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PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL PROF. ME. ANDRÉ CARNEIRO GIANDON Presidente da Mantenedora Ricardo Benedito Oliveira Reitor: Dr. Roberto Cezar de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Gisele Colombari Gomes Diretora de Ensino Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Edson Dias Vieira Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Cristiane Moreschi Danielly de Oliveira Nascimento Fernando Sachetti Bomfim Luana Luciano de Oliveira Patrícia Garcia Costa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5 1 - CONCEITOS DE GESTÃO DA PRODUÇÃO ........................................................................................................... 6 1.1. GESTÃO DA PRODUÇÃO .......................................................................................................................................7 1.1.1. PRODUÇÃO E OPERAÇÕES ................................................................................................................................7 1.1.2. GESTÃO DA PRODUÇÃO ................................................................................................................................... 8 1.2. CONSTRUÇÃO CIVIL E A GESTÃO DA PRODUÇÃO .......................................................................................... 8 2 - ESTRUTURAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS .................................................................................. 11 2.1. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO........................................................................................................................ 11 2.1.1. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ANÁLISE AMBIENTAL ..............................................................................13 2.1.2. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: BASES CONCEITUAIS .............................................................................13 2.1.3. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: INTENÇÃO ESTRATÉGICA .......................................................................14 ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL E ENGENHARIA ECONÔMICA PROF. ME. ANDRÉ CARNEIRO GIANDON ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 4WWW.UNINGA.BR 2.1.4. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ÁREAS DE ATUAÇÃO ...............................................................................14 2.1.5. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ESTRATÉGIAS ..........................................................................................14 2.2. TIPOS DE ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS .................................................................................................14 2.2.1. ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL ...........................................................................................................................15 2.2.2. ORGANIZAÇÃO PROJETIZADA .......................................................................................................................15 2.2.3. ORGANIZAÇÃO MATRICIAL ...........................................................................................................................15 3 - VIABILIDADE ECONÔMICA DE EMPREENDIMENTOS.....................................................................................16 3.1. RISCO E RETORNO DE INVESTIMENTOS NA CONSTRUÇÃO .........................................................................17 3.2. ANÁLISE DE CUSTOS .........................................................................................................................................17 3.3. AVALIAÇÃO DE PROJETOS ................................................................................................................................19 3.3.1. PAYBACK ...........................................................................................................................................................19 3.3.2. VALOR PRESENTE LÍQUIDO – VPL ................................................................................................................19 3.3.3. TAXA INTERNA DE RETORNO – TIR ............................................................................................................. 20 3.3.4. OUTROS ESTUDOS ......................................................................................................................................... 20 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 20 5WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Imagine que você concluiu o curso de graduação e irá realizar um churrasco para cerca de 30 convidados em uma chácara onde um amigo disse que participou em uma festa no ano passado. Ele disse que lá tem tudo o que se precisa para sua comemoração. Domingo, família e amigos chegando para almoçar, e alguns problemas começam a aparecer. A carne que seu irmão trouxe está congelada. Só dois espetos estão disponíveis para a churrasqueira. Não há papel ou sabonete nos banheiros. Ninguém pegou o carvão. Muitas cadeiras estão sujas. E, para completar, você começou a namorar recentemente e convidou os pais do seu amor para ir à festa, mas acaba de descobrir que são vegetarianos! E foi aquela correria para tentar agradar familiares e amigos. Você con� ou que as outras pessoas fariam algumas tarefas, mas isso não aconteceu. Tudo indica que faltou planejamento. Superada a vergonha do dia, seus amigos continuarão amigos, e os parentes estarão lá, no porta-retratos. Mas e quando a falta de programação acontece em uma obra? Quando faltam recursos, ou os materiais e os equipamentos não servem ou não estão prontos para serem utilizados? Possivelmente, você irá gerar prejuízo para sua empresa, poderá ser demitido e perderá alguns clientes. Para Portugal (2017), aos engenheiros, arquitetos e técnicos em construção, além da condução técnica das obras, cabe também a orientação das pessoas e o correto emprego de materiais e equipamento. Os pro� ssionais da construção necessitam de uma visão da obra como um negócio. Melo (2012) e Portugal (2017) destacam alguns questionamentos fundamentais: o custo da obra está de acordo com o orçamento? A obra será entregue de acordo com o cronograma previsto? O escopo está claro e as entregas estão com a qualidade desejada? Todos os requisitos solicitados pelos clientes estão sendo atendidos? Não importa sua especialidade na engenharia. O planejamento constitui a base para ter sucesso na execução de qualquer empreendimento e para seu futuro pro� ssional. E como acontece nas outras indústrias? E no esporte? Um atleta repete o mesmo movimento milhares de vezes para fazer certo durante uma prova. Na Construção Civil, nosso treino é o planejamento. Assim como um atleta jamais terá sucesso sem treino, um pro� ssional da construção não será vitorioso sem planejamento. A� nal, não podemos fazer e refazer a obra dezenas de vezes. Começar uma obra sem planejamento é como um atleta ir para uma competição sem treinar. A tentativa na obra é única, e se não der certo, haverá prejuízo, desperdícios de materiais, aumento de custos, atrasos, insatisfação de colegas de trabalho, de acionistas e de clientes, bem como, impacto ambiental desnecessário e indesejado. Nessa unidade você irá compreender as principais características do planejamento para a construção civil, a sua importância e algumas das principais ferramentas utilizadas para esse � m. Inicialmente conceitos de gestão da produção são apresentados,ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 2.3. Técnicas de Aceleração de Cronograma Freque ntemente, não se tem o tempo de sobra para executar as obras. Clientes sempre querem apressar as coisas para que a obra seja entregue antes da data indicada inicialmente como prazo de entrega. Além disso, caso exista algum atraso na execução das atividades da obra, normalmente é necessário acelerar as demais atividades para garantir a entrega da obra no prazo. Assim, as técnicas de aceleração de cronograma são utilizadas. Existem duas técnicas usuais: paralelismo e compressão. No paralelismo, atividades que usualmente seriam executadas em sequência, são programadas em paralelo (simultaneamente, total ou parcialmente), visando acelerar o cronograma. Um exemplo de paralelismo é executar parcialmente a fundação e já iniciar a estrutura e fechamento, antes da conclusão das fundações. Outro exemplo, é iniciar a obra sem o projeto arquitetônico totalmente de� nido. No caso da compressão, o prazo das atividades (uma ou mais) são reduzidos com uso de mais recursos (mão de obra, equipamentos), com mudança de tecnologia ou com a programação de mais horas de trabalho por dia na atividade, ou com hora-extra ou direcionando mais pessoas para aquela atividade. Os efeitos da aceleração do cronograma são: no paralelismo, aumenta-se o risco de falhas, na compressão, na maioria dos casos, aumenta-se o custo da atividade. 3 - ORÇAMENTO DO PROJETO Como citado em tópicos anteriores, realizar as estimativas do projeto é um grande desa� o, entretanto, estimar custos é uma tarefa que você, pro� ssional da construção civil, certamente terá que realizar muitas vezes em sua carreira pro� ssional, e o resultado positivo de qualquer trabalho, só acontece se os preços forem adequados. Preços baixos podem di� cultar ou até inviabilizar a execução de um empreendimento. Por outro lado, preços altos deixarão sua empresa pouco competitiva, pois di� cilmente conseguirá vender com valores mais altos que os concorrentes. Um bom orçamento é a base para realizar qualquer proposta de serviço e, sem dúvida, para qualquer empreendimento que se deseje executar. 3.1. Custo, Preço e Orçamento 3.1.1. Custo e preço O custo de uma atividade inclui o valor a ser pago por todos os recursos utilizados diretamente ou indiretamente para executar a atividade. Materiais, equipamentos, mão de obra, além de custos indiretos, como a administração da empresa, fazem parte da composição dos custos de uma atividade. 33WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 O valor do custo paga somente as despesas que você terá para realizar o produto ou serviço. O valor a ser passado para o cliente é denominado de preço. O preço inclui os valores do custo das atividades, as despesas indiretas, taxas e impostos, lucro da empresa e outras despesas operacionais. Na literatura da construção civil, os custos indiretos mais lucro são denominados como Boni� cação e Despesas Indiretas – BDI. Segundo Mattos (2015), o BDI é composto por administração central (rateio do custo da sede entre as obras da construtora), o custo � nanceiro (recomposição do dinheiro pelo fato de a medição ser paga após a realização do serviço), riscos e imprevistos (provisão para eventos imprevisíveis ou de difícil quanti� cação precisa) e boni� cação (lucro). 3.1.2. Orçamento e curva S O orçamento é uma agregação (somatória) de todos os custos das atividades ou pacotes de trabalho. Uma obra pode ter Fundações como pacote de trabalho. Ao somar todos os custos das atividades das fundações, determina-se o custo do pacote de trabalho Fundações (Quadro 3). Ao somar os custos de todos os pacotes de trabalho, mais custos indiretos, caso ainda não tenham sido aplicados, contingenciamentos e demais custos da obra, de� ne-se o orçamento da obra (Figura 10). Quadro 3 – exemplo custos pacote de trabalho. Fonte: o autor. A Figura 10 mostra como o orçamento pode ser representado na EAP da obra. Na � gura, é possível observar que os custos são agregados (somados) para formar o total dos custos da obra. O Quadro 3 indicou o total dos custos do item 1.3.1 Fundações, no valor de R$70,00. Esse custo é somado aos demais custos da entrega 1.3 Execução, totalizando, assim, o custo dessa fase da obra. Os custos das demais fases (1.1 gerenciamento, 1.2 projetos, 1.4 desmobilização e 1.5 encerramento) são somados para gerar o custo da obra, R$350,00. Adicionando, ainda, neste total, o valor de contingência (estipulado em 10% nesse exemplo), resulta no orçamento total da obra: R$385,00. 34WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 Figura 10 – Orçamento indicado na EAP. Fonte: o autor. Os custos também podem ser apresentados em uma planilha eletrônica. É possível estimar quando cada fase será executada, lançando, assim, os custos nos respectivos períodos de execução, conforme a data planejada para realizar cada atividade ou entrega. No rodapé da planilha, é apresentado o total do mês (custo mensal) e o total acumulado ao longo dos meses (Figura 11). Figura 11 – Custos mensais. Fonte: o autor. O grá� co gerado a partir dos custos mensais acumulados frequentemente lembra a letra S. Um grá� co foi gerado usando os valores dos custos mensais, nas barras, e o valor dos custos acumulados na curva, no eixo y, os valores e no eixo x, os meses (Figura 12). Essa é a representação usual da chamada curva S do orçamento da obra. 35WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 Figura 12 – Curva S. Fonte: o autor. 3.1.3. Evolução da precisão das estimativas ao longo do tempo No início da obra, existem muitas decisões que ainda não podem ser tomadas por falta de informação. Muitas vezes, a decisão sobre o tipo de revestimento que será utilizado só acontece após a construção das alvenarias. Isso decorre da característica de elaboração progressiva de projetos. Isso é um erro de planejamento? Não. Isso é uma característica do trabalho por projetos. Por mais que você pense “tomaremos todas as decisões no início para não ter surpresas”, isso não acontecerá. A cada novo sistema a ser implantado na edi� cação, a cada nova decisão, ajustes precisam ser feitos. É um erro considerar que uma obra se planeja antes e excuta depois. Jamais isso acontecerá, pois não se tem tempo disponível nem informação su� ciente para tal. O que deve ser feito é aplicar ferramentas e técnicas que assegurem que, mesmo com a evolução (e alteração) do escopo (e, consequentemente, dos prazos e custos). São práticas de uso de contingenciamento planejado normalmente decorrente da análise de riscos das atividades, entregas e do projeto como um todo. Com pouca qualidade de informação no início do empreendimento, o risco de dar errado é altíssimo. Por isso, é preciso considerar que o orçamento na fase conceitual da obra terá variações. Na medida em que as decisões forem tomadas e as informações passem a estar disponíveis, essa variação vai tendendo à zero nas fases � nais da obra. Considerando as etapas da obra, sabe-se que o erro das estimativas pode ser altíssimo no início, mas deve baixar para 15% a mais ou 10% a menos durante o controle da execução (Figura 13). 36WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 Figura 13 – Precisão das estimativas de acordo com a fase do empreendimento. Fonte: adaptado de Association for Advancement of Cost Engineering International. Ou seja, com pouca qualidade de informação no início do empreendimento, o risco de dar errado é altíssimo. Por isso, é precisoconsiderar que o orçamento na fase conceitual da obra terá variações. Na medida em que as decisões forem tomadas e as informações passem a estar disponíveis, essa variação vai tendendo à zero nas fases � nais da obra. 4 - GESTÃO DAS PARTES INTERESSADAS Imagine que você está construindo uma casa, mas por algum motivo, o proprietário deixou de ter interesse na obra. Ele não aparece mais lá, não atende seus telefonemas, diz apenas que o que � zer está bom. Você sentirá falta de engajamento do cliente. O cliente que participa demais das decisões da obra, muitas vezes, cria um certo constrangimento para os trabalhadores, de tantas perguntas que faz e tantos detalhes que deseja. Por outro lado, quando o cliente se afasta, também é ruim, pois atrasa a tomada de decisão e, consequentemente, atrasa a obra. Administrar o engajamento dos envolvidos é muito importante. Clientes, engenheiros, arquitetos, mestres de obra, encarregados, diretores, gerentes, compradores, é preciso que cada um esteja apropriadamente engajado para que as coisas funcionem. No gerenciamento de projetos, administrar esse engajamento é a área de conhecimento: Gerenciamento das Partes Interessadas. 4.1. Partes Interessadas do projeto 4.1.1. Identificar as partes interessadas Parte interessada é qualquer pessoa, grupo ou organização que, de alguma forma, possa in� uenciar ou sofrer impactos por qualquer decisão, atividade, entrega ou projeto. Reveja a de� nição e perceba que essa lista é enorme! Tente nomear as partes interessadas da Figura14, é uma grande lista! 37WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 Figura 14 – Visão geral das principais partes interessadas. Fonte: o autor. Seu papel como pro� ssional da construção civil é assegurar que tais pessoas, grupos ou organizações, estejam adequadamente engajados com os objetivos da obra. O termo em inglês é stakeholders. A tradução o� cial para o português pode dar ideia de que a parte interessada tenha interesse no sucesso da sua obra. Mas isso não é verdade. O interesse pode ser um interesse contrário aos seus objetivos. O vizinho da obra pode desejar que a obra seja interrompida, pois faz muita sujeira na rua. Um concorrente pode desejar que sua obra não termine no prazo. Mas, independentemente de qual é o tipo de interesse da parte, todos precisam ser administrados, e o início desse processo se dá com a identi� cação das partes interessadas. Há uma percepção prática de que partes interessadas estão diretamente ligadas com os riscos dos projetos. Quem te ajuda ou te atrapalha a concluir a obra são as partes interessadas, em outras palavras, são as principais fontes de riscos. Identi� car as partes interessadas é realizar uma lista ampla delas, classi� cando sua importância de acordo com aspectos, como poder, interesse, objetivos em relação à obra. A priorização das partes interessadas, pode ser criada a partir de uma análise de poder e interesse. Atribui-se uma nota para poder de decisão da parte interessada em relação às decisões da obra. Por exemplo, numa classi� cação de 1 a 5, sendo 5 o poder mais alto, o cliente pode ter um poder 5, o empreiteiro poder 3, o � scal da prefeitura poder 2 etc. Da mesma forma, atribui- se uma nota para interesse. O cliente tem interesse 5, o empreiteiro tem interesse 5, o � scal da prefeitura tem interesse 2. Realizando o produto de poder e interesse, tem-se a classi� cação de uma determinada parte interessada. Classi� ca-se, então, do mais alto número para o mais baixo e, assim, a lista de partes interessadas � ca priorizada (Figura 15). 38WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 Figura 15 – Partes interessadas e priorização. Fonte: o autor. Esse processo gerencial (identi� car as partes interessadas) deve ser realizado desde o início do projeto e, continuamente, deve ser atualizado. Essa atualização é importante, visto que novas partes interessadas podem surgir ao longo do tempo. Ou seja, não iremos identi� car as partes interessadas apenas uma vez, essa lista deve ser permanentemente atualizada. 4.1.2. Abordagem de relacionamento com as interessadas Com os dados da priorização das partes interessadas, pode-se avaliar aquelas partes interessadas mais ou menos importantes para os objetivos do projeto. Com isso, o gerente do projeto pode de� nir uma abordagem de relacionamento com cada parte interessada. As abordagens de relacionamento são: monitorar, manter satisfeito, manter informado e gerenciar com atenção. Quando existe baixo poder e baixo relacionamento, o gerente do projeto e sua equipe irão apenas monitorar essa parte interessada. No caso de baixo poder, porém, alto interesse, a equipe irá manter essa parte interessada informada sobre as decisões do projeto. Quando há alto poder e baixo interesse, a equipe irá manter satisfeita essa parte interessada. Por � m, para os casos em que existe alto poder e alto interesse, a equipe irá gerenciar com atenção. Para mais informações sobre como gerenciar partes interessadas, veja o artigo: SOLBERG, N. Gerenciamento efi caz das partes interessadas usando as equipes principais. Livraria virtual PMI. 2011. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2018. 39WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 No grá� co da “análise poder X interesse” do exemplo a seguir, cliente, engenheiro e empreiteiro, de acordo com suas respectivas pontuações de poder e de interesse, estão no quadrante “gerenciar com atenção” (alto poder, alto interesse), no caso do � scal da prefeitura, está no quadrante “monitorar” (Figura 16). Esse grá� co é utilizado para de� nir o tipo de abordagem de relacionamento com cada parte interessada. Figura 16 – Grá� co poder X interesse. Fonte: o autor. A complexidade do empreendimento aumenta a importância de realizar essa análise. Imagine uma construção de um edifício a preço de custo com sessenta clientes, dezenas de pro� ssionais como arquitetos e engenheiros, dezenas de empreiteiros e centenas de fornecedores, além de organizações governamentais, � scais, investidores, sociedade, moradores do entorno e outros. 4.1.3. Engajamento das partes interessadas O responsável pela obra deve estar atento ao engajamento das partes interessadas no sucesso do seu projeto. Isto signi� ca que o gestor da obra, engenheiro, arquiteto ou quem estiver no comando da obra, deve, constantemente, monitorar o envolvimento das partes interessadas. A partir da lista das partes interessadas, o gestor irá identi� car o nível atual do engajamento das partes interessadas e avaliar se cada parte interessada está no nível de engajamento desejado para o sucesso do projeto. A Figura 17 mostra uma representação de engajamento atual e desejado das partes interessadas. Na análise de engajamento, o cliente está atualmente a um nível abaixo do esperado, já a esposa do cliente atualmente está no nível desejado. O comprador ainda não está informado sobre a obra, mas ele deverá estar futuramente no nível neutro (ou superior). 40WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2Figura 17 – Engajamento das Partes interessadas e priorização. Fonte: o autor. 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa unidade você viu alguns dos pontos principais para o bom desempenho para o gerenciamento da execução de uma obra, as de� nições de: o quê será realizado, quando será realizado, quanto irá custar e quem está envolvido. Essas de� nições são a base para o planejamento de qualquer obra, pois, a partir desses planos, todos os demais planos e, consequentemente, a execuçãoda obra poderá ser realizada de acordo com as expectativas dos envolvidos. Quanto a “o que” será realizado, vimos o planejamento do escopo do projeto, a área de conhecimento do gerenciamento do projeto que estabelece as necessidades e desejos dos envolvidos e, a partir dessas informações, de� ne-se o trabalho necessário. Esse trabalho é organizado por meio de uma Estrutura Analítica do Projeto – EAP –, que organiza todas as entregas da obra. Lembre-se que a EAP é uma decomposição que se inicia a partir do problema complexo, o primeiro nível que é o nome da obra, que vai sendo decomposto sucessivamente até formar os pacotes de trabalho. O pacote de trabalho é a entrega na qual as atividades do cronograma da obra são listadas e planejadas. A partir daí, surgirá o cronograma do empreendimento. Após listar as atividades do pacote de trabalho, é possível sequenciar e estabelecer durações para essas atividades. Normalmente se analisa o cronograma da obra pelo método do caminho crítico. Assista o vídeo sobre como engajar uma equipe e saiba mais sobre algumas atitu- des que podem viabilizar um maior engajamento por meio da identifi cação de um propósito para os envolvidos. Como Engajar a minha Equipe para Inovar? 2016. Disponível em: . Acesso em: 03 dez. 2018. 41WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 Tanto as estimativas de prazos quanto as estimativas de custos, podem ser realizadas por três técnicas principais, a estimativa análoga (menos esforço gerencial, menos precisa), a estimativa paramétrica (mais escorço gerencial, mais precisa) e a estimativa de três pontos (otimista, pessimista e mais provável). Quanto aos custos da obra, é necessário de� nir o custo dos pacotes de trabalho, considerando custos � xos e variáveis, e agregar (somar) os custos dos pacotes de trabalho para, juntamente com os custos de contingências, formar o orçamento da obra. Você também viu o gerenciamento das partes interessadas (quem está envolvido), no qual é necessário identi� car as partes interessadas, estabelecer a prioridade de atendimento de suas necessidades e expectativas, avaliando quais partes interessadas devem ser atendidas ou não na execução da obra, bem como realizar a análise de engajamento. Esta última, um dos principais aspectos para que as coisas possam acontecer da melhor maneira possível. Todos esses planos são elaborados progressivamente, ou seja, o detalhamento das informações mudam ao longo do tempo e, consequentemente, o planejamento precisa ser ajustado várias vezes, gerando novas versões dos planos. 4242WWW.UNINGA.BR UNIDADE 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 44 1. RECURSOS HUMANOS E COMUNICAÇÃO ......................................................................................................... 45 1.1. DEFININDO E DESENVOLVENDO A EQUIPE .................................................................................................... 45 1.1.1. PLANEJAMENTO DE RECURSOS HUMANOS ................................................................................................ 45 1.1.2. MOBILIZAÇÃO DA EQUIPE DO PROJETO ...................................................................................................... 45 1.1.3. DESENVOLVIMENTO DA EQUIPE ................................................................................................................... 46 1.1.4. GERENCIAR A EQUIPE .................................................................................................................................... 46 1.1.5. FONTES DE CONFLITO E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS ................................................................................. 46 1.2. COMUNICAÇÃO .................................................................................................................................................. 47 1.2.1. MODELO BÁSICO DE COMUNICAÇÃO ........................................................................................................... 47 1.2.2. A COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................................................. 48 PLANEJAMENTO DE EQUIPE, COMUNICAÇAO, RISCOS E INTEGRAÇÃO PROF. ME. ANDRÉ CARNEIRO GIANDON ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 43WWW.UNINGA.BR 2. ANÁLISE DE RISCOS ............................................................................................................................................ 49 2.1. GERENCIAMENTO DE RISCOS ......................................................................................................................... 50 2.1.1. PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS........................................................................................... 50 2.1.2. IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ........................................................................................................................ 50 2.1.3. ANÁLISE QUALITATIVA DOS RISCOS .............................................................................................................51 2.1.3. ANÁLISE QUANTITATIVA DOS RISCOS ......................................................................................................... 52 2.1.4. PLANEJAR AS RESPOSTAS E CONTROLE DOS RISCOS.............................................................................. 52 3. PLANEJAMENTO INTEGRADO NA CONSTRUÇÃO ............................................................................................ 54 3.1. GERENCIAMENTO DA INTEGRAÇÃO DO PROJETO......................................................................................... 54 3.1.1. TERMO DE ABERTURA .................................................................................................................................... 54 3.1.2. PROJECT MODEL CANVAS ............................................................................................................................. 55 3.1.3. TIPOS DE CANTEIRO DE OBRA ..................................................................................................................... 56 3.1.4. PROCESSO DE PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS ...................................................................... 57 3.1.5. TIPOS DE ARRANJO FÍSICO DE PROCESSO PRODUTIVO .......................................................................... 59 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................... 60 44WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 INTRODUÇÃO Nas unidades anteriores, vimos o planejamento básico de uma obra, onde ao menos o planejamento de prazos e custos precisa estar bem detalhado. Naturalmente, para planejar prazos e custos é necessário saber o que será feito, por isso, também se planeja escopo. Além dessas áreas de conhecimento, naturalmente, existem vários fatores que in� uenciam o desempenho dos pro� ssionais da construção civil para entregar com sucesso os empreendimentos. Nessa unidade você verá os planos de recursos humanos e comunicação, análise de riscos e integração, bem como o planejamento do canteiro de obras. Algumas equipes fazem parte da execução de uma obra, e todas essas equipes precisam trabalhar de forma harmônica para que atuem como uma única grande equipe. Como o trabalho por projeto é temporário, essa equipe também é temporária. É necessário realizar ações para selecionar as pessoas, treinar, integrar ao ambiente da obra, estabelecer regras de conduta, criar condições para que trabalhem motivadas, bem como de� nir premiaçõese reconhecimentos. Você verá ainda, paralelamente ao plano de gerenciamento de recursos humanos, como se planeja a comunicação para os envolvidos. O planejamento do gerenciamento de riscos é necessário para que a equipe de gerenciamento esteja mais preparada para lidar com as incertezas inerentes do trabalho por projetos. Sempre existirão variáveis de difícil controle na execução de uma obra. Se os fornecedores irão cumprir os prazos, se sua equipe terá a produtividade planejada, se ocorrerão acidentes, se as soluções técnicas serão acertadas etc. Existem várias incertezas nas obras e é necessário que se planeje as contingências para lidar com essas possíveis variações. A organização do canteiro de obras é outro aspecto a ser avaliado para a execução de uma obra. Usualmente o canteiro de obras tem grande impacto sobre o desempenho da obra como um todo. Por exemplo, ao de� nir de forma apropriada a posição dos estoques de materiais, dos � uxos de pessoas e áreas de trabalho no canteiro de obras, as empresas reduzem o tempo para realizar as atividades. Por � m, é importante considerar a necessidade de integração dos planos. É preciso ter uma visão do todo e avaliar as interfaces dos planejamentos. Por exemplo, ao de� nir um treinamento de segurança do trabalho para sua obra, será necessário pensar em orçamento para isso, bem como, considerar o impacto desse treinamento dos prazos e na produtividade dos colaboradores, dentre outros aspectos. Em suma, os vários planos precisam estar coerentes entre si. 45WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 1. RECURSOS HUMANOS E COMUNICAÇÃO Em uma fábrica, facilmente se consegue substituir os processos repetitivos por máquinas, por robôs que fazem o que antes era feito por seres humanos. Nos trabalhos temporários, nos projetos, como o caso da construção civil, não se consegue desenvolvê-los sem a participação de pessoas. Isso é uma condição sine qua non, sem pessoas não existe projeto. Portanto, para que você possa administrar a execução de uma obra, necessariamente precisará aprender a lidar com pessoas. Por esse motivo, existe a área de conhecimento Gerenciamento de Recursos Humanos na qual todos os processos gerenciais para administrar equipes são tratados. Decorrente desse contexto, é preciso ainda administrar as comunicações para que a equipe tenha um bom desempenho. Só existe uma equipe de valor se houver comunicação, uma equipe que não se comunica não consegue atingir seus objetivos de forma e� ciente e e� caz. 1.1. Definindo e Desenvolvendo a Equipe Como qualquer aspecto a ser organizado em uma obra, é interessante que se estabeleça um plano de como serão abordados os aspectos de recursos humanos. Esse plano envolve estabelecer um organograma para a obra, de� nir papéis e responsabilidades, a quantidade de turnos a ser trabalhada e outros aspectos importantes sobre a gestão do pessoal. Feito esse plano, os passos seguintes são adquirir as pessoas e depois desenvolver essas pessoas como um grupo, ou seja, transformar um grupo de pessoas em um time de valor. 1.1.1. Planejamento de recursos humanos O plano de gerenciamento de recursos humanos estabelece como o gerente do projeto e sua equipe principal pretendem organizar as equipes envolvidas. Esse plano servirá de base para as decisões na gestão de pessoas. O plano frequentemente possui os seguintes itens: a) Papéis e responsabilidades: de� nições dos cargos, o per� l dos pro� ssionais para cada cargo, as funções relacionadas, as responsabilidades e competências que se espera de cada um; b) Organograma: organização dos cargos em níveis hierárquicos para que se possa demonstrar as relações de comando e controle (poder, subordinação e autoridade) entre os envolvidos; c) Abordagens de relacionamento com colaboradores: como será realizada a mobilização, o calendário de trabalho, necessidades de treinamento e aspectos de segurança. 1.1.2. Mobilização da equipe do projeto Um dos primeiros passos para formar o time do projeto é mobilizar a equipe. Mobilizar é o processo de con� rmar a disponibilidade de recursos e obter a equipe necessária para concluir os objetivos do projeto (PMI, 2017). Ou seja, no � nal desse processo (que será repetido várias vezes) você terá a lista das pessoas designadas para trabalhar na obra. Dentre as formas de mobilizar a equipe, as seguintes práticas podem ser utilizadas (PMI, 2017): 46WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 a) Pré-designação: quando algum membro da equipe já está de� nido previamente, por terem sido prometidas durante negociações de contratos, por possuírem habilidades especí� cas, por serem “do grupo de trabalho” da empresa há tempos; b) Negociação: quando é necessário negociar com outros gerentes ou outros engenheiros para disponibilizar membros de outras equipes para o projeto em questão; c) Contratação: processo tradicional de contratação no mercado de trabalho; Uso de equipes virtuais: em especial para desenvolvimento de planejamentos, pareceres, consultorias e projetos, times virtuais podem ser formados para a solução de problemas especí� cos. 1.1.3. Desenvolvimento da equipe Uma vez que se de� ne quem são as pessoas no processo de mobilização de pessoal, o próximo processo é desenvolver essas pessoas para que se transformem em um time de valor. Desenvolver a equipe é o processo de melhoria das competências, interação e ambientação geral da equipe para aprimorar seu desempenho como um time (PMI, 2017). Nesse processo serão realizadas ações como treinamentos, atividades de integração, apresentações da empresa e do empreendimento, orientações gerais sobre as regras e quaisquer outras informações para que as pessoas possam se adequar ao ambiente de trabalho. Na construção civil, um dos principais aspectos a serem abordados nesse processo são os treinamentos de segurança do trabalho. Vale observar que se trata de um processo, assim, pode acontecer várias vezes ao longo da execução do projeto. 1.1.4. Gerenciar a equipe Mesmo após todos os esforços visando o desenvolvimento da equipe da obra, naturalmente várias questões relacionadas ao gerenciamento de pessoal irão surgir. Em certos casos, são con� itos entre os envolvidos, em outros, algum problema relacionado ao comportamento dos indivíduos, horários que não estão sendo cumpridos ou que precisam ser ajustados etc. Fato é que é normal a necessidade de avaliar a atuação das pessoas e fazer intervenções para que o desempenho melhore. Esse processo é chamado de gerenciar a equipe. Ele pode ser realizado com observações e conversas, com avaliações de desempenho realizadas com indicadores, com técnicas de negociação e gerenciamento de con� itos ou com habilidades de relacionamento interpessoal dos envolvidos. 1.1.5. Fontes de conflito e solução de problemas Dentre os fatores que costumam gerar con� itos pode-se destacar: cronograma, divergências de prioridades, disputas por recursos, opinião técnica distinta, rotinas administrativas, custos, personalidades e outros. Questões relacionadas com cronograma tendem a ser as principais fontes de con� itos em projetos de construção civil. Os prazos, mesmo que não sejam o principal critério para o desempenho global do projeto, sempre são considerados importantes, pois as equipes, principalmente terceirizadas, precisam executar logo seu trabalho para seguir para outro serviço. Nesse contexto, atrasos não são bem vistos e, por isso, os con� itos tendem a aparecer com frequência. 47WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 1.2. Comunicação Para você gerenciar uma obra precisará contratar pro� ssionais de diferentes especialidades e, muitas vezes, são pro� ssionais devárias empresas. Seu papel como responsável pela execução de uma obra é fazer com que esse grupo se comporte como uma equipe capaz de entregar os resultados desejados, de acordo com os planos estabelecidos, devem se comportar como uma equipe de valor. Na engenharia não poderia ser diferente. A comunicação é a base para o sucesso do trabalho. Arquitetos, engenheiros, encarregados, empreiteiros, sem uma boa comunicação não existe bom desempenho. 1.2.1. Modelo básico de comunicação Comunicação é bidirecional. Precisa existir um emissor e um receptor. O emissor transmite a mensagem para o receptor em um ambiente onde existem ruídos e � ltros que atrapalham ou impedem a comunicação. Para se ter certeza de que a comunicação aconteceu, é importante um processo de feedback no qual o receptor con� rma ao emissor aquilo que ele entendeu da mensagem (Figura 18). Figura 18 – Engajamento das Partes interessadas e priorização. Fonte: o autor. O que difere um grupo de pessoas qualquer de uma equipe de alto desempenho? Uma das principais características é a comunicação. Isso mesmo, a comunicação é a grande diferença entre um time vencedor e um grupo de pessoas qualquer. Observe nos esportes, atletas de quadra estão sempre se comunicando, piloto e equipe de uma corrida de carros, sempre se comunicando. Sem comunicação não existe vitória. 48WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 Considerando a comunicação de duas vias, cabe ao emissor, utilizar a linguagem apropriada ao per� l da pessoa que está no papel de receptor. Uma mesma mensagem pode, e deve, ser comunicada de diferentes formas para pessoas com per� s diferentes. O emissor precisa considerar, ainda, as barreiras na comunicação, que incluem os � ltros da percepção do receptor. Podem ser barreiras do ambiente como ruídos, distrações, barreiras físicas ou barreiras da própria pessoa, como o estado emocional ou experiências anteriores. Há, ainda, de se considerar outras características da informação. A informação pode ser formal ou informal, pode ser escrita ou transmitida oralmente, pode ser de fonte interna ou externa à empresa em questão, pode ter uma direção hierárquica vertical (como entre diretor e gerente) ou horizontal (de gerente para gerente). Para se ter uma boa comunicação é importante que se transmita informações relevantes. Existem certas características que podem indicar a qualidade de uma informação. Para Stair (1998), uma informação tem valor quando ajuda os tomadores de decisão a atingirem as metas da organização. O autor destaca que para ser valiosa a informação deve ser: precisa, completa, econômica, � exível, con� ável, relevante, simples, em tempo e veri� cável, conforme o Quadro 4: Característica Defi nição Precisa não tem erros Completa contém todos os fatos importantes Econômica os tomadores de decisão devem sempre verifi car se o custo de produção da infor- mação é econômico em relação ao benefício da informação Flexível pode ser usada para diversas fi nalidades Confi ável a confi abilidade depende da forma de coleta de dados e da fonte da informação Relevante é importante para o tomador de decisão Simples a informação não deve ser exageradamente complexa Em tempo está disponível no momento que é necessária Verifi cável pode ser verifi cada preferencialmente em mais de uma fonte Quadro 4 – Características de Uma Boa Informação. Fonte: adaptado de STAIR (1998). Ao transmitir uma informação no planejamento ou execução de um empreendimento da construção civil, veri� que se a informação possui tais características. Por exemplo, re� ita sobre questões como, a informação está precisa? É fácil de interpretar? Pode gerar mais de uma interpretação? Quando essa informação é necessária? Na prática, sempre faça uma releitura da informação antes de transmiti-la para assegurar que irá atingir seus objetivos. 1.2.2. A comunicação na construção civil A comunicação na construção civil, naturalmente, ocorre tanto de maneira formal quanto informal, de forma escrita ou verbalmente. Vários documentos formais são utilizados, tais como projetos e as respectivas memórias de cálculo, atas de reuniões, fotos e vídeos anexados em propostas, contratos, orçamentos, memorial descritivo, manual de uso e outros. Existem outras informações registradas (gravadas, escritas), que não são formais, tais como informações transmitidas por mídias sociais, recados, troca de mensagens instantâneas, telefonemas e outras. 49WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 Existem ainda aquelas informações escritas em reuniões rápidas para interpretação de projetos in loco, por exemplo, anotações realizadas quando o engenheiro e o mestra de obras avaliam as interfaces dos projetos e de� nem detalhes executivos realizando anotações informais. O importante é que você esteja atento ao uso que será feito de uma determinada informação. Quem receberá a informação? Além disso, é preciso observar aspectos que precisam ser evidenciados para evitar problemas futuros. Por exemplo, quando o cliente pede alguma alteração na obra, é importante que esse pedido esteja documentado para evitar discussões futuras sobre prazos e custos de atividades. Mesmo na transmissão de mensagens entre empreiteiros, em muitos casos, é fundamental estar atento aos registros necessários para que se possa rastrear as conversas futuramente. Cabe ressaltar ainda a importância da boa comunicação com clientes. É preciso compreender exatamente o que o cliente deseja para que se possa construir ou reformar de forma apropriada. Falhas de comunicação podem gerar insatisfações e perdas � nanceiras, além de disputas que muitas vezes só se consegue resolver na justiça. Engenheiros e arquitetos possuem um papel fundamental na comunicação da obra, pois normalmente possuem a responsabilidade de integrar as diferentes demandas das partes interessadas da obra. Normalmente são eles que estão no centro das discussões entre acionistas, clientes, equipes de trabalho e fornecedores, para equilibrar as necessidades divergentes e esclarecer as dúvidas ou atender as solicitações de cada uma das partes. Outro aspecto importante são os documentos de planejamento para execução das atividades, procedimentos operacionais, registros de controles diversos tais como controle de materiais, de entregas realizadas, cadastros e acompanhamento do trabalho de empreiteiros, aquisições e outros registros de obra. Pro� ssionais do gerenciamento de obras necessitam utilizar das melhores práticas de comunicação durante todo o seu trabalho. Desde a elaboração de propostas, passando pelas reuniões de esclarecimentos, registros e contratos, rotina de execução da obra, entrega das obras, os pro� ssionais estarão constantemente se comunicando. Nesse sentido, a capacidade de persuadir e o domínio de práticas para realizar apresentações como palestras e defesas é um aspecto chave a ser desenvolvido. Tais aspectos incluem técnicas de oratória, elaboração de relatório, preparação de apresentação com a elaboração de textos, grá� cos ou esquemas que auxiliam no processo comunicativo. 2. ANÁLISE DE RISCOS Administrar um empreendimento da construção civil é administrar mudanças. Os pro� ssionais da construção estão sempre mudando algo. Nesse ambiente, é comum se ouvir a frase a única certeza de uma obra é a incerteza. Muitas coisas podem mudar antes ou durante a construção de um empreendimento. As mudanças de requisitos fazem parte do ambiente da construção civil. O cliente inicialmente comenta que deseja um tipo de revestimento e depois escolhe outro. O fornecedor descreve uma possível solução para uma instalação na obra e depois veri� ca que algumas restrições o impedem de usar tal tecnologia. Esses são apenas alguns exemplos de mudanças que podem ocorrer e, normalmente,ocorrem na construção civil. O PMI trata qualquer tipo de incerteza como riscos. E essa é uma prática interessante para se adotar na construção civil. Além dos riscos já citados de mudanças, vários outros fatores podem gerar riscos para uma obra. 50WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 O mal tempo, uma greve, a falta de um produto, um atraso de entrega, são fatores que podem gerar di� culdades ou até impedir a execução de uma fase ou obra. Vale ainda observar, que é uma característica inerente do ambiente de projetos a existência de incertezas, uma vez que o projeto nunca foi feito anteriormente. 2.1. Gerenciamento de Riscos 2.1.1. Processos de gerenciamento de riscos O Guia PMBOK cita seis processos gerenciais para o gerenciamento de riscos do projeto, tais processos são relacionados a seguir (PMI, 2017): a) Planejar o gerenciamento de riscos – envolve de� nir como serão realizadas as atividades de gerenciamento de riscos (como os demais processos devem ser organizados e conduzidos); b) Identi� car os riscos – determinar quais riscos e suas respectivas características que podem afetar o projeto; c) Realizar a análise qualitativa de riscos – avaliar a probabilidade e o impacto da ocorrência dos riscos identi� cados; d) Realizar a análise quantitativa de riscos – analisar numericamente o efeito dos riscos nos objetivos do projeto; e) Planejar as respostas aos riscos – desenvolver opções e ações para reduzir as ameaças aos objetivos do projeto; f) Controlar os riscos – monitorar os riscos, implantar respostas e identi� car novos riscos decorrentes dos eventos realizados no projeto. 2.1.2. Identificação dos riscos Identi� car os riscos para a execução de uma obra é uma das mais importantes ações do planejamento e controle dos projetos. Identi� car os riscos é um processo e pode ser realizado inúmeras vezes ao longo da execução de um empreendimento. Esse processo pode ser realizado analisando cada atividade planejada, cada entrega ou fase da obra ou a obra como um todo, de acordo com o objetivo e o momento do ciclo de vida do empreendimento. Uma das práticas adotadas para identi� car os riscos é o brainstorm, que pode ser traduzido como tempestade de ideias. O brainstorm é uma prática de geração de ideias que pode ser usada em diferentes áreas de conhecimento e não apenas para o gerenciamento de riscos. Num primeiro momento, o grupo gera uma grande quantidade de ideias e um relator � ca responsável por anotar essas ideias sem ninguém as criticar nesse momento. O objetivo dessa primeira fase é ter uma quantidade grande de ideias. Após esse momento inicial, numa mesma reunião ou em reunião separada, cada ideia é avaliada para veri� car a possibilidade de levar a mesma adiante. No caso da identi� cação dos riscos, aplicando prática de brainstorm, os participantes sugerem todas as possibilidades de falhas da obra, avaliando por atividade, por entrega ou fase e um relator anota as possíveis falhas sem ninguém criticar nesse momento inicial. Após esse período, cada possível falha identi� cada é avaliada para analisar sua pertinência e prosseguir com as próximas etapas do gerenciamento de riscos. 51WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 Outra prática utilizada para a identi� cação dos riscos é a consulta a especialistas. Isto é, consultar pessoas que possuam experiência naquela atividade que está sendo planejada para discutir as possibilidades de falhas conhecidas. Os riscos identi� cados podem ser classi� cados como organizacionais, técnicos, externos ou gerenciais (PMI, 2017) (Figura 19). Uma forma interessante de identi� car os riscos é olhar para essa classi� cação para lembrar dos possíveis riscos de cada categoria de risco. Figura 19 – Classi� cação de riscos. Fonte: PMI (2017). Essa classi� cação, proposta pelo PMI (2017), é uma ótima orientação para que o responsável pelo gerenciamento da obra e sua equipe elaborem, não apenas a identi� cação dos riscos, mas várias outras ações do planejamento e o controle dos riscos da obra. 2.1.3. Análise qualitativa dos riscos Realizar a análise qualitativa dos riscos é o processo de priorizar os riscos identi� cados para análises e ações posteriores conforme a probabilidade e impacto estimados de sua ocorrência (PMI, 2017). A probabilidade e impacto podem ser pontuados, e o produto entre esses dois fatores de� ne a importância de um determinado risco e, consequentemente, o tipo de tomada de decisão a ser realizada, utilizando uma lógica similar ao contexto apresentado na Figura 20. Como os demais processos gerenciais, a análise qualitativa pode ser realizada várias vezes ao longo do projeto, visto que a probabilidade e o impacto dos riscos variam ao longo do tempo. 52WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 Figura 20 – Probabilidade e impacto dos riscos. Fonte: adaptado de PMI (2017). 2.1.3. Análise quantitativa dos riscos Realizar a análise qualitativa dos riscos é o processo de analisar numericamente o efeito dos riscos identi� cados nos objetivos gerais do projeto (PMI, 2017). Essa análise normalmente calcula o Valor Monetário Esperado (VME) dos riscos do projeto. O VME é determinado pelo produto de probabilidade e impacto � nanceiro do risco. Por exemplo, um risco de 20% de probabilidade de ocorrência, que tenha um impacto de � nanceiro estimado em R$ 10.000, terá seu VME igual ao produto de 20% por dez mil, ou seja, VME = 0,2*10.000 = R$ 2.000. 2.1.4. Planejar as respostas e controle dos riscos Planejar as respostas aos riscos é “o processo de desenvolvimento de opções e ações para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto (PMI, 2017). Dentre as abordagens de respostas aos riscos temos: eliminar, transferir, mitigar ou aceitar o risco. Eliminar é uma abordagem de modi� car o plano do projeto de forma que o impacto do risco não possa acontecer. Isso pode ser feito cancelando entregas de requisitos não obrigatórios. Por exemplo, considere que o cliente gostaria que tivesse uma pia de cozinha esculpida em porcelanato, mas há o risco de quebrar essa peça durante o transporte e, caso isso ocorra, além do custo do material, o fornecedor local não possui essas peças para pronta entrega, podendo gerar um atraso de um mês para a entrega da cozinha. O cliente pode aceitar substituir por granito tradicional, com menos risco de quebra e, caso quebre a marmoraria fará outra em uma semana. Nesse caso, eliminar o porcelanato está eliminando o risco. Transferir é uma abordagem na qual se transfere os impactos do risco para outra organização. Cabe ressaltar que o risco continua existindo, apenas as responsabilidades passam para outra organização. Por exemplo, ao contratar o seguro para um carro, transfere-se o risco do sinistro para a seguradora. 53WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 Mitigar o risco signi� ca reduzir o impacto ou a probabilidade de ocorrência a um nível aceitável. Por exemplo, há probabilidade de uma bomba quebrar. A empresa pode ter um equipamento reserva que pode ser substituído em alguns minutos, reduzindo o impacto da obra � car sem a bomba. Aceitar é quando o tomador de decisão considera que as demais alternativas não possuem uma relação custo-benefício adequadas e ele opta por aceitar o risco. Por exemplo, há possibilidade de chuva amanhã, mesmo assim, o engenheiro agenda a concretagem, pois aceita a possibilidade da chuva impedir ou prejudicar a produtividade do trabalho. Uma vez de� nidos os processos de identi� car os riscos, analisar qualitativamente e quantitativamente os riscos e planejaras respostas aos riscos, o próximo processo é realizar o monitoramento e controle dos riscos. Trata-se do processo de monitorar a implantação das respostas aos riscos, acompanhar os riscos e seus riscos residuais, identi� car novos riscos e avaliar a e� cácia do processo de gerencial (PMI, 2017). O controle de riscos é necessário, pois na medida em que o projeto avança as informações passam a ser mais detalhadas, novas informações surgem e decisões são tomadas. Ao iniciar a obra, o cliente pode informar que irá comprar um ar condicionado, mas ainda não sabe a marca do produto. Após algumas semanas, ele faz a aquisição do equipamento e informa qual o produto foi comprado. Ou seja, o grau de detalhamento da informação aumentou, antes tinha apenas uma informação genérica, depois passa a ter o equipamento e suas características técnicas detalhadas. Novas informações podem surgir internamente ou externamente ao projeto. Ao realizar uma demolição de uma parede, uma instalação de energia ou um pilar pode ser descoberto. É uma nova informação para a tomada de decisão. Decisões são tomadas constantemente nas obras, o cliente pode optar por aumentar a área de estacionamento da fábrica e diminuir o espaço para jardins. Nestes três exemplos – a escolha do modelo do ar condicionado, a demolição da parede, a mudança da área de estacionamento – são questões que mudam ou de� nem as atividades do escopo do projeto e, por consequência, os riscos são alterados. Novos riscos são identi� cados, alguns riscos desaparecem, a importância (impacto e probabilidade) é alterada também. Por isso, o controle de riscos precisa acontecer constantemente nas obras. Ao iniciar a obra, o risco das coisas não darem certo é máximo, visto que poucas informações existem. Já quando se aproxima a entrega � nal da obra, o risco da obra dar errado é quase zero, uma vez que praticamente todas as informações estão disponíveis e a maior parte do trabalho já foi realizada e não poderá mais falhar (Figura 21). Figura 21 – Relação entre riscos e informações. Fonte: o autor. 54WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 3. PLANEJAMENTO INTEGRADO NA CONSTRUÇÃO O planejamento de um projeto precisa ser integrado, isto é, todas as áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos devem ser planejadas de forma que exista coerência e sinergia entre os planos. Por exemplo, se o cliente deseja revestir o hall da edi� cação com mármore importado, os custos, prazos, equipes, riscos e outros fatores das diversas disciplinas do planejamento precisam ser adequados à esta escolha. É preciso que exista sinergia entre a programação das atividades, se o elevador será entregue em seis meses, o poço do elevador e a casa de máquinas devem estar prontos nesse prazo, bem como a infraestrutura de energia e demais instalações necessárias. Além dos aspectos gerenciais do planejamento de uma obra, o planejamento do canteiro também precisa ser de� nido de acordo com as necessidades da obra, de� nindo seu arranjo físico. O arranjo físico é a distribuição dos espaços de circulação, das máquinas e equipamentos, áreas de trabalho e lazer conforme as necessidades e restrições do terreno da obra. 3.1. Gerenciamento da Integração do Projeto 3.1.1. Termo de abertura Segundo o PMI (2017) o termo de abertura do projeto é o documento que autoriza formalmente o início das atividades do projeto. Esse documento contém as principais características do projeto, de acordo com a proposta anteriormente desenvolvida, e os limites de execução, como limites de prazos e custos. Esse documento usualmente é um documento interno da organização executora do projeto, mas pode também conter o visto do cliente ou outra empresa externa, caso necessário. O termo de abertura é como uma ordem de serviço, com conteúdo e grau de detalhamento � exíveis, podendo conter os seguintes dados: a) Objetivo do projeto; b) Principais entregas; c) Justi� cativas; d) Requisitos; e) Equipe principal; f) Nome do gerente do projeto; g) Prazos, custos e principais riscos; h) Partes interessadas; i) Restrições e premissas. Essa autorização para início da obra é uma forma de um nível hierárquico superior delegar a gestão e transferir parcialmente a responsabilidade de execução para um colaborador da sua empresa. Esse colaborador é chamado de gerente do projeto e passará a ser responsável pela sua execução de acordo com as características de� nidas, conforme ilustrado de forma simpli� cada na Figura 22. 55WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 Termo de abertura do Projeto Nome do projeto: Construção residência família Soares. Objetivo Construir uma casa de 300 m2 no centro de Maringá. Justifi cativa Atual residência não atende as necessidades da família. Requisitos 300 m2. Três quartos, sendo um suíte. Sala com dois ambientes. Área serviço integrada. Área gramada nos fundos e frente. Cobertura com telha barro. Partes Inte- ressadas Casal proprietário. Filhos. Prefeitu- ra. CREA. Equipe principal Empreiteiros. Engenheiro Civil. Arquiteto. Paisagista. Prazos Prazo total 8 meses. Custo R$ 750 mil. Riscos Fissura nas casas do entorno que são muito antigas. Restrições Rua estreita, com restrições de circulação de caminhões Premissas Haverá disponibilidade de material e mão de obra. Principais entregas Demolição. Implantação canteiro. Fundações. Estrutura e fechamen- to. Acabamentos e pintura. Nome do ge- rente Eng. Carlos Maringá, 20 de julho de 2019. Autorizado por Eliana, diretora de obras. Assinatura_________________ Visto do Gerente Carlos. Assinatura_______________ Figura 22 – Exemplo de termo de abertura para construção de residência. Fonte: o autor. 3.1.2. Project Model Canvas Uma prática interessante para desenvolver o termo de abertura do projeto que vem gradativamente ganhando força, é a elaboração do Project Model Canvas do projeto. O Project Model Canvas é uma metodologia visual para desenvolver o planejamento do projeto. Nesse caso, o projeto é planejado com o Project Model Canvas como uma ferramenta de planejamento e depois os dados são documentos em um termo de abertura que será assinado. Uma das vantagens do uso do Project Model Canvas é que ele é um documento visual, intuitivo, que pode ser atualizado ao longo da execução do projeto, de acordo com as informações que forem surgindo. Por exemplo, se existir uma alteração com inclusão de uma entrega no escopo, isso pode facilmente ser alterado, adequando prazos, custos, equipe ou outros elementos, visado manter o planejamento integrado. O Project Model Canvas é uma excelente ferramenta para integração do projeto. Os elementos de planejamento dele de� nem as questões básicas para qualquer tipo de planejamento: porque, o que, quem, como, quando e quanto (Figura 23): a) Porque – justi� cativa, objetivo SMART, benefícios; b) O que – produto, requisitos; c) Quem – stakeholders (partes interessadas), equipe; d) Como – premissas, grupo de entregas, restrições; e) Quando e quanto – riscos, linha do tempo, custos. 56WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 Figura 23 – Project Model Canvas. Fonte: Finocchio Junior (2013). 3.1.3. Tipos de canteiro de obra O planejamento do canteiro de obra pode ser de� nido como a criação do arranjo físico e dimensionamentos das instalações provisórias, instalações de segurança e sistemas de movimentação e armazenamento de materiais (SAURIN; FORMOSO, 2006). O bom planejamento do canteiro de obras está diretamente relacionado com a capacidade de cumprir os prazos e outras restrições do planejamento gerencial do empreendimento. Imagine que existe uma grande distância a ser percorrida pelos operários entre o estoque decimento e a betoneira. Esse deslocamento certamente irá gerar um gasto de tempo que poderá afetar negativamente o cronograma da obra. O posicionamento correto das instalações do canteiro de obras viabiliza a execução dos processos de forma mais e� ciente e e� caz. O Project Model Canvas é uma metodologia de gerenciamento de projetos brasi- leira, reconhecido na comunidade de gerenciamento de projetos como uma das boas práticas para um planejamento ágil de projetos. Saiba mais em: . 57WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 O canteiro de obras organizado também viabiliza a realização do trabalho em melhores condições de segurança. Colocando o refeitório, áreas de lazer e circulação em locais apropriados, instalando as devidas coberturas, corrimãos e guarda-corpos, o engenheiro garante mais conforto e segurança no trabalho dos seus colaboradores. O desperdício de materiais também tende a diminuir quando há uma clara de� nição do canteiro de obras. A organização viabiliza o uso apropriado dos materiais e sua separação ajuda a realizar um consumo mais consciente. Três tipos de canteiros de obra são usuais: longos e estreitos, restritos e amplos: a) Longos e estreitos: são canteiros para obras como construção de estradas, redes de gás ou petróleo e similares; b) Restritos: são aqueles onde a construção ocupa praticamente a totalidade do terreno disponível. É o caso de construção ou reformas realizadas em áreas urbanas, principalmente em áreas mais centrais nas cidades; c) Amplos: o canteiro ocupa uma parte relativamente pequena do terreno disponível para a obra, é o que ocorre na construção de barragens, obras industriais e construções rurais. Na construção civil em áreas urbanas podem ocorrer os três tipos de canteiros. Longo e estreito na construção de uma rede de distribuição de água, amplos na execução de um loteamento e restrito para edi� cações. Mas, o mais frequente são os canteiros restritos. Nesses casos, em especial, é fundamental um bom planejamento de canteiro visto que há pouco espaço e os erros são de difícil correção. Imagine que você posicionou a entrada da obra no lado direito da frente do terreno e construiu escritórios e refeitórios anexos ao portão, fechando todo o alinhamento frontal da obra e depois percebe que do outro lado há mais espaço para a manobra de caminhões. Trocar essas posições é praticamente impensável, caracterizando desperdício e desorganização. 3.1.4. Processo de planejamento do canteiro de obras Naturalmente, o processo de planejamento do canteiro de obras, precisa ser iniciado antes da obra. É importante que seja iniciado tão cedo quanto possível, para que se possa avaliar as alternativas disponíveis. Além disso, é preciso perceber o planejamento de canteiro de obras como um processo contínuo como qualquer outro processo gerencial. O planejamento do canteiro precisa evoluir na medida em que a obra avança e, normalmente, alguns elementos são alterados ao longo de sua execução para adequações às novas demandas das atividades de cada fase iniciada. Um dos primeiros passos para o planejamento de canteiros é o diagnóstico. Visitar o local da obra é necessário para compreender as características do terreno, do entorno, vias de acesso e infraestrutura urbana da região. O diagnóstico deve ser estruturado e incluir checagens de disponibilidade de acesso à água e energia, condições reais das vias e do terreno, registrando as observações com fotogra� as e vídeos. Com base nos dados coletados no diagnóstico, o arranjo físico preliminar pode ser estabelecido. Para mais informações sobre tipos de canteiros de obras e seu dimensionamento acesse: Mattos, A. D. A Importância do Arranjo do Canteiro. 2015. Disponível em: . 58WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 O arranjo físico preliminar é de� nido por meio de um croqui do layout do canteiro, visando estabelecer uma visão geral do aproveitamento do terreno e adequação dos elementos de acordo com as restrições das normas de segurança do trabalho e demais procedimentos adotados pela empresa. Uma vez de� nidas as posições desejadas das máquinas, equipamentos, estoques, áreas de convivência, escritórios e outras, a segunda fase do planejamento pode ser realizada, que é o detalhamento dos espaços, realizando os cálculos e tomando as demais decisões para o dimensionamento de cada setor. Feito esse dimensionamento o canteiro pode ser construído para a execução da obra, quando a última fase é realizada, a manutenção da organização do canteiro. A ssim, o processo de planejamento de canteiros de obras pode ser percebido segundo quatro fases principais: diagnóstico, arranjo físico preliminar, detalhamento dos espaços e manutenção da organização. Para Saurin e Formoso (2006), os croquis de planejamento de canteiros, devem conter: a) de� nição aproximada do perímetro dos pavimentos, diferenciando áreas fechadas e abertas; b) localização de pilares e outras estruturas que inter� ram na circulação de materiais ou pessoas; c) portões de entrada no canteiro (pessoas e veículos) e acesso coberto para clientes; d) localização de árvores que restrinjam ou inter� ram na circulação de materiais ou pessoas, inclusive na calçada; e) localização das instalações provisórias (banheiros, escritório, refeitório, etc.), inclusive plantão de vendas; f) todos os locais de armazenamento de materiais, inclusive depósito de entulho; g) localização da calha ou tubo para remoção de entulho; h) localização da betoneira, grua, guincho e guincheiro, incluindo a especi� cação do(s) lado(s) pelo(s) qual(is) se fazem as cargas no guincho; i) localização do elevador de passageiros; j) localização das centrais de carpintaria e aço; k) pontos de içamento de fôrmas e armaduras; l) localização de passarelas, rampas e/ou escadas provisórias com indicação aproximada do desnível; m) linhas de � uxo principais. Um cronograma com as etapas de implantação do canteiro de obras deve ser elaborado para orientar as atividades de construção e manutenção do canteiro. Recomendações práticas para as principais decisões iniciais e diagnóstico do canteiro de obras estão disponíveis nesse vídeo: Canteiro de Obras Planejado. O vídeo mostra uma entrevista com o professor Eduardo Qualarini que expressa sua visão prática no planejamento de canteiros: Canteiro de Obras Planejado. 2017. Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2019. 59WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 3.1.5. Tipos de arranjo físico de processo produtivo Dentre os tipos principais de arranjo físico de processos produtivos é possível destacar o arranjo físico por produto, o arranjo físico por processo, o arranjo físico celular e o arranjo físico posicional: a) Arranjo físico por produto: também conhecido como arranjo produtivo em linha, é o arranjo físico normalmente utilizado para produção de grandes volumes de produtos com baixa variedade. O � uxo do processo é � xo, no qual as máquinas e operadores possuem posições � xas e o produto segue o � uxo enquanto é montado. Um exemplo característico desse tipo de arranjo é a produção de automóveis; b) Arranjo físico por processo: nesse arranjo físico a posição das máquinas e equipamentos é de� nida pelo tipo de processo realizado. Por exemplo, uma área da empresa é reservada para corte de aço, outra para torno, outra área solda e uma área para pintura. Nesse arranjo, o produto pode seguir entre os processos sem um � uxo de� nido, de acordo com o tipo de produto que está sendo criado. Esse arranjo é o que acontece frequentementeem hospitais, cada setor possui um espaço de� nido e o paciente segue para um setor ou outro de acordo com as necessidades especí� cas, sem um � uxo padrão, como ocorre no caso do arranjo em linha; c) Arranjo físico celular: uma área da empresa possui todas as máquinas e equipamentos necessários para fabricação de um determinado produto. Por exemplo, em uma fábrica, podem ser montadas algumas “o� cinas” com todas as ferramentas necessárias, como todas as áreas contém máquinas de solda, todas contém um torno e assim por diante. Assim, em uma determinada área, praticamente todas as atividades necessárias para fabricar o produto estão disponíveis. Um exemplo desse tipo de arranjo são os quiosques montados em supermercados, como um espaço para festa junina onde é possível encontrar todos os produtos para este tipo de evento em um único espaço; d) Arranjo físico posicional ou por projeto: o produto criado � ca parado, e as máquinas, pessoas e equipamentos giram em seu entorno. É o arranjo principal para construção de navios, aeronaves e edi� cações. Outra tipologia de arranjo físico é o chamado arranjo misto ou composto, no qual mais de um arranjo é combinado para a de� nição dos processos de trabalho de uma empresa. Na realidade, é muito usual essa composição de arranjos de forma que o processo produtivo normalmente possui um arranjo físico principal e, dentro desse arranjo, outros arranjos são incluídos. Por exemplo, um hospital possui um arranjo físico principal posicional, no qual cada setor atende uma determinada especialidade. Dentro de cada setor é possível encontrar outros arranjos, uma área de triagem que funciona por produto, um centro de atendimento à mulher organizado como célula, uma área de pronto atendimento que funciona por processo, um centro cirúrgico com arranjo posicional e assim por diante. Conforme já exempli� cado anteriormente, em uma visão macro, uma obra de construção civil é um arranjo posicional, onde o produto (edi� cação) � ca parado e máquinas, equipamentos e operários giram em seu entorno para sua construção ou reforma. Dentro desse arranjo posicional, é possível de� nir outros arranjos, com arranjos por processos na área de formas ou arranjo celular para o corte e dobra de aço. Nesse contexto, o responsável pela obra deve conhecer as tipologias de arranjo físico para criar uma composição entre eles, de forma a melhorar a e� ciência e e� cácia da obra. 60WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 3 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade você viu que o gerenciamento de recursos humanos é importante para a formação das equipes de obras. Um grupo de pessoas é diferente de um time de alto desempenho. Assim, é preciso integrar os colaboradores e empreiteiros de diferentes especialidades para que possam desempenhar suas atividades de forma organizada, evitando retrabalho por falta de sinergia entre as partes. Para ter sinergia no trabalho é fundamental uma boa comunicação. Por isso, você também viu as características de boas informações que viabilizam a realização de uma comunicação e� caz na obra. Considerando que a comunicação é bidirecional, lembre-se sempre de pedir feedback para as demais pessoas visando checar o entendimento das mensagens transmitidas na comunicação. Nem toda comunicação é formal e escrita, mas toda comunicação afeta o desempenho da obra, por isso, é um papel central de engenheiros e arquitetos gerenciarem as comunicações nos empreendimentos, visto que normalmente estão no centro das discussões seja com acionistas, clientes, fornecedores e entidades de classe e � scalização. O desa� o da comunicação se torna maior pelo fato de usualmente trabalharmos com equipes formadas exclusivamente para um projeto em especí� co. Não se esqueça que cada obra é um novo caso, pois todo projeto é único em sua realização. Nesse sentido, há um ditado popular no ambiente de projetos que diz que a única certeza do projeto é a incerteza. Assim, vários imprevistos podem ocorrer em uma obra. Alguns de forma relativamente conhecida e outros em condições totalmente adversas. O fato é que o gerente da obra deve preparar sua equipe para tais imprevistos e planejar o que será feito caso alguma falha ocorra. Tais incertezas e potenciais falhas são estudadas no planejamento do gerenciamento de riscos. Você também viu a importância de integrar os planos das diversas disciplinas. O Project Model Canvas é uma metodologia de planejamento que pode ser usada para contribuir com a integração do projeto. Somado aos desa� os gerenciais da obra, o planejamento do canteiro de obras é um processo que não pode ser negligenciado, uma vez que as decisões do planejamento do canteiro afetarão todas as atividades da obra. 6161WWW.UNINGA.BR UNIDADE 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 63 1. CONCEITOS E FERRAMENTAS DA QUALIDADE ................................................................................................ 64 1.1. A QUALIDADE E SUA EVOLUÇÃO AO LONGO DOS ANOS ............................................................................... 64 1.1.1. DEFINIÇÃO DE QUALIDADE ............................................................................................................................. 64 1.1.2. ERAS DA QUALIDADE ...................................................................................................................................... 65 1.1.3. A MUDANÇA DA VISÃO DA QUALIDADE ........................................................................................................ 66 1.2. FERRAMENTAS DA QUALIDADE ...................................................................................................................... 67 1.2.1. FLUXOGRAMAS DE PROCESSO ..................................................................................................................... 67 1.2.2. LISTAS DE VERIFICAÇÃO .............................................................................................................................. 67 1.2.3. CARTAS DE CONTROLE .................................................................................................................................. 67 1.2.4. DIAGRAMA DE DISPERSÃO ........................................................................................................................... 68 QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL PROF. ME. ANDRÉ CARNEIRO GIANDON ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 62WWW.UNINGA.BR 1.2.5. DIAGRAMA DE CAUSA-E-EFEITO ................................................................................................................. 68 1.2.6. HISTOGRAMAS ............................................................................................................................................... 68 1.2.7. DIAGRAMAS DE PARETO ................................................................................................................................ 68 2. FUNDAMENTOS PARA DEFINIÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE ........................................... 69 2.1. PRINCÍPIOS DA QUALIDADE E A ISO 9000 .................................................................................................... 69 2.1.1. PRINCÍPIOS DA QUALIDADE .......................................................................................................................... 69 2.1.2. ISO 9000 .......................................................................................................................................................... 70 3. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................................................................71 3.1. PROGRAMA BRASILEIRO DA QUALIDADEE PRODUTIVIDADE NO HABITAT – PBQP-H.............................71 3.1.1. PROPÓSITO DO PBQP-H ..................................................................................................................................71 3.1.2. ESTRUTURAÇÃO DO PBQP-H ........................................................................................................................ 72 3.1.3. IMPORTÂNCIA DO PBQP-H PARA AS EMPRESAS ...................................................................................... 72 3.1.4. ATUALIZAÇÕES DO SIAC ................................................................................................................................ 72 3.1.5. CERTIFICAÇÃO PBQP-H E SIAC .................................................................................................................... 73 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................... 74 63WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 INTRODUÇÃO Nos primeiros tópicos desse material, um modelo do processo produtivo foi apresentado, conceituando a produção como a transformação de forma controlada de um conjunto de insumos em uma determinada saída, ou seja, produção está relacionado com transformação. Mas essa transformação só faz sentido se o produto ou serviço criado é útil para alguém. Para ter utilidade, é necessário que o produto ou serviço tenha qualidade. Caso contrário, di� cilmente atenderá as necessidades de um cliente. Embora um conceito frequentemente percebido como subjetivo, todas as pessoas esperam, de alguma forma, receber produtos de qualidade. No passado, ter um sistema da qualidade implantado foi considerado uma vantagem competitiva para muitas organizações. Atualmente, ter qualidade deixou de ser percebido como uma vantagem competitiva e passou a ser percebido como uma necessidade. Considera-se como um princípio básico a qualidade incorporada nos processos. O grande desa� o dos gestores é que a falta de qualidade é vista como um critério para desconsiderar a proposta ou o produto da empresa em questão. Por outro lado, possuir qualidade não assegura que sua empresa será consultada ou que o produto irá agradar o cliente. Esse contexto ilustra como a qualidade atualmente não é considerada como um diferencial competitivo, é considerada uma premissa básica em qualquer transação de negócio. A evolução do pensamento da qualidade decorre da facilidade de disseminação de informações e do desenvolvimento tecnológico dos últimos anos. Com a facilidade de disseminação de informações, os clientes estão mais informados, compreendendo as responsabilidades das empresas, os seus direitos e os critérios usuais para se considerar um produto ou serviço de qualidade. Nessa unidade você verá os conceitos de qualidade. Esses conceitos evoluem ao longo dos anos, conforme as práticas de gestão da qualidade vão sendo difundidas e como o mercado percebe a qualidade dos produtos e serviços. Também serão apresentados os sistemas de gestão, com ênfase nos sistemas de gestão de qualidade. Por � m, as certi� cações de qualidade e sustentabilidade na construção civil fazem o fechamento da unidade. 64WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 1. CONCEITOS E FERRAMENTAS DA QUALIDADE O gerenciamento da qualidade recentemente ganha muita atenção dos administradores das empresas. Possivelmente, essa postura decorre da evolução do conceito de qualidade e da forma como o mercado percebe a necessidade de qualidade nas empresas. Ter qualidade passou a ser uma necessidade, primeiramente para atender às expectativas de clientes, mas, além disso, o gerenciamento da qualidade ganha atenção, pois os administradores passam a perceber que ter qualidade pode estar associado à redução de custos nos processos produtivos. 1.1. A Qualidade e sua Evolução ao Longo dos Anos 1.1.1. Definição de qualidade De� nir qualidade é complexo e subjetivo, visto que seu conceito depende do contexto ao qual se avalia. Garvin (1992 apud Oliveira 2004) identi� ca cinco abordagens principais para de� nir qualidade: a) abordagem transcendental – q ualidade é sinônimo de excelência absoluta e universalmente reconhecida, nesse contexto Garvin (1992 apud Oliveira, 2004, p. 9) comenta “embora não se possa de� nir qualidade, sabe-se o que ela é”; b) abordagem fundamentada em produto – q ualidade é precisa e mensurável, na qual se veri� ca a qualidade por atributos desejados, se o produto tem as características, possui qualidade, se não confere algum atributo, não possui qualidade; c) abordagem fundamentada no usuário – a qualidade está nos olhos de quem a observa, embora cada cliente possa ter diferentes desejos e necessidades, se o produto atende às suas preferências é percebido como de qualidade; d) abordagem fundamentada em produção – u ma vez estabelecido o projeto de um produto, este deve ser seguido à risca, divergências em relação ao projeto implicam em falta de qualidade; e) bordagem fundamentada em valor – u m produto de qualidade possui desempenho e conformidade a um custo e preço aceitáveis. Segundo Davis (2001), o movimento da qualidade causou uma revolução no pensamento das pessoas e muitos gurus da qualidade surgiram. Dentre os grandes nomes da qualidade, três merecem destaque especial Philip Crosby, W. Eduards Deming e Joseph M. Juran. O autor apresenta as de� nições de qualidade dos três gurus: a) Crosby – qualidade é a conformidade com os requisitos; b) Deming – qualidade é um grau de uniformidade e dependabilidade previsíveis a baixo custo e adequado ao mercado; c) Juran – qualidade é adequação ao uso. Davis (2001) também cita o trabalho de Shewhart, que havia criado um modelo circular de melhoria contínua, de� nido por um ciclo planejar-executar-veri� car-atuar (PDCA – plan-do- check-act). 65WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 De acordo com a NBR ISO 9000:2015 a qualidade é “o grau em que um conjunto de características inerentes atende aos requisitos” (PMI, 2017). Souza (1997, p. 7) em seu relatório técnico para implantação de sistemas da qualidade na construção civil, de� ne qualidade como “satisfação total dos clientes internos e externos da empresa”. Para o autor, embora pareça simples, esse conceito permite uma aplicação prática bastante poderosa na rotina das organizações. 1.1.2. Eras da qualidade A qualidade pode ser vista sob diferentes perspectivas ao longo dos anos. Três grandes eras da qualidade podem ser caracterizadas: a) Era da inspeção; b) Era do controle estatístico; c) Era da qualidade total. Na era da inspeção, a veri� cação dos produtos um a um era considerada uma boa prática. Nesse período, o próprio cliente é considerado um elemento-chave para veri� car a inspeção de um determinado produto. Embora essa postura tenha sido considerada interessante, com o passar do tempo, percebeu-se que inspecionar um produto após sua execução gera pouco valor ao processo produtivo. Na realidade, inspecionar o item após sua produção não se consegue produzir qualidade. A avaliação dos itens apenas encontra erros, entretanto, permanece uma grande lacuna para a geração de qualidade. A segunda grande era é a do controle estatístico. Nessa fase, os produtos passam a ser veri� cados por amostragem. S e considera que estimando um número apropriado de amostras é possível ter indicadores su� ciente para perceber a qualidade de um lote de produtos. Nesse período o departamento de qualidade realiza as inspeções de produtos segundo suas análises da quantidade de itens produzidos e da amostra de� nida. Entretanto, permanece ainda uma visão de “caça àsonde você poderá aprender a fundamentação básica de planejamento e controle de um processo produtivo. Tipos de organizações empresariais e suas principais características também poderão ser lidos nessa unidade. Por � m, recomendações para análise da viabilidade econômica de empreendimentos são apresentadas para que você possa avaliar quando uma obra ou serviço de engenharia é viável para execução. 6WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - CONCEITOS DE GESTÃO DA PRODUÇÃO Desde o princípio dos tempos, o homem desenvolveu suas atividades tendo algum tipo de organização que permitisse ter melhor desempenho nas decisões. Alguns pesquisadores consideram que o homem teve as primeiras ideias de planejamento, em moldes análogos ao que temos atualmente, durante a revolução agrícola, a primeira grande era da história da humanidade. Para To� er (1995), três grandes ondas mudaram totalmente a forma do ser humano fazer as coisas. O autor chama de três grandes ondas: era agrícola, era industrial e era da informação. Figura 1 – Três grandes eras da história. Fonte: o autor. Uma mudança de era é uma grande revolução. Em cada revolução mudam as relações de poder, a forma de se trabalhar e de fazer negócios, e a forma de conviver com as pessoas. Decorrente dessas mudanças, há um enorme salto de qualidade de vida. Mais recentemente, os estudiosos consideram que estamos entrando em uma nova grande era, da Indústria 4.0 (também conhecida como Internet Industrial). Nessa mudança, o avanço das tecnologias afetará drasticamente a forma de fazer negócios nas empresas, e as práticas de trabalho, em especial, de se planejar, mudam também. Quando tudo está calmo, o planejamento muitas vezes é até negligenciado pelas pessoas e organizações. Mas, nesse contexto dinâmico dos dias atuais, o planejamento é mais importante ainda. Quanto mais turbulento o ambiente, mais preparadas as pessoas precisam estar, cresce a importância do planejamento. Para Melo (2012), neste novo cenário há fatores que são críticos para o sucesso das empresas de construção, agilidade, capacidade de adaptação, poder de inovação, e o potencial a aprimorar continuamente seus processos de trabalho. Não se consegue atingir o sucesso, considerando os fatores citados e a dinâmica da construção civil, sem um bom planejamento. O planejamento surge da necessidade de organização e é o principal mecanismo para o sucesso de qualquer empreendimento (XAVIER; XAVIER; MELO, 2014). Nesse contexto, é necessário fortalecer os sistemas de gestão. Em especial, investir esforços em gestão da produção. 7WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Veja os impactos da Indústria 4.0 na economia no vídeo: Bem-vindo à era da Inter- net Industrial. 2013. Disponível em: . Acesso em: 03 dez. 2018. Depois de assistir esse fi lme, você poderá compreender melhor as grandes trans- formações nas indústrias, inclusive na construção civil, decorrentes da Internet das Coisas. As máquinas poderão se comunicar de forma mais efi ciente, em que sistemas inteiros (como de transporte) poderão trocar dados com outros siste- mas, alterando completamente a dinâmica das coisas. Você deve ser organizar para criar edifi cações preparadas (por exemplo, quais as mudanças necessárias nas garagens das edifi cações em virtude do uso de carros elétricos e inteligen- tes?), bem como, para adequar os modelos de gestão das empresas a essa reali- dade. 1.1. Gestão da Produção 1.1.1. Produção e operações Todas as atividades laborais são consideradas atividades produtivas. O “estudo da produção” como ciência teve início em estudos de fabricação de produtos. Os pro� ssionais avaliavam o desempenho do trabalho de acordo com as atividades realizadas, os respectivos recursos e resultados alcançados. De forma geral, é possível explicar a produção, ou o ato de produzir, como um conjunto de ações que agregam valor a algo. Nesse sentido, quando se extrai minério e este é transformado em aço, estamos agregando valor ao insumo, transformando-o em matéria-prima. Quando o aço é usado na construção civil como um pórtico, estamos agregando valor ao aço, transformando-o em uma estrutura para construção civil. A pintura desse pórtico irá agregar mais valor e, assim, todas essas atividades – extrair minério, criar aço, construir pórticos ou pintar – são exemplos de atividades produtivas. Além da fabricação de produtos, não se pode esquecer da prestação de serviços. Atualmente vários conceitos de produção são utilizados para o planejamento e controle de serviços. Geralmente, é costume chamar de produção quando se trata de produtos e chamar de operação para o caso de serviços. Nessa apostila, o termo produção será utilizado de forma ampla, abrangendo tanto atividades para desenvolvimento de produtos como para o desenvolvimento de serviços. É possível dizer que produção é qualquer processo que tenha por objetivo transformar um conjunto de entradas em um conjunto especí� co de saídas. Mas isso ainda seria uma de� nição muito simpli� cada, para caracterizar melhor a atividade produtiva, vale observar a necessidade de atender algum propósito, um valor para alguém. Portanto, nessa apostila considere produção como um ou mais processos que tem por objetivo transformar um conjunto de entradas em um conjunto especí� co de saídas, de acordo com os objetivos de� nidos, visando atender necessidades de clientes internos ou externos da organização. 8WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.1.2. Gestão da produção Administrar envolve organizar, planejar, dirigir e controlar. Na gestão da produção, os conceitos de administração devem ser aplicados na produção. A gestão da produção e nvolve organizar as atividades produtivas, de forma que os recursos do processo produtivo possam ser empregados dentro de um sistema de� nido, onde são transformados de forma controlada, para que possam gerar valor de acordo com o objetivo estabelecido para o sistema. Segundo Chiavenato (2014), produção é um conjunto de atividades que proporcionam conversão das coisas em algo que possa ser útil, e operação é a utilização de recursos e competências para oferecer serviços de qualidade. O autor ainda destaca que tanto produção quanto operação requerem recursos e competências para gerar resultados. Assim, é possível estabelecer um modelo genérico de processo produtivo que caracteriza o ambiente de produção (Figura 2). Figura 2 – Modelo genérico de processo produtivo. Fonte: o autor 1.2. Construção Civil e a Gestão da Produção A construção civil é uma área da engenharia civil que abrange atividades para produção de obras. Para Portugal (2017) a construção civil possui dois grandes grupos de segmentos: edi� cações e construção pesada. Exemplos do segmento edi� cações são: obras habitacionais e de edifícios comerciais, industriais, agropecuários e demais edi� cações para uso público e privado. Na construção pesada, os principais exemplos são: obras de infraestrutura como rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos, usinas hidroelétricas, barragens, saneamento e outras. Segundo Lindoso (2000, p. 9) Construção Civil abrange todas as atividades de produção de obras. Estão incluídas nesta área as atividades referentes às funções planejamento e projeto, execução e manutenção e restauração de obras em diferentes segmentos, tais como edifícios, estradas, portos, aeroportos, canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras de saneamento, de fundações e de terra em geral, estando excluídas as atividades relacionadas às operações, tais como a operação e o gerenciamentobruxas”, pois a equipe de qualidade aponta o defeito, de� nindo seu foco de trabalho em encontrar erros. Essa postura, também deixa uma lacuna na geração de qualidade. Já na era da qualidade total, vários aspectos do gerenciamento da qualidade passam por um grande salto de nível de maturidade. Nesse período, a veri� cação da qualidade passa a buscar a qualidade durante o processo produtivo, e não apenas após a produção do item. O objetivo é identi� car as falhas antes de que tais problemas possam ser percebidos pelos clientes e parceiros de negócios. Para que a qualidade possa ser incorporada ao processo, cria-se uma visão de que toda a empresa é responsável pela gestão da qualidade, e não apenas um departamento da qualidade como acontecia até então. Nesse período a ênfase deixa de ser a busca de falhas e passa a ser a ênfase na prevenção de defeitos. Além disso, o foco no cliente passa a ser um fator decisivo para a de� nição dos modelos de gestão da qualidade, incluindo a garantia e controle da qualidade. Assim, nessa era, busca-se assegurar a qualidade, antecipando as inspeções que antes aconteciam ao � nal da produção de um item e nesse período passam a ser incorporadas nas atividades do processo produtivo. 66WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 1.1.3. A mudança da visão da qualidade Conforme já apresentado anteriormente, três grandes eras caracterizam a evolução do pensamento da qualidade. Mas é possível avaliar de forma mais detalhada várias características desse pensamento da qualidade. Primeiramente é possível analisar quem é o responsável pela qualidade. No passado a visão era de que os operários eram responsáveis pela qualidade dos produtos. Com o passar dos anos se percebeu que sozinhos os operários não garantem a qualidade, pois muitas decisões são tomadas além dos limites do chão de fábrica que afetam a qualidade dos produtos. Por isso, hoje se sabe que a qualidade é responsabilidade de todos. Desde os altos executivos das empresas, passando pelos níveis de gerências, incluindo assessorias, consultorias até o chão de fábrica, sejam de mão de obra própria ou de serviços terceirizados, todos os envolvidos no desenvolvimento de um produto ou serviço são responsáveis pela qualidade. Outra mudança é em relação aos defeitos. Inicialmente se acreditava que a melhor solução era esconder os defeitos encontrados. Imagine que um encanador percebe que uma determinada instalação não está adequada e esconde o fato dos demais envolvidos. O problema irá aparecer futuramente e a construtora será responsabilizada. Por isso, se adota uma postura de que os defeitos devem ser informados aos demais para que seja possível solucionar o problema e aprender com os erros cometidos para não se repetir futuramente. A responsabilidade sobre os problemas também evoluiu. Ao avaliar a responsabilidade no pensamento passado a ideia era apontar os culpados e punir os envolvidos no problema. Imagine que um eletricista utiliza uma versão desatualizada do projeto para fazer as instalações em um apartamento. Não basta punir o eletricista ou a pessoa que lhe entregou o projeto, pois isso não melhora a qualidade dessa ou de outras obras. Hoje a percepção é de que independente das responsabilidades diretas das tarefas nas quais se identi� cou o problema a busca por soluções e aprendizado deve ser coletiva, incluindo outras pessoas dos processos envolvidos de forma colaborativa para que todos percebam o problema e colaborem com a solução. Em relação aos registros de falhas acreditava-se que a documentação deveria ser com poucos detalhes, de forma a simpli� car os registros. Mas isso pode di� cultar análises futuras para prevenção de falhas. Assim, hoje a recomendação é que os registros tenham detalhes que permitam identi� car claramente o contexto e compreender as causas dos problemas. A visão sobre os custos da qualidade também sofreu uma grande mudança. Investir em qualidade, por vários anos, foi percebido como um custo a mais. Imagine uma simples inspeção para avaliar se um apartamento está com todas as instalações em perfeito funcionamento. É preciso criar um processo de análise, uma lista de veri� cação, uma visita no local, registros fotográ� cos, relatórios, treinamentos, decisões sobre como proceder em cada tipo de situação, horas e horas de trabalho. Por isso, se percebe como custo. Entretanto, hoje a visão é que vale investir em qualidade antes para valorizar o negócio depois. Ou seja, investir em qualidade, apesar dos custos, gera lucro. Assim, as empresas buscam formas de incorporar a qualidade nas etapas intermediárias dos processos para assegurar bons produtos e lucratividade. 67WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 Quais os impactos para uma empresa que percebe a qualidade como custo e deci- de cortar investimentos em qualidade? Naturalmente há vários custos associados aos processos preventivos de qualidade. Mas, quando uma empresa não investe seriamente em qualidade, consequências indesejadas poderão aparecer. O pior ocorre quando os impactos chegam até o cliente e este percebe o descaso com a qualidade. O prejuízo para a imagem do produto e para a imagem da empresa podem ser irreversíveis, ao ponto em que o cliente passa a desconsiderar a exis- tência da empresa nas suas próximas necessidades de aquisições. O atendimento às expectativas do cliente passou a ser o foco nas empresas. Anteriormente, o foco era uma análise muito interna, avaliando a qualidade “apenas com olhar do chefe” para dentro da empresa. Recentemente se busca avaliar a necessidade de qualidade “com o olhar do cliente”. 1.2. Ferramentas da Qualidade Diferentes ferramentas podem ser utilizadas para realizar o controle da qualidade. Sete ferramentas são mais usuais na literatura (DAVIS, 2001): � uxogramas de processos, cartas de controle, listas de veri� cação, diagramas de dispersão, diagramas de causa-efeito, diagramas de Pareto e histogramas. 1.2.1. Fluxogramas de processo Os � uxogramas de p rocesso apresentam cada passo para desenvolver um produto ou prestar um serviço. Nesses diagramas, as atividades normalmente são representadas por retângulos e os pontos de decisão por losangos. Utiliza-se linhas com setas representando a sequência ou � uxo do processo. O termo mapeamento de processos é empregado para a elaboração de � uxogramas. 1.2.2. Listas de verificação São listas nas quais se veri� ca a frequência de problemas encontrados nos processos. Trata-se de uma contagem de erros que poderá ser usada para avaliar a e� cácia dos processos de trabalho. 1.2.3. Cartas de controle S ão grá� cos gerados a partir da marcação dos dados ao longo de uma linha do tempo. Nessas cartas é possível veri� car pontos de controle para os eventos de acordo com a frequência que os mesmos aparecem, gerando os grá� cos de controle. Quando o processo está entre os limites de controle, não há decisão a ser tomada. Quando o processo possui uma determinada quantidade de pontos que ultrapassam a linha de controle há uma decisão gerencial a ser tomada. 68WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 1.2.4. Diagrama de dispersão São grá� cos de dispersão u sados para determinar se existe relação entre duas variáveis. Por exemplo, é possível registrar a quantidade de água e a resistência obtida no concreto para veri� car a relação entre essas duas variáveis. 1.2.5. Diagrama de causa-e-efeito De� nidos por Kaoru Ishikawa, é também conhecido como diagrama de Ishikawa ou diagrama de espinha de peixe. Esse diagrama b usca avaliar todas as possíveis causas potenciais para a existência de uma consequência pesquisada. 1.2.6. Histogramas Histogramas são grá�cos usualmente aplicados para representar vários atributos que podem ser contados para comparação do número de ocorrência dos mesmos. 1.2.7. Diagramas de Pareto São grá� cos de barras que representam a frequência de ocorrência de um determinado atributo, no qual as barras são organizadas de forma decrescente, visando identi� car prioridades em um sistema ou processo. A análise de Pareto se popularizou como um princípio fundamental para priorizar as coisas e manter o foco no que é mais importante. Popularmente o princípio de Pareto recebeu a denominação regra do 80-20. Nessa visão popular, sugere-se que 80% dos efeitos são consequência de 20% das causas. Ou seja, se o profi s- sional identifi car quais são os 20% dos problemas que geram 80% dos impactos negativos em seu trabalho, priorizando a solução desses 20%, resolve-se a maior parte dos seus problemas. Outros exemplos poderiam ser 20% dos clientes de uma empresa geram 80% dos resultados (assim o empresário pode direcionar certos tipos de esforços ou benefícios para esses clientes), 20% dos materiais de uma obra representam 80% do seu orçamento (assim o engenheiro pode focar o controle de estoque naqueles materiais mais importantes). 69WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 2. FUNDAMENTOS PARA DEFINIÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE 2.1. Princípios da Qualidade e a ISO 9000 2.1.1. Princípios da qualidade Davis (2001) apresenta os princípios dos principais pensadores da qualidade, incluindo Deming, Crosby e Ishikawa. Esses princípios, podem nortear os pro� ssionais das empresas de engenharia na elaboração dos seus sistemas de gestão de qualidade. São princípios de Deming (DAVIS, 2001): a) criar a constância de propósitos; b) adotar uma nova � loso� a; c) cessar a dependência da inspeção; d) não selecionar fornecedores com base no preço; e) melhorar constantemente o sistema; f) instituir treinamento no trabalho; g) instituir liderança; h) eliminar o medo; i) romper as barreiras interdepartamentais; j) eliminar slogans e exortações; k) eliminar quotas ou padrões de trabalho; l) fazer com que as pessoas sintam orgulho do trabalho; m) instituir um programa de educação e aperfeiçoamento; n) executar as ações para a transformação. Crosby possui os seguintes princípios (DAVIS, 2001): a) crie envolvimento da administração; b) forme equipes interdepartamentais para melhoria da qualidade; c) estabeleça mensuração da qualidade; d) avalie o custo da qualidade; e) estabeleça a consciência pela qualidade; f) instigue ação corretiva; g) organize um comitê especí� co para o zero defeitos; h) supervisione o treinamento dos funcionários; i) estabeleça o dia zero defeito; j) estabeleça metas para os funcionários; k) elimine as causas dos erros; l) reconheça o cumprimento e superação das metas; m) estabeleça conselhos da qualidade; n) repita os passos anteriores sistematicamente. 70WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 São princípios de Ishikawa (DAVIS, 2001): a) a qualidade começa e termina na educação; b) a primeira etapa na gestão da qualidade é conhecer as necessidades do cliente; c) o estágio ideal do controle da qualidade é quando a inspeção do produto não é necessária; d) remova as causas do problema, não somente os sintomas; e) o controle da qualidade é responsabilidade de todos; f) não confunda os meios com os objetivos; g) coloque a qualidade como prioridade e busque a lucratividade no longo prazo; h) o marketing é a entrada e a saída da qualidade; i) a alta administração deve se ater aos dados apresentados; j) 95% dos problemas podem ser resolvidos com o uso de ferramentas simples; k) dados sem variabilidade são falsos. Mais recentemente, as normas ISO trazem uma série de princípios identi� cados para que a alta direção conduza a melhoria do seu desempenho. São eles (ABNT, 2015): a) foco no cliente: Atender às suas necessidades atuais e futuras, empenhar-se em superar as suas perspectivas; b) liderança: os lideres estabelecem um direcionamento e desenvolvem meios para que as pessoas possam estar envolvidas no propósito de atingir os objetivos da organização; c) engajamento de pessoas: funcionários de todos os níveis da organização, com poder, competência e engajamento são fundamentais para que as capacidades sejam empregadas em benefício da mesma; d) abordagem de processo: o resultado desejado é alcançado quando os recursos e as atividades são compreendidos e gerenciados como processos relacionados entre si de forma coerente; e) melhoria: Organizações bem-sucedidas tem foco permanente na melhoria contínua; f) tomada de decisão com base em evidência: análises e avaliações realizadas de forma criteriosa proporcionam a tomada de decisão mais coerente de acordo com os resultados desejados; g) gestão de relacionamento: o gerenciamento do relacionamento com as partes interessadas otimiza o desempenho. 2.1.2. ISO 9000 As normas ISO’s foram elaboradas pela International Organization for Standardization - ISO (Organização Internacional de Normatização), uma organização não governamental fundada em 1947 por uma comissão de 162 países, com a � nalidade de promover o desenvolvimento de normas internacionais para os negócios, governo e sociedade, com ferramentas práticas para o desenvolvimento econômico, ambiental e social (FANTONI, 2016). O objetivo principal da ISO é desenvolver uma organização que possa facilitar trocas internacionais de bens e serviços, coordenando e uni� cando normas industriais internacionais. Em 1987, a organização aprovou e publicou a série ISO 9000, que compreendem as normas ISO 9000, ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003 e ISO 9004, que fornecem orientações sobre gestão da qualidade, além de suporte para o sistema de gestão das empresas, utilizados pelas organizações para projetar, produzir e fornecer produtos, além dos serviços associados aos produtos fornecidos (SUKSTER, 2005 apud VALE; GIANDON, 2017). 71WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 O modelo e gestão mais difundido globalmente é a série de Normas ISO 9000. E a norma mais popular é a NBR ISO 9001:2015 que estabelece os critérios e princípios para um sistema de gestão da qualidade, sendo a única da série que pode ser certi� cada (FANTONI, 2016). 3. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL O movimento da qualidade na construção civil foi impulsionado pela criação e popularização das normas ISO nas décadas de 1980 e 1990. Apesar dos esforços, e usando os padrões da norma, as de� nições não se encaixavam apropriadamente na construção civil. Dentre os aspectos mais relevantes, as normas tinham grande aderência a processos repetitivos e seriados de fábricas, ou seja, um contexto diferente dos projetos da construção civil. Nesse contexto surgiram propostas que tentavam viabilizar a aplicação dos princípios da qualidade das normas ISO na construção civil, como o Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo (QUALIHAB) e o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H). 3.1. Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat – PBQP-H 3.1.1. Propósito do PBQP-H O PBQP-H é um programa criado pelo Governo Federal para cumprir compromissos da Carta de Istambul, da Conferência do Habitat, em 1996. O Programa visa organizar o setor da construção civil com foco na melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva. Seu objetivo geral é “elevar os patamares da qualidade e produtividade da construção civil, por meio da criação e implantação de mecanismos de modernização tecnológica e gerencial...” (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2019). Nesse sentido, o PBQP-H possui os seguintes objetivos especí� cos (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2019): O auditor daAPCER Brasil, José Oliveira, apresenta uma visão de oportunidade para empresas construtoras a partir da implantação do PBQP-H. O auditor desta- ca as dores dos empresários na gestão de obras e debate como o Programa pode contribuir na organização de processos: Por que implementar o PBQP-H?. Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2019. 72WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 a) universalizar o acesso à moradia; b) fomentar o desenvolvimento e implantação de instrumentos de garantia de qualidade em projetos e obras; c) fomentar garantia da qualidade em materiais, componentes e sistemas construtivos; d) combater a não conformidade técnica em materiais, componentes e sistemas construtivos; e) estruturar programas de quali� cação de mão de obra; f) promover aperfeiçoamento e difusão de normas e códigos de obras; g) coletar e disponibilizar informações sobre a construção e sobre o Programa; h) apoiar a introdução de inovação tecnológica; i) promover a melhoria da qualidade na gestão nas diversas formas de projetos e obras habitacionais; j) promover a articulação internacional com ênfase no Cone Sul. 3.1.2. Estruturação do PBQP-H O PBQP-H foi estruturado em projetos, num modelo de estrutura matricial, na qual os projetos podem ser incluídos ou excluídos do programa conforme a necessidade a atingimento dos objetivos especí� cos. Os principais projetos do PBQP-H são (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2019): a) Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras – SiAC; b) Quali� cação de Empresas de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos – SiMaC; c) Sistema Nacional de Avaliações Técnicas – SINAT. 3.1.3. Importância do PBQP-H para as empresas Para a obtenção de � nanciamentos junto a instituições de crédito tais como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil é condicionado a adesão ao programa, pois essas entidades consideram a adesão ao PBQP-H um pré-requisito para a obtenção dos � nanciamentos. Para participar de licitações em órgãos públicos, como licitações de prefeituras, por exemplo, também se exige a adesão ao Programa. 3.1.4. Atualizações do SiAC As disposições para participação das empresas no PBQP-H estão no regimento para execução de obras, referenciais normativos, requisitos e outras considerações gerais do SiAC. Naturalmente o regimento do SiAC evolui e passa por mudanças, com as atualizações nos anos de 2017 e 2018, algumas características que passam a estar presente, e duas delas merecem destaque: a) Adequação com requisitos e critérios da Norma de Desempenho ABNT NBR 15.575; b) Alinhamento com a ISO 9001:2015, com o qual as empresas podem aderir ao PBQP-H e, no caso de atenderem aos requisitos, podem obter a certi� cação ISO 9001:2015. 73WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 Para mais informações sobre as recentes atualizações dos documentos do SiAC leia o Regimento Geral e Regimento Específi co da Especialidade Técnica Execu- ção de Obras. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras – SiAC. Brasília, 2018. Disponível em: . 3.1.5. Certificação PBQP-H e SiAC Existem dois níveis de certi� cação do PBQP-H, A e B. Para obter a certi� cação nível A, é necessário implantar 100% do sistema de gestão da qualidade conforme disposto no SiAC, já a certi� cação nível B, cerca de 40% ao sistema deve estar implantado. Para obtenção das certi� cações é necessário compreender a norma do SiAC, adequar-se às exigências da mesma. Recomenda-se, então, realizar uma pré-auditoria para corrigir eventuais falhas nos processos e contratar um órgão certi� cador. Os certi� cadores, de� nidos como Organismos de Avaliação de Conformidade – OAC que estão autorizados a realizar a auditoria para acreditação das empresas estão listados no link “Organismos Certi� cadores” em . Vale e Giandon (2017) apresentam uma experiência de desenvolvimento de um Roteiro de Implantação de Sistema de Gestão da Qualidade em Construtoras de Pequeno e Médio Porte em conformidade com os requisitos do SiAC em que os principais passos para o planejamento e implantação do projeto de criação do sistema de gestão são explicados. Segundo Souza (1997), o sistema de gestão da qualidade deve contemplar a garantia da qualidade dos vários processos da empresa. Isso inclui, além dos processos técnicos e de obras, processos comerciais e administrativos. O autor destaca ainda a necessidade do sistema de qualidade incluir os requisitos da qualidade previstos nas normas ISO 9000, traduzidos para as empresas construtoras, incluindo os seguintes elementos: a) Política e organização do sistema da qualidade; b) Qualidade no processo comercial; c) Qualidade nos recursos humanos; d) Qualidade no projeto; e) Qualidade na aquisição; f) Qualidade no gerenciamento e execução de obras; g) Qualidade na entrega da obra e manual do usuário; h) Qualidade na fase de uso e operação; i) Indicadores de qualidade e produtividade. 74WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 4 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa unidade você viu os principais conceitos de qualidade. Embora a de� nição de qualidade possa ser subjetiva, como cita Crosby, as pessoas podem não conseguir explicar a de� nição de qualidade, mas sabem o seu signi� cado (DAVIS, 2001). O pensamento da qualidade evoluiu ao longo dos anos, passando dos princípios de qualidade baseados na inspeção, para a era do controle estatístico da qualidade e, � nalmente a era da qualidade total, com a qualidade incorporada aos processos, visão que norteia os sistemas da qualidade até os tempos atuais. A construção civil possui características distintas das empresas que fabricam seus produtos em processos conhecidos e repetitivos. A construção civil é baseada em projetos, que são únicos e exclusivos. Assim, a construção civil acompanhou o processo de evolução do pensamento da qualidade nas décadas de 1980 e 1990, mas teve di� culdade para implantar normas de qualidade criadas para indústrias com um contexto diferenciado das características da indústria da construção. Assim, foram feitos esforços para adaptar as normas e aplicar apropriadamente os princípios da qualidade, respeitando as particularidades da construção civil. Nesse contexto, surgiu o PBQP-H, um programa do Governo Federal, que baseado em uma dúzia de projetos tem por objetivo melhorar a qualidade da execução de obras e serviços para as habitações, tendo como uma visão macro melhorar as condições de habitação da população brasileira, com foco na população de baixa renda. A importância do PBQP-H para as empresas não está no simples fato de se orgulhar de possuir um sistema da qualidade de acordo com os padrões para obtenção de uma certi� cação. Para muitas empresas, é condição de sobrevivência uma vez que para obtenção de � nanciamentos e participação em licitações públicas é necessário aderir ao Programa, de acordo com os requisitos e diretrizes do SiAC. Muitos empresários perceberam que investir no PBQP-H melhora, de fato, as condições de competitividade de seus negócios. Isso devido ao fato do programa possuir requisitos não apenas na área técnica, mas também exigindo que os participantes desenvolvam suas áreas administrativas, relacionamento com fornecedores e outros aspectos que impactam positivamente a participação da empresa em sua cadeia de valor. A implantação de um sistema de qualidade deve ser planejada, uma vez que afeta praticamente todas as áreas de uma empresa. Assim, a alta administração deve estar totalmente comprometida para que se apoie o desenvolvimento dosplanos e se assegure continuidade nos sistemas de gestão de qualidade. 75WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS ABNT. NBR ISO 9000: Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e Vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. BURGER KING DO BRASIL. Sobre o BK®. 2018. Disponível em . Acesso em 03/12/2018 MATTOS, A. D. A Fórmula do BDI. 2015. Disponível em Acesso em 04/12/2018. MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. Planejamento de obras passo a passo aliando teoria e prática. SÃO PAULO: PINI, 2010. MELO, M. Gerenciamento de Projetos para a Construção Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2012. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H. Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2019. OLIVEIRA, O. J. Gestão da Qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Pioneira � omson Learning, 2004. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE – PMI. Um Guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK®). 6ª ed. Pennsylvania: Project Management Institute, 2017. PORTUGAL, M. A. Como Gerenciar Projetos de Construção Civil: do orçamento à entrega da obra. Rio de Janeiro: Brasport, 2017. STAIR, R. M. Princípios de Sistemas de Informação: uma abordagem gerencial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Cientí� cos Editora S.A., 1998. 76WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS SOUZA, R. Metodologia para Desenvolvimento e Implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade em Empresas Construtoras de Pequeno e Médio Porte. São Paulo: EPUSP, 1997. TOFFLER, A. A Terceira Onda. 20 ed. Rio de Janeiro: Record, 1995. THE COCA-COLA COMPANY. Our Company: vision, mission & values. 2018. Disponível em: . Acesso em: 03 dez. 2018. VALE, F. Q.; GIANDON, A. C. Roteiro de Implantação de um Sistema de Gestão de Qualidade em Construtoras de Pequeno e Médio Porte. Revista Uningá Review, v. 32, n. 1, p. 195 - 214, out. 2017. XAVIER, C. M. S.; XAVIER, L. F. S.; MELO, M. Gerenciamento de Projetos de Construção Civil: uma adaptação da metodologia Basic Methodware®. Rio de Janeiro: Brasport, 2014.de sistemas de transportes, a operação de estações de tratamento de água, de barragens, etc. 9WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A construção civil é uma das principais indústrias brasileiras. Possuindo características bastante peculiares, o processo construtivo na construção civil pode incluir práticas milenares, por exemplo, ao erguer uma parede com blocos, assentando um a um, bem como tecnologia de ponta, como o uso de piso autonivelante. Não é incomum obras adotarem simultaneamente processos muito tradicionais, antigos, simultaneamente a processos novíssimos, inovadores. Nesse contexto, há um grande desa� o para organizar o processo produtivo da construção civil. E o desa� o é ampliado por sazonalidades decorrentes do macroambiente econômico, como � utuações de câmbio dólar/real ou mudanças legislativas, instabilidades políticas e de programas de incentivo ao setor. Seja pa ra o desenvolvimento de um projeto, ou para a execução de uma obra, há uma necessidade de planejar o uso dos recursos materiais, da força de trabalho, de máquinas e equipamentos, de forma que se possa extrair o máximo de valor gerado (benefício) com o menor esforço, permitindo que se tenha um custo reduzido. Há uma quantidade enorme de recursos que precisam ser planejados e controlados (Quadro 1). A complexidade para que os pro� ssionais da construção consigam desempenhar um planejamento e controle apropriados, decorre ainda dos vários tipos de projetos que estão envolvidos. Para Portugal (2017), a vasta quantidade de projetos existentes envolve ao menos duas grandes cadeias produtivas: a de edi� cações e a de construção pesada. Em edi� cações, a partir do comércio e distribuição de materiais de construção pode-se ter: manutenção, reformas, construção formal e informal e a comercialização de bens. Já na construção pesada, as iniciativas podem incluir: gestão de contratos de subempreiteiros, gestão de projetos, infraestrutura urbana, montagem industrial, infraestrutura de transportes, operação e manutenção. Os gestores da construção civil devem compreender os processos de gestão dos diferentes recursos para os diferentes tipos de obra. Quadro 1 – Recursos empresariais na construção civil. Fonte: o autor. O gerenciamento deve ocorrer em todas as categorias dos recursos necessários para a execução dos serviços envolvendo as diversas fases da obra. A � nalidade disto não está apenas nos processos de planejamento e controle, mas para solucionar questões entre várias entidades, tais como projetistas, fornecedores, empreiteiros e órgãos públicos (XAVIER; XAVIER; MELO, 2014). 10WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Falhas de programação de atividades, podem resultar em esperas desnecessárias, desperdício de materiais, ine� ciência de mão de obra, retrabalho ou patologias, fatores que sempre impactam negativamente os custos do empreendimento e baixam a produtividade das empresas do setor. Erros de estimativas de custo, podem resultar em falta de recursos � nanceiros para contratação de serviços terceirizados, falta de material, uso de equipamentos improvisados, atrasos no início ou término de atividades e atrasos de pagamentos em geral que podem comprometer a lucratividade ou até a viabilidade de um determinado empreendimento. Ausência de controle do processo produtivo pode resultar em aquisições e contratações desnecessárias, desperdício de materiais, esquecimentos de datas importantes, descumprimento de contratos, insatisfação geral dos envolvidos ou outras falhas que prejudicam o desempenho da obra ou da edi� cação. Por esses motivos, investir em gestão da produção na construção civil é tão importante. Não se pode esperar que as obras de uma empresa sejam cada vez melhores se a organização não possui planos e registros dos processos produtivos (e respectivos recursos). Sem planejamento e controle di� cilmente se tem aprendizado para melhorar a e� ciência e e� cácia nos projetos, construções e reformas da construção civil. Entregar a obra, mesmo que no prazo, nem sempre é sinônimo de excelência. A edi� cação pode estar perfeita (qualidade do produto), porém, foram desperdiçados recursos humanos e materiais. Por outro lado, há casos onde a empresa busca excelência na gestão de seus recursos, mas não atinge os objetivos. A Figura 3 mostra as várias possibilidades de e� ciência e e� cácia. Para mais informações sobre aspectos de produtividade na construção civil, leia este manual produzido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC: SOUZA. U.E.L. Manual básico de indicadores de produtividade na construção civil / Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, Felipe Germano Morasco, Guilherme Nicacio Brito Ribeiro. Brasília, DF: CBIC, 2017. Disponível em: . 11WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 3 – Juntando e� ciência e e� cácia. Fonte: Chiavenato (2014). 2 - ESTRUTURAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS Antes de pensar sobre como organizar uma obra ou um projeto, há um passo anterior de extrema importância, que é o planejamento da organização como um todo. Nesse sentido, as empresas devem pensar em uma visão estratégica, ou seja, é necessário desenvolver um planejamento estratégico empresarial. Além disso, a empresa precisa que seus envolvidos saibam qual é o papel de cada um, e quem tem autoridade sobre quem. Por exemplo, quantos diretores a empresa deve ter, quantos gerentes, como são organizados os departamentos, dentre outros aspectos. Tais de� nições são documentadas em um organograma, conforme apresentado adiante. 2.1. Planejamento Estratégico O planejamento empresarial é usualmente organizado em três níveis decisórios: planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento operacional. De acordo com o tipo de decisão tomada (mais abrangente ou mais restrita), o horizonte de tempo de planejamento (de curto até longo prazo), características informações utilizadas (mais ou menos processadas e organizadas) e uso de dados e informações. Melo (2012, p. 349) destaca a importância da organização dos planejamentos segundo os níveis hierárquicos. Segundo o autor “pela complexidade inerente dos empreendimentos da construção e da variabilidade de seus processos, torna-se necessária a divisão do planejamento e controle da produção em diferentes níveis hierárquicos [...]”. O planejamento estratégico estabelece ou identi� ca as características principais da organização e de� ne seus objetivos macros, a partir dessa análise, o plano estratégico de� ne as ações estratégicas organizacionais. 12WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Mesmo pequenas empresas, possuem informações de longo, médio e curto prazo, e, consequentemente, devem possuir plano estratégico, tático e operacional. Embora não exista uma regra geral que permita de� nir o que é longo, médio ou curto prazo, algumas características desses tipos de planos podem ser identi� cadas. Isso decorre principalmente pelo tipo de indústria que se avalia. Uma empresa da indústria petroquímica pode ter um plano estratégico de mais de dez anos, enquanto uma empresa de moda pode ter uma visão estratégica de cinco anos. Na construção civil, são comuns planos estratégicos com visão de 5 a 10 anos de horizonte de planejamento, planos táticos de alguns meses (2 a 6 meses) e plano operacional de uma semana a um mês ou pouco mais que isso. O plano estratégico deve ser desenvolvido para qualquer tipo de atividade na construção civil, sejapara um escritório de elaboração de projetos, para empresas de construção urbana, empresas de construção rural, empresas de infraestrutura ou outras. Todas as organizações precisam ter uma visão de� nida sobre seu futuro. Isso é necessário, pois o ciclo de vida de execução dos empreendimentos da construção civil normalmente é superior a um ano, e é necessário que a empresa avalie sua capacidade real de atender a demanda, bem como, para que esteja preparada para os momentos de aumento de consumo ou de estagnação de mercado. O Quadro 2 mostra a relação entre os planos de acordo com o nível decisório e suas principais características. Quadro 2 – Relação entre os planejamentos de acordo com o nível decisório. Fonte: o autor. O conteúdo de um planejamento estratégico, naturalmente, pode variar de uma organização para outra. Assim, para elaborar ou avaliar um plano estratégico, é preciso estudar a organização e de� nir quais elementos farão parte do seu plano estratégico, bem como, o grau de detalhamento desse plano. 13WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O desafi o do planejamento estratégico é ainda mais desafi ador em empresas de baixa maturidade em gestão. Para desenvolver melhores práticas gerenciais nes- sas empresas você pode: 1- Posicionar o gerenciamento de projetos relacionando com outros processos que já estão em prática. 2- Reunir as informações neces- sárias, deixe a padronização para depois. 3- Começar com aquelas pessoas e de- partamentos que estão abertos a mudanças. 4- Fornecer apoio. 5- Não mencionar termos técnicos cedo demais. 6- Construir uma comunidade de prática. Saiba mais sobre esse passo a passo no artigo: DOBBELEER. N. Estratégia para Desenvolver o Gerenciamento de Projetos em uma Empresa de Baixa Maturida- de. Biblioteca Virtual do PMI: Pennsylvania: Project Management Institute, 2009. Disponível em: . Acesso em: 03 dez. 2018. 2.1.1. Planejamento estratégico: análise ambiental A análise ambiental avalia o ambiente da organização, ordenando as informações e características por ambiente interno e externo. Essa análise é importante para que a organização perceba seu posicionamento em relação ao mercado, bem como possa de� nir suas estratégias a partir de uma análise ambiental que contempla suas singularidades. Frequentemente se utiliza a análise SWOT, que em português é conhecida como FOFA (forças e fraquezas, ameaças e oportunidades). Para o ambiente interno são avaliados os pontos fortes e fracos da organização, denominados de forças e fraquezas. Para o ambiente externo são avaliadas as ameaças e as oportunidades em questão. Para a análise ambiental, como na maior parte das decisões do plano, deve-se considerar o horizonte de planejamento do plano estratégico. Ou seja, se o plano estratégico está sendo de� nido para um ciclo de cinco anos, é necessário avaliar as forças, fraquezas, ameaças e oportunidades, como estão hoje, bem como, como estarão nos próximos cinco anos de atuação. 2.1.2. Planejamento estratégico: bases conceituais Neste elemento normalmente são avaliados os valores da empresa, que tendem a decorrer de sua cultura e atuação e os fatores críticos de sucesso. Valores comuns são: responsabilidade social, foco no cliente, inovação, valorização dos colaboradores, integração e sinergia de equipes, dentre outros. Fatores críticos de sucesso são aqueles elementos dos quais sem eles, praticamente, � ca impossível a organização operar com sucesso. Por exemplo, você está em um curso de graduação, a quali� cação e motivação dos professores é um fator crítico de sucesso para que você compreenda a disciplina. Habilidades manuais é fator crítico de sucesso para uma empresa que faz brindes artesanais. Computadores com grande capacidade de processamento é fator crítico de sucesso para uma rede bancária. 14WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 2.1.3. Planejamento estratégico: intenção estratégica Intenção estratégica contém a missão empresarial, a visão e os objetivos estratégicos. A missão é a razão de existir da organização, deve ser ampla o bastante para permitir que a organização faça seus ajustes de percurso quando necessário, mas deve direcionar, de uma forma geral, o campo de atuação da empresa. A missão não deve ser restritiva. A missão da Coca-Cola é refrescar o mundo, inspirar momentos de otimismo e alegria e criar valor e fazer a diferença (THE COCA-COLA COMPANY, 2018). O Burger King tem como missão: “Ser a mais prazerosa experiência de alimentação”. (BURGER KING DO BRASIL, 2018). A visão inspira o cotidiano dos colaboradores, é como um objetivo que se persegue diariamente, e não necessariamente será atingido. A visão deve dar um norte e deixar claro qual é o foco de atuação da empresa. Visão: “Ser a marca de fast food preferida, mais rentável, com pessoas talentosas e forte presença nacional” (BURGER KING DO BRASIL, 2018). Os objetivos estratégicos são os objetivos das áreas de negócios da empresa. Por exemplo, uma empresa pode ter como objetivo estratégico “construir dez edifícios residenciais por ano”, esse objetivo será da área de atuação “construção de edi� cações residenciais”. 2.1.4. Planejamento estratégico: áreas de atuação As áreas estratégicas de atuação são as áreas de negócios nos quais a empresa atua. São especí� cas e claramente de� nidas. As áreas de atuação, juntamente com seus respectivos objetivos estratégicos, irão direcionar e restringir os tipos de ações, programas e projetos que a empresa atua. 2.1.5. Planejamento estratégico: estratégias Cada área de atuação pode conter uma ou mais estratégias. Normalmente, mais de uma. As estratégias são conjuntos de ações, programas ou projetos que a empresa pretende desenvolver. Frequentemente, as estratégias possuem prazos, metas e responsáveis. 2.2. Tipos de Estruturas Organizacionais As organizações são compostas por pessoas, que são os pro� ssionais que possuem atribuições e são responsáveis por realizar certas tarefas. As atribuições similares são normalmente agrupadas nas funções da empresa. As funções básicas de uma empresa são: função produção, função marketing, função recursos humanos, função � nanças e contabilidade. Frequentemente as funções direcionam a criação de departamentos em uma empresa. Por exemplo, um departamento de marketing é criado para desempenhar a função marketing. Os pro� ssionais da empresa, e mesmo o mercado externo, precisam conhecer as relações hierárquicas da organização. Os organogramas representam essa relação de poderes nas empresas. A estrutura de gestão tem um papel fundamental no desempenho de uma obra, pois, se escolhida de forma equivocada, pode gerar atritos e frustações, tornando-se um obstáculo para o sucesso do empreendimento (XAVIER; XAVIER; MELO, 2014). O organograma da empresa, indica o tipo de organização, segundo o arranjo de sua estrutura funcional. Três tipos básicos de organizações são usuais: organização funcional, organização projetizada e organização matricial. 15WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 2.2.1. Organização funcional As empresas que utilizam a organização funcional são as mais tradicionais, aquelas onde as áreas ou setores da empresa são de� nidas normalmente a partir das funções empresariais que executa. Assim, essas empresas possuem departamento de produção, departamento de marketing, departamento de recursos humanos e departamento de � nanças e contabilidade, ou algumas adaptações a partir desse modelo básico (Figura 4). Figura 4 – Exemplo organograma funcional. Fonte: o autor. 2.2.2. Organização projetizada As empresasprojetizadas organizam seus setores ou áreas a partir do tipo de projetos que costumam executar. Considere uma empresa que realiza obras residenciais de alto padrão, construção e reformas em lojas de shopping center. Essa empresa poderia ser organizada por: departamento de obras residenciais, departamento de obras em shopping, departamento administrativo. Observe que são os projetos executados que de� nem os departamentos da estrutura organizacional (Figura 5). Figura 5 – Exemplo organograma de empresa projetizada. Fonte: o autor. 2.2.3. Organização matricial O organização matricial é bastante comum nos dias de hoje. Ela utiliza parte da sua estrutura com a organização por projetos e parte da sua estrutura pela organização funcional. Por isso, é chamada de matricial ou mista, pois utiliza as duas abordagens simultaneamente (Figura 6). 16WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 6 – Exemplo organograma de empresa matricial. Fonte: o autor. Para Xavier, Xavier e Melo (2014), as empresas do setor da construção civil, fazem parte de um ambiente complexo, exigem de seus gestores uma abordagem especí� ca em suas estruturas organizacionais, requerendo técnicas sistêmicas avançadas de planejamento e controle. Nesse contexto, di� cilmente se consegue adotar na construção civil uma estrutura organizacional puramente por projetos ou puramente funcional. Assim, é comum a utilização de estruturas organizacionais matriciais no setor. 3 - VIABILIDADE ECONÔMICA DE EMPREENDIMENTOS Seja como engenheiro em uma obra ou como executivo em uma empresa da indústria da construção civil, você terá responsabilidades sobre o uso apropriado dos recursos. Decisões para minimizar custos, potencializar resultados ou melhorar a e� ciência das operações, certamente farão parte das suas tarefas diárias. Dentre os diversos recursos a serem avaliados para o bom desempenho de um empreendimento na construção civil, seguramente os recursos � nanceiros merecem atenção especial. Sem uma boa gestão do dinheiro, é praticamente impossível administrar com sucesso todos os demais recursos. E qual o momento certo de investir? Imagine que existe a oportunidade de criar empreendimentos para dois terrenos, um no centro da cidade e outro em um bairro residencial. Qual o mais viável? Investir na obra errada, ou no momento errado, pode levar uma empresa à falência. Há cidades onde existe escassez de imóveis à disposição da população, mas também existem aquelas que possuem estoque de imóveis parados. Investidores usaram seus recursos � nanceiro, as obras estão prontas, porém não foram vendidas. Onde está o erro? A resposta para estes questionamentos está na análise econômica e � nanceira de um empreendimento, é preciso fazer uma análise de viabilidade antes de tomar a decisão por iniciar um empreendimento. 17WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A empresa onde trabalha possui um grande terreno em uma avenida movimen- tada. Quais métodos podem ser utilizados para tomar a decisão de qual tipo de empreendimento pode ser feito ali? Qual o uso proposto para a edifi cação? Um mercado, um centro empresarial, uma academia de ginástica, uma casa noturna, uma escola? Qual investimento terá o melhor uso do potencial do terreno? O que pode ser construído ali? Será preciso desenvolver uma análise econômica e fi nan- ceira para avaliar a viabilidade de cada projeto, bem como, de analisar o fl uxo de caixa e o tempo de retorno de cada investimento. E se alguém faz sugestão de vender esse terreno para aquisição de outro em outro município... recomeça o problema! 3.1. Risco e Retorno de Investimentos na Construção A análise de riscos não tem nada a ver com ser pessimista, com algo estar errado ou ter prejuízo. A análise de riscos envolve avaliar as probabilidades de um projeto ter um resultado diferente de um planejamento, ou seja, analisar riscos envolve estudar incertezas. Imagine que você pode investir na incorporação de um edifício. Você precisará avaliar seu resultado se a economia crescer ou se a economia não crescer. Em análises de investimentos, usualmente se diz que quanto maior o ganho potencial, mais riscos existem. A análise de investir em um empreendimento, portanto, envolve avaliar os tipos de retornos e os riscos relacionados. Trata-se, então, de uma decisão dos gestores. Essa decisão depende da disposição dos investidores em assumir riscos. Os comportamentos em relação aos riscos variam entre aqueles que são avessos aos riscos, os neutros e os que são propensos a correr riscos. Um mesmo tipo de investimento, terá análises diferentes conforme o per� l em relação aos riscos dos investidores. Considere que você trabalha numa construtora de obras e surge a oportunidade de fazer uma aquisição fora dos padrões, comprar uma empresa fabricante de navios. Caso os gestores da empresa tenham per� l de ser propenso a assumir riscos, há uma boa chance da sua empresa realizar essa compra, caso contrário, se todos forem avessos a riscos, a aquisição não será realizada. 3.2. Análise de Custos O custo de um empreendimento é a somatória de todos os custos dos produtos, insumos, materiais, equipamentos e mão de obra necessários para produzir o empreendimento. O custo é importante, pois a partir dele, e com o preço que poderá ser praticado na venda do empreendimento, será possível avaliar o retorno do investimento. O gestor está cada vez mais preocupado com a redução do custo do empreendimento. É através do planejamento das atividades que ele poderá escolher a melhor alternativa para sua obra. O grande problema, porém, está em calcular com precisão o custo total (custos diretos + custos indiretos) de todas as alternativas possíveis e selecionar a de menor custo total (XAVIER; XAVIER; MELO, 2014, p. 37). 18WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Os custos podem ser classi� cados como diretos, indiretos, � xos ou variáveis. Quanto aos custos diretos ou indiretos, é possível considerar o seguinte raciocínio: custo direto é aquele aplicado diretamente no produto (empreendimento) que está sendo construído. Por exemplo, os custos da areia, das portas, da pintura que serão diretamente aplicados na obra são alguns itens de custos diretos. Já o custo indireto são custos necessários para a execução da obra, mas que não são aplicados diretamente no produto/empreendimento. Sem os custos diretos nenhuma atividade pode ser executada (PORTUGAL, 2017). Custos indiretos são custos administrativos, como os custos de material de escritório utilizados na sede da construtora, os custos do aluguel da sede da construtora, os custos dos colaboradores que trabalham na sede da organização, como o salário de compradores, contadores, recepcionistas e diretores. A outra classi� cação de custos os organiza como � xos e variáveis. Os custos � xos são aqueles que ocorrem independentemente da empresa estar produzindo ou não bens e serviços. O aluguel da sede, segurança patrimonial, equipe de limpeza, folha de pagamento. São custos que existem, estando a empresa construindo ou não, vendendo ou não, e deverão ser pagos. Já os custos variáveis exi stem somente quando a empresa está realizando um empreendimento ou alguma transação comercial. Comissão de vendas só acontece se o apartamento for vendido, aluguel de betoneira ocorre se uma obra estiver em andamento, compra de cimento só existe se tiver obra, portanto, esses são exemplos de custos variáveis. Ao avaliar custos não se pode esquecer dos custos relacionados ao uso do dinheiro. Dentre estes, taxa de manutenção de conta corrente (� xo, indireto), custos de operações de créditos (quando sua empresa toma dinheiro emprestado parafazer a obra. Variável, indireto), e outros custos como impostos e taxas aplicáveis. Par a Portugal (2017), é importante classi� car adequadamente os custos diretos e indiretos, � xos e variáveis, vide exemplo na Figura 7, para que se possa estruturar corretamente os preços de venda, bem como, para utilizar uma base estruturada para acompanhamento e controle dos resultados. Figura 7 – Classi� cação dos gastos. Fonte: Portugal (2017). 19WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 3.3. Avaliação de Projetos Embora algumas empresas utilizem métodos empíricos próprios para a análise dos investimentos, existem formas já consolidadas no mercado que seguem padrões reconhecidamente adequados para esse tipo de decisão. Dentre os quais, os mais comuns são: payback, valor presente líquido – VPL, taxa interna de retorno – TIR. Portugal (2017) considera que a viabilidade de um projeto de construção, analisada acerca do retorno esperado sobre ela própria ou sobre o produto que ela propiciará, pode ser concluída quando se faz uma análise conjunta destes três indicadores, VPL, TIR e Retorno de Capital (payback). 3.3.1. Payback O payback está relacionado ao tempo necessário para o investidor recuperar o valor investido, em outras palavras, é o prazo no qual o projeto se paga. Por esse critério de comparação entre projetos, o projeto que se paga primeiro é mais viável, pois quanto menor o tempo de retorno, melhor. O payback simples conta quantos períodos de tempo (semanas, meses ou anos, por exemplo) são necessários para que o investidor tenha de volta o valor total investido relativo aos custos do projeto. Esse método desconsidera a variação do valor do dinheiro ao longo do tempo, por isso é considerado inadequado para muitos casos. Mil reais hoje não tem o mesmo valor que mil reais daqui seis meses, e esse método ignora essa diferença. O payback descontado conta quantos períodos de tempo são necessários para o investidor ter de volta os custos do projeto, trazendo os valores do � uxo de caixa para uma mesma data, a data de hoje. Assim, é mais apropriado que o payback simples. 3.3.2. Valor presente líquido – VPL Em virtude das variações in� acionárias o valor do dinheiro muda ao longo do tempo. Por isso, os cálculos de análises � nanceiras são mais precisos quando consideram essa perda ao longo do tempo no raciocínio. Para tanto, os valores do � uxo de caixa de um empreendimento, seja referente a receitas ou a despesas, devem ser considerados em uma mesma data e, portanto, fazendo os devidos ajustes da in� ação real ou prevista no período considerado. O Valor Presente Líquido – VPL leva todos os valores do � uxo de caixa do projeto para a data zero, a data de início do projeto, descontando os valores equivalentes da in� ação em cada período. O VPL é considerado um excelente critério para tomada de decisão em análises de projetos. Xavier, Xavier e Melo (2014) indicam quatro passos para a utilização do VPL: 1) Estime o � uxo de caixa do projeto por unidade de tempo. 2) Traga todos os valores para o presente. 3) Calcule o VPL subtraindo os valores de saídas dos valores de entradas de caixa. 4) Examine o valor resultante, de forma que, quanto maior o VPL, melhor será para o projeto. 20WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Se o VPL for maior que zero (positivo) indica que o projeto é lucrativo. Se o VPL for menor que zero (negativo) indica que o projeto é inviável, pois retorna menos do que o valor investido. O VPL é calculado como os valores gerados pelo projeto na data zero menos os custos do projeto na data zero. O VPL também pode ser usado para comparar projetos. O projeto com maior VPL é o projeto que gera melhor resultado. 3.3.3. Taxa interna de retorno – TIR A Taxa Interna de Retorno – TIR – é a taxa de desconto pela qual o VPL do projeto é zero. A TIR é uma taxa correspondente ao valor que anula o � uxo de caixa. Trazendo todos os valores do � uxo de caixa para o mesmo período (ao valor presente ou ao valor futuro, por exemplo) os valores do � uxo de caixa se anulam. A TIR é uma taxa de rentabilidade. Para comparar dois ou mais projetos, o projeto com a maior TIR é o projeto mais rentável. 3.3.4. Outros estudos Além da análise econômica, outros estudos são importantes para assegurar uma avaliação mais abrangente e mais assertiva da decisão de seguir adiante em um empreendimento. Portugal (2017) tais critérios complementares normalmente incluem: a) Avaliação do entorno. b) Capacidade administrativa e fôlego � nanceiro. c) Licenças, autorizações e aprovações. d) Condições comerciais estratégicas. e) Condições adversas. 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa unidade você viu alguns fundamentos importantes para o planejamento e controle da produção na construção civil. Ao conceituar produção, foi possível observar que a produção transforma coisas em produtos mais úteis para as pessoas. No caso da construção civil, transformamos matéria-prima em casas, lojas, hospitais, estradas, galpões industriais e outros. Complementando o conceito de produção, é preciso enfatizar que tal transformação deve ocorrer de forma planejada e controlada, de forma a atender à necessidade de clientes. Ainda, vale observar a importância dessa gestão para uma indústria como a construção civil, uma vez que seus recursos são variados e os tipos de obras também, ampliando a complexidade do papel dos pro� ssionais da área como gestores. As organizações empresariais precisam de organização para que possam atingir seus objetivos. Nesse sentido, é fundamental a elaboração de um organograma apropriado ao tipo de organização em questão, especialmente às características dos projetos nos quais atua. O planejamento estratégico é um grande passo nessa organização, pois permite que a empresa foque as suas ações naquelas atividades que fazem parte das competências da empresa e em acordo com sua capacidade. O plano estratégico é uma visão de longo prazo que, posteriormente, deve ser desdobrado em planos táticos (médio prazo) e operacionais, de curto prazo. 21WWW.UNINGA.BR PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Por � m, foram apresentados conceitos de engenharia econômica, que permitem realizar a análise de viabilidade de um empreendimento. Nesse aspecto, foram apresentados três fatores de análise principais, o valor presente líquido – VPL –, taxa interna de retorno – TIR – e o payback, que mostra o prazo de retorno do investimento. Além dessas análises, outras avaliações de conjuntura, localização e condições mercadológicas são avaliadas para a tomada de decisão de empreender na construção civil. 2222WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 24 1 - ESCOPO DO PROJETO ......................................................................................................................................... 25 1.1. ANÁLISE DE REQUISITOS .................................................................................................................................. 26 1.2. ELABORAR A ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO .................................................................................... 26 2 - CRONOGRAMA DO PROJETO............................................................................................................................. 29 2.1. ESTIMATIVAS EM PROJETOS ........................................................................................................................... 29 2.1.1. ESTIMATIVA ANÁLOGA ...................................................................................................................................29 2.1.2. ESTIMATIVA PARAMÉTRICA ......................................................................................................................... 30 2.1.3. ESTIMATIVA DE TRÊS PONTOS .................................................................................................................... 30 2.2. CAMINHO CRÍTICO EM CRONOGRAMA ..........................................................................................................31 2.3. TÉCNICAS DE ACELERAÇÃO DE CRONOGRAMA ........................................................................................... 32 PLANEJAMENTO PRELIMINAR DE OBRAS E SERVIÇOS PROF. ME. ANDRÉ CARNEIRO GIANDON ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 23WWW.UNINGA.BR 3 - ORÇAMENTO DO PROJETO ................................................................................................................................ 32 3.1. CUSTO, PREÇO E ORÇAMENTO ....................................................................................................................... 32 3.1.1. CUSTO E PREÇO ............................................................................................................................................... 32 3.1.2. ORÇAMENTO E CURVA S ............................................................................................................................... 33 3.1.3. EVOLUÇÃO DA PRECISÃO DAS ESTIMATIVAS AO LONGO DO TEMPO ..................................................... 35 4 - GESTÃO DAS PARTES INTERESSADAS ............................................................................................................ 36 4.1. PARTES INTERESSADAS DO PROJETO ............................................................................................................ 36 4.1.1. IDENTIFICAR AS PARTES INTERESSADAS ................................................................................................... 36 4.1.2. ABORDAGEM DE RELACIONAMENTO COM AS INTERESSADAS .............................................................. 38 4.1.3. ENGAJAMENTO DAS PARTES INTERESSADAS ........................................................................................... 39 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 40 24WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 INTRODUÇÃO “Construção civil é assim mesmo, sempre atrasam, o preço � nal acaba saindo muito maior que o orçamento, não adianta. É um setor atrasado”. Você já deve ter ouvido ou até já deve ter comentado algo assim alguma vez. Pense nisso! Como você pretende atuar nesse mercado? Como mais uma empresa que reforça esse pensamento de senso comum de que construção civil é atrasada e não tem competência de gestão? É hora de mudar isso. Ao menos é a sua hora de fazer o possível para trabalhar com pro� ssionalismo. Existem técnicas para praticamente tudo o que as pessoas fazem na vida. Claro que é possível programar algumas atividades, contratar umas pessoas e fazer uma obra sem conhecer as melhores práticas de planejamento e controle de obras. Mas você jamais será um pro� ssional de destaque se não investir na sua capacidade de gerenciar obras. Existem técnicas para elaborar um bom cronograma, técnicas para desenvolver um orçamento de uma obra, técnicas de gestão de pessoas, para tudo existe técnica. Nessa unidade, você terá contato com as melhores práticas em termos de planejamento e controle de obras, as práticas de gerenciamento de projetos. Elaborar um plano de ação qualquer, demanda responder as questões básicas, conhecidas como 5W2H (do inglês: why, what, who, when, where, how, how much), que signi� cam: por que, o que, quem, quando, onde, como e quanto custa. Muitas empresas têm utilizado o gerenciamento de projetos como base para elaboração de planejamentos na construção civil. Não existem áreas principais no gerenciamento de projetos, mas, no geral, um plano razoável precisa de� nir o que e como será feito o trabalho (escopo do projeto), quando as atividades devem acontecer (cronograma), quanto cada atividade e a obra toda irá custar (orçamento) e quem são os envolvidos, direta ou indiretamente, nesse projeto (partes interessadas). Na primeira parte dessa unidade, será apresentado o gerenciamento de escopo do projeto, de� nindo os requisitos da obra, suas principais entregas e como o trabalho deverá ser feito. Posteriormente, as principais técnicas de estimativas de prazos e de gerenciamento de atividades de um cronograma serão apresentadas. Uma vez de� nido o cronograma, é possível pensar no custo das atividades do projeto, o orçamento que está na terceira parte dessa unidade. Por � m, o gerenciamento das partes interessadas apresentará técnicas para mapear os principais interessados no projeto, e como manter o engajamento dessas pessoas e organizações, conforme as necessidades da obra. 25WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 1 - ESCOPO DO PROJETO O trabalho nas empresas pode ser organizado em dois grandes grupos, esforços continuados e projetos. Esforços continuados constituem as atividades contínuas e repetitivas, aquelas que praticamente sempre existirão enquanto existir a organização. Já os projetos são temporários, são únicos ou exclusivos, por isso têm um início de� nido e, quanto o objetivo é alcançado, um � m. O Pr oject Management Institute – PMI – de� ne projetos como um esforço temporário, empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo (PMI, 2017). Nessa visão, vários serviços de engenharia são considerados projetos, pois são temporários e empreendidos para criar produtos únicos. A construção de uma casa, um edifício de vários pavimentos, uma barragem, são exemplos de projetos. Um dos guias mais importantes para o ambiente de projetos é o Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos – Guia PMBOK®. Desenvolvido por gerentes de projetos do mundo todo, este guia, editado pelo PMI, de� ne os processos gerenciais para o gerenciamento de projetos (PMI, 2017). Em sua 6ª edição, o guia de� ne 49 processos gerenciais, organizados por cinco grupos de processos ou por dez áreas de conhecimento. As áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos são (PMI, 2017): a) gerenciamento do escopo do projeto; b) gerenciamento do cronograma do projeto; c) gerenciamento dos custos do projeto; d) gerenciamento da qualidade do projeto; e) gerenciamento dos recursos humanos do projeto; f) gerenciamento da comunicação do projeto; g) gerenciamento dos riscos do projeto; h) gerenciamento das aquisições do projeto; i) gerenciamento das partes interessadas do projeto; j) gerenciamento da integração do projeto. Na dinâmica do cotidiano do projeto, não se administra projeto por área de conhecimento. Na prática, as coisas acontecem por grupos de processos. Os mesmos processos gerenciais que podem ser organizados por áreas de conhecimento, também podem ser organizados por grupos de processos. Para o PMI (2017), são cinco grupos de processos para gerenciar projetos: a) grupo de processos de iniciação; b) grupo de processos de planejamento; c) grupo de processos de execução; d) grupo de processos de monitoramento e controle; e) grupo de processos de encerramento. Dentre as dez áreas de conhecimento, em termos práticos, o plano do escopo do projeto pode ser considerado como um plano estruturante, pois se torna a base para todos os demais planos, umavez que o escopo de� ne o que será feito e como será feito. 26WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 1.1. Análise de Requisitos Coletar Requisitosé um dos processos gerenciais do grupo de processos de planejamento que fazem parte da área de conhecimento gerenciamento do escopo do projeto. Dentre as dez áreas de conhecimento, em termos práticos, o plano do escopo do projeto pode ser considerado como um plano estruturante, pois se torna a base para todos os demais planos, uma vez que o escopo de� ne o que será feito e como será feito. Pode-se dizer que o principal questionamento para esse plano seja olhar para o cliente e perguntar “o que você quer que seja feito?”. Requisitos são necessidades e desejos. Assim, os requisitos podem ser obrigatórios (necessidades) ou não obrigatórios (desejos). Por exemplo, uma família que tem quatro � lhos, pode de� nir como requisito obrigatório “casa com uma suíte e dois quartos”. A mesma família poderia de� nir como requisito desejado “forno a lenha junto da churrasqueira”. De acordo com o andamento do projeto, os requisitos desejados são avaliados e podem ser entregues ou podem ser excluídos. Uma vez de� nidos os requisitos, é possível planejar o trabalho que deverá ser realizado para desenvolver tais requisitos. Por exemplo, se o cliente deseja trocar o piso da garagem, posso começar a pensar no trabalho necessário para trocar o piso: demolição e retirada do piso atual, de� nição do projeto e tipo de revestimento, aquisição revestimento e demais materiais e equipamentos, contratação empreiteiro, colocação do piso, limpeza e entrega. Esse trabalho necessário é organizado sob a forma de uma estrutura denominada Estrutura Analítica do Projeto que será vista adiante. 1.2. Elaborar a Estrutura Analítica do Projeto Para planejar uma obra é preciso subdividi-la em partes menores, num processo chamado de decomposição e a estrutura hierarquizada criada na decomposição se chama Estrutura Analítica do Projeto (MATTOS, 2010). A Estrutura Analítica do Projeto – EAP – é uma representação visual do escopo do projeto. Essa estrutura organiza 100% do trabalho do projeto, por meio de um relacionamento hierárquico, gerado pela decomposição do objetivo geral do projeto em entregas menores, mais facilmente gerenciáveis. O nível superior, representa o escopo total, existindo nesse nível apenas um item, a obra como um todo (MATTOS, 2010). Assim, nesse primeiro nível da EAP coloca-se o nome do projeto. Esse nível é decomposto nas principais entregas do projeto, também chamadas de fases do projeto, sendo que sempre nesse nível deve constar a entrega Gerenciamento e a entrega Encerramento. As fases do projeto são decompostas em outras entregas menores, que podem ser denominadas como produto (Figura 7). No modelo apresentado na Figura 7, a decomposição foi interrompida no nível 3 (1.x.x), mas poderia continuar em quantos níveis fossem necessários para uma boa organização do projeto. 27WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 Figura 8 – Modelo genérico de EAP. Fonte: o autor. A principal regra para se criar a EAP é a regra dos 100%. Essa regra indica que quando um elemento (elemento pai) sofre decomposição, este deve obrigatoriamente criar dois ou mais elementos (elementos � lho). Ainda, 100% do elemento pai é exatamente a junção de 100% de cada um dos elementos � lho. Essa regra vale para trabalho necessário, custos, riscos, qualidade ou qualquer outra análise que venha a ser feita. O total dos � lhos juntos sempre é idêntico ao pai. Assim, quanto uma pessoa avalia que 1.2.1 está pronto, 1.2.2 está pronto, 1.2.3 está pronto, automaticamente 1.2 também está pronto, visto que este último é obrigatoriamente a somatória de 1.2.1 + 1.2.2 + 1.2.3. Quando um elemento não sofre decomposição (um � lho que não tem � lhos), esse elemento passa a ser denominado “pacote de trabalho”. Assim, o pacote de trabalho é o nível mais baixo, ou o último nível de uma determinada rami� cação da EAP. Vale observar que desmembrar uma entrega em uma entrega apenas (um pai com somente um � lho) não faz sentido, uma decomposição pressupõe desdobramento em mais de um ramo (MATTOS, 2010). A Estrutura Analítica do Projeto – EAP – é a base para todos os demais planos. Assim, essa estrutura é considerada a principal ferramenta para o planejamento de um projeto, segundo a visão dos gerentes de projetos do Project Management Institute – PMI. Se algo não está na EAP, não faz parte do projeto, visto que a EAP representa todo o trabalho necessário, e somente o necessário, para realizar a entrega do projeto. 28WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 A partir dos pacotes de trabalho da EAP será criado o cronograma do projeto, o orçamento, o planejamento de riscos e vários outros planos. Considere que você é engenheiro de uma construtora e a entrega 1.2 são os projetos decompostos em 1.2.1 projeto arquitetônico, 1.2.2 projetos integrados e 1.2.3 aprovações. Neste exemplo (Figura 9), os pacotes de trabalho são 1.2.1, 1.2.2 e 1.2.3. Nos pacotes de trabalho serão criadas as atividades do cronograma do projeto. As atividades do cronograma não fazem parte da EAP, a EAP termina no nível dos pacotes de trabalho, a � gura apenas representa como é a relação da EAP com os demais planos. Quando os elementos 1.2.1 projeto arquitetônico estiver concluído, 1.2.2 projetos integrados estiverem concluídos e 1.2.3 aprovações estiver concluído. Pela regra dos 100%, automaticamente a entrega 1.2 Projetos está pronta. Figura 9 – Exemplo da relação EAP e atividades do cronograma. Fonte: o autor. Vale observar que a regra dos 100% continua valendo para o cronograma, assim, quando todas as atividades de um pacote de trabalho estão concluídas, automaticamente, o pacote de trabalho está concluído. Você pode estar ser perguntando, quando a EAP deve ser elaborada e quando ela pode ser revisada. Não apenas a EAP, mas todos os documentos do planejamento podem ser revisados a qualquer momento. As pessoas mudam de ideia. O cliente que não desejava vidro na sacada, pode, ao longo da obra, decidir que quer vidro na sacada. Assim, os documentos devem ser atualizados, porém, de acordo com um processo de mudanças claramente de� nido. Sempre que possível, esse processo de mudanças deve ser documentado, especialmente em obras grandes. Portanto, existem versões dos documentos do planejamento do projeto, EAP versão 1, EAP versão 2 e assim por diante. Uma característica dos projetos é a elaboração progressiva. Isso signi� ca que as informações do projeto são atualizadas ao longo do projeto e, consequentemente, os documentos do plano também. Então, os planos não são atualizados somente por mudanças. Os planos são atualizados pelo surgimento ou detalhamento de informações. Isso ocorre pelo fato de que no começo do projeto não temos todas as informações para sua execução. Por exemplo, usualmente não se tem a de� nição de pintura e lustres quanto se está na etapa de fundações. Assim, no início da obra você precisa prever uma verba e um tempo no cronograma para esses itens, que só irá saber quais são no � nal da obra. E, de acordo com o tipo de pintura e a escolha da iluminação, a preparação das paredes e teto será de� nida, bem como o local dos pontos de energia, tipos de � ação e outros itens serão revisados. 29WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 2 - CRONOGRAMA DO PROJETO O cronograma do projeto de� ne quais atividades devem ser feitas, quando devem iniciar e terminar e quais recursos serão utilizados. O gerenciamento do cronograma deve ser feito para que se possa entregar o projeto no prazo. Uma boa gestão de cronograma é crítica, pois o cronograma é uma das principais fontes de con� itos em projetos. Numa obra, quando uma atividade não é realizada no prazo, irá atrasar outras atividades e, consequentemente,atrasar abertura de frente de trabalho para outras equipes. É preciso que exista sinergia entre as equipes da obra para que os prazos das etapas da obra sejam atendidos. Duração é a quantidade de tempo (dias, semanas, meses) necessária para a execução de uma atividade, ou seja, a quantidade de períodos de trabalho da atividade. Para fazer as estimativas do cronograma é preciso estar atento, pois fornecedores e subempreiteiros costumam informar a duração em dias corridos e, no cronograma, se utilizam dias úteis (dias efetivamente trabalhados). Vinte dias corridos é diferente de vinte dias úteis (MATTOS, 2010). 2.1. Estimativas em Projetos Estimar prazos, custos e outras variáveis em projetos é um grande desa� o. Entretanto, tais estimativas são fator chave de sucesso para assegurar a sobrevivência de uma empresa da construção civil no mercado. Como realizar uma boa prestação de serviços sem uma boa estimativa de prazos e custos? Ao passar uma proposta a um cliente, como estimar tais valores? Para isso, existem técnicas de estimativas que podem minimizar esse problema. As principais técnicas utilizadas no gerenciamento de projetos são: estimativa análoga, estimativa paramétrica e estimativa de três pontos. 2.1.1. Estimativa análoga A estimativa análoga de� ne prazos de atividades, de etapas ou de projetos, de acordo com trabalhos similares que a equipe do projeto conhece. Algo como: “já � z prédios de dez pavimentos em doze meses, acho que podemos adotar esse prazo para essa obra também”. Note que a estimativa análoga não possui um cálculo preciso, pois se trata apenas de uma analogia. Por isso, os riscos de erros são grandes. A estimativa análoga usualmente é utilizada nas fases iniciais do projeto, quando existe pouca informação disponível. Como você saberá o prazo da construção de uma determinada obra? Como esti- mar o prazo se nunca trabalhou com aquele cliente e não sabe a velocidade que ele toma decisões, se ele cumpre os prazos de pagamentos, se a equipe estará presente todos os dias, se os projetos estarão disponíveis nas datas, se os mate- riais serão entregues nos prazos, se vai chover? E tantas outras dúvidas... 30WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 2.1.2. Estimativa paramétrica A estimativa paramétrica é baseada em cálculos, na qual se utiliza de uma produtividade esperada multiplicada pela quantidade de serviço a ser realizada. Por exemplo, o rendimento para assentar um determinado revestimento é de 30 m2 por dia. Se a obra tem 90m2 serão necessários três dias. A estimativa paramétrica é mais precisa, porém requer mais esforço gerencial para realizar os cálculos. Na construção civil essa prática é frequentemente adotada com uso de tabelas como a TCPO – Tabela de Composição de Preços para Orçamento. 2.1.3. Estimativa de três pontos A estimativa de três pontos utiliza de algumas práticas de estatística para de� nir a duração ou custo das atividades. No caso de prazos, essa técnica considera os três prazos: otimista, mais provável e pessimista para uma determinada atividade. Com base nessas três durações, uma ponderação é realizada para calcular a duração esperada de uma atividade em um projeto. Normalmente os pesos para o cálculo são peso um para a duração pessimista e para a duração otimista, e peso 4 para a duração mais provável. Assim, o cálculo da duração esperada é: Onde, De = duração esperada O = duração otimista P = duração pessimista Mp = duração mais provável Assim, com base nesse cálculo, a duração esperada (De) é utilizada no cronograma do projeto. Embora não seja o foco dessa disciplina detalhar mais essas análises, é interessante saber que, para projetos mais complexos, com os mesmos dados é possível calcular o desvio padrão das atividades e o desvio padrão do projeto. Assim, se pode estimar a probabilidade do projeto terminar em uma determinada data. Essa prática é conhecida como PERT – Program Evaluation and Review Technique. Será explicado adiante o Método do Caminho Crítico, que, no inglês, é denominado de CPM – Critical Path Method, por isso, é comum os pro� ssionais comentarem (no Brasil) que utilizam o método PERT-CPM para o cálculo dos cronogramas. Na prática, poucas empresas trabalham atualmente com o cálculo estatístico (PERT). Por esse motivo, surgiu o nome método de três pontos, que utiliza três estimativas, mas sem o cálculo do desvio padrão e das probabilidades de datas de entrega. Entretanto, o nome PERT ainda é usual. O método determinístico (CPM), no qual uma única duração é estimada para cada atividade, é o mais usual. 31WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PL AN EJ AM EN TO E G ES Tà O DA P RO DU Çà O NA C ON ST RU Çà O CI VI L| U NI DA DE 2 2.2. Caminho Crítico em Cronograma A partir da lista de atividades dos pacotes de trabalho, é preciso sequenciar as atividades. Pela lógica, pintar parede não pode acontecer antes de construir parede. Essa relação é conhecida como relação de precedência, onde se de� nem predecessoras (que devem acontecer antes) e sucessoras (que devem acontecer depois de uma determinada atividade). As relações de precedência são dos seguintes tipos: obrigatórias, arbitradas e externas. As dependências (ou precedências) obrigatórias são aquelas nas quais a natureza do trabalho é determinante para a existência da restrição, como o exemplo citado da parede que não pode ser pintada antes de ser construída. A relação de precedência arbitrada é aquela de� nida pela equipe de planejamento, por vontade própria ou pedido de alguém, mas que poderiam ser feitas em ordem diferente, pois não há restrição física entre elas. Um exemplo de restrição arbitrada: vamos instalar as luminárias antes de instalar o ar condicionado, observe que não existe relação obrigatória, mas a equipe prefere assim. O outro tipo de dependência, é a dependência externa, são predecessoras em atividades realizadas por equipes externas, que não estão sob o controle do projeto. Por exemplo, a construção do escritório do canteiro de obras só será realizada após a distribuidora de energia elétrica ligar a energia na obra. A partir das relações entre as atividades, é possível criar uma rede de precedências, que de� nem a duração do projeto. Atualmente, essa rede costuma ser construída com so� wares de gerenciamento de projetos, usando um processo análogo à rede de precedências, que é o desenvolvimento do grá� co de gantt com relações de precedências. Em resumo, para construir o cronograma da obra, você deverá: 1) listar as atividades para cada pacote de trabalho da EAP. 2) estimar a duração para cada atividade da lista de atividades. 3) sequenciar as atividades construindo uma rede de precedências. 4) realizar os ajustes para desenvolvimento do cronograma. O diagrama de gantt ou cronograma elaborado é popularmente conhecido como cronograma físico da obra. Este proces so de desenvolvimento do cronograma é ponto central do planejamento, você irá elaborar um calendário de atividades, determinar seu início e término, � nalizar e ajustar o sequenciamento lógico das atividades e ajustar as durações das atividades (MELO, 2012). O caminho crítico são as atividades do cronograma que não possuem folga. Ou seja, quando uma atividade do caminho crítico atrasa, todas as atividades subsequentes atrasam o mesmo período, assim, se uma atividade do caminho crítico atrasar 3 dias, a obra irá atrasar 3 dias, caso nenhuma providência seja tomada. Uma atividade que normalmente é parte do caminho crítico, é construir a estrutura no caso de um prédio de múltiplos pavimentos. Caso a execução da estrutura atrase um mês, a entrega da obra como um todo irá atrasar um mês, caso nenhuma mudança seja feita, todas as demais atividades do caminho crítico iniciarão com um mês de atraso. Outra atividade que normalmente é parte do caminho crítico é executar fundações. 32WWW.UNINGA.BR