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1 Profª Drª Magda Vieira da Silva Oliveira 1. ESPAÇO VETORIAL Em semestres anteriores foi ensinado algumas propriedades e fizeram cálculos com operações de vetores em ℝ2 , ℝ3, … ℝ𝑛 tanto em Geometria Analítica como em Cálculo II. Agora é preciso analisar sua estrutura básica. O conceito de espaço vetorial ocorre em muitas aplicações tanto na Matemática, nas Ciências e na Engenharia. Esse conceito consiste simplesmente em uma generalização do ℝ𝑛 construida de maneira cuidadosa. Ao estudar as propriedades e a estrutura de um espaço vetorial, estaremos estudando não apenas as propriedades do ℝ𝑛 em particular, como também de muitos outros espaços vetoriais importantes. O conjunto ℝ2 = {(𝑥, 𝑦) ∖ 𝑥, 𝑦 ∈ ℝ} é interpretado geometricamente como sendo o plano cartesiano. Um par (x,y) pode ser encardo como um ponto (figura 1 a) e, nesse caso, x e y são coordenadas, ou pode ser encarado como um vetor (figura 1 b) e, nesse caso, x e y são componentes (ou coordenadas) (a) (b) (b) (b) Figura 1 – Representação no plano cartesiano Essa ideia, em geral ao plano, estende-se para o espaço tridimensional que é a interpretação geométrica do conjunto ℝ3. Embora se perca a visão geométrica de espaços com dimensão acima de 3, é possível estender ideia a espaços como ℝ4, ℝ5, … ℝ𝑛.. A forma de se trabalhar nesse espaço é idêntica â aquela em ℝ2 e em ℝ3. Por exemplo se dois vetores u e v de ℝ𝑛. E um escalar, define-se: 2 Profª Drª Magda Vieira da Silva Oliveira a) u=v se, e somente se, a1=b1, a2=b2, ... e an=bn; b) u+v= =(a1+b1,a2+b2, ..., an +bn) c) u=(A1, a2,..., an) d) u,v=a1b1+a2.b2+...+an.bn e) |𝑢| = √𝑢. 𝑢√𝑎1 2 + 𝑎2 2 + ⋯ + 𝑎𝑛2 Essa ideia se estende ao conjunto ℝ𝑛. e o conjunto das matrizes reais de ordem mxn, representado por M(m,n). Como nesses casos estão definidas as de adição (+) de elementos de V e uma operação de multiplicação (.) de elementos de V por escalares de um conjunto V, satisfazendo uma série de propriedades. Conforme já comento anteriormente, os conjuntos ℝ𝑛. e M(n,m), munidos desse par de operações apresentam uma “estrutura” comum em relação a essas operações. Por esta razão não só vale para dois conjuntos com essas operações mas muitos, razão porque será estudado simultaneamente. Esses conjuntos serão chamados de ESPAÇOS VETORIAIS. 1.1. ESPAÇOS VETORIAIS Seja um conjunto V, não-vazio, sobre o qual estão definidas as operações adição e multiplicação por escalar, isto é: { ∀𝑢, 𝑣 ∈ 𝑉 ⇔ 𝑢 + 𝑣 ∈ 𝑉 ∀𝛼 ∈ ℝ 𝑒 ∀𝑢 ∈ 𝑣 ⇔ 𝛼𝑢 ∈ 𝑣 O conjunto V com essas duas operações é chamado espeço vetorial real (ou espaço vetorial sobre V) se forem verificados os seguintes axiomas: A) Em relação à adição: A1) u,v,w ∈ V: (u+v)+w = u+(v+w) Associativa da adição A2) u,v ∈ V segue que: u+v=v+u Comutativa da adição A3) Existe 0V (elemento nulo) tal que para todo v ∈ V: 0 + v = v Existência de elemento neutro A4) Para cada v ∈ V, (– v) ∈ V (elemento oposto) tal que v+(–v)=0 Existência de elemento simétrico M) Em relação à multiplicação por escalar: M1) , ∈ ℝ e todo v ∈ V ⇔ (.).v = .(.v) Associativa da multiplicação por escalar 3 Profª Drª Magda Vieira da Silva Oliveira M2) , ∈ ℝ e todo v ∈ V ⇔ (+).v = .v+.v Distributiva de vetor em relação a adição de escalar M3) Para todo escalar ∈ ℝ e v,w ∈ V ⇔ .(v+w) = .v + .w Distributiva de escalar em relação a adição de vetores M4) v ∈ V ⇔ 1.v = v Elemento neutro multiplicativo 1.1.1. Propriedades em um espaço vetorial Se V é um espaço vetorial valem as propriedades: a) Para todo ∈ ℝ segue que .0=0. b) O vetor nulo 0 é único. c) Para todo v ∈ V tem-se que 0.v=0. d) Para cada v ∈ V o vetor oposto – v ∈ V é único. e) Seja ∈ ℝ e v ∈ V. Se k.v=0 então k=0 ou v=0. f) Se v+u=v+w para u,v,w ∈ V, então u=w. g) Quaisquer que sejam v, w ∈ V, existe um único u ∈ V tal que v+u=w. h) Para todo ∈ ℝ e para todo v ∈ V segue que: (–).v = –(.v) = .(–v) i) Para todo ∈ ℝ e para todo v ∈ V segue que (–)(–v) = ,v j) Se 1, 2, ... , n, ∈ ℝ e v ∈ V, então: (1+2+…+n)v = 1v + 2v+…+n k) Se ∈ ℝ e v1,v2,…,vn v ∈ V, então: (v1+v2+…+vn) = v1 + v2+…+vn 1.1.2. Exemplos de espaços vetoriais a) Todo conjunto é um espaço vetorial sobre o próprio corpo com as operações usuais de adição e multiplicação. b) O conjunto ℝ dos números reais é um espaço vetorial sobre o conjunto ℚ dos números racionais com as operações de adição e multiplicação de ℝ. c) O conjunto ℂ dos números complexos é um espaço vetorial sobre o conjunto ℝ dos números reais com as operações de adição e multiplicação de ℂ. d) R²={(x,y): x ℝ, y ℝ } é um espaço vetorial sobre ℝ com as operações de adição e multiplicação por escalar definidas por: { ℝ n={(x1,x2,…,xn): xiR, i=1,2,…,n} é um espaço vetorial sobre ℝ com as operações de adição e de multiplicação por escalar definidas por: (x1,y1)+(x2,y2)=(x1+x2,y1+y2) (x,y)=( x, y) 4 Profª Drª Magda Vieira da Silva Oliveira O conjunto M(n,n) das matrizes quadradas de ordem n com elementos de um conjunto ℝ𝑛. é um espaço vetorial sobre ℝ𝑛.. 1.1.3. Exemplos a resolver 1. Verificar se o conjuntos a seguir é espaço vetoriail, indicando os axiomas durante a verificação: a) S={(x,y)R2}, definido pelas seguintes operações: { (𝑥, 𝑦) + (𝑎, 𝑏) = (𝑎, 𝑏) 𝑎𝑑𝑖çã𝑜 𝑛ã𝑜 𝑢𝑠𝑢𝑎𝑙 𝛼(𝑥, 𝑦) = (𝛼𝑥, 𝛼𝑦) 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎𝑟 𝑢𝑠𝑢𝑎𝑙 1.2. SUBESPAÇO VETORIAL Seja (V,+,.) um espaço vetorial sobre um conjunto V e S um subconjunto não vazio de V. S é um subespaço vetorial de V se V for um espaço vetorial, com as operações de adição e multiplicação por escalar definidas para V. É comum escrever (S,+,.) para um subespaço. Para mostrar que (S,+,.) é um subespaço vetorial, podemos mostrar que esta estrutura possui as oito propriedades de espaço vetorial V ou usar uma das duas caracterizações seguintes: 1.2.1. Caracterização de subespaço vetorial Teorema I: Um subconjunto S não-vazio, de um espaço vetorial V é um subespaço vetorial de V se estiver satisfeita as condições: i) Se v,w S, então v+w S. ii) Se ℝ e v S, então .v S. Teorema II: Um subconjunto S não-vazio, de um espaço vetorial V é um subespaço vetorial de V se estiver satisfeita as condições: i) O vetor nulo de V pertence ao conjunto S. ii) Se v,w S e p, q K, então p.v + q.w S. 5 Profª Drª Magda Vieira da Silva Oliveira Observação: Muitas vezes usamos a palavra subespaço no lugar de subespaço vetorial e espaço ao invés de espaço vetorial quando não existe possibilidade de dúvida. Com base nos teoremas I e II para verificar se um conjunto é subespaço podemos averiguar as seguintes condições: i) Verificar se S∅ verificar se 0 S ii) Se u, v S, então u+v S. iii) Se ℝ e v S, então .v S. Se todas as condições forem válidas S é subespaço. 1.2.3. Observação Todo espaço vetorial V admite pelo menos dois subespaços: o conjunto {0}, chamado subespaço zero ou subespaço nulo, e o próprio espaço vetorial V. esses dois são os subespaços triviais de V. Os demais subespaços são denominados subespaços próprios de V. Por exemplo, os subespaços triviais de V= ℝ3 são {(0,0,0)} (verificar as condições do Teorema I) e o próprio ℝ3. Os subespaços próprios de ℝ3 são as retas e os planosque passam pela origem. Para ℝ2, os subespaços triviais são: {(0,0)} e ℝ2, enquanto os subespaços próprios são as retas que passam pela origem. 1.2.4. Exemplos a resolver 1. Verificar S e são subespaços vetoriais de V e indicar quando as condições estão satisfeitas ou não. a) V= ℝ2 e S={(x,y) ℝ2/ y=√𝑥} b) V= ℝ3 e S={(x,y,0); x,y,z ℝ}
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