Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Recursos Humanos II Prof. Andrew Finger UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS MODELO DOS MÚLTIPLOS PAPÉIS O modelo parte do pressuposto de que a vantagem competitiva advém de ações dirigidas a dois braços principais das organizações: processos e pessoas. As ações voltadas para processos são administração de estratégias de recursos humanos e administração da infra-estrutura da empresa. E as voltadas para as pessoas são administração da contribuição dos funcionários e administração da transformação e mudança. Os dois eixos apontam os focos e as atividades dos profissionais de recursos humanos. A extensão do foco vai desde estratégico de longo prazo até o operacional de curto prazo. Essa abordagem indica uma atitude e uma visão simultâneas, estratégica e operacional, de longo e curto prazos. As atividades vão da administração de processos (ferramentas e sistemas) à gestão de pessoas propriamente dita. Esses dois eixos, focos e atividades, delineiam os quatro papéis principais de RH. Para melhor compreender as definições de papéis são associadas, a seguir, a função, a metáfora e a atividade pertinentes a cada um dos respectivos papéis. Recursos Humanos II Prof. Andrew Finger UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS Administração de Estratégias de Recursos Humanos Sabe-se que toda e qualquer situação tem componentes históricos, culturais, logísticos e ambientais que merecem uma avaliação, a qual se denomina diagnóstico organizacional. A metáfora para esse papel é a do parceiro estratégico, ou o parceiro de negócios. Uma parceria estratégica exige a superação dos desafios apresentados a seguir: 1. evitar arquivar planos estratégicos, que são provenientes da análise das expectativas do consumidor, tendências dos negócios, inovações tecnológicas e competências essenciais, onde esboçam-se declarações sobre aspirações, visões e missões. 2. atender aos múltiplos apostadores (consumidores, investidores e funcionários). Essa abordagem requer que os profissionais de RH dominem as questões financeiras e da clientela de sua empresa e reconheçam sua contribuição no cumprimento das metas. 3. ajustar planos de RH aos planos empresariais, através de questões tratam da estrutura, competências, atribuições e liderança necessária para colocar em funcionamento a estratégia empresarial. O grande desafio é integrar as práticas de RH à estratégia empresarial. Os profissionais da área trabalham com os gerentes de linha para identificar práticas de RH que realizem a estratégia empresarial. 4. precaver-se contra consertos rápidos: evitar as armadilhas que reforçam a tentação. Segundo Ulrich, o benchmarking ou práticas que não adicionam valor a curto prazo podem se tornar uma a rmadilha quando os gerentes que desejam aprimorar a capacidade escolhem uma única prática organizacional (o treinamento, por exemplo e formas de se resolver problemas sem base teórica consistentes). 5. criar na empresa um foco de capacitação: o foco em capacidades esclarece como as estratégias podem ser aplicadas. À medida que as empresas geram essas capacidades, duas coisas acontecem: as estratégias são traduzidas nas capacidades específicas para realizá-las, que por sua vez, são traduzidas em práticas de RH. Segundo Ulrich, os pilares que representam os requisitos organizacionais para efetivar uma estratégia empresarial são: • pilar da competência – competências necessárias para realizar a estratégia; • pilar da conseqüência – padrões e conseqüências necessárias para realizar a estratégia; • pilar do sistema de comando – organização necessária para realizar a estratégia; • pilar do processo de trabalho/capacidade de mudança –qual a capacidade que se dispõe para gerir os processos de trabalho e para mudar a fim de realizar a estratégia. Os quatro pilares fornecem uma estrutura que define as escolhas que precisam ser feitas quando se pretende traduzir estratégia em ação, garantindo uma base estável sobre a qual se possa edificar uma estratégia de implementação. Recursos Humanos II Prof. Andrew Finger UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS Administração da Infra-Estrutura da Empresa É o conjunto de processos operacionais que vai garantir a eficiência administrativa, ou seja, dos processos de RH que, são obter ponto de apoio da organização na conquista de seus objetivos para a realização de sua missão; propiciar ambiente e resultados competitivos às organizações; planejar programas eficazes de adestramento, treinamento, aperfeiçoamento e desenvolvimento técnico e gerencial de habilidades técnicas e pessoais; propor revisões de funções e estruturas organizacionais mais ágeis e compatíveis com as mudanças mercadológicas; conduzir profissional e imparcialmente os processos de recrutamento, seleção, admissão, treinamento, práticas de remuneração, promoção, e amparo efetivo no trato das insatisfações dos empregados, estimulando a sua motivação e ampliando sua produtividade; estabelecer políticas éticas que assegurem uma cultura organizacional de comportamento socialmente responsável. Segundo Ulrich, a fim de se tornar um especialista administrativo, há que se passar por duas fases, a de melhoria de processos e a reconsideração da criação de valor de RH, que, é tão importante quanto a melhoria dos processos, e tem por objetivo reestruturar e reconsiderar os conceitos e métodos de realização do trabalho de RH. Evitar o Impasse centralização versus descentralização, uma vez que o debate fundamental se direciona ao poder e à autoridade, ao invés de para a atividade propriamente dita. o papel do especialista administrativo é aprender a criar valor a partir da percepção dos gerentes (clientes internos) dos clientes externos para definir um referencial de criação de valor e as opções de resultados a partir da seguinte pergunta: Qual o valor que meu trabalho pode agregar para essa empresa? Ou seja, não é somente o que é feito para atingir as metas desejadas, é ir além. Dessa forma são possíveis quatro mecanismos adicionais ao poder e à autoridade. O agenciamento de serviços ou terceirização de serviços, que deve ser adotado quando se estiver seguro em relação a se a mediação dessa atividade é aceitável quanto ao custo e à qualidade para a sua realização. Ex: terceirização da folha de pagamento e dos beneficios. A criação de um centro de serviços, que tem como objetivo padronizar trâmites rotineiros tais como beneficios; remuneração/pagamentos; desenvolvimento e formação; cidadania da empresa; cadastro; contratação, em um único local. A criação de centros de habilidades que articulem indivíduos e equipes que dispõem de conhecimento profundo e especialização em áreas de RH, tais como: contratação, envolvendo recrutamento de candidatos; plano de sucessão; plano de carreira; avaliação vocacional; seleção de candidatos; carreiras duplas e downsizing. Desenvolvimento, abrangendo desenvolvimento executivo; treinamento para a ação; planos de desenvolvimento de pessoal; modelagem de competência; gestão do desempenho; promoções; diversificação; treinamento organizacional. Remuneração, implicando pagamento por desempenho; análise de cargos; avaliação de desempenho; programas de gratificação e reconhecimento; avaliação de cargos; participação nos lucros ou resultados. Eficácia organizacional, contendo mudança organizacional; administração de processo; diagnóstico organizacional; mudança de cultura; reengenharia. Comunicações, envolvendo administração de mídia; administração de reuniões; relações públicas; sistemas de informação de recursos humanos. Plano organizacional, que consiste em manter equipes de trabalho de alto desempenho à estrutura da organização. Relações com os funcionários, com a realização de pesquisas sobre o moral; grupos de controle; contrato psicológico; políticas sobretrabalho/família e assistência aos funcionários. Relações com os sindicatos, envolvendo contratos de trabalho e processos trabalhistas. E, por fim, segurança, que abrange segurança patrimonial e fisica para funcionários, executivos, e tecnologia. A proposição de soluções integradas pressupõe as características de engajar e direcionar especialistas de múltiplos grupos do quadro de pessoal em equipes que avaliam e propõem soluções de problemas empresariais nas unidades operacionais e estabelecer uma consultoria interna especializada em problemas operacionais comuns. Muito embora o profissional de RH de uma unidade operacional se reporte basicamente a um gerente de linha sênior e represente a área de RH da unidade, ele deve agir como um agenciador dos serviços, um consultor para a equipe administrativa e um excelente facilitador da mudança em vez de um gerente tradicional de RH. Parte do trabalho realizado na organização de serviços comuns continua a ser estratégica, como, por exemplo, o trabalho dos especialistas nos centros de habilidades. Entretanto, grande parte do trabalho em serviços comuns para toda a empresa (em centros de serviço, por exemplo) é operacional, com um foco dirigido mais para a eficiência cotidiana que para a estratégia de longo prazo. Precisam conhecer a unidade para que suas aplicações adicionem valor. Dessa maneira surgirá um novo conjunto de competências, incluindo consultoria, diagnóstico, trabalho em equipe e administração de processo. Recursos Humanos II Prof. Andrew Finger UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS Administração da Contribuição dos Funcionários Tem como principal objetivo um maior envolvimento e competência dos funcionários refletidos nos resultados da organização. As práticas de RH devem ajudar os funcionários a contribuir mediante sua competência em realizar um bom trabalho, de boa qualidade, e manter o compromisso com o trabalhar diligente. Os profissionais de RH, como parceiros empresariais, devem estar atentos às suas necessidades, garantindo que elas sejam atendidas para propiciar a elevação da contribuição global dos mesmos. É de fundamental importância se salientar que a contribuição do funcionário se torna uma questão empresarial crítica porque, ao tentar produzir mais com menos funcionários, as empresas não têm outra escolha senão buscar envolver cada um deles. Essa contribuição se mostra elevada quando estes se sentem livres para apresentar idéias, quando constatam que pessoas-chave na organização levam seus interesses em conta e quando sentem que mantêm com a empresa uma relação de emprego válida e valorizada. Quando ninguém escuta e representa o interesse dos funcionários, muitos dos que dispõem de alternativas fora da empresa se deixarão levar por elas. Caso ninguém se importe com suas necessidades cotidianas, eles deixam de contribuir. Se ninguém os ouve, eles silenciam em detrimento da empresa. A parceria dos profissionais de RH não pode se restringir exclusivamente à arena estratégica; é vital trabalhar com a contribuição do funcionário e em favor dela. Quando se demanda mais dos funcionários - serem globais, sensíveis ao cliente, flexíveis, voltados ao aprendizado pautado pela equipe e produtivos -, as empresas precisam admitir que essas demandas são reais e inevitáveis. Para serem competitivas as empresas precisam exigir mais dos funcionários, mas os seus efeitos não podem ser ignorados ou desprezados. Os profissionais de RH devem ser os primeiros observadores dos sintomas de depressão durante contatos com funcionários, entrevistas de desligamento, levantamentos e atividades de relações junto ao pessoal. Pois, tal como nos adolescentes, a depressão não advém de demandas elevadas, mas da falta de recursos para atendê-las. Quando demandas e recursos são devidamente equilibrados, eles são capazes de contribuir e podem se envolver com o aperfeiçoamento e serem competentes o bastante para realizar as devidas melhorias. Cabe aos profissionais de RH garantir a contribuição dos funcionários, atuando como observadores, defensores e patrocinadores de recursos e demandas equilibrados, tanto para si quanto para os clientes e funcionários aos quais atendem. Os profissionais de RH têm de apoiar os funcionários tanto na definição de prioridades quanto na manutenção da concentração. E a reengenharia para simplificar processos complexos, o que também é uma forma de reduzir as demandas sobre os funcionários, inclui agilização, automação e simplificação. O segundo, que consiste em aumentar os recursos disponíveis aos profissionais de RH correspondentes às demandas de um mercado altamente competitivo, que incluem valores, práticas e ações, como controle, isto é, dar participação no controle demonstra confiança e dá suporte para a contribuição dos funcionários. Conforme os funcionários compreendem e se envolvem com as metas de suas empresas, as decisões quanto aos meios de realizar essas metas podem ser comuns. Administração da Transformação e Mudança Na era em que vivemos, com o ritmo em que os acontecimentos atropelam e alteram as realidades vividas, um fator essencial para o profissional de RH que atua como agente de mudança é a capacidade de administrar a transformação e a mudança, honrar o passado significa valorizar e respeitar a tradição e a história de uma empresa, mas como um mecanismo em favor do futuro. Agentes de mudança, os profissionais de RH garantem que as iniciativas sejam definidas, desenvolvidas e liberadas de maneira oportuna, ainda que os processos sejam interrompidos, iniciados e simplificados; que valores fundamentais na organização sejam debatidos e devidamente adaptados à transformação das condições dos negócios. Assumir compromisso intelectual com a mudança é fácil, mas os esforços práticos envolvidos com ele são dificeis. A mudança individual é dificil. Os hábitos raramente mudam. Quando se fala em mudança, está-se falando de efeitos desejados que dependem de revisões de dimensões condicionantes individuais (crenças, valores, convicções, informações etc.). Se para as pessoas há dificuldades, então imagine para as organizações. E há vários motivos que impedem as mudanças, quais sejam, não estão atreladas à estratégia; são vistas como moda ou como remédio rápido; a perspectiva é de curto prazo; as realidades políticas sabotam a mudança; expectativas grandiosas versus sucessos simples; os projetos de mudança são inflexíveis; falta de liderança quanto à mudança; falta de resultados mensuráveis, tangíveis; Recursos Humanos II Prof. Andrew Finger UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS medo do desconhecido; incapacidade de mobilizar um envolvimento que sustente a mudança. Os profissionais de RH como agentes de mudança, apoiando as empresas a atingirem novos objetivos e de maneira rápida, devem considerar a adoção dos passos que se seguem. Identificar fatores-chave para o sucesso na formação da capacidade para mudança Garantir que a mudança aconteça mediante planos de implementação, acompanhamento e compromissos em andamento. Definir a medida na qual os fatores-chave para o sucesso estão sendo controlados Considerados como um check list para gerir a mudança, esses fatores-chave do sucesso devem ser controlados em toda iniciativa ou esforço de mudança. Identificar as atividades de aprimoramento para cada fator de sucesso Propondo a equipe executiva passar por discussões dessas questões detalhadas, o profissional de RH ajuda a deduzir um plano de ação para fazer a mudança acontecer, criando uma necessidade, modelando uma visão, mobilizando envolvimento e alterando sistemas e estruturas. Encarar os sete fatores-chave como um processo que se repete, e não apenas como um fato isolado Ao longo do tempo, a liderança continua crítica, mas fazer com que todos detenham responsabilidade de liderança pela transformaçãotorna-se mais importante que ter um único patrocinador ou defensor. Muitas vezes, as iniciativas de mudança logo evoluem da identificação e tentativa de implementar novos programas, práticas ou processos, para uma mudança mais fundamental ou transformadora. Definir e esclarecer o conceito de mudança de cultura Compreender a cultura de uma organização requer o discernimento sobre a mentalidade comum dos indivíduos dessa organização. Para mudar uma mentalidade comum, os executivos precisam emitir novos sinais de informação e/ou alterar o comportamento dos funcionários. Explicar por que a mudança de cultura é fundamental ao sucesso da empresa Definir um processo para avaliar a cultura corrente, a cultura futura desejada e a divergência entre as duas. Identificar abordagens alternativas para gerar mudança de cultura Elaborar um plano de ação que integre as múltiplas abordagens da mudança de cultura Os profissionais de RH treinam os gerentes, ajudam a avaliar as capacidades de facilitadores dos gerentes e selecionar futuros gerentes dotados de competências de facilitação, além de oferecerem assessoria e conselho para aprimoramentos. Cabe aos profissionais de RH, também, a tarefa de projetistas para reformularem os sistemas de RH, desempenhando com isso um papel importante na transformação cultural em nível da empresa como um todo. Contratação, desenvolvimento, avaliação, recompensas, desenho da organização e práticas de comunicação são redefinidos para permitir que os gerentes compreendam e assumam a transformação cultural. Como demonstradores, cabe aos profissionais de RH demonstrar e assegurar a reengenharia da função de RH a fim de merecer valor e credibilidade dos demais, servindo como modelo para todas as unidades.
Compartilhar