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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO MA046 – Álgebra Linear 1 – 2022.2 2o Exercício Escolar - GABARITO 1a Questão Em P2 considere as bases B = {1+ t+ t2, 1− t+ t2, 1+ t− t2} e C = {1, t, t2}. (a) (1.0 pt) Calcule a matriz de mudança de base [ I ]CB. (b) (1.0 pt) Encontre [L]CC para L : P2 → P2 a transformação linear que satisfaz L(1 + t+ t2) = 1 + t, L(1− t+ t2) = t+ t2, L(1 + t− t2) = −1 + t2. SOLUÇÃO (a) A matriz [ I ]CB é a inversa de [ I ]BC . Como C é a base canônica de P2, a matriz [ I ]BC tem como colunas os coeficientes dos polinômios que constituem B, isto é, [ I ]BC = 1 1 1 1 −1 1 1 1 −1 . Invertendo esta matriz:1 1 1 | 1 0 0 1 −1 1 | 0 1 0 1 1 −1 | 0 0 1 → 1 1 1 | 1 0 0 0 −2 0 | −1 1 0 0 0 −2 | −1 0 1 → 1 1 1 | 1 0 0 0 1 0 | 1/2 −1/2 0 0 0 1 | 1/2 0 −1/2 → 1 0 0 | 0 1/2 1/2 0 1 0 | 1/2 −1/2 0 0 0 1 | 1/2 0 −1/2 Portanto, [ I ]CB = 0 1/2 1/2 1/2 −1/2 0 1/2 0 −1/2 . (b) Pela fórmula de mudança de bases, [L]CC = [ I ]CC︸︷︷︸ I3 [L]BC [ I ]CB = [L]BC [ I ]CB. Quanto a matriz [L]BC , suas colunas são dadas por[ L(1 + t+ t2) ] C = [1 + t]C = (1, 1, 0)⊤,[ L(1− t+ t2) ] C = [t+ t2]C = (0, 1, 1)⊤,[ L(1 + t− t2) ] C = [−1 + t2]C = (−1, 0, 1)⊤. Portanto: [L ]CC = 1 0 −1 1 1 0 0 1 1 0 1/2 1/2 1/2 −1/2 0 1/2 0 −1/2 = −1/2 1/2 1 1/2 0 1/2 1 −1/2 −1/2 . 1 (c) 2a Questão Seja T : R3 → R3 a transformação linear T (x) = Ax, onde A =1 −1 2 2 1 −1 0 −3 5 . (a) (1.0 pt) Encontre uma base para o núcleo N (L). (b) (1.0 pt) Encontre uma base para a imagem Im(L). (c) (1.0 pt) O vetor y = (1, 3, 1)⊤ está na imagem de L ? SOLUÇÃO (a) O núcleo N (T ) é o conjunto solução do sistema linear homogêneo Ax = 0. Resolvendo esse sistema por escalonamento:1 −1 2 | 0 2 1 −1 | 0 0 −3 5 | 0 → 1 −1 2 | 0 0 3 −5 | 0 0 −3 5 | 0 → 1 −1 2 | 0 0 3 −5 | 0 0 0 0 | 0 =⇒ { x1 − x2 + 2x3 = 0 3x2 − 5x3 = 0 . Utilizando x3 como variável livre: x2 = (5/3)x3, x1 = x2 − 2x3 = −(1/3)x3. Portanto, N (T ) = {( −(1/3)x3 , (5/3)x3 , x3 )⊤ : x3 ∈ R } = ger [ (−1/3, 5/3, 1)⊤ ] = ger [ (−1, 5, 3)⊤ ] . Segue que o vetor (−1, 5, 3)⊤ é uma base para N (T ). (b) Como dimN (T ) = 1, então, pelo T.N.I. devemos ter dim Im(T ) = 3− 1 = 2. Sendo e1, e2, e3 a base canônica do R3, a imagem de T é gerada pelos vetores T (e1) = Ae1 = (1, 2, 0)⊤ = u1 T (e2) = Ae2 = (−1, 1,−3)⊤ = u2 T (e3) = Ae3 = (2,−1, 5)⊤ = u3. Para extrairmos uma base, podemos escalonar a matriz cujas linhas são esses vetores: 1 2 0 −1 1 −3 2 −1 5 u⊤ 1 u⊤ 2 u⊤ 3 → 1 2 0 0 3 −3 0 −5 5 u⊤ 1 u⊤ 2 + u⊤ 1 u⊤ 3 − 2u⊤ 1 → 1 2 0 0 3 −3 0 0 0 u⊤ 1 u⊤ 2 + u⊤ 1 5/3u⊤ 2 − 1/3u⊤ 1 + u⊤ 3 Isso mostra que u3 já é combinação linear de u1 e u2. Como dim Im(T ) = 2, segue que u1 e u2 formam uma base para Im(T ). (c) O vetor y pertencerá a Im(T ) se, e somente se, existir x ∈ R3 tal que T (x) = y, isto é, tal que Ax = y. Precisamos portanto decidir se esse sistema linear em x tem solução:1 −1 2 | 1 2 1 −1 | 3 0 −3 5 | 1 → 1 −1 2 | 1 0 3 −5 | 1 0 −3 5 | 1 → 1 −1 2 | 1 0 3 −5 | 1 0 0 0 | 2 2 Vê-se daí que o sistema linear não possui solução. Portanto, o vetor y não está na imagem de T . 3a Questão Julgue verdadeira ou falsa cada afirmação abaixo. Justifique! (a) (0.7 pts) A transformação L : R3 → M2×3(R), L(x, y, z) = [ x yz 0 0 y + z x ] , não é linear. (b) (0.8 pts) Existe transformação linear sobrejetiva T : R3 → R2 cujo núcleo é o plano de equação x+ y + z = 0. (c) (0.5 pts) Se A é uma matriz quadrada diagonalizável, de ordem n, cujos auto- valores distintos são 1 e −1, então A2022 = In. SOLUÇÃO (a) Verdadeiro. Por exemplo, para v = (0, 1, 1), então L(v) = [ 0 1 0 0 2 0 ] , enquanto que L(2v) = L(0, 2, 2) = [ 0 4 0 0 4 0 ] ̸= 2L(v). (b) Falso. Como o plano x+ y + z = 0 é um subespaço vetorial de dimensão 2, então o núcleo de uma tal transformação linear teria dimensão 2. Logo, pelo teorema do núcleo e da imagem, deveríamos ter dim Im(L) = dimR3 − dimN (L) = 3 − 2 = 1. Portanto, Im(L) ̸= R2, isto é, L não poderia ser sobrejetiva. (c) Verdadeiro. Como A é diagonalizável, existe uma matriz inversível P tal que A = P−1DP , onde D é uma matriz diagonal cuja diagonal é formada pelos autovalores de A, isto é, a diagnoal de D tem apenas 1 e −1 (com repetições). Temos então A2022 = P−1D2022P , e D2022 é uma matriz diagonal cuja diagonal contém apenas os números 12022 = 1 e (−1)2022 = 1. Assim, D = In e, portanto, A2022 = P−1InP = P−1P = In. 4a Questão Seja L : R4 → R4 o operador linear L(x) = Ax, onde A = 1 0 1/2 0 0 1 0 −3/2 0 0 1/2 0 0 0 0 1/2 . (a) (0.5 pts) Calcule os autovalores de L. (b) (1.0 pt) Encontre uma base para cada autoespaço Vλ de L. (c) (0.5 pts) Encontre uma base B do R4 tal que a matriz [L]BB seja diagonal, e explicite esta matriz. (d) (1.0 pt) Seja x0 = (3,−5,−9, 1)⊤. Mostre que a sequência de vetores x1 = L(x0), x2 = L(x1), x3 = L(x2), ... converge para um vetor x∗ e determine esse vetor. SOLUÇÃO 3 (a) Polinômio característico de L (observe que a matriz abaixo é triangular superior): cL(t) = |tI4 −A| = ∣∣∣∣∣∣∣∣ t− 1 0 −1/2 0 0 t− 1 0 3/2 0 0 t− 1/2 0 0 0 0 t− 1/2 ∣∣∣∣∣∣∣∣ = (t− 1)2(t− 1/2)2. Portanto, os autovalores distintos de L são λ = 1 e λ = 1/2. (b) Autoespaço Vλ=1: é o espaço de anulamento N (I4 −A). Temos: 0 0 −1/2 0 0 0 0 3/2 0 0 1/2 0 0 0 0 1/2 x1 x2 x3 x4 = 0 0 0 0 ⇐⇒ x3 = x4 = 0 =⇒ Vλ=1 = { (x1, x2, 0, 0) ⊤ : x1, x2 ∈ R } = ger[e1, e2], onde e1 = (1, 0, 0, 0)⊤ e e2 = (0, 1, 0, 0)⊤. Os vetores e1 e e2 são L.I. e, portanto, formam uma base para Vλ=1. Autoespaço Vλ=1/2: é o espaço de anulamento N (1/2I4 −A). Temos: −1/2 0 −1/2 0 0 −1/2 0 3/2 0 0 0 0 0 0 0 0 x1 x2 x3 x4 = 0 0 0 0 ⇐⇒ x1 = −x3 e x2 = 3x4 =⇒ Vλ=1/2 = { (−x3, 3x4, x3, x4) ⊤ : x3, x4 ∈ R } = ger [ (−1, 0, 1, 0)⊤︸ ︷︷ ︸ v1 , (0, 3, 0, 1)⊤︸ ︷︷ ︸ v2 ] . Os vetores v1 e v2 são L.I. e, portanto, formam uma base para Vλ=1/2. (c) A teoria garante que ao juntarmos uma base de Vλ=1 a uma base de Vλ=1/2 obteremos um conjunto L.I.. Segue que os vetores B = {e1, e2,v1,v2} são L.I. e portanto formam uma base do R4. A matriz de L nessa base é [L]BB = 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1/2 0 0 0 0 1/2 . (c) Começamos expressando x0 na base de autovetores de L encontrada em (c): (⋆) x0 = a1e1 + a2e2 + b1v1 + b2v2 ⇐⇒ a1 − b1 = 3 a2 + 3b2 = −5 b1 = −9 b2 = 1 =⇒ a1 = −6, a2 = −8, b1 = −9, b2 = 1. Agora, como Lk(e1) = e1, Lk(e2) = e2, Lk(v1) = (1/2)kv1 e Lk(v2) = (1/2)kv2 para todo k = 1, 2, 3, ..., aplicando Lk a ambos os membros da igualdade (⋆) obtemos xk = Lk(x0) = −6e1 − 8e2 − 9(1/2)kv1 + (1/2)kv2 −→ −6e1 − 8e2 = (−6,−8, 0, 0)⊤ quando k → +∞. 4 5a Questão (exclusiva para turmas ABI) Seja Refπ : R3 → R3 o operador de reflexão em torno do plano π: −x+ y = 0. (a) (1.0 pt) Encontre uma base B = {v1,v2,v3} do R3 tal que [Refπ] B B =1 0 0 0 1 0 0 0 −1 . (b) (1.0 pt) Sendo C = {e1, e2, e3} a base canônica, use o item anterior e a fórmula de mudança de bases para calcular [Refπ] C C . SOLUÇÃO (a) Sejam v1 e v2 uma base do subespaço vetorial π; por exemplo, podemos tomar v1 = (1, 1, 0)⊤ e v2 = (0, 0, 1)⊤. Como v1 e v2 estão no plano π, é claro que Refπ(v1) = v1 e Refπ(v2) = v2. Seja agora v3 um vetor não-nulo ortogonal a π; por exemplo, v3 = (−1, 1, 0)⊤. Como v3 ⊥ π, é claro que Refπ(v3) = −v3. Os três vetores v1, v2, v3 formam uma base do R3 e, pelas igualdades anteriores, temos que [Refπ] B B = 1 0 0 0 1 0 0 0 −1 . (b) Pela fórmula de mudança de bases, [Refπ] C C = [ I ]BC [Refπ] B B [ I ]CB. Como C é a base canônica, então [ I ]BC = [ v1 v2 v3 ] = 1 0 −1 1 0 1 0 1 0 . A matriz [ I ]CB é a inversa de [ I ]BC ; calculando via Gauss-Jordan, obtemos [ I ]CB = 1/2 1/2 0 0 0 1 −1/2 1/2 0 . Portanto: [Refπ] C C = 1 0 −1 1 0 1 0 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 −1 1/2 1/2 0 0 0 1 −1/2 1/2 0 = 0 1 0 1 0 0 0 0 1 . 5