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Comportamento do Consumidor Profª. Dra. Maria Tereza Garcia Aspectos científicos e noção de ser humano 5 Teorias científicas do comportamento e o consumidor 6 Modelos filosóficos, econômicos e psicológicos 6 visão estruturalista, fenomenológica e sistêmica 8 Construção de modelos de análise 10 2. Noções de ser humano e comportamento de consumo 11 teorias racionais 11 Teoria de avaliação de risco e decisão 11 Teoria da racionalidade econômica 12 motivação e comportamento do consumidor 12 Teoria de Maslow 12 Teoria psicanalítica 15 teorias sobre o comportamento de consumo 16 Razão, emoção, atitudes e ambiente social 17 Teoria econômica 17 Classificação e tipologia do consumidor 18 Tipologia por critérios demográficos 18 Consumidor e grupo social 20 Aspectos sociais modificando o mercado 21 Grupos sociais e subcultura 22 Os Baby Boomers 23 Geração X 24 Geração Y 25 Geração Z 26 Geração M 26 Geração XY 26 Sumário Geração W 26 Geração Alpha 27 Gerações e Tendências Mercadológicas 27 Gerações e Tendências Mercadológicas 27 Etapas de preparação para a compra 27 Experiências vivenciais 28 Expectativas em relação ao consumo 28 Alternativas para escolha do produto 29 Representações sociais, julgamento do consumo e pesquisas 29 Elementos influenciadores de compra 30 Influências internas no comportamento de consumo 31 Personalidade/autoconceito 31 Autoconceito – exemplos no consumo 32 O Ego e o consumo 32 Percepção e comportamento do consumidor 32 Sistemas Sensoriais e estímulos na percepção 33 Interpretação dos estímulos 34 Percepção da imagem 34 Percepção na comunicação 34 - Influências externas no comportamento de consumo 34 Fatores culturais e influência na compra 34 Influências, expectativas e decisão de consumo 35 Etapas de compra e pós-compra 36 Etapas de compra 36 Modelos de comportamento de compra 37 Pós-compra e consequências do consumo 37 Perspectivas atuais do estudo do comportamento do consumidor 39 Visão 40 Olfato 40 Audição 40 Tato 40 Paladar 41 Estímulos e seleção 41 Exposição 41 Seleção Perceptiva 41 Percepção seletiva 41 Vigilância Perceptiva 41 Defesa Perceptiva 42 Retenção Seletiva 42 Distorção Seletiva 42 Criando Contraste 42 Interpretação 43 Marketing social e consumo 43 Comportamento do consumidor e novas mídias 44 Comportamento do consumidor empresarial 44 Bibliografia 45 Comportamento do consumidor 5 Conhecer as variáveis do comportamento do consumidor é de vital importância para os profissionais de marketing e de comunicação. Usar as tendências de comportamento de determinados segmentos de consumidores é fundamental para os profissionais (e para as empresas) que desejam desenvolver um bom planejamento estratégico e, consequentemente, desenvolver estratégias mais adequadas para o marketing mix. Deve-se atentar para o fato que o comportamento do consumidor tem mudado ao longo dos anos, porém a mudança não ocorre de forma homogênea. Ocorrem focos de mudanças mais acentuadas em alguns grupos de consumidor e, para se manter competitiva, a empresa precisa saber como isso ocorre, para se programar para novas mudanças, com base em generalizações de tendências pautadas em evidências anunciadas pelo comportamento do mercado. O comportamento do consumidor é moldado tanto pela força do mercado, com seus novos produtos e serviços que geram mudanças no comportamento, novas necessidades e novos hábitos; quanto pela cultura de grupos que acaba se refletindo na demanda por novos produto e serviços e que, de certa forma, acaba forçando o mercado a oferecer novas opções para o consumo. Para entender melhor o perfil do consumidor e a dinâmica do consumo, vamos estudar algumas teorias que apresentam tendências e padrões de comportamento e analisar alguns modelos e estudos sobre o assunto, incluindo impactos no comportamento de subgrupos, influências das novas tecnologias e do mundo virtual, impactos da globalização e do nova realidade frente a um mundo sem fronteiras, que acabaram por modificar e descentralizar as práticas de consumo. Aspectos científicos e noção de ser humano Neste item vamos conhecer os principais conceitos das correntes de pensamentos que fundamentam os estudos do comportamento humano e dão suporte para os estudos do comportamento do consumidor. Encontramos diversas análises e estudos referentes ao ser humano e seu padrão de comportamento, porém nem sempre esses estudos oferecem visões complementares, sendo que alguns acabam entrando em conflito com outros. Por exemplo, encontramos algumas divergências em relação ao que engloba a filosofia e ao que envolve os aspectos das ciências sociais como sociologia, antropologia, história, psicologia e outros. Em relação ao comportamento do ser humano frente ao consumo, ocorre o mesmo fenômeno. Encontramos análises efetuadas sob os mais diversos ângulos e, algumas vezes essas teorias não apresentam ligações entre si e até mesmo podem parecer conflitantes entre si. O nosso módulo não visa discutir essas teorias, mas sim apresentar as visões do ser humano (e seu padrão de consumo) sob os pontos de vistas das diversas ciências de forma a poder compreender melhor as nuances de comportamento desenvolvidas pelos grupos sociais e por características de indivíduos de forma a poder estabelecer estratégias de marketing e de comunicação que atendam aos anseios do público que se pretende atingir. Dessa forma, apresentamos aqui algumas das teorias mais importantes para a compreensão dos padrões de comportamento humano, sejam elas psicológicas, sociológicas, filosóficas, econômicas ou históricas principalmente no que tange aos padrões de vontade, desejo e motivação humana, com seus princípios de regularidade, frente aos apelos do consumo. Comportamento do consumidor 6 Teorias científicas do comportamento e o consumidor As teorias científicas buscam explicar ou descrever determinados fenômenos por meio de prévia análise ou experimento, baseados em hipóteses ou pressupostos que direcionem o ponto a ser analisado para posterior descrição ou explicação. Temos alguns grupos de teorias científicas que analisam o perfil de consumo e esses grupos, por sua vez, se subdividem em outros subgrupos, mas de forma geral, podemos partir da seguinte subdivisão de teorias de análises de consumo: a) Teoria da racionalidade econômica - tem como ponto central a visão do consumidor apoiado na racionalidade econômica, ou seja, o comportamento do consumidor está pautado em um padrão egoísta, onde suas escolhas de consumos baseiam-se na busca do maior benefício (prazer ou satisfação) com o menor custo possível (desconforto ou sofrimento). b) Teorias Comportamentais – esse grupo de teorias tem como abordagem o comportamento do consumidor e as suas relações com o meio ambiente. O consumo é visto como um tipo de comportamento gerado por estímulos localizados no meio ambiente. c) Teoria psicanalítica – no enfoque psicanalítico, o consumo é visto como uma expressão de desejos inconscientes, onde o consumidor projeta nos produtos ou serviços seus desejos, suas expectativas e, na aquisição desses itens, encontra a satisfação de seus anseios. Também podem ver a aquisição como forma de expulsão de angústias ou conflitos. d) Teoriassociais e antropológicas - nesse grupo de teorias, o consumo é visto como um processo social, onde deve-se associar a dinâmica do padrão de comportamento às questões sociais, culturais e históricas que envolvem esse processo para poder apontar variações no padrão de consumo. e) Teoria Cognitiva – essa teoria aborda o consumo como um processo para tomada de decisão, que envolve fatores como o ambiente, o produto com os seus agregados e o próprio consumidor. Modelos filosóficos, econômicos e psicológicos O método positivista, (conceito criado por Auguste Comte – com fundamentação filosófica) vem sendo utilizado para análise do comportamento humano e, consequentemente, para descrever o comportamento de consumo, tanto de forma indutiva quanto de forma dedutiva. Comportamento do consumidor 7 A forma de indução (também denominado de generalização) enfoca basicamente a determinação de uma lei geral do fenômeno analisado, partindo-se de alguns exemplos específicos e tem como principal alvo de críticas, o fato de deixar sempre margens para dúvidas por não ser possível pesquisar todas as ocorrências. Ou seja, nesse método, algumas leis conhecidas são usadas para chegar a uma conclusão geral, mesmo que essas leis não estejam diretamente relacionadas com o objeto analisado. Já a forma dedutiva é vista como o oposto da indutiva e parte de pressupostos e comparativos para chegar a uma conclusão, ou seja, as previsões são feitas para fenômenos específicos a partir de uma lei geral e trabalha-se com o raciocínio lógico. Dessa forma, o positivismo passa a ser visto tanto como método quanto como doutrina, já que como método, enfoca que toda avaliação científica deve ser embasada em experiências e, como doutrina, por crer que quaisquer fatos sociais devam seguir uma natureza científica e precisa. O método positivista pode ser aplicado para explicar o comportamento do consumidor sob os pontos de vista psicológico, biológico e econômico. A compra por impulso, por exemplo, pode ser explicada como uma compulsão, conforme explica Giglio (2005 p. 11) quando diz que esse traço tem componentes orgânicos e psíquicos de desajustamento e completa: “O motivo do comportamento está dentro do sujeito. Aceita-se como verdadeiro, por exemplo, que certos estados melancólicos podem levar a compras por impulso. Com isso, fica fácil explicar por que uma mulher deprimida vai ao shopping”. (GIGLIO, 2005, p. 11) A ilustração a seguir representa bem a situação de alguns compradores compulsivos que, na ânsia de compensar sua melancolia, acabam apelando para a aquisição de mercadorias em excesso. Fonte da imagem http://guiadefinancaspessoais. blogspot.com/2010/10/o-consumismo.html Para Giglio (2005), o modelo positivista apresenta limitações ao ser aplicado nas ciências humanas, uma vez que quaisquer fenômenos relacionados ao comportamento humano estão sujeitos a mudanças e não podem estar presos às explicações mais rígidas da teoria positivista, entretanto o modelo vem sendo usado com frequência para detectar algumas previsões de comportamento ou mesmo para diagnosticar soluções de controle. Giglio (2005, p.10) aponta os principais usos dessa metodologia para as ciências humanas: “Um dos campos mais férteis é o de pesquisas quantitativas, que geram tipologias, fundamentam previsões de vendas e decidem investimentos.” A visão na economia: Glade ( 1980) apud Giglio (2005, p.11) apontam o uso do positivismo também em relação ao comportamento do consumidor nas questões econômicas, ao enfatizar: Comportamento do consumidor 8 “Na economia, o ser humano é colo- cado como agente e paciente de processos de produção e troca. O homem tem necessidades e desejos infinitos que se contrapõem às suas possibilidades finitas e limitadas de satisfazê-los. Não podemos adquirir tudo que desejamos, por isso, temos de escolher. Nessa situação, o consu- midor busca a maximização do prazer, em um processo racional de solução de problemas”. A ilustração a seguir demonstra o quanto pode custar a busca da felicidade pelo consumo desenfreado. Fonte da figura http://ideiasdochaves.blogspot. com/ O método dialético (criado por Sócrates também com fundamentação filosófica e aplicação psicológica) tem como base a descoberta da alma como essência do homem e tem como sistema de ensinamento e de conhecimento o diálogo associado à razão. O método consistia em questionar as primeiras respostas obtidas de forma a se perceber que não se sabe o que se julga saber e, dessa forma, procurar novas respostas, por meio do diálogo (interior e com o meio), para a busca da verdade. Nos estudos sociológicos, a dialética foi seguida por Marx, Engels e Hegel. Nesse método, parte-se do pressuposto que condições objetivas e subjetivas, em um processo constante de tese e antítese, ditam o comportamento humano. O objetivo de investigação torna-se a formação social e não o ser humano isolado. Dessa forma, a condição primeira para a aplicação do método é a historicidade, tendo como principal pressuposto o conflito. Giglio (2005, p. 12) aponta que “Essas condições se entrelaçam na história do fenômeno, por isso, a dialética é basicamente historicista.” E complementa: “A realidade seria formada pelas condições que o homem cria, portanto, pode ser modificada e, em certa medida, controlada e prevista”. De acordo com o método dialético, é muito importante o condicionamento da realidade social. O método dialético se aplica perfeitamente ao estudo do comportamento do consumidor por envolver o eterno questionamento, a oposição, no movimento eterno de tese- antítese-síntese. “A síntese é, na verdade, uma nova tese que realimenta o processo; a antí- tese é a alma da dialética, pois nela se encontram as condições de mudança.” (GIGLIO, 2005, p. 12). Quanto ao comportamento do consumidor especificamente, a dialética tem gerado estudos referentes às consequências desse consumo, conforme aponta Giglio (2005, p. 12) “... a postura dialética tem originado raciocínios na área de consumo, prin- cipalmente na época atual, em que se torna evidente uma degradação ambiental causada pela produção e pelo consumo dos recursos naturais. Quanto mais o ser humano busca felicidade e qualidade de vida, mesmo para obtê-la.” visão estruturalista, fenomenológica e sistêmica A visão estruturalista é baseada no conceito de estrutura com o todo composto por partes que se inter-relacionam, onde os sistemas organizacionais não são a mera justaposição das partes, tornando-os muito maior, porque enfocam também nos pontos Comportamento do consumidor 9 de inter-relação. É considerada uma junção da teoria das relações humanas com a teoria clássica, ou seja, trabalha com a junção do Homo economicus - o homem que produz e consome - focado apenas em seus interesses (visto na teoria clássica) com o homo social - homem motivado pela necessidade de reconhecimento, de participação e de aprovação social nas atividades dos grupos sociais com os quais convive. A visão estruturalista se apóia no pressuposto de que os fenômenos comportamentais têm essência invariante e são indiferentes a tempo, espaço ou meio social, que são as bases das variantes. Porém mesmo tendo essência invariante, são variáveis. Giglio (2005) aponta que diversas teorias de comportamento do consumo são fundamentadas na busca pela essência dos fenômenos. Existem certas funções básicas, que independente do grupo ao qual estão inseridas, são invariantes na sociedade. O objetivo é chegar ao centro da questão, desconsiderando fatores variáveis e superficiais. Como exemplo Giglio (2005)aponta o fenômeno da globalização como pressuposto de estrutura funcional invariante, já que desejos e expectativas são semelhantes nos mais diversos países, mudando apenas a forma como são expressos em cada cultura ou sociedade. A imagem a seguir expressa desejos e expectativas de socialização semelhantes por integrantes de nacionalidades diferentes. Fonte da imagem: http://tecnologiaepnes.blogspot. com/2010/10/artigo-sobre-informatica-na-educacao.html A visão fenomenológica baseia-se nos fenômenos da consciência, que devem ser estudados em si mesmos, ou seja, o que representam, a sua essência, seu significado. Os itens que envolvem a investigação fenomenológica estão ligados a sensações, sentimentos ou ideias A visão fenomenologia localiza-se em um ponto médio entre o experimento e a teoria, tem uma concepção mais abstrata e envolve mais passos lógicos que o experimento, porém relaciona-se mais diretamente ao experimento que a teoria. A fenomenologia estuda a consciência e os objetos da consciência, onde tudo que é informado pelos sentidos é transformado em uma experiência de consciência sejam imagens, fantasias, pensamentos, sentimentos ou fatos. O interesse para essa visão é a maneira como o conhecimento do mundo ocorre para cada indivíduo. O fundador do conceito de fenomenologia como método de investigação foi Edmund Husserl (1859-1938) - filósofo, matemático e lógico. Essa visão foge dos conceitos que o filósofo classificava como historicismo e o psicologismo, e está estruturada basicamente na investigação subjetiva com os estudos dos fenômenos como demonstram a mente para encontrar as verdades da razão. A imagem a seguir demonstra como tudo que é percebido pelos sentidos é transformado em experiência de consciência. Fonte da imagem: http://www.fateffir.com.br/curso_ bel_psieutica.php Comportamento do consumidor 10 Outra forma de se estudar o comportamento humano e de consumo é por intermédio da visão sistêmica (baseada na teoria dos sistemas que estuda um fenômeno, por meio de suas partes interdependentes, que interagem entre si). Podemos entender como resultados desses estudos as informações que são obtidas por meio do resultado macro, que prevalece em relação aos micros resultados obtidos com a análise de cada uma das partes que compõem o sistema, no entanto, para se realizar esse estudo tem-se como base justamente a inter-relação entre entre as partes para formar esse sistema. Ou seja, para analisarmos o comportamento de compras de uma determinada cidade, por exemplo, analisamos os fenômenos de compra que compõem cada parte da cidade, cada cluster1 ou centro de compra e, levamos como comportamento padrão, os rituais que se sobressaem em cada esfera. Temos que analisar a cidade como um todo – sua diversidade de comércio, serviço, sua interdependência de outras cidades para oferecer suprimentos, para só após analisarmos cada ambiente e a relação entre eles poder entender o padrão predominante de comportamento ou de consumo. Não dá para entender um comportamento pela visão sistêmica se não levarmos em conta todos os detalhes que influenciam nas diferentes variáveis que podem afetar mudanças nesse comportamento. Principalmente se levarmos em conta que os sistemas hoje são encarados como organismos abertos, ou seja, sujeito a variações e mudanças constantes, principalmente quando nos referimos a um 1 Cluster – Conceito popularizado por Michael Porter no livro Vantagens Compe- tivas das Nações (1990) - define uma con- centração de indústrias ou de comércio que possuem características semelhantes e se localizam na mesma região. Por exemplo, a cidade de Franca, em São Paulo, pode ser considerada um cluster por agregar inúme- ras fábricas de calçados. sistema composto por humanos, cujo perfil de comportamento é de evolução constante e cujo padrão de comportamento geral envolve amplo dinamismo. Com a visão sistêmica, fica mais fácil acompanhar as mudanças constantes que ocorrem no comportamento do consumidor. A ilustração a seguir demonstra o giro constante que ocorre no padrão de comportamento e a importância da visão sistêmica no acompanhamento desse processo. Fonte da ilustração: http://www.midia21.net/ nportal/content/visao-fragmentada-x-visao-sistemica Construção de modelos de análise Popper (1975) apud Giglio (2005, p. 10) aponta que se pode gerar a construção de uma análise de comportamento do consumidor a partir de qualquer proposição. Posteriormente, com a experimentação e erros, a teoria vai sendo reformulada, por meio do que Popper denomina de método hipotético–dedutivo. Giglio (2005) aponta que alguns gerentes de marketing direto, intuitivamente, construíram novas teorias sobre seus Comportamento do consumidor 11 consumidores por meio de seus bancos de dados. O autor ainda alerta que o problema, nesse caso, reside no fato de que essas teorias podem não estar sendo testadas e reformuladas. Como vimos nos conceitos e teorias sobre o comportamento humano, pode- se perceber a necessidade de se estar constantemente atento para mudanças que ocorram no ambiente e que influenciem no comportamento do indivíduo ou mudanças que ocorram com os indivíduos e que possam impactar em mudanças no ambiente. Esses fenômenos podem desestruturar quaisquer modelos de análise que tenham sido construídas antes de ocorrem as alterações e, portanto, podem tornar irrelevantes quaisquer resultados que tenham sido obtidos mediante o uso desses modelos de análise. 2. Noções de ser humano e comportamento de consumo Nesse item vamos conhecer a aplicação das bases propostas pelas teorias que estudam o comportamento humano no estudo mais específico dos indivíduos como consumidores. Aqui são abordados os primeiros preceitos das teorias racionais, teorias da motivação, do condicionamento, sociais e existenciais. teorias racionais As teorias racionais sobre o comportamento do consumidor estão basicamente focadas na relação custo X benefício do bem adquirido e as teorias focadas na aplicação ao consumidor organizacional – que também tem como preocupação da sua análise o custo X benefício – porém tendo como ponto de partida para a questão do benefício a organização e a coletividade e não seus próprios anseios. Em relação às decisões organizacionais, Herbert A. Simon desenvolveu um estudo onde analisa a estrutura da escolha racional humana, demonstrando o modo como o indivíduo decide de forma racional, estudando a anatomia (estrutura) e a fisiologia (funcionamento) da organização. Na visão do autor, na organização, o sistema de decisão conta com participação racional e consciente, onde as escolhas ocorrem entre alternativas que sejam mais ou menos racionais. Simon classifica o homem como um ator econômico influenciado por escolhas e decisões, porém com um número limitado de informações e possibilidades de processamento. O autor ainda revela que a tarefa de decidir compreende três etapas, que são: a relação de todas as opções de estratégias que poderão ser adotadas; a determinação das conseqüências para a adoção de cada estratégia e, a avaliação de cada grupo de conseqüências para cada estratégia adotada, levando-se em conta os valores da organização. Dessa forma, temos como teorias desse grupo as teorias de avaliação de risco e decisão e as avaliações econômicas (que será abordada com mais profundidade em item específico). Teoria de avaliação de risco e decisão essa teoria preconiza que o fundamento da decisão de compra está relacionado à análise de risco que o consumidor corre ao adquirir aquele bem. Dessa forma, a decisão de compra acaba sendo tomadaao se perceber que o risco que se corre acaba sendo inferior ao benefício que aquele bem irá proporcionar. Comportamento do consumidor 12 Teoria da racionalidade econômica contém abordagem teórica baseada no utilitarismo psicológico, ou seja, os esforços de escolha de um consumidor têm como base, a potencialização dos graus de satisfação psicológica e de prazer obtidos com o uso dos produtos e serviços adquiridos. motivação e comportamento do consumidor Para que o processo de compra ocorra de forma mais precisa, é preciso que o consumidor esteja motivado a comprar, ou que a compra a ser realizada lhe proporcione essa motivação, caso contrário, não ocorrerá qualquer tipo de influência para a compra. Na subdivisão de motivação e consumo, encontramos duas principais teorias: a Teoria de Maslow, com a sua pirâmide de hierarquias e a Teoria Psicanalítica de Freud, que envolve o conceito do inconsciente no consumo Teoria de Maslow Quando falamos de motivação, a teoria mais conhecida é sem dúvida a teoria de Maslow que se baseou em uma pirâmide para demonstrar a hierarquia dessas necessidades, ou seja, a escala de valores a serem transpostos para a escolha de um produto/ serviço e para a motivação da sua compra. Segundo Maslow, quando o indivíduo consegue atender uma necessidade, surge outra necessidade em seu lugar, exigindo que se busquem meios para a sua satisfação. Ou, nas palavras do próprio autor: “… à medida que os aspectos bási- cos que formam a qualidade de vida são preenchidos, podem deslocar seu desejo para aspirações cada vez mais elevadas.“ (Maslow, 1943) Hierarquia dos motivos – Maslow apontou em sua teoria que as necessidades humanas podem ser hierarquizadas. Sua teoria defende o agrupamento em cinco níveis, o que diferencia humanos de animais já que apenas humanos apresentam tantos níveis diferentes de motivos. A seguir temos a representação da pirâmide desenvolvida por Maslow e a explicação de cada um dos cinco níveis de motivação Fonte da ilustração: http://juarez-chagas.blogspot. com/2008_06_27_archive.html Descrição dos níveis de hierarquia: 1. Necessidades fisiológicas Estas são as necessidades mais básicas, mais diretamente relacionadas ao nível físico (água, comida, sono, ar, sexo etc.). Quando não suprimos essas necessidades acabamos sofrendo com desconforto, irritação, medo, doenças, entre outras repercussões físicas. Como estão diretamente ligadas às Comportamento do consumidor 13 necessidades do organismo, são necessidades prioritárias para o ser humano. Dessa forma, emoções e sentimentos relacionados às necessidades fisiológicas conduzem à ação imediata na tentativa de diminuí-las ou aliviá-las para restabelecimento do equilíbrio interno. Com essas necessidades satisfeitas, é possível abandonar essas preocupações e dirigir pensamentos e preocupações para outras coisas. 2. Necessidades de segurança Essas necessidades envolvem o aspecto físico da segurança, como o abrigo e a estabilidade básica. Dessa forma, cabem nesse grupo, questões relacionadas com a própria questão física (proteção contra a chuva e outras intempéries e proteção contra a violência de animais e outras agressões), a questão de estabilidade que envolve um emprego fixo, seguros de saúde e de bens materiais que permitam maior tranqüilidade. Alguns autores inserem aqui também questões ligadas à religião e crenças, que promovem certa segurança espiritual, principalmente nos momentos em que o planeta atravessa maiores conturbações como violência, guerra, catástrofes naturais e outros. 3. Necessidades sociais Faz parte da natureza humana a socialização que permite aflorar os sentimentos de pertencimento a um grupo, participação em associações e o sentido de ser amado, ser aceito e ter afeto. O fato de sentir-se necessário e estimado desenvolve a satisfação nessa esfera da hierarquia. O homem precisa sentir que pertence e é aceito nas esferas em que freqüenta, como locais de trabalho e de estudo, nas instituições religiosas ou agremiações que freqüenta e também, muitas vezes, sentir-se integrante de um grupo maior, como um partido político, um time de futebol, ou de uma nação. 4. Necessidades de “status” ou de estima Essa hierarquia aborda basicamente duas vertentes, sendo a primeira o reconhecimento da própria capacidade e a aquisição da auto- estima, acreditando no próprio potencial e se valorizando. A segunda vertente envolve o respeito e valorização das suas competências perante o grupo e a consequente obtenção do reconhecimento público, ou hetero-estima. 5. Necessidade de auto-realização Envolve basicamente a questão da superação de desafios, de solução de problemas e remoção de obstáculos. Nesse nível da hierarquia, o indivíduo se completa como ser humano, sentindo que consegue a alavancada e a superação do seu potencial. Por estar ligado à resolução de problemas, nessa esfera, o indivíduo pode procurar superação por meio de auxílio ao próximo, busca de novos conhecimentos e prática de atividades inusitadas. Maslow (1943) considera que nesse último patamar o indivíduo deve ser coerente com sua essência “… temos de ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais”. Alguns profissionais de marketing vêm tentando entender seus consumidores por meio da hierarquização feita por Maslow, para entender um pouco melhor a sua aplicabilidade, vejamos o exemplo de hotéis e a necessidade de hospedagem em um consumidor nos diferentes estágios da hierarquia: a- Se uma pessoa estiver dirigindo em uma estrada, com dinheiro suficiente para hospedar-se onde quiser e estando com muito, muito, sono levará Comportamento do consumidor 14 em conta apenas sua necessidade fisiológica e se hospedará no primeiro hotel que encontrar, ou mesmo dormir no próprio carro, parado em um acostamento, por exemplo. b- Se essa pessoa não estiver com tanto sono assim, pensará em escolher um local mais seguro, como um hotel onde tenha garagem para seu carro. c- Se o grau de sono for um pouco menor, pensará em escolher um hotel onde terá um recepcionista para atendê-lo, um colchão macio, alguém para servir- lhe um lanche. d- Se o sono não for tão forte assim dirigirá por mais alguns quilômetros onde poderá se hospedar em um hotel do qual possa fazer referências a seus amigos. e- Por último, se o sono permitir, procurará um hotel onde possa se sentir como um rei, aquele hotel com o qual sempre sonhou. A ilustração a seguir demonstra de que forma essa hierarquização pode levar o indivíduo a uma escolha. Há diversas outras formas de análise e aplicabilidades da pirâmide de Maslow, como o posicionamento de que os indivíduos só conseguem ser motivados a partir das necessidades sociais, ou seja, o não atendimento de necessidades básicas (fisiológicas) e de segurança acaba por desmotivar o indivíduo e não o contrário – servir como fator de motivação para supri-las e subir na escala. Já em relação às hierarquias sociais, de estima e de auto-realização, estima-se que o não atendimento dessas necessidades geraria grande fator de motivação para a sua realização. Ou seja, o indivíduo ficaria motivado a trabalhar e enfrentar desafios para satisfazer essas necessidades. Deve-se levar em conta que, na visão do autor, um indivíduo só sente necessidade de mudar de escala na hierarquia a partir do momento que tem suas necessidades em uma esfera totalmente satisfeitas. Dessa forma, um profissional que ainda estiver trabalhando para se sentir seguro em seu emprego, não sentirá vontade de se socializar e aprofundar relações comseus colegas da organização. Mesmo sendo uma das teorias mais usadas, a hierarquização de Maslow também é alvo de grandes críticas, tanto por ser considerada uma teoria que precisa de atualizações quanto pelo fato de se contestar algumas considerações como em relação ao fato de que é possível um indivíduo se sentir auto-realizado sem conseguir mesmo atingir a satisfação de todas as suas necessidades fisiológicas. Comportamento do consumidor 15 Teoria psicanalítica A teoria de Sigmund Freud aponta que motivações são responsáveis pela aceitação ou rejeição de bens de consumo, sejam produtos ou serviços. Freud acreditava que para entender o comportamento humano era necessário mais do que apenas partir de observações desse comportamento, já que os resultados advindos dessa experiência podem ser superficiais. Dessa forma, para ele, era importante aprofundar as observações também ao interior (o lado sombrio), processo que mais tarde seria denominado por ele de inconsciente e subconsciente. Com isso, Freud estabeleceu três instâncias psíquicas como responsáveis pelo comportamento: o id, o ego e o superego. O id seria o responsável pelos impulsos primitivos – a fonte da energia psíquica. O ego, ligado aos princípios da realidade, seria o regulador dos impulsos selvagens do id. Já ao superego caberia a representação interna das proibições sociais. Fonte da imagem: http://karinabessamundopsi.blogspot. com/2010/09/id-ego-e-superego.html A psicanálise freudiana atua com a proposição de dividir o psiquismo humano em consciente; inconsciente latente (ou pré-consciente – que envolve a capacidade de manter a consciência) e o inconsciente reprimido (onde o nível de consciência não é mantido). Tem como seus pontos de destaque a compreensão do comportamento humano em relação aos impulsos inconscientes e as defesas do psiquismo contra esses impulsos inconscientes. A ampla difusão da teoria de Freud na cultura contemporânea acabou por criar diversos estudos que procuram enfocar o que ocorre dentro da mente dos consumidores no momento da aquisição do seu bem. Como a teoria psicanalítica aponta que as manifestações conscientes são resultados de expressões distorcidas dos desejos localizados no inconsciente, muitas atitudes dos consumidores acabam sendo vistos como manifestações do inconsciente. Pinheiro, Castro e outros (2006) apontam que o significado de um comportamento ou de uma atitude não deve ser buscado no plano consciente, mas sim nos motivos ocultos que estão situados no plano do inconsciente Os autores ainda destacam que se deve também ater ao caráter expressivo do consumo e não apenas para os seus motivos inconscientes, já que os consumidores projetam seus desejos nos produtos oferecidos e, a escolha destes ocorre de acordo com a capacidade que eles apresentem de satisfazerem (mesmo que provisoriamente) os impulsos inconscientes. Analistas de comportamento do consumidor, baseados em estudos para detectar o que leva os indivíduos a adquirirem certos produtos, buscaram utilizar a teoria de Freud para determinar que características e componentes dos produtos poderiam ter maior aceitação no mercado. Esses fatores foram estudados levando-se em conta a premissa que certos objetos de consumo poderiam satisfazer mais Comportamento do consumidor 16 a determinadas instâncias psíquicas do que outros. Gade (1980) aponta que a teoria de Freud é usada em marketing tanto na concepção de produtos que despertem o desejo inconsciente dos consumidores quanto no estabelecimento de apelos promocionais e publicitários que auxiliem explorem esses desejos. teorias sobre o comportamento de consumo As teorias comportamentais envolvem um conjunto de relações fisiológicas e comportamentais observáveis. Basicamente analisam as respostas emitidas com base em estímulos dados pelo ambiente, sejam eles espontâneos ou criados especificamente para exigir uma resposta. A principal teoria nesse sentido é a Behaviorista, também denominada comportamental (análise experimental do comportamento. A teoria Behaviorista se contrapõe às teorias que utilizam o método de introspecção, ou seja, que atuam com os processos psicológicos internos como memória e emoção, pois se utiliza da observação e descrição de comportamentos. John B. Watson foi um dos primeiros pesquisadores a trabalhar com essa teoria, com base na observação de estímulos de eventos ambientais e o comportamento que esses eventos geravam (respostas). Ele se inspirou no trabalho de Ivan Petrovich Pavlov que desenvolveu o modelo de condicionamento do comportamento, que ficou conhecido como condicionamento reflexo. Pavlov trabalhava com a proposta de condicionamento respondente, onde os objetos de pesquisa respondiam aos estímulos como forma de condicionamento. Burrhus F. Skinner traz a proposta de trabalhar com o condicionamento operante, ou seja a premiação para determinada resposta até condicionar o objeto de estudo a agir como esperado. Desenvolveu também a sistematização do modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. O condicionamento operante segue um modelo de estímulo descritivo, onde a probabilidade de resposta é aumentada pelo estímulo da recompensa (estímulo reforçador) ou então por uma punição (que venha a inibir a repetição do comportamento posteriormente, ao se ver frente a situações semelhantes). Vale destacar que o condicionamento operante difere do condicionamento respondente de Pavlov e Watson porque, no comportamento operante, o condicionamento do comportamento ocorre não por associação reflexa entre estímulo e resposta, mas sim pela probabilidade de um estímulo se seguir à resposta condicionada. Essa teoria também é utilizada para estudar o comportamento do consumidor, onde a influência no comportamento de compra ocorre com base nos estímulos presentes no meio ambiente de consumo, que levam o consumidor a produzir reações positivas (aproximação) ou negativas (afastamento) em relação aos produtos disponíveis. A técnica do condicionamento operante também pode ser percebida em algumas ações promocionais que oferecem “compras premiadas” com brindes para estimular o consumo com base na esperança de ser premiado pela ação. A imagem a seguir nos mostra que um brinde, ou um estímulo tornam mais fácil o cominho para chegar ao resultado esperado. Comportamento do consumidor 17 http://vilamulher.terra.com.br/gabireisp/e-tudo- 0800-9-6274741-120860-pfi.php Razão, emoção, atitudes e ambiente social As influências para a decisão em um processo de consumo passam por diversas etapas como análises racionais, atitudes emocionais e influências diretas do ambiente social. Essas análises podem trazer resultados significativos para profissionais de marketing e comunicação, que, com posse dessas informações podem estabelecer critérios e desenvolver planejamentos mais focados para atender aos interesses de seu público e, então, oferecer respostas positivas aos anseios desses consumidores. No entanto, é importante que se esteja muito atento aos dados, já que tanto atitudes quanto ambiente social são aspectos que oferecem diversas variáveis e nuances, conforme veremos nesse item. Teoria econômica De acordo com Pinheiro, Castro e outros (2006), a teoria econômica sobre o comportamento do consumidor, nasceu de uma perspectiva histórica, já que as pesquisas a respeito do comportamento do consumidor foram, inicialmente, tratadas pela microeconomia, já que sua área de interesse está restrita à avaliação das interações entre consumidores e produtores em um determinado mercado. Entretanto, como uso constante do bem adquirido, seja ele um produto ou um serviço, acaba ocorrendo gradativamente um decréscimo na satisfação psicológica do seu uso. Esse decréscimo de prazer é denominado de taxa de utilidade marginal e explica a sensação decrescente de retorno que o consumidor obtém ao utilizar o bem comprado depois de um uso prolongado. A teoria da Racionalidade Econômica permite o levantamento de uma série de fatores importantes para compreensão do fenômeno de compra, especialmente no que se refere ao uso de estímulos de marketing com o objetivo de influenciar o comportamento de compra dos consumidores. Essa teoria, no entanto, segundo Pinheiro, Castro e outros (2006) não permite compreensão mais aprofundada dos processos psicológicos que envolvem o comportamento de compra, já que felicidade e satisfação não são exatamente itens mensuráveis e, portanto, ficam a mercê de critérios subjetivos de análise. Comportamento do consumidor 18 Outro fator que gera críticas nesse sistema é que não leva em conta diferenças individuais, sociais e culturais que estão envolvidos nos processos de aquisição de produtos e serviços. A ilustração a seguir ilustra a frustração que pode causar a sensação de que o dinheiro não conseguiu ser usado para trazer o prazer esperado com a compra. http://www.arcauniversal.com/comportamento/noticias/ mulher_+_dinheiro_=_culpa-1665.html Classificação e tipologia do consumidor O conhecimento do consumidor por sua tipologia permite às organizações melhor direcionamento de produtos e serviços. No entanto, uma empresa que trabalha apenas com critérios de tipologia de clientes e de forma mais abrangente, tem uma margem de erro muito grande na previsão do comportamento desse cliente. Quanto mais específica for a classificação, maiores serão as chances de atingir satisfatoriamente o cliente, já que possibilita a personalização e a segmentação do mercado. O fundamento da segmentação de mercado baseia-se na idéia de que um produto comum não pode satisfazer necessidades e desejos de todos os consumidores. O motivo é simples: os consumidores são muitos, dispersos em diversas regiões; têm hábitos de compra variados, gostos diferenciados e variam em suas necessidades, desejos e preferências. Assim sendo, não se pode tratar todos da mesma forma, bem como não se pode tratar todos de forma diferente. O que se pode fazer é tentar reunir grupos de pessoas com características, preferências e gostos semelhantes, e tratá-los como se fossem iguais. A segmentação (ou recorte) de mercado pode ser efetuada pelos mais diversos critérios de classificação e tipologia do consumidor, conforme expostos a seguir: Tipologia por critérios demográficos As características demográficas descrevem aspectos da população e possibilitam seu reconhecimento e agrupamento por meio de estratégias mercadológicas. Esse critério permite a análise do consumidor por diversos recortes e pode também utilizar uma junção de recortes de forma a trazer resultados mais consistentes. Alguns dos itens que compõem o critério demográfico são: sexo, idade, classe social, etnia, nacionalidade, renda, grau de escolaridade, profissão, religião, estado civil, tamanho da família, entre outros. A seguir, analisaremos alguns desses critérios: ● Sexo: Comportamentos de ho- mens e mulheres, na maioria das vezes e para diversos temas, não são iguais, além disso, há vari- ações também em padrões de produtos para cada sexo especí- fico. Análises mais aprofundadas desses aspectos possibilitam ações mercadológicas mais acer- tadas. ● Grau de escolaridade: A lin- guagem utilizada na comuni- Comportamento do consumidor 19 cação, padrões de redação de manuais e de outros itens podem ser direcionados quando se con- hece o grau de escolaridade e de compreensão do seu público consumidor. ● Profissão: Termos técnicos, pa- drões de comportamento profis- sional englobam algumas car- acterística que distingue o perfil desse segmento. ● Religião: o perfil demográfico fo- cado em religião engloba tendên- cias de compras de produtos específicos, vestuários, utensílios para rituais religiosos, entre out- ros ● Estado civil; solteiros, casados, divorciados, viúvos podem ter necessidades e expectativas diferentes, da mesma forma que o mercado para segmentos de noivos apresenta inúmeras pos- sibilidades exatamente por seu padrão de compras como objetos para enxoval, itens para a festa do casamento, entre outros. ● Etnia: a segmentação de con- sumidores por etnias possibilita conhecer alguns aspectos difer- enciais em relação às suas ne- cessidades, como maquiagem segmentadas para atender às diferentes tonalidades de pele, produtos para cabelos com car- acterísticas relacionadas a algu- mas etnias, além de produtos segmentados para alimentação, vestuário, objetos de devoção de algumas etnias específicas. ● Classe social: indivíduos de class- es sociais diferentes apresentam características diferentes em relação ao seu grau de exigência de qualidade de produto, per- sonalização e exclusividade dos produtos, também em relação a preços, formas de pagamento, entre outros. ● Nacionalidade: as diversas seg- mentações formadas pelos imi- grantes trazem valores, crenças e costumes de suas origens e formam grupos que podem se tornar alvo de interesse mercad- ológico. Os interesses podem ser simplesmente nas tradições da sua região, como trajes indianos ou envolver mescla de outras características predominantes no local, como a predominância de uma religião. Ex: comida kosher (preparada com os preceitos judáicos) ● Idade: Dependendo da seg- mentação efetuada por idade, é possível suprir praticamente todas as necessidades do público almejado. Por exemplo, uma loja para crianças de zero a 12 meses pode oferecer roupas, calçados, fraldas, mamadeiras, chupetas, brinquedos, berços, produtos de higiene, banheiras, cadeirinhas e outros utensílios necessários para atender ao que uma criança nessa faixa etária necessita. ● Tipologia por critérios psicográficos As características psicográficas descrevem aspectos da população que envolvem estilo de vida, atitudes, percepção, interesses e opiniões. Permite a segmentação do mercado por comportamentos como: hábitos de consumo, valores, modos de pensar e agir, o que propicia criar produtos ou serviços que realmente sejam do interesse desses consumidores e também desenvolver estratégias de comunicação que falem exatamente a “mesma língua” que o público de interesse. A tipologia por critérios psicográficos envolve basicamente os traços cognitivos, emocionais e as atitudes, conforme veremos a seguir: Comportamento do consumidor 20 ● Traços cognitivos: enfatiza o com- portamento do consumo como um processo de tomada de de- cisão por meios cognitivos, ou seja, através da busca de con- hecimento para tomar essa de- cisão. Dessa forma, envolve o processo de conhecimento do produto ou serviço a ser adquir- ido por meio de exploração da herança intelectual e cabedal de informações retidas, que possi- bilitam chegar a uma conclusão lógica sobre a melhor escolha a ser feita. A capacidade cognitiva envolve todo mecanismo utilizado para entender, assimilar, relacio- nar e entender os processos em que o indivíduo está inserido para tomar decisões de forma pon- derada e analítica. ● Traços emocionais: enfatiza o comportamento de consumo por meio de decisões tomadas com base em aspectos emocionais e não de forma raciocinada. Os aspectos emocionais vêm se tor- nando cada vez mais relevantes como influenciadores no processo de decisão de compra. Com essa característicasurgiu o conceito de consumo hedônico, onde os indivíduos não tomam decisões exclusivamente racionais, lev- ando em conta aspectos como fantasia, diversão, sentimentos, tudo isso se contrapondo ao modelo de processamento de in- formações que delineia o aspecto cognitivo. No consumo hedônico, os indivíduos vivem uma relação emocional de fantasia com os produtos e serviços adquiridos. ● Atitudes: a segmentação atitu- dinal se processa por meio de comportamento semelhante em relação ao consumo. Leva em conta não apenas o aspecto de influência na compra, mas sua atitude frente a ela. A figura apresentada a seguir representa a coletividade e a possibilidade de segmentação com base em tipologias específicas: Fonte da imagem http://competitiveness-forum.blogspot. com/ 2009/03/processo-de-segmentacao-de-mercado. html Consumidor e grupo social Grupo social é um conjunto de pessoas que pertencem a uma mesma sociedade que se relacionam por partilharem os mesmos interesses e que têm objetivos em comum. Esse conjunto de pessoas partilha uma interdependência funcional, o que gera influência do grupo sobre a conduta dos seus integrantes. A conduta dos indivíduos é fortemente influenciada pelos grupos com os quais convivem, geralmente opiniões de amigos, chefes, professores, entre outros, são levadas em conta na hora de tomar alguma decisão. Algumas dessas influências nem são percebidas diretamente, mas acabam por se inserir no processo de compra. Por exemplo, um indivíduo pode se decidir por comprar determinado modelo e marca de produto por ter visto seu chefe usando o mesmo produto e ter associado essa imagem com qualidade, status, ou quaisquer outros significados que possam influenciar a sua compra. Essa influência, mesmo que não intencional, pode afetar e modificar alguns Comportamento do consumidor 21 valores e percepções do indivíduo, mesmo que inconscientemente. É muito relevante a importância dos grupos sociais para o estabelecimento de estratégias de marketing. Como os integrantes de um grupo social partilham ideias diversas, cada integrante do grupo acaba por condicionar as decisões e compras dos demais. Assim, conhecendo a características dos diversos grupos sociais e suas influências nos indivíduos, é possível para os profissionais de marketing levar seu produto para mais perto do seu público de interesse. Esse tipo de influência do grupo sobre o indivíduo é, muitas vezes, reproduzido na publicidade, já que há uma representação do grupo social com o qual se identifica o consumidor que esse anúncio pretende atingir. Os grupos sociais podem ser divididos com base no tipo de relação com seus associados e pode se subdividir em: ● Grupos primários: envolvem os pequenos agrupamentos que se caracterizam por sua conexão íntima, onde imperam as relações são mais estreitas e mais freqüentes. Nessa divisão incluem-se os grupos familiares, vizinhança, amigos pessoais e outros. ● Grupos secundários: englobam organizações sociais onde a comunicação é menos freqüente e menos interativa, predomi- nando as relações impessoais e formalizadas. Nessa categoria distinguem-se os grupos profis- sionais, religiosos e sindicais. ● Outra forma de divisão dos gru- pos sociais é em relação ao grau de inclusão do indivíduo e pode ser dividido pelos seguintes as- pectos: ● Inclusão real: é o grupo de pert- encimento, onde o indivíduo está inserido de fato - compreendem todos os grupos nos quais volun- tariamente ou não, o indivíduo toma parte, pelas suas carac- terísticas sócio-econômicas ou outros aspectos pessoais. Nesses grupos incluem-se a família, os grupos de amigos, os grupos formais sociais (como igrejas, associações e outros) e os grupos de trabalho. ● Inclusão simbólica: são os grupos de referência. Aqueles aos quais o indivíduo não pertence, mas gostaria de pertencer ou ser visto como um de seus integrantes. São aqueles que o indivíduo tem como modelo a ser seguido. ● Deve-se atentar para o fato que os grupos de referência influ- enciam o comportamento in- dividual. O desejo de sentir-se um integrante daquele grupo ou parecer-se com esses integrantes faz com que o indivíduo adote al- gumas posturas de consumo se- melhantes ao grupo de referência e não ao grupo a que pertence. ● Esses grupos de referência po- dem conter alguns integran- tes que podem ser vistos como líderes de opinião e têm forte poder de influência sobre com- portamento e compra para os demais indivíduos. Aspectos sociais modificando o mercado Alguns fatores como o número de integrantes por família podem modificar todos os hábitos de consumo e promover mudanças consistentes no mercado. O profissional de marketing deve acompanhar as mudanças que possam ocorrer nesse sentido para tentar se preparar para as conseqüências dessas alterações. Comportamento do consumidor 22 A taxa de natalidade em determinada região pode impactar na mudança de toda uma sociedade e alterar seus aspectos econômicos e mercadológicos. Essas mudanças devem gerar adaptações e novos focos/ interesses mercadológicos. A seguir, acompanharemos algumas alterações ocorridas em breves espaços de tempo nos tamanhos das famílias norte- americanas e o seu impacto no mercado: ● Durante a grande depressão (anos 30) houve grande queda nos nascimentos nos EUA. A mé- dia de filhos por família caiu de 2,6 para 2,1 (cerca de 25%). ● Posteriormente à segunda Guer- ra Mundial (até 1964) houve uma explosão na taxa de natalidade. A média de filhos por família ul- trapassou 3,8. ● Em 1976, com a entrada da mulher no mercado de trabalho e a criação da pílula anticoncep- cional, a taxa de natalidade por família caiu para 1,8 – abaixo do nível de reposição. ● Em 1980, havia menos de 25 milhões de norte-americanos com faixas etárias entre 40 e 49 anos. Em 2000 esse número praticamente dobrou. ● Com o passar do tempo, as crianças nascidas no período da explosão demográfica ficam mais velhas e alteram a natureza do mercado. ● Entre 1995 e 2005, o grupo de pessoas entre 25 a 34 anos diminuiu cerca de 12% e o grupo composto por crianças com menos de 5 anos caiu cerca de 4%. O grupo de adultos entre 50 e 70 anos e o grupo com mais de 75 anos apresentaram grande crescimento. Ao acompanhar e analisar essa situação, é possível atuar com projeções de produtos/ serviços mais precisas levando-se em conta as questões etárias, já que pelo recorte presente é possível ter estimativa da formação dos grupos futuros em cada faixa etária Grupos sociais e subcultura O conceito de subcultura é de grupos compostos por membros onde predomina uma característica unificadora e que compartilha padrões semelhantes de comportamento. A subcultura envolve uma grande mistura cultural, composta por costumes, hábitos, culturas diferentes vindos, por exemplo, com a imigração. A subcultura também pode advir de subgrupos formados na sociedade baseados em classes sociais, idade e outras formas de segmentação demográfica que propiciam a formação de nichos isolados da sociedade. Alguns grupos sociais são formados por sua subcultura, ou seja, pela cultura que predomina naquele grupo frente à cultura geral do seu segmento. As necessidades, aspirações e desejos que se tem aos 5 anos diferem das necessidades que se tem aos 20 ou aos 65 anos. No entanto, dentro de um grupo de jovens, podemos encontrar grupos que se subdividem por seu gosto musical ou por suas preferências culturais, como jovens emos, metaleiros, darks, punks, patricinhas, mauricinhos, góticos, entre outros. Da mesma forma ocorre com o público da terceira idade, temos algunsque estão preocupados com adquirir novos conhecimentos e procuram cursos universitários específicos para sua faixa etária, outros procuram grupos de atividades físicas e outros. No entanto, a faixa etária pode também ser crivo de padronização de comportamentos Comportamento do consumidor 23 mais abrangente, que ultrapassa fronteiras, suplanta culturas regionais, perfis demográficos e passa a demonstrar padrões semelhantes de comportamentos baseados principalmente na historicidade e nos fatos ambientais que caracterizaram aqueles subgrupos ou subculturas. Características mais comuns de identificar subcultura: ● Nacionalidade (hispânica, itali- ana, polonesa) ● Etnia (negros, orientais) ● Região (camponeses do sertão paulista) ● Idade (idosos, adolescentes, cri- anças) ● Religião (católica, judeus, espíri- tas) ● Sexo ● Classe social (incluindo concei- tos aqui como classes A, B, C ou classe média – classe alta). A seguir veremos alguns subgrupos de consumidores que apresentam padrões semelhantes de comportamento e têm como principal característica comum o período de nascimento. Os Baby Boomers Foi assim designada, a geração de norte- americanos nascidos entre 1946 e 1964 (período do boom de bebês pós segunda guerra). Essa “explosão” de nascimento gerou um grande impacto sobre a economia americana. Em 1970, a maioria dos boomers tinha idades variando entre 6 e 24 anos. As empresas de refrigerantes e fast foods tiveram grande acréscimo em suas vendas, já que são produtos predominantemente consumidos por jovens. Em 1995 os primeiros boomers chegaram aos 50 anos (os demais estavam entre 30 e 40 anos). Esses consumidores, com boa situação financeira, possuíam novo conjunto de necessidades e desejo por produtos. A demanda por mobília aumentou com os boomers que procuravam móveis caros, cortinas, tapetes. Os EUA contam com cerca de 100 títulos de revistas especializadas em arquitetura e construção, já que esse parece ser um dos focos de interesse dessa geração. A medida que os gostos e preferências dos boomers se modificam, as receitas e lucros dos fabricantes são enormemente afetados (para mais ou para menos), dependendo do caminho que esses fabricantes sigam. Os que acompanham as tendências dos boomers acabam por ganhar ainda mais dinheiro, os que continuam atendendo o segmento antes preenchido pelos boomers e posteriormente preenchido pela geração X (filhos dos boomers) acabam perdendo dinheiro, já que essa geração não apresenta interesses semelhantes aos da geração anterior. Em 1981 a Levi’s era a maior fabricante de jeans chegando a produzir 560 milhões de unidades. Na metade da década de 80 os lucros chegaram a cair e em 1988 a queda chegou a 20%. A solução foi criar calças mais largas, de sarja, para os boomers mais velhos e hoje fatura cerca de 1 bilhão de dólares por ano com esse modelo de calça. O Mc Donald’s que tem como target (e mão-de-obra) os jovens, também viu seu público diminuir a medida em que os boomers iam envelhecendo e, além de ver seu faturamento declinar, ainda precisou se adaptar contratando aposentados por não encontrar jovens suficientes dispostos a trabalhar para o conglomerado. O grupo composto pelos boomers é considerado uma subcultura pelas semelhanças em seu estilo de vida, em detrimento à cultura geral. Comportamento do consumidor 24 http://usafamilymedicine.wordpress.com/2010/08/22/as- baby-boomers-grow-old/ Geração X Compreende a geração de indivíduos nascidos entre 1965 e 1980, durante o período de redução de nascimentos. Essa geração também é conhecida por afterboomers. A princípio, essa geração foi ignorada pelo mercado, mas com o envelhecimento da geração de boomers o mercado se voltou para eles e precisou se adaptar para atender aos seus anseios. Por serem em menor número que os boomers, o mercado precisa competir por eles – tanto como consumidor quanto como profissional, já que apresentam postura mais negativa em relação ao trabalho, não se envolvendo tanto com as corporações quanto a geração anterior e por terem menos profissionais disponíveis no mercado. Essa geração ficou conhecida por valorizar a religião e os rituais formais (como bailes de estudantes) numa forma de responder ao descaso de seus pais a toda e qualquer ritualidade. A geração X protagonizou o fenômeno denominado “adolescência global” – onde pessoas mesmo vivendo em diferentes países, porém com históricos e escolaridades semelhantes, apresentaram comportamentos bem parecidos. A MTV e a Fox (especialmente com os Simpsons) vêm focando esse público. O segmento editorial também mirou esse público e várias revistas surgiram para esse target, focando principalmente música, celebridades e estilo de vida. Essa geração é responsável por cerca de 30 % do consumo dos automóveis da Nissan. Outros produtos também vêm se desdobrando para tê-los como consumidor. A Heinz lançou uma campanha publicitária de 50 milhões de dólares, em 1999, para levar os consumidores a voltar a consumir ketchup. http://readwriteweb.com.br/2009/10/08/esquecam-a- geracao-y/ Principais características da Geração X ● Busca da individualidade sem a perda da convivência em grupo. ● Maturidade e escolha de produtos de qualidade. ● Ruptura com as gerações anteri- ores. ● Maior valorização de indivíduos do sexo oposto. ● Busca por seus direitos. ● Respeito menor às opiniões familiares que o de outras ger- ações. ● Procura de liberdade. ● Revalorização de rituais e aspec- tos espirituais Comportamento do consumidor 25 http://oceusobreberlim.blogspot.com/2005/06/x-this-from- your-vocab.html Geração Y Envolve pessoas nascidas entre os anos 1980 e 2000. É também chamada geração do milênio; geração Next ou Millennnials. Essa geração é composta de filhos dos integrantes da geração X e netos dos boomers. Os integrantes dessa geração normalmente estão envolvidos com ativismo político e são ambientalistas. É uma geração mais heterogênea em termos raciais e sócio- econômicos. São filhos geralmente de pais separados ou solteiros – vivem normalmente com apenas um dos pais. Para essa geração, o dinheiro é resultado do trabalho e significa independência e estabilidade, que são usadas como mecanismos para a obtenção de prazer. As associações dessa geração com consumo são geralmente positivas e com focos emocionais. Essa geração não é tão ligada a marcas como a geração de seus pais, se preocupando mais com os resultados obtidos com a compra, por isso se procuram mais com qualidade e conforto. Boas experiências anteriores com a marca são essenciais para a recompra dos integrantes dessa geração. A geração Y procura estabilidade em seus relacionamentos amorosos, já nos relacionamentos profissionais e outros, desconhecem o conceito de autoridade e tratam a todos como iguais, sem respeitar hierarquia. Principais características da geração Y ● Estão sempre conectados. ● Procuram informação fácil e ime- diata. ● Preferem computadores a livros. ● Preferem emails a cartas. ● Digitam ao invés de escrever. ● Vivem em redes de relaciona- mento. ● Compartilham tudo o que é seu: dados, fotos, hábitos. ● Colocam a vida pessoal em primeiro lugar. ● Estão sempre em busca de novas tecnologias. Fonte da imagem: http://retalhos-xana.blogspot. com/2008_12_01_archive.html Além dessas três principais gerações, outros subgrupos formados por aspectos comportamentais, mais do que especificamente por período de nascimento, vêm sendo estudados como tendências de marketing. Alguns desses subgrupos já são Comportamento do consumidor 26 recortesdesses três subgrupos apresentados. São eles: Geração Z Essa geração define-se basicamente por suas características comportamentais e exatamente não por um período, porém concentra principalmente nascidos entre 1990 e 2009. É uma geração preocupada com a conectividade permanente com os demais indivíduos e está constantemente disponível através de dispositivos móveis. Para essa geração, a noção de grupo passa a ser virtual, porém apresenta forte responsabilidade social, além de preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade do planeta. Principais características da geração Z ● Estão sempre disponíveis por conexão móvel. ● Preferem relacionamentos vir- tuais a relações reais. ● Têm equipamentos eletrônicos como TV, aparelhos de som, computador , individual e os usam sozinhos. Geração M A geração M é multimeios - utiliza vários meios ao mesmo tempo, para se informar e também para se socializar. É também denominada “geração media” (ou mídia), dada à tremenda exposição diária a todos os meios de comunicação de massa. Alguns autores atribuem o M também às características de multiatarefados, multiconectados, multidiversidade, já que outra característica predominante desse subgrupo é desenvolver múltiplas atividades simultaneamente. Geração XY Classificação criada para determinar indivíduos da geração X que se comportam como integrantes da geração Y e vice-versa. ● Classifica indivíduos da Geração Y que buscam reconhecimento da forma que a geração X fazia. ● Classifica integrantes da geração X que usam ativamente redes sociais para se relacionar e usa a internet massivamente (como faria geração Y). Geração W A Geração W também não pode ser considerada uma geração, mas sim um subgrupo de uma geração – no caso, a Y. Incluem-se neste grupo pessoas nascidas a partir de 1991 até aproximadamente 2000. É a subdivisão da Geração Y, composta por pessoas que, quando criou-se a nomenclatura Y, ainda não haviam entrado no mercado de trabalho. Ou seja, essa subdivisão engloba a geração nascida dentro do período da geração Y que chegou mais tarde ao mercado de trabalho e que já encontrou esse mercado se adaptando à nova geração. A alusão ao W vem da internet dos 3 Ws usados nos endereços eletrônicos na “World Wide Web”, ou seja, pessoas da geração internet. Pensam, escrevem e agem como se estivessem sempre no mundo virtual. Normalmente usam linguagem própria de computador até mesmo para trabalhos acadêmicos e criam siglas para poder se expressar pelos meios digitais de forma mais prática, como o uso da letra S e do número 2 (S2) formando uma espécie de coração, para manifestar amor. Comportamento do consumidor 27 Geração Alpha A Geração alpha/ou geração alfa envolve crianças nascidas após 2010. Mesmo sendo ainda bebês, essa geração já é bastante comentada. Serão os filhos da geração Z e dos últimos integrantes da geração Y após 2010. Estima-se que desde bebês já estarão conectados ao mundo – com ampla e completa afinidade com itens tecnológicos. Gerações e Tendências Mercadológicas Os comportamentos específicos e genéricos de cada geração são explorados por diversos segmentos de produtos/serviços. As características de cada geração ditam tendências e geram produtos e serviços que atendem aos anseios específicos desses subgrupos. O profissional que atua com marketing, comunicação, tendências, ou quaisquer outras esferas que lidem diretamente com o consumidor, precisa entender a forma como esse público vê o mercado para poder oferecer aquilo que ele procura, seja em que esfera for. http://espiritualidadeorganizacional.blogspot.com/2011/04/ geracao-y-se-nao-pode-vencer-alie-se.html As pesquisas de mercado e análises de comportamento social são utilizadas também para prever e se preparar para novas demandas, já antevendo as necessidades futuras dessas gerações. Com isso, o conceito de demanda reprimida vira obsoleto, já que quaisquer desejos e expectativas latentes poderão ser detectadas previamente, trabalhado-se assim para atender esses anseios antes mesmo que eles se manifestem exteriormente. Etapas de preparação para a compra As etapas de preparação para a compra passam de pesquisas de produtos e serviços mais indicados, comparação de preços, comparação das vantagens e diferenciais oferecidos, até os questionamentos da real necessidade da aquisição do novo bem. Cada perfil de consumidor apresenta particularidades nessas etapas e busca referenciais que mais lhe auxiliem nessa decisão partindo de experiências próprias e de terceiros, referências, relação custo benefício, entre outros. Essas etapas de preparação ocorrem tanto no âmbito interno quanto externo, ou seja, o consumidor precisa buscar referências e termos de comparações tanto por suas experiências, emoções, interesses, quanto pelas informações, divulgações e outros fatores que promovam a promoção e a venda do produto ou bem a ser consumido. A seguir veremos algumas das experiências que mais impactam no processo de decisão de compras. Comportamento do consumidor 28 Experiências vivenciais As experiências vivenciais que influenciam no poder de decisão de uma compra podem ser próprias ou de segunda mão, ou seja, podem se referir a experiências de consumo do próprio indivíduo ou de alguém relacionado a ele. Essas experiências podem ser agradáveis ou desagradáveis, mas nunca indiferentes. As experiências que marcam positivamente uma compra tendem a gerar novas compras pelo prazer e satisfação gerados. Já as experiências que marcam de forma negativa uma aquisição acabam por causar uma impressão que não se quer repetir e, por isso, acaba por ser elemento de repressão para demais compras do mesmo produto ou serviço. Integrantes de um mesmo grupo social compartilham suas experiências e esse compartilhamento acaba por gerar impressões “de segunda mão” nos demais indivíduos do grupo, ou seja, caso alguém tenha vivenciado uma experiência muito positiva com algum produto ou serviço, ao compartilhar essa experiência com os demais integrantes do grupo acaba por transmitir um pouco desse sentimento positivo para os outros. No caso inverso, da experiência ter sido negativa, o processo também é semelhante, as pessoas acabam sendo impactadas negativamente por essa experiência e a impressão negativa também fica registrada nos demais integrantes do grupo. Os profissionais de marketing vêm explorando essa questão de experiências vivenciais em estratégias denominadas de life experiences, ou marketing de experiências, onde levam os clientes a vivenciar situações agradáveis envolvendo o produto para que essas sensações possam impregnar o consumidor e influenciar em suas próximas compras, ou nas próximas compras de algum indivíduo de seu grupo de referência e que possa ter sido impactado positivamente por meio da transmissão da história dessa participação. Expectativas em relação ao consumo As expectativas em relação ao consumo diferem de indivíduo para indivíduo, por contemplar uma junção de elementos que podem atender essas expectativas. Para entendermos melhor a questão das experiências vivenciais, é importante ressaltar que uma compra pode ser feito por motivos primários ou por motivos seletivos. Em uma compra por motivos primários, busca-se atender a necessidades básicas que possam ser satisfeitas por uma gama extensa de produtos e serviços. Ou seja, não há qualquer direcionamento para esta ou aquela marca, este ou aquele produto, o que se busca é realmente atender uma necessidade, suprindo-a com algum produto específico. Já em relação aos motivos seletivos, as expectativasde uma pessoa só podem ser atendidas e suas necessidades satisfeitas mediante a aquisição de um produto muito especial ou de uma marca específica. Esses motivos seletivos podem estar diretamente relacionados a uma experiência satisfatória, ou seja, após vivenciar uma boa experiência com um determinado produto, o indivíduo pode passar a desejá-lo, fazendo um referencial entre as vivências anteriores e as expectativas atuais. Caso todas as experiências anteriores com o produto tenham sido prazerosas, as expectativas serão extremamente favoráveis, o que pode criar ansiedade e até mesmo alguma tensão em relação ao fato de que suas expectativas podem não ser atendidas em parte, ou em sua totalidade. Aqui deve-se antes abrir um espaço para diferenciar necessidades e desejos. As necessidades são básicas, fazem parte do indivíduo e visão suprir os elementos essenciais da condição humana, como alimentos, bebidas, roupas, entre outros. Já Comportamento do consumidor 29 os desejos são manifestações da vontade do indivíduo e podem estar relacionados às necessidades. Por exemplo, as pessoas têm necessidade de se alimentar e qualquer alimento supriria essa necessidade, mas uma pessoa pode ter desejo de comer determinado alimento, como um sanduíche de determinada marca de fast food. Alguns autores apontam que quando as necessidades se tornam mais sofisticadas e específicas podem ser descritas como desejo. Os desejos são adquiridos durante a vida e são criados por diversos apelos, como pela publicidade, por exemplo, já algumas necessidades também podem ser criadas em virtude do meio em que se vive. Exemplificando, atualmente é difícil imaginar algum indivíduo que consiga viver sem luz elétrica, mesmo essa não sendo uma necessidade física, ou básica para a sua sobrevivência. Essa necessidade foi determinada culturalmente. Alternativas para escolha do produto Normalmente, para escolher um produto ou serviço, os indivíduos se defrontam com um imenso leque de alternativas e sem saber como proceder. O consumidor, para tomar a decisão mais acertada acaba por fazer uso de diversos subterfúgios, como consultar dados, questionar conhecidos, levantar informações novas sobre a empresa ou o produto, ou ainda sobre possíveis concorrentes. Nesse processo, o indivíduo está justamente pondo em prática os conceitos vistos anteriormente nessa disciplina, ou seja, ele está realizando uma atividade de aprendizado, por meio da experimentação (sua ou de outros), para chegar às suas conclusões e adotar uma ação. Esse padrão de conduta acaba por gerar um hábito específico de consumo, ou seja, uma rotina de como agir ao analisar as alternativas para a escolha de um produto. Um hábito de consumo envolve um processo mais simplificado de tomada de decisão, onde algumas alternativas de análise acabam sendo praticamente eliminadas, por já terem sido desconsideradas em outros momentos de consulta. Nesse processo de uso de alternativas para a escolha de um produto, a memória é um instrumento de suma importância, já que acaba por conduzir e direcionar as alternativas para se alcançar o melhor resultado. Dessa forma, algumas situações registradas na memória, sejam situações vivenciadas, ou conhecidas por algumas outra forma, acabam por dirigir o processo de escolha. Em virtude disso, as organizações vêm investindo cada vez mais na criação de fatores situacionais que possam trazer algum impacto para o consumidor e, dessa forma, ser registrado na memória, para oferecer uma vantagem competitiva em um processo de escolha. Destacam-se aqui ações simples, mas que podem ser de grande impacto em momentos de escolha, como a ambientalização de uma loja, a inserção de música ambiente, a odorização do ambiente, um ótimo atendimento, entre outras. Representações sociais, julgamento do consumo e pesquisas As representações sociais são formas de conhecimento que são vivenciadas em grupos ou partilhadas por grupos e que possuem aspectos afetivos e simbólicos. Deve-se destacar que mesmo sendo vivenciadas e partilhadas com o grupo, essas experiências acabam por produzir resultados individuais em cada participante, ou seja, assim como em todo processo de conhecimento, cada indivíduo utiliza seu Comportamento do consumidor 30 próprio repertório e atua em seu ritmo, chegando a resultados diferentes dos demais integrantes do grupo. No entanto, o compartilhamento das experiências individuais com o grupo acaba por gerar uma realidade grupal, que auxilia em uma tomada de decisão. Vale ressaltar que em um processo de consumo, as representações sociais sobre produtos e serviços geram a imagens negativas ou positivas sobre estes, o que resulta em fator preponderante na hora de decidir por sua aquisição (ou não). Esse processo decisório pode ser o caminho da ancoragem ou da objetivação. Na ancoragem, o indivíduo aquilo que ainda não conhece do produto ou serviço, com categorias e imagens já conhecidas (do produto ou de outros) para embasar a sua decisão. Já no processo de objetivação, o indivíduo classifica, nomeia e estabelece relações entre categorias e rótulos para tomar a sua decisão. As representações sociais são inatas, no entanto seu conteúdo pode sofrer alterações. Elas estão disponíveis na consciência, ou seja, são facilmente perceptíveis e identificáveis, por isso, são mensuráveis. A representação social é formada por meio de julgamentos sociais sobre os fenômenos partilhados socialmente e influenciam individualmente. Alguns produtos podem ser estigmatizados com imagens negativas, e, dessa forma, acabam sendo desconsiderados socialmente, mesmo que individualmente algum consumidor o achasse interessante. Como exemplo podemos citar o fato de que fumantes vêm sendo vistos de forma negativa por algumas empresas, dessa forma, as agências de emprego tendem a descartar essa alternativa entre os seus candidatos, mesmo que alguma empresa não se preocupe com isso, não terá como contratar um fumante porque as agências não terão esse profissional. Portanto, como se pode ver, a etapa de alternativas acaba envolvendo um complexo processo psicológico e social. Dessa forma, é possível perceber que todo processo de consumo acaba sendo norteado por um juízo de valores, um julgamento, que acaba impedindo ou credenciando esse consumo. Esse processo de julgamento é influenciado por fatores subjetivos (individuais) e normas sociais. Para acompanhar mellhor esse processo, é possível desenvolver pesquisas com base em entrevistas que possibilitem ouvir consumidores que relatem suas experiências no âmbito das representações sociais. As pesquisas podem ser qualitativas, para trazerem conteúdo mais aprofundado, mas também podem ser quantitativas, já que, como dito antes, as representações sociais são mensuráveis. Elementos influenciadores de compra Os fatores que influenciam o comportamento de compra podem ser divididos em três principais grupos: psicológicos; socioculturais; e situacionais. O cliente realiza suas compras, após tomar sua decisão de acordo com as características envolvidas em um conjunto de funções, tais como: pensamento, comportamento e sentimento que acabam por determinar na escolha do cliente. A seguir, vamos conhecer um pouco mais esses três grupos: ● Fatores psicológicos – estão relacionados ao conjunto das funções cognitivas (pensamen- tos), conativas (comportamento) e efetivas (sentimentos) que in- terferem no processo de compra. Estão atribuídos às questões do consumidor isolado, onde a de- cisão envolve apenas suas carac- terísticas psicológicas. Os fatores psicológicos envolvem percep- ção, aprendizagem, memória,
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