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1 Armazenamento e Conservação de Grãos Profa. Dra. Renata Castoldi Monte Carmelo 2016 França, Argentina e EUA: 30 a 60% da safra: armazenagem a nível de fazenda Brasil: 5% da safra: armazenagem a nível de fazenda INTRODUÇÃO ≠ Problemas econômicos Vantagens do armazenamento na propriedade: minimização de perdas qualitativas e quantitativas; economia do transporte; maior rendimento na colheita; melhor qualidade do produto; obtenção de financiamento, por meio das linhas de crédito INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Capacidade Estática: 143 milhões de toneladas Déficit: 46 milhões de t Problemas (CONAB): 51% da Capacidade Estática: armazéns convencionais; 49% da Capacidade Estática: armazéns e silos graneleiros; depósito de safras anteriores; má localização dos armazéns. INTRODUÇÃO Figura 1. Níveis e localizações das unidades armazenadoras de grãos no Brasil, no final do Século XX (CONAB, 2001). INTRODUÇÃO (Intermediário) Zona Rural 29% (Produtor) Fazenda 9% (Terminal) Portuária 6% (Intermediário) Zona Urbana 56% 2 Perdas pré-colheita (Aprosoja – MT, 2013): 1% = 0,5 saca por ha Perdas durante a colheita (Aprosoja – MT, 2013): 2% = 1 saca por ha Perdas pós-colheita (CONAB, 2013): 0,25% ao mês: falta de armazéns; ação de microorganismos; clima AVALIAÇÃO DAS PERDAS Perdas pós-colheita: Perda física ou quebra: perda de peso; Perda de qualidade: alterações das qualidades intrínsecas AVALIAÇÃO DAS PERDAS Perdas pós-colheita: Perda física: AVALIAÇÃO DAS PERDAS Amassamento Trincamento Rachaduras Microrganismo Imediato Latente Perdas pós-colheita: Perda de qualidade: AVALIAÇÃO DAS PERDAS LepidopteraColeoptera Primários ou Secundários Atacam sementes inteiras Atacam sementes danificadas Gorgulhos, carunchos, traças Cochonilhas, ácaros 25 – 35°C e 12 a 15% UR Perdas pós-colheita: Perda de qualidade: AVALIAÇÃO DAS PERDAS Aquecimento PenecilliumAspergillus Deterioração Descoloração Rancificação Toxinas danosas ao homem Influência das características dos grãos e suas interações com o ambiente: Conservabilidade; Aptidão industrial; Aptidão de consumo Valor comercial CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO 3 1) Porosidade: Massa porosa: Poros intragranulares + Poros intergranulares ou intersticial. Massa porosa: 45 a 50%. Porosidade + Composição: características higroscópicas e de má condutibilidade térmica. CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO 1) Porosidade: CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Importância de medir a porosidade: Relação com a circulação de ar. CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Ar frio Ar saturado Ar de reaproveitamento Ar quente Fatores que interferem na Porosidade: Formato; Tegumento; Dimensões; Integridade física; Integridade biológica; Integridade fitossanitária ou estado sanitário; Impurezas e/ou matérias estranhas CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Consequências da Porosidade: 1.1. Trocas fluídas e alterações metabólicas CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Figura 1. Variação da umidade relativa do ar em função da variação da temperatura, em período de 24 h. Aeração: T do ar > T do grão aquecimento Tabela 1. Teor de água de sementes em equilíbrio com alguns valores de umidade relativa do ar, em ambiente de ~25°C. Espécies Umidade relativa do ar 15 30 45 60 75 90 100 Milho 6,4 8,4 10,5 12,9 14,8 19,1 23,8 Aveia 5,7 8,0 9,6 11,8 13,8 18,5 24,1 Sorgo 6,4 8,6 10,5 12,0 15,2 18,8 21,9 Trigo 6,6 8,5 10,5 11,5 14,1 19,3 26,6 Amendoim 2,6 4,2 5,6 7,2 9,8 13,0 - Soja 4,3 6,5 7,4 9,3 13,1 18,8 - Feijão 5,6 7,7 9,2 11,1 14,5 - - Consequências da Porosidade: 1.1. Trocas fluídas e alterações metabólicas CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO 4 Consequências da Porosidade: 1.1. Trocas fluídas e alterações metabólicas Temperatura do ar > Equilíbrio térmico dos grãos Aquecimento Umidade dos grãos de 14% desenvolvimento microbiano Umidade dos grãos de 8 a 10%: desenvolvimento de insetos e ácaros. CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Consequências da Porosidade: 1.2. Disponibilidade de oxigênio Intensificação da respiração dos grãos Intensificação da atividade metabólica dos organismos aeróbicos 4% de O2 não sobrevivência de insetos adultos < 1% de O2 letal a sobrevivência de ovos e adultos CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Consequências da Porosidade: 1.2. Disponibilidade de oxigênio riscos de explosões CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO 2) Condutibilidade Térmica: Passagem de calor da massa mais quente para mais fria Grãos maus condutores Descontinuidade de massa desfavorecimento da condução do calor CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO 2) Condutibilidade Térmica: capacidade isolante de 1 cm de cortiça ≈ 3 cm de grãos capacidade isolante de 1 cm de grãos ≈ 9 cm de concreto CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Consequências da Condutibilidade Térmica: CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Figura 1. Correntes convectivas e transferência de calor e água no interior dos silos. Te > Ti Te < Ti 5 3) Higroscopicidade: capacidade de troca de água entre si e com o meio dependente da pressão de vapor (PV) ≠ da PV entre grãos e ar equilíbrio higroscópico, ganho ou perda de H2O PV ar > PV grãos Adsorção ou Absorção Umedecimento PV ar < PV grãos Dessoração Secagem PV ar = PV Equilíbrio higroscópico CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Fatores que interferem na Higroscopicidade: gradiente hídrico e temperatura; PV ar PV grãos --------- re(umedecimento) PV ar < PV grãos --------- secagem CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Fatores que interferem na Higroscopicidade: composição do grão; Material de reserva Espécies Carboidratos Lipídios Proteínas Sorgo 72 4 10 Trigo 70 2 11 Arroz 65 2 16 Milho 64 5 10 Feijão 57 1 23 Girassol 19 26 18 Soja 18 25 38 Algodão 15 33 39 Amendoim 12 48 30 Tabela 2. Composição química aproximada das sementes de algumas espécies comerciais, em porcentagem. CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO 4) Respiração: Respiração aeróbica: C6H12O6 + 6O2 -------------> 6CO2 + 6H2O + 677 cal (Quociente respiratório = 1) Respiração anaeróbica: C6H12O6 -------------> 2C2H5O + 2CO2 + 22 cal CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Fatores que interferem na respiração: Temperatura: CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Lei de Van’t Hoff: 10°C Velocidade das atividades metabólicas: 2 a 3 x até 40°C 6 Fatores que interferem na respiração: Umidade: UR = 11 a 13% discreta respiração UR > 13% aceleração da respiração grãos oleaginosos UR < 13% CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Fatores que interferem na respiração: Organismos associados; Composição do ar ambiente CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Consequências da respiração: Auto aquecimento dos grãos Processorespiratório dos grãos + fungos e/ou pragas; Alta UR Quanto < o grão e > gordura > auto aquecimento Quanto > a proximidade das paredes, piso e superfície da massa > auto aquecimento CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Consequências da respiração: Dinâmica metabólica CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Microrganismos psicrófilos Consequências da respiração: Manejo conservativo e metabolismo: água calor água calor substância orgânica CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM CONSERVAÇÃO Respiração aeróbica produz: Respiração anaeróbica produz: OPERAÇÕES DE PRÉ-ARMAZENAMENTO Variações possíveis Etapas recomendadas 7 Colheita: Maturidade fisiológica dos grãos: 30% de umidade Sorgo, milho e arroz: 18 a 25% Trigo, aveia, centeio e cevada: 16 a 22% OPERAÇÕES DE PRÉ-ARMAZENAMENTO Pré-limpeza e Limpeza: Separação Lote de sementes Sementes puras Outras sementes Material inerte OPERAÇÕES DE PRÉ-ARMAZENAMENTO Pré-limpeza e Limpeza: Separação OPERAÇÕES DE PRÉ-ARMAZENAMENTO Definição: Período entre a colheita e o plantio Objetivo: Manter a qualidade fisiológica das sementes ARMAZENAMENTO Armazenamento não melhora a qualidade das sementes Determinações realizadas no armazenamento: peso seco e/ou peso volumétrico; composição química; umidade; temperatura dos grãos; contaminação microbiana; presença e ataque de pragas; características higrométricas do ar; teor de micotoxinas; valor nutricional; germinação das sementes; avaliação sensorial ARMAZENAMENTO Medidas especiais de manejo e conservação dos grãos: Aeração Transilagem Ácidos orgânicos Hermeticidade Fumigações MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS GRÃOS 8 Medidas especiais de manejo e conservação dos grãos: 1) Aeração: ventilação dos grãos com fluxo de ar Objetivo: resfriamento e manutenção do grão a temperatura baixa. Formas de aeração: MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS GRÃOS Medidas especiais de manejo e conservação dos grãos: 1) Aeração: ventilação dos grãos com fluxo de ar Possibilidade: massa de grãos porosa permite a passagem de ar Provisória Resfriamento ou manutenção Tipos de aeração: Corretiva Secante Transilagem MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS GRÃOS Medidas especiais de manejo e conservação dos grãos: 2) Transilagem: aeração de resfriamento Transferência do grão de um silo para outro Objetivo: resfriamento do grão MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS GRÃOS Medidas especiais de manejo e conservação dos grãos: 3) Ácidos orgânicos: acético ou propiônico Uso: grãos com alta umidade e como preventivo de fungos Finalidade: substituição ou retardamento do processo de secagem Função: alteração na estrutura do parênquima MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS GRÃOS Medidas especiais de manejo e conservação dos grãos: 4) Hermeticidade: redução do O2 disponível, a níveis letais ou limitantes aos organismos vivos Conhecida como AAC (Armazenagem em Atmosfera Controlada) Emprego de N2 e/ou CO2 Redução do O2 a 2% em volume morte dos insetos Austrália uso de CO2 no controle de insetos em trigo MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS GRÃOS OBRIGADA! Profa. Dra. Renata Castoldi Monte Carmelo 2016