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1 Profª Carla da Silva Carneiro carlasilvacarneiro@gmail.com Universidade Federal do Rio de Janeiro Graduação Faculdade de Farmácia Proteínas e Bioquímica da Carne Proteínas “São complexos heteropoliméricos, constituídos por alguns dos 21 “São complexos heteropoliméricos, constituídos por alguns dos 21 aminoácidos diferentes, interligados por ligações peptídicas.”aminoácidos diferentes, interligados por ligações peptídicas.” Unidade básica – Aminoácidos: PM de 75 a 204. Podem aparecer também na forma livre, ou seja, aa não protéico. Possuem pelo menos um grupo amina (NH(NH22)) e um carboxila (COOH). AMINOÁCIDOAMINOÁCIDO LIGAÇÃO PEPTÍDICALIGAÇÃO PEPTÍDICA P R O T E ÍN A S P R O T E ÍN A S 2 Aminoácidos VegetaisVegetais:: Com o auxílio de "bactérias nitrificantes" presentes em nódulos existentes em suas raízes, fixam nitratos, nitritos e amônia do solo, formando proteínas à partir de nitrogênio inorgânico. São divididos em 2 grupos com relação ao tipo de proteínas presentes: a) Legumes e frutas: <teor de proteínas globulares b) Cereais e Leguminosas: > teor de ptns globulares AnimaisAnimais:: necessitam receber através da dieta os aminoácidos necessários para a formação de suas proteínas, sendo capazes da síntese somente de algumas cadeias de ácido carboxílico à serem utilizadas na síntese protéica e de processo de transferência de grupo amínico (transaminaçãotransaminação). Aminoácidos Essenciais Existem 21 aminoácidos principais, sendo denominados aminoácidos primários ou padrão, mas além desses, existem alguns aminoácidos especiais, que só aparecem em alguns tipos de proteínas. Desses, nove são ditos essenciais: isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina triptofano, valina, histidina e arginina. Proteínas 3 Proteínas de origem vegetal x Proteínas de origem vegetal x Proteínas de origem animalProteínas de origem animal Os alimentos de origem vegetal possuem proteínas de menor valor biológico que os alimentos de origem animal. O valor biológico está relacionado com a presença dos aminoácidos considerados essenciais. Fonte protéica Aminoácido limitante Trigo Lisina Arroz Lisina Legumes Triptofano Milho, cereais Lisina e Triptofano Feijão Metionina (Cisteína) Ovos, Frango nenhum Proteínas Aminoácidos (C, O, H, N e por vezes S). São formados por grupo amina, grupo carboxílico, carbono alfa (todas as partes se ligam a ele) e um radical característico. -Apresentam boa solubilidade em água, sendo fracamente solúveis em solventes orgânicos (apolares). -Participam de reações químicas na forma de ácido ou base – caráter ANFÓTERO. - Por possuírem um carbono assimétrico, desviam a luz polarizada. -Alto ponto de fusão (geralmente >200°C - há decomposição da estrutura química). Proteínas 4 Proteínas Aminoácido Aminoácido: Fórmula geral de um α aminoácido – os grupos amino e carboxila estão ligados ao carbono α. A cadeia lateral R, diferencia os aminoácidos entre si. Ligação Peptídica Ligação peptídica: ocorre entre o grupo α carboxila de um aa e o grupo α amino de outro aa. Até 100 aa (10KDa) peptídeo Mais que 100 aminoácidos proteína Aminoácidos carbono α Carbono α assimétrico: Essa propriedade define o C alfa como um centro quiral e confere propriedades ópticas a molécula. Proteínas carbono α Carbono α: é o C assimétrico, ou seja, possui 4 ligantes diferentes. Essa propriedade define o C α como um centro quiral e confere propriedades óticas a molécula. Existem 2 isômeros óticos do C α : as formas L e D. São enantiômeros (imagens especulares) um do outro. Não são interconversíveis sem quebra de laços covalentes. Aminoácidos 5 Os aa localizados na superfície da ptn são os responsáveis pelo comportamento ácido, básico e pela solubilidade, variando com o pH e a temperatura, força iônica e constante dielétrica. Portanto, cada aa possui uma cadeia lateral que vai influenciar nas propriedades físico-químicas (estrutura, função, etc.) e portanto nas propriedades das proteínas que os contém. Proteínas Cadeia de aminoácidos formando uma proteínas Aminoácidos Proteínas Os aminoácidos proteicos são classificados de acordo com as propriedades de suas cadeia laterais ClassificaçãoClassificação dosdos aminoácidosaminoácidos dede acordoacordo comcom aa polaridadepolaridade dada cadeiacadeia laterallateral:: a)a) CadeiasCadeias lateraislaterais nãonão--polarespolares (alifáticas)(alifáticas) (hidrofóbicas)(hidrofóbicas):: alaninaalanina, isoleucinisoleucina, leucinaleucina, metioninametionina, fenilalaninafenilalanina, prolinaprolina, triptofanotriptofano e valinavalina. Observação: Os aa polares da ptn interagem com a água, tendendo a se localizar na superfície e os apolares se localizam internamente, interagindo entre si, formando pontes de H. O grupo sulfidrila (SH) do aa cisteína interage ente si, formando pontes de enxofre. 6 c)c) CadeiasCadeias lateraislaterais polarespolares (carga(carga positiva)positiva) (polares(polares básicos)básicos):: lisinalisina, argininaarginina, e HistidinaHistidina. São os de cadeia lateral positivamente carregada (pH próximo a neutralidade). d)d) CadeiasCadeias lateraislaterais polarespolares (carga(carga negativa)negativa) (polares(polares ácidos)ácidos):: ácidoácido aspárticoaspártico, e ácác.. glutâmicoglutâmico. São os de cadeia lateral negativamente carregada. Proteínas b)b) CadeiasCadeias lateraislaterais polarespolares (hidrofílicas)(hidrofílicas):: serinaserina, treoninatreonina, tirosinatirosina, asparginaaspargina, glutaminaglutamina e cisteínacisteína. Os aa polares interagem com a água, maximizando o contato e, conseqüentemente, tendem a se localizar na superfície da molécula da proteína. e)e) ComCom anéisanéis aromáticosaromáticos:: FenilalaninaFenilalanina, TirosinaTirosina, TriptofanoTriptofano e ProlinaProlina. São hidrofóbicos, apolares. C la ss if ic aç ão d o s am in o ác id o s d e ac o rd o c o m C la ss if ic aç ão d o s am in o ác id o s d e ac o rd o c o m a si m ila ri d ad e d a a si m ila ri d ad e d a ca d ei a la te ra l ca d ei a la te ra l:: 7 C la ss if ic aç ão d o s am in o ác id o s d e ac o rd o c o m C la ss if ic aç ão d o s am in o ác id o s d e ac o rd o c o m a si m ila ri d ad e d a a si m ila ri d ad e d a ca d ei a la te ra l ca d ei a la te ra l:: Proteínas EstruturaEstrutura dasdas proteínasproteínas:: AA estruturaestrutura dasdas proteínasproteínas estáestá divididadividida emem quatroquatro níveisníveis dede organizaçãoorganização.. b)b) SecundáriaSecundária:: Corresponde ao 1° grau de ordenação espacial adotada pela cadeia polipeptídica, é o enovelamento da estrutura primária. A estrutura secundária pode ser: alfa hélice ou folhas beta. c)c) TerciáriaTerciária:: É provocada pela interação entre as cadeias laterais. Desta conformação resultam as proteínasglobulares e fibrosas. Ligações que determinam a estrutura terciária: pontespontes dissulfetodissulfeto, pontespontes dede HH, InteraçõesInterações dipolodipolo-- dipolodipolo, interaçõesinterações dede VanVan DerDer WallsWalls, InteraçõesInterações eletrostáticaseletrostáticas. d)d) QuaternáriaQuaternária:: Agrupamento de subunidades protéicas. Os resíduos que ficam orientados em direção a superfície da estrutura 3ª podem estabelecer interações permanentes ou transitórias com outras proteínas, formando a estrutura quaternária. A partir dessa estrutura surgem os dímeros, trimêros, tetrâmeros. As interações são as mesmas da estrutura 3ª, exceto pontes dissulfeto (S-S). Ex: a insulina no sangue é um dímero, no pâncreas está armazena sob a forma de um hexâmero – ela tem que ser desnaturada para passar pela corrente sanguínea. a)a) PrimáriaPrimária:: Corresponde aos aa ligados entre si por ligações covalentes peptídicas, bastante estáveis. Por causa da interação entre os vários tipos de cadeia lateral na proteína e do relativo grau de interação diferenciada com a molécula de água, a ptn raramente se encontra na forma linear (primária), e sim dobrada, formando uma estrutura tridimensional. Proteínas 8 EstruturaEstrutura dasdas proteínasproteínas:: AA estruturaestrutura dasdas proteínasproteínas estáestá divididadividida emem quatroquatro níveisníveis dede organizaçãoorganização.. Estrutura terciáriaEstrutura terciária Proteínas EstruturaEstrutura dasdas proteínasproteínas:: AA estruturaestrutura dasdas proteínasproteínas estáestá divididadividida emem quatroquatro níveisníveis dede organizaçãoorganização.. Proteínas Fonte: Almeida et al. (Química Nova, v.35, p.34-40, fev. 2013) 9 EstruturaEstrutura dasdas proteínasproteínas:: AA estruturaestrutura dasdas proteínasproteínas estáestá divididadividida emem quatroquatro níveisníveis dede organizaçãoorganização.. Proteínas Fonte: Almeida et al. (Química Nova, v.35, p.34-40, fev. 2013) PropriedadesPropriedades dasdas proteínasproteínas :: ComportamentoComportamento anfóteroanfótero:: Aminoácidos contêm, de modo geral, um grupo amino NH2 e um grupo carboxílico -COOH. Por conseqüência, o aminoácido pode reagir com bases e com ácidos, ou seja, o aminoácido é substância anfótera. Exemplo: Exemplo: Explique o pH da solução de Lisina:Explique o pH da solução de Lisina: Uma solução de lisina terá um pH de mais ou menos 9,5 o que é básico. Uma solução de lisina terá um pH de mais ou menos 9,5 o que é básico. Este valor básico deveEste valor básico deve--se à presença de dois grupos se à presença de dois grupos aminoamino. . Portanto, lisina contém um grupo ácido e dois grupos básicos. Portanto, lisina contém um grupo ácido e dois grupos básicos. Domina o caráter básico pH > 7 .Domina o caráter básico pH > 7 . Proteínas 10 Propriedades das proteínas no processamento de Propriedades das proteínas no processamento de alimentosalimentos Alterações degradativas podem ocorrer durante o processamento e armazenamento dos alimentos, acarretando alterações nas proteína. Dentre elas, destaca-se a Desnaturação e a Degradação proteica. Desnaturação Caracteriza-se pela perda da conformação espacial original da ptn. Pode ser reversível ou irreversível. Modificações na estrutura 2ª 3ª 4ªria sem haver quebra da ligação peptídica que dá origem a estrutura primária. Altera as propriedades das ptns. •• AgentesAgentes causadorescausadores:: FísicosFísicos (aquecimento, congelamento), radiação UV, ionizante, Ultra-som, agitação prolongada, pressão hidrostática. QuímicosQuímicos (ácidos e bases, metais, moléculas orgânicas como uréia, solventes e detergentes). Proteínas Desnaturação •• PrincipaisPrincipais efeitosefeitos:: -Perda da atividade biológica; - Diminuição da solubilidade (expões grupos hidrofóbicos) - Aumento da viscosidade - Aumento da sensibilidade a proteases (digestibilidade); - Não há rompimento da seqüência de aminoácidos, pois as ligações peptídicas não foram rompidas! -Não há perda de valor biológico! ••ExemplosExemplos:: •Iogurtes (alteração do pH - desnaturação da caseína – precipitação e formação do coalho); •Pasteurização e Branqueamento (desnaturação= inativação de enzimas); •Processos repetidos de congelamento e descongelamento (ocorre exsudação, devido a desnaturação de ptns e alteração na ligação proteína-água); • Cocção do ovos (calor desnatura as ptns da clara = irreversível). Proteínas OBS: Valor Biológico é diferente de Atividade Biológica 11 Degradação Ocorre rompimento das ligações peptídicas - covalentes (ligações mais fortes), por meio da hidrólise. Origina aminoácidos e peptídeos •• AgentesAgentes causadorescausadores:: QuímicosQuímicos – Hidrólise causada por ácidos ou álcalis. EnzimáticosEnzimáticos - Enzimas autolíticas ou microbianas. Proteínas ExemplosExemplos:: Na degradação de carnes os aa que possuem enxofre (S) em sua cadeia podem formar H2S (odor desagradável). Na fabricação de gelatina (hidrólise parcial do colágeno); Na fabricação de queijos (precipitação da caseína por hidrólise da kapa-caseína ou caseinomacropeptídeo, por ação da enzima renina) e na maturação da carne (há degradação da troponina). Rompimento de Ligações Peptídicas Ptns e o tratamento térmico ObjetivosObjetivos:: a) Inativação de microorganismos b) Inativação de enzimas endógenas (lipases, proteases, lipoxigenases, amilase, polifenolxidades) – que promovem alterações oxidativas e hidrolíticas durante o armazenamento; c) Melhoria da palatabilidade. Proteínas !! TemperaturasTemperaturas acimaacima dede 100100°°CC:: Sob essas condições podem ser formadas ligações isopeptídicas ou cruzadas entre o grupo NH2 da lisina e o grupo amida do ác. glutâmico ou aspártico, no mesmo peptídeo ou na vizinhança, afetando assim a funcionabilidade e impedindo a digestão da proteína, o que diminui seu valor nutricional. !! TemperaturasTemperaturas acimaacima dede 180180°°//200200°°CC:: Ocorre destruição dos aminoácidos ou RACEMIZAÇÃO (formação de aa na forma D). A presença de D-isômeros reduz a digestibilidade da proteína, além desses não serem utilizados na síntese de novas proteínas. 12 Propriedades Funcionais das Proteínas (físico-químicas) que Influenciam nas Características do Alimento PontoPonto IsoelétricoIsoelétrico É o pH no qual a molécula do aminoácido apresenta igual no de cargas positivas e negativas Encontra-se eletricamente neutro Íon dipolar ou zwitterion. Ex: caseína do leite possui Ponto Isoelétrico =pH 4,6 a temperatura de 20°C Proteínas Proteínas SolubilidadeSolubilidade Proteínas interagem com água através principalmente de suas cadeias laterais (grupos polares). InfluenciaInfluencia dodo pHpH:: Em pH diferente do ponto isoelétrico (pI) as proteínas interagem com a água, no pI elas precipitam. InfluenciaInfluencia dada temperaturatemperatura:: Aumento da temperatura – exposição de grupos polares em ptns muito compactas - aumento da solubilidade; Acima de 40/50°C desnaturação – precipitação. A solubilidade trata das interações proteína-água, absorção, retenção de água, suculência, viscosidade, etc. Propriedades Funcionais das Proteínas (físico-químicas) que Influenciam nas Características do Alimento 13 Proteínas FormaçãoFormação dede GelGel AgregaçãoAgregação::formação de complexos de grandes tamanhos; PrecipitaçãoPrecipitação:: reações de agregação com perda total de solubilidade; FloculaçãoFloculação:: agregação desordenada, sem desnaturação, tendo como causa o desaparecimento das repulsões eletrostáticas entre as cadeias polipeptídicas; CoagulaçãoCoagulação:: agregação desordenada, com desnaturação; Geleificação: agregação ordenada, com desnaturação. As propriedades descritas acima são dependentes de: Interações proteínasAs propriedades descritas acima são dependentes de: Interações proteínas-- proteína, proteínaproteína, proteína--água e forças atrativas e repulsivas entre as cadeias água e forças atrativas e repulsivas entre as cadeias polipeptídicas (interações hidrofóbicas, eletrostáticas, pontes de H e ligações polipeptídicas (interações hidrofóbicas, eletrostáticas, pontes de H e ligações dissulfetodissulfeto SS--S).S). Propriedades Funcionais das Proteínas (físico-químicas) que Influenciam nas Características do Alimento Proteínas EstabilizandeEstabilizande dede EmulsõesEmulsões Dispersão coloidal do tipo L/L; Fase dispersa líquido (gotículas) e fase dispersante também líquida – óleo/água (O/A); Óleo é apolar (hidrofílico) – Água (polar); Certas proteínas se ligam na interfase entre as gotículas de óleo e a fase aquosa contínua, as quais determinam a resistência das gotículas a coalescência. Estabilidade da Emulsão: Impede a floculação e consequente coalescência Floculação Coalescência Propriedades Funcionais das Proteínas (físico-químicas) que Influenciam nas Características do Alimento 14 Proteínas FormaçãoFormação dede EspumaEspuma Dispersão coloidal do tipo G/L ou G/S; Normalmente o gás é o ar e a fase contínua uma solução aquosa que contém proteínas. Entre as proteínas, as que possuem boa capacidade espumante são as da clara do ovo e as ptns do leite (do soro e as caseínas). Propriedades Funcionais das Proteínas (físico-químicas) que Influenciam nas Características do Alimento Valor Nutricional das ProteínasValor Nutricional das Proteínas Proteínas Juntamente com os glicídeos e os lipídeos, as proteínas constituem a alimentação básica dos animais. No entanto, podemos dizer que as proteínas são ainda mais importantes, pois são fundamentais na estrutura (função plástica), funcionamento e reprodução de todas as células vivas. Proteínas Completas: aminoácidos essenciais - Caseína (leite) - Ovoalbuminas e ovovitelinas (ovo) - Lactoalbuminas (leite e queijo) - Albumina e miosina (carne) 15 Proteínas Proteínas Incompletas: - Gliadina (trigo) - Glicinina (soja) - Excelsina (castanha do Pará) - Legunina (ervilha) - Faseolina (feijão) -Legumelina (soja) - CereaisCereais == ((--)) lisinalisina -- LeguminosasLeguminosas == ((--)) metioninametionina -- ZeínaZeína (milho)(milho) == ((––))triptofanotriptofano ee tirosinatirosina -- GelatinaGelatina == ((––)) triptofanotriptofano ee tirosinatirosina Valor Nutricional das ProteínasValor Nutricional das Proteínas Proteínas em AlimentosProteínas em Alimentos Proteínas Fonte: Almeida et al. (Química Nova, v.35, p.34-40, fev. 2013) 16 Bioquímica dos Músculos a) Proteínas: 20% do tec. muscular e 80% dos sólidos totais a.1) Intracelulares : a.1) Intracelulares : Sarcoplasmáticas - 30-35%: (miogênio, Globulina, mioglobulina); Fibrilares – 52-56%: (actina e miosina) a.2) Estroma (10a.2) Estroma (10--15%):15%): Colágeno elastinas e proteoglicanos Os tecidostecidos muscularesmusculares possuem, em média, 7575%% dede águaágua e 2525%% dede sólidossólidos totaistotais, divididos: b) Glicídeos: 0,4 a 1,8% Glicogênio (reserva energética) c) Lipídeos: 2,5 a 4,5% Neutros, fosfolipídeos, glicolipídeos, esteróides d) Subtâncias extrativas musculares: NitrogenadasNitrogenadas (ATP, ADP, AMP, creatina, acetilcolina, aminoácidos, dipeptídeos – carnitina e arsenina, etc.); Não nitrogenadas; Inorgânicas (Não nitrogenadas; Inorgânicas (Ca, Na, K, etc.). Células alongadas (fibras musculares): FIBRASMUSCULARESFIBRASMUSCULARES MIOFIBRILAS MIOFIBRILAS MIOFILAMENTOS (MIOFILAMENTOS (ActinaActina e Miosina) e Miosina) O tecido muscular é o principal componente da carne. O músculo pode ser do tipo esquelético, liso ou cardíaco. O músculo esquelético constitui a maior parte da carcaça do animal. O músculo esquelético está formado por células longas e estreitas, ordenadas de forma paralela e envoltas por uma camada de tecido conjuntivo (EPIMÍSIO), entre as fibras tb há tecido conjuntivo (PERIMÍSIO) Tecido Muscular Bioquímica dos Músculos 17 Tecido Muscular Nomenclatura: Sarcômeros são as unidades básicas da contração muscular Membrana do Tec. Muscular = Sarcolema Citoplasma do Tec. Muscular = Sarcoplasma R.endoplasmático= Retículo Sarcoplasmático Contração Muscular A fibra muscular é composta de MIOFIBRILASMIOFIBRILAS, paralelas envoltas pelo sarcoplama (citoplasma). A MIOFIBRILAMIOFIBRILA é composta de FILAMENTOSFILAMENTOS paralelos de das seguintes proteínas: ACTINAACTINA (delgado) e MIOSINAMIOSINA (espesso). As unidade de actina e miosina que se repetem ao longa da MIOFIBRILAMIOFIBRILA são os chamados SARCÔMEROSSARCÔMEROS. Bioquímica dos Músculos Bioquímica dos Músculos SARCÔMEROSSARCÔMEROS As faixas mais claras são denominadas bandabanda II e contém os filamentosfilamentos dede actinaactina e a faixa central mais escura é a bandabanda AA, as extremidades desta são formadas por filamentos de actinaactina ee miosinamiosina sobrepostossobrepostos, enquanto que a sua região mediana mais clara (zona H, contém miosina. Quando o músculo se contrai as bandas I e a zonazona HH diminuem de lagura. A contração se dá pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina. O estímulo para contração muscular é geralmente um impulso nervoso que se propaga pela membrana das fibras musculares, atingindo o retículo sarcoplasmático, onde está armazenado o cálcio. Assim há a liberação dos íons de Ca, que em contato com as miofibrilas, desbloqueiam os sítios de ligação da actina... Banda I Banda I Zona HZona H Banda ABanda A Contração Muscular 18 Bioquímica dos Músculos ...permitindo que a actina se ligue a miosina, iniciando a contração muscular. Ao cessar o estímulo, o nível de cálcio no citoplasma diminui, pois este é rebombeado para o interior do retículo sarcoplasmático (ATPase) rompendo a ligação actina-miosina, cessando a contração muscular. SARCÔMEROSSARCÔMEROS Contração Muscular A energia para contração muscular é suprida por moléculas de ATP (produzidas durante a respiração celular). Bioquímica dos Músculos Mioglobina - Cor do tecido muscular No sarcoplasma se encontra a MIOGLOBINAMIOGLOBINA, que é a proteína responsável pelo processo respiratório do tecido muscular e pela cor avermelhada da carne. A cor do tecido é mais intensa conforme a concentração desta proteína. A cor da MIOGLOBINAMIOGLOBINA está relacionada a sua estrutura química. É uma molécula que se liga de forma reversível ao oxigênio, podendo ser encontrada nas seguintes formas: A mioglobina (Mb) é de cor vermelho púrpura; A oximioglobina (MbO2) tem cor vermelha intensificada ficando brilhante na forma oxigenada; A metamioglobinametamioglobina (MetMb), mioglobina oxidada, apresenta coloração marrom claro. A cor marrom está relacionada ao ferro presente na molécula que passa de Fe++(mioglobina) a Fe+++ (metamioglobina). 19 Bioquímica dos Músculos Mioglobina - Coloração do tecido muscular OXIMIOGLOBINA MIOGLOBINAMIOGLOBINA Ex: carne na embalagem Ex: carne na embalagem à vácuoà vácuo METAMIOGLOBINAMETAMIOGLOBINA FeFe++++++ FeFe++++ OBS: Adição de Nitrato e Nitrito de Sódio -> Formação de pigmento NITROSOMIGLOBINA , que é de cor vermelha, estável e resistente ao processo de oxidação. Este pigmento é resultante da fixação da molécula de óxido nítrico, produto resultante da fixação do nitrito com a mioglobina - USO PROIBIDO EM CARNES FRESCAS! Bioquímica dos Músculos Rigor Mortis Com o abate do animal, há ausência de O2, o metabolismo prossegue em anaerobiose, levando a glicólise anaeróbia, que tem como produto final o ácido lático ( pH). Transformação do Músculo em CarneTransformação do Músculo em Carne Quando cessam todas vias de obtenção de ATP, a actina e a miosina se unem de forma irreversível, formando a actomiosina, produzindo o RIGORRIGOR MORTISMORTIS. O que é o RIGOR MORTIS? Este processo leva cerca de 8h após o abate do animal. E, no abate comercial o RIGOR MORTIS e seus estágios são controlados. 20 Bioquímica dos Músculos Transformação do Músculo em CarneTransformação do Músculo em Carne Etapas Etapas -- processos que caracterizam o processos que caracterizam o RIGOR MORTISRIGOR MORTIS:: 1. Morte do animal – parada respiratória – remoção do sangue da carcaça. 2. Continuam ocorrendo diversas reações bioquímicas, onde o ATP é utilizado mantendo seu nível as custas da GLICÓLISEGLICÓLISE ANERÓBIAANERÓBIA (glicogênio muscular), até que esse glicogênio acabe. 3. Há diminuição do pH devido a GLICÓLISEGLICÓLISE ANAERÓBIAANAERÓBIA--> o pH que originariamente está 77,,33--77,,44, passa a 55,,55 devido a produção de ácido lático. 4. Ligação actina-miosina. Bioquímica dos Músculos São recomendados na prática dos matadouros as seguintes São recomendados na prática dos matadouros as seguintes condições: condições: -Transporte dos animais para área próxima ao local do "abate" no mínimo 24 horas antes deste; - Morte do animal por método rápido e brando (choque ou injeção de ar), visando que o animal não se debata, o que diminuiria o teor de glicogênio; sangria imediata. OBJETIVOS: Abate Humanitário Manter as reservas de glicogênio para a adequada conversão do músculo em carne (pós-rigor), devido a produção de ácido lático com a glicólise anaeróbia (diminuição o pH da carne). Transformação do Músculo em CarneTransformação do Músculo em Carne 21 Bioquímica dos Músculos Pós-Rigor O período de PÓSPÓS--RIGORRIGOR, deve se estender de 2 a 3 semanas após o rigor mortis na temperatura de 2°C, sendo este conhecido como PERÍODOPERÍODO DEDE MATURAÇÃOMATURAÇÃO DADA CARNECARNE, onde ocorrem modificações desejáveis. O ácidoácido láticolático liberado é o elemento responsável pelos processos que caracterizam este período, sendo portanto de suma importância o teor de glicogênio original do tecido muscular no momento do "abate". Transformação do Músculo em CarneTransformação do Músculo em Carne Resolução o Rigor Bioquímica dos Músculos As principais modificações causadas pelo aumento da concentração de ácido ácido láticolático, ou seja, pela diminuição do pH (pH final 6,0pH final 6,0--6,26,2), são: ((11)) Desnaturação das proteínas solúveis, entre elas a MIOGLOBINAMIOGLOBINA, devido à redução do pH, tendo como principal efeito o esmaecimento parcial da cor do tecido; ((22)) Liberação e ativação das CatepsinasCatepsinas celulares, que vão causar quebras gradativas das cadeias proteicas, tendo como consequência o amaciamento do tecido (“resolução do rigor"); (3) Na quebra de cadeias proteicas ocorre um aumento do teor de aminoácidos livres e peptídios, responsáveis pela melhoria do "flavor" das carnes, juntamente com o próprio ácido Lático que além de possuir "flavor" próprio, realça o de outras substâncias presentes. (4) O ácido lático (diminuição do pH) apresenta também "efeito bacteriostático" nos tecidos musculares, tornando-os mais resistentes à degradação por bactérias proteolíticas. Transformação do Músculo em CarneTransformação do Músculo em Carne Resolução o Rigor= MÚSCULO CARNE
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