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1 PRODUTIVIDADE E BALANCEAMENTO DA LINHA DE PRODUÇÃO DOS BANCOS TRASEIROS DA JOHNSON CONTROLS. Daniel de Lara1 Resumo Neste trabalho é analisada a importância da produtividade e balanceamento da linha de produção dos bancos traseiros da Johnson Controls. O objetivo geral consiste em avaliar as ações implementadas para aumentar a produtividade na montagem dos bancos traseiros. A linha estava com o tempo de montagem muito longo, devido às células de montagem não conseguirem efetuar as montagens em sincronismo, pois enquanto uma célula não libera o banco a outra fica parada. Com uma equipe de melhoria contínua foi estudado um método para resolver o problema das células de montagem, foi cronometrado os tempos de montagem e definido como tempo de montagem padrão. Quando uma célula estiver estourando seu tempo é transferida uma pessoa de outra célula que não esteja funcionando no momento para ajudar, com isso o fluxo de montagem faz com que ninguém fique parado. Este trabalho descreve como foi o processo de solução do problema na linha de montagem. Palavras-chave: Produtividade, Balanceamento, Controle de Produção. 1 Graduando em Gestão de Logística pela Faculdade de Tecnologia Internacional (FATEC). 2 1 INTRODUÇÃO No setor de produção dos bancos traseiros foi constatado que o estoque estava localizado longe da linha e a reposição das espumas ficava longe do ponto de montagem. Por isso ocorriam diversas paradas na linha por falta de peças. Outro ponto era o excesso de mão-de-obra, além do tempo de montagem dos bancos serem muito longo. Por essa razão, foram feitas algumas mudanças para melhorar a produtividade e as paradas na linha. A célula de grampeamento, que ficava junto à linha de montagem, foi levada para perto do estoque, com isso agilizando a montagem. Foi estudado um modo para transportar as espumas grampeadas, sendo aprovado o uso de um carrinho elétrico. Ele pega na célula de grampeamento as espumas grampeadas e leva para linha de montagem, deste modo não falta peça na linha de montagem dos bancos traseiros. Para resolver o problema do desbalanceamento da linha dos bancos traseiros foi ajustado o tempo de montagem, assim o processo teve melhoria. Desta forma, se uma célula estiver passando do tempo de montagem é tirada uma pessoa de outro posto para ajudar, havendo então, o balanceamento na linha de montagem. Portanto quais os resultados obtidos após a intervenção? O objetivo geral deste trabalho consiste em avaliar as ações implementadas para aumentar a produtividade na montagem dos bancos traseiros e balanceamento das operações, tendo como objetivos específicos: descrever o motivo do desbalanceamento das operações; e descrever as ações realizadas para resolver o problema. Este assunto foi escolhido devido 3 ao fato de que na montagem dos bancos traseiros era gerado um gargalo na produção, ocasionando muitas paradas na linha. Devido a estas paradas ocorria um desequilíbrio na linha de produção, pois os bancos são despachados para a Volkswagen em kits, dianteiros e traseiros. Isso gerava um aumento na velocidade da linha para ter a produção estipulada no dia, sendo que o objetivo de montagem é de 40 kits por hora, prejudicando o alcance das metas. Isso faz com que os objetivos não sejam atingidos, ou seja, 810 kits por dia, juntando todos os turnos, já que a empresa deveria trabalhar com 100 kits à frente da Volkswagen, que é chamado de “janela”. Com as paradas na linha de produção dos bancos traseiros a “janela” diminui, ocasionando um aumento na velocidade da linha e um desgaste maior por parte dos funcionários. Com este problema, a tendência é que a qualidade dos bancos também fique abaixo da esperada. Mas não é só isso, se por acaso a Volkswagen parar por falta de kits de bancos a Johnson Controls paga uma multa alta. Por isso este assunto é crucial para a redução de custos na empresa. A linha estava com o tempo de montagem muito longo, devido as células de montagem não conseguir efetuar as montagem em sincronismo, pois enquanto uma célula não libera o banco a outra fica parada. Com uma equipe de melhoria contínua foi estudada um método para resolver o problema das células de montagem, foi cronometrado os tempos de montagem e definido como tempo de montagem padrão. Quando uma célula estiver estourando seu tempo é transferida uma pessoa de outra célula que não esteja funcionando no momento para ajudar, com isso o fluxo de montagem faz com que ninguém 4 fique parado. Este trabalho descreve como foi o processo de solução do problema na linha de montagem. 2 CONTROLE DE PRODUÇÃO Sobre o PCP (Planejamento Controle de Produção) foi realizado um estudo bibliográfico, analisando as perspectivas teóricas de um plano de produção e as vantagens de ter um controle total das operações minimizando custos e mão-de-obra. De acordo com Pozo (2004, p.118) controle de produção é fazer avaliação do processo de produção e comparar com o que foi planejado. São levadas em conta as peças a serem montadas, os inícios do ciclo da peças na linha até o final deste ciclo. O controle de produção tem a incumbência de enviar relatórios para controlar a fabricação. As atividades envolvidas no processo são: mão-de-obra, equipamentos e inventários. Segundo Tubino (2000, p.186) existem três grupos para realizar um controle de produção: máquinas, mão-de-obra, materiais. Conforme o PCP (Planejamento Controle de Produção) é verificado a condição da linha de produção, emitidas as ordens e disponibilizados os recursos do processo a ser controlado. Tubino (1999, p.68-69) explica que existem três níveis para atividades do PCP: • Nível estratégico, em longo prazo, é definido através de um planejamento estratégico de produção, gerando um plano de produção para um determinado período. 5 • Nível tático, em médio prazo, é elaborado planejamento mestre de produção, viabilizando um plano mestre de produção de produtos finais período a período. • Nível operacional, em curto prazo, é feita uma programação da produção, é controlado os estoques para verificar as ordens de compras, fabricação e montagem. Campos e Brasil (2007, p.94-95) explicam o PCP da seguinte forma: Há que ser considerada a real necessidade de planejar visto ser planejamento um conceito fundamentado na questão dos processos decisórios, os quais tornam necessária a utilização de insumos em produtos. Portanto devemos planejar, pois isso nos permite compreender e avaliar os possíveis impactos futuros provenientes das decisões tomadas a priori, dentro de um controle constante ao longo de todo o processo por conseguinte podemos dizer que o Planejamento e o Controle da Produção de uma empresa são departamentos cuja atividade principal é tomar decisões a respeito do melhor emprego dos insumos e dos demais recursos transformadores destinados à produção de bens e/ou serviços. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002, p.314-315) Planejamento e Controle é garantir que o processo da produção ocorra com eficácia e seja eficiente, produzindo bens e serviços atendendo as necessidades dos clientes. Existem diferenças entre Planejamento e Controle, esta divisão não é fácil de entender, tanto na teoria quanto na prática. Porém, existem algumas características que ajudam a entender. Um plano é aquilo que vai acontecer num futuro, elenão garante que algo vá acontecer, é baseado em expectativas. Controle é processo para trabalhar com estas variáveis, o Controle é ajustado para resolver os problemas e atingir os objetivos que o Plano estabelece. “Podemos definir o plano como um conjunto de intenções para o que deveria ocorrer e o controle como um conjunto de ações que visam ao direcionamento do plano monitorando o que realmente acontece e fazendo eventuais mudanças necessárias”. 6 Slack, Chambers e Johnston (2002, p.322-334) afirmam que Planejamento e Controle trabalham conciliando suprimento e demanda em termos de volume, tempo e qualidade. Estão ligados entre si nos seguintes aspectos, carregamento, seqüenciamento, programação e controle: • Carregamento é a quantidade de serviço para uma determinada tarefa. • Seqüenciamento é a ordem em que as tarefas serão realizadas. • Programação é garantir como, quando e quantos serão executados as tarefas. • Controle; existem dois tipos de controle, puxado e empurrado. No controle puxado o cliente puxa a produção, é produzido somente o que é solicitado. Já no controle empurrado ocorre o contrário, é produzido aquilo que acha necessário em seguida é estocado, o cliente compra somente o que foi produzido, ou seja, empurra a produção para o cliente. Paranhos Filho (2007, p.255) comenta que o PCP (Planejamento Controle de Produção) precisa ter as informações, o controle do estoque, previsão de vendas, prazos dos fornecedores, confirmação do processo produtivo, padronização dos tempos de fabricação para organizar e consolidar estas informações para o gerenciamento da produção. É no PCP que estabelece as decisões estratégicas para aumentar ou diminuir a produção, contratar ou demitir pessoal. Cabe ao setor de planejamento obter todos os dados para que as informações estejam corretas para ter as melhores decisões. Com este estudo foi possível entender melhor o PCP (Planejamento Controle de Produção) pois trata de uma ferramenta importantíssima para 7 estabelecer uma comunicação efetiva em todos os setores da empresa e seus fornecedores. 3 ESTUDO DE CASO Os pedidos da Volkswagen chegam na Johnson Controls. Esse pedido é passado aos fornecedores. Quando a matéria-prima chega, ela é estocada seguindo as regras do FIFO (first in first out). Com um carrinho elétrico o operador pega as espumas do estoque e separa em lotes seguindo o pedido da Volkswagen, em seguida estas espumas são levadas para a célula de grampeamento, junto com as capas para serem grampeadas. Depois estas capas grampeadas vão para a linha do banco traseiro onde ocorre o processo de montar a espuma na estrutura metálica, isso no caso do Fox, já para o Golf é colocado a estrutura metálica e levado para a prensa para montar. Depois desta etapa, o banco é colocado em uma esteira onde é feito o restante da operação, é colocado o apoio de cabeça e passado vapor para tirar as rugas. Em seguida, o banco é inspecionado e liberado. Nesse processo, se ocorrer alguma falha na montagem ele é levado para o retrabalho, depois de liberado pelo retrabalho esse banco é inspecionado novamente e depois de liberado ele junta com o banco dianteiro em outra esteira. Assim o kit é conferido junto com uma etiqueta detalhando o modelo e a numeração do banco. Enfim, é encaminhado à Volkswagen em caminhões adaptados com esteiras. 8 A Figura 1 apresenta o fluxograma deste processo. ESTOQUE CAPAS ABASTECIMENTO RACKS ESTOQUE CENTRAL GRAMPEAMENTO SEQ. ESPUMA APOIO DE CABEÇA CAPAS ROTA PARA ABASTECIMENTO VW-AUDI (PEDIDO) JCI-CWB (PCP) COPPO (FORNECEOR) JC- POA (FORNEEDOR) PEMATEC (FORNECEDOR) CENTRAL GRAMPEAMENTO SEQ. ESPUMA APOIO DE CABEÇA CAPAS ROTA PARA ABASTECIMENTO 9 Figura 1: Fluxograma da linha de montagem dos bancos traseiros da Johnson Controls. MONTAGEM DISPOSITIVO APOIO DE CABEÇA ÁREA DE RETRABALHO BACK FLUSH QUALITY GATE VAPORPRENSA VW-AUDI (PEDIDO ENCAMINHADO) 10 Para melhorar a linha de montagem foi proposta uma proximidade da célula de grampeamento das espumas, para que fique mais perto do estoque agilizando a montagem das espumas, grampeadas com as capas, conforme o pedido. Cada operação tem um ciclo de tempo para ser montado na linha de montagem, começando na central de grampeamento, seguindo para montagem dos dispositivos onde são montados os bancos do carro Fox. Depois disso, é passado para o apoio de cabeça, em seguida segue para célula do vapor para tirar as rugas do banco. Quando o banco está pronto, ele é inspecionado pelo qualit gate que é inspetor responsável em garantir que o banco vá para a Volkswagen com qualidade, caso este banco não seja levado para a área do trabalho, depois de retrabalhado este banco, ele volta para linha de montagem. Para terminar o processo, o banco é levado para o back flush, ali os bancos traseiros se encontram com os bancos do dianteiro e seguem para Volkswagen. No caso dos bancos do carro Golf, depois de chegar da célula de grampeamento ele segue para a prensa onde é montado, depois disso segue os mesmos passos dos bancos do carro do carro Fox. A Tabela 1 mostra o ciclo de montagem dos bancos traseiros. Tabela 1: Tabela do ciclo de montagem dos bancos traseiros da Johnson Controls. 11 Mão-de-obra Número de pessoas Tempo de montagem Central de grampeamento Três pessoas 2 minutos cada banco Dispositivo móvel Quatro pessoas 4 minutos cada banco Prensa Duas pessoas 1,5 minutos cada banco Dispositivo fixo Duas pessoas 2,5 minutos cada banco Apoio de cabeça Uma pessoa 1 minuto cada banco Vapor Uma pessoa 1 minuto cada banco Quality gate Uma pessoa 1 minuto cada banco Back flush Uma pessoa 1 minuto cada banco Na tabela acima é demonstrado o ciclo de pessoas e o tempo de montagem de cada célula na linha de produção. 4 COMPARATIVO ENTRE TEORIA E PRÁTICA Na empresa Johnson Controls o PCP tem a função de passar à linha de montagem e aos fornecedores os pedidos da Volkswagen, com base na linha de montagem dos bancos traseiros, onde o processo precisa seguir detalhadamente as informações, conforme o fluxo de materiais. O controle de estoque precisa trabalhar de acordo com a demanda da produção. Paranhos Filho (2007) compara bem este controle de produção, explicando a finalidade do PCP (Planejamento Controle de Produção), pois ele tem a função de gerenciar estas informações através de mecanismos como: processo produtivo, padronização dos tempos das operações, níveis de estoque. Referente à linha de montagem da Johnson Controls onde os pedidos chegam seguindo um seqüenciamento em que o cliente Volkswagen puxa a produção, Slack, Chambers e Johnston (2002) explicam que o seqüenciamento tem a função de distribuir as ordens de serviços, bem como o controle da 12 produção que no caso se trata de puxar a produção, conforme ocorre na prática. Na produtividade e balanceamento Slack, Chambers e Johnston (2002) falam da necessidade de resolver os problemas, conforme ocorreu na pratica na linha de montagem dos bancos traseiros, a adequação a linha de montagem para não ocorrer mais paradas de linha.5 AVALIAÇÃO Com a mudança na linha de montagem dos bancos traseiros os resultados foram os seguintes: 5.1 PADRONIZAÇÕES DOS TEMPOS A Padronização dos tempos de montagem ocorreu conforme o esperado, pois onde trabalhavam quinze funcionários, atualmente trabalham quatorze, deixando a linha de montagem mais compacta, aumentando sua produtividade. 5.2 LEADS TIME No caso do Lead Time ocorreu uma redução considerável, ocasionando menos paradas na linha de montagem devido ao balanceamento da linha, com isso diminuiu de dois dias para um dia o fluxo de matérias; Agora a fábrica trabalha desde a chegada dos materiais até a saída com um dia de estoque de peças para a linha de produção. 13 5.3 PRODUTIVIDADE A produtividade aumentou devido ao balanceamento da linha, antes cada funcionário montava oito bancos por hora, agora com as mudanças ele monta nove bancos por hora. 5.4 CUSTOS Contabilizando os resultados a Johnson Controls reduziu seus custos na linha de montagem dos bancos traseiros em torno de U$ 42.942,50 ao ano. 6 CONCLUSÃO Analisando as melhorias feitas na linha de montagem dos bancos traseiros da Johnson Controls a respeito dos objetivos e das melhorias no processo, verificou-se neste estudo que todos os setores se comprometem em alcançar o melhor para a empresa através da linha de montagem dos bancos traseiros que apresentam um “gargalo” na linha de montagem. Foi realizado um trabalho comprometido em eliminar este problema, primeiro foi analisado o motivo das paradas na linha a baixa produtividade e o desbalanceamento na linha dos bancos traseiros, depois de feito isso foi planejado como colocar em prática as mudanças. Em relação às paradas de linha, foi aproximada a célula de grampeamento de espumas para ficar perto do estoque, e com um carrinho elétrico levando as espumas prontas para serem montadas na linha. Esse problema foi resolvido, no caso da produtividade e balanceamento da linha foi estipulado um tempo padrão para equilibrar a linha dos bancos traseiros. 14 Para ajudar a compreender melhor o processo foi realizado um referencial, abordando as necessidades de elaborar um controle na linha de produção. Através do PCP (Planejamento Controle de Produção) ficou mais claro estabelecer um parâmetro entre a teoria e prática no chão de fabrica. Finalizando este trabalho cujo objetivo era melhorar o processo de produção e atingir a meta esperada, que se trata da produtividade e balanceamento da linha de montagem dos bancos traseiros da Johnson Controls, nota-se que o resultado foi alcançado com o esforço de todas as pessoas envolvidas no processo. REFERÊNCIAS CAMPOS, Luiz Fernando Rodrigues; BRASIL, Caroline V. de Macedo. Logística: teia de Relações. Curitiba: Ibpex, 2007. SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002. 15 POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 3.ed. São Paulo: atlas, 2004. TUBINO, Dalvio Ferrari. Sistemas de produção: a produtividade no chão de fabrica. Porto Alegre:Bookman, 1999. PARANHOS FILHO, Moacir. Gestão da produção industrial. Curitiba: Ibpex, 2007.