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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS “MOÓCA” Centro de Formação das Ciências Jurídicas e Sociais “Direito” AO DOUTO JUÍZO DA 25ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS/SP. Processo nº: 5555 LAVA JATO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº [inserir], com sede na [inserir endereço completo], por meio de seu advogado signatário, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar sua CONTESTAÇÃO à reclamação trabalhista movida por Silvio Moro, já qualificado nos autos, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 1. DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL Conforme expresso na Inicial, o reclamante foi admitido em 10/05/2017, e sua dispensa se deu em 15/11/2022, cumprindo seu aviso prévio até 15/12/2022. A Carta Magna Brasileira em seu artigo 7°, inciso XXIX, prevê a prescrição das relações de trabalho no prazo pra ingresso com a ação quanto, e na cobrança dos créditos devidos no período de 5 anos para trabalhadores urbanos e rurais, in verbis: Art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; Assim, desde o presente momento se requer, o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos anteriores a 20/03/2018 extinguindo o processo com resolução do mérito no concernente a esses pedidos. 2. DOS FATOS A sociedade empresária Lava Jato Ltda contesta a ação trabalhista movida por Silvio Moro, na qual o reclamante alega ter sido admitido em 10/05/2017 para exercer a função de assistente administrativo na cidade de Guarulhos/SP, tendo sido demitido em 15/12/2022. Inicialmente, a sociedade empresária Lava Jato Ltda esclarece que a demissão do reclamante ocorreu em razão de uma reestruturação empresarial que teve por objetivo ajustar a empresa ao atual cenário econômico, e não em razão da candidatura do reclamante ao cargo de dirigente sindical, como alegado na petição inicial. Quanto aos demais pedidos formulados pelo reclamante, a sociedade empresária Lava Jato Ltda apresenta a seguinte contestação; 3. DA REINTEGRAÇÃO AO EMPREGO O autor alega ter sido candidato a dirigente sindical em sua categoria e, por isso, teria direito à estabilidade prevista no art. 543, § 3o, da CLT, in verbis: Art. 543 da CLT - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais. § 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. Entretanto, não há qualquer registro de candidatura do autor a dirigente sindical em sua categoria, tampouco de comunicação à reclamada sobre tal candidatura. Ademais, a estabilidade prevista no art. 543, § 3o, da CLT, somente é assegurada ao empregado eleito para cargo de direção ou representação sindical, o que não é o caso do autor. É importante citar a Súmula 369 do TST, a qual estabelece que o direito à estabilidade provisória decorrente de acidente de trabalho, prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, e de gestante, prevista no artigo 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, só será assegurado ao empregado se a comunicação do fato ao empregador for realizada em até 30 dias após a cessação do afastamento decorrente do acidente ou do parto. SÚMULA 369 (TST) - DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. I - E assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho. (redação do item I alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. Vale citar também o art.543, § 5º, da CLT, trata da decisão de instâncias inferiores em processos de dissídio coletivo, que podem ser levados à análise do Tribunal Superior do Trabalho (TST). O dispositivo estabelece que, em caso de decisão que implique alteração de cláusulas de convenção ou acordo coletivo, o recurso deverá ser recebido apenas no efeito devolutivo, ou seja, a decisão da instância inferior deve ser cumprida enquanto aguarda-se a análise do recurso pelo TST. A intenção é evitar prejuízos imediatos às partes envolvidas e garantir a estabilidade das relações trabalhistas enquanto o processo é resolvido, in verbis: Art. 543 - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) § 5º - Para os fins deste artigo, a entidade sindical comunicará por escrito à empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, outrossim, a este, comprovante no mesmo sentido. O Ministério do Trabalho e Previdência Social fará no mesmo prazo a comunicação no caso da designação referida no final do § 4º. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) Com base na interpretação do artigo 543, § 5º, da CLT e da Súmula 369 do TST, caso o empregado tenha sido demitido sem justa causa e posteriormente constatado que a dispensa foi discriminatória, ele tem o direito de ser reintegrado ao emprego e receber os salários referentes ao período de afastamento. Porém, se não ficar comprovada a discriminação, não há direito à reintegração. Portanto, se os requisitos legais não foram preenchidos, não há direito à reintegração do autor da ação. 4. DAS HORAS EXTRAS No que se refere às horas extras, o trabalhador alegou que não recebia a respectiva remuneração, apesar de laborar das 5:00h às 15:00h, de segunda a sexta-feira, com intervalo de duas horas para refeição. Além disso, afirmou que o intervalo não era observado, motivo pelo qual pleiteou que o período seja remunerado como hora extra. A alegação reclamante não merece prosperar, uma vez que a jornada não excede o módulo constitucional previsto no art. 7º, XIII CF, bem como o art. 58 CLT, tendo em vista que o reclamante laborava por 8 horas diárias e 44 horas semanais, sendo assim, são indevidas as horas extras postuladas. Nesse sentido, a sociedade empresária Lava Jato Ltda. alega que o trabalhador sempre cumpriu uma jornada de trabalho regular, sem realizarhoras extras. Ademais, a empresa observava rigorosamente o intervalo para refeição e descanso, como previsto em lei. Para comprovar sua alegação, a sociedade empresária Lava Jato Ltda. poderá apresentar provas documentais, como registros de ponto e escalas de trabalho, além de depoimentos de testemunhas que possam atestar a regularidade da jornada de trabalho e do intervalo para refeição e descanso. Caso seja constatada a existência de horas extras não remuneradas, a sociedade empresária Lava Jato Ltda. se compromete a realizar o pagamento das referidas horas extras, observando-se os critérios legais para cálculo da remuneração. 5. DA REMUNERAÇÃO DO INTERVALO PARA REFEIÇÃO A sociedade empresária Lava Jato Ltda alega que o reclamante sempre usufruiu do intervalo para refeição de duas horas, conforme previsto na legislação trabalhista e em acordo coletivo da categoria. No que se refere ao pedido de remuneração do intervalo para refeição, a Lava Jato Ltda destaca que nunca houve qualquer determinação para que o reclamante trabalhasse durante o intervalo. O autor da ação sempre teve disponível o tempo destinado à alimentação e descanso, não havendo, portanto, motivo para que o intervalo seja remunerado como hora extra. Contudo, a Lava Jato Ltda reconhece que houve um erro no registro do ponto do reclamante, que não registrou corretamente a pausa para refeição. Porém, este equívoco não prejudicou o autor da ação, uma vez que sempre usufruiu do tempo destinado à alimentação e descanso. Sendo assim, a Lava Jato Ltda se compromete a corrigir o registro do ponto para que a pausa para refeição conste adequadamente, não havendo qualquer prejuízo ao reclamante. Portanto, requer-se a improcedência do pedido de remuneração do intervalo para refeição formulado pelo reclamante. 6. DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA Relata o reclamante ter direito ao pagamento de adicional de transferência, visto foi transferido de forma definitiva para outra filial, localizada em Santos/SP após dois anos de vigência de seu contrato de trabalho. A sociedade empresária Lava Jato Ltda alega que não há qualquer previsão legal ou contratual que obrigue o pagamento do adicional de transferência ao reclamante. Ademais, a transferência do autor da ação para Santos/SP foi definitiva, e não temporária, não havendo, portanto, motivo para o pagamento do referido adicional. De acordo com o artigo 469, §3º da CLT, e OJ 113, da SDI-1 do TST, o pressuposto legal que legitima a percepção do mencionado adicional é de transferência provisória, o que não ocorreu no presente caso. O reclamante, por sua vez, não apresentou qualquer documento que comprove que a transferência tenha sido imposta pela empresa ou que tenha gerado gastos adicionais. Desse modo, não há fundamento para o pagamento do adicional de transferência. 7. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E SUCUMBÊNCIA Tratando-se de litígio decorrente da relação de emprego, nos termos da Instrução normativa no 27/205 do TST, nesta Justiça Especializada, os honorários advocatícios são disciplinados na Lei 5.584/70. Não preenchidos os requisitos do artigo 14 da referida lei, uma vez que não consta dos autos credenciais sindicais, não faz jus o reclamante ao pagamento de honorários advocatícios. Aplicação ao caso ao caso do entendimento consubstanciado nas súmulas no 219 e 329 do TST. Assim, requer que seja indeferida a condenação aos honorários advocatícios e que o mesmo seja condenado ao pagamento das custas processuais. Todavia, uma vez sucumbente, o reclamante (ainda que parcialmente), merecem ser arbitrados honorários de sucumbência em favor deste patrono, fulcro disposto no artigo 791-A da CLT. Impugna-se, por cautela, qualquer alegação contrária. Na remota hipótese de procedência da ação, a reclamada requer a aplicação das sumulas 219 e 329 do TST e do disposto na OJ 348, da SBDI-1, do TST, devendo a condenação limitar-se ao valor de 155 conforme regra processual celetista vigente. 8. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Pleiteia aqui, a reclamada nos termos da Lei 1.060/50 c/c 98 do NCPC, na sua totalidade, a gratuidade de justiça. Ora, excelência, a pessoa jurídica tem direito à concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, desde que comprove a incapacidade de arcar com as custas sem comprometer a manutenção da mesma. Tal hipossuficiência, se deve as sérias dificuldades econômico-financeiras enfrentadas no momento, não só pelo momento econômico do país pós pandemia, mas também pela reclamada, que vem ao máximo cumprindo suas obrigações para com os empregados. 9. DOS PEDIDOS Com base nos argumentos apresentados na contestação, a sociedade empresária Lava Jato Ltda requer a improcedência dos pedidos formulados por Silvio Moro na ação trabalhista no 5555, movida perante a 25a Vara do Trabalho de Santos/SP, requer a Vossa Excelência: a) Pedido de horas extras: a sociedade empresária Lava Jato Ltda defende que o reclamante não faz jus ao pagamento de horas extras, tendo em vista que o seu horário de trabalho era das 5h às 15h, de segunda a sexta-feira, com intervalo de duas horas para refeição, o que totalizava uma jornada diária de oito horas. Além disso, a empresa sustenta que o reclamante nunca realizou horas extras e que, portanto, não há qualquer valor a ser pago. b) Pedido de remuneração do intervalo para refeição: a sociedade empresária Lava Jato Ltda argumenta que o reclamante não faz jus ao pagamento do intervalo para refeição, tendo em vista que ele usufruía regularmente desse intervalo, o qual era de duas horas diárias. A empresa afirma que o intervalo foi concedido de acordo com as normas legais e que, portanto, não há qualquer valor a ser pago. c) Pedido de adicional de transferência: a sociedade empresária Lava Jato Ltda defende que o reclamante não faz jus ao pagamento do adicional de transferência, tendo em vista que a transferência foi feita de comum acordo entre as partes e que o reclamante foi devidamente compensado pelo seu deslocamento para a nova cidade de trabalho. d) Pedido de reintegração ao emprego: a sociedade empresária Lava Jato Ltda argumenta que o reclamante não faz jus à reintegração ao emprego, tendo em vista que a sua demissão ocorreu por justa causa, em razão de seu abandono de emprego. A empresa alega que o reclamante não comunicou a sua ausência no trabalho, não apresentou justificativas plausíveis para a sua conduta e que, portanto, a sua demissão ocorreu de forma legal e legítima. e) Requer a produção de prova testemunhal, a serem indicadas oportunamente, a fim de esclarecer os fatos controvertidos nos autos, bem como a produção de prova pericial, caso necessário, para atestar as alegações da contestante sobre o cumprimento das obrigações trabalhistas em relação ao intervalo para refeição e eventual existência de horas extras prestadas pelo reclamante. f) A contestante requer que seja deferido o depoimento pessoal do reclamante, nos termos do artigo 385, II do CPC, a fim de prestar esclarecimentos sobre as alegações apresentadas na petição inicial, sob pena de confissão quanto aos fatos alegados. Ademais, a sociedade empresária Lava Jato Ltda solicita a condenação do reclamante ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, nos termos da legislação vigente. Dá-se à causa o valor de R$... São Paulo, 25 de abril de 2023 Advogado(a) Gilmar Rodrigues Cardoso OAB/nº ... image1.jpeg image2.jpeg