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Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
Educação e prevenção 
MÓDULO XVI – PROBLEMA 3 
 
FLORA BACTERIANA NORMAL 
Estudos já demonstraram que o microbioma vaginal é, na 
grande maioria das vezes, dominado por uma ou duas 
espécies de Lactobacillus, sendo os mais frequentes 
Lactobacillus inner, Lactobacillus crispatus, 
Lactobacillus gasseri ou Lactobacillus jensenii. 
Entretanto, em algumas mulheres assintomáticas e 
saudáveis, o predomínio no meio vaginal não é dos 
Lactobacillus, mas sim de outras bactérias, incluindo 
espécies de Prevotella, Gardnerella, Atopobium e 
Megasphaera. 
A composição habitual da flora vaginal em mulheres 
inclui a presença de aeróbios Gram-positivos 
(Lactobacillus acidophilus, Staphylococcus epidermidis 
e, ocasionalmente, Streptococcus agalactiae) e Gram-
negativos (Escherichia coli) , anaeróbios facultativos 
(Gardnerella vaginalis e Enterococcus), anaeróbios 
estritos ou obrigatórios (Prevotella spp., Bacteroides 
spp., Peptostreptococcus spp.,Ureaplasma urealyticu e 
Mycoplasma hominis) e fungos, com destaque para a 
Candida spp. 
→ A Candida é um fungo Gram-positivo, dimorfo, 
saprófita do trato genital e gastrointestinal, que pode se 
multiplicar por esporulação, tornando-se patogênico 
emcondições específicas. 
- Lactobacilos sp. → bacilos gram positivos (coram 
roxo); 
 
ÁCIDO LÁTICO E PH VAGINAL 
Uma importante influência na composição microbiana 
da vagina é o pH, que é dependente do estado 
hormonal da mulher. 
O estrogênio promove a maturação e diferenciação do 
epitélio vaginal em células superficiais maduras ricas 
em depósito de glicogênio, que posteriormente é 
degradado em glicose e ácido lático, por ação dos 
Lactobacillus. Isso resulta em um pH vaginal igual ou 
menor a 4,5 na maioria das mulheres assintomáticas na 
idade reprodutiva, com ciclos menstruais normais. 
→ Meninas pré-púberes e mulheres na pós-
menopausa com hipoestrogenismo apresentam o pH 
vaginal entre 5,0 e 7,0. Na gravidez, os altos níveis de 
estrogênio placentário propiciam um aumento 
acentuado dos lactobacilos e do resíduo vaginal. 
→ A diminuição na concentração de peróxido de 
hidrogênio favorece a aderência dos organismos 
patogênicos às células epiteliais vaginais, o aumento da 
população de Gardnerella vaginalis e a diminuição da 
concentração de oxigênio, resultando em aumento das 
bactérias anaeróbias. 
Os Lactobacillus possuem vantagem seletiva e 
constituem a espécie microbiana mais frequente sob 
essas condições fisiológicas ácidas. Estima-se que 
existam aproximadamente 108-109 Lactobacillus na 
vagina de mulheres saudáveis. 
Outros microrganismos, como Candida albicans e 
Streptococcus sp. aeróbio, também são tolerantes ao pH 
ácido. Em uma minoria de mulheres que não possuem 
Lactobacillus, outras bactérias (como Atopobium, 
Megasphaera, Leptotrichia) podem estar presentes e 
produzem ácido lático. 
Estudos mais recentes demonstraram que a produção 
de ácido lático vaginal não depende apenas da ação de 
microrganismos. A segunda fonte produtora de ácido 
lático são as células da mucosa vaginal de mulheres em 
idade reprodutiva, por meio de seu metabolismo, 
particularmente nas células da camada intermediária. O 
ácido lático é difundido para fora das células e 
Microbiota 
- Uretra: similar a da pele (Estafilococcos etc.) 
- Vaginal: se altera de acordo com idade e condições 
hormonais 
→ Antes da primeira menstruação: microbiota 
diversa (inclusive lactobacillus), baixo nível de 
estrogênio, pH um pouco mais elevado; 
→ Fase reprodutiva: estrogênio elevado, mucosa 
vaginal mais desenvolvida (maiores quantidade de 
glicogênio armazenado), liberação de peróxido de 
hidrogênio pelos lactobacillus que inibe o 
crescimento de outros microrganismos; 
→ Menopausa: estrogênio cai, mulher tem 
microbiota semelhante à antes da menstruação; 
 
 
 
Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
acumulado no lúmen vaginal. Tal produção é 
estrogênio-dependente e explica, ao lado da 
diminuição da população de Lactobacillus, a elevação do 
pH em mulheres na pós-menopausa que não estejam 
recebendo terapia hormonal. 
A produção de ácido lático, peróxido de hidrogênio, 
bacteriocinas e outras substâncias microbicidas pelos 
Lactobacillus sp. inibe o crescimento de patógenos e 
outros microrganismos oportunistas. Estudos recentes 
têm sugerido que o ácido lático é componente ativo da 
defesa imune inata no trato genital, promovendo 
ativação de linfócitos auxiliares da linhagem TH17, que 
atua contra microrganismos extracelulares. 
Outro aspecto importante a ser considerado é a 
presença de biofilmes no trato genital. Biofilmes são 
agregados de bactérias formados por colônias de 
microrganismos que aderem entre si e recobrem uma 
superfície sólida ou recobrem as suas próprias colônias. 
Os biofilmes já foram identificados nas superfícies das 
células vaginais, têm sido mais estudados em mulheres 
com vaginose bacteriana (VB) e, provavelmente, se 
associam aos episódios de recorrências. 
Importante ressaltar que a flora vaginal sofre variações 
em sua composição na dependência de fatores 
endógenos ou exógenos. As diferentes fases do ciclo 
menstrual, gestação, uso de contraceptivos, frequência 
de intercurso sexual, uso de duchas ou produtos 
desodorantes, antibióticos ou outras medicações com 
propriedades imunossupressivas podem alterar as 
condições endovaginais, aumentando ou diminuindo as 
vantagens seletivas para microrganismos específicos. 
Diante desses conceitos, conclui-se que o meio vaginal 
é extremamente complexo. As interações entre o 
microbioma vaginal, os mecanismos de defesa locais e 
os agentes potencialmente patogênicos podem resultar 
nos estados de saúde vaginal ou em processos 
infecciosos e/ou inflamatórios, que tantos problemas 
causam às pacientes. O correto diagnóstico de tais 
situações é importante para que a flora vaginal saudável 
seja mantida e não danificada por tratamentos 
desnecessários e para que os processos de alteração 
dela e consequentes afecções patológicas sejam 
adequadamente diagnosticadas e tratadas. 
 
MECANISMOS DE DEFESA DA REGIÃO GENITAL 
A manutenção da homeostase da mucosa no trato 
genital feminino é fundamental para impedir a 
proliferação de micro-organismos patogênicos. 
A mucosa vaginal é a primeira barreira para a entrada de 
patógenos. A lâmina basal da vagina é rica em 
macrófagos, linfócitos, células de Langerhans (derivadas 
da medula óssea e que atuam como apresentadoras de 
antígenos para os linfócitos CD4), plasmócitos, 
eosinófilos e mastócitos. 
O muco cervical forma uma trama que dificulta a 
passagem de patógenos para o trato genital superior, 
além de possuir substâncias bactericidas, como 
lisosinas, lactoferrinas, entre outras. 
Outro mecanismo de defesa da vagina é sua microbiota 
vaginal, com lactobacilos que produzem ácidos 
orgânicos, peróxido de hidrogênio, biossurfactantes e 
bacteriocinas, além de competir com os patógenos por 
nutrientes e receptores, e inibir seu crescimento e 
adesão. 
O pH ácido e o peróxido de hidrogênio (H2O2), que 
também é produzido pelos lactobacilos, conferem a 
proteção natural da vagina, inibindo o crescimento de 
outros micro-organismos como os anaeróbios. Além de 
todos estes fatores, há, também, a participação de 
linfócitos T CD4 e CD8 e imunoglobulinas IgA, IgM e IgG. 
 
SECREÇÃO VAGINAL 
A secreção vaginal fisiológica é formada por secreções 
endocervicais mucóides em combinação com células 
epiteliais descamadas, flora vaginal normal e transudato 
vaginal. 
O aspecto da secreção vaginal varia conforme a fase do 
ciclo menstrual e do período reprodutivo em que a 
mulher se encontra, existindo uma relação com a 
presença de glicogênio, a concentração de estrogênio 
e a utilização de hormônios. 
Idade reprodutiva → ação do estrogênio, corrimento 
vaginal com 1-3 ml de líquido (24 horas), branco ou 
transparente, espesso ou fino e principalmente inodoro. 
O pH é normalmente entre 4,0 – 4,5; 
Pré-menarca → antes daprodução de estrogênio 
ovariano, o corrimento varia de ausente a escasso. Se 
presente o líquido pode ser claro, branco ou mucóide. O 
ph vaginal é alcalinho (7 em média); 
Pós-menopausa → o estado hipoestrogênico da 
menopausa leva a uma redução do corrimento vaginal e 
aumento do pH vaginal (normalmente >4,5), nas 
mulheres que não realizam TRH; 
 
 
Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
A avaliação da queixa de secreção vaginal inclui 
anamnese, exame físico e microscopia a fresco. Deve-se 
considerar que apenas a descrição dos sintomas por 
parte das pacientes pode ser insuficiente para o 
diagnóstico correto e levar a tratamentos inadequados. 
A secreção vaginal anormal pode ser agrupada em três 
grandes categorias: mucorreia, vulvovaginites e 
cervicites, sendo a vaginose bacteriana a causa mais 
frequente de secreção vaginal anormal aumentada. 
 
MUCORREIA 
Mucorreia é o aumento da secreção vaginal fisiológica, 
sem odor, prurido ou outro sintoma infeccioso. O 
exame especular mostra ausência de inflamação vaginal 
e áreas de epitélio endocervical secretando muco claro e 
límpido. O exame microscópico a fresco da secreção 
vaginal revela células sem alterações inflamatórias, 
número normal de leucócitos e lactobacilos em 
abundância, com pH vaginal normal, na faixa de 3,8. As 
duas principais causas são ectopia e gestação. Deve-se 
orientar a paciente sobre sua normalidade, esclarecendo 
que os tratamentos recomendados em geral produzem 
pouco ou nenhum alívio para o sintoma referido. 
 
VULVOVAGINITES 
VAGINOSE BACTERIANA 
DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA 
Vaginose bacteriana é o desequilíbrio da flora vaginal 
caracterizado pela substituição da flora microbiana 
saudável (dominada por Lactobacillus) por microbiota 
variável, composta por mistura de bactérias anaeróbias 
e facultativas. 
Embora existam variações individuais entre mulheres 
portadoras de VB, as espécies microbianas mais 
frequentemente identificadas são Gardnerella, 
Atopobium, Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, 
Sneatia, Bifidobacterium, Dialister, Clostridium e 
Mycoplasmas. 
EPIDEMIOLOGIA 
- A VB tem sido referida como a mais frequente afecção 
do trato genital inferior feminino, estando relacionada à 
ampla variedade de distúrbios do trato reprodutivo, tem 
prevalência três vezes mais elevada em mulheres 
inférteis do que em férteis e é associada a duas vezes o 
risco de aborto após fertilização in vitro. 
- É relatada associação de VB com infecção pelo HPV e 
lesões intraepiteliais cervicais, aumento nas taxas de 
infecções pós-cirurgias ginecológicas e aumento em 
até seis vezes na taxa de aquisição do HIV. 
- Pode facilitar a transmissão/aquisição de outros 
agentes de transmissão sexual como C. trachomatis e 
N. gonorrhoeae. 
- Estudos demonstram associação dela com salpingite 
e infertilidade de causa tubária. 
- Quando presente, particularmente no início da 
gestação, tem sido associada a aumento no risco de 
parto prematuro, aborto espontâneo, baixo peso ao 
nascer, aumento na morbidade neonatal e altas taxas de 
endometrite pós-parto. 
- Vaginose bacteriana é uma afecção extremamente 
prevalente. Estimativas mundiais de prevalência 
variam de 10% a 30% → No Brasil, dependendo da 
população estudada, a afecção é responsável por até 
40% dos casos de queixas vaginais; 
FATORES DE RISCO 
- São variados: incluindo raça negra, uso de duchas 
vaginais, tabagismo, menstruação, estresse crônico e 
comportamentos sexuais, como elevado número de 
parceiros masculinos, sexo vaginal desprotegido, sexo 
anal receptivo antes do sexo vaginal e sexo com parceiro 
não circuncisado. 
- Mulheres que fazem sexo com mulheres têm alta 
prevalência de VB (25% a 52%), de acordo com 
diferentes estudos. 
QUADRO CLÍNICO 
O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de 
intensidade variável, acompanhado de odor vaginal 
fétido (caracterizado frequentemente como “odor de 
peixe” ou amoniacal). 
Por vezes, a paciente refere apenas o odor, estando o 
corrimento ausente. O odor fétido piora com o 
intercurso sexual desprotegido e durante a 
menstruação, devido à volatização de aminas 
aromáticas (putrescina, cadaverina, dimetilamina) 
resultantes do metabolismo das bactérias anaeróbias 
pela alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual. 
Ao exame ginecológico, o conteúdo vaginal apresenta-
se homogêneo, em quantidade variável (geralmente 
 
Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
escassa, mas pode ser moderada ou abundante) e com 
coloração geralmente esbranquiçada, branco-
acinzentada ou amarelada. 
A VB isolada não é causa de disúria ou dispareunia, 
pois não é acompanhada de processo inflamatório. 
Entretanto, quando se apresenta associada a outras 
afecções vaginais como candidíase, os sintomas 
podem ser mais variados, por exemplo, queixa de prurido. 
DIAGNÓSTICO 
Para o diagnóstico, foram propostos alguns critérios, 
incluindo achados clínicos e laboratoriais ou apenas 
dados microbiológicos. 
Os critérios mais conhecidos e divulgados são os de 
Amsel e os de Nugent. 
 
→ Critérios de Amsel: requerem três dos quatro itens a 
seguir: 
- Corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo 
aderente às paredes vaginais; 
- Medida do pH vaginal maior do que 4,5; 
- Teste das aminas (whiff test) positivo, ou seja, 
desprendimento de odor fétido após a adição de KOH 
10% a uma gota de conteúdo vaginal; 
- Presença de “células-chave” (“clue cells”), que são 
células epiteliais recobertas por cocobacilos Gram 
variáveis na bacterioscopia; 
 
→ Escore de Nugent: baseia-se em elementos 
avaliados na bacterioscopia com coloração pelo 
método de Gram, particularmente os morfotipos de 
Lactobacillus, de Gardnerella vaginalis e de Mobiluncus 
sp. O resultado da avaliação é traduzido em escores, 
assim considerados: 
- Escore de 0 a 3 – padrão normal; 
- Escore de 4 a 6 – flora vaginal intermediária; 
- Escore de 7 a 10 – vaginose bacteriana; 
 
TRATAMENTO 
Visa eliminar os sintomas e reestabelecer o equilíbrio 
da flora vaginal fisiológica, principalmente pela 
redução dos anaeróbios. 
O tratamento pode ser realizado com os esquemas a 
seguir: 
 
Efeitos colaterais imidazólicos: náuseas, vômitos, 
cefaleia, insônia, tontura, boca seca e gosto metálico. 
→ Recomendar abstinência de álcool durante 24 horas 
após o tratamento com nitroimidazólicos (efeito 
dissulfiram) e abstenção de atividade sexual ou o uso de 
preservativos correta e consistentemente durante o 
tratamento. 
→ Lembrar que a clindamicina tem base oleosa e pode 
enfraquecer preservativos e diafragmas até cinco dias 
após o uso. 
São válidas as considerações anteriores sobre 
abstinência de álcool, aumentando-se o período de 
abstinência para 72 horas após o uso de tinidazol. 
O tratamento de mulheres assintomáticas, embora 
ainda seja motivo de debate, não é recomendado pelo 
CDC. 
Até o momento, não existem recomendações para o 
tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is) para melhorar o 
índice de cura ou prevenção das recorrências da VB 
(porém investigar microrganismos associados a VB que 
precisam de tratamento); 
Recidivas ocorrem em mais de 30% dos casos, 
aproximadamente três meses após o término do 
tratamento. 
Esquemas recomendados 
Metronidazol 500 mg por VO 2x ao dia por 7 dias. 
Ou 
Metronidazol gel 0,75% - 5g (1 aplicador) intravaginal 
ao deitar durante 5 dias. 
Ou 
Clindamicina creme 2% - 5g (1 aplicador) 
intravaginal ao deitar durante 7 dias. 
Esquemas alternativos 
Tinidazol 2g por VO 2x ao dia durante 2 dias 
Ou 
Tinidazol 1g VO 1x ao dia durante 5 dias 
Ou 
Clindamicina 300mg VO a cada 12 h durante 7 dias 
 
Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
→Representam condições clínicas de difícil manejo 
clínico. Uma possibilidade é a utilização de outro 
regime terapêutico; outra alternativa é o uso do mesmo 
regime assim que o episódio recorrente se instale. 
 
CANDIDÍASE VULVOVAGINAL 
DEFINIÇÃO, ETIOLOGIA E PATOGENIA 
O gênero Candida é constituídopor aproximadamente 
duzentas espécies de leveduras saprófitas, que 
habitam os mais diferentes tecidos e secreções do corpo 
humano. Entretanto, por fatores ainda pouco 
conhecidos, as leveduras podem passar de saprófitas 
para patogênicas. 
- No trato genital feminino, a Candida sp. pode ser 
encontrada em aproximadamente 20% das mulheres 
saudáveis assintomáticas. 
- Estima-se que 75% das mulheres em idade 
reprodutiva apresentarão pelo menos um episódio de 
vulvovaginite por Candida sp. durante suas vidas 
- 50% apresentarão dois ou mais episódios e 5% terão 
episódios recorrentes, ou seja, quatro ou mais 
episódios por ano, confirmados clínica e 
laboratorialmente. 
A candidíase vulvovaginal é extremamente importante 
pelos sintomas, que podem ser muito desagradáveis, 
por facilitar a aquisição/transmissão de outras 
infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), inclusive 
o HIV, por comprometer a sexualidade e outros aspectos 
da vida da mulher, afetando negativamente a qualidade 
de vida. 
→ Candida albicans é a espécie mais prevalente, 
responsável por 85% a 95% dos casos; 
→ Candida glabrata e Candida tropicalis estão 
associadas a 5% a 10% dos casos; 
→ Outras espécies como Candida krusei, Candida 
parapsilosis e Candida guilliermondii são raramente 
identificadas. 
Isso ocorre porque apenas a espécie albicans 
apresenta a capacidade de dimorfismo, ou seja, de 
alterar sua forma habitual para a forma de micélio, mais 
invasiva. 
Os mecanismos que impedem ou que favorecem a 
passagem da Candida albicans do estado de 
comensal para o estado patogênico ainda não são 
totalmente conhecidos, mas estão particularmente 
relacionados à atuação do sistema imune do hospedeiro. 
A colonização vaginal por fungos parece ser 
hormôniodependente, já que é rara na infância e pós-
menopausa e frequente na idade reprodutiva ou em 
mulheres em uso de terapia hormonal. Condições que 
alterem a concentração hormonal como gravidez e uso 
de contraceptivos de alta dosagem facilitam a 
proliferação dos fungos. A ingestão de antibióticos 
atua no mesmo sentido, provavelmente por alterar a flora 
protetora lactobaciliar. 
Quando o sistema imune não consegue inibir a 
proliferação dos fungos, ocorre a passagem do estado 
saprófita para o patogênico, com consequente 
aparecimento de sinais e sintomas. 
É importante lembrar que a concentração de fungos 
associada aos sintomas é diferente para cada mulher, 
já que existem diferenças individuais de resposta imune. 
Um dos componentes do sistema imune é a proteína 
“lectina ligadora de manose”, presente nos fluidos 
corporais e na secreção vaginal, possuindo a capacidade 
de reconhecer e ligar-se ao polissacarídeo manose que 
está presente na superfície dos microrganismos 
(inclusive na Candida sp.). Tal ligação desencadeia a 
cascata do sistema complemento, levando à lise 
celular e à fagocitose. Ou seja, a lectina ligadora de 
manose representa importante componente imune no 
combate às infecções fúngicas. Entretanto, um 
polimorfismo no gene que determina a secreção dela 
resulta em menor secreção e consequente diminuição 
nas concentrações dessa proteína → Mulheres que 
possuem tal polimorfismo apresentam com maior 
frequência episódios de candidíase vulvovaginal 
recorrente. 
QUADRO CLÍNICO 
Múltiplas recorrências 
Metronidazol VO 500mg 2x ao dia por 10-14 dias 
Ou 
Metronidazol gel intravaginal 2x por semana durante 
4-6 meses. 
OBS: após o término do tratamento podem surgir 
novos episódios recorrentes. 
Relato de melhora com: Tinidazol 2g VO em DU 
seguida de aplicação de óvulos vaginais com ácido 
bórico e terapia supressiva com metronidazol gel. 
 
 
 
Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
O quadro clínico da vulvovaginite fúngica caracteriza-
se por prurido, de intensidade variável, acompanhado 
por corrimento geralmente esbranquiçado (fluido ou com 
aspecto de “leite talhado”); dependendo da intensidade 
do processo inflamatório, pode haver queixa de 
desconforto, dor, disúria e dispareunia. 
Ao exame ginecológico, é frequente observar hiperemia 
vulvar, edema e fissuras. O exame especular mostra 
hiperemia da mucosa vaginal e conteúdo vaginal 
esbranquiçado, em quantidade escassa, moderada ou 
abundante, de aspecto espesso ou flocular, aderido ou 
não às paredes vaginais. 
O pH vaginal encontra-se geralmente abaixo de 4,5. 
O teste das aminas (whiff test) é negativo na 
candidíase. 
→ Classificação de Sobel: classifica a candidíase 
vulvovaginal em complicada e não complicada. 
- É considerada “não complicada” a candidíase que se 
apresenta em episódios esporádicos ou infrequentes, 
de intensidade leve ou moderada, cujo agente 
etiológico provavelmente é a Candida albicans e 
ocorre em mulheres não imunocomprometidas. 
- O termo “candidíase complicada” refere-se à 
candidíase recorrente ou severa ou por espécies não 
albicans ou em mulheres com diabetes, condições 
que comprometam o sistema imune (por exemplo, 
infecção por HIV), debilitadas ou recebendo 
imunossupressores. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico clínico deve sempre ser confirmado 
pela presença de fungos, que pode ser realizada por 
meio de: 
- Exame a fresco: colocando-se em lâmina de vidro uma 
gota de conteúdo vaginal e uma gota de soro fisiológico 
ou hidróxido de potássio a 10% e observando ao 
microscópio a presença de hifas e/ou esporos; 
→ Sensibilidade em torno de 50%-60, dependendo da 
experiencia do profissional. 
- Bacterioscopia com coloração pelo método de Gram 
e cultura em meios específicos: o que permite a 
identificação do fungo, sua espécie e eventual realização 
do antifungigrama, recomendável nos casos recorrentes. 
Nos casos esporádicos, a positividade do exame a 
fresco dispensa a continuidade na investigação. 
Entretanto, se tal exame for negativo e houver 
sintomas, está indicada a continuação do processo 
diagnóstico, com a bacterioscopia pelo Gram e cultura, 
particularmente nos casos recorrentes. 
 
 
TRATAMENTO 
Para o tratamento e prevenção de novos episódios, é 
importante a eliminação ou pelo menos o controle de 
fatores predisponentes como diabetes melitus 
descompensada, estados de imunossupressão, 
tabagismo, distúrbios alimentares com excesso de 
ingestão de hidratos de carbono, hábitos de higiene ou 
vestuário inadequados, estresse excessivo e outros 
fatores, se presentes. 
A terapêutica dever ser individualizada, optando-se por 
via local ou sistêmica, dependendo da preferência da 
paciente e da experiência do profissional. 
▪ CANDIDÍASE NÃO COMPLICADA: 
Para tratamento da “candidíase não complicada”, 
podem ser utilizados antifúngicos por via vaginal, sob a 
forma de cremes, óvulos ou comprimidos. 
De maneira geral, o tratamento tópico não apresenta 
efeitos colaterais, exceto para mulheres alérgicas ao 
veículo (geralmente propilenoglicol). 
Candidíase não complicada – uso intravaginal 
- Fenticonazol em creme de concentração 0,02mg/g 
1 aplicador vaginl ao deitar durante 7 dias ou óvulo 
com 600mg DU 
- Clotrimazol creme 10mg/g por 7 dias ou 
comprimido vaginal de 500mg DU 
- Miconazole creme 20mg/g por 14 dias 
- Econazol creme 10 mg/g por 14 dias 
- Butaconazol 20 mg/g em DU 
- Terconazol 8mg/g por 5 dias; 
- Tioconazol 20mg/g por 7 dias ou óvulo 300mg em 
DU; 
- Nistatina creme 25.000 UI/g por 14 dias; 
 
Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
Deve-se lembrar de que a base oleosa de cremes e 
óvulos pode enfraquecer preservativos. 
Efeitos colaterais: podem ocorrer náusea, dor 
abdominal e cefaleia. Raramente ocorre elevação das 
enzimas hepáticas. 
Para os episódios de candidíase “não complicada”, os 
tratamentos em dose única ou de curta duração (um a 
três dias) costumam ser eficazes. Recentemente, foram 
observados raros casos de resistência aos azólicos, 
particularmente nos casos recorrentes. 
O tratamento do parceiro sexual não é recomendado 
nos episódios simples. Nos raros casos em que ocorre 
balanite (inflamação da glande peniana com pruridoou 
irritação), pode haver benefício no uso de antifúngicos 
tópicos para alívio sintomático. 
▪ CANDIDÍASE COMPLICADA: 
O tratamento da “candidíase complicada” requer a 
confirmação diagnóstica para a identificação de 
eventuais cepas não albicans (Candida glabrata e 
outras, de difícil identificação à microscopia, sendo 
necessária a cultura). 
Na candidíase recorrente (quatro ou mais episódios ao 
ano confirmados laboratorialmente), a maioria das 
mulheres não apresenta os clássicos fatores 
predisponentes, mas sim alterações específicas na 
imunidade local. 
Os episódios isolados de maneira geral respondem 
aos esquemas de tratamento anteriormente 
mencionados; entretanto, na tentativa de obter melhor 
remissão da população de fungos, alguns especialistas 
recomendam tratamento prolongado dos episódios 
agudos. 
Assim, podem ser utilizados agentes tópicos por 
período de 7 a 14 dias ou antifúngico por via oral 
(fluconazol 150 mg) em um total de três doses, com 
intervalos de três dias → Após a remissão dos episódios 
agudos, recomendam-se esquemas de supressão 
utilizando um comprimido de fluconazol (150 mg) uma 
vez por semana, durante seis meses. Outra alternativa 
são os tratamentos por via local, de maneira 
intermitente. Após o término do tratamento supressivo, 
aproximadamente 50% das mulheres permanecem livres 
dos episódios recorrentes. 
Para os casos em que a vulvovaginite por fungos se 
manifesta por sintomas severos como eritema extenso, 
edema, escoriações e fissuras, recomendam-se cursos 
prolongados de terapia, podendo ser utilizados 
medicamentos por via local no período de 7 a 14 dias ou 
fluconazol (150 mg) em duas doses com intervalo de 72 
horas. 
Com relação ao tratamento das espécies não albicans, 
não existem recomendações terapêuticas 
comprovadamente eficazes. 
- Alguns autores recomendam o tratamento prolongado 
(7 a 14 dias) com outros medicamentos que não 
fluconazol; 
Mulheres portadoras de imunodeficiência e outras 
condições predisponentes geralmente apresentam 
pouca resposta a terapias de curta duração. Além da 
correção das condições predisponentes, recomenda-
se a terapia com 7 a 14 dias de duração. Durante a 
gestação, apenas o uso de azólicos por via vaginal é 
recomendado. Os protocolos de tratamento para 
mulheres vivendo com HIV/aids são os previamente 
apresentados, dependendo da intensidade do quadro 
clínico. 
 
VAGINITE POR TRICHOMONAS VAGINALIS 
EPIDEMIOLOGIA 
Tricomoníase é a infecção sexualmente transmissível 
não viral mais comum no mundo. De acordo com a 
Organização Mundial de Saúde, existem 
aproximadamente 170 milhões de casos reportados 
anualmente em pessoas entre 15 e 49 anos, a maioria 
(92%) em mulheres de países em desenvolvimento. 
Estudos no Brasil referem prevalência que varia de 2,6% 
a 20% no sexo feminino. 
Como nas demais infecções de transmissão sexual, a 
incidência depende de vários fatores como idade, 
atividade sexual, número de parceiros sexuais, sexo 
desprotegido, outras ISTs e condições 
socioeconômicas. 
Aproximadamente um terço das mulheres infectadas 
são assintomáticas e a infecção pode persistir por 
meses ou anos. 
Candidíase não complicada – terapia sistêmica 
- Fluconazol, comprimido de 150 mg em DU; 
- Cetoconazol, comprimidos de 200 mg, 2cp ao dia 
durante 5 dias consecutivos; 
- Itraconazol, cápsulas de 100mg uma pela manhã e 
outra a noite por 1 dia 
 
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Os homens, por geralmente apresentarem menos 
sintomas do que as mulheres, servem como vetores 
assintomáticos da infecção. 
ETIOLOGIA E PATOGÊNIA 
O parasita Trichomonas vaginalis possui quatro 
flagelos e uma membrana ondulante, responsável por 
sua grande mobilidade. 
A transmissão é predominantemente sexual, embora 
raramente possam ocorrer outras formas, pois o parasita 
pode sobreviver fora de seu habitat por algumas horas em 
condições de umidade. 
Ele deve adquirir nutrientes do meio externo para sua 
sobrevivência e consegue isso fagocitando fungos, 
vírus e bactérias como Micoplasmas, Chlamydia 
trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, transportando-os 
ao trato genital superior e facilitando, assim, o 
aparecimento de doença inflamatória pélvica. É 
importante cofator na transmissão e aquisição do HIV. 
A resposta imune celular à Trichomonas vaginalis pode 
ser agressiva, com inflamação da mucosa da vagina e 
exocérvice em mulheres e da uretra em homens. Ocorre 
intensa infiltração de leucócitos, incluindo os da 
linhagem TCD4, que são alvo do HIV. 
Ao penetrar na vagina, o parasita cobre-se com as 
proteínas do hospedeiro, o que permite a evasão dos 
mecanismos de defesa locais; além disso, possui a 
capacidade de sobreviver no meio vaginal ácido, 
hostil, durante longos períodos de tempo, 
permanecendo firmemente ligado às células da 
mucosa vaginal. 
→ No homem, infecta a uretra inferior, podendo atingir 
a próstata, vesícula seminal e epidídimo. 
→ Na mulher, além da vagina e exocérvice, pode 
acometer a uretra, bexiga, glândulas de Skenne e 
Bartholin e endocérvix. 
Após a infecção, o parasita raramente é eliminado, 
podendo permanecer indefinidamente no trato 
genital. O impacto da infecção durante a gravidez não 
está totalmente determinado, mas estudos têm 
demonstrado correlação com prematuridade. A infecção 
do trato genital feminino pelo protozoário não induz 
imunidade duradoura, sendo comuns as infecções 
recorrentes. 
QUADRO CLÍNICO 
Os sintomas classicamente descritos na infecção são 
corrimento geralmente profuso, amarelado ou amarelo-
esverdeado, frequentemente acompanhado de ardor 
genital, sensação de queimação, disúria e dispareunia. 
Os sintomas acentuam-se no período pós-menstrual 
devido à elevação do pH vaginal e à aquisição de ferro 
da hemoglobina pelo parasita, o que aumenta sua 
virulência. 
Ao exame ginecológico, geralmente se observam 
hiperemia dos genitais externos e presença de 
corrimento espesso, de aspecto purulento, 
exteriorizando-se pela fenda vulvar. 
Ao exame especular, verifica-se aumento do conteúdo 
vaginal, de coloração amarelada ou amarelo-
esverdeada, por vezes acompanhado de pequenas 
bolhas. As paredes vaginais e a ectocérvice 
apresentam-se hiperemiadas, observando-se 
ocasionalmente o “colo uterino com aspecto de 
morango” (colpitis maculáreis), devido às pequenas 
sufusões hemorrágicas. 
A medida do pH vaginal revela valores acima de 4,5 e o 
teste das aminas (whiff test) pode ser positivo devido à 
presença de germes anaeróbios associados à VB. 
DIAGNÓSTICO 
O método mais utilizado para o diagnóstico, devido ao 
baixo custo e à praticidade, é a bacterioscopia a fresco, 
colocando-se em uma lâmina de vidro uma gota de 
conteúdo vaginal e uma gota de solução salina e 
observando-se ao microscópio; o parasita é 
identificado pela movimentação pendular (lembrar 
que o uso de solução salina gelada pode imobilizar o T. 
vaginalis; utilizá-la à temperatura ambiente ou levemente 
aquecida). 
→ sensibilidade de 50-60% (não permite o diagnóstico de 
todas as mulheres com a infecção); 
A bacterioscopia com coloração pelo Gram também 
permite a identificação do parasita, nesse caso sem os 
movimentos, o que pode dificultar o reconhecimento. 
A cultura, realizada em meio específico (Diamond) tem 
maior sensibilidade (75% a 96%) e especificidade de 
100%, embora sejam necessários alguns dias para o 
resultado. 
→ Recomenda-se a realização da cultura em presença 
de sintomas, mas negatividade do exame a fresco. 
Papanicolau não é teste diagnóstico em função da 
baixa sensibilidade → pode dar falso positivo (alguns 
autores indicam tratar se tiver no citopatológico e outros 
não – teria que confirmar por outro exame); 
 
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TRATAMENTO 
Regimes de tratamento apresentados pelo CDC: 
 
Restrições ao consumo de álcool devem ser 
observadas durante 24 horas após o uso de metronidazol 
e 72 horas após o uso de tinidazol. 
O tratamento com metronidazol gelpor via vaginal não 
é recomendado, porque o medicamento não atinge 
níveis terapêuticos na uretra e glândulas de Skene e 
Bartholin. 
Recomenda-se abstinência sexual durante o 
tratamento. 
Importante lembrar que o(s) parceiro(s) sexuais devem 
ser referenciados para tratamento, por tratar-se de 
infecção sexualmente transmissível → o tratamento do 
parceiro é feito com os mesmos regimes 
anteriormente expostos, preferencialmente em dose 
única. Sempre que possível, são aconselháveis testes 
para outras infecções de transmissão sexual. 
Devido à elevada taxa de reinfecção em mulheres, 
recomenda-se nova avaliação três meses após o término 
do tratamento → testes utilizando biologia molecular 
podem ser utilizados duas semanas após o tratamento. 
Episódios de recorrência ou persistência da infecção 
devem ser diferenciados de reinfecção por parceiro não 
tratado ou não aderente ao tratamento. 
Resistência a metronidazol (4-10%) e tinidazol (1%) → 
evitar os esquemas em DU, utilizando metronidazol 
500mg VO a cada 12 horas durante 7 dias. 
Casos irresponsivos encaminhar para especialista. 
Existem preocupações sobre o risco adicional da 
tricomoníase em mulheres vivendo com HIV/aids → O 
tratamento reduz a excreção do vírus no fluido vaginal e o 
tratamento com metronidazol 500 mg por via oral 
durante sete dias mostrou-se mais eficaz do que o 
tratamento em dose única. 
 
VAGINOSE CITOLÍTICA 
Proliferação excessiva de Lactobacillus por causas 
desconhecida, onde vai ocorrer a danificação do 
epitélio vaginal, diminuição do PH e aparecimento de 
sintomas clínicos como corrimento geralmente 
abundante, prurido, sensação de queimação, 
desconforto e dispareunia. 
A vaginose citolítica, é causa de vulvovaginite cíclica em 
mulheres na idade reprodutiva, com prevalência 
variando de 1,8% a 7,1%. 
Provavelmente, fatores metabólicos tornam o meio 
vaginal propício à proliferação excessiva de 
Lactobacillus, os quais, isoladamente ou em 
conjunção com outros microrganismos, danificam as 
células da camada intermediária vaginal e induzem a 
citólise. Os produtos celulares liberados, associados à 
acidez vaginal excessiva, resultam nos sintomas. A 
exacerbação dos sintomas ocorre na fase lútea do ciclo e 
particularmente no período pré-menstrual. 
É uma doença confundida com a cândida pela 
semelhança dos sintomas e pela acentuação no período 
pré-menstrual. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é feito pelos sintomas (corrimento 
esbranquiçado e abundante), prurido, ardor, queimação, 
disúria, dispareunia com maior intensidade no período 
pré-menstrual. 
No exame clínico, observa-se o conteúdo vaginal 
geralmente aumentado, de aspecto flocular, fluido ou em 
grumos, aderente ou não às paredes vaginais. Sinais 
inflamatórios podem estar presentes devido à irritação 
da mucosa causada pelos detritos celulares e acidez 
excessiva. A medida do pH revela-se geralmente menor 
ou igual a 4. 
Nesse tipo de doença, não é necessário realizar o teste 
das aminas (whiff test), pois ele é útil apenas para o 
diagnóstico da VB e da tricomoníase. 
A bacterioscopia do conteúdo vaginal (Gram) revela 
aumento excessivo na população lactobaciliar (maior 
que 1.000 por campo de imersão), presença de raros 
leucócitos ou ausência deles e presença de núcleos 
celulares desnudos e de restos celulares devida à lise 
das células epiteliais. Não são encontrados elementos 
fúngicos (hifas e/ou esporos). Sempre que possível, 
recomenda-se realizar também a cultura para fungos, 
Regime recomendado 
Metronidazol 2g VO em DU 
Ou 
Tinidazol 2g VO em DU 
Regime alternativo 
Metronidazol 500mg VO a cada 12h durante 7 dias. 
 
 
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que, quando negativa e diante dos achados da 
bacterioscopia confirmará o diagnóstico. 
TRATAMENTO 
Não existe um tratamento específico para a afecção, 
já que a etiopatogenia não é conhecida. Recomenda-se a 
utilização de medidas que, pelo menos 
temporariamente, alcalizem o meio vaginal, como o uso 
de duchas vaginais com bicarbonato de sódio, 
particularmente no período pré-menstrual. Algumas 
mulheres apresentam boa resposta após a utilização de 
tais duchas por alguns ciclos, enquanto outras tornam a 
apresentar episódios recidivantes. 
 
VAGINITE INFLAMATÓRIA DESCAMATIVA 
É uma doença pouco frequente, mas severa, de vaginite 
purulenta crônica, que ocorre particularmente em 
mulheres na perimenopausa e pós-menopausa, 
embora possa apresentar-se em qualquer idade e no 
puerpério. Ocorre intensa inflamação vaginal com 
eritema e corrimento vaginal purulento, causando 
importante desconforto e dispareunia. 
A etiologia é desconhecida; em alguns casos têm sido 
identificados Streptococcus do grupo B e Escherichia 
coli. Existe a hipótese de que um fator genético permita 
que o sistema imune reaja a componentes da mucosa 
vaginal, desencadeando, assim, o processo 
inflamatório; o fator que inicia tal reação não é 
conhecido; talvez a deficiência de estrogênio possa estar 
relacionada ao processo. 
A queixa pode ser de corrimento profuso ou em 
moderada quantidade, acompanhado de desconforto e 
dispareunia. Os sintomas são inespecíficos e de longa 
duração, confundíveis com os da tricomoníase aguda, 
ocorrendo em aproximadamente 90% dos casos – 
raramente assintomática; 
O exame ginecológico revela processo inflamatório, de 
intensidade variável, com eritema, podendo haver 
petéquias ou mesmo equimoses na mucosa do trato 
genital; a cérvix pode estar envolvida (colpitis macularis). 
Por vezes, é necessário remover o conteúdo vaginal 
para melhor observar o processo inflamatório na 
mucosa. 
O meio vaginal apresenta aumento acentuado de 
células inflamatórias, predominantemente de 
leucócitos, estando em número mais elevado do que as 
células epiteliais. À microscopia, observa-se aumento 
nos polimorfonucleares e nas células parabasais. Ocorre 
perda da flora de Lactobacillus e presença de outras 
bactérias. O pH vaginal encontra-se elevado, acima de 
4,5. 
TRATAMENTO 
O tratamento tem como objetivo reduzir a população 
bacteriana e o processo inflamatório 
São estudos que indicam o uso – teste em pessoas e 
foram efetivos: 
- Clindamicina creme vaginal 2%, 5g (um aplicador) 
durante 14 dias, ou Hidrocortisona 10% intravaginal 
durante duas a quatro semanas ou ainda creme 
combinando clindamicina e hidrocortisona. 
De maneira geral, as pessoas foram responsivas ao 
tratamento, mas cerca de 30% tiveram recidiva em 6 
meses depois do término do tratamento. Alguns 
autores recomendam o uso de estrogênio via vaginal para 
diminuir essas recidivas, porque favoreceria o aumento 
dos lactobacillus e diminuiria a proliferação de bactérias. 
 
VAGINITE AERÓBIA 
O termo vaginite aeróbia refere-se a um estado de 
alteração do meio vaginal caracterizado por 
microflora contendo bactérias aeróbias entéricas, 
níveis variáveis de inflamação e maturação epitelial 
deficiente. 
Tal termo foi criado em 2002 para caracterizar uma 
condição de alguma forma semelhante à VB pela 
redução ou falta de Lactobacillus, presença de 
corrimento profuso e elevação do pH vaginal, mas 
também com marcantes diferenças como presença de 
inflamação (que está ausente na VB), presença de 
leucócitos, células epiteliais imaturas e ausência de 
aspecto microgranular na microflora à microscopia 
(contrariamente ao que ocorre na VB) 
As bactérias que predominam no meio vaginal na vaginite 
aeróbia parecem ser Streptococcus sp., 
Staphylococcus aureus e Escherichia coli; tais 
microrganismos passariam da condição de simples 
comensais para agressores; entretanto, não se sabe os 
fatores desencadeantes. 
Clinicamente, as pacientes queixam-se de corrimento 
vaginal por vezes de aspecto purulento com odor 
desagradável; entretanto, a utilização de hidróxido de 
potássio em contato com a secreção vaginal (teste das 
aminas ou whiff test) é negativo, ou seja, não há o 
desprendimento de “odor de peixe” ou amoniacal, como 
 
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ocorre na VB. Os sinais de inflamação são de 
intensidade variável, assim como irritação vulvar e 
dispareunia. 
Ao exame ginecológico, visualiza-se inflamação do 
vestíbulo e da mucosa vaginal, em graus variados. 
O quadro clínico severo de vaginite aeróbia assemelha-se 
ao da vaginite inflamatória descamativa; para alguns 
autores, ambas seriam a mesma entidade; além disso, 
ambas são condições crônicas. 
À microscopia do conteúdo vaginal são avaliadas a flora 
microbiana e a presença de leucócitos (denominados de 
leucócitos “tóxicos”, por serem ativados a apresentarem 
granulações específicas). De acordo com a quantidade 
de cada elemento é classificada em quatro graus, 
denominados de “graus lactobacilares”. O grau 
lactobacilar IV corresponde à forma mais intensa da 
afecção (que para alguns autores seria a própria vaginite 
inflamatória descamativa). 
 
CERVICITES E URETRITES 
O colo do útero é revestido por dois tipos de epitélios: 
escamoso e colunar, respectivamente, na ectocérvice 
e na endocérvice. 
A ectopia é um processo fisiológico frequente na fase 
reprodutiva da mulher, caraterizado pela presença de 
epitélio glandular na ectocérvice, expondo o frágil 
epitélio colunar ao meio vaginal, o que favorece o 
acesso aos vasos sanguíneos e linfáticos, diminuindo as 
barreiras contra infecções e favorecendo a aquisição 
de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Além 
disso, a presença de ectopia também pode ser um 
importante fator secundário na transmissão de 
infecções genitais. 
A cervicite ou endocervicite é a inflamação da mucosa 
endocervical (epitélio colunar do colo uterino), 
geralmente de causa infeciosa (gonocócicas e ou não 
gonocócicas), entretanto outros agentes menos usuais, 
tais como bactérias aeróbicas e anaeróbicas, 
Trichomonas vaginalis, Mycoplasma hominis, 
Ureaplasma urealiticum, vírus do herpes simples 
(HSV), citomegalovírus (CMV) e adenovírus, aumentam 
as preocupações sobre tratamentos empíricos utilizados 
frequentemente para tratar mulheres com cervicite e 
seus parceiros sexuais. 
A maioria dos casos de cervicites é assintomática, 
sendo descobertos durante a investigação diagnóstica. A 
ausência de sintomas dificulta o seu diagnóstico e 
favorece as inúmeras complicações, como 
endometrite, doença inflamatória pélvica (DIP), 
desfechos adversos para gestantes e recém-nascidos, 
incluindo maior risco de vírus da imunodeficiência 
humana (HIV) e do câncer cervical. A etiologia 
multifatorial das cervicites e a elevada frequência de 
complicações severas justificam, por si, a realização de 
procedimentos investigativos e exames direcionados 
para o diagnóstico etiológico, em mulheres que 
procuram assistência médica por outros motivos. 
As uretrites são ISTs caracterizadas por inflamação da 
uretra acompanhada de corrimento, apresentando 
características epidemiológicas, clínicas, etiologia e 
fatores de risco semelhantes aos das cervicites. 
Os principais fatores de risco associados às uretrites 
são: idade jovem, baixo nível socioeconômico, múltiplas 
parcerias ou nova parceria sexual, histórico de IST e uso 
irregular de preservativos. 
Os principais microrganismos associados as uretrites 
são a N. gonorrhoeae e a C. trachomatis. Outros agentes, 
como T. vaginalis, U. urealyticum, enterobactérias (nas 
relações anais insertivas), M. genitalium, HSV e infecções 
não sexualmente transmissíveis como adenovírus e 
Candida spp. são menos frequentes. Na maioria das 
vezes, os patógenos podem ser transmitidos por relação 
sexual vaginal, anal e oral. O corrimento uretral pode ter 
aspecto que varia de mucoide a purulento, com volume 
variável, estando associado a dor uretral, prurido, 
eritema e disúria. 
ETIOLOGIA 
▪ CHLAMYDIA TRACHOMATIS (CT): 
É uma bactéria Gram-negativa, intracelular obrigatória e 
é considerada a mais comum IST causada por bactéria 
em todo o mundo, superando a infecção gonocócica e a 
sífilis. 
 A infecção é seguramente a mais frequente na 
população feminina (variando de 2% a 30%), com alto 
grau de morbidade e potencial de complicação (de 
trabalho de parto prematuro, endometrite puerperal, DIP 
aguda, esterilidade conjugal e dor pélvica crônica). 
Quase sempre é assintomática em 70%. 
Quando apresenta quadro clínico, podem ocorrer: colo 
edemaciado (volume aumentado), hiperemiado, com 
mucorreia (eventualmente purulenta), friável (sangra 
fácil ao toque); acentuação do ectrópio (mácula rubra), 
dor no ato sexual e à mobilização do colo uterino ao 
exame ginecológico. 
 
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▪ NEISSERIA GONORRHOEAE: 
Apresenta prevalência muito menor que a Chlamydia, 
porém atinge cerca de 1% a 2% da população feminina, 
A Neisseriagonorrhoeae (NG), agente etiológico da 
gonorreia de transmissão sexual, é uma bactéria 
diplococos Gram-negativa, não flagelada, não 
formadora de esporos, encapsulada, e anaeróbia 
facultativa. 
A gonorreia é uma DST, permanecendo como um 
problema de saúde pública em todo o mundo. A sua 
importância é significativa, pois pode acarretar sequelas, 
como infertilidade, gravidez ectópica, DIP, trabalho de 
parto prematuro ou prematuridade. 
Fatores de virulência da Neisseria gonorrhoeae: 
- PILI/fímbrias: é o primeiro mecanismo na base da 
patogenicidade; para haver infecção, tem de haver 
adesão. É responsável pela adesão às células e 
transferência de material genético e aquisição de 
resistências aos antimicrobianos; 
- OMP: proteínas de membrana externa; 
- OPA: proteína de adesão da bactéria a célula; 
- Por B - porina – forma poros para inserção do gonococo; 
- LOS (lipo-oligossacarídeos): desencadeia intensa 
resposta inflamatória, com liberação de fator de necrose 
tumoral alfa (TNFα), responsável pelo recrutamento de 
leucócitos, inflamação e aparecimento dos sintomas. 
Um grande mecanismo de patogenicidade dos Gram (-) é 
a produção de endotoxinas, que está presente na parede 
dos LOS, bloqueia anticorpos e vai mediar a maioria das 
manifestações clínicas; 
- IgA protease: destrói e elimina a IgA das mucosas. 
Etapas da patogênese da Neisseria gonorrhoeae: 
- Adesão: N. gonorrhoeae adere às células das mucosas, 
mediadas pelo Pili, OPA e outras proteínas de superfície; 
- Invasão: os microrganismos são pinocitados por 
células que os transportam da mucosa ao espaço 
subepitelial; 
- Endotoxina (LOS): prejudica a motilidade ciliar e 
contribui para a destruição das células ciliares; 
- LOS: dano celular e invasão da submucosa por 
neutrófilos, formação de abscessos e exsudação de 
material purulento; 
- Disseminação do gonococo: devido à incapacidade 
dos anticorpos e à falha do sistema. 
Quadro clínico: 
Em decorrência do processo inflamatório 
desencadeado, a cervicite por NG costuma ser quase 
sempre muito mais exuberante e sintomática. Os sinais 
inflamatórios mais importantes são: 
- Exsudato purulento ou mucopurulento endocervical 
visível no canal endocervical ou em uma amostra de 
swab endocervical (vulgarmente designado por 
“cervicite mucopurulenta” ou cervicite); 
- Sangramento endocervical facilmente induzido pela 
passagem suave de um cotonete ou escovinha através do 
orifício endocervical. Um ou ambos os sinais podem 
estar presentes. O colo fica edemaciado e aumenta seu 
volume, ficando com aspecto congesto. 
Outras queixas: 
- Corrimento e/ou sangramento vaginal irregular no 
período intermenstrual e sangramento pós-coito; 
- Fluxo vaginal anormal ou disúria; 
- Bartholinite; 
- Doença inflamatória pélvica; 
▪ MYCOPLASMA: 
Os micoplasmas e os ureaplasmas são bactérias cuja 
maioria das espécies é considerada apenas comensal 
para o ser humano. Entretanto, o Ureaplasma 
urealyticum e o Mycoplasma hominis são 
conceituados como micoplasmas genitais patogênicos 
e são considerados também germes oportunistas, por 
causarem infecção em populações suscetíveis, como 
em imunodeprimidos. Esses patógenos estão 
associados a infecções urogenitais em humanos e a 
infecções respiratórias ou sistêmicasem neonatos. 
Os micoplasmas podem ser encontrados em até 8% e 
41% em mulheres assintomáticas sexualmente ativas. 
Estão relacionados à atividade sexual e aos hormônios 
sexuais. 
Características clínicas e diagnosticas: Dispareunia, 
disúria, polaciúria, infecção urinária e genital; 
Corrimento vaginal incaracterístico. 
Exame clínico: Descarga uretral de material com 
características purulentas; Graus variados de cervicite. 
▪ TRICHOMONAS VAGINALIS: 
Trichomonas vaginalis (T. vaginalis), um protozoário que 
infecta a vagina, atinge cerca de 170 milhões de 
mulheres no mundo, sendo a tricomoníase considerada 
 
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a IST não viral mais frequente no sexo feminino. O 
Trichomonas tem sido associado à inflamação cervical e 
a maior risco de transmissão de HIV. O seu papel na 
etiologia das cervicites é altamente variável, refletindo a 
prevalência da infecção. 
A infecção quase sempre propicia intensas alterações 
inflamatórias em esfregaços de Papanicolaou. A forma 
trofozoítica de T. vaginalis pode ser observada em exame 
direto (solução fisiológica), em meios de cultura e/ou 
esfregaços de Papanicolaou. Seus tamanhos variam de 7 
a 11 μm de comprimento. A propriedade de aderir às 
células epiteliais é uma de suas características; ao entrar 
em contato com a célula humana, passa à forma 
ameboide ou pseudocística, em que os flagelos são 
adentrados ao corpo do parasito, forma considerada 
essencial para a iniciação e a manutenção da infecção na 
mucosa cervicovagina. 
DIAGNÓSTICO 
As cervicites são frequentemente assintomáticas, em 
torno de 70% a 80%. Nos casos sintomáticos, as 
principais queixas são corrimento vaginal, 
sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria. 
Ao exame físico, podem estar presentes dor à 
mobilização do colo uterino, material mucopurulento 
no orifício externo do colo e sangramento ao toque da 
espátula ou swab. Já a suspeita clínica ocorre pela 
identificação dos sinais e sintomas que possam 
caracterizar a cervicite. 
Quanto às uretrites, estas também podem ser 
assintomáticas ou acompanhadas de corrimento 
uretral com aspecto que varia de mucoide a purulento, 
com volume variável, estando associado a dor uretral 
(independentemente da micção), disúria, estrangúria 
(micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de 
meato uretral. 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
Na prática médica, os exames mais usados são: 
- Técnicas de biologia molecular: a PCR e a detecção 
de DNA e ampliação do sinal (captura híbrida) são 
testes mais sensíveis do que a cultura para o diagnóstico 
de cervicite e uretrite por CT/NG. Essas técnicas 
promovem a detecção de sequências específicas de 
nucleotídeos de CT; 
- Cultura (meio de McCoy): é considerado o teste de 
referência para a detecção de CT. Por outro lado, a 
sensibilidade da cultura pode ser prejudicada pela coleta 
e transporte inadequados, substâncias tóxicas em 
espécimes clínicos e supercrescimento de culturas 
celulares por comensais. Desvantagens adicionais 
incluem tempo estendido, mão de obra de obra 
qualificada e dificuldades na padronização. Por isso, a 
cultura celular raramente é utilizada hoje em dia como 
método diagnóstico de clamídia; 
- Bacterioscopia de secreção endocervical: swab 
endocervical disposto em esfregaço corado pelo Gram. 
Procurar diplococos Gram (-) no citoplasma de 
polimorfonucleares neutrófilos. A coloração das 
amostras pelo Gram, embora tenha sensibilidade na 
mulher de apenas 50%, pode ser realizada com muita 
facilidade em qualquer local que disponha de 
microscópio óptico; 
- Cultura em meio de Thayer-Matin: cultivar a secreção 
endocervical diretamente no meio ou usar meio de 
transporte apropriado (anaerobiose); 
- Imunofluorescência direta: o uso de anticorpos 
poli/monoclonais conjugados com substâncias 
fluorescentes, como a fluoresceína, identifica 
componentes da membrana externa da clamídia. É uma 
técnica que pode ser influenciada por problemas de 
coleta e fixação do material. Materiais com pouca 
quantidade de células epiteliais e presença de sangue 
propiciam resultados falsos-negativos; 
Métodos imunoenzimáticos: os testes EIA (enzyme 
immunoassay) e ELISA (enzyme-linked immunosorbent 
assay) permitem a pesquisa de CT em grande número de 
amostras. Têm menor sensibilidade que a cultura celular 
e os métodos de biologia molecular. Um teste ELISA 
conjugado com tecnologia automatizada oferece ótimos 
resultados. Porém, o elevado preço do equipamento, dos 
reagentes e componentes do conjunto inviabiliza o seu 
uso rotineiro; 
- Detecção de anticorpos: a pesquisa de anticorpos tem 
valor diagnóstico nas infecções complicadas, como 
linfogranuloma venéreo, tracoma, endometrite, 
salpingite, periepatite, síndrome de Reiter e pneumonia. 
Não é usada em diagnóstico de infecções superficiais 
como uretrite e cervicite. 
TRATAMENTO 
O tratamento deve estar voltado preferencialmente 
para o patógeno envolvido no processo, por isso deve-
se buscar sempre o diagnóstico etiológico por meio 
laboratorial. 
TRATAMENTO DAS INFECÇÕES POR CT 
Recomendação do Ministério da Saúde do Brasil (2016) 
 
Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
- Azitromicina 500 mg, dois comprimidos, via oral (VO), 
em dose única (DU); 
- Doxiciclina 100 mg, VO, duas vezes ao dia, por sete dias 
(exceto gestantes); 
- Amoxicilina 500 mg, VO, três vezes ao dia, por sete dias. 
Tratamento das gestantes (Brasil, 2016) 
- Azitromicina, 1g VO, em DU; 
- Eritromicina, 500 mg VO, de 6 em 6 horas, por sete dias, 
ou a cada 12 horas, por 14 dias; 
- Amoxicilina, 500 mg VO, de 8 em 8 horas, por sete dias 
(melhor tolerância gastrointestinal se comparada à 
eritromicina). 
Observações: 
- Amoxicilina não é efetiva na infecção crônica; 
- Tetraciclinas e doxiciclina são contraindicadas na 
gravidez; 
- Na gestação, deve-se colher teste de controle após três 
semanas do fim do tratamento, para confirmar êxito 
terapêutico. 
TRATAMENTO DAS INFECÇÕES POR NG 
Considerando-se a possibilidade da associação da N. 
gonorrhoeae e C. trachomatis e a dificuldade prática do 
diagnóstico, recomenda-se o tratamento de ambas: 
- Ciprofloxacino 500 mg, VO, DU, + azitromicina 500 mg, 
dois comprimidos, VO, DU; ou ceftriaxona 500 mg, 
intramuscular (IM), DU, + azitromicina 500 mg, dois 
comprimidos, VO, DU; 
- Ciprofloxacino é contraindicado em gestantes e 
menores de 18 anos, sendo a ceftriaxona o 
medicamento de escolha; 
- Ciprofloxacino está contraindicado nos estados do RJ, 
MG e SP, substituindo o tratamento pela ceftriaxona, 
devido à circulação de cepas de gonococos resistentes; 
- Na indisponibilidade de ceftriaxona, usar 
cefalosporina de terceira geração, como a cefotaxima 
1.000 mg IM, DU; 
- Considerando-se a possibilidade da associação da N. 
gonorrhoeae e C. trachomatis e a dificuldade prática do 
diagnóstico, recomenda-se o tratamento de ambas 
Tratamento das gestantes: 
- Estearato de eritromicina 500 mg, VO, de 6 em 6 horas, 
por 10 dias; 
- Ampicilina 3,5g, em DU, VO, precedido de probenecida, 
1g em DU; 
- Amoxicilina 3g, em DU, VO, precedido de probenecida, 
1g em DU. 
A frequente escassez de sintomas da infecção por 
Chlamydia justifica a importância da sua busca ativa, e a 
gravidade das sequelas exige tratamento precoce. A 
busca ativa da CT em grupos de risco (gestantes, 
adolescentes, pessoas com outras DSTs) é primordial 
para prevenir sequelas interromper a cadeia de 
transmissão. O tratamento deverá ser instituído o mais 
precocemente possível. 
TRATAMENTO DAS INFECÇÕES DAS INFECÇÕES POR 
MICOPLASMAS 
Tetraciclinas, macrolídeos e quinolonas 
Opções terapêuticas (usar apenas uma das opções): 
- Doxiciclina: 100 mg – duas vezes ao dia por sete dias; 
- Tetraciclina: 500 mg – quatro vezes ao dia por sete dias; 
- Eritromicina: 500 mg – quatro vezes ao dia por sete dias; 
- Levofloxacino ou ciprofloxacino: 500 mg por dia por 
sete dias; 
- Azitromicina: 1 g DU, ou 500 mg por dia por cinco dias. 
É importante aindaconsiderar a possibilidade da 
presença de outras infecções concomitantes, tais como 
Gonococo ou Trichomonas. Em mulheres com 
sintomatologia persistentes e com colo fibrosado, a 
ablação parcial pode ser considerada. É importante 
sempre estar atento, uma vez que a cervicite 
frequentemente é assintomática, não sendo 
diagnosticada e tratada de forma adequada, cursando 
com eventos adversos significativos, o que justifica a 
necessidade de busca ativa da infecção. 
A etiologia multifatorial das cervicites dificulta o 
diagnóstico etiológico e o tratamento específico da 
infecção. A multiplicidade de microrganismos envolvidos 
na etiologia das cervicites implica a necessidade de 
dispor de vários meios de diagnóstico das diferentes 
infecções envolvidas nesse processo, o que pode se 
tornar oneroso para o sistema de saúde. Entretanto, a 
escassez de métodos diagnósticos disponíveis tem 
causado o uso abusivo de antibióticos e o surgimento de 
mutações nas bactérias, tornando-as resistentes ao 
arsenal terapêutico disponível atualmente. 
 
Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 
RECOMENDAÇÕES FINAIS: RASTREAMENTO E 
PREVENÇÃO 
-Todos os parceiros dos pacientes devem ser tratados para 
NG/CT se o último contato foi antes do diagnóstico. 
- Pacientes com sintomas persistentes devem ser testados 
para suscetibilidade antimicrobiana do gonococo. 
- Pacientes de risco e viventes em área de alta prevalência 
deve ser submetidos à triagem de rotina. 
- Na gravidez – triagem de rotina para a NG/CT. 
- Homens que têm sexo com homens devem ser rastreados 
anualmente para a gonorreia na uretra, reto e faringe.

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