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Guia dosushi Nº 20. Exemplar gratuito. Distribuição interna. Não jogue na rua, ok? para comer com os olhos w w w. hashitag .co m . br Primavera 2016 grátis R$0 CAMPEÃO DO MUNDO Sushiman brasileiro vence o World Sushi Cup Dr. MasterChef Entrevista com Lee Fu Kuang, o ‘Tio Lee’ do MasterChef BR As variações do representante mais tradicional da culinária japonesa #APERITIVO Caro leitor, Enfim, chegamos a mais uma primavera e, para brindar a che- gada dessa estação, contamos tudo o que aconteceu no Kokushu – uma dose de Japão, evento que apresentou as bebidas alcoólicas japonesas ao público brasileiro com seminários e degustação. O brinde fica também para o sushiman Celso Amano, o primeiro brasileiro a vencer o campeonato World Sushi Cup, numa dis- puta com profissionais especializados em sushi do mundo todo. Falando nisso, você conhece a variedade de formas que um sushi pode ter? Pode ser moldado ou bagunçado, todos fazem parte da mesma família. É o que mostra o Guia de Sushi preparado espe- cialmente pela equipe do Aizomê para esta #hashitag. De volta para o básico, apresentamos o caldo essencial dashi, com sugestões de variações pelo chef Luís Yscava para ex- plorar todo o potencial umami na cozinha. Aliás, tivemos uma conversa bem interessante sobre umami com o médico Lee Fu Kuang, o Tio Lee do MasterChef Brasil. Temos ainda um novo Papo com Adegão, uma nova seção fres- quinha (que abre espaço para você participar da revista com a sua receita da estação) e um novo olhar para a culinária corea- na: sem pimenta! Outra novidade: é com grande prazer que as- sino esta página pela primeira vez para convidá-los a degustar esta #hashitag. Boa leitura e até a próxima edição. Karin Kimura, editora Diretor-Presidente: Masakazu Shoji Vice-Presidente Brasil: Luzia Tsuki Shoji Superintendente: Marina Akiko Shoji Publisher: Júlio Moreno EDITORIAL Gerente de Conteúdo: Cassius Medauar Supervisor de Conteúdo: Marcelo Del Greco Projeto Gráfico e Arte: Jefferson K. Ono Texto: Karin Kimura OPERAÇÕES Coordenadora de Processos Gráficos: Eliana Aragão Francisco Analista: Alex Rossi Fale com a gente, a #hashitag quer ouvir você: [twitter][>]: @hashitag [facebook][>]: facebook.com/hashitag [email][>]: fale@hashitag.com.br Para conferir os conteúdos extras da #hashitag, basta usar o leitor de QR codes do seu smartphone! Se você ainda não tiver um leitor instalado, pode baixar de graça no site reader.kaywa.com. COLABORADORES Consultor de Conteúdo: Jo Takahashi Fotografia: Rafael Salvador e Henrique Minatogawa (Nikko Fotografia) Textos e Revisão de Textos: Henrique Minatogawa ADMINISTRATIVO Gerente: Patricia Tsuruta Supervisor: Felipe Brandão Malaspina Assistentes: Giliarde Oliveira, Alysson Augusto Dias Andrade e Lucas Brandão Malaspina COMERCIAL Gerente: Leandro P. Carvalho Supervisora: Daniele Araújo Assistentes: Daílson Almeida, Carolina Álvares Fidelis, Natalia França dos Santos e Lucas Gomes do Nascimento Assinaturas: Ricardo Kaneshiro e Maíra Maria de Lacerda Ferreira COMUNICAÇÃO E MARKETING Gerente: Edi Carlos Rodrigues Assistentes: Vinícius Galhardo e Rodrigo de Souza Pelaes #HASHITAG é uma publicação da Editora JBC R. Loefgreen, 1.291 - 7º andar, Vila Mariana, São Paulo - SP, CEP 04040-031. Tel.: (11) 5904-9286 www.editorajbc.com.br expediente Foto de capa: Rafael Salvador 4 #MENUDAEDIÇÃO GUIA DO SUSHI 36 COREANO SEM PIMENTA 3832 ENTREVISTA: LEE FU KUANGCELSO AMANO, CAMPEÃO DO WORLD SUSHI CUP 44 RECEITA: CALDO ESSENCIAL DASHI 10 JOJOSCOPE 06 DOIS PALITOS 08 HASHITALK 09 SUKIYAKI DO BEM 20 SAKE, SHOCHU E AWAMORI 24 TÁ FRESQUINHO: KINKAN 42 PAPO COM ADEGÃO 50 CO N E Xà O B RA SI L-J A Pà O w w w .jo jo sc o p e. co m O A N O D O S H IN D efi ni tiv am en te , 20 16 é o a no d e co ns ag ra çã o do c he f Sh in K oi ke . E m f ev er ei ro , el e fo i de si gn ad o E m ba ix ad or d a D if us ão d a C ul i- ná ri a Ja po ne sa , tít ul o ou to rg ad o pe lo M in is - té ri o da A gr ic ul tu ra , Si lv ic ul tu ra e P es ca d o Ja pã o, q ue s el ec io no u 21 e sp ec ia lis ta s, d o Ja pã o e do e xt er io r. E le s pa ss ar am a t er , ofi - ci al m en te , a m is sã o de c on tr ib ui r pa ra d in a- m iz ar a s ex po rt aç õe s do s pr od ut os a lim en tí- ci os ja po ne se s pa ra o e xt er io r, at ua nd o co m o co ns ul to re s em v ár ia s fr en te s de a çã o pa ra di fu nd ir a g as tr on om ia ja po ne sa . E m j un ho , o ch ef S hi n K oi ke f oi m ai s um a ve z co nt em pl ad o pe lo g ov er no j ap on ês , no - va m en te p el o m es m o m in is té ri o, m as c om um n ov o tít ul o: E m ba ix ad or d a B oa V on ta de da C ul in ár ia J ap on es a. T ra ta -s e de u m d up lo r ec on he ci m en to p el o tr ab al ho q ue o c he f Sh in v em d es en vo lv en do em p ro l da d iv ul ga çã o da a ut ên tic a cu lin ár ia ja po ne sa n o B ra si l, ho je c or re nd o ri sc o de s er vu lg ar iz ad a de vi do a u m a te nd ên ci a de p o- pu la ri za çã o qu e se d is ta nc ia d os p ri nc íp io s bá si co s qu e no rt ei am o w as ho ku , a a ut ên tic a cu lin ár ia d o Ja pã o. C ô ns ul -g er al T ak ah ir o N ak am ae c o m o c he f Sh in K o ik e Fotos: Divulgação O J ap ão n o B ra si l. Jo Jo Sc o p e ce nt ra o f o co n es sa r el aç ão d e m ai s de c em a no s. E t am bé m o B ra si l n o J ap ão , u m a no va m o da . C o m u m a vi sã o c in em as co pe , s ua le nt e po de c ap ta r as a rt es , c o m o a da nç a, a m ús ic a, a s ar te s vi su ai s e at é a ga st ro no m ia . P an o râ m ic a, e la tr an si ta p o r to da s as a rt es e p o r is so já n as ce a dm it in do s eu o lh ar hí br id o . J o Jo Sc o pe p o de m ud ar de le nt e e an al is ar d et er m in ad o s te m as c o m u m a vi sã o m ic ro sc ó pi ca . Em o ut ro s m o m en to s, c o m o u so de u m t el escó pi o , J o Jo Sc o pe po de a té t en ta r ca pt ar u m f at o no vo n o h o ri zo nt e e vi ra r um o bs er va tó ri o d e te nd ên ci as . Jo T ak ah as hi é c o ns ul to r de a rt e e cu lt ur a na J ap an Fo un da ti o n, o nd e at uo u po r 25 a no s co m o a dm in is tr ad o r cu lt ur al . A go ra , m ig ra es sa e xp er iê nc ia pa ra a s ua p ro du to ra in de pe nd en te , a D ô C ul tu ra l, qu e pr o põ e um c o nc ei to de si gn d e fo rm at ar e de se nv o lv er o pr o je to c ul tu ra l. Te m m ui to m ai s no s it e ofi ci al do J o Jo sc o pe ! 2p al it .u s/ pL r1 LY E st es t ítu lo s fo ra m c ri ad os p el o go ve rn o ja - po nê s de po is q ue a c ul in ár ia j ap on es a fo i in - cl uí da c om o Pa tr im ôn io C ul tu ra l I m at er ia l d a H um an id ad e pe la U ne sc o, e m 2 01 3. O s ch ef s e es pe ci al is ta s qu e re ce be m e st es t ítu lo s tê m a m is sã o de z el ar p el a de fe sa d os c on ce ito s do w as ho ku e p ot en ci al iz ar a d iv ul ga çã o da ga st ro no m ia e d a cu ltu ra j ap on es a de f or m a m ai s am pl a. C om 2 3 an os d e vi vê nc ia n o B ra si l, Sh in K oi ke d iv id e se u te m po e nt re s eu p re m ia do re st au ra nt e, o S ak ag ur a A 1, n o It ai m B ib i (S ão P au lo -S P) , co m o c ar go d e pr es id en te da C om is sã o de C ul in ár ia J ap on es a da S oc ie - da de B ra si le ir a de C ul tu ra J ap on es a e A ss is - tê nc ia S oc ia l. O c ôn su l- ge ra l do J ap ão , T ak ah ir o N ak am ae , pr om ov eu u m a so le ni da de e m s ua r es id ên ci a ofi ci al e m S ão P au lo p ar a a en tr eg a do t ítu lo m ai s re ce nt e ao c he f Sh in K oi ke . N a oc as iã o, sa lie nt ou q ue o c he f é um d os t re ze e sp ec ia - lis ta s em g as tr on om ia n om ea do s pa ra re ce be r es te t ítu lo e q ue s ua a tu aç ão e st á se nd o de ci - si va p ar a qu e m ai s br as ile ir os s e si m pa tiz em co m a c ul in ár ia ja po ne sa . Po r su a ve z, o c he f Sh in , a gr ad ec en do a o po r- tu ni da de , di ss e es ta r sa tis fe ito p or t er p ar ti- ci pa do d e m ui to s pr oj et os n os ú lti m os c in co an os , os q ua is a m pl ia ra m s ua a tu aç ão p ar a al ém d a co zi nh a de s eu re st au ra nt e. “ Pr ep ar ar um p ra to j ap on ês s eg ui nd o um a re ce ita o bt i- da n a in te rn et é f ác il. M eu tr ab al ho é m os tr ar às p es so as a h is tó ri a de m ai s de m il an os q ue es tá p or tr ás d es te u ni ve rs o e qu e fo rm a o qu e nó s ch am am os d e w as ho ku ”, ju st ifi co u. A ci m a: C o qu et el o fe re ci do p el o C o ns ul ad o d o J ap ão pa ra a s o le ni da de . A ba ix o : S hi n ex ib e o d ip lo m a de Em ba ix ad o r da B o a V o nt ad e da C ul in ár ia J ap o ne sa #DOISPALITOS Com conteúdo do portal Made in Japanwww.madeinjapan.com.br #DOCUMENTÁRIO The Birth of Sake Sob a direção de Erik Shirai, o documentário The Birth of Sake (O Nascimento do Sake) faz uma introdução ao mundo da bebida japonesa ao mergulhar na visão daqueles que estão por trás do rótulo. O filme segue na contramão das grandes corporações, capturando como a pequena fábrica de sake Yoshida Brewery preserva os métodos artesanais de produção da bebida fermentada de arroz há mais de 140 anos na província de Ishikawa. Para manter as tradições e a qualidade do sake, Yasuyuki Yoshida trabalha duro ao lado da reduzida equipe que dedica os seis meses mais frios do ano exclusivamente à fabricação da bebida. #GEEK Sanrio lança Gudetama no Brasil A nova aposta da Sanrio no Brasil é o personagem Gudetama, uma gema de ovo preguiçosa que representa o drama das segundas-feiras pela manhã ou “aqueles momentos de puro tédio”. O seu nome é uma junção de “gude”, que significa preguiçoso, e “tama”, de “tamago”(ovo). O personagem já faz o maior sucesso no Japão e Estados Unidos e chega ao Brasil com perfis nas redes sociais e um canal próprio no YouTube, com episódios dublados em português, que mostram que a vida de um ovo não é nada fácil. Facebook/ Instagram: GudetamaBrasil D iv ul ga çã o © 20 13 , 2 01 6 SA N R IO Veja mais na Made in Japan! 2palit.us/ birthsake Assista aos episódios do Sr. Gudetama em: 2palit.us/ gudetamabr AGENDA DE EVENTOS 14ª Fispal Nordeste Feira de Produtos e Serviços de Alimentação Fora do Lar no Nordeste DATA 8 a 11 de novembro de 2016 LOCAL Centro de Convenções de Pernambuco CIDADE Recife - PE INFORMAÇÕES fispalfoodservicenordeste. com.br 26ª Franchising Fair Feira Nacional de Franquia - Sudeste DATA 25 a 27 de novembro de 2016 LOCAL Expominas - Pavilhão 01 CIDADE Belo Horizonte - MG INFORMAÇÕES www.franchisingfair. com.br 29º CIHAT Congresso Internacional de Gastronomia, Hospitalidade e Turismo DATA 16 a 18 de novembro de 2016 LOCAL Centro de Convenções Rebouças CIDADE São Paulo - SP INFORMAÇÕES abresi. com.br/cihat EXPOTEL 2017 Feira Internacional para Hotelaria DATA 9 a 11 de maio de 2017 LOCAL Pro Magno Centro de Eventos CIDADE São Paulo - SP INFORMAÇÕES expotel.com.br 8 Awamori Onde está a arte na gastronomia Passei a virada do ano de 2007 para 2008 em Okinawa. Perto da meia-noite, fomos até um centro comunitário e ficamos bebendo awamo- ri, esperando a vez de tocar um grande sino para comemorar o Ano-Novo. Eu já tinha ouvido falar, mas nunca havia experimentado.Sabia que era uma bebida de teor alcoólico elevado, mas não fiquei mui- to preocupado. Ainda mais porque o copo era preenchido com uma parte de awamori e outra parte de água. Felizmente gostei, porque a ou- tra opção era a cerveja local, que, confesso, não consegui beber mais que uma lata. Para mim, foi uma satisfação conversar um pouco com o senhor Tsutomu Oshiro, presiden- te da Chuko Awamori Distillery, de Okinawa, no evento Kokushu (leia cobertura nesta edi- ção). Ele explicou que as pessoas em Okinawa costumam diluir um pouco o awamori com água para que possam ficar bebendo por mais tempo em confraternizações como aquela. Eu ainda tinha uma dúvida fundamental. Na época, meu primo presenteou minha família com uma garrafa de awamori, que ficou lacra- da, portanto, por quase 10 anos. Ainda estaria bom para consumo? Felizmente, o sr. Oshiro afirmou que sim, e que provavelmente estaria ainda melhor com o envelhecimento. Aquela virada de ano traz boas lembranças. Por diversos motivos, essa garrafa permaneceu lacrada. Agora, que aprendi mais sobre a bebida e seu significado, vou abrir apenas em uma oca- sião especial — espero que seja logo. De forma geral podemos dizer que arte é a comunicação entre artista e espectador. Trata-se de um diálogo, em verdade muitas vezes de mão única, mas que é carregado de significado e sentimentos. Na cozinha não é diferente. Ao transformar o alimento, um bom cozinheiro trabalha pen- sando em sensações. A gastronomia, como entendemos atualmente, talvez seja uma das formas mais completas de arte, pois tem a ha- bilidade de estimular todos os sentidos mui- tas vezes de uma vez só. A beleza geométrica da apresentação de um prato bem montado, o cheiro inconfundível do café fresco sendo passado, o som crocante da casca do pão saído do forno ainda quente, o sabor nostálgico de um prato familiar que remete à infância e a riqueza de texturas de uma delicada sobremesa francesa. Nada disso é obra do acaso. Por trás de cada textura, cheiro ou cor, há o trabalho de uma pessoa empenhada em causar uma sensação. Como negar arte nisso? Talvez o ato de pensar o alimento como arte seja o que divide a boa da má gastronomia. A arte da gastronomia está na intenção de contar uma boa história e provocar os sen- tidos. Possivelmente, essa é a única caracte- rística que os maiores chefs de cozinha com- partilham. * A s o p in iõ es e xp re ss as n es ta s eç ão n ão r ep re se nt am n ec es sa ri am en te a o p in iã o d a re vi st a. #HASHITALK Henrique Minatogawa free lance para Hashitag henrique@nikkofotografia.com Rafael Salvador free lance para Hashitag rafael@nikkofotografia.com #HASHITAG 9 Conheça as principais variações de um dos mais famosos pratos do Japão Desfile de sushi [texto] Henrique Minatogawa [fotos] Rafael Salvador O sushi é um dos pratos nacionais do Japão e merece sua fama. Afi-nal, as muitas formas e combina-ções de ingredientes mostram as sutilezas e sabores da culinária japonesa. Neste especial, #hashitag apresenta uma seleção de tipos de sushi, preparados pela chef Telma Shiraishi e pelo sushiman Victor Iwamoto, do restaurante Aizomê. Prévia Antes, algumas observações que podem ser úteis para quem está descobrindo o sushi. Muitos pratos de sushi contêm gengibre ou tsukemono. Eles servem para limpar o pala- dar para o próximo peixe. Em relação ao shoyu, é sempre recomendá- vel moderação. Depende do gosto de cada um, mas, se for colocar shoyu, que seja pou- co, para que não interfira com o sabor do peixe e dos outros ingredientes. De acordo com Victor, especialmente se o peixe for ma- rinado, o shoyu é totalmente dispensável. Chirashizushi O chirashizushi tem uma forma bem peculiar de apresentação. A camada de arroz é cober- ta por fatias de peixes variados. Outros ingre- dientes, como camarão, polvo e renkon com- pletam o prato. Para consumir, primeiro se come o peixe; em seguida, o arroz. É uma ótima forma de expe- rimentar vários tipos de peixe (geralmente to- dos os disponíveis no dia) em um único prato. Agradecimento: Telma Shiraishi e Victor Iwamoto, do restaurante Aizomê Rua Fernão Cardim, 39, Jardim Paulista, São Paulo-SP #HASHITAG 11 Barazushi Semelhante ao chirashizushi, mas mais “desarrumado” (bara- -bara é uma expressão que significa algo como “desordena- do” em japonês). Consumido especialmente na primavera, tem caráter comemorativo. Junto com os peixes, completam o prato renkon, camarão, algas, gergelim, shiitake, ovas de salmão (ikura), sora mame, dashimaki tamago, broto de bambu e de samambaia. Tekkamaki/ Kappamaki Estas duas variações sempre são feitas no formato de ho- somaki, ou seja, em rolos fi- nos embalados por nori, que são posteriormente fatiados. O tekkamaki é de atum. Já o kappamaki, é de pepino e tem seu nome em homenagem ao personagem do folclore ja- ponês. Uma boa dica é comer com um pouco de wasabi. Nestes casos, o arroz pode entrar em contato com o shoyu (não em excesso), pois o sushi não deve desmanchar. 12 Futomaki O futomaki é a versão maior. Além disso, diferente do in- grediente único do hosomaki, este pode ter muitos. Horenso, ovo, atum, shiitake, kanpyo (abóbora cabaça de- sidratada) e camarão são al- guns exemplos que podem compor um futomaki. Como os ingredientes já estão tem- perados, o shoyu pode ser dispensado. O futomaki é outro tipo de sushi muito co- mum em festividades. Uramaki Em termos de ingredientes, o uramaki segue aproximada- mente o mesmo que o futo- maki. Seu principal diferencial é evidente: o centro é contor- nado por nori, com uma ca- mada de arroz envolvendo a parte externa, ou seja, o con- trário do makizushi. #HASHITAG Inarizushi A característica mais marcante e percep- tível do inarizushi é o fato de o arroz ser coberto por tofu frito (age). Internamen- te, o arroz pode receber mais ingredientes, como renkon em conserva e hijiki (um tipo de alga). O inarizushi está muito relaciona- do com festividades e reuniões familiares. Soba sushi Tecnicamente, não seria um sushi, pois não tem arroz. A troca do arroz pelo ma- carrão soba é uma licença poética muito saborosa. Que é completada com ume- boshi, shiso e batata cará. Bozushi Este tipo tem um método de preparação muito particular. O peixe pode ser sanma ou nishin (arenque), ambos próprios do Oceano Pacífico, marinado por cerca de três dias. O peixe tem suas vísceras e espinha remo- vidas. Então é “recheado” com o arroz, de- pois prensado com o makisu. O sushi adqui- re sabor e textura muito distintos. 14 Aburizushi “Aburi” deriva do verbo queimar em japonês. A técnica de queimar leve- mente com maçarico o pei- xe faz com que ele solte a gordura, realçando o sabor. Na foto, foi utilizada a bar- riga do badejo, com nabo ralado com pimenta e bro- to de alho poró. Temarizushi O nome desta variação de sushi vem de “te- mari”, bola enfeitada que é um brinquedo típico do Japão. Portanto, como o nome sugere, o sushi fica redondo após ser fir- memente moldado e prensado utilizando filme plástico culinário. O temarizushi faz sucesso entre as crianças, sendo muito utilizado como elemento decorativo. Sob o polvo ou o peixe, pode ser acrescentado algum tempero. Battera sushi Na preparação do battera sushi, utiliza-se uma caixa retangular de madeira na qual o arroz e o peixe são firmemente comprimidos. O peixe padrão para este tipo de sushi é o saba (cavalinha), que é marinado no vinagre com gengibre e cebolinha. Repare na lâmina de alga chamada shi- roita konbu (ou batera konbu). Oshizushi Utiliza o mesmo método de produção do battera sushi,mas com outro peixe. Nes- te caso, o escolhido foi o tai (pargo) marinado com sake, yuzu e shiso, com o toque da flor de sakura (cerejeira). Gunkan O nome “gunkan” remete a embarcação, em razão do formato que lembra a proa de um navio. No gunkan, o arroz fica na parte inferior, oculto na apresentação pelo neta (topping). Na foto, o complemento escolhi- do foi uni (ovas de ouriço). De maneira ge- ral, não se usa peixe nesta variação de sushi. Nigirizushi É uma das formas mais conhecidas de sushi, na qual o sushiman pressio- na o arroz levemente com a mão em movimentos característicos. O neta pode ser de diversos tipos de peixe ou outros ingredientes, como polvo, camarão, dashimaki tamago e ou- tros. Nesta foto, o topping escolhido foi o atum. 17 Temaki O temaki é uma variação de sushi em formato de cone fei- to de nori, no qual são adicio- nados o arroz e o peixe picado. “Te” significa “mão” em japonês. Além do preparo ser feito enro- lando o cone na palma da mão, indica também que o consumo deve ser feito com as mãos. Sasazushi O sasazushi é um sushi enrolado em folha de bam- bu. Antigamente, no Japão, o peixe era embrulha- do em certos tipos de folhas para ser transporta- do e conservado. A folha não interfere no sabor, mas tem importante função antibacteriana. 18 Na edição passada de #hashitag, apresen- tamos o balcão de restaurantes japoneses. Agora, daremos mais um passo para dentro dele. Conversamos com Victor Iwamoto, 37 anos, sushiman com oito anos de experiên- cia profissional (há três no Aizomê) para sa- ber mais sobre o trabalho e dicas para quem está começando. “Quando chegamos ao restaurante, o princi- pal é a preparação. Conferir se todos os ingre- dientes estão em ordem, depois começamos a pensar no que será servido durante o dia. No Aizomê, como trabalhamos em dupla, di- vidimos da seguinte forma: um fica no balcão, cuidando do arroz e acompanhamentos, en- quanto o outro fica responsável por abrir os peixes”, explica Victor. O contato com os clientes é um fator que Vic- tor considera altamente positivo. “Eu gosto de trabalhar no balcão. Sempre conhecemos uma pessoa diferente, ouvimos uma história diferente. A melhor parte é perceber a satis- fação do cliente com o que estamos fazendo. Da mesma forma, percebemos a insatisfação também. Precisamos ter sensibilidade”. Outro ponto destacado por Victor é o respeito para com o restaurante onde se trabalha. “To- dos os que estão aqui hoje trabalharam em outros lugares antes. Quando entramos aqui, tivemos que nos adaptar. Claro que, com o tempo, acrescentamos nosso toque pessoal. Não é a casa que tem que se adaptar ao nosso estilo. Até mesmo o sushi, temos que fazer de acordo com o estilo do restaurante”, afirma. Como dificuldade no início da carreira, Vic- tor menciona o relacionamento com o chefe. “Trabalhei com um chefe que pegava no pé. Mesmo fazendo tudo certo, ele implicava para testar a paciência, para ver até onde eu aguen- tava. Porque não é um serviço fácil”, avalia. Por isso, para um sushiman iniciante, Vic- tor aconselha: paciência e força de vontade. Além disso, ele defende a linha mais tradi- cional de trabalho. “No começo, trabalhei em rodízio. Na época, estava em alta, mas eu pensava que algum dia ia cair. Respeito, é um trabalho como qualquer outro. Eu pro- curo sempre estar próximo do tradicional. É algo de 500 anos, que tem uma tradição por trás. Eu sempre acreditei e ainda acredito que o tradicional é que vai permanecer. Por isso, aconselho quem estiver começando a procu- rar o tradicional”, finaliza Victor. O trabalho no balcão de sushi ‘Procuro sempre estar próximo do tradicional’, afirma sushiman do Aizomê #HASHITAG Evento Sukiyaki do Bem chega à 10º edição com harmonização da culinária com a cerâmica japonesa Um jantar do bem O Jantar Beneficente Sukiyaki do Bem, promovido pela ceramis-ta Hideko Honma, chegou à sua 10ª edição em setembro de 2016, com a participação de chefs, sommeliers e ceramistas juntando forças em uma ação gas- tronômica solidária no Hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo. A cada ano, o jantar é preparado por profis- sionais renomados para harmonizar a culiná- ria com a arte da cerâmica; e tudo envolvido pela cultura japonesa. Os chefs convidados desta edição foram: An- dré Saburó (Quina do Futuro), Morena Lei- te (Capim Santo e Santinho), Caio Ottoboni (Oui), Salvatore Loi (Salvatore Loi), Kazuo Harada (Mee) e Vivianne Wakuda (Vivianne Wakuda Pâtissière). Cada um preparou um prato que foi harmonizado com bebidas se- lecionadas pelos sommeliers Benedito Filho, Carla Saueressig, Carolina Oda, Manoel Be- ato e Yasmin Yonashiro. Ceramista Hideko Honma promove o evento beneficente Sukiyaki do Bem há dez anos [texto] Karin Kimura [fotos] Rafael Salvador Fo to : M ar ce l U ye ta #HASHITAG A renda arrecadada pelo evento é revertida para a casa de repouso para idosos Assistên- cia Social Dom José Gaspar – Ikoi no Sono. Neste ano, uma parte também será destinada ao Gigante Beisebol Clube, instituição que incentiva crianças e adolescentes carentes da região do Bom Retiro, em São Paulo, a co- nhecer e praticar o esporte. A preparação do evento Um evento como o Sukiyaki do Bem, com 350 convidados, exige um planejamento cui- dadoso. Por isso, a coordenadora Selen Miu- ra contou que a equipe de organização come- çou a trabalhar no projeto seis meses antes. “Toda a equipe do atelier acaba se envolvendo, desde a parte dos alimentos – contatos com fornecedores e apoiadores – até a captação de patrocínios e logística do evento”. Para lidar com o tempo e poder servir todos os pratos ao mesmo tempo, toda uma logísti- ca precisa ser programada. “Os pratos devem ficar previamente preparados, apenas para se- rem finalizados na hora do evento. A equipe da cozinha começa a trabalhar às 9 horas da manhã no dia do jantar”, contou. “Neste ano, o chef Harada, por exemplo, começou a assar a carne no dia anterior”. O menu Cada chef preparou um prato inspirado na cerâmica criada por Hideko. “Fizemos uma primeira reunião para que cada um pudesse escolher a cerâmica com a qual se identifi- cava e já pensar em um prato para o jantar”, comentou a ceramista. No dia do evento, a preparação para os con- vidados começou cedo nos bastidores. Os chefs e seus ajudantes contaram com o apoio do staff do hotel e de estudantes do curso de gastronomia do Senac. O menu do jantar foi dividido em seis tem- pos, com influências das culinárias japonesa, brasileira e italiana. Logo na entrada, André Saburó serviu atum selado e marinado em dashi especial, servido com molho de tucupi, karashi e ponzu nikkei. Entre os pratos quen- tes, Kazuo Harada preparou uma costela de wagyu cozida em baixa temperatura (por 18 horas), acompanhada de purê de abóbora ja- ponesa, molho de costela e pimenta togarashi. Para fechar a noite, a chef pâtissière Vivianne Wakuda preparou o choux cream com calda de frutas vermelhas. Ação do bem A ideia de promover uma festa beneficente surgiu da comemoração de um aniversário. Na época, Hideko pediu aos convidados que não levassem presentes, pois “eles davam muito trabalho”, brincou. “Meu marido sem- Convidados foram presenteados com as cerâmicas preparadas pelos alunos do atelier Hideko Honma Equipe de cozinheiros sob o comando do chef Salvatore Loi Fo to : M ar ce l U ye ta #HASHITAG exemplo, fez um sukiyaki quente e sem carne, só com legumes e verduras”. Com o passar do tempo, o cardápio também mudou, e o Sukiyaki do Bem foi ficando cada vez mais sofisticado. Em 2013, o jantar foi programado pelos che- fs japoneses Takuji Takahashi e YoshihiroTakahashi, de Kyoto, especializados em wa- shoku (culinária tradicional japonesa) e cada prato foi criado em conjunto com as ideias dos chefs e a ceramista. Neste ano, os chefs tiveram um novo desa- fio de pensar no cardápio de acordo com as cerâmicas selecionadas. Naquele momento, o cardápio começou a ser desenhado, com cada chef definindo quais pratos gostariam de servir. “Tudo foi surgindo de uma parceria mútua, com uma troca interessante entre os chefs e a cerâmica”, revelou Hideko. Cerâmica e cultura japonesa As cerâmicas produzidas para o evento são desenhadas por Hideko, já pensando em uma ligação com a culinária tradicional japonesa. As preparações não precisam ser necessaria- mente japonesas, como foi o caso dos blinis de tapioca com surubim defumado, feitos com ingredientes brasileiros pela chef More- na Leite, ou a vieira com creme de umeboshi pre gostou de comemorar as datas importan- tes com festas, e eu ganhava muitos presentes, que nem sempre eram coisas de que precisa- va”. Em uma das festas, Hideko sugeriu que os presentes fossem cheques para serem doa- dos para uma instituição. Aquela proposta deu tão certo que a ceramis- ta decidiu repeti-la. Em 2006, o chef Adriano Kanashiro a convidou para lançar um cardá- pio no restaurante Kinu. O evento foi trans- formado em um jantar beneficente em parce- ria com o hotel Hyatt, no qual os convidados puderam levar uma cerâmica para casa. “Mudamos um pouco o formato do jantar, para que cada alimento pudesse ser servido na temperatura certa. Passamos a convidar chefs que estavam na mídia e que fossem considerados os melhores da gastronomia de São Paulo e do Brasil”, recorda Hideko. No início, os chefs faziam releituras do sukiyaki. “Lembro que o Alex Atala, por Vivianne Wakuda preparou o Choux Silvestre Costela de wagyu com purê de abóbora japonesa do chef Kazuo Harada #HASHITAG servida pelo chef Caio Ottoboni. “De algu- ma forma, eles se ligam à cultura japonesa, seja pelo detalhe da apresentação que se conecta aos detalhes da cerâmica feita com técnicas e acabamentos orientais”, comen- tou a ceramista. “Cada peça tem caracterís- ticas como cores, texturas e formato que se ligam ao prato, e isso é muito característico da cultura japonesa”. Foram mais de duas mil peças feitas espe- cialmente para o jantar ao longo de 2016. Ao final do evento, cada convidado levou uma cerâmica escolhida da exposição dos alunos do atelier e uma peça usada no jantar. “Depois que acaba um evento, já começamos a pensar no próximo, levando em conta o que deu certo e o que não funcionou para melho- rarmos o próximo”, avaliou Hideko. Nesses dez anos, muita coisa mudou, não só o prato principal que originalmente era o sukiyaki, como as instituições beneficiadas e os chefs participantes. Para Selen, o aprendizado de cada edição também serve para o ano seguinte. “Em to- dos esses anos, aprendi a ter mais equilíbrio. São detalhes e imprevistos que a gente tem que aprender a lidar com mais paciência”. Com as mudanças, Hideko vê uma evo- lução em que “a experiência de cada um contribui para produzir o evento, tudo flui melhor e com mais segurança”. E conclui: “Acredito que dê certo porque a gente gosta muito do que faz”. Equipe sob o comando do chef Kazuo Harada (acima). Vieira com creme de umeboshi, castanha de caju e óleo de coco do chef Caio Ottoboni (abaixo) 23 Com seminário e degustação, evento promove bebidas japonesas no Brasil Sake, shochu e awamori [texto] Henrique Minatogawa [fotos] Rafael Salvador Sake, shochu e awamori são as princi-pais bebidas alcoólicas produzidas no Japão. Com o objetivo de apresentar e transmitir informações sobre elas, o evento Kokushu: Uma Dose de Japão aproxi- mou produtores, entusiastas e interessados. O evento aconteceu no dia 10 de agosto, no Nikkey Palace Hotel, em São Paulo; com organização da Japan Sake and Shochu Makers Association (JSS), Adega do Sake, Dô Cultural e Japorama, teve apoio do Con- sulado-Geral do Japão em São Paulo, Japan External Trade Organization (Jetro) e Recei- ta Federal do Japão. Bebidas nacionais O que significa “kokushu”? “São as bebidas alcoólicas nacionais do Japão, como o sake, shochu e awamori. Todas utilizam um fungo chamado koji. Para fazer o sake, é utilizado koji amarelo, que vem do arroz. O shochu usa koji branco. O awamori usa koji preto, cuja origem é a província de Okinawa”, explicou Shigeyuki Shinohara, presidente da JSS. “Sake é uma bebida fermentada de arroz. Não existe outro ingrediente para fabricá-lo. De- pois temos o shochu, um destilado que pode ser à base de qualquer ingrediente, exceto frutas. O awamori é um destilado também, #HASHITAG fo to : H en ri q ue M in at o ga w a específico da ilha de Okinawa, feito apenas com o kuro koji”, acrescentou Alexandre Iida, proprietário da loja Adega do Sake e nome- ado Sake Samurai pela Japan Sake Brewers Association Junior Council em 2015. “Nosso objetivo é fazer com que o sake, sho- chu e awamori não fiquem apenas dentro do Japão; que se tornem bebidas representativas do Japão no exterior. Quero que as pessoas experimentem e tenham o conhecimento cor- reto dessas bebidas”, continuou Shinohara. Com a cooperação da Jetro, eventos seme- lhantes acontecem pelo mundo, especialmen- te nos EUA, Europa e Ásia. “Há oito anos, iniciaram-se vários trabalhos fora do Japão para a divulgação das bebidas. Em cada país, não houve uma pessoa que dissesse que era ruim. A partir do momento em que o forne- cedor ou produtor vai até os consumidores, é evidente que eles vão gostar, pois é possível perguntar, tirar dúvidas e obter mais informa- ções. Como consequência, tem-se o aumento Foto da coletiva de imprensa realizada no dia 9 de agosto. Da esquerda para direita: Masumi Nakano, Tokubee Masuda, Shigeyuki Shinohara, Tsutomu Oshiro e Hisanori Komaki. Awamori é um destilado específico de Okinawa, província localizada no extremo-sul do Japão. A bebida é produzida a partir do kuro koji 25 do mercado”, afirmou Tokubee Masuda, pre- sidente da Masuda Tokubee Shoten. Durante a coletiva de imprensa realizada na véspera (dia 9), foi perguntado aos produto- res a respeito dos coquetéis com sake prepa- rados no Brasil, as “sakeirinhas”. “Impensável”, disse Shinohara. “Qual a ne- cessidade de colocar outros ingredientes, já que a própria bebida tem tons frutados e sa- bores agradáveis?”, questionou, ressaltando que as opiniões são sempre diferentes, mes- mo dentro da associação. Para Masumi Nakano (presidente da Dewa- zakura Sake Brewery) e Tokubee Masuda, o coquetel pode ser válido. “Se é para iniciar o mercado, para aquela pessoa que nunca ex- perimentou sake, que seja o primeiro contato. Se gostou, daí pode começar a pesquisar, a entender. Naturalmente, as pessoas vão largar os outros ingredientes e passarão a tomar o sake sozinho, digamos assim”. Seminário e degustação O seminário contou com a presença de apro- ximadamente 300 pessoas, entre profissio- nais de gastronomia, jornalistas, estudantes e interessados em geral. Entre os assuntos abordados na parte inicial, estiveram o conceito e história do sake. Em seguida, fatores que influenciam a produção, tais como tipo e grau de polimento do arroz. Finalmente, a classificação da bebida. “O sake realça não apenas a culinária japone- sa, mas todas as outras também”, destacou Shigeyuki Shinohara. “Observando a bebida, é possível saber um pouco da cultura de cada país”, completou Masumi Nakano. Sobre o shochu, a explicação coube a Hisano- ri Komaki, diretor da Komaki Brewing. Dife- 26 rente da história milenar do sake, o shochu é considerado jovem pelos padrões japoneses: apenas 400 anos. Conformesupracitado, é uma bebida destilada, feita principalmente de quatro ingredientes: trigo, batata-doce, ceva- da e açúcar mascavo. Tsutomu Oshiro, presidente da Chuko Awa- mori Distillery, explicou que a destilação chegou a Okinawa no século XV pela Rota da Seda. Segundo Oshiro, o awamori pode ser consumido de diversas formas: diluído com água gelada ou quente, com gelo, com água gaseificada ou em coquetel. Oshiro ainda contou um pouco das tradições envolvendo o awamori em Okinawa. Quando um filho nasce, é costume o pai comprar uma ânfora de awamori e deixar guardada até que ele complete 20 anos (a maioridade no Japão) para que bebam juntos. Há ânforas específi- cas para presentear em casamentos, mudan- ças de casa e outras situações; dessa forma, uma família pode ter muitas guardadas em casa. “O consumidor continua a maturação”, afirmou Oshiro, que levou à degustação um awamori envelhecido 10 anos. Beber para crer Encerradas as palestras, o eventou continuou com a degustação, que recebeu a inscrição de mais 200 pessoas. Foram levados 13 rótulos de sake e cinco de shochu e awamori. Como acompanhamento, foram servidas diversas opções de finger food. Os visitantes puderam apreciar a exposição de ikebana organizada pela Associação de Ikebana do Brasil, e painéis com caligrafia tradicional dos primeiros-ministros do Ja- pão. Como atrações musicais, a professora Tamie Kitahara organizou apresentação com instrumentos típicos, como koto, shamisen e o shakuhachi de Shen Ribeiro. O cantor Joe Hirata e o grupo Todoroki Taiko também participaram do show com a música “Kam- pai”, cujo nome é a tradicional expressão em japonês para a realização de brindes (o “saúde!” em português). A degustação proporcionou contato direto entre os produtores, que foram assistidos por uma equipe de tradutores. Tsuyoshi Murakami, chef do Kinoshita, es- teve presente no evento. “Como nós desen- volvemos nossos produtores, esse negócio de estar junto, tantos produtores, é muito posi- tivo. Foi muito legal essa coisa de estar aqui o pessoal para falar sobre o sake, shochu e awamori. O Brasil sai ganhando. Isso é ba- cana para o business de restaurantes, em que a gente leva, com a nossa culinária japonesa, mais cultura e profundidade a todos os inte- ressados”, disse o chef. #HASHITAG 27 Murakami também aprovou a degustação. “Tudo em doses homeopáticas. Assim, quem consome pôde ter uma percepção dessas obras de arte. Para mim, são obras de arte. Sei que existem outras bebidas, mas degustar o sake do Japão, entendido como as bebidas alcoólicas do Japão, foi emocionante. Fico até emocionado”. O empresário Marcelo Fernandes também ficou satisfeito com o evento. “Estar em um evento destes nos permite ter mais proprieda- de primeiro para colocar cultura, e segundo, é uma oportunidade para nossos clientes de- gustarem. É uma aproximação muito grande. Eles [produtores] também proporcionaram uma situação muito importante na atual con- juntura para a gente divulgar mais ainda o shochu e o sake. Foi muito produtivo comer- cialmente e culturalmente essa oportunidade de encontrar com os produtores.” “Foi um evento muito bem pensado. Atingiu um público interessante e interessado. É uma honra ter pessoas do Japão envolvidas dire- tamente com a produção do sake, shochu e awamori vindo falar e mostrar o trabalho de- No alto, o grupo Todoroki Taiko. Acima, o cantor Joe Hirata. Abaixo, Shen Ribeiro e Tamie Kitahara nos instrumentos musicais 28 les e todo o desenvolvimento”, comentou a chef Telma Shiraishi, do Aizomê. A chef pâtissier Vivianne Wakuda vê boas perspectivas na combinação do sake com a confeitaria. “É uma bebida que tem que ser explorada e usada de várias formas na con- feitaria. Assim como o whisky, conhaque e licores são muito utilizados nas receitas, o sake também tem seu espaço”, contou. “Ulti- mamente, tenho feito alguns testes com sake. Não apenas com o sake, mas outras bebidas japonesas também. Fiz alguns recheios de bombom, combinados com kinako e gerge- lim. Ainda estou desenvolvendo, porque tem alguns sakes que são muito delicados e aca- bam sumindo no meio do chocolate”, com- pletou a chef. Ainda, Vivianne comentou sobre a parte teó- rica do evento. “A palestra foi muito interes- sante porque eu não tinha muita noção sobre o shochu. Foi muito rico, muito bacana. Eu não tinha muita ideia do aspecto técnico, dos mo- dos de produção, das possibilidades, dos tipos de grãos e tubérculos que são utilizados.” Para a consultora de sake Yasmin Yonashiro, o evento mostrou a abrangência que as be- bidas japonesas têm. “Todos nós que traba- lhamos na área nos preocupamos em mostrar que não é só sake; existe shochu e outros produtos que fazem parte da cultura japonesa. Este evento mostra que o Japão está vendo que as pessoas no Brasil estão se interessan- do cada vez mais por sake e shochu.” Yasmin aprovou o formato de degustação. “Com a degustação, é possível mostrar como a categoria tem potencial maior. As pessoas conseguem visualizar melhor e começam a notar as diferenças entre os sakes.” “Foi um evento superimportante. Creio que os brasileiros ainda não tinham visto um even- to desta magnitude, com coordenação deste porte. Pensaram em coisas muito diferentes, com contato direto com os produtores. Eu fa- lei com consumidores, que tiraram dúvidas, por exemplo, onde poderiam experimentar mais, aprender mais. Foi uma forma de agu- çar o interesse”, afirmou Sonia Yamane, con- sultora e sake sommelier do Kinoshita. O evento Kokushu: Uma Dose de Japão ofe- receu aos participantes noções teóricas com o seminário e um breve contato por meio da degustação. O contato direto com produtores e outros profissionais da área foi um gran- de diferencial que pode ajudar a expandir o mercado das bebidas japonesas, assim como ampliar o entendimento sobre o assunto por parte do público. 29 car, o que, com o tempo, acabou afastando os consumidores da bebida. Outro fator determinante foi a introdução de novas bebidas alcoólicas do Ocidente, como a cerveja, o vinho e o uísque. Será que essa ainda é a tendência do mercado de sake no Japão? Absolutamente não. Hoje, é possível observar um novo movimen- to de jovens empreendedores que buscam a retomada do mercado de sake de boa quali- dade. Esses esforços são vistos em eventos de degustação de sake, como o “Kokushu: Uma Dose de Japão”, no aumento da publicação de livros sobre o tema e de bares e izakayas especializados nas bebidas japonesas. De acordo com pesquisas da Agência Na- cional de Impostos do Japão, o volume de vendas do sake comum, produzido em larga escala, continua caindo. Por outro lado, o de sakes de alta qualidades como o junmai (feito apenas com arroz, koji e água) está crescendo. A qualidade do arroz Agora, vamos falar sobre o arroz, elemen- to importantíssimo para a produção de um bom sake. Para produzir sake, o melhor é usar sakamai, ou “arroz para sake”. Ele é diferente do arroz Na última década, o volume de exportação de sake do Japão praticamente dobrou, de acor- do com dados do Ministério das Finanças do Japão. O interesse pela bebida japonesa tem aumentado principalmente nos Estados Uni- dos, países da Ásia, da Europa e Brasil. No Japão, o sake é consumido desde a era Yayoi (de 300 a.C. a 300 d.C), quando o arroz foi introduzido no país. Desde então, a bebi- da passou a ser parte da cultura japonesa, pre- sente em momentos de celebração e alegria. O pico de consumo de sake no Japão foi re- gistrado em 1973, porém, ele foi decaindo desde então devido a uma série de fatores de- sencadeados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). No período de guerra, a queda da produção de arroz fez com que a de sake tambémcaísse. Para garantir a entrega do produto, o processo de fabricação foi adap- tado com a adição de álcool destilado e açú- Uma nova era do sake Perspectivas da bebida japonesa no mercado internacional Por Hideaki Watanabe Plantio de arroz na fazenda própria da Yamatogawa-Shuzo, em Fukushima, cujo saquê Yauemon pode ser encontrado no Brasil Fo to : Y am at o ga w a- Sh uz o , F uk us hi m a 30 servido à mesa, pois os grãos costumam ser maiores, com a parte interna rica em amido e com pouca proteína e gordura. Além disso, ele é considerado ideal para a pro- dução de sake, pois o centro do grão é mais macio e absorve bastante água, e é onde o fun- go koji (Aspergillus oryzae) facilmente entra em ação para transformar o amido em açúcar. Pelas leis japonesas, a produção de arroz deve ser limitada para garantir a manutenção do preço do produto no mercado. Até 1995, somente os fazendeiros podiam plantar arroz no Japão, mas hoje as leis foram abrandadas, e fabricantes de bebidas passaram a ganhar mais liberdade para investir no plantio do próprio grão. Esse é o caso da Yamatogawa Shuzo, que produz o sake Yauemon, com o arroz plantado e colhido em uma fazenda própria em Fukushima. Em outros casos, o fabricante mantém uma parceria com um agricultor para garantir que o sake tenha um sabor original proveniente do arroz plantado na região. A Tomita-Shuzo, por exemplo, tem mais de 450 anos de histó- ria e mantém até hoje as tradições da produ- ção artesanal usando a água pura do monte Oku Ibuki e arroz orgânico plantado por fa- zendeiros locais em Shiga. O arroz Yamada Nishiki é conhecido como o “rei dos sakamai”. Originário da província de Hyogo, este tipo ainda é muito procurado pela sua tradição. Entretanto, a nova geração de produtores de sake tem preferido os pro- dutos locais, afinal, existem outros 101 tipos de arroz bons para sake disponívies no Japão. Considerando que o clima e a água locais in- fluenciam diretamente no sabor do arroz, é possível encontrar uma grande variedade de sakes típicos em cada região. Com a valori- zação dos sakes de boa qualidade no merca- do de bebidas, podemos visualizar um futuro promissor para os sakes japoneses, com ca- racterísticas regionais. O boom do sake de alta qualidade certamente marca uma nova era do sake no Japão, divulgando a cultura japonesa e a boa bebida pelo mundo. BIBLIOGRAFIA “Nihonshu no Kagaku (Ciência do saquê)”, de Miyoko Wada “Nihonshu-gaku (Aprendendo sobre saquê)”, de Nihon Jozo Kyokai e SSI Hideaki Watanabe é sake sommelier (kikisake-shi) certificado pela Sake Service Institute do Japão. Diretor da Wabra Consultoria, para restaurantes e bares. fo to : K ur an d S ak e M ar ke t, T o ky o Fazendeiro contratado (esq.) e 15° proprietário da Tomita-Shuzo, de Shiga (dir.), fundada há quase 500 anos Fo to : T o m it a- Sh uz o , S hi ga A rede de izakayas modernos Kurand tem quatro filiais em Tokyo 31 O melhor sushiman do mundo Celso Amano, do Sakagura A1, foi o grande vencedor do World Sushi Cup 2016, que aconteceu em Tokyo Para chegar preparado à competição, ele foi para o Japão um mês antes e fez um treina- mento intensivo no restaurante Sakaezushi, em Chiba, comandado pelo chef Masayoshi Kazato. Lá, pôde aperfeiçoar as técnicas e experimentar peixes e frutos do mar que não chegam ao Brasil. Segundo Amano, o chef Kazato é bastante ri- goroso na cozinha e observou: “em um mês treinando todos os dias o mesmo prato, só ouvi uma vez que o sushi estava bom. Difi- cilmente estava bom o suficiente e, no fundo, isso me motivou a fazer sempre melhor”, co- mentou, ao explicar que precisou mudar al- guns hábitos e reaprender detalhes mínimos. Para aproveitar o tempo que tinha de treina- mento, Amano acordava às cinco da manhã e [texto] Karin Kimura [fotos] Rafael Salvador é brasileiro O sushiman paulistano Cel-so Amano foi eleito o me-lhor do mundo no concurso World Sushi Cup de 2016, que aconteceu em agosto em Tokyo, no Japão. Foram dois dias de competições que coloca- ram à prova as habilidades de profissionais especializados de diferentes países. “Uma das maiores dificuldades foi lidar com o ner- vosismo de estar ao lado de bons profissionais que trabalham em restaurantes renomados do mundo todo”, comentou Amano ao lembrar que esta foi a sua primeira participação neste tipo de torneio. “Na hora das provas, eu ficava focado só no meu prato. O que me deu mais confiança é que eu já tinha tudo planejado e sabia exa- tamente o que queria apresentar”, contou. #HASHITAG só voltava para casa depois das nove da noite, onde continuava estudando para o dia seguinte. Dias de competição No total, são dois dias de campeonato: o pri- meiro para apresentação de sushi edo-mae (tradicional) e o segundo, de sushi criativo. No dia anterior ao torneio, os competidores se re- únem no Tokyo Big Sight para reconhecimen- to do local das provas e dos ingredientes. O primeiro dia é dividido em três etapas, sen- do a primeira para a limpeza de peixes. Em seguida, os participantes têm até 30 minutos para preparar dois akagai (tipo de molusco também conhecido como anadara granosa), um anago (congro) e dois kohada ou dois carapaus. Esta etapa serve como pontuação extra em que são avaliadas as habilidades técnicas de cada participante. A pontuação é determinada de acordo com o tempo usa- do para finalizar a prova. Amano conseguiu Variedades de sushi tradicional preparadas pelo sushiman Celso Amano Programação Copa Brasil Best Sushiman 9 DE OUTUBRO 13h Abertura Oficial 13h30 às 16h30 Apresentações (Sushi Tradicional) 10 DE OUTUBRO 14h às 16h30 Apresentações (Sushi Criativo) 17h30 Avaliação e premiação dos vencedores ASIAN & JAPAN FOOD SHOW 2016 2ª Feira e Workshop De Gastronomia Asiática QUANDO 9 a 11 de outubro de 2016 (domingo à terça) HORÁRIO das 13h às 20h30 ONDE Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo ENDEREÇO Rua José Bernardo Pinto, 333, Vila Guilherme, São Paulo-SP INFORMAÇÕES www.asianfoodshow.com.br fazer tudo em 7 minutos e garantiu, logo de início, 20 pontos. Os itens preparados nessa etapa deveriam ser usados na prova seguinte, em que cada um teria mais 40 minutos para preparar um prato no estilo tradicional. Dali, apenas 20 compe- tidores passariam para a próxima etapa. #HASHITAG No segundo dia, a apresentação é livre, em que o competidor deve usar a criatividade baseado em um tema. “Escolhi o tema Brasil-Japão e montei um prato decorado com folha de ba- naneira e uma seleção de sushis que incluíam makizushi com matchá, makizushi com café, além de outros tradicionais como nigiri de lula, de salmão marinado e de atum marinado. Mi- nha intenção era chamar a atenção dos jurados, já que apenas alguns seriam selecionados para a avaliação final”, comentou Amano. Cada sushiman tinha que preparar dez sushis especialmente para degustação. Amano es- colheu o nigirizushi de hamaguri (molusco bastante encontrado em Tokyo). “Dei prefe- rência pelo hamaguri, pois é um tipo mais tradicional e simples”, explicou, “assim, os jurados poderiam sentir melhor se o sushi estava bem feito, com boa aparência, textu- ra e sabor”. Cada detalhe da apresentação do sushi deve ser levado em conta. Para Amano, o arroz, que a princípio parece o mais fácil de fa- zer, na realidade é o mais complicado. “Não é só lavar e colocar na panela. O sushiman tem que saber o jeito adequado para lavar os grãos sem quebrá-los, o tempo de descanso, como temperá-lo, como servir o bolinho na temperatura certa e com um padrão”. Assim como no dia a dia de um sushiman, no campeonato, também é necessário cuidado extremo coma faca, afinal, qualquer distra- ção pode acarretar um acidente. “Isso era bas- tante enfatizado nas provas, porque mostra a habilidade e a concentração do profissional”, lembrou Amano ao explicar que cortes ou descuidos poderiam descontar pontos ou, de- pendendo da gravidade, o candidato poderia ser desclassificado. World Sushi Cup O World Sushi Cup é uma competição pro- movida pelo Ministério da Agricultura, Pes- ca e Silvicultura do Japão e pela All Japan Sushi Association (AJSA) com profissionais da culinária japonesa do mundo todo. De acordo com o organizador do torneio, Masayoshi Kazato, o objetivo é continuar de- senvolvendo talentos e aumentar habilidades ao promover um encontro com profissionais A apresentação do prato começa pelo projeto, no papel Sushi de carapau 34 Copa Brasil Best Sushiman Pela primeira vez, a competição internacional World Sushi Cup ganha uma etapa brasileira, a Copa Brasil Best Sushiman. Os competidores entram em ação nos dias 9 e 10 de outubro, durante a feira Japan & Asian Food Show 2016, em São Paulo. Com o mesmo padrão do World Sushi Cup, o torneio brasileiro será dividido em duas etapas: um dia para o preparo do sushi tradicional e outro para o preparo do sushi criativo. Serão 20 participantes selecionados de acordo com a nota da prova de proficiência do Sushi Skills Institute, ligado à AJSA. Entre os jurados, estão os chefs Hirotoshi Ogawa, Shin Koike, Jun Sakamoto, Edson Yamashita, Ken Mizumoto, Cris Mori e o professor Celso dos Santos Silva. Eles avaliarão a fidelidade às práticas da cozinha tradicional japonesa, habilidades técnicas, cumprimento das normas de higiene, além da apresentação, criatividade e sabor dos pratos. A soma dos pontos das duas etapas definirá a classificação final dos participantes. Os três melhores receberão medalhas durante uma cerimônia de premiação após a última etapa do evento. O segundo colocado também será premiado com seis meses de curso de japonês oferecido pela escola Kumon, e o primeiro colocado ganha passagens para o Japão para participar do World Sushi Cup, uma viagem para o Chile (com hospedagem inclusa), oferecida pela Cermaq para conhecer as instalações da empresa em Puerto Montt, e um curso de seis meses de japonês oferecido pela Aliança Cultural Brasil Japão. para competir na terra do sushi, o Japão. “Não se trata apenas de uma competição, mas um esforço para disseminar mais informações a respeito da culinária japonesa”, explica o chef Kazato em nota sobre o evento. Nas pro- vas, tudo é avaliado, desde as técnicas de pre- paração aplicadas, higiene, agilidade e, claro, apresentação do prato. São seis jurados que observam cada detalhe de cada competidor. Só participam do torneio profissionais com pelo menos cinco anos de experiência e que tenham passado pelo teste de proficiência da AJSA, que avalia os conhecimentos teóricos sobre segurança alimentar e ingredientes mais usados no preparo do sushi. Para o diretor da AJSA, Hirotoshi Ogawa, este é um conhecimento básico e de extrema importância aos profissionais, uma vez que cada peixe tem especificidades e técnicas de preparo adequadas. Ele ressaltou ainda que, nos últimos anos, o consumo de peixe cru aumentou e que “a falta de conhecimento no manuseio do peixe, desde a pesca até o pro- duto final, tem causado problemas de conta- minação”, alertou o chef. Kazari makizushi é o sushi decorado Conheça pratos coreanos nada picantes e saiba como degustá-los melhor Sem pimenta [texto] Henrique Minatogawa [fotos] Rafael Salvador Aculinária coreana é muito relacionada à pimenta. Em-bora isso não seja absolu-tamente um ponto negativo (afinal, é um condimento como qual- quer outro), existe um conceito equi- vocado de que tudo é muito picante. Algumas pessoas até deixam de entrar em um restaurante coreano por essa crença, perdendo a oportunidade de experimen- tar algo diferente. A seguir, indicamos pratos coreanos total- mente sem pimenta que são muito repre- sentativos dessa culinária. Bibimbap O “risoto coreano” já é relativamente co- nhecido no Brasil, sendo uma boa indica- ção para iniciantes. Composto por arroz, diversos legumes, ovo, cogumelo e carne, o bibimbap requer a finalização por parte do cliente. Por padrão, óleo de gergelim e gochujang (pasta picante) são oferecidos à parte. O consumidor pode substituir o gochujang por shoyu. A presença do mo- lho (seja apimentado ou não) é importante, pois, além de dar sabor, facilita a mistura dos ingredientes. Bulgogi Possivelmente é o prato coreano mais conhecido no Brasil. Assim como no bibimbap, o molho apimen- tado é opcional. Na culinária coreana, o prato principal vem acompanhado do banchan, que é um conjunto de pequenas porções geralmente de vegetais — alguns apimentados, outros não. Essas porções são efeti- vamente acompanhamentos, e não entradas. Assim, no caso do bulgogi, recomenda-se consumir a carne com os elementos do banchan. Essa dica se estende a todos os pratos da culi- nária coreana. Lembre: os pratos do banchan podem ser repetidos. Mul-nemmyon É um macarrão servido em caldo ge- lado com carne angus, pepino, nabo e ovo cozido. Refrescante, é um pra- to muito popular especialmente no verão na Coreia. É um prato que se destaca pelas diferentes texturas envolvidas, com crocância e suavi- dade. Para adicionar contraste de temperatura, uma dica é combiná-lo com o próximo prato. Agradecimento: Restaurante Tofu House Rua Lubavitch, 93, Bom Retiro, São Paulo-SP #HASHITAG 37 O médico oncologista Lee Fu Kuang, participante do MasterChef Brasil, dedica-se a novos projetos gastronômicos para unir a ciência à alimentação O que Lee disse ao seu cozinheiro [texto] Karin Kimura [fotos] Rafael Salvador Quando Lee entrou para o MasterChef Brasil, logo mos- trou para que tinha ido ao programa: realizar o sonho de montar um laboratório para pesquisar o aproveitamento dos alimentos. No início da terceira temporada, chegou com seus equipa- mentos de laboratório e serviu aos jurados uma sopa de nabo com camarões e brotos de chu- chu. Naquele dia, o médico natural de Taiwan, com seus 56 anos, recebeu o avental para par- ticipar do reality show e só saiu na etapa final, quando faltavam apenas seis competidores. “A entrada no programa me deu uma visibi- lidade grande, que é o que eu precisava para divulgar as minhas ideias”, revelou. Passada a agitação do programa, Lee con- versou com #hashitag sobre como sua profissão o levou à cozinha, o que aprendeu com a gastronomia molecular (a ciência dos alimentos) e como ela será aplicada em seus novos projetos. Do laboratório para a cozinha Lee Fu Kuang nasceu em Taiwan e veio para o Brasil aos 11 anos de idade. Ele contou que, quando chegou com sua família, até que seus pais conseguissem revalidar os diplomas (a mãe era engenheira química e o pai, farmacêu- tico bioquímico), foi uma época difícil. "Pas- samos por dificuldades, assim como outros imigrantes da época, afinal, é como se você se tornasse um analfabeto da noite para o dia". Como seus pais trabalhavam fora o dia todo, Lee aprendeu a cozinhar com as vizinhas. “D. Lurdes me ensinou a fazer pastel, e outras comidas para vendermos na lanchonete. A receita do pastel tinha pin- ga, mas eu não entendia o porquê”, continuou, “hoje eu sei, graças à ciência da gastronomia”. Curioso e apaixonado pela ciência, decidiu cursar medicina, depois especializou-se em radioncologia e começou a fazer pesquisas com substâncias antioxidantes, que podem ter efeitos positivos na prevenção decâncer. Com colegas de pesquisa, Lee descobriu a gastronomia molecular. Quando foi para a co- zinha com esse viés científico, as suas dúvidas, como a do álcool no pastel, começaram a ser explicadas. “Ao acrescentar pinga, que tem cerca de 40% de álcool e 60% de água, à fari- nha, a massa desenvolve menos glúten e fica mais quebradiça. Além disso, o choque térmi- co na fritura é mais dramático com a presença do álcool, fazendo com que a massa fique mais crocante”, explicou, concluindo que uma das razões que o fizeram entrar no reality show foi a chance de apresentar essas explicações. Bomba de umami As pesquisas na área de oncologia acabaram levando Lee para o campo da percepção dos gostos, já que pacientes em tratamento costu- mam sofrer alterações no paladar. Em 2004, pesquisadores da Universidade de Kyushu (Japão) detectaram que a percepção do gos- ‘O programa me deu a visibilidade que eu precisava para divulgar essas ideias’ #HASHITAG 39 to umami é mais pronunciada que os demais gostos em pacientes com câncer. Pesquisas como essa têm um papel fundamental na ali- mentação, já que reforçar o quinto gosto faz com que o paciente perceba melhor o gosto da comida. “Isso é ótimo porque melhora o apetite e, para quem está em tratamento, cada colher de comida é uma vitória”, completou. Lee explicou também que os receptores res- ponsáveis pela sensação de umami (na presen- ça de glutamato e dos nucleotídeos guanilato e inosinato) ativam áreas no cérebro ligadas ao prazer que harmoniza com todos os outros gostos (azedo, salgado, doce e amargo), poten- cializando o paladar. “Ou seja, a preparação das comidas pode levar menos sal e açúcar”. Tendo isso em mente, cada prato que o mé- dico faz tem como norte o quinto gosto. Na seleção do MasterChef, por exemplo, ele pre- parou um dashi brasileiro para mostrar que umami não é exclusivo da culinária japonesa. Usou camarão seco, carne de sol e peixe seco para preparar um caldo rico em umami. “Ao quebrar uma proteína, há vários tipos de ami- noácidos, e um deles, o glutamato, estimula a percepção de umami. Já os nucleotídeos, es- tão presentes em tudo que é vivo, já que toda vez que quebramos uma célula, encontramos RNA e DNA. Ou seja, umami é o sabor da vida e tudo que comemos tem potencialmen- te o quinto gosto”, destacou. Aproveitando alimentos que seriam descarta- dos, Lee faz o que chama de “bomba de uma- mi”, inspirado nas “umami bombs” bastante difundidas entre os americanos. “Outro dia, peguei partes como pele e carcaça de frango, casca de cenoura, folhas que tinham sobrado na geladeira, talos de erva-doce e coloquei tudo na panela de pressão com água para fazer um caldo concentrado rico em umami”. O médico compartilha esse conhecimento com colegas de profissão para otimizar os tratamentos. “Sem contar que isso estreita a relação entre o médico e o paciente”, comen- tou ao revelar que pretende difundir a ideia com mais pessoas por meio de um projeto de gastronomia de inclusão. Laboratório do Tio Lee A ideia do laboratório ficou mais complexa após a participação no programa. Até então, a proposta seria pesquisar formas de aproveita- #HASHITAG mento integral do alimento. “Parece simples, mas há determinados alimentos que não sa- bemos se são seguros para o consumo”, ad- vertiu. O propósito do laboratório é compar- tilhar o conhecimento, desconstruindo mitos: “na literatura científica, existe uma controvér- sia de que talos podem ser tóxicos, mas nem todos são. Uma vez provado que é seguro, é possível pensar em muitas receitas”. A ideia foi crescendo e ganhou mais duas frentes: restrições alimentares e a divulgação do conhecimento – por meio de cursos de capacitação ligados ao terceiro setor e pelas mídias sociais. Lee começou a desenvolver conteúdo destinado àqueles que têm restrições alimen- tares, como intolerância à lactose, ao glúten, a proteí- nas do leite e outras. “Isso é muito caro e difícil de contornar nesse país”, comentou o entrevistado. Além disso, o Laboratório do Tio Lee pro- move aulas de capacitação na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo. “Vou ensinar o que é umami e espero que, com isso, eu con- siga modificar a forma de pensar a cozinha e o sabor da comida”. Em seu canal no YouTube, Lee também com- partilha receitas. Os primeiros vídeos são so- bre talos, que muitas pessoas acabam jogan- do fora, “mas que dá para comer, sim, e ficam deliciosos”, destacou. “Quero tornar o laboratório au- tossustentável. Não quero mudar o mundo. Basta in- fluenciar um, que influen- cia outro, e isso vai se dis- seminando aos poucos”. ‘Umami é o sabor da vida e tudo que comemos tem potencialmente o quinto gosto.’ Aprenda a multipicar os ovos com a receita de Chawanmushi do Lee 2palit.us/ receitalee 41 [texto]: Karin Kimura [fotos]: Rafael Salvador Kinkan A “LARANJA-OURO” #TÁ FRESQUINHO! A laranjinha kinkan é uma fruta ori-ginária da Ásia, cujo nome pode ser traduzido do japonês como “la-ranja-ouro”. É rica em vitamina C e fonte de vitamina A, fósforo e antioxidantes. A fruta fresca apresenta o contraste da acidez da polpa com o leve amargor e a doçura da casca, que é macia e de fácil digestão. Por isso, pode ser consumida inteira, com exce- ção das sementes. Além disso, a laranja per- mite diversos usos culinários, como no pre- paro de caldas, geleias, molhos e infusões. Geralmente, as variedades redondas são mais doces que as ovais (nagami). Na Ásia Oriental, as árvores de kinkan tam- bém são usadas com fins ornamentais e sim- bolizam boa sorte. Na época do ano-novo lunar, são dadas como presente e também colocadas na porta de casas e lojas para atrair prosperidade. As árvores costumam florescer na primavera, e seus frutos aparecem princi- palmente no outono e inverno. [dif] Média [tempo] 2 horas [porcoes] 14 tortinhas RECEITA TORTINHA DE CACAU COM GANACHE DE LARANJA E COMPOTA DE KINKAN Receita: Carolina Saito www.facebook.com/carolicesoficial Instagram @carolicesoficial #HASHITAG 42 QUER VER A SUA RECEITA NA HASHITAG? Envie a sua sugestão para o e-mail fale@hashitag. com.br com uma foto e o modo de preparo. A cada edição selecionaremos uma receita para ser publicada na revista impressa, e as demais podem ser publicadas no site www.hashitag.com.br. A próxima edição será de verão. Acompanhe a Hashitag nas redes sociais para descobrir qual será o próximo “Tá Fresquinho!” Facebook: @hashitag Instagram: @hashitag Veja mais receitas com kinkan no link! 2palit.us/ trufakinkan Ingredientes • 1 kg de kinkan orgânica • 500 g de açúcar refinado • 250 mL de água Ingredientes • 25 g de manteiga sem sal • 20 g de açúcar refinado • 16 g de ovos • 60 g de farinha de trigo • 10 g de cacau 100% em pó Ingredientes • 150 mL de creme de leite fresco • 200 g de chocolate branco • Raspas de 1 laranja-pêra Modo de preparo [1] Fatie as laranjinhas e retire as sementes. [2] Coloque 3 litros de água numa panela grande. Leve ao fogo até levantar fervura. Adicione as laranjas fatiadas e aguarde 3 minutos. Escorra e repita o processo pelo menos três vezes. [3] Em outra panela, coloque o açúcar e a água, e leve ao fogo até ferver. Adicione as laranjinhas escorridas. Mantenha em fogo médio até virar uma calda mais espessa, mexendo de vez em quando. Retire do fogo e deixe esfriar. Modo de preparo [1] Leve todos os ingredientes a um processador de alimentos até que fique uma massa lisa e homogênea. Distribua a massa em forminhas. [2] Pré-aqueça o forno a 160 °C e asse por aproximadamente 12 minutos. Modo de preparo [1] Pique o chocolate branco e reserve numa tigela. [2] Leve o creme de leite fresco ao fogoaté levantar fervura. Despeje-o sobre o chocolate branco picado e misture os ingredientes até que fique homogêneo. [3] Adicione as raspas de laranja e misture bem. [4] Aguarde esfriar e leve à geladeira. [1] Preencha a base da torta com ganache e, no topo, coloque uma fatia de kinkan. [2] Se desejar, decore a torta com uma folha de capuchinha. 1. COMPOTA DE KINKAN 3. BASE DA TORTA DE CACAU 2. GANACHE DE LARANJA 4. MONTAGEM #HASHITAG 43 O dashi é o caldo básico da culi-nária japonesa e um dos respon-sáveis por potencializar o gosto umami dos pratos. Geralmente, o dashi é feito com alga kombu e katsuobushi (flocos de bonito seco), mas existem versões e combinações que podem ser feitas com ou- tros ingredientes, como cogumelo shiitake desidratado e iriko (peixe desidratado). Cada um deles tem alta concentração de substâncias responsáveis pela percepção do umami (kombu, o ácido glutâmico; katsuo- bushi, o inosinato; shiitake, o guanilato), e servem como base para diversas preparações. A versão desidratada e em pó é facilmente encontrada em mercearias e supermercados, mas começar o caldo do zero é sempre uma boa opção e não é tão difícil. Dashi A essência do umami [texto] Karin Kimura [fotos] Rafael Salvador Agradecimento: Luís Yscava, do 2nd Floor Noodle Bar Rua Leandro Dupret, 980 Vila Clementino, São Paulo-SP #HASHITAG 44 [dica] Para uma versão mais rápida, é possível acrescentar o kombu na panela junto com a água e levá-la ao fogo (baixo) até que comece a formar pequenas bolhas (antes de ferver). O caldo fica aromático, mas perde em complexidade de sabor. [1] Limpe o kombu com um pano úmido para remover os resíduos, pois podem deixar o caldo amargo. [2] Mergulhe a alga na água e deixe na geladeira por 12 horas.* [3] Retire a alga e leve o caldo ao fogo até que atinja cerca de 70ºC. [4] Retire do fogo quando começar a formar bolhas pequenas. [!] Atenção: não deixe a água ferver! Kombu Dashi O kombu dashi é a base para a maioria das variações do caldo dashi INGREDIENTES • 500 mL de água • 3 g de alga kombu 45 • 500 mL de água • Katsuobushi e kombu usados no ichiban dashi [2] Coe com um pano limpo e deixe o caldo descansar por 4 minutos antes de usá-lo em sua receita. [1] Desligue o fogo, acrescente as lascas de peixe seco e tampe a panela por 15 minutos. [1] Em uma panela, junte o kombu e o katsuobushi usados no ichiban dashi. [2] Leve ao fogo baixo e deixe ferver por 10 minutos. Coe o caldo. Ichiban Dashi Niban Dashi • 500 mL de kombudashi • 30 g de katsuobushi É a segunda infusão do ichiban dashi, usada em pratos como missoshiru, oden e cozidos em geral. Tem cor rosada e sabor um pouco menos delicado que o ichiban dashi. É a versão clássica, usada principalmente como base de sopas claras (suimono). Tem cor pálida, amarelada, e com um sabor delicado e aroma defumado. • 500 mL de kombudashi • 20 g de shiitake desidratado [2] Coe o caldo com um pano. [1] Coloque o kombudashi em uma panela e adicione o peixe desidratado. Escume o caldo enquanto ferve em fogo baixo por 10 minutos. [1] Aqueça o kombudashi a 40ºC e acrescente os cogumelos shiitake. [2] Deixe a panela tampada por 15 minutos (o tempo varia de acordo com o shiitake usado) ou até que os cogumelos estejam macios e a água, com coloração escura). Coe o caldo. [dica] Palavra do chef O kombu que sobra do caldo pode ser picado, temperado e servido como salada, e os cogumelos ainda podem ser aproveitados como picles, por exemplo. Niboshi Dashi Shojin Dashi • 500 mL de kombudashi • 20 g de iriko (peixe seco) Versão vegetariana do caldo, é comum nos pratos da culinária de Kyoto, influenciada pelos zen-budistas. Usado em pratos cozidos com sabor mais intenso, geralmente temperados com missô. Tem cor opaca, sabor de peixe mais acentuado e leve amargor. ���AQUI�� � � AN UNCIE � anuncie@hashitag.com.br #VITRINE #VITRINEANUNCIE NA #HASHITAG: ANUNCIE@HASHITAG.COM.BR Por Alexandre Tatsuya Iida Harmonize com o que desejar Durante meus 12 anos de trabalho com sakes, já recebi milhares de e-mails. Um muito comum é: “sake harmoniza com o quê?”. Nós, como sommeliers, devemos orientar qual tipo de sake combina com cada prato. Orientar e não determinar. Uma bela noite, jantei em um restaurante caro de São Paulo, do qual conhecia bem a carta de sakes, pois eu mesmo a assinara. O que me causou desconforto é que o garçom ficava me pressionando a aceitar um rótulo que ele queria combinar com o prato que pedi. – Senhor, com este prato, sugiro este sake, fresco e seco com final prolongado. – Obrigado pela sugestão, mas declinarei. Gostaria deste, mais frutado e levemente seco. – Senhor, é que o meu trabalho é fazer com que o senhor aproveite o máximo da bebida e da comida. O sake mais suave e frutado irá se perder com o sabor intenso da carne. – Entendo. Quantos sakes da sua sugestão vocês têm em estoque? Tem que desová-los com os clientes? – Não, de forma alguma. Estou apenas pen- sando no bem-estar do senhor. – Bom, por enquanto, o meu bem-estar é ter algo que estou pedindo. Sabe, hoje não estou com vontade de harmonizar nada. Penso em combinar o sake e a comida com a minha fase da vida. Pode ser? E foi ele insatisfeito buscar o que pedi. Claro que, nesse meio tempo, a comida chegou. Eu calculava beber uma taça, preparar meu pala- dar e apetite, mas não deu. Jantei assim mes- mo, bebendo o sake aperitivo como digestivo. O papel do sommelier, no meu ponto de vis- ta, é educar o consumidor de forma cordial, discreta e com muito cuidado. Não devemos incomodar ou constranger o cliente. Na har- monização de bebidas com a comida, há um roteiro a seguir. É apenas um guia, não uma avenida obrigatória. Por teoria, não devemos combinar sakes secos com doces. Mas meu avô, um grande entendedor de sake, bebia o seu sake com duas fatias de yôkan. Concluindo, esse papo de harmonização não importa muito. Quem deseja seguir a teoria vai aproveitar bem os dois alimentos. Quem não quiser, irá harmonizar com algo mais global, talvez com o momento ou com a vontade de descobrir novas combinações. Somos livres. Muitos vão discordar. Então vamos lá. Você sabia que temos a instrução de não harmoni- zar a maioria dos sakes com sushi? Alexandre Tatsuya Iida, condecorado Sake Samurai, Embaixador do Sake no Brasil, pela The Japan Sake Brewers Association Junior Council. É um kikisake-shi certificado pelo SSI e proprietário da Adega de Sake. * A s o p in iõ es e xp re ss as n es ta s eç ão n ão r ep re se nt am n ec es sa ri am en te a o p in iã o d a re vi st a. Leia a história completa 2palit.us/ papocomadegao20 fo to : a rq ui vo p es so al #PAPOCOMADEGÃO #HASHITAG 50 0�/JLLFZ�1BMBDF�)PUFM�QPTTVJ�BNQMB�F�NPEVMÈWFM�FTUSVUVSB�RVF�TF�BEFRVB� BP�TFV�UJQP�EF�FWFOUP�F�RVBOUJEBEF�EF�QFTTPBT��$POUBNPT�DPN�VN�/PWP� &TQBÎP� DPN� DBQBDJEBEF� QBSB� BUÏ� ���� QFTTPBT � FN� GPSNBUP� CBORVFUF�� 0GFSFDFNPT�TFSWJÎPT�EF�"MJNFOUBÎÍP�F�#FCJEB �%FDPSBÎÍP�F�"MVHVFM�EF� FRVJQBNFOUPT��0�/JLLFZ�1BMBDF�)PUFM�FTUÈ�CFN�QSØYJNP�Ë�SFHJÍP�DFOUSBM � Ë�BW�����EF�.BJP�F�3BEJBM�-FTUF� $BTBNFOUPT���"OJWFSTÈSJPT���$POGSBUFSOJ[BÎÜFT��� 5SFJOBNFOUPT���1BMFTUSBT���8PSLTIPQT���3FVOJÜFT���'PSNBUVSBT 3FBMJ[F�TFV�FWFOUP�DPSQPSBUJWP�PV�TPDJBM� OP�/JLLFZ�1BMBDF�)PUFM� *OGPSNBÎÜFT�F�SFTFSWBT�� �� �����������PV�SFTFSWBT!OJLLFZIPUFM�DPN�CS 7JTJUF�OPTTP�TJUF��OJLLFZIPUFM�DPN�CS $VSUB�OPTTB�QÈHJOB�OP�GBDFCPPL�/JLLFZ�1BMBDF�)PUFM C M Y CM MY CY CMY
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