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Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 Educação e prevenção MÓDULO XVI – PROBLEMA 3 FLORA BACTERIANA NORMAL Estudos já demonstraram que o microbioma vaginal é, na grande maioria das vezes, dominado por uma ou duas espécies de Lactobacillus, sendo os mais frequentes Lactobacillus inner, Lactobacillus crispatus, Lactobacillus gasseri ou Lactobacillus jensenii. Entretanto, em algumas mulheres assintomáticas e saudáveis, o predomínio no meio vaginal não é dos Lactobacillus, mas sim de outras bactérias, incluindo espécies de Prevotella, Gardnerella, Atopobium e Megasphaera. A composição habitual da flora vaginal em mulheres inclui a presença de aeróbios Gram-positivos (Lactobacillus acidophilus, Staphylococcus epidermidis e, ocasionalmente, Streptococcus agalactiae) e Gram- negativos (Escherichia coli) , anaeróbios facultativos (Gardnerella vaginalis e Enterococcus), anaeróbios estritos ou obrigatórios (Prevotella spp., Bacteroides spp., Peptostreptococcus spp.,Ureaplasma urealyticu e Mycoplasma hominis) e fungos, com destaque para a Candida spp. → A Candida é um fungo Gram-positivo, dimorfo, saprófita do trato genital e gastrointestinal, que pode se multiplicar por esporulação, tornando-se patogênico emcondições específicas. - Lactobacilos sp. → bacilos gram positivos (coram roxo); ÁCIDO LÁTICO E PH VAGINAL Uma importante influência na composição microbiana da vagina é o pH, que é dependente do estado hormonal da mulher. O estrogênio promove a maturação e diferenciação do epitélio vaginal em células superficiais maduras ricas em depósito de glicogênio, que posteriormente é degradado em glicose e ácido lático, por ação dos Lactobacillus. Isso resulta em um pH vaginal igual ou menor a 4,5 na maioria das mulheres assintomáticas na idade reprodutiva, com ciclos menstruais normais. → Meninas pré-púberes e mulheres na pós- menopausa com hipoestrogenismo apresentam o pH vaginal entre 5,0 e 7,0. Na gravidez, os altos níveis de estrogênio placentário propiciam um aumento acentuado dos lactobacilos e do resíduo vaginal. → A diminuição na concentração de peróxido de hidrogênio favorece a aderência dos organismos patogênicos às células epiteliais vaginais, o aumento da população de Gardnerella vaginalis e a diminuição da concentração de oxigênio, resultando em aumento das bactérias anaeróbias. Os Lactobacillus possuem vantagem seletiva e constituem a espécie microbiana mais frequente sob essas condições fisiológicas ácidas. Estima-se que existam aproximadamente 108-109 Lactobacillus na vagina de mulheres saudáveis. Outros microrganismos, como Candida albicans e Streptococcus sp. aeróbio, também são tolerantes ao pH ácido. Em uma minoria de mulheres que não possuem Lactobacillus, outras bactérias (como Atopobium, Megasphaera, Leptotrichia) podem estar presentes e produzem ácido lático. Estudos mais recentes demonstraram que a produção de ácido lático vaginal não depende apenas da ação de microrganismos. A segunda fonte produtora de ácido lático são as células da mucosa vaginal de mulheres em idade reprodutiva, por meio de seu metabolismo, particularmente nas células da camada intermediária. O ácido lático é difundido para fora das células e Microbiota - Uretra: similar a da pele (Estafilococcos etc.) - Vaginal: se altera de acordo com idade e condições hormonais → Antes da primeira menstruação: microbiota diversa (inclusive lactobacillus), baixo nível de estrogênio, pH um pouco mais elevado; → Fase reprodutiva: estrogênio elevado, mucosa vaginal mais desenvolvida (maiores quantidade de glicogênio armazenado), liberação de peróxido de hidrogênio pelos lactobacillus que inibe o crescimento de outros microrganismos; → Menopausa: estrogênio cai, mulher tem microbiota semelhante à antes da menstruação; Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 acumulado no lúmen vaginal. Tal produção é estrogênio-dependente e explica, ao lado da diminuição da população de Lactobacillus, a elevação do pH em mulheres na pós-menopausa que não estejam recebendo terapia hormonal. A produção de ácido lático, peróxido de hidrogênio, bacteriocinas e outras substâncias microbicidas pelos Lactobacillus sp. inibe o crescimento de patógenos e outros microrganismos oportunistas. Estudos recentes têm sugerido que o ácido lático é componente ativo da defesa imune inata no trato genital, promovendo ativação de linfócitos auxiliares da linhagem TH17, que atua contra microrganismos extracelulares. Outro aspecto importante a ser considerado é a presença de biofilmes no trato genital. Biofilmes são agregados de bactérias formados por colônias de microrganismos que aderem entre si e recobrem uma superfície sólida ou recobrem as suas próprias colônias. Os biofilmes já foram identificados nas superfícies das células vaginais, têm sido mais estudados em mulheres com vaginose bacteriana (VB) e, provavelmente, se associam aos episódios de recorrências. Importante ressaltar que a flora vaginal sofre variações em sua composição na dependência de fatores endógenos ou exógenos. As diferentes fases do ciclo menstrual, gestação, uso de contraceptivos, frequência de intercurso sexual, uso de duchas ou produtos desodorantes, antibióticos ou outras medicações com propriedades imunossupressivas podem alterar as condições endovaginais, aumentando ou diminuindo as vantagens seletivas para microrganismos específicos. Diante desses conceitos, conclui-se que o meio vaginal é extremamente complexo. As interações entre o microbioma vaginal, os mecanismos de defesa locais e os agentes potencialmente patogênicos podem resultar nos estados de saúde vaginal ou em processos infecciosos e/ou inflamatórios, que tantos problemas causam às pacientes. O correto diagnóstico de tais situações é importante para que a flora vaginal saudável seja mantida e não danificada por tratamentos desnecessários e para que os processos de alteração dela e consequentes afecções patológicas sejam adequadamente diagnosticadas e tratadas. MECANISMOS DE DEFESA DA REGIÃO GENITAL A manutenção da homeostase da mucosa no trato genital feminino é fundamental para impedir a proliferação de micro-organismos patogênicos. A mucosa vaginal é a primeira barreira para a entrada de patógenos. A lâmina basal da vagina é rica em macrófagos, linfócitos, células de Langerhans (derivadas da medula óssea e que atuam como apresentadoras de antígenos para os linfócitos CD4), plasmócitos, eosinófilos e mastócitos. O muco cervical forma uma trama que dificulta a passagem de patógenos para o trato genital superior, além de possuir substâncias bactericidas, como lisosinas, lactoferrinas, entre outras. Outro mecanismo de defesa da vagina é sua microbiota vaginal, com lactobacilos que produzem ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, biossurfactantes e bacteriocinas, além de competir com os patógenos por nutrientes e receptores, e inibir seu crescimento e adesão. O pH ácido e o peróxido de hidrogênio (H2O2), que também é produzido pelos lactobacilos, conferem a proteção natural da vagina, inibindo o crescimento de outros micro-organismos como os anaeróbios. Além de todos estes fatores, há, também, a participação de linfócitos T CD4 e CD8 e imunoglobulinas IgA, IgM e IgG. SECREÇÃO VAGINAL A secreção vaginal fisiológica é formada por secreções endocervicais mucóides em combinação com células epiteliais descamadas, flora vaginal normal e transudato vaginal. O aspecto da secreção vaginal varia conforme a fase do ciclo menstrual e do período reprodutivo em que a mulher se encontra, existindo uma relação com a presença de glicogênio, a concentração de estrogênio e a utilização de hormônios. Idade reprodutiva → ação do estrogênio, corrimento vaginal com 1-3 ml de líquido (24 horas), branco ou transparente, espesso ou fino e principalmente inodoro. O pH é normalmente entre 4,0 – 4,5; Pré-menarca → antes daprodução de estrogênio ovariano, o corrimento varia de ausente a escasso. Se presente o líquido pode ser claro, branco ou mucóide. O ph vaginal é alcalinho (7 em média); Pós-menopausa → o estado hipoestrogênico da menopausa leva a uma redução do corrimento vaginal e aumento do pH vaginal (normalmente >4,5), nas mulheres que não realizam TRH; Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 A avaliação da queixa de secreção vaginal inclui anamnese, exame físico e microscopia a fresco. Deve-se considerar que apenas a descrição dos sintomas por parte das pacientes pode ser insuficiente para o diagnóstico correto e levar a tratamentos inadequados. A secreção vaginal anormal pode ser agrupada em três grandes categorias: mucorreia, vulvovaginites e cervicites, sendo a vaginose bacteriana a causa mais frequente de secreção vaginal anormal aumentada. MUCORREIA Mucorreia é o aumento da secreção vaginal fisiológica, sem odor, prurido ou outro sintoma infeccioso. O exame especular mostra ausência de inflamação vaginal e áreas de epitélio endocervical secretando muco claro e límpido. O exame microscópico a fresco da secreção vaginal revela células sem alterações inflamatórias, número normal de leucócitos e lactobacilos em abundância, com pH vaginal normal, na faixa de 3,8. As duas principais causas são ectopia e gestação. Deve-se orientar a paciente sobre sua normalidade, esclarecendo que os tratamentos recomendados em geral produzem pouco ou nenhum alívio para o sintoma referido. VULVOVAGINITES VAGINOSE BACTERIANA DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA Vaginose bacteriana é o desequilíbrio da flora vaginal caracterizado pela substituição da flora microbiana saudável (dominada por Lactobacillus) por microbiota variável, composta por mistura de bactérias anaeróbias e facultativas. Embora existam variações individuais entre mulheres portadoras de VB, as espécies microbianas mais frequentemente identificadas são Gardnerella, Atopobium, Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia, Bifidobacterium, Dialister, Clostridium e Mycoplasmas. EPIDEMIOLOGIA - A VB tem sido referida como a mais frequente afecção do trato genital inferior feminino, estando relacionada à ampla variedade de distúrbios do trato reprodutivo, tem prevalência três vezes mais elevada em mulheres inférteis do que em férteis e é associada a duas vezes o risco de aborto após fertilização in vitro. - É relatada associação de VB com infecção pelo HPV e lesões intraepiteliais cervicais, aumento nas taxas de infecções pós-cirurgias ginecológicas e aumento em até seis vezes na taxa de aquisição do HIV. - Pode facilitar a transmissão/aquisição de outros agentes de transmissão sexual como C. trachomatis e N. gonorrhoeae. - Estudos demonstram associação dela com salpingite e infertilidade de causa tubária. - Quando presente, particularmente no início da gestação, tem sido associada a aumento no risco de parto prematuro, aborto espontâneo, baixo peso ao nascer, aumento na morbidade neonatal e altas taxas de endometrite pós-parto. - Vaginose bacteriana é uma afecção extremamente prevalente. Estimativas mundiais de prevalência variam de 10% a 30% → No Brasil, dependendo da população estudada, a afecção é responsável por até 40% dos casos de queixas vaginais; FATORES DE RISCO - São variados: incluindo raça negra, uso de duchas vaginais, tabagismo, menstruação, estresse crônico e comportamentos sexuais, como elevado número de parceiros masculinos, sexo vaginal desprotegido, sexo anal receptivo antes do sexo vaginal e sexo com parceiro não circuncisado. - Mulheres que fazem sexo com mulheres têm alta prevalência de VB (25% a 52%), de acordo com diferentes estudos. QUADRO CLÍNICO O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de intensidade variável, acompanhado de odor vaginal fétido (caracterizado frequentemente como “odor de peixe” ou amoniacal). Por vezes, a paciente refere apenas o odor, estando o corrimento ausente. O odor fétido piora com o intercurso sexual desprotegido e durante a menstruação, devido à volatização de aminas aromáticas (putrescina, cadaverina, dimetilamina) resultantes do metabolismo das bactérias anaeróbias pela alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual. Ao exame ginecológico, o conteúdo vaginal apresenta- se homogêneo, em quantidade variável (geralmente Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 escassa, mas pode ser moderada ou abundante) e com coloração geralmente esbranquiçada, branco- acinzentada ou amarelada. A VB isolada não é causa de disúria ou dispareunia, pois não é acompanhada de processo inflamatório. Entretanto, quando se apresenta associada a outras afecções vaginais como candidíase, os sintomas podem ser mais variados, por exemplo, queixa de prurido. DIAGNÓSTICO Para o diagnóstico, foram propostos alguns critérios, incluindo achados clínicos e laboratoriais ou apenas dados microbiológicos. Os critérios mais conhecidos e divulgados são os de Amsel e os de Nugent. → Critérios de Amsel: requerem três dos quatro itens a seguir: - Corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo aderente às paredes vaginais; - Medida do pH vaginal maior do que 4,5; - Teste das aminas (whiff test) positivo, ou seja, desprendimento de odor fétido após a adição de KOH 10% a uma gota de conteúdo vaginal; - Presença de “células-chave” (“clue cells”), que são células epiteliais recobertas por cocobacilos Gram variáveis na bacterioscopia; → Escore de Nugent: baseia-se em elementos avaliados na bacterioscopia com coloração pelo método de Gram, particularmente os morfotipos de Lactobacillus, de Gardnerella vaginalis e de Mobiluncus sp. O resultado da avaliação é traduzido em escores, assim considerados: - Escore de 0 a 3 – padrão normal; - Escore de 4 a 6 – flora vaginal intermediária; - Escore de 7 a 10 – vaginose bacteriana; TRATAMENTO Visa eliminar os sintomas e reestabelecer o equilíbrio da flora vaginal fisiológica, principalmente pela redução dos anaeróbios. O tratamento pode ser realizado com os esquemas a seguir: Efeitos colaterais imidazólicos: náuseas, vômitos, cefaleia, insônia, tontura, boca seca e gosto metálico. → Recomendar abstinência de álcool durante 24 horas após o tratamento com nitroimidazólicos (efeito dissulfiram) e abstenção de atividade sexual ou o uso de preservativos correta e consistentemente durante o tratamento. → Lembrar que a clindamicina tem base oleosa e pode enfraquecer preservativos e diafragmas até cinco dias após o uso. São válidas as considerações anteriores sobre abstinência de álcool, aumentando-se o período de abstinência para 72 horas após o uso de tinidazol. O tratamento de mulheres assintomáticas, embora ainda seja motivo de debate, não é recomendado pelo CDC. Até o momento, não existem recomendações para o tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is) para melhorar o índice de cura ou prevenção das recorrências da VB (porém investigar microrganismos associados a VB que precisam de tratamento); Recidivas ocorrem em mais de 30% dos casos, aproximadamente três meses após o término do tratamento. Esquemas recomendados Metronidazol 500 mg por VO 2x ao dia por 7 dias. Ou Metronidazol gel 0,75% - 5g (1 aplicador) intravaginal ao deitar durante 5 dias. Ou Clindamicina creme 2% - 5g (1 aplicador) intravaginal ao deitar durante 7 dias. Esquemas alternativos Tinidazol 2g por VO 2x ao dia durante 2 dias Ou Tinidazol 1g VO 1x ao dia durante 5 dias Ou Clindamicina 300mg VO a cada 12 h durante 7 dias Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 →Representam condições clínicas de difícil manejo clínico. Uma possibilidade é a utilização de outro regime terapêutico; outra alternativa é o uso do mesmo regime assim que o episódio recorrente se instale. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL DEFINIÇÃO, ETIOLOGIA E PATOGENIA O gênero Candida é constituídopor aproximadamente duzentas espécies de leveduras saprófitas, que habitam os mais diferentes tecidos e secreções do corpo humano. Entretanto, por fatores ainda pouco conhecidos, as leveduras podem passar de saprófitas para patogênicas. - No trato genital feminino, a Candida sp. pode ser encontrada em aproximadamente 20% das mulheres saudáveis assintomáticas. - Estima-se que 75% das mulheres em idade reprodutiva apresentarão pelo menos um episódio de vulvovaginite por Candida sp. durante suas vidas - 50% apresentarão dois ou mais episódios e 5% terão episódios recorrentes, ou seja, quatro ou mais episódios por ano, confirmados clínica e laboratorialmente. A candidíase vulvovaginal é extremamente importante pelos sintomas, que podem ser muito desagradáveis, por facilitar a aquisição/transmissão de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), inclusive o HIV, por comprometer a sexualidade e outros aspectos da vida da mulher, afetando negativamente a qualidade de vida. → Candida albicans é a espécie mais prevalente, responsável por 85% a 95% dos casos; → Candida glabrata e Candida tropicalis estão associadas a 5% a 10% dos casos; → Outras espécies como Candida krusei, Candida parapsilosis e Candida guilliermondii são raramente identificadas. Isso ocorre porque apenas a espécie albicans apresenta a capacidade de dimorfismo, ou seja, de alterar sua forma habitual para a forma de micélio, mais invasiva. Os mecanismos que impedem ou que favorecem a passagem da Candida albicans do estado de comensal para o estado patogênico ainda não são totalmente conhecidos, mas estão particularmente relacionados à atuação do sistema imune do hospedeiro. A colonização vaginal por fungos parece ser hormôniodependente, já que é rara na infância e pós- menopausa e frequente na idade reprodutiva ou em mulheres em uso de terapia hormonal. Condições que alterem a concentração hormonal como gravidez e uso de contraceptivos de alta dosagem facilitam a proliferação dos fungos. A ingestão de antibióticos atua no mesmo sentido, provavelmente por alterar a flora protetora lactobaciliar. Quando o sistema imune não consegue inibir a proliferação dos fungos, ocorre a passagem do estado saprófita para o patogênico, com consequente aparecimento de sinais e sintomas. É importante lembrar que a concentração de fungos associada aos sintomas é diferente para cada mulher, já que existem diferenças individuais de resposta imune. Um dos componentes do sistema imune é a proteína “lectina ligadora de manose”, presente nos fluidos corporais e na secreção vaginal, possuindo a capacidade de reconhecer e ligar-se ao polissacarídeo manose que está presente na superfície dos microrganismos (inclusive na Candida sp.). Tal ligação desencadeia a cascata do sistema complemento, levando à lise celular e à fagocitose. Ou seja, a lectina ligadora de manose representa importante componente imune no combate às infecções fúngicas. Entretanto, um polimorfismo no gene que determina a secreção dela resulta em menor secreção e consequente diminuição nas concentrações dessa proteína → Mulheres que possuem tal polimorfismo apresentam com maior frequência episódios de candidíase vulvovaginal recorrente. QUADRO CLÍNICO Múltiplas recorrências Metronidazol VO 500mg 2x ao dia por 10-14 dias Ou Metronidazol gel intravaginal 2x por semana durante 4-6 meses. OBS: após o término do tratamento podem surgir novos episódios recorrentes. Relato de melhora com: Tinidazol 2g VO em DU seguida de aplicação de óvulos vaginais com ácido bórico e terapia supressiva com metronidazol gel. Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 O quadro clínico da vulvovaginite fúngica caracteriza- se por prurido, de intensidade variável, acompanhado por corrimento geralmente esbranquiçado (fluido ou com aspecto de “leite talhado”); dependendo da intensidade do processo inflamatório, pode haver queixa de desconforto, dor, disúria e dispareunia. Ao exame ginecológico, é frequente observar hiperemia vulvar, edema e fissuras. O exame especular mostra hiperemia da mucosa vaginal e conteúdo vaginal esbranquiçado, em quantidade escassa, moderada ou abundante, de aspecto espesso ou flocular, aderido ou não às paredes vaginais. O pH vaginal encontra-se geralmente abaixo de 4,5. O teste das aminas (whiff test) é negativo na candidíase. → Classificação de Sobel: classifica a candidíase vulvovaginal em complicada e não complicada. - É considerada “não complicada” a candidíase que se apresenta em episódios esporádicos ou infrequentes, de intensidade leve ou moderada, cujo agente etiológico provavelmente é a Candida albicans e ocorre em mulheres não imunocomprometidas. - O termo “candidíase complicada” refere-se à candidíase recorrente ou severa ou por espécies não albicans ou em mulheres com diabetes, condições que comprometam o sistema imune (por exemplo, infecção por HIV), debilitadas ou recebendo imunossupressores. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico deve sempre ser confirmado pela presença de fungos, que pode ser realizada por meio de: - Exame a fresco: colocando-se em lâmina de vidro uma gota de conteúdo vaginal e uma gota de soro fisiológico ou hidróxido de potássio a 10% e observando ao microscópio a presença de hifas e/ou esporos; → Sensibilidade em torno de 50%-60, dependendo da experiencia do profissional. - Bacterioscopia com coloração pelo método de Gram e cultura em meios específicos: o que permite a identificação do fungo, sua espécie e eventual realização do antifungigrama, recomendável nos casos recorrentes. Nos casos esporádicos, a positividade do exame a fresco dispensa a continuidade na investigação. Entretanto, se tal exame for negativo e houver sintomas, está indicada a continuação do processo diagnóstico, com a bacterioscopia pelo Gram e cultura, particularmente nos casos recorrentes. TRATAMENTO Para o tratamento e prevenção de novos episódios, é importante a eliminação ou pelo menos o controle de fatores predisponentes como diabetes melitus descompensada, estados de imunossupressão, tabagismo, distúrbios alimentares com excesso de ingestão de hidratos de carbono, hábitos de higiene ou vestuário inadequados, estresse excessivo e outros fatores, se presentes. A terapêutica dever ser individualizada, optando-se por via local ou sistêmica, dependendo da preferência da paciente e da experiência do profissional. ▪ CANDIDÍASE NÃO COMPLICADA: Para tratamento da “candidíase não complicada”, podem ser utilizados antifúngicos por via vaginal, sob a forma de cremes, óvulos ou comprimidos. De maneira geral, o tratamento tópico não apresenta efeitos colaterais, exceto para mulheres alérgicas ao veículo (geralmente propilenoglicol). Candidíase não complicada – uso intravaginal - Fenticonazol em creme de concentração 0,02mg/g 1 aplicador vaginl ao deitar durante 7 dias ou óvulo com 600mg DU - Clotrimazol creme 10mg/g por 7 dias ou comprimido vaginal de 500mg DU - Miconazole creme 20mg/g por 14 dias - Econazol creme 10 mg/g por 14 dias - Butaconazol 20 mg/g em DU - Terconazol 8mg/g por 5 dias; - Tioconazol 20mg/g por 7 dias ou óvulo 300mg em DU; - Nistatina creme 25.000 UI/g por 14 dias; Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 Deve-se lembrar de que a base oleosa de cremes e óvulos pode enfraquecer preservativos. Efeitos colaterais: podem ocorrer náusea, dor abdominal e cefaleia. Raramente ocorre elevação das enzimas hepáticas. Para os episódios de candidíase “não complicada”, os tratamentos em dose única ou de curta duração (um a três dias) costumam ser eficazes. Recentemente, foram observados raros casos de resistência aos azólicos, particularmente nos casos recorrentes. O tratamento do parceiro sexual não é recomendado nos episódios simples. Nos raros casos em que ocorre balanite (inflamação da glande peniana com pruridoou irritação), pode haver benefício no uso de antifúngicos tópicos para alívio sintomático. ▪ CANDIDÍASE COMPLICADA: O tratamento da “candidíase complicada” requer a confirmação diagnóstica para a identificação de eventuais cepas não albicans (Candida glabrata e outras, de difícil identificação à microscopia, sendo necessária a cultura). Na candidíase recorrente (quatro ou mais episódios ao ano confirmados laboratorialmente), a maioria das mulheres não apresenta os clássicos fatores predisponentes, mas sim alterações específicas na imunidade local. Os episódios isolados de maneira geral respondem aos esquemas de tratamento anteriormente mencionados; entretanto, na tentativa de obter melhor remissão da população de fungos, alguns especialistas recomendam tratamento prolongado dos episódios agudos. Assim, podem ser utilizados agentes tópicos por período de 7 a 14 dias ou antifúngico por via oral (fluconazol 150 mg) em um total de três doses, com intervalos de três dias → Após a remissão dos episódios agudos, recomendam-se esquemas de supressão utilizando um comprimido de fluconazol (150 mg) uma vez por semana, durante seis meses. Outra alternativa são os tratamentos por via local, de maneira intermitente. Após o término do tratamento supressivo, aproximadamente 50% das mulheres permanecem livres dos episódios recorrentes. Para os casos em que a vulvovaginite por fungos se manifesta por sintomas severos como eritema extenso, edema, escoriações e fissuras, recomendam-se cursos prolongados de terapia, podendo ser utilizados medicamentos por via local no período de 7 a 14 dias ou fluconazol (150 mg) em duas doses com intervalo de 72 horas. Com relação ao tratamento das espécies não albicans, não existem recomendações terapêuticas comprovadamente eficazes. - Alguns autores recomendam o tratamento prolongado (7 a 14 dias) com outros medicamentos que não fluconazol; Mulheres portadoras de imunodeficiência e outras condições predisponentes geralmente apresentam pouca resposta a terapias de curta duração. Além da correção das condições predisponentes, recomenda- se a terapia com 7 a 14 dias de duração. Durante a gestação, apenas o uso de azólicos por via vaginal é recomendado. Os protocolos de tratamento para mulheres vivendo com HIV/aids são os previamente apresentados, dependendo da intensidade do quadro clínico. VAGINITE POR TRICHOMONAS VAGINALIS EPIDEMIOLOGIA Tricomoníase é a infecção sexualmente transmissível não viral mais comum no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, existem aproximadamente 170 milhões de casos reportados anualmente em pessoas entre 15 e 49 anos, a maioria (92%) em mulheres de países em desenvolvimento. Estudos no Brasil referem prevalência que varia de 2,6% a 20% no sexo feminino. Como nas demais infecções de transmissão sexual, a incidência depende de vários fatores como idade, atividade sexual, número de parceiros sexuais, sexo desprotegido, outras ISTs e condições socioeconômicas. Aproximadamente um terço das mulheres infectadas são assintomáticas e a infecção pode persistir por meses ou anos. Candidíase não complicada – terapia sistêmica - Fluconazol, comprimido de 150 mg em DU; - Cetoconazol, comprimidos de 200 mg, 2cp ao dia durante 5 dias consecutivos; - Itraconazol, cápsulas de 100mg uma pela manhã e outra a noite por 1 dia Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 Os homens, por geralmente apresentarem menos sintomas do que as mulheres, servem como vetores assintomáticos da infecção. ETIOLOGIA E PATOGÊNIA O parasita Trichomonas vaginalis possui quatro flagelos e uma membrana ondulante, responsável por sua grande mobilidade. A transmissão é predominantemente sexual, embora raramente possam ocorrer outras formas, pois o parasita pode sobreviver fora de seu habitat por algumas horas em condições de umidade. Ele deve adquirir nutrientes do meio externo para sua sobrevivência e consegue isso fagocitando fungos, vírus e bactérias como Micoplasmas, Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, transportando-os ao trato genital superior e facilitando, assim, o aparecimento de doença inflamatória pélvica. É importante cofator na transmissão e aquisição do HIV. A resposta imune celular à Trichomonas vaginalis pode ser agressiva, com inflamação da mucosa da vagina e exocérvice em mulheres e da uretra em homens. Ocorre intensa infiltração de leucócitos, incluindo os da linhagem TCD4, que são alvo do HIV. Ao penetrar na vagina, o parasita cobre-se com as proteínas do hospedeiro, o que permite a evasão dos mecanismos de defesa locais; além disso, possui a capacidade de sobreviver no meio vaginal ácido, hostil, durante longos períodos de tempo, permanecendo firmemente ligado às células da mucosa vaginal. → No homem, infecta a uretra inferior, podendo atingir a próstata, vesícula seminal e epidídimo. → Na mulher, além da vagina e exocérvice, pode acometer a uretra, bexiga, glândulas de Skenne e Bartholin e endocérvix. Após a infecção, o parasita raramente é eliminado, podendo permanecer indefinidamente no trato genital. O impacto da infecção durante a gravidez não está totalmente determinado, mas estudos têm demonstrado correlação com prematuridade. A infecção do trato genital feminino pelo protozoário não induz imunidade duradoura, sendo comuns as infecções recorrentes. QUADRO CLÍNICO Os sintomas classicamente descritos na infecção são corrimento geralmente profuso, amarelado ou amarelo- esverdeado, frequentemente acompanhado de ardor genital, sensação de queimação, disúria e dispareunia. Os sintomas acentuam-se no período pós-menstrual devido à elevação do pH vaginal e à aquisição de ferro da hemoglobina pelo parasita, o que aumenta sua virulência. Ao exame ginecológico, geralmente se observam hiperemia dos genitais externos e presença de corrimento espesso, de aspecto purulento, exteriorizando-se pela fenda vulvar. Ao exame especular, verifica-se aumento do conteúdo vaginal, de coloração amarelada ou amarelo- esverdeada, por vezes acompanhado de pequenas bolhas. As paredes vaginais e a ectocérvice apresentam-se hiperemiadas, observando-se ocasionalmente o “colo uterino com aspecto de morango” (colpitis maculáreis), devido às pequenas sufusões hemorrágicas. A medida do pH vaginal revela valores acima de 4,5 e o teste das aminas (whiff test) pode ser positivo devido à presença de germes anaeróbios associados à VB. DIAGNÓSTICO O método mais utilizado para o diagnóstico, devido ao baixo custo e à praticidade, é a bacterioscopia a fresco, colocando-se em uma lâmina de vidro uma gota de conteúdo vaginal e uma gota de solução salina e observando-se ao microscópio; o parasita é identificado pela movimentação pendular (lembrar que o uso de solução salina gelada pode imobilizar o T. vaginalis; utilizá-la à temperatura ambiente ou levemente aquecida). → sensibilidade de 50-60% (não permite o diagnóstico de todas as mulheres com a infecção); A bacterioscopia com coloração pelo Gram também permite a identificação do parasita, nesse caso sem os movimentos, o que pode dificultar o reconhecimento. A cultura, realizada em meio específico (Diamond) tem maior sensibilidade (75% a 96%) e especificidade de 100%, embora sejam necessários alguns dias para o resultado. → Recomenda-se a realização da cultura em presença de sintomas, mas negatividade do exame a fresco. Papanicolau não é teste diagnóstico em função da baixa sensibilidade → pode dar falso positivo (alguns autores indicam tratar se tiver no citopatológico e outros não – teria que confirmar por outro exame); Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 TRATAMENTO Regimes de tratamento apresentados pelo CDC: Restrições ao consumo de álcool devem ser observadas durante 24 horas após o uso de metronidazol e 72 horas após o uso de tinidazol. O tratamento com metronidazol gelpor via vaginal não é recomendado, porque o medicamento não atinge níveis terapêuticos na uretra e glândulas de Skene e Bartholin. Recomenda-se abstinência sexual durante o tratamento. Importante lembrar que o(s) parceiro(s) sexuais devem ser referenciados para tratamento, por tratar-se de infecção sexualmente transmissível → o tratamento do parceiro é feito com os mesmos regimes anteriormente expostos, preferencialmente em dose única. Sempre que possível, são aconselháveis testes para outras infecções de transmissão sexual. Devido à elevada taxa de reinfecção em mulheres, recomenda-se nova avaliação três meses após o término do tratamento → testes utilizando biologia molecular podem ser utilizados duas semanas após o tratamento. Episódios de recorrência ou persistência da infecção devem ser diferenciados de reinfecção por parceiro não tratado ou não aderente ao tratamento. Resistência a metronidazol (4-10%) e tinidazol (1%) → evitar os esquemas em DU, utilizando metronidazol 500mg VO a cada 12 horas durante 7 dias. Casos irresponsivos encaminhar para especialista. Existem preocupações sobre o risco adicional da tricomoníase em mulheres vivendo com HIV/aids → O tratamento reduz a excreção do vírus no fluido vaginal e o tratamento com metronidazol 500 mg por via oral durante sete dias mostrou-se mais eficaz do que o tratamento em dose única. VAGINOSE CITOLÍTICA Proliferação excessiva de Lactobacillus por causas desconhecida, onde vai ocorrer a danificação do epitélio vaginal, diminuição do PH e aparecimento de sintomas clínicos como corrimento geralmente abundante, prurido, sensação de queimação, desconforto e dispareunia. A vaginose citolítica, é causa de vulvovaginite cíclica em mulheres na idade reprodutiva, com prevalência variando de 1,8% a 7,1%. Provavelmente, fatores metabólicos tornam o meio vaginal propício à proliferação excessiva de Lactobacillus, os quais, isoladamente ou em conjunção com outros microrganismos, danificam as células da camada intermediária vaginal e induzem a citólise. Os produtos celulares liberados, associados à acidez vaginal excessiva, resultam nos sintomas. A exacerbação dos sintomas ocorre na fase lútea do ciclo e particularmente no período pré-menstrual. É uma doença confundida com a cândida pela semelhança dos sintomas e pela acentuação no período pré-menstrual. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito pelos sintomas (corrimento esbranquiçado e abundante), prurido, ardor, queimação, disúria, dispareunia com maior intensidade no período pré-menstrual. No exame clínico, observa-se o conteúdo vaginal geralmente aumentado, de aspecto flocular, fluido ou em grumos, aderente ou não às paredes vaginais. Sinais inflamatórios podem estar presentes devido à irritação da mucosa causada pelos detritos celulares e acidez excessiva. A medida do pH revela-se geralmente menor ou igual a 4. Nesse tipo de doença, não é necessário realizar o teste das aminas (whiff test), pois ele é útil apenas para o diagnóstico da VB e da tricomoníase. A bacterioscopia do conteúdo vaginal (Gram) revela aumento excessivo na população lactobaciliar (maior que 1.000 por campo de imersão), presença de raros leucócitos ou ausência deles e presença de núcleos celulares desnudos e de restos celulares devida à lise das células epiteliais. Não são encontrados elementos fúngicos (hifas e/ou esporos). Sempre que possível, recomenda-se realizar também a cultura para fungos, Regime recomendado Metronidazol 2g VO em DU Ou Tinidazol 2g VO em DU Regime alternativo Metronidazol 500mg VO a cada 12h durante 7 dias. Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 que, quando negativa e diante dos achados da bacterioscopia confirmará o diagnóstico. TRATAMENTO Não existe um tratamento específico para a afecção, já que a etiopatogenia não é conhecida. Recomenda-se a utilização de medidas que, pelo menos temporariamente, alcalizem o meio vaginal, como o uso de duchas vaginais com bicarbonato de sódio, particularmente no período pré-menstrual. Algumas mulheres apresentam boa resposta após a utilização de tais duchas por alguns ciclos, enquanto outras tornam a apresentar episódios recidivantes. VAGINITE INFLAMATÓRIA DESCAMATIVA É uma doença pouco frequente, mas severa, de vaginite purulenta crônica, que ocorre particularmente em mulheres na perimenopausa e pós-menopausa, embora possa apresentar-se em qualquer idade e no puerpério. Ocorre intensa inflamação vaginal com eritema e corrimento vaginal purulento, causando importante desconforto e dispareunia. A etiologia é desconhecida; em alguns casos têm sido identificados Streptococcus do grupo B e Escherichia coli. Existe a hipótese de que um fator genético permita que o sistema imune reaja a componentes da mucosa vaginal, desencadeando, assim, o processo inflamatório; o fator que inicia tal reação não é conhecido; talvez a deficiência de estrogênio possa estar relacionada ao processo. A queixa pode ser de corrimento profuso ou em moderada quantidade, acompanhado de desconforto e dispareunia. Os sintomas são inespecíficos e de longa duração, confundíveis com os da tricomoníase aguda, ocorrendo em aproximadamente 90% dos casos – raramente assintomática; O exame ginecológico revela processo inflamatório, de intensidade variável, com eritema, podendo haver petéquias ou mesmo equimoses na mucosa do trato genital; a cérvix pode estar envolvida (colpitis macularis). Por vezes, é necessário remover o conteúdo vaginal para melhor observar o processo inflamatório na mucosa. O meio vaginal apresenta aumento acentuado de células inflamatórias, predominantemente de leucócitos, estando em número mais elevado do que as células epiteliais. À microscopia, observa-se aumento nos polimorfonucleares e nas células parabasais. Ocorre perda da flora de Lactobacillus e presença de outras bactérias. O pH vaginal encontra-se elevado, acima de 4,5. TRATAMENTO O tratamento tem como objetivo reduzir a população bacteriana e o processo inflamatório São estudos que indicam o uso – teste em pessoas e foram efetivos: - Clindamicina creme vaginal 2%, 5g (um aplicador) durante 14 dias, ou Hidrocortisona 10% intravaginal durante duas a quatro semanas ou ainda creme combinando clindamicina e hidrocortisona. De maneira geral, as pessoas foram responsivas ao tratamento, mas cerca de 30% tiveram recidiva em 6 meses depois do término do tratamento. Alguns autores recomendam o uso de estrogênio via vaginal para diminuir essas recidivas, porque favoreceria o aumento dos lactobacillus e diminuiria a proliferação de bactérias. VAGINITE AERÓBIA O termo vaginite aeróbia refere-se a um estado de alteração do meio vaginal caracterizado por microflora contendo bactérias aeróbias entéricas, níveis variáveis de inflamação e maturação epitelial deficiente. Tal termo foi criado em 2002 para caracterizar uma condição de alguma forma semelhante à VB pela redução ou falta de Lactobacillus, presença de corrimento profuso e elevação do pH vaginal, mas também com marcantes diferenças como presença de inflamação (que está ausente na VB), presença de leucócitos, células epiteliais imaturas e ausência de aspecto microgranular na microflora à microscopia (contrariamente ao que ocorre na VB) As bactérias que predominam no meio vaginal na vaginite aeróbia parecem ser Streptococcus sp., Staphylococcus aureus e Escherichia coli; tais microrganismos passariam da condição de simples comensais para agressores; entretanto, não se sabe os fatores desencadeantes. Clinicamente, as pacientes queixam-se de corrimento vaginal por vezes de aspecto purulento com odor desagradável; entretanto, a utilização de hidróxido de potássio em contato com a secreção vaginal (teste das aminas ou whiff test) é negativo, ou seja, não há o desprendimento de “odor de peixe” ou amoniacal, como Caroline de F. Rosso – MedicinaUNESC 212 ocorre na VB. Os sinais de inflamação são de intensidade variável, assim como irritação vulvar e dispareunia. Ao exame ginecológico, visualiza-se inflamação do vestíbulo e da mucosa vaginal, em graus variados. O quadro clínico severo de vaginite aeróbia assemelha-se ao da vaginite inflamatória descamativa; para alguns autores, ambas seriam a mesma entidade; além disso, ambas são condições crônicas. À microscopia do conteúdo vaginal são avaliadas a flora microbiana e a presença de leucócitos (denominados de leucócitos “tóxicos”, por serem ativados a apresentarem granulações específicas). De acordo com a quantidade de cada elemento é classificada em quatro graus, denominados de “graus lactobacilares”. O grau lactobacilar IV corresponde à forma mais intensa da afecção (que para alguns autores seria a própria vaginite inflamatória descamativa). CERVICITES E URETRITES O colo do útero é revestido por dois tipos de epitélios: escamoso e colunar, respectivamente, na ectocérvice e na endocérvice. A ectopia é um processo fisiológico frequente na fase reprodutiva da mulher, caraterizado pela presença de epitélio glandular na ectocérvice, expondo o frágil epitélio colunar ao meio vaginal, o que favorece o acesso aos vasos sanguíneos e linfáticos, diminuindo as barreiras contra infecções e favorecendo a aquisição de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Além disso, a presença de ectopia também pode ser um importante fator secundário na transmissão de infecções genitais. A cervicite ou endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical (epitélio colunar do colo uterino), geralmente de causa infeciosa (gonocócicas e ou não gonocócicas), entretanto outros agentes menos usuais, tais como bactérias aeróbicas e anaeróbicas, Trichomonas vaginalis, Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealiticum, vírus do herpes simples (HSV), citomegalovírus (CMV) e adenovírus, aumentam as preocupações sobre tratamentos empíricos utilizados frequentemente para tratar mulheres com cervicite e seus parceiros sexuais. A maioria dos casos de cervicites é assintomática, sendo descobertos durante a investigação diagnóstica. A ausência de sintomas dificulta o seu diagnóstico e favorece as inúmeras complicações, como endometrite, doença inflamatória pélvica (DIP), desfechos adversos para gestantes e recém-nascidos, incluindo maior risco de vírus da imunodeficiência humana (HIV) e do câncer cervical. A etiologia multifatorial das cervicites e a elevada frequência de complicações severas justificam, por si, a realização de procedimentos investigativos e exames direcionados para o diagnóstico etiológico, em mulheres que procuram assistência médica por outros motivos. As uretrites são ISTs caracterizadas por inflamação da uretra acompanhada de corrimento, apresentando características epidemiológicas, clínicas, etiologia e fatores de risco semelhantes aos das cervicites. Os principais fatores de risco associados às uretrites são: idade jovem, baixo nível socioeconômico, múltiplas parcerias ou nova parceria sexual, histórico de IST e uso irregular de preservativos. Os principais microrganismos associados as uretrites são a N. gonorrhoeae e a C. trachomatis. Outros agentes, como T. vaginalis, U. urealyticum, enterobactérias (nas relações anais insertivas), M. genitalium, HSV e infecções não sexualmente transmissíveis como adenovírus e Candida spp. são menos frequentes. Na maioria das vezes, os patógenos podem ser transmitidos por relação sexual vaginal, anal e oral. O corrimento uretral pode ter aspecto que varia de mucoide a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral, prurido, eritema e disúria. ETIOLOGIA ▪ CHLAMYDIA TRACHOMATIS (CT): É uma bactéria Gram-negativa, intracelular obrigatória e é considerada a mais comum IST causada por bactéria em todo o mundo, superando a infecção gonocócica e a sífilis. A infecção é seguramente a mais frequente na população feminina (variando de 2% a 30%), com alto grau de morbidade e potencial de complicação (de trabalho de parto prematuro, endometrite puerperal, DIP aguda, esterilidade conjugal e dor pélvica crônica). Quase sempre é assintomática em 70%. Quando apresenta quadro clínico, podem ocorrer: colo edemaciado (volume aumentado), hiperemiado, com mucorreia (eventualmente purulenta), friável (sangra fácil ao toque); acentuação do ectrópio (mácula rubra), dor no ato sexual e à mobilização do colo uterino ao exame ginecológico. Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 ▪ NEISSERIA GONORRHOEAE: Apresenta prevalência muito menor que a Chlamydia, porém atinge cerca de 1% a 2% da população feminina, A Neisseriagonorrhoeae (NG), agente etiológico da gonorreia de transmissão sexual, é uma bactéria diplococos Gram-negativa, não flagelada, não formadora de esporos, encapsulada, e anaeróbia facultativa. A gonorreia é uma DST, permanecendo como um problema de saúde pública em todo o mundo. A sua importância é significativa, pois pode acarretar sequelas, como infertilidade, gravidez ectópica, DIP, trabalho de parto prematuro ou prematuridade. Fatores de virulência da Neisseria gonorrhoeae: - PILI/fímbrias: é o primeiro mecanismo na base da patogenicidade; para haver infecção, tem de haver adesão. É responsável pela adesão às células e transferência de material genético e aquisição de resistências aos antimicrobianos; - OMP: proteínas de membrana externa; - OPA: proteína de adesão da bactéria a célula; - Por B - porina – forma poros para inserção do gonococo; - LOS (lipo-oligossacarídeos): desencadeia intensa resposta inflamatória, com liberação de fator de necrose tumoral alfa (TNFα), responsável pelo recrutamento de leucócitos, inflamação e aparecimento dos sintomas. Um grande mecanismo de patogenicidade dos Gram (-) é a produção de endotoxinas, que está presente na parede dos LOS, bloqueia anticorpos e vai mediar a maioria das manifestações clínicas; - IgA protease: destrói e elimina a IgA das mucosas. Etapas da patogênese da Neisseria gonorrhoeae: - Adesão: N. gonorrhoeae adere às células das mucosas, mediadas pelo Pili, OPA e outras proteínas de superfície; - Invasão: os microrganismos são pinocitados por células que os transportam da mucosa ao espaço subepitelial; - Endotoxina (LOS): prejudica a motilidade ciliar e contribui para a destruição das células ciliares; - LOS: dano celular e invasão da submucosa por neutrófilos, formação de abscessos e exsudação de material purulento; - Disseminação do gonococo: devido à incapacidade dos anticorpos e à falha do sistema. Quadro clínico: Em decorrência do processo inflamatório desencadeado, a cervicite por NG costuma ser quase sempre muito mais exuberante e sintomática. Os sinais inflamatórios mais importantes são: - Exsudato purulento ou mucopurulento endocervical visível no canal endocervical ou em uma amostra de swab endocervical (vulgarmente designado por “cervicite mucopurulenta” ou cervicite); - Sangramento endocervical facilmente induzido pela passagem suave de um cotonete ou escovinha através do orifício endocervical. Um ou ambos os sinais podem estar presentes. O colo fica edemaciado e aumenta seu volume, ficando com aspecto congesto. Outras queixas: - Corrimento e/ou sangramento vaginal irregular no período intermenstrual e sangramento pós-coito; - Fluxo vaginal anormal ou disúria; - Bartholinite; - Doença inflamatória pélvica; ▪ MYCOPLASMA: Os micoplasmas e os ureaplasmas são bactérias cuja maioria das espécies é considerada apenas comensal para o ser humano. Entretanto, o Ureaplasma urealyticum e o Mycoplasma hominis são conceituados como micoplasmas genitais patogênicos e são considerados também germes oportunistas, por causarem infecção em populações suscetíveis, como em imunodeprimidos. Esses patógenos estão associados a infecções urogenitais em humanos e a infecções respiratórias ou sistêmicasem neonatos. Os micoplasmas podem ser encontrados em até 8% e 41% em mulheres assintomáticas sexualmente ativas. Estão relacionados à atividade sexual e aos hormônios sexuais. Características clínicas e diagnosticas: Dispareunia, disúria, polaciúria, infecção urinária e genital; Corrimento vaginal incaracterístico. Exame clínico: Descarga uretral de material com características purulentas; Graus variados de cervicite. ▪ TRICHOMONAS VAGINALIS: Trichomonas vaginalis (T. vaginalis), um protozoário que infecta a vagina, atinge cerca de 170 milhões de mulheres no mundo, sendo a tricomoníase considerada Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 a IST não viral mais frequente no sexo feminino. O Trichomonas tem sido associado à inflamação cervical e a maior risco de transmissão de HIV. O seu papel na etiologia das cervicites é altamente variável, refletindo a prevalência da infecção. A infecção quase sempre propicia intensas alterações inflamatórias em esfregaços de Papanicolaou. A forma trofozoítica de T. vaginalis pode ser observada em exame direto (solução fisiológica), em meios de cultura e/ou esfregaços de Papanicolaou. Seus tamanhos variam de 7 a 11 μm de comprimento. A propriedade de aderir às células epiteliais é uma de suas características; ao entrar em contato com a célula humana, passa à forma ameboide ou pseudocística, em que os flagelos são adentrados ao corpo do parasito, forma considerada essencial para a iniciação e a manutenção da infecção na mucosa cervicovagina. DIAGNÓSTICO As cervicites são frequentemente assintomáticas, em torno de 70% a 80%. Nos casos sintomáticos, as principais queixas são corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria. Ao exame físico, podem estar presentes dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo e sangramento ao toque da espátula ou swab. Já a suspeita clínica ocorre pela identificação dos sinais e sintomas que possam caracterizar a cervicite. Quanto às uretrites, estas também podem ser assintomáticas ou acompanhadas de corrimento uretral com aspecto que varia de mucoide a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral (independentemente da micção), disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Na prática médica, os exames mais usados são: - Técnicas de biologia molecular: a PCR e a detecção de DNA e ampliação do sinal (captura híbrida) são testes mais sensíveis do que a cultura para o diagnóstico de cervicite e uretrite por CT/NG. Essas técnicas promovem a detecção de sequências específicas de nucleotídeos de CT; - Cultura (meio de McCoy): é considerado o teste de referência para a detecção de CT. Por outro lado, a sensibilidade da cultura pode ser prejudicada pela coleta e transporte inadequados, substâncias tóxicas em espécimes clínicos e supercrescimento de culturas celulares por comensais. Desvantagens adicionais incluem tempo estendido, mão de obra de obra qualificada e dificuldades na padronização. Por isso, a cultura celular raramente é utilizada hoje em dia como método diagnóstico de clamídia; - Bacterioscopia de secreção endocervical: swab endocervical disposto em esfregaço corado pelo Gram. Procurar diplococos Gram (-) no citoplasma de polimorfonucleares neutrófilos. A coloração das amostras pelo Gram, embora tenha sensibilidade na mulher de apenas 50%, pode ser realizada com muita facilidade em qualquer local que disponha de microscópio óptico; - Cultura em meio de Thayer-Matin: cultivar a secreção endocervical diretamente no meio ou usar meio de transporte apropriado (anaerobiose); - Imunofluorescência direta: o uso de anticorpos poli/monoclonais conjugados com substâncias fluorescentes, como a fluoresceína, identifica componentes da membrana externa da clamídia. É uma técnica que pode ser influenciada por problemas de coleta e fixação do material. Materiais com pouca quantidade de células epiteliais e presença de sangue propiciam resultados falsos-negativos; Métodos imunoenzimáticos: os testes EIA (enzyme immunoassay) e ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) permitem a pesquisa de CT em grande número de amostras. Têm menor sensibilidade que a cultura celular e os métodos de biologia molecular. Um teste ELISA conjugado com tecnologia automatizada oferece ótimos resultados. Porém, o elevado preço do equipamento, dos reagentes e componentes do conjunto inviabiliza o seu uso rotineiro; - Detecção de anticorpos: a pesquisa de anticorpos tem valor diagnóstico nas infecções complicadas, como linfogranuloma venéreo, tracoma, endometrite, salpingite, periepatite, síndrome de Reiter e pneumonia. Não é usada em diagnóstico de infecções superficiais como uretrite e cervicite. TRATAMENTO O tratamento deve estar voltado preferencialmente para o patógeno envolvido no processo, por isso deve- se buscar sempre o diagnóstico etiológico por meio laboratorial. TRATAMENTO DAS INFECÇÕES POR CT Recomendação do Ministério da Saúde do Brasil (2016) Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 - Azitromicina 500 mg, dois comprimidos, via oral (VO), em dose única (DU); - Doxiciclina 100 mg, VO, duas vezes ao dia, por sete dias (exceto gestantes); - Amoxicilina 500 mg, VO, três vezes ao dia, por sete dias. Tratamento das gestantes (Brasil, 2016) - Azitromicina, 1g VO, em DU; - Eritromicina, 500 mg VO, de 6 em 6 horas, por sete dias, ou a cada 12 horas, por 14 dias; - Amoxicilina, 500 mg VO, de 8 em 8 horas, por sete dias (melhor tolerância gastrointestinal se comparada à eritromicina). Observações: - Amoxicilina não é efetiva na infecção crônica; - Tetraciclinas e doxiciclina são contraindicadas na gravidez; - Na gestação, deve-se colher teste de controle após três semanas do fim do tratamento, para confirmar êxito terapêutico. TRATAMENTO DAS INFECÇÕES POR NG Considerando-se a possibilidade da associação da N. gonorrhoeae e C. trachomatis e a dificuldade prática do diagnóstico, recomenda-se o tratamento de ambas: - Ciprofloxacino 500 mg, VO, DU, + azitromicina 500 mg, dois comprimidos, VO, DU; ou ceftriaxona 500 mg, intramuscular (IM), DU, + azitromicina 500 mg, dois comprimidos, VO, DU; - Ciprofloxacino é contraindicado em gestantes e menores de 18 anos, sendo a ceftriaxona o medicamento de escolha; - Ciprofloxacino está contraindicado nos estados do RJ, MG e SP, substituindo o tratamento pela ceftriaxona, devido à circulação de cepas de gonococos resistentes; - Na indisponibilidade de ceftriaxona, usar cefalosporina de terceira geração, como a cefotaxima 1.000 mg IM, DU; - Considerando-se a possibilidade da associação da N. gonorrhoeae e C. trachomatis e a dificuldade prática do diagnóstico, recomenda-se o tratamento de ambas Tratamento das gestantes: - Estearato de eritromicina 500 mg, VO, de 6 em 6 horas, por 10 dias; - Ampicilina 3,5g, em DU, VO, precedido de probenecida, 1g em DU; - Amoxicilina 3g, em DU, VO, precedido de probenecida, 1g em DU. A frequente escassez de sintomas da infecção por Chlamydia justifica a importância da sua busca ativa, e a gravidade das sequelas exige tratamento precoce. A busca ativa da CT em grupos de risco (gestantes, adolescentes, pessoas com outras DSTs) é primordial para prevenir sequelas interromper a cadeia de transmissão. O tratamento deverá ser instituído o mais precocemente possível. TRATAMENTO DAS INFECÇÕES DAS INFECÇÕES POR MICOPLASMAS Tetraciclinas, macrolídeos e quinolonas Opções terapêuticas (usar apenas uma das opções): - Doxiciclina: 100 mg – duas vezes ao dia por sete dias; - Tetraciclina: 500 mg – quatro vezes ao dia por sete dias; - Eritromicina: 500 mg – quatro vezes ao dia por sete dias; - Levofloxacino ou ciprofloxacino: 500 mg por dia por sete dias; - Azitromicina: 1 g DU, ou 500 mg por dia por cinco dias. É importante aindaconsiderar a possibilidade da presença de outras infecções concomitantes, tais como Gonococo ou Trichomonas. Em mulheres com sintomatologia persistentes e com colo fibrosado, a ablação parcial pode ser considerada. É importante sempre estar atento, uma vez que a cervicite frequentemente é assintomática, não sendo diagnosticada e tratada de forma adequada, cursando com eventos adversos significativos, o que justifica a necessidade de busca ativa da infecção. A etiologia multifatorial das cervicites dificulta o diagnóstico etiológico e o tratamento específico da infecção. A multiplicidade de microrganismos envolvidos na etiologia das cervicites implica a necessidade de dispor de vários meios de diagnóstico das diferentes infecções envolvidas nesse processo, o que pode se tornar oneroso para o sistema de saúde. Entretanto, a escassez de métodos diagnósticos disponíveis tem causado o uso abusivo de antibióticos e o surgimento de mutações nas bactérias, tornando-as resistentes ao arsenal terapêutico disponível atualmente. Caroline de F. Rosso – Medicina UNESC 212 RECOMENDAÇÕES FINAIS: RASTREAMENTO E PREVENÇÃO -Todos os parceiros dos pacientes devem ser tratados para NG/CT se o último contato foi antes do diagnóstico. - Pacientes com sintomas persistentes devem ser testados para suscetibilidade antimicrobiana do gonococo. - Pacientes de risco e viventes em área de alta prevalência deve ser submetidos à triagem de rotina. - Na gravidez – triagem de rotina para a NG/CT. - Homens que têm sexo com homens devem ser rastreados anualmente para a gonorreia na uretra, reto e faringe.