e jugulares fazem retorno venoso MMSS: subclávia → artérias axilares → braquial → radial e ulnar (território axilobraquial, infra braquial, subclávio-axilar) e retorno venoso pela veia basílica Vasos da base: aorta torácica, aorta abdominal (tronco cefálico, mesentérica superior, renais, mesentérica inferior), ilíacas comuns interna e externa (territórios ilíacofemoral e aortailíacao) e retorno venoso pela cava inferior MMII: femoral comum → femoral profunda → poplítea → fibular, tibial anterior e tibial posterior (território femuropoplíteo, popliteopodal) e retorno venoso pela safena magna e parva (posterior - desemboca na junção safeno poplíteo) Arterial: · Territórios: carotídeo, vértebro basilar, subclávio, axilar, axilo braquial, infra braquial, aortoilíaco, ilíaco femoral, femoropoplíteo, poplíteo podal Venoso: · Territórios: poplíteo podal, safenas (magna e parva), femoropoplíteo, ilíaco femoral, cava inferior, infra braquial, axilo braquial, subclávio axilar, vértebras basilar, braquiocefálico, jugulares ARTERIOPATIAS Obstrutivas: · Podem ser agudas ou crônicas: Agudas: chamadas de oclusão ou insuficiência arterial aguda Crônicas: chamadas de DAOC (doença arterial obstrutiva crônica) → isquemia crônica. Existem 4 etiologias diferentes · DAOP: doença arterial obstrutiva periférica de origem aterosclerótica · TAO: tromboangeíte obliterante · Diabetes: angiopatia diabética · Inflamatória: Takayasu Se causam obstrução, causam isquemia → pode ser identificada por necrose (morte tecidual) Dilatantes: ao invés de obstruir, causam alargamento → chamadas de aneurismas arteriais Funcionais: alteração do funcionamento, mas sem lesão da parede arterial. Excesso de vasoconstrição ou excesso de vasodilatação. Mais comuns: Raynaud, levedo reticular, eritromelalgia, acrocianose Traumáticas: ex: fístula arterio venoso, falsos aneurismas, tromboses (OAA → oclusão arterial aguda) Malformações vasculares: são alterações congênitas DOENÇAS VENOSAS Obstrutivas: causam a obstrução de uma veia superficial ou profunda. Ex.: TVP (trombose venosa profunda) e tromboflebites superficiais Insuficiência valvular: insuficiência venosa crônica, as famosas varizes DOENÇAS LINFÁTICAS *edema linfático é diferente do venoso Obstrutivas: linfedema Infecciosas: erisipelas e linfangites DIAGNÓSTICOS CLÍNICOS Sindrômico: síndrome, conjunto de sinais e sintomas Etiológico: causam doença Topográfico: localização vascular EXAMES COMPLEMENTARES NA ANGIOLOGIA · Gerais · Específicos vasculares: · Indiretos: não tem a imagem do vaso, apenas um som ou um gráfico. Ex: doppler, plesitsmografias · Diretos: com imagem vascular. Ex: US (eco doppler, duplex scan, mapeamento duplex), angiografias (angio TC ou angio RM) e arteriografias Obs.: Aorta deve ser menor que o corpo vertebral → se estiver maior é aneurisma ________________________________________ TUTORIAL 1: Você está no ambulatório acadêmico e atende o Sr. Pedro Santos, de 68 anos, branco, bancário aposentado com QP: dor na perna direita. Após conversar e examinar o paciente você apresenta o caso para o preceptor: HMA: Há 5 anos vem apresentando dor na panturrilha direita quando caminhava aproximadamente 8 quadras, sendo obrigado a parar e descansar por 2 minutos. No entanto, no último ano começou a sentir dor para realizar tarefas do dia-a-dia também na coxa direita, além da panturrilha, e consegue caminhar apenas 1 quadra antes de sentir dor, precisando descansar 4-5 minutos (piora progressiva). Refere sentir também os pés frios. HMP: Hipertensão arterial controlada há mais de 30 anos. Diabetes tipo II há 15 anos HMF: Hipertensão arterial CHV: Tabagista há 50 anos de 30 cigarros/dia Exame Físico: P. A. no momento do exame de 180 / 120 mmHg (paciente relatou durante o exame físico que até alguns meses atrás sua pressão arterial estava normal, mas que ultimamente tem estado aumentada). Ausculta cardiopulmonar normal Abdômen: sopro sistólico na região epigástrica e na fossa ilíaca direita. Extremidades inferiores frias, com pilificação diminuída, principalmente a direita. MID: Pulso femoral presente e diminuído (++/4) Pulsos poplíteo, tibiais e fibular ausentes Prova isquemia plantar positiva Tempo de reenchimento venoso de 25 seg MIE: Pulso femoral presente ++++/4+ Pulsos poplíteo, tibiais e fibular: ++/4+ Palidez plantar durante manobra de isquemia mecânica Discreta hiperemia reativa _________________________________________ ANÁLISE: Masculino, 68 anos, tabagista, HAS e DM DOR · Início: há 5 anos (não é aguda) · Evolução: piora progressiva · Local: panturrilha e coxa direita → para ser dor de causa sanguínea, a dor tem que ser no músculo, pela isquemia, falta de O2 e formação de ácido láctico · Fator desencadeante: aos esforços, nos exercícios e ao caminhar · Fator de melhora: ao parar/ descansar · Trata-se de uma claudicação (movimento com dificuldade) intermitente (de forma cíclica, vai e volta) → para a claudicação intermitente, tem-se uma distância máxima que o paciente consegue andar e precisar parar · Nesse caso, a recuperação é o tempo para voltar o preenchimento capilar, o que, geralmente, tem duração de alguns minutos · É preciso perguntar sobre os cenários desses exercícios: andar no plano, na subida, andar rápido, subir escadas (proporção do esforço e tempo para chegar na isquemia, necessidade de O2) · Refere pés frios · Pode-se fazer um teste de esforço (no corredor mesmo) DAOC · Grupo dos que são crônicos e tem claudicação intermitente · DAOP: por placa de ateroma (aterosclerose). Paciente de risco: masculino, idade avançada, tabagismo, HAS, obesidade, sedentarismo, DM → territórios: aorto ilíaco e ilíaco femoral · Arterites: Takayasu (doença inflamatória) · TAO (não sabe a causa etiológica) · DM angiopatia diabética: é mais distal, mais grave, em indivíduos mais jovens, evolução mais rápida EXAME FÍSICO: · Descompensação da PA (180/120 mmHg) → questionar sobre remédios, alimentação e outros fatores desencadeantes, mas ainda não é uma emergência hipertensiva (PAD > 120 mmHg) · Estenose em artéria faz sopro sistólico. Fístula é sisto diastólico → paciente sopro sistólico na região epigástrica e FID · É sistêmica, mas não simétrica · MID: femoral diminuído, poplíteo, tibiais e fibular ausente · MIE: femoral ++++, poplíteo ++, tibial ++ e fibular ++ Manobras para avaliar grau de isquemia: Prova de isquemia plantar: elevação passiva MMII (45°) e observar a cor da região plantar · Como os dois estão sendo elevados juntos, precisam ficar com as cores iguais → para ser positivo, pé fica mais pálido Prova de isquemia mecânica: faz-se exercício (dorsiflexão e flexão plantar) com os pés, o que vai exigir mais O2 Tempo de enchimento venoso: tempo de enchimento venoso < 15 segundos. Não usar quando tem varizes · Deixar com a perna para baixo por uns 2 min · Hiperemia reativa: fica mais vermelho que o outro pé Sopros: Epigástrico:localização da aorta, mesentérica superior, renais, tronco celíaco · Estenose da aorta: pulsos femorais diminuídos e iguais (se fechou em cima, o que está para baixo diminuído) → paciente não está assim · Mesentérica superior: pode gerar isquemia = dor abdominal pós prandial (sistema digestório - falta sangue no sistema digestório → dor durante a digestão) → não é o caso da paciente · Mesentérica superior: pode gerar isquemia = dor abdominal pósprandial (sistema digestório - faltar sangue no sistema digestório → dor durante a digestão) → não é o caso da paciente → faz emagrecimento. Isquemia mesentérica: emagrecimento · Artéria renal: menos sangue no rim · Estenose da artéria renal: vai menos sangue para o rim, diminuição do fluxo plasmático renal → como está com menos sangue, o rim tenta aumentar a pressão com o sistema renina-angiotensina-aldosterona (vasoconstrição 2 e retenção de Na e água 3), com o aumento da pressão, o rim do lado com problema recebe a informação de que não aumentou a pressão → contínua o sistema (descompensação) e faz hipertensão renovascular Fossa ilíaca direita: · Sopro → estenose → pulso diminuído · Pulso femoral está diminuído · A. poplítea sem pulso MID: obstrução femoropoplíteo MIE: estenose femoropoplíteo Extremidades frias, com pilificação diminuída, principalmente à direita · Pilificação diminuída ocorre pela hipoperfusão → isquemia grave Teste ITB: Índice Tornozelo Braquial: · Mede a PA nos dois braços, que não podem ter uma diferença maior que 20 mmHg (a menor é a que apresenta problema) · Usa a maior PAS como referência e medir cada um dos MMII, mesmo quando o pulso inferior não é sentido - mesmo manguito · Fazer o cálculo T/B para cada MMII, então, tem-se o ITB de cada um Interpretação: 0,9 - 1,3: normal 0,9 a 0,4: claudicação intermitente 0,3 - 0,2: dor de repouso < 0,2: úlcera isquêmica Exame complementar: · Pela DM: glicemia de jejum glicada · Pelos problemas renais: creatinina, parcial de urina e relação albumina/creatina · Por ser problema com ateroma: perfil lipídico · Para análise das regiões suspeitas: EcoDoppler de MMII, de artérias renais, aorto ilíaco Conduta: · Controle dos fatores de risco: cessar o tabagismo, controlar a PA (alvo: 120/80 mmHg), controle da DM (alvo: <120), LDL (alvo: < 70), HDL (alvo: > 45) · Tratar claudicação intermitente: exercício físico (adaptação a diminuição da circulação) e medicação · Cilostazol 100mg VO, 2x ao dia · Antiagregante plaquetário · Tratamento cirúrgico: · Claudicação limitante: quando atrapalha as funções diárias para o paciente · Quando tem dor de repouso · Quando tem lesão trófica image2.png image1.png