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José Ricardo Baptista MARKETING DE RELACIONAMENTO E CRM MA RK ET IN G DE R EL AC IO NA ME NT O E CR M MARKETING DE RELACIONAMENTO E CRM Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-1766-9 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Marketing de Relacionamento e CRM José Ricardo Baptista IESDE Brasil S.A. Curitiba 2011 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br © 2011 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: Shutterstock ISBN: 978-85-387-1766-9 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Baptista, José Ricardo Marketing de relacionamento e CRM / José Ricardo Baptista. -- Curitiba, PR : IESDE, 2011. Bibliografia. 1. Clientes - Contatos 2. Marketing de relacionamento I. Título. 11-06059 CDD-658.812 Índices para catálogo sistemático: 1. Clientes : Marketing de relacionamento : Administração de empresas 658.812 2. Marketing de relacionamento com clientes : Administração de empresas 658.812 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br ISBN: 978-85-387-1766-9 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Baptista, José Ricardo Marketing de relacionamento e CRM / José Ricardo Baptista. -- Curitiba, PR : IESDE, 2011. Bibliografia. 1. Clientes - Contatos 2. Marketing de relacionamento I. Título. 11-06059 CDD-658.812 Índices para catálogo sistemático: 1. Clientes : Marketing de relacionamento : Administração de empresas 658.812 2. Marketing de relacionamento com clientes : Administração de empresas 658.812 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sumário A importância da informação para obtenção da vantagem competitiva ..................................................................................11 Introdução – a informação no contexto empresarial ..................................................................11 Dado, informação e inteligência .........................................................................................................12 A informação e o processo de tomada de decisão ......................................................................12 O papel da informação e da tecnologia da informação .............................................................15 Informação, fonte de vantagem competitiva ................................................................................17 A avalanche de dados e o desafio do gerenciamento ................................................................22 A gestão de clientes no século XXI .................................................................29 Introdução – entender o cliente .........................................................................................................29 O que é cliente ..........................................................................................................................................30 Orientação por produto, cliente, o que mudou? ..........................................................................33 Marketing de relacionamento – a era do cliente individual .....................................................38 Competir com esse novo marketing no novo mercado .............................................................41 Estratégias de relacionamento.........................................................................49 Introdução ..................................................................................................................................................49 Uso estratégico das informações sobre seus clientes e prospects ..........................................50 A tecnologia e a estratégia de relacionamento em massa .......................................................53 Definições conceituais de marketing de relacionamento .........................................................56 Exemplos de estratégias de relacionamento .................................................................................57 As principais ferramentas do marketing de relacionamento ...............69 Introdução ..................................................................................................................................................69 Marketing one to one...............................................................................................................................70 O processo de implementação de um programa de marketing one to one .......................72 Database marketing ................................................................................................................................76 Atendimento à reclamação ..................................................................................................................78 Coleta de sugestões (ideias) .................................................................................................................79 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sistema de benefícios progressivos...................................................................................................79 Rede de relacionamentos......................................................................................................................79 Colaboração interativa ...........................................................................................................................79 CRM (Customer Relationship Management) .....................................................................................79 Benchmarking ............................................................................................................................................80 Conclusão ....................................................................................................................................................80 Conceitos do CRM .................................................................................................87 Introdução ..................................................................................................................................................87 Origem do CRM .........................................................................................................................................87 CRM e seu relacionamento com o marketing de relacionamento .........................................88 Conceito CRM ............................................................................................................................................89 CRM operacional, colaborativo e analítico ......................................................................................93 Conclusão ....................................................................................................................................................96CRM e a arquitetura e-business nas organizações ..................................105 Introdução ................................................................................................................................................105 Componentes das tecnologias e-business .....................................................................................106 ERP ...............................................................................................................................................................108 CRM .............................................................................................................................................................110 EAI ................................................................................................................................................................111 A integração com outros sistemas ...................................................................................................113 Sistemas de apoio à decisão ..............................................................................................................115 SCM .............................................................................................................................................................116 Conclusão ..................................................................................................................................................117 CRM e comportamento do consumidor ....................................................123 Introdução ................................................................................................................................................123 Comportamento do consumidor .....................................................................................................124 Processo de tomada de decisão .......................................................................................................126 Principais fatores que influenciam no processo de tomada de decisão ............................132 Conclusão ..................................................................................................................................................136 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Implantação de CRM e fatores críticos de sucesso ................................145 Introdução ................................................................................................................................................145 Implementar um CRM ..........................................................................................................................148 Etapas de um programa de CRM ......................................................................................................149 Etapas para contratar uma solução de TI .......................................................................................150 Oito etapas para implementar soluções de CRM .......................................................................152 Fator Crítico de Sucesso (FCS) ............................................................................................................153 Conclusão ..................................................................................................................................................155 Construção da cadeia de relacionamentos ..............................................161 Participantes de uma cadeia de relacionamento .......................................................................162 Integrar e capacitar os colaboradores para o CRM ....................................................................166 Todas as áreas podem praticar o marketing de relacionamento ..........................................168 Conclusão ..................................................................................................................................................169 O futuro do CRM .................................................................................................175 Introdução ................................................................................................................................................175 Revendo a ideia básica do CRM ........................................................................................................176 A terceirização de um canal importante – o call center ............................................................179 Automatizar operações de atendimento ......................................................................................180 O CRM e o mercado ...............................................................................................................................180 Social CRM ................................................................................................................................................181 Conclusão ..................................................................................................................................................185 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Apresentação Este livro tem por finalidade auxiliar estudantes e profissionais da área a ter uma ideia sobre os principais temas relacionados a Marketing de Relacionamento (MR) e ao Customer Relationship Management (CRM). A obra procurou definir e pontuar algumas teorias que abrangem conceitos centrais de MR e CRM e, principalmente, aspec- tos práticos. O livro está estruturado em dez capítulos que foram elaborados na seguinte sequência: O capítulo 1 discorre sobre a importância da informa- ção no contexto empresarial. A informação é apresentada como insumo básico para o processo de tomada de deci- são e também como a chave para uma empresa chegar à vantagem competitiva. O capítulo 2 apresenta quais as características da gestão do cliente neste novo século, confrontando com as características de gestão do início do século XX. O capítulo 3 trata sobre uma série de estratégias de re- lacionamento que poderão ser adotadas pelas empresas. O capítulo 4 apresenta as ferramentas utilizadas no marketing de relacionamento, bem como sua aplicação. O capítulo 5 entra nos aspectos teóricos, definindo e conceituando o que é CRM, exemplificando por meio de casos. O capítulo 6 discorre sobre a arquitetura do e-business e seu relacionamento com CRM. O capítulo aborda, ainda, tecnologias como ERP, SCM, e-commerce, e a necessidade de construir uma plataforma integrada e unificada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O capítulo 7 apresenta as etapas do comportamen- to do consumidor e seus fatores influenciadores. O CRM é considerado uma ferramenta de suporte, ao capturar, organizar, processar e distribuir informações sobre os clientes. O capítulo 8 discorre sobre como se dá o processo de implantação de um CRM, suas etapas e cuidados que devem ser tomados. O capítulo também apresenta uma ideia dos principais fatores críticos de sucesso na implan- tação do CRM. O capítulo 9 traz a preocupação de se entender toda a cadeia de valor e identificar todos os atores que atuam de forma direta ou indireta no processo de entrega de valor ao cliente. É necessário construir uma cadeia onde todos estejam trabalhando com objetivos em comum. O capítulo 10 mostra algumas tendências e discor- re sobre o futuro e novas aplicações do CRM voltadas à internet. Com um mercado em evolução e em constante mu- dança, é necessário que as empresas se adéquem às novas realidades de gestão de clientes, lembrando um pouco de práticas derelacionamento individuais que existiam no passado. Sem dúvida nenhuma, não podemos deixar de considerar os usos de tecnologias da informação para pro- cessar, um volume muito grande de dados do ambiente e apresentar resultados com informações em tempo real. As empresas que perceberem a urgência do tema nos dias de hoje e se prepararem para adotar essas ferramen- tas, poderão se destacar em seus mercados de atuação podendo alcançar vantagem competitiva. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 11 A importância da informação para obtenção da vantagem competitiva Introdução – a informação no contexto empresarial Se é impossível imaginar um mundo sem dados e informações, imagine as orga- nizações sem elas. Sem essa matéria-prima base, as organizações não existiriam. As empresas geram dados provenientes do ambiente externo e interno e se alimentam de informações. Essa informação tem dado sentido aos negócios e direciona o cami- nho que garante a sobrevivência. Além disso, ela funciona como um adesivo que une os seus pontos – às vezes os mais extremos – e permite a avaliação geral da vida da empresa. Ju pi te r I m ag es /D PI Im ag es /S hu tt er st oc k/ Is to ck ph ot o. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 12 Dado, informação e inteligência Um dado são valores, medidas, cifras, observações, contexto ou transações de negócios. Os dados são a matéria-prima de um sistema de informação, logo consti- tuem um valoroso recurso organizacional. Normalmente esses dados são organizados em banco de dados que os guardam organizados e processados. São exemplos de dados uma transação comercial como comprar um carro ou uma passagem de avião, ou dados brutos registrados por um caixa de supermercado. Uma informação são os dados processados, organizados e interpretados. Dados re- gistrados por um caixa de supermercado podem ser processados e organizados produ- zindo um relatório com informações, tais como o total de unidades de detergentes vendi- das ou a receita total de vendas do detergente de determinada loja ou região de venda. Inteligência é um entendimento (conhecimento) derivado das informações. São dados e/ou informações que foram organizados e processados para gerar conheci- mento, experiência, aprendizado acumulado. Dado Dados brutos de vendas. 1200, R$100,00 Sul, João Paulo 79154, sapatos Figura 1 – Diferenças: dado, informação e conhecimento. Inteligência Um relatório infor- mando que o total de vendas aumen- tou 10% sobre o mesmo período do ano anterior. Jo sé R ic ar do B ap tis ta . Informação Um relatório de produtos vendidos por vendedor. Relatório Mensal de Vendas – região Sul Vendedor: João Paulo Emp n.º 79154 Item Quantidade Preço sapatos 1 200 R$100,00 A informação e o processo de tomada de decisão Informação é o principal “capital” do gerente, e é ele quem decide qual a informação necessária e como irá utilizá-la.” Peter DruckerA im po rt ân ci a da in fo rm aç ão p ar a ob te nç ão d a va nt ag em c om pe tit iv a Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 13 A im portância da inform ação para obtenção da vantagem com petitiva As decisões são tomadas a todo instante nas organizações. Diariamente uma grande quantidade de decisões são tomadas pelos gerentes, que são os responsáveis pelo bom desempenho da operação. O papel da gerência é supervisionar os recursos da organiza- ção, como, por exemplo, as pessoas, o dinheiro, materiais, tempo etc. Todos esses proces- sos devem ser gerenciados para atingir os objetivos estratégicos da empresa. Uma tomada de decisão para a solução de um problema refere-se a uma esco- lha entre duas ou mais alternativas. Para ajudar os gestores ao tomar suas decisões, é necessária a escolha de boas ferramentas de tecnologia da informação e informações precisas. Um dos principais recursos utilizados pelos gerentes no processo de tomada de decisão é a informação. Portanto, é necessário avaliar constantemente o tipo e a qualidade da informação recebida pelos administradores. Para Gomes e Braga (2004), na maioria das organizações os tomadores de deci- são frequentemente trabalham com grande quantidade de dados em estado bruto, pequena quantidade de informação com valor agregado derivado de análises e pouca inteligência para tomada de decisão (figura 2). Jo sé R ic ar do B ap tis ta . Dados Informação Inteligência Figura 2 – Hierarquia da informação. Para complicar ainda mais esse cenário, foi constatado que a maioria das pessoas toma suas decisões baseada em intuições, conselhos e experiência pessoal. Para Gomes e Braga (2004), as estatísticas apontam que 60% das decisões tomadas dessa maneira fracassam. Para Campomar e Ikeda (2006), para se tomar uma provável decisão correta é ne- cessário ter informações corretas e raciocínio correto e, para minimizar a probabilidade de tomada de decisões erradas, é preciso procurar melhorar a qualidade da informa- ção e o raciocínio. Para O´Brien (2004), informações inexatas ou difíceis de entender não seriam muito significativas, úteis ou valiosas para os usuários. As pessoas desejam informações de alta qualidade. O autor definiu um modelo de atributos da qualidade da informação como dotada de três dimensões: tempo, conteúdo e forma. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 14 Na dimensão tempo, O´Brien (2004) coloca que a informação deve ser fornecida quando necessária, atualizada e repassada no passado, presente e futuro; na dimen- são conteúdo, toda a necessidade de informações deve ser fornecida e ser isenta de erro. Pode ter um alcance amplo ou estreito, ou com foco interno ou externo, e revelar desempenho pela mensuração das atividades concluídas e de seu progresso. Na di- mensão forma, a informação deve ser clara e de fácil compreensão, e ser fornecida em forma detalhada ou resumida, organizada na sequência predeterminada, apresentada em forma numérica, gráfica e fornecida na forma de documentos em papel impresso, monitores de vídeos e outras mídias. Segundo Compomar e Ikeda (2006) nem toda a informação é valiosa para os to- madores de decisão. A informação será útil se ajudar os administradores a tomarem suas decisões. Para os autores, a informação deve ser avaliada como tendo quatro características: Relevância – o administrador consegue exatamente o que precisa por meio de informações relevantes. Qualidade – uma informação de alta qualidade é precisa, válida e confiável, sendo uma boa representação da realidade. Atualidade – a informação deve chegar no tempo correto. Tomar decisões com base em informações obsoletas pode levar a sérios problemas de deci- são. A TI pode ajudar bastante a organização no quesito processar e distribuir informações no tempo certo. Completude – o administrador deve ter informações suficientes na quantida- de correta (nem mais nem menos) sobre todos os aspectos de sua decisão. Concluímos, então, que para minimizar a probabilidade de erros no processo de tomada de decisão, é fundamental ter informações com alto nível de qualidade e fer- ramentas que processem e transformem esses dados em informações limpas e distri- buam informações que auxiliem os gestores a tomarem suas decisões. Pense no desafio desta maneira: em um mundo competitivo no qual as empresas têm acesso aos mesmos dados, quem vai se sobressair transformando os dados em informações e depois analisando a informação rapidamentee de forma inteligente para gerar um conhecimento superior? Max Hopper, ex-chairman da American Airlines A im po rt ân ci a da in fo rm aç ão p ar a ob te nç ão d a va nt ag em c om pe tit iv a Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 15 A im portância da inform ação para obtenção da vantagem com petitiva O papel da informação e da tecnologia da informação A informação viabiliza os planos estratégicos das empresas ao trazer dados do ambiente externo (macroambiente) e interno (empresa). Esses dados, quando agrupa- dos, geram informações que são recursos eficazes e imprescindíveis para a tomada de decisão e definição dos objetivos estratégicos da organização (figura 3). Jo sé R ic ar do B ap tis ta . A da pt ad o. Fontes internas Informações Fontes Externas Figura 3 – Fontes de informação. Decisões As empresas sempre buscam resultados em um ambiente altamente competitivo e que está em constante mudança. Processar informações de forma rápida é uma das exigências na era atual, considerada por muitos autores como a era da informação. Para manejar esse crescente fluxo de informação entre a empresa e o macroambiente, é necessário tirar proveito dos recursos da Tecnologia da Informação (TI). Tecnologia da informação (TI) é composta por hardware, software, banco de dados, redes e pessoas. Essa infraestrutura suporta os Sistemas de Informação (SI) que defini- mos como um processo que coleta, processa, armazena, analisa e dissemina dados e informações. Esse sistema contém informações sobre o ambiente externo e a empresa e está dividido em três atividades básicas: entrada, processamento (processa, classifica, organiza, calcula) e saída (distribui informações) (figura 4). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 16 Figura 4 – Modelo de Sistema de Informação de Marketing. Coleta de Dados Sistema de monitoração ambiental Sistema de informações competitivas Sistemas de informações internas Sistemas de pesquisa de marketing Processamento Monitora Trata Armazena Analisa Avalia Condensa Atualiza Interpreta Seleciona Classifica Recupera Dissemina Informações Dados Fontes de dados Macroambiente Concorrente Empresa Mercado Usuários de marketing Analisam Planejam Organizam Decidem Executam Controlam (M AT TA R, 1 98 6) A TI e os SI assumem um papel vital para as empresas ao processar e distribuir infor- mações na velocidade do ciclo de negócio atual, que na maioria das vezes é muito curto. Esses recursos tecnológicos suportam o fluxo de dados fornecendo respostas eficazes aos gestores para construção de seus planos estratégicos, marketing e comunicação. Se- gundo Talvinen (1995) os sistemas de informações oferecem a possibilidade de aumen- tar a eficiência da organização por meio da coleta e da distribuição de informações. Para Mayros e Werner (1982) um sistema de informação aplicado ao marketing é um conjunto de dados organizados, os quais são analisados por meio de relatórios e ro- tinas estatísticas. Os dados são transformados de números brutos em informações para auxiliar o gerente a tomar suas decisões, mitigando riscos e concretizando suas suposi- ções gerais. Para os autores, um sistema de informação de marketing pode ser explicado por meio de seus componentes principais, conforme modelo apresentado na figura 5. Sistemas de Informação de Marketing InformaçãoSistema Unifica o proces- so de informa- ções entre os departamentos e as áreas funcio- nais da empresa. Consiste em dados selecio- nados utilizados para a tomada de decisões. Decisões sobre consumidores, mercado, pro- dutos, força de vendas. Marketing Figura 5 – Componentes de um Sistema de Informação de Marketing. (M Ay RO S; W ER N ER , 1 98 2) A im po rt ân ci a da in fo rm aç ão p ar a ob te nç ão d a va nt ag em c om pe tit iv a Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 17 A im portância da inform ação para obtenção da vantagem com petitiva Sistema: é o responsável por integrar as diferentes áreas funcionais. O sistema processa os dados brutos que são extraídos das suas fontes como um pedido de venda, dados sobre estoque, e transforma em informações, usadas para a tomada de decisão. Informação: é o insumo básico para produção de bens e serviços. Após o dado ser processado, ele fornece mais informações, e não somente números. Marketing: a função de marketing toma decisões diárias sobre problemas e questões ligadas ao produto da empresa, consumidor, força de vendas, merca- do. As decisões serão mais efetivas se as informações geradas pelos sistemas forem importantes para influenciar seus tomadores de decisão. Para Stanton (1980), o modelo é uma estrutura de ação contínua, composta de pessoas, equipamentos (tecnologia) e processos voltados para o futuro, destinados a gerar e processar o fluxo de informações de modo a ajudar nas decisões a serem toma- das pela diretoria, dentro do plano geral de comercialização da empresa. Conforme observamos, a tecnologia da informação e sistema de informações assume um papel importante, viabilizando a troca e distribuição de informações, inter- na e externa ao ambiente da empresa, suportando seus atores no processo de tomada de decisão. Informação, fonte de vantagem competitiva A transformação do mundo O mundo passa por transformações nunca antes vistas. Da Revolução Industrial até aqui, pouco tempo passou, mas muitas mudanças ocorreram principalmente no decorrer do século XX. Passou-se por transformações marcantes como o período do comércio artesanal e local onde a maior fonte de riqueza vinha dos recursos naturais e cultivo da agricultura. Depois, houve a chegada das máquinas marcando o processo de industrialização, automação das fábricas e transporte, tempo esse que ficou conhecido como a Revolução Industrial. E o desenvolvimento das tecnologias que evoluíram e transformaram o mundo em um mercado único e global, período que é marcado como o da revolução da informação. Todas essas transformações no mundo da tecnologia, política e economia têm influenciado fortemente a forma como as pessoas se relacio- nam e também o seu convívio social. Em resumo, saímos de uma sociedade voltada para a produção artesanal e o comércio local, para uma sociedade digital e comércio global, onde a informação passa a ter um papel importante no desenvolvimento de produtos e na construção do mundo de hoje e do futuro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 18 O impacto da informação na arena de competição atual Segundo Gomes e Braga (2004), com o mundo globalizado as empresas passam a se preocupar mais com a competitividade do mercado e com o desenvolvimento de produtos e serviços com maior qualidade e menor preço. Nesse ambiente (figura 6), as empresas avaliam constantemente o ambiente com- petitivo (mercado – clientes, concorrentes, fornecedores, novos entrantes, governo, sindicatos) e as informações recebidas dele. Ao identificar e entender as variáveis do ambiente, a empresa se prepara para aproveitar as oportunidades e ameaças que o mercado impõe, buscando alcançar a vantagem competitiva. Diferenciação de produtos e processos Vantagem competitiva Ambiente interno Ambiente externo Redução de custo MercadoAção Figura 6 – Modelo conceitual: a empresa e seu ambiente competitivo. (G O M ES ; B RA G A, 2 00 4) Um vantagem competitiva pode ser entendida como uma vantagem que uma empresa tem em relação aos seus concorrentes. Segundo Porter (1989), há duas maneiras de se posicionar com um desempenho superior em uma indústria e um mercado competitivo, por meio das seguintes fontes de vantagem competitiva: custos baixos e diferenciação. Essas vantagens competitivas são obtidas e sustentadas, segundo estratégias genéricas (liderança de custo total, di- ferenciação e enfoque) formalizadas e implementadas pelas empresas, influenciadas pela estrutura de concorrência, da indústria e do posicionamento competitivo relativo dos competidores que nela operam. Um exemplo de aplicação para o uso da informação para obter vantagem com- petitiva aplica-se à utilização de banco de dados de clientes. Segundo Kotler (1998), “um banco de dados de cliente é um conjunto organizado de dados abrangentes sobre clientes atuais e potenciais de marketing, acessíveis e acionáveis para propósitos de marketing como geração e qualificação de interessados, venda de um produto ou ser- viço ou manutenção de relacionamento”. A im po rt ân ci a da in fo rm aç ão p ar a ob te nç ão d a va nt ag em c om pe tit iv a Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 19 A im portância da inform ação para obtenção da vantagem com petitiva Um exemplo frequente que se pode observar vem das empresas B2B (business to business) e de serviços, como empresas aéreas, telefonia, bancos e varejistas. Um banco de dados de marketing (database marketing) bem desenvolvido é um ativo que pode dar à empresa uma vantagem competitiva frente a seus concorrentes. Empresas como Walmart, Pão de Açúcar e grandes redes hoteleiras estão usando ferramentas de análise de dados para obter com precisão dados de seus clientes e mercado alvo. Esse trabalho, quando bem planejado e aplicado, diferencia a empresa de seus concorren- tes na forma de compreender e se relacionar com seus clientes, estabelecendo novas formas de entender e ajustar os produtos para os mercados potenciais. Para Kotler (1998) as empresas usam database de marketing de quatro manei- ras: identificar clientes em potencial; decidir sobre quais clientes devem receber uma oferta específica; criar programas de fidelização e reativar clientes. Nota-se que na era atual a revolução da informação continua a transformar o am- biente de negócio. Sustentar os lucros em um ambiente global extremamente compe- titivo e em constante mudança: esse é um imperativo necessário para as empresas no mundo de hoje. A cadeia de valor e a vantagem competitiva Não podemos entender vantagem competitiva considerando a empresa como um todo. A empresa executa inúmeras atividades distintas, ao projetar produtos, na pro- dução, no marketing, ao comercializar, ao entregar e fornecer suporte técnico de seu produto. Para Porter (1989) essas atividades podem colaborar para a posição dos custos relativos de uma empresa, além de criar uma base para a diferenciação (figura 7). Infraestrutura da empresa Gerência de recursos humanos Desenvolvimento de tecnologia Aquisição Logística interna Operações Marketing e vendas Logística externa Serviço Atividades primárias M argem M argem Atividades de apoio Figura 7 – Cadeia de valor. (P O RT ER , 1 98 9) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 20 Essas atividades devem contribuir para que a empresa alcance um conjunto de valores que seja percebido pelos consumidores como único, posicionando-a de forma rentável e competitiva, conseguindo vantagens superiores a da média dos concorren- tes da indústria. Para Porter (1989), a cadeia de valores está dividida em duas categorias de ativi- dades de valor. Atividades primárias, que envolvem a criação física do produto, a sua venda e transferência para o comprador, bem como na assistência pós-venda e ativida- des de apoio que sustentam as atividades primárias e a si mesmas, fornecendo insumos adquiridos, tecnologia, recursos humanos e várias funções relacionadas à empresa. Segundo o autor as atividades estão subdivididas dentro das categorias como: Atividades primárias Logística interna: ligadas ao recebimento de insumos, armazenamento e dis- tribuição, como manuseio de material, armazenagem, controle de estoque, programação de frotas, veículos e devolução para fornecedores. Operações: atividades associadas à transformação dos insumos no produto final, como trabalho com máquina, embalagens, montagem, manutenção de equipamento, testes, impressão e operações de produção. Logística externa: atividades associadas à coleta, armazenamento e distribui- ção física do produto para compradores, como armazenamento de produtos acabados, manuseio de materiais, operações de veículos de entrega, proces- samento de pedidos e programação. Marketing e vendas: atividades destinadas a oferecer um meio pelo qual compradores possam adquirir o produto e induzi-los a fazer isso, como pro- paganda, promoção, força de vendas, cotação, seleção de canal, relações com canais e fixação de preços. Serviço: atividades associadas ao fornecimento de serviço para intensificar ou manter o valor do produto, como instalação, conserto, treinamento, forneci- mento de peças e ajuste do produto. Atividades de apoio Infraestrutura da empresa: consiste em uma série de atividades como ge- rência geral, planejamento, finanças, contabilidade, jurídico, gerência de qua- lidade e questões governamentais. Gerência de recursos humanos: atividades que envolvem o recrutamento, contratação, treinamento, desenvolvimento e compensação de todos os tipos de pessoal.A im po rt ân ci a da in fo rm aç ão p ar a ob te nç ão d a va nt ag em c om pe tit iv a Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 21 A im portância da inform ação para obtenção da vantagem com petitiva Desenvolvimento de tecnologia: cada atividade de valor engloba tecnolo- gia, know-how e procedimentos envolvidos no processo. Em termos gerais, a tecnologia é um esforço para aperfeiçoar o produto e o processo. Aquisição: refere-se à função de compra de insumos empregados na cadeia de valor da empresa. Exemplos: suprimentos, itens de consumo, máquinas, prédios, equipamento de laboratório e escritório. Em resumo, entendemos que para que uma empresa prospere na economia da informação, os gestores e funcionários de todas as áreas precisam realizar suas tarefas de modo eficiente e eficaz. Somente a compreensão da cadeia de valores em ativida- des primárias e secundárias possibilita a formulação e implementação de estratégias. Note que no modelo apresentado pelo autor, todo o conjunto de atividades de- senvolvido na cadeia de valor cria, analisa e distribui informações. No modelo analisa- do as atividades dependem de informação, sem a qual todo o processo ficaria compro- metido por falta de embasamento da realidade. A conquista da vantagem competitiva e, consequentemente, ter um desempe- nho superior na indústria, depende sobretudo de um entendimento de todas as ativi- dades executadas pela empresa, e informações para o processo de administração, que envolve análise, planejamento, implementação e controle. Tecnologia da informação e vantagem competitiva Segundo Porter e Millar (1985), Tecnologia da Informação (TI) cria vantagem com- petitiva dando às organizações novas formas para ultrapassar seus concorrentes, quer seja na redução de custos ou por possibilitar novas maneiras de diferenciação. Para os autores, as organizaçõesdevem identificar maneiras para que a TI crie uma vantagem competitiva, analisando todas as atividades da cadeia de valor, possibilitando novos relacionamentos, integração com fornecedores e unidades estratégicas. Como a TI afeta todas as atividades, deve-se identificar quais atividades são mais afetadas em termos de custo e diferenciação e desenvolver um projeto para tirar vantagem com a TI. O Walmart logo percebeu o benefício de utilizar a TI para obter vantagem com- petitiva. A empresa investiu em uma sofisticada rede via satélite, que interligava os terminais de ponto de venda de todas as suas lojas. Pouco tempo depois, o sistema expandiu interligando todas as suas lojas, sua sede e centro de distribuição e todos os seus fornecedores mais importantes. A rede foi projetada para fornecer a geren- tes, compradores e gerentes de vendas, informações atualizadas sobre eficiência operacional, situação de estoque, conta, entrega e vendas atualizadas. Toda essa efi- ciência trazida pelo sistema possibilitou ao Walmart entregar produtos e serviços de maior qualidade, diferenciando-se, assim, de seus concorrentes. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 22 Outras pesquisas sobre a aplicação da TI para chegar à vantagem competitiva confirmaram e ampliaram o trabalho de Porter, como o estudo de Wiseman; McFarlan; Parson apud Qued Information Sciences Inc. (1989), que incluiu estratégias adicionais como a formação de alianças com outras organizações, desenvolvimento de nichos de mercado, inovação, entre outras. Cada vez mais as empresas reconhecem que a TI pode ser usada para melhorar a operação e dar suporte a estratégias de negócio. Essa combinação pode levar as em- presas a adotarem TI para chegar à vantagem competitiva. Nicholas Carr sugeriu em seu artigo intitulado “It doesn’t matter”, publicado na Harvard Business Review, em 2003, que tecnologia de informação vira uma commodity quando adquirida sem um propósito voltado a atender necessidades de negócios. A TI deve ir além do hardware e do software. Por meio dela a informação e o conhecimento sobre os clientes, processos de negócio, operações e mercados necessários à empresa. No uso da informação de forma inteligente, é que reside o verdadeiro diferencial. Conclui-se, então, que a Tecnologia da Informação e o uso estratégico da informa- ção – quando a informação utilizada para um propósito de negócio – pode vir a gerar um diferencial competitivo para as organizações A avalanche de dados e o desafio do gerenciamento A quantidade de informações disponíveis está aumentando ano a ano em propor- ções jamais vistas. A explosão de dados e o valor dos dados como um ativo organiza- cional está sendo amplamente reconhecido. A IDC Brasil recentemente publicou o artigo “A década do universo digital – você está preparado?” onde prevê que o crescimento de dados/informações criados anualmente aumentará 44 vezes até 2020. O que fazer com esse volume de dados digitais crescentes e sobreviver a esse mar de informações? O gerenciamento de dados nas empresas vira um desafio pelos seguintes aspectos: Com o tempo o volume de dados aumenta exponencialmente. É necessário manter dados do passado, presente e preparar a estrutura para armazena- mentos futuros. Os dados são distribuídos pela empresa e são acessados por muitos usuários utilizando ferramentas, métodos e dispositivos diferentes. Os dados ficam em servidores e banco de dados. A im po rt ân ci a da in fo rm aç ão p ar a ob te nç ão d a va nt ag em c om pe tit iv a Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 23 A im portância da inform ação para obtenção da vantagem com petitiva Cada vez mais é necessário considerar e armazenar dados externos sobre o mercado e macroambiente. Essas variáveis são vitais para avaliação e tomada de decisão. O desafio da segurança, da ética, da qualidade e da integridade do dado são críticas. O gerenciamento de dados é um Fator Crítico de Sucesso (FCS) da organização. Turban (2005) define que FCS são aquelas poucas coisas que precisam estar certas para garantir a sobrevivência e o sucesso da organização. Para aumentar o desafio do gerenciamento, novas formas de processamento e armazenamento estão presentes no mercado. É possível que empresas decidam con- siderar o processamento e o armazenamento de dados fora da empresa. A IDC cons- tatou em seu relatório que parte representativa do volume de informações estará ar- mazenado em servidores externos, ou seja, em empresas prestadoras de serviços de computação em nuvem (cloud computing). Gillett (2008) define cloud computing como uma forma de capacidade computacional padronizada – tal como software, plataforma ou infraestrutura de TI – oferecida por um prestador de serviços que é acessível por meio de protocolos internet a partir de qualquer computador, está sempre disponível, escala automaticamente para se ajustar a demanda, é pago de acordo com a utilização ou via publicidade, é acessível via web, e permite autosserviço. Verifica-se, então, que os desafios são enormes. A sobrevivência das organizações na arena competitiva envolve a gestão dos dados, quer esteja dentro de sua empresa ou fora, o uso de tecnologias que suportam e processam grande volume de informa- ções e distribuição de informações para os tomadores de decisão. O objetivo é obter informações precisas que agreguem valor ao processo de tomada de decisão. Texto complementar Estudo de caso Victoria´s Secret (McCOy, 2006) Para os comerciantes de contato direto com o consumidor, a “morte de um pe- dido” pode ocorrer a qualquer momento durante a transação. A “morte de um pedido” significa que os clientes mudam de ideia em algum ponto durante o processo de re- alização do pedido. Mas, usando um data warehouse corporativo (TI – Tecnologia da Informação) para capturar as informações sobre os cliente e ferramentas de suporte Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 24 à decisão para analisar os padrões de compra, a Victoria’s Secret (victoriassecret.com) está mantendo os pedidos ativos e trabalhando para oferecer uma melhor experi- ência de compra. Diferentemente da compra física em uma loja, a venda direta de produtos por meio de vitrines eletrônicas fornece um alto volume de dados únicos e diversos em todas as etapas da vida de um pedido. Para transformar os dados coletados em in- formações manipuláveis, a empresa utiliza uma solução de data warehouse da Tera- data (uma divisão da NCR Corp). O comerciante monitora todos os cliques do cliente e os padrões de compras com seu data warehouse. O data warehouse mantém dados coletados de diversos fluxos de dados. A principal fonte de dados é o cliente. Além de ter acesso ao nome, endere- ço e histórico de compras de todos os clientes, a empresa também diferen- cia compradores (originador do pedido) de destinatários dos produtos, com base no armazenamento de cada endereço de entrega diferente. A empresa também armazena informações de pagamento dos clientes. A Victoria’s Secret utiliza os dados de pagamento para monitorar os hábitos de consumo de seus clientes. O terceiro fluxo de dados vem dos contatos diretos com o cliente, por meio de operações de mala direta da empresa. Por exemplo, a empresa possui mais de 50 mala diretas de catálogos doméstico e internacionais (300 mi- lhões de catálogos por ano). A central de atendimento telefônico do revendedor fornece um outro fluxo de dados. Diariamente, centenas de consultores de moda analisam milhares de ligações que vão desde pedidos e oportunidades de “agregar mais valor às vendas (ou up-sell,isto é vender aos clientes itens mais caros) até reclama- ções e soluções sobre mercadorias e merchandise. O canal online da empresa produz um enorme volume de dados sobre os clien- tes, uma vez que ele aceita milhares de pedidos diariamente tanto para produ- tos online quanto para produtos de catálogo. As atividades de cada cliente no web site são guardadas no “armazém” de dados (data warehouse). A Victoria’s Secret coloca todos esses dados em ação de várias maneiras. A em- presa cria mensagens de e-mail direcionadas, com alvo específico, totalizando um A im po rt ân ci a da in fo rm aç ão p ar a ob te nç ão d a va nt ag em c om pe tit iv a Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 25 A im portância da inform ação para obtenção da vantagem com petitiva envio de 150 milhões de mensagens de e-mail por ano. Essas mensagens incluem ofertas, produtos especiais, convites, anúncios e outras ações de marketing. A em- presa analisa diariamente o status de cada produto por cliente, por dia, para cada pedido. O data warehouse possibilita que a Victoria’s Secret aprimore as previsões de comportamento dos clientes e também permite que essa empresa tenha controle e mantenha-se em dia com a equação do lucro de cada pedido. Para medir a receita de cada pedido, a Victoria’s Secret começa com o preço de um produto e subtrai as despesas de despacho (remessa), o manuseio e impostos relacionados, bem como encargos (impostos) e também os custos de um serviço especial, como correio ex- presso e embalagens para presentes. Esse processo significa que o revendedor pode medir a lucratividade de cada cliente, pedido, catálogo e produto. Atividades Qual a importância da informação nas empresas?1. A informação é considerada a matéria-prima para empresas. É ela que dá a) sentido aos negócios, direciona e garante a sobrevivência, sendo de extre- ma importância para o negócio. A informação é importante pois descreve os detalhes dos dados.b) A informação é importante fonte de dados para os usuários do nível opera-c) cional tomarem decisões estratégicas. É importante para obter notícias da empresa.d) O que é informação?2. São dados brutos, valores, cifras e observações.a) É um relatório de dados.b) São os dados processados, organizados e interpretados.c) São dados que foram organizados e processados para gerar conhecimento, d) experiência e aprendizado acumulado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 26 O que é vantagem competitiva?3. É uma vantagem que uma empresa tem em relação aos seus fornecedores.a) É uma vantagem que uma empresa tem em relação aos seus clientes.b) É uma vantagem que uma empresa tem em relação aos seus acionistas.c) É uma vantagem que uma empresa tem em relação aos seus concorrentes.d) Referências AMATO-MCCOy, D. M., Victoria’s Secret Works to Keep Orders Alive, Stores, jan. 2003a. CAMPOMAR, Marcos C.; IKEDA, Ana A. O Planejamento de Marketing e a Confecção de Planos. Dos modelos a um novo conceito. São Paulo: Saraiva, 2006. CARR, Nicholas. It doesn’t matter. Harvard Business Review, may 2003. GILLETT, Frank E. 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Avaliar criteriosamente a informação, suas fontes e seu verdadeiro significado se torna necessário para o entendimento real das necessidades de seus clientes. Ao longo do tempo as empresas de produtos e serviços ampliaram seu entendi- mento em relação aos clientes. Após compreenderem as variáveis que influenciam o comportamento do consumidor, passaram a servir e atender suas necessidades em troca de valor (dinheiro) e negócios repetitivos. Nos últimos anos observamos uma mudança significativa de posicionamento das empresas perante seus consumidores. O cliente passa, então, a ser tratado de forma especial (customizada), passando a empresa a desenvolver produtos personalizados e dedicar-se mais a seus relacionamentos. Bem diferente do enfoque de décadas atrás, quando víamos as empresas jogarem seus produtos no mercado e desenvolverem téc- nicas de marketing em função da demanda mercado, e não em função das necessida- des individuais e específicas de seus clientes. A era de Henry Ford acabou há muito tempo, em que ele dizia que “todos podiam ter qualquer cor de carro, desde que fosse preta”. Esse período acabou no momen- to que alguém decidiu ouvir e buscar informações do tal cliente, oferecendo, assim, outras opções de cores, modelos e opcionais. Sendo assim, entende-se que os clientes desejam e esperam que as empresas ofe- reçam produtos e serviços e desenvolvam suas ofertas de forma flexível e a um preço justo.Para que isso funcione, as organizações precisam escutar mais seus clientes e aperfeiçoar suas técnicas de pesquisas de marketing, descobrindo seu comportamen- to e quais são as verdadeiras intenções e atributos que os clientes valorizam em seus produtos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 30 Como desenvolver relacionamento e conquistar a lealdade dos clientes? Para Swift (2001), “o cliente de alto valor, leal, que dá retorno, satisfeito e lucrativo, é o prin- cipal ponto focal para as organizações lucrativas e de crescimento ao redor do mundo”. Observamos que algumas empresas desenvolvem ações do tipo registrar os dados de reclamações de clientes, ligam para os clientes solicitando feedbacks sobre experiência de consumo, pedem sugestões de melhorias. Esse deve ser um constante processo de aprendizagem. Empresas aéreas de todo mundo investem em programas para acelerar a lealdade de seus clientes, sabendo quem são, o que fazem, o que preferem e quando viajam. A isso denomina-se de marketing de relacionamento. Em suma, não basta apenas empurrar nossos produtos e serviços para o mercado, é necessário cultivar relacionamen- tos duradouros com nossos clientes. Entender quem são, o que querem, como querem e principalmente acompanhá-lo em todo o ciclo de relação dentro da empresa. O que é cliente Sempre quando se fala de marketing de relacionamento esbarramos na palavra cliente. Vamos analisar o seu significado. O cliente é o objetivo principal de uma organização. Todas as áreas, marketing, vendas, operações, finanças, recursos humanos, devem focalizar seus esforços em seus clientes, es- tabelecendo uma relação de confiança e fidelização. A satisfação do cliente gera lucro. Mas o que é um cliente? É importante, antes de mais nada, definirmos um dos temas centrais de nosso capítulo que ajudará a entender melhor os conceitos e defini- ções complementares. Para Greenberg (2001), cliente é aquele para quem se vende alguma coisa. A de- finição é simples, clara e objetiva mas, segundo Swift (2001), o termo cliente demorou mais de cem anos para ser compreendido pelas organizações. Esse termo foi empregado pela primeira vez no início do século XX. Hoje muitas empresas ainda não entendem de forma abrangente seu significado. Vejamos os principais tipos de clientes definidos por Swift (2001). Principais tipos de clientes Cliente varejo: o cliente que compra o produto ou serviço final. Um indivíduo ou uma família. Empresas para empresas – B2B: cliente que compra seu produto (insumo, matéria-prima) ou serviço e adiciona o mesmo ao produto que fabrica para vender a outro cliente ou empresa.A ge st ão d e cl ie nt es n o sé cu lo X XI Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 31 A gestão de clientes no século XXI Canal: comprador de seu produto para revender ou representar em seu ponto de venda. Cliente interno: pessoa ou unidade de negócio dentro de sua empresa que precisa de seu produto ou serviço para obter sucesso nos próprios objetivos de negócio. Figura 1 – Principais tipos de clientes. Jo sé R ic ar do B ap tis ta . Cliente Empresa Canal Cliente interno A importância de se conhecer cada tipo de cliente Buscar um novo cliente ou cultivar os existentes é o grande desafio das organi- zações. A globalização é um fato consolidado, e nesse novo ambiente a competição entre as empresas ficou ainda mais dura. Buscar informações e conhecer seus clientes torna-se um imperativo necessário nesses novos tempos. Nesse contexto as empresas começam a entender que ainda conhecem pouco sobre seus clientes. Individualmente todos os clientes têm algo em comum: dividem-se em grupos próximos; dentro de cada grupo, os clientes têm características próprias; têm comportamentos diferentes; têm necessidades específicas. É importante entender que os requisitos de cada cliente mudam constantemen- te. As empresas precisam entender a dinâmica desse comportamento e flexibilizar a maneira como trata seus clientes. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 32 Os clientes precisam que você os conheça Manifestamos as nossas intenções de compra a todo instante, seja ao responder a um questionário, dar feedbacks, entrar em contato com os canais de relacionamento da empresa. São por meio dessas interações que se fornecem pistas de quais são as preferências e necessidades de produtos e serviços. Nesse relacionamento aberto o cliente passa às empresas suas reais intenções de compra, informando os atributos que mais valoriza e até o preço que está disposto a pagar pelo produto. Marketing e cliente, o que isso tem a ver? Há várias definições que se pode utilizar para definir o que é marketing. Basicamen- te deve-se entender marketing como um processo de troca. Pessoas necessitam e de- sejam produtos e serviços específicos e estarão dispostas a oferecer uma compensação financeira ou outras formas de pagamento pelo produto adquirido (figura 2). Necessidades, desejos Produtos e serviços Valor, custo, satisfação Troca e transação Relaciona- mentos Mercados Empresas e consumidores Figura 2 – Conceitos centrais de marketing. (K O TL ER , 1 99 8) O marketing se inicia com o entendimento das necessidades e desejos do ser humano. Para Kotler (1998), necessidade humana é um estado de privação de alguma satisfação básica. Os indivíduos querem obter alimento, roupa, casa própria, segurança e autoestima. Esse é o padrão das necessidades do ser humano. A teoria de Abraham Maslow (1954) explica que as pessoas são dirigidas por certas necessidades em ocasiões específicas. No momento em que essas necessidades são satisfeitas, outras mais im- portantes ocorrerão (figura 3). (K O TL ER , 1 99 8) Autorrealização Autoestima Sociais Segurança Fisiológicas Figura 3 – Hierarquia de necessidades de Maslow.A g es tã o de c lie nt es n o sé cu lo X XI Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 33 A gestão de clientes no século XXI Outro comportamento importante explicado por Kotler (1998) é o desejo. Dese- jos são carências por satisfações específicas para atender as necessidades. Você pode ter uma necessidade básica de transporte e o desejo de satisfazê-la é adquirir um carro popular que atenda a função de transportar. Esse padrão de comportamento ajuda o profissional de marketing a entender como vários produtos se ajustam aos planos dos consumidores potenciais. Os produtos e serviços são vendidos para todos esses tipos de consumidores (clientes) em potencial. Sendo assim, surgem algumas perguntas: sabendo das ne- cessidades básicas de seus clientes, quais estratégias de marketing e comunicação a empresa desenvolve para cada tipo de cliente? Quais estratégias de gestão de relacio- namento de clientes minha empresa está desenvolvendo? Vamos resgatar algumas características do passado. Orientação por produto, cliente, o que mudou? Vejamos como tudo isso aconteceu O século XV ao século XVIII foi marcado pelo “capitalismo comercial.” Nesse perío- do a relação entre o produtor e o consumidor era extremamente próxima. Eles produ- ziam seus produtos e, ao mesmo tempo, cumpriam a função de vender e cobrar. Hu- berman (1982, p. 63) relata essa relação. “[...] O mestre artesão produzia os artigos que tinha que vender, como também era ele mesmo que realizava a venda. Numa parede da oficina costumava haver uma janela para a rua, onde se pendurava os artigos à venda e se realizava a venda” (figura4). D om ín io p úb lic o. Figura 4 – Comerciantes produzindo e vendendo seus produtos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 34 Para Almeida (1995) esse permanente contato entre o produtor artesão e o con- sumidor permitia um monitoramento das necessidades e interesses de seus clientes (figura 5). Cliente O produtor artesão entende as necessidades e desejos. Os produtos são produzidos de forma personalizada. Jo sé R ic ar do B ap tis ta . A da pt ad o. Figura 5 – Produtor artesão fabricando objetos personalizados. Nos dias de hoje essa relação individual e personalizada entre cliente e produtor está cada vez mais rara e tende a desaparecer. Muitos comerciantes nos tempos atuais tentam resgatar um pouco do que aconteceu no passado em relação ao relaciona- mento com seus clientes. Em pequenos estabelecimentos comerciais é provável que o proprietário saiba seu nome, seus hábitos de consumo, suas preferências, frequência de compra e valores médios gastos. Eles registram essas informações em simples ca- dernetas e gerenciam sua carteira de clientes de forma artesanal. Com isso é possível formatar ofertas que atendam a essas preferências individuais de cada cliente e culti- var relacionamentos. Esse cenário começa a mudar com a chegada da fase de industrialização (capita- lismo industrial – século XVIII ao XX), máquinas a vapor, industrialização das fábricas, especialização da mão de obra, produção em série e padronizada, e distribuição de produtos para várias regiões. Huberman (1982, p. 119) relata: produzir mercadorias para um mercado pequeno e estável onde o produtor fabrica o artigo para o freguês que vem ao seu local de trabalho e lhe faz uma encomenda, é uma coisa. Mas produzir para um mercado que ultrapassou os limites de uma cidade, é outra coisa inteiramente diferente [...]. A ampliação do mercado criou o intermediário, que chamou a si a tarefa de fazer com que as mercadorias produzidas pelos trabalhadores chegassem ao consumidor.A g es tã o de c lie nt es n o sé cu lo X XI Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 35 A gestão de clientes no século XXI Com a industrialização o cliente começou a se distanciar do produtor (artesão) e passou a ser uma figura estranha, ficando cada vez mais distante. O mercado aumenta de tamanho e a demanda por produtos cresce. Para se adequar a essa nova realidade as indústrias começam a produzir em grande quantidade e em série. Surge então a ideia da especialização da mão de obra e do canal de distribuição. Por um lado resolveu o problema ao produzir e entregar produtos, por outro lado afastou definitivamente a figura do produtor artesão e seu cliente (figura 6). Artesão: mão de obra especializada O fabricante produz em escala padronizada. Representante ou distribuidor Os clientes Figura 6 – O artesão e seu distanciamento do cliente. Jo sé R ic ar do B ap tis ta . A da pt ad o. À medida que o tempo passava, as empresas se distanciavam cada vez mais dos clientes. O clímax foi atingido na Era do Produto. Orientação para o produto No início do século XX as empresas eram orientadas ao produto e não às necessi- dades do mercado. Se essas empresas avançassem para além do produto, entendendo o benefício central que motivava seus clientes a comprar seus serviços, veriam e enten- deriam de fato quais eram as reais intenções dos consumidores e atenderiam melhor suas necessidades e desejos. Várias empresas pagaram um preço muito alto por não perceberem essas mudan- ças ocorridas que transformaram a forma de relacionamento com os clientes. A orientação para o produto se volta em como produzir em escala e com efici- ência. Para Churchill (2005) a orientação por produtos visa produzir bens e serviços, comunicar os clientes sobre seus produtos e deixá-los vir até você comprar (figura 7). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 36 Figura 7 – Produção em escala e distribuição. Jo sé R ic ar do B ap tis ta . A da pt ad o. Para Almeida (1995) a era do produto, “consiste no fato de as empresas perderem totalmente o foco na razão de ser de todo e qualquer negócio, ou seja, no cliente”. Esse processo se deu no período pós-Segunda Guerra Mundial (1945). Nessa época a economia americana volta a crescer e o mercado entra numa onda consumista de pro- dutos. Praticamente tudo que se fabricava se vendia. E a qualidade era importante? No início, nem tanto assim. As indústrias se preocupavam em produzir em larga escala e o mercado (clientes) adquiria esses produtos sem muita preocupação com a qualidade do que se levava para sua casa. Segundo Almeida (1995) o importante é produzir. “Tudo o que é produzido é vendi- do, atributos como qualidade não são importantes, a principal concorrência da empresa era ela mesma, ou seja sua capacidade de produção, o cliente era visto como uma multi- dão, não tinha voz nem vez, era um consumidor feroz e desprovido de senso crítico”. Observamos assim que na era do produto a filosofia de negócio visa ao produ- to e sua fabricação. O cliente consome o que tem e da forma como é fabricado, não tendo voz ativa no processo que envolve o desenvolvimento, a produção e distribui- ção desses produtos. Orientação para o cliente A orientação para o cliente é um processo que visa compreender as necessidades e expectativas dos clientes por meio de pesquisas de mercado. Com base nesses estu- dos a empresa pode ofertar produtos e serviços que atendam suas preferências. Para Churchill (2005), a orientação para o cliente visa descobrir o que os clien- tes precisam e desejam, produzir bens e serviços que eles dizem precisar ou desejar e oferecê-los (figura 8). A g es tã o de c lie nt es n o sé cu lo X XI Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 37 A gestão de clientes no século XXI Figura 8 – Atributos que os clientes valorizam. Pesquisa de marketing Jo sé R ic ar do B ap tis ta . A da pt ad o. Na definição apresentada fica evidente a ideia de entender e compreender o que os clientes necessitam e desejam. A ferramenta ideal para capturar essas informações são as pesquisas de marketing. De posse dessas informações é possível desenvolver o produto (mix marketing) que atenda a essas necessidades. Essa filosofia de orientação para o cliente veio com a mudança ocorrida na década de 1970 no mercado global. Esse período foi a época em que aconteceu a crise do petróleo que levou os Estados Unidos à recessão e, em paralelo, economias como a do Japão começavam a crescer. Esse período foi marcado pela forte recessão e a parada do consumo desenfre- ado que foi a marca das décadas anteriores. Para Almeida (1995), essa crise foi a gota d´água, dando início a uma nova era: a revolução do cliente (figura 9). Figura 9 – Empresas tentam empurrar seus produtos ao mercado. IE SD E Br as il S. A . Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 38 Em suma, a orientação para o cliente enfatiza a importância de desenvolver e co- mercializar produtos e serviços com base no que os clientes mais valorizam. Para isso é necessário entender o que estes precisam e desejam e o fatores que influenciam o comportamento desse novo consumidor. Muitas empresas ainda não perceberam a mudança e, principalmente, a necessi- dade de se reposicionar no mercado altamente competitivo. Marketingde relacionamento – a era do cliente individual Assim como o marketing de massa foi a solução no século passado para levar o maior número possível de produtos para o maior número imaginável de clientes, o marketing de relacionamento na atualidade privilegia a interação com seu cliente, com o objetivo de desenvolver, especialmente para ele, um conjunto de valores que levarão à satisfação e longevidade do seu relacionamento com a empresa. (MADRUGA, 2010, p. 20) Vejamos algumas definições sobre marketing de relacionamento. Isso nos ajudará a perceber a ideia central da teoria apresentada pelas maiores autoridades do assunto. A definição utilizada por Churchill (2005) apresenta as diferentes abordagens de mar- keting. O marketing individual é capaz de promover ajustes personalizados nos produtos atendendo a demandas individuais dos consumidores (ver Quadro 1). Isso só será possível à medida que as empresas compreendam melhor seus clientes, quer seja através de pes- quisas ou estreitando o relacionamento com seus clientes. Quadro 1 – Marketing criando valor para os clientes Abordagem Definição Exemplos Marketing de massa Quando um único produto (4P´s) pode atender a um mercado am- plo. Serviços telefônicos, venda de produtos pela internet. Marketing por segmentos Quando um único composto de marketing atende a um segmen- to de mercado. Produtos adapta- dos a necessidades e desejos de grupos específicos. Produtos de beleza para mulhe- res negras; McDonald´s (McLan- che Feliz para crianças). Marketing individual Um composto de marketing per- sonalizado/adaptado para um indivíduo ou organização. Serviços de treinamento e con- sultoria adaptados às necessida- des da organização; lazer perso- nalizado. Outros autores acrescentam a ideia de investir no relacionamento entre cliente e empresa. O cliente compra o produto e continua mantendo uma relação duradoura com a empresa. (C H U RC H IL L, 2 00 4) A g es tã o de c lie nt es n o sé cu lo X XI Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 39 A gestão de clientes no século XXI Para Berry (1983) marketing de relacionamento é atrair, manter e realçar o relacio- namento com o cliente. Para Morgan e Hunt (1994) é o marketing fortemente orien- tado no sentido de relacionamentos duradouros com clientes individuais. Já Gordon (1998) afirma que é um processo contínuo de identificação e criação de valores com clientes individuais e compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria, envolvendo compreensão, concentração e administração de uma contínua colaboração entre fornecedores e clientes selecionados. Para Kotler (2000, p. 49), ma- rketing de relacionamento “é deixar de se concentrar em transações para se preocu- par com a construção de relacionamentos lucrativos de longo prazo com os clientes. As empresas concentram-se em seus clientes, produtos e canais mais lucrativos [...]”. As empresas, o marketing e o mercado estão mudando radicalmente como resulta- do de grandes forças, como avanços tecnológicos, globalização e desregulamenta- ção. Os clientes estão exigindo cada vez mais qualidade e serviços superiores, além de alguma customização. Kotler (2000) conclui que existe entre os autores o consenso de que marketing de relacionamento apresenta uma abordagem diferenciada em rela - ção ao marketing tradicional, trazendo à tona o foco no relacionamento de longo prazo, benefícios mútuos e adição de novos valores”. Para a ideia de marketing de relacionamento, Peppers & Rogers (2004) utilizam o a expressão marketing 1 to 1. Os autores dizem que os nomes são variados como: ge- rência de relações com clientes (CRM), gerência de relacionamento corporativo (ERM), marketing em tempo real, gerência de relacionamento contínuo, marketing de relacio- namento, entre outros. A ideia aparece disfarçada de diversas formas, mas o objetivo central é desenvolver e gerenciar relações individuais com clientes individuais. O marketing de relacionamento decorre dos princípios do marketing tradicional que trata do processo de identificação das necessidades do cliente. A partir daí desen- volve-se o marketing de relacionamento (figura 10). IE SD E Br as il S. A . Figura 10 – Personalizar produtos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 40 Para Gordon (1998), o marketing de relacionamento desenvolve seis novas di- mensões que se diferem das definições históricas de marketing, citadas a seguir. Procura criar novo valor para os clientes e compartilhar esse valor entre o pro- dutor e o consumidor. Reconhece o papel fundamental que os clientes individuais têm, não apenas como compradores, mas na definição de valor que desejam. Anteriormente esperava-se que as empresas identificassem e fornecessem esse valor a partir daquilo que elas consideravam como um produto. Com o marketing de rela- cionamento, o cliente ajuda a empresa a fornecer o pacote de benefícios que ele valoriza. O valor é, assim, criado com os clientes, e não por eles. Exige que uma empresa, em consequência de sua estratégia de marketing e de seu foco sobre o cliente, planeje e alinhe seus processos de negócios, suas comunicações, sua tecnologia e seu pessoal para manter o valor que o cliente individual deseja. É um esforço contínuo e colaborativo entre o comprador e o vendedor. Desse modo funciona em tempo real. Reconhece o valor dos clientes por seu período de vida de consumo, e não como clientes ou organizações individuais que devem ser abordados a cada ocasião de compra. Ao reconhecer o valor do período de vida – ou vitalício – o marke- ting de relacionamento procura unir progressivamente a empresa aos clientes. Procura construir uma cadeia de relacionamentos dentro da organização para criar o valor desejado pelos clientes, assim como entre a organização e seus principais participantes, incluindo fornecedores, canais de distribuição inter- mediários e acionistas. Gordon (1998) ainda acrescenta que isso implica que empresas desenvolvam seis importantes atividades: usar a tecnologia para se comunicar e atender aos clientes individuais; crescer por meio de objetivos da empresa e parcerias; selecionar e rejeitar clientes; criar uma cadeia de relacionamentos; repensar os P´s do marketing; usar gerentes de relacionamento para administrar o relacionamento. A g es tã o de c lie nt es n o sé cu lo X XI Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 41 A gestão de clientes no século XXI Competir com esse novo marketing no novo mercado Podemos concluir que o marketing de relacionamento surge como uma ferra- menta e uma nova maneira de fazer negócios e manter clientes, nesse cenário com- petitivo que está em transformação. Como as mudanças são rápidas e o mundo na era da informação é dinâmico, velocidade para se adaptar a esses novos imperativos é fator-chave de sucesso. Infelizmente temos notado que as empresas estão demorando a responder a essas mudanças, sob pena de saírem dessa competição imposta pelo novo mercado. Para suportar esse processo de mudança, a tecnologia da informação pode auxiliar a organização a redefinir de forma radical os seus processos de negócios tornando-os mais velozes e, encontrando, assim, novas oportunidades de negócios e de relacionamento com seus clientes. Os clientes querem e precisam ser tratados de forma diferenciada. Em 3 de junho de 2009, Mark Penn – CEO1 mundial da Burson-Mateller, especialista em pesquisa de marke- ting – abriu o Fórum Mundial de Marketing e Vendas da HSM, enfocando especialmente esse assunto