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CASO 3: Mulher, 36 anos, internada no hospital com história de algumas semanas de lesão escura no 1º e 2º pododáctilos esquerdos, com sinais inflamatórios peri-lesão. A paciente queixa-se também de dor ao repouso e parestesia no pé esquerdo. História pregressa de dor à deambulação, palidez e parestesia em ambos os pés, há 8 meses e tromboflebite na coxa direita há 10 anos. Refere também episódios de alteração da coloração nos quirodáctilos da mão direita (palidez acompanhada de cianose e hiperemia). Na última semana refere dor e cianose no 5º quirodáctilo esquerdo. Paciente tabagista de 30 a 40 cigarros ao dia desde os 15 anos de idade (CT: 42 maços/ano - olhar o pior). Nega hipertensão arterial Exame Vascular: Carótidas sem alterações. Pulsos MSD: presentes ++++/4 Pulsos MSE: axilar e braquial ++++/4; radial ++++/4; ulnar ++/4 Manobra de Allen normal no MSD e alterada no MSE. Aorta, ilíacas, femorais e poplíteas sem alterações. Ausência dos pulsos tibiais e fibular, bilateralmente. Pressões: MSD = 120 /70 mmHg; MSE =120 / 70 mmHg MID = 90 mmHg; MIE = 50 mmHg Quais seriam o diagnóstico e prognóstico para o caso desta paciente? TAO PACIENTE: · mulher, 36 anos, tabagista importante de 42 maços/ano · lesões nos pododáctilos 1° e 2° esquerdo escura → área com necrose · Necrose pode ser seca ou gangrena úmida com putrefação · Dor ao repouso e parestesia à esquerda · Dor ao andar · Claudicação: dor no músculo estriado por falta de sangue; para ser intermitente precisa de uma distância máxima, sendo proporcional ao esforço (necessidade de sangue) · HMP há 10 anos de tromboflebite = trombose venosa superficial (segue o trajeto da veia superficial, ou seja, vê-se rubor bem delimitado; é palpável, doloroso e com calor local; não confundir com linfangite, que fica com rubor, mas é em toda a região e se dá por infecção: procurar ponto de entrada e linfonodos satélites) · Alteração de coloração nos quirodáctilos → fenômeno de Raynaud (o fenômeno é secundária, já a doença é causa primária) NA CONSULTA: · Perguntar sobre DM e/ou fazer exames; para chegar no caso dessa paciente, DM de mais de 10 anos · Classificar se é claudicação intermitente (neste caso, é) EXAME FÍSICO: · Jovem · Alterações em MMII e MMSS MMSS: ulnar ++/4+ MMII: ausência dos pulsos tibiais e fibular bilateralmente Manobra de Allen: · Analise se o arco é bem formado e irrigado · Se for alterada, o ulnar só vai preencher o lado ulnar e o radial apenas o radial · Se for normal, tanto o ulnar, quanto o radical irrigam toda a mão · Paciente: MSE alterado DIAGNÓSTICO: DX sindrômico: DAOC - TAO (sempre que tiver claudicação intermitente) DX etiológico: etiologia desconhecida DX topográfico: obstrução no território poplíteo podal bilateralmente e estenose no território braquiopalmar ou braquio ulnar esquerdo TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE (TAO): · Doença arterial que pode afetar as veias, pequenas e médias · Doença inflamatória segmentar não aterosclerótica · Sem fator causal conhecido, mas tabagismo é um dos fatores desencadeantes · Acomete jovens · Afeta mais mãos e pés EXAMES COMPLEMENTARES: · Marcadores reumatológicos: PCR e VHS (expectativa: normal, porque não tem inflamação na parede, mas no coágulo) Parte rosa escura: luz com trombo (inflamação) → obstrução da luz do vaso Rosa claro: parede sem inflamação · Arteriografia: aparece o Sinal do Martorelli → não pedir agora, para não dar contraste SINAIS DE ALERTA → internação: · Dor ao repouso · Lesão trófica · Isquemia NO INTERNAMENTO: · Tirar inflamação → suspender o estímulo (parar de fumar) · Vasodilatadores intravenoso (prostaglandina) e anticoagulante · Tratar a isquemia aguda → medidas de suporte: evitar que as extremidades fiquem mais frias (bota de algodão e luvas), analgésico, posicionamento adequado dos membros · Tratar a DAOC · Está na fila para revascularização, mas pode não ser possível porque não tem território de escoamento · Simpatectomia: última opção antes de amputação · Obs: não adianta dar corticoide CONFERÊNCIA: TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE · Ou Doença de Buerger · É uma das doenças que fazem parte da DAOC CARACTERÍSTICAS: · Características e lesões típicas que facilitam o dx · Íntima relação com o tabagismo · No geral, pacientes emagrecidos · Doença inflamatória, mas não é arterite · Obstrução segmentares trombóticas e não ateroscleróticas · Artérias de pequeno e médio calibre · MMII e MMSS · Mais comum na população oriental · Etiologia desconhecida, mas possui o tabagismo como fator desencadeante · Mais comum em homens · Lesão de isquemia/necrose + tabagismo = pensar em TAO · Comum a amputação, mas não a cessação do tabagismo PATOLOGIA: · 3 fases Fase aguda: · Trombo inflamatório: artérias e veias · Microabscessos e células gigantes multinucleadas · Não atinge a parede inteira, a lâmina elástica interna preservada Fase Intermediária: · Organização progressiva do trombo Fase Crônica: · Trombo organizado e fibrose = lesões obstrutivas HISTOLOGIA: · Patologia · Lâmina elástica interna preservada · Trombo oclusivo hipercelular, microabscessos e células gigantes · Ausência de necrose da parede arterial TAO: · Idade < 40 anos · Sexo masculino predominante, mas não exclusivo · Tabagismo (não existe TAO em não tabagista) · Sinais e sintomas de DAOC · Art. pequeno e médio calibre: MMII e MMSS · Fenômeno de Raynaud 40% · Tromboflebite migratória 40% - principalmente na agudização dos casos · Territórios: poplíteo podal - CI: perna distal e pé; pulsos alterados são os distais DX COMPLEMENTAR: · Exames são inespecíficos que mostram alterações próprias - foco na clínica · Exames laboratoriais: inespecíficos · EcoDoppler · Espera-se fluxo normal e paredes lisas; mas, principalmente nas distais, fica com um padrão de fluxo helicoidal · AngioRM / arteriografia · Acomete microcirculação, contraste não chega CONDUTA: · DAOC (DAOP, TAO, DM) - seguir padrão · Manifestações clínicas: · Claudicação não limitante: conservador · CI limitante, dor ao repouso, necrose e revascularização · Condições clínicas · Condições vasculares: exame imagem pré-op · Território distal de escoamento adequado · Substitutivo arterial: veia x prótese Tratamento isquemia crônica: · Claudicação intermitente não limitante: · Controle fatores risco: tabagismo!!! · Proteção extremidades (mesma ideia da DM) · Exercícios programados · Farmacológico: vasodilatadores (cilostazol), prostaciclinas (iloprost) e prostaglandinas E1 - alprostadil (prostavasin) → uso paliativo, pois precisa do vaso para dilatar · Conduta para dor e necrose · Controle do fator de risco · Vasodilatadores · Prostaglandinas EV (iloprost, provastasin) · Revascularização? Território distal de escoamento adequado · Simpatectomia? Não adianta na CI, apenas em necroses limitadas · Neurotripsia: esmagamento cirúrgico do nervo sensitivo, tornando a área sem sensibilidade · Amputação primária (quando não tenta revascularizar antes) ou secundária · Angiogênese? Futuro, não chegou até agora PARE DE FUMAR!!! ARTERIOPATIAS FUNCIONAIS: · Respostas vasomotoras · Exacerbação ou perda da regulação · Microcirculação - repercussão na pele · Alteração da coloração da pele · Ausência de lesão arterial · Secundária FENÔMENO DE RAYNAUD: · Vasoconstrição · Primário ou secundário: primário é a doença, 2 anos sem causa · Fisiopatologia: resposta estímulo simpático vasoconstrição (palidez) → anóxia → carboxihemoglobina (cianose) · Bloq. ação da catecolaminas → hiperemia · Desconfiar quando não estiver frio, mesmo normal, não perder a paciente, pois pode ser secundário a outras doenças · Quadro clínico: bi ou trifásico, mãos e pés, 20-30% mulheres jovens · DX primário: estímulos frio, emoção e profissão · DX secundários: esclerodermia 95%, doença mista tecido conjuntivo 85%, LES 10-45%, tao 40%, aterosclerose e túnel do carpo · Pode ocorrer em MMII também · DX laboratorial: VHS, doenças tec conj · Tratamento: proteção do frio, vasodilatadores (bloqueadores de canal de cálcio - nifedipina 60 mg/dia -em casos mais fortes) e, em casos graves, simpatectomia (isquemia grave) ACROCIANOSE: · Disfunção simpática · Mulheres jovens · Pés ao tornozelo e mãos aos punhos · Cianóticos, frios e úmidos · Piora com frio, mas sem palidez precedendo · Dx diferencial: Raynaud · Tratamento: proteção ao frio LIVEDO RETICULAR: · Homens e mulheres entre 35 e 40 anos · Manchas cianóticas - aspecto de rede · Extremidades · Tratamento: proteção ao frio e simpatectomia (raro) ERITROMELALGIA: · Dilatação vasomotora · Rara · Dor em queimação, rubor, unilateral ou assimétrica · Piora com calor e melhora com frio · Pulso normal Conclusão: · Respostas vasomotoras · Exacerbação ou perda da regulação · Microcirculação · Alteração da coloração pele · Ausência de lesão arterial · Secundárias a doenças de base image7.png image2.png image6.png image11.png image1.png image9.png image8.png image10.png image4.png image5.png image3.png