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PREFÁCIO Foreword Yes, this is which we were waiting for! A new and useful weightlifting book written by somebody who really knows what weightlifting training is. I met Edmilson first 10 years ago at the Panamerican Games of Winnipeg. He was competing for one of my favourite countries, Brasil and I was coaching the Salvadoran team. Besides our most common “topics”: weightlifting, the Spanish language helped us to form a real friendship. I immediately noticed his deep commitment for weightlifting and also his high level’s professional knowledge. I gladly noticed when he became a coach. Well, this Brazilian strong man, great former athlete and great coach did something which is not an “every day’s” achievement amongst the coaches and trainers. He wrote a book about our beloved weightlifting. Not many of ours are able to do that. I found the book excellent, useful and well structured. I recommend it for all coaches, trainers and at all level. There is a saying in my home country, Hungary: “...have a child, plant a tree and write a book, then your life becomes meaningful.” I take the opportunity to congratulate to my friend Edmilson and I hope this book was not the first one. Than you for the opportunity to write the foreword. Leeds, April 2, 2009 Tamas Feher Great Britain Head coach Former President of the Hungarian Weightlifting Federation DEPOIMENTO DE ATLETAS E PROFISSIONAIS Tess Oliveira Goleira seleção brasileira pólo aquático "Treinar com levantamento de peso olímpico e importante pois me ajuda a desenvolver uma consciência corporal melhor, me auxiliando na explosão e na condição técnica dentro da água." Tiago Camilo Atleta seleção brasileira de Judô "Meu primeiro contato com Levantamento Olímpico foi em 2006 e depois disso não parei mais. O resultado do trabalho foi ótimo, aumento de força e potência, sem dizer que as lesões diminuíram muito. Sinto-me mais fortalecido e o corpo mais equilibrado, e nesse próximo ciclo Olímpico Londres 2012 o trabalho será fundamental." Guilherme Rosa Atleta seleção brasileira de Handebol "O levantamento de peso olimpico é uma modalidade que tive o prazer de conhecer mais,e começar a praticar no ano de 2005. No meu ponto de vista,acho que todos atletas de alto rendimento,independente da modalidade,deveriam praticar o levantamento como um complemento do treino,pois a melhora da performance e o resultado do treinos sao nítidos,e podem ser notados com poucos meses de treino. O levantamento de peso é uma modalidade que complementa o meu treino hoje,e que sempre fara parte do meu treino ate o fim da minha carreira de atleta! " Tarsis Humphreys Atleta campeão mundial Jiu-jitsu "Para mim o levantamento olimpico e o melhor treino para lutadores , fortalece o corpo inteiro trabalha coordenacao motora , equilibrio , concentracao , forca e explosao tudo isso e preciso para ser um bom lutador , tambem precebo que esse tipo de treino nao interfere em nada na minha flexibilidade , consigo fazer todos movimentos que preciso sem me sentir atrofiado , contrario da musculacao tradicional , que deixa o atleta travado . Desde que comecei no levantamento parei de sentir dores na minha lombar , pois hoje tenho essa regiao muito fortalecida , tambem ganhei muita forca , em movimentos explosivos , e posso exigir mais de mim durante as lutas , tambem senti que estou bem mais protegido contra lesoes . Se eu tivesse descoberto o levantamento olimpico antes com certeza teria mais titulos do que tenho hoje na minha carreira de lutador " Roberto Chiappini Técnico de Pólo aqático "O treinamento com levantamento olímpico ajudou em muito na preparação dos meus atletas,principalmente com relação a ganho de potencia e também na recuperação de atletas lesionados. O treinamento com levantamento olímpico melhorou em muito a forca explosiva ,a coordenação e conseqüentemente a velocidade dos meus atletas dentro da água Treinar com levantamento olímpico e muito mais agradável e conseqüentemente mais eficiente, pois exige do atleta por seu dinamismo muito mais coordenação e concentração para a execução dos movimentos." Douglas Vieira Medalha de Prata Olímpica judô, Los Angeles 1984 "Aos 13 anos quando decidi treinar para competir e seguir com o judô, comecei a fazer o levantamento de peso como complemento para a minha preparação física e dar suporte para o treino de judô. Com certeza o levantamento de peso foi importante para mim, além de trabalhar as principais capacidades físicas, aumentou a minha performace no judô e na prevenção de lesões." Dr,. Ricardo Laurino Médicina Esportiva "...de acordo com estudos internacionais, sabemos que praticado por crianças nos proporcionará adultos mais fortes e explosivos. Além de ser o meio mais seguro para desenvolver força e equilíbrio muscular em atletas, praticamente eliminando lesões.Por isso é o esporte auxiliar mais difundido e utilizado pela maioria dos atletas de destaque em todas as modalidades" Emilio Viera Atelta Pólo aquático "Treinar levantamento de peso como esporte auxiliar se tornou essencial em minha vida de esportista, pois com o levantamento de peso olímpico posso ver os resultados de uma forma rapida assim como uma evolucao fisica no preparo dia após dia. É nítido o equilíbrio muscular que ele dá aos atletas, uma vez que você trabalha todas as partes do corpo em apenas três exercícios. Além disso, o atleta consegue terminar o treino em um espaço de tempo mais curto que qualquer outro tipo de preparação." Leandro Guilheiro Atleta seleção brasileira Judô "Depois que o levantamento de peso olímpico passou a integrar a minha rotina de treinamento físico, senti uma melhora significativa na força e potência dos meus golpes. Além disso, adquiri uma nova consciência quanto a velocidade dos meus ataques, isso porque percebi como transferir as rotinas do levantamento para o movimentos específicos do judô." Maik Ferreira dos Santos Goleiro seleção brasileira Handebol "Treinar com Levantamento de peso olimpico é importante para um desenvolvimento geral do corpo, como força pura, força explosiva e um fortalecimento muscular de uma forma completa, preparando os atletas para um melhor rendimento." Fernanda Palma Atleta Pólo aquático "O levantamento de peso olímpico é a maneira mais eficiente de trabalhar força e explosão muscular, o corpo é exigido como um todo, é preciso coordenar os movimentos e ter equilíbrio, o tempo de treino é mais curto e muito mais específico em relação às características do meu esporte. Sinto visivelmente os efeitos do LPO no meu dia a dia de treinamento" André Galvão Atleta Jiu-jitsu e MMA "Treinar com levantamento de peso olimpico e importante pois ajuda na explosao, na forca e no desenvolvemento do corpo todo. Hoje nao fico sem on treinamento de levantamento olimpico, curei muitas lesoes em meu joelho alem de ganhar uma base muito forte na luta. Hoje sei da importancia e da diferenca que esse tipo de treino faz com para um atleta." ÍNDICE GERAL Apresentação • Prefácio • Depoimento de atletas e profissionais • Introdução Capítulo I TREINAMENTO ESPORTIVO E O LPO • Força máxima • Taxa de desenvolvimento de força • Potência muscular • Biomecânica do LPO Capítulo II ARRANCO • Arranco (sntach) • Modalidades de arranco • Ensino inverso Capítulo III ARREMESSO • Arremesso (clean & jerk) • Modalidades de arremesso • Ensino inverso - 1º tempo (clean) • 2º tempo • Ensino inverso - 2º tempo (jerk) Capítulo IV EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES • Puxada • AgachamentoCapítulo V O METODO LPO SYSTEM • LPO System • Planificação Capítulo VI PERIODIZAÇÃO • Planilha LPO System Apêndice • Atletas infanto-juvenil • Tabelas de apoio • Referências Bibliográficas • Sobre os autores © Copyright 2009 POTENCIANOESPORTE.com.br. Todos os direitos reservados!. INTRODUÇÃO Hoje em dia, a questão de utilizar ou não exercícios de força e seus efeitos negativos no desempenho esportivo parece ter sido respondida pelas ciências do esporte. O treinamento com pesos é amplamente aceito e utilizado por diversas modalidades esportivas como componente da preparação física, inclusive por pessoas comuns, estando amparado em inúmeras pesquisas científicas comprovando sua eficácia. Sobre o aspecto de qual a melhor forma de treinar a força, os cientistas esportivos examinaram a fundo o Levantamento de Peso Olímpico (LPO), afinal os levantadores de peso são os atletas mais especializados em força e potência no universo esportivo. O LPO é uma modalidade olímpica onde os atletas masculinos e femininos competem em diversas categorias de peso, levantando a barra acima da cabeça em dois movimentos: O arranco (“snatch”) é a primeira prova e consiste em levantar a barra do solo até acima da cabeça em um único movimento contínuo. A segunda prova é o arremesso (“clean and jerk”), um levantamento de dois tempos. No 1º tempo (“clean”) o atleta levanta a barra do solo até apoiá-la nos ombros. Depois realiza o 2º tempo (“jerk”) levantando a mesma dos ombros até acima da cabeça. Utilizaremos neste livro sempre que possível os termos internacionais entre parênteses, pois grande parte da literatura disponível encontra-se em língua inglesa. Para esclarecer uma confusão que geralmente acontece, vamos definir outras duas modalidades que freqüentemente são associadas com o LPO (“olympic weightlifting”), mas que veremos serem bastante distintas: 1. O levantamento básico (“powerlifting”): é uma modalidade baseada no LPO que surgiu nos anos 60 nos EUA e que consiste em levantar a maior quantidade de peso em três exercícios: o supino, o agachamento e o levantamento terra. Não é uma modalidade olímpica. 2. O fisiculturismo (“bodybuilding”): é um campeonato paralelo onde os participantes competem através de uma exibição para juízes que utilizam uma série de quesitos para eleger o indivíduo mais musculoso. Está ligada diretamente a pratica de exercícios de musculação. LPO SYSTEM: levantamento olímpico como esporte auxiliar No esporte há poucas modalidades onde os atletas podem ter tempo para atingir a força máxima, portanto a potência (força x velocidade) torna-se a característica fundamental da força, especialmente em modalidades que utilizam saltos, lançamentos, corridas em velocidade e mudanças de direção. A base para a produção de potência nos esportes está relacionada ao ciclo alongamento-encurtamento (CAE). Um modo de se treinar o recrutamento do máximo de unidades motoras é através de exercícios multiarticulares que permitam sobrecargas para a aplicação máxima de força num curto período de tempo. Os levantamentos “clássicos” do LPO (o arranco e o arremesso) possuem similaridade com as ações de diversos esportes, principalmente aqueles que dependem de ações horizontais e verticais com a extensão simultânea das articulações do tornozelo, joelho e quadril (como no basquete, vôlei, futebol, handebol, tênis, atletismo, entre outros), sendo considerados exercícios de força específicos. O arranco e arremesso quando corretamente executados são o mesmo que um “salto com pesos”. Essa ação explosiva e coordenada pode ser de grande auxílio para atletas de diversas modalidades. Várias pesquisas demonstram uma grande correlação entre os exercícios de LPO e o salto vertical. O salto vertical máximo é um teste amplamente utilizado e reconhecido como medição de potência dos membros inferiores. O LPO SYSTEM é o método de trabalho desenvolvido aqui no Brasil nos últimos 15 anos que utiliza de forma eficiente os exercícios de LPO no condicionamento de atletas de qualquer modalidade esportiva. Todo o conteúdo explicativo desse método foi testado e aprovado por mais de 500 atletas juvenis e profissionais de diversas modalidades: voleibol, handebol, tênis, pólo aquático, atletismo, boxe,... O LPO é uma modalidade complexa e que exige o conhecimento de detalhes para que possa ser aplicado efetivamente e com segurança nas demais modalidades esportivas. Não existe nenhuma característica potencialmente lesiva no arranco e arremesso. As lesões de treinamento podem ocorrer em qualquer condição, inclusive utilizando máquinas de musculação, sendo uma característica inerente da prática esportiva. A solução para se evitar lesões é saber a técnica correta e a supervisão de um profissional competente no assunto. Este livro tem o propósito de ajudar os profissionais envolvidos com o treinamento esportivo, estudantes e áreas ligadas ao esporte que queiram conhecer os detalhes, os exercícios e as técnicas de treinamento com LPO. Com o conhecimento dos movimentos e a forma como são executados, será possível aplicá-los corretamente em sua modalidade esportiva. A quantidade de técnicos e atletas de LPO é pequena no mundo esportivo. Aqui no Brasil o esporte não goza de muita popularidade e temos pouca informação disponível em língua portuguesa. A maioria dos livros de treinamento esportivo que falam dos levantamentos explosivos do LPO apenas cita com uma breve explicação do movimento, o que contribui de forma perigosa para a utilização dos mesmos. O LPO possui detalhes importantes que precisam ser aprendidos e estudados para serem utilizados da maneira correta, evitando assim o risco de lesão. Neste livro os profissionais do esporte encontrarão todas as informações necessárias sobre esse assunto, aprendendo a técnica básica do arranco e arremesso que ajudarão na melhora do desempenho de atletas de modalidades que exijam força e potência. TREINAMENTO ESPORTIVO E O LPO O conceito físico de força (“force”) refere-se a uma grandeza vetorial que possui magnitude (N) e direção. A força muscular (“strength”) é uma expressão que tem sido utilizada para definir a capacidade de o músculo esquelético produzir tensão, força e torques máximos a uma determinada velocidade. É importante entender que a força se manifesta nos três tipos de ação muscular: excêntrica, concêntrica e isométrica. A característica principal da força muscular utilizada na maioria das modalidades esportivas, como no LPO, é a potência muscular – ou força explosiva – que é a capacidade do músculo produzir força e tensão no menor período de tempo possível. Inúmeras qualidades contribuem de forma independente para aumentar a capacidade de gerar potência no atleta como: a força máxima, a taxa de desenvolvimento de força, o ciclo alongamento-encurtamento, a habilidade técnica e a resistência de força-rápida por exemplo. Vamos analisar brevemente algumas dessas qualidades. FORÇA MÁXIMA Os mecanismos fisiológicos ligados ao comportamento das Unidades Motoras (UMs) influenciam diretamente no aumento de força. Para o aumento inicial dos níveis de força dois fatores são fundamentais: 1) o número de UMs recrutadas e; 2) a freqüência de ativação delas. Esses dois fatores atuam em conjunto aumentando os níveis de força. O exato grau que um desses mecanismos é mais necessário que o outro, depende da quantidade de força requerida e, talvez, do tamanho e tipo do músculo ativado. Outro mecanismo que afeta a força máxima muscular é a sincronização de UMs. Durante atividades normais de baixa intensidade, as UMs são recrutadas de forma assíncrona. No entanto, no máximo nível de força, as UMs sãotodas ativadas ao mesmo tempo. A sincronização é o fator principal durante exercícios balísticos/explosivos. A coordenação intra-muscular refere-se a padrões de ativação de UMs. Estudos mostram que existe um alto grau de especificidade em tarefas intra- musculares. Para um determinado movimento, existem certos grupos de motoneurônios que são ativados de forma específica somente para esta tarefa. Se a tarefa muda, através de alterações no padrão de movimento ou na velocidade de execução, então um diferente grupo de motoneurônios é ativado. A coordenação inter-muscular lida com padrões da ativação entre os músculos envolvidos em uma tarefa. Tanto os padrões de coordenação intra e inter-musuclar podem sofrer pequenas variações com a alteração no padrão de movimento, tipo de ação muscular e velocidade domovimento. Devido a essas alterações no tipo de padrão de ativação, a seleção de exercícios de força e potência deve ser específica a esses padrões ao invés de simplesmente treinar a musculatura. A melhora na eficiência da coordenação inter e intra-muscular implica num aumento da capacidade coordenativa e contribui para o aumento da força. O tipo de unidade motora também influência a força. Diversos estudos mostram que uma grande área de secção transversa de fibras do Tipo II pode ser vantajosa em termos de produção de força, mesmo levando-se em consideração a arquitetura do músculo ou outro fator mecânico em consideração. O treinamento de força, particularmente o treinamento de potência, parece alterar a relação Tipo I: Tipo II das fibras de modo a favorecer o aumento de força. TAXA DESENVOLVIMENTO FORÇA Uma importante característica que acompanha a produção de força é a taxa de desenvolvimento de força (TDF). Em muitas modalidades esportivas a capacidade de expressar força rapidamente é mais importante do que atingir a força máxima. Figura 01: Curva força/tempo e as adaptações provocadas na TDF por diferentes métodos de treinamento. A taxa de desenvolvimento de força é a curva produzida pela relação força / tempo. A TDF é influenciada primeiramente pelo aumento da ativação muscular através do sistema nervoso central. Como a força é diretamente responsável pela aceleração de um objeto, quanto mais rápida for à aplicação de força, maior será a aceleração do objeto. Portanto a TDF está associada à capacidade de aceleração do atleta e de objetos, podendo ser o fator determinante no desempenho esportivo. A maior parte das aplicações de força nas ações esportivas ocorre em frações de segundo (<250ms), portanto se o atleta for treinado para produzir força nesta faixa de tempo, poderá atingir enorme aceleração e velocidade (figura 01). A capacidade de gerar força e sua relação com TDF constitui a parte principal da comumente chamada força explosiva, e conseqüentemente a chave para o sucesso esportivo. CICLO ALONGAMENTO-ENCURTAMENTO O conhecimento do reflexo de estiramento é importante para entender como o ciclo alongamento-encurtamento (CAE) funciona. O reflexo de estiramento provoca a contração do músculo quando este é excessivamente alongado e inibe a ação da musculatura antagonista. Por exemplo, quando o músculo quadríceps é alongado, os órgãos proprioceptores presentes na estruturada muscular (fuso muscular e órgãos tedinosos de golgi) são ativados. Esses proprioceptores são sensíveis tanto ao grau de alongamento da musculatura quanto à velocidade com que esse alongamento ocorre. Uma junção sináptica envia um sinal aferente de que o quadríceps está sendo alongado para a coluna vertebral. Isso provoca a reação do motoneurônio alfa presente na coluna, que responde enviando um sinal eferente à musculatura. De forma a proteger o músculo do alongamento excessivo, a resposta do motoneurônio provoca a contração do quadríceps e a inibição da musculatura antagonista (neste caso os isquiotibiais). O reflexo de estiramento é utilizado freqüentemente na prática esportiva, pois a maioria dos gestos esportivos envolve duas fases de ação muscular. Uma fase excêntrica, onde o músculo exerce tensão para alongar, seguida de uma ação concêntrica onde o músculo é encurtado. O pre-estiramento da musculatura (ação excêntrica) permite acumular energia na mesma, como acontece quando se estica um elástico. Essa energia potencial elástica acumulada pode ser usada pra aumentar a força da ação concêntrica seqüente. A ação concêntrica deve acontecer imediatamente após a excêntrica ou a energia elástica acumulada se dissipa da musculatura como o calor. Por exemplo, o contra- movimento que precede o salto vertical, permite que o quadríceps acumule energia para uma ação concêntrica mais forte, aumentando a altura do salto. A quantidade de energia acumulada depende da velocidade e do grau de estiramento da musculatura. Explorar a elasticidade muscular e o reflexo de estiramento é a base do treinamento pliométrico. Os estudos mostram que quanto mais rápido a musculatura for alongada, maior será a força na ação concêntrica. O treinamento utilizando diversas modalidades de saltos já foi comprovado como eficiente para o aumento da potência dos membros inferiores. Apesar da pequena sobrecarga utilizada, geralmente utilizando o peso do corpo e pequenas cargas, a potência gerada é grande devido à elevada TDF e o pico de força atingido durante a fase concêntrica do movimento (utilização do CAE). Entretanto, os estudos científicos apontam que o treino pliométrico combinado com treinamento com pesos é o que mais aumenta a potência nos membros inferiores. Essa combinação desenvolve os dois componentes da fórmula da potência (potência = força x velocidade), tanto a força máxima quanto a TDF - que está relacionada diretamente com a velocidade de contração. POTÊNCIA MUSCULAR Trabalho é o resultado da relação força x distância. A potência, ou força explosiva, é a taxa de trabalho, sendo expressa pela formula Força x Velocidade (figura 02). O pico de potência é o maior valor instantâneo de potência durante um movimento. A potência máxima é o maior pico de potência que um indivíduo pode produzir mediante certas condições como o estado de treinamento e tipo de exercício. Figura 02: Curva força/velocidade e a curva de potência. Tarefas musculares que utilizam a potência incluem o salto, o arremesso e o chute por exemplo. Além disso, atividades que exijam aceleração e rápida troca de direção, como as tarefas de agilidade, dependem de aplicações curtas de grande quantidade de força explosiva. Embora a potência média seja mais utilizada em esportes coletivos e de resistência, para atividades explosivas únicas como o salto em altura, corridas curtas de velocidade (100m) e o LPO, o pico de potência tem correlação direta com o sucesso esportivo. PORQUE ATLETAS DEVEM TREINAR COM O LPO? Os exercícios de LPO, o arranco e o arremesso, podem ser efetivos para o aumento do desempenho esportivo em qualquer modalidade por suas características biomecânicas de elevada produção de força e potência muscular. Para determinar quais exercícios devem ser utilizados para aumentar a força e potência em uma modalidade esportiva qualquer, inicialmente é necessário fazer uma análise da mecânica do gesto esportivo. A Biomecânica, ciência que estuda o aparelho locomotor e os movimentos humanos indica que para os esportes baseados em terra - aplicação de força no solo -, os atletas devem utilizar exercícios de cadeia cinética fechada que treinem fundamentalmente as articulações do joelho, quadril e tornozelo em sincronia. A extensão simultânea e coordenada dessas três articulações é o que produz força e potência para saltar, correr e mudar de direção. Outro aspecto importante é que o ganho de força é específico ao ângulo da articulaçãotreinada. Portanto os atletas devem treinar com ações numa faixa angular que mimetizem seu gesto esportivo. Para aumentar a força explosiva, os atletas precisam treinar com movimentos que envolvam uma rápida aceleração contra uma determinada resistência durante toda a amplitude articular do movimento, sem a necessidade de desacelerar no final. Esse tipo de ação é conhecido como movimento balístico. Exercícios balísticos são executados com máximo esforço tendo elevados níveis de TDF e de potência. Geralmente nesses exercícios são utilizadas cargas submáximas para maximizar a potência. Estudos apontam que o pico de potência ocorre por volta de 30% do pico de força isométrica (figura 02). Os exercícios pliométricos como os lançamentos, multisaltos e os saltos em profundidade não necessitam desacelerar ao final do movimento, sendo os melhores exemplos de exercícios balísticos. Os exercícios de LPO também possuem essa mesma característica balística, pois a barra é “arremessada” do solo sendo posteriormente amortecida pelo atleta. Os exercícios de LPO utilizam a extensão simultânea dos membros inferiores, além do contra-movimento (CAE) e ações explosivas dentro de um raio angular idêntico do salto vertical (130º a 140º de flexão do joelho). Essas características têm um enorme potencial de transferência neuromuscular para gestos esportivos. Recentemente, alguns estudos demonstraram os efeitos do treinamento com o LPO e o aumento de desempenho na corrida em velocidade (sprint), mudança de direção e arremesso de peso (Stone et al/Valmor). Nos exercícios de LPO, apesar das elevadas sobrecargas utilizadas, a intenção de velocidade do movimento é sempre máxima, o que induz a uma melhor sincronização das unidades motoras e da TDF, mas não da força máxima. A possibilidade de aumento da sobrecarga nos levantamentos parece ser o fator determinante para o treinamento da potência. Nesse aspecto, a técnica de levantamento do LPO permite adicionar mais peso na barra sem negligenciar a intenção de máxima velocidade do movimento. A TDF é a capacidade mais influenciada durante o treinamento utilizando exercícios de LPO. BIOMECÂNICA DO LPO A PUXADA A puxada é uma seqüência de ações coordenadas que irão permitir levantar a barra a uma altura suficiente para que o atleta possa colocá-la acima da cabeça ou nos ombros. Através da análise biomecânica desse movimento, os cientistas do esporte conseguiram dividi-lo em seis partes fundamentais: posição inicial; primeira puxada; transição; segunda puxada; deslize e fixação. É muito importante conhecer bem essas fases da puxada, pois qualquer erro cometido em uma delas terá sido um esforço em vão. 1. Posição Inicial Os pés estão totalmente apoiados no solo. O quadril está numa posição mais alto do que os joelhos, as costas estão em posição firme e plana. Os ombros ficam posicionados um pouco à frente da barra. Os braços estão estendidos, porém sem tensão, e as mãos fazem a pegada (distância) na barra para o arranco (mais aberta) ou para o arremesso (mais fechada). A posição inicial pode variar de acordo com o exercício, não começando necessariamente do solo como veremos com mais detalhe em outro capítulo. No entanto, para todo o exercício que envolva o movimento de puxada da barra, essa postura básica inicial deve ser mantida, pois protege a coluna e permite a transferência correta da energia gerada pela extensão dos membros inferiore 2. Primeira Puxada A importância da execução correta da primeira puxada é a retirada da barra do estado de inércia, dando início à aceleração vertical da mesma. A movimentação inicial da barra e do atleta são resultados unicamente da extensão dos joelhos enquanto as costas e o quadril mantêm a posição original. Os ombros continuam posicionados à frente da barra e os pés continuam firmemente apoiados no solo. O final da primeira puxada ocorre quando a barra atinge a altura dos joelhos. 3. Transição Sem interromper a aceleração vertical da barra, o atleta deve agora movimentar rapidamente os joelhos para trás e para frente, para permitir a passagem da barra e posicioná-los embaixo dela. Ao mesmo tempo continua a extensão do quadril, trazendo a barra próxima à região inferior do abdome. Essa movimentação dos joelhos é conhecida como dupla flexão dos joelhos (“double knee bend”) e resulta numa pequena flexão dos mesmos de 10 a 20º. A dupla flexão de joelhos está relacionada ao ciclo alongamento- encurtamento (CAE). Realizá-la é importante, pois o CAE produz aumento na força concêntrica durante a segunda puxada (2). Quando corretamente executada a dupla flexão, a posição final do atleta é a mesma do salto vertical conhecida como posição atlética (“power position”). 4. Segunda Puxada A segunda puxada começa com o movimento do tronco para a posição vertical. Ocorre a extensão do quadril e dos joelhos e inicia-se a flexão plantar do tornozelo, responsável por 10% da velocidade máxima da barra. A extensão completa dessas três articulações faz com que os pés percam contato com o solo, ocorrendo um salto vertical. No final do movimento, os músculos do trapézio e da cintura escapular contraem, aumentando a altura de levante da barra. Nesse momento a barra atinge a sua velocidade vertical máxima, juntamente com o pico de potência do levantamento. 5. Deslize Com o final do movimento de ascensão da barra produzido pela puxada, o atleta executa um movimento de agachamento profundo, ficando assim posicionado embaixo da barra. O atleta deve possuir excelente flexibilidade do quadril e do tendão calcâneo além de elevado grau de coordenação para executar esse movimento no tempo correto, ficando assim com a barra acima da cabeça sem qualquer flexão do cotovelo para isso. Os pés devem estar totalmente apoiados no solo para poder ter estabilidade suficiente para frear a queda da barra, que neste momento já está em trajetória descendente. 6. Fixação Os pés ficam firmemente apoiados no solo e os braços estendidos (arranco) ou flexionados apoiando a barra nos ombros (arremesso) para frear o movimento de queda da barra. Assim que a barra está em pleno equilíbrio o atleta fica de pé. BIOMECÂNICA DO LPO TRAJETÓRIA DA BARRA O deslocamento vertical e horizontal da barra pode ser analisado através do plano sagital. A análise da trajetória da barra é importante para a detecção de erros técnicos. Para atletas de outras modalidades não é necessário o rigor técnico exigido a um atleta de LPO, necessitando apenas aprender a levantar pesos de uma maneira que permita torná-lo forte e explosivo de forma segura. A análise da trajetória aqui apresentado serve para que os técnicos de outras modalidades entendam que a barra não é levantada “em linha reta” do solo para acima da cabeça. Pelo contrário, o atleta deve manejar seu corpo para uma posição biomecânica favorável que permita levantar a maior quantidade de peso possível com o menor gasto de energia. Nesse processo, a barra irá acompanhar esse movimento do corpo, muitas vezes tocando ou raspando partes do mesmo. Os atletas de LPO para melhorarem sua técnica procuram treinar tentando atingir o padrão “S” apresentado na figura. Durante a primeira puxada e transição a barra é movimentada para trás, na direção do atleta, devido à ação máxima dos extensores do quadril, joelho e tornozelo. Na segunda puxada, a barra é movimentada para frente (cruzando a linha de referência vertical) devido à completa extensão do corpo do atleta (salto) no final da puxada, que ficando na ponta dos pés projeta o quadril à frente. Novamente a barra é movida para trás no agachamento profundodurante o deslize. O padrão da trajetória da barra no 1º tempo do arremesso é o mesmo, exceto pela menor curvatura formada durante o deslize em função do apoio da barra ser nos ombros e não acima da cabeça. POTÊNCIA PRODUZIDA Praticamente qualquer atleta com um tempo razoável de treinamento consegue aprender e executar eficientemente os exercícios de LPO (arranco e arremesso) não sendo necessário possuir nenhuma força descomunal, flexibilidade excessiva ou coordenação especial para isso. Com a prática, os levantamentos vão se tornando mais fáceis, fazendo com que os atletas experimentem a satisfação de conseguirem superar seus próprios limites de força. E o que é melhor, consegue a transferência dessa força para o esporte praticado, pois os levantamentos de LPO são exercícios multiarticulares de natureza balística. Garhammer (1993) mostrou que a potência produzida pelos levantamentos olímpicos é a maior registrada no esporte. A tabela 01 abaixo mostra a potência relativa de vários exercícios registrada em competição. Observe que a potência durante a 2ª puxada dos levantamentos olímpicos é muito superior aos demais exercícios tradicionais de força como supino e o levantamento terra por exemplo. Potência produzida (máximo esforço em competição) Exercício Potencia (W) – homem 100 kg Potencia (W) – mulher 75 kg Supino 300 Agachamento 1100 Levantamento terra 1100 Arranco 3000 1750 Arranco (somente 2ª puxada) 5600 2900 1º tempo de arremesso 2950 1750 1º tempo (somente 2ª puxada) 5500 2650 2º tempo (arremesso) 5400 2600 Tabela 01: potência produzida por diversos exercícios (adaptado de Garhammer, 1993). Para treinar a potencia utilizando o LPO, os atletas devem usar cargas que favoreçam á máxima produção mecânica de potência. Os estudos científicos apontam que para o LPO a maior potência produzida ocorre com cargas em torno de 75-80% do máximo que o atleta consegue levantar. Esse valor é exatamente o que será trabalhado com atletas de outros esportes. Assim trabalhamos especificamente dentro da faixa de intensidade para estimular a força explosiva. ARRANCO O Arranco (“snatch”) é a primeira prova da competição de LPO e consiste em levantar a barra em um só movimento desde o tablado até a completa extensão dos braços acima da cabeça. Para executá-lo o atleta pega a barra e a levanta à maior altura possível. Em seguida agacha completamente posicionando a barra acima da cabeça com os braços estendidos e finalmente se coloca de pé imóvel até o sinal dos árbitros para baixar a barra (figura). Essa é a técnica executada pelos levantadores de peso em competição, fazendo o agachamento profundo para pegar a barra acima da cabeça, sendo conhecido como arranco clássico ou competitivo. Figura 01: Arranco clássico ou competitivo Em menos de um segundo o arranco passa por diversos estágios para levar a barra do solo até acima da cabeça, como vimos no capítulo anterior essa seqüencia de eventos se chama puxada. Vamos olhar mais a fundo as características da puxada do arranco: A. Posição Inicial Fique de pé com os pés totalmente apoiados no solo e com a barra na direção do dedão do pé. Agache mantendo a maior parte do seu equilíbrio na região anterior dos pés (ponta). Segure a barra. No arranco a distância das mãos na barra - a pegada - é mais afastado o que facilita segurar a barra acima da cabeça e diminui a altura de levante necessária para realizar o deslize. Para fazer a pegada do arranco você deve apoiar a ponta dos dedos na barra formando um ângulo de 90º na articulação do cotovelo e no ombro (figura). Outro detalhe importante além da distância é o modo como às mãos seguram a barra. No LPO os atletas são ensinados desde o início a segurar a barra em “gancho” (“hook grip” ou “yuki”). Esse modo de segurar a barra permite puxar mais peso. É mais seguro que o agarre convencional (com o polegar abraçando os dedos por fora), pois evita que a barra escorregue durante a puxada. No início é um pouco desconfortável, mas vale a pena os atletas persistirem neste agarre até se tornar habitual. Os ombros devem ficar um pouco a frente da linha da barra. Gire os cotovelos para fora mantendo os braços estendidos, porém sem tensão. Retraia a escapula e mantenha o peito alto. Mantendo as costas em posição firme e neutra, mantenha-se olhando um ponto fixo á frente. B. Primeira puxada Mantenha o mesmo ângulo do tronco até a barra atingir a altura dos joelhos (continuando com o mesmo ângulo inicial entre os joelhos e os ombros). O quadril levanta enquanto os joelhos estendem para levantar a barra. A barra se movimenta na direção da tíbia raspando-a levemente. O equilíbrio do corpo de desloca da parte anterior para o meio do pé. O mais importante aqui é entender que são as pernas (extensão do quadril e joelhos) que iniciam o movimento e imprimem velocidade à barra e não a força das costas e dos braços. Durante todo movimento de puxada, as costas devem manter-se em posição neutra (ou plana), isto é, mantendo a curvatura normal da coluna. Para isso é necessário fazer um “contrapeso” a barra com a musculatura lombar e para-vertebral. C. Transição A barra continua subindo em função da extensão do quadril e joelhos raspando na coxa. A partir deste ponto projete seu quadril a frente flexionando levemente os joelhos e tornozelos. O equilíbrio retorna para a região anterior dos pés. Rapidamente coloque o quadril embaixo da barra que neste momento está na altura da crista ilíaca ou região inferior do abdômen. Neste ponto você se coloca na posição atlética, pronto para saltar. D. Segunda puxada Na segunda puxada execute explosivamente um salto vertical. Os pés perdem momentaneamente o contato com o solo. No ponto mais alto de subida da barra contraia os músculos do trapézio e rapidamente flexione os cotovelos que se mantém numa posição acima da barra. Esse movimento é fundamental para aumentar a altura de levantamento da barra. E. Deslize O deslize começa no momento em que a barra atinge a máxima altura de subida e inicia o movimento de queda. Faça um movimento de agachamento profundo para recuperar rapidamente o contato dos pés com o solo e colocar seu corpo embaixo da barra. Esse agachamento de ser feito de forma efetiva e veloz, de modo a acelerar o movimento de descida do corpo, não sendo portanto uma experiência de “queda livre”. Ao final do movimento você deve estar sustentando a barra com os braços estendidos acima da cabeça. F. Fixação A fixação é a extensão novamente dos joelhos e quadril que aplicando novamente força no solo permite você ficar em pé. Se necessário você pode se movimentar em qualquer direção até ter pleno controle da barra acima da cabeça. ARRANCO MODALIDADES DE ARRANCO O Arranco Alto (“power snatch”) é a modalidade de arranco que iremos nos concentrar neste livro. Com uma pequena alteração na estrutura do arranco competitivo conseguimos trabalhar com a intensidade e ângulo necessário para aumentar a força explosiva nos esportes (figura 02). Figura 02: Arranco alto. A execução do arranco alto é idêntica ao do arranco competitivo exceto pelo fato de não se fazer o agachamento profundo na fase de deslize. Atletas que possuam restrições de flexibilidade principalmente nos membros inferiores devem escolher este exercício. A posição final no deslize é de meio agachamento. Como o corpo precisa ficar posicionado embaixo da barra, é necessário que a altura da puxada da barra seja mais alta, pois agora iremos apenas agachar até a metade. Portanto a carga utilizada nesse exercício deve ser inferior ao do competitivo. De forma geral a carga máxima para se executar o arrancoalto equivale a 75-80% do máximo conseguido no arranco competitivo. É justamente nesta faixa de peso que ocorre o pico de potência do arranco, portanto conseguimos estimular a força explosiva dos atletas. Pois com a carga diminuída a componente de velocidade no movimento do arranco alto é maior do que o competitivo. O Arranco suspenso (“hang snatch”) é a variação do arranco alto indicada para o treinamento esportivo. Este é a modalidade de arranco que os atletas de outras modalidades devem se empenhar em aprender. Aprender e treinar com esse exercício é o suficiente para que qualquer atleta desenvolva força explosiva através do LPO (figura 03). Figura 03: Arranco suspenso. A vantagem deste levantamento é que o exercício fica concentrado na fase mais explosiva do arranco: a 2ª puxada. O atleta não precisa dominar a técnica de dupla flexão de joelhos nem realizar o agachamento profundo na fase de deslize. Esses dois fatores diminuem a complexidade do movimento. O atleta já inicia esse levantamento da posição atlética (posição de flexão de quadril e joelhos ideal para o salto vertical), tornado o arranco suspenso específico para a maioria das modalidades esportivas. Outro ponto é que a simplificação do movimento facilita no processo de aprendizagem, pois o número de detalhes técnicos a serem aprendidos é menor. Gue (2000) afirma que é possível aprender o arranco suspenso em três sessões de treinamento. A saída em suspensão não permite que o atleta utilize cargas muito elevadas, pois não conseguiria manter a posição inicial, assim a carga geral do exercício é diminuída. A menor carga permite executar o exercício com mais velocidade, aumentando assim a potência do movimento. Treinar da posição em suspensão exige o trabalho da musculatura dorsal em regime de isometria, ajudando o atleta a melhorar a postura e fortalecer a região lombar. O Arranco do bloco é a execução do arranco com a barra apoiada em suportes na posição inicial desejada (figura 04). O objetivo é justamente permitir que o atleta possa treinar com um peso maior sem aumentar a carga na coluna vertebral. Os atletas com pouca força na região lombar ou baixa flexibilidade no quadril e membros inferiores podem treinar com o LPO sem o prejuízo da técnica. Além disso, atletas iniciantes podem utilizar a saída do bloco para a manutenção correta da posição inicial. Figura 04: arranco alto do bloco. ARRANCO APRENDENDO O ARRANCO Equipamento É possível executar e treinar os levantamentos explosivos do LPO com jogos de barras e anilhas encontrados em academias e salas de musculação. Com o progresso do treinamento é possível que o aumento na quantidade de peso para treinamento fique comprometido. Para maior segurança e conforto, o conjunto próprio de LPO (“olympic standard”) é a melhor escolha. Desde que o atleta utilize a técnica correta e o equipamento adequado, os exercícios de LPO são seguros como qualquer outra atividade esportiva. O equipamento apropriado (anilhas, barra e a plataforma) é feito para que o LPO seja praticado de forma segura e eficaz. A barra oficial mede 2,20m pesando 20 kg (masculino) e 2,15m e 15 kg (feminino), é feita em material especial que confere a barra certa flexibilidade. As anilhas são feitas em compostos de borracha que permitem que sejam jogadas no solo sem danificar as mesmas. O jogo de anilhas vai de 25 kg até 1,25 kg, possuindo cada peso uma cor específica para identificação. O tablado oficial mede 4x4 metros, com superfície dura no centro e borracha nas laterais (figura). Para treinamento, um espaço de 3x3 m com superfície firme e uma barra grande de ginásios de musculação são suficientes para iniciar os exercícios coordenativos técnicos do LPO. Método inverso O método inverso é considerado o mais eficiente no ensino do LPO para atletas de outras modalidades esportivas (1). O nome “inverso” se refere às fases da puxada do arranco (e mais para frente do arremesso), sendo aprendidas do final (barra acima da cabeça) para o começo (barra no solo). Esse método de ensino serve para todas as modalidades de arranco uma vez que as características dinâmicas são praticamente idênticas. Apesar do foco deste livro ser no arranco alto suspenso, mais simples e específico para o treinamento esportivo em geral, iremos apresentar a seqüencia de ensino até chegar a saído do solo já que várias modalidades necessitam de força explosiva em ângulos mais profundos de flexão de quadril, como na luta grego- romana e luta olímpica, vôlei de praia, remos, ginástica de solo por exemplo. A seqüência de exercícios para aprendizagem do arranco, através do método inverso é: 1. Agachamento de arranco Para a execução deste exercício você deve fazer a pegada do arranco na barra e levantá-la até a extensão completa dos braços. Mantenha os pés firmemente apoiados no solo na distância da largura dos ombros. Agache flexionando o quadril e os joelhos até as coxas ficarem pelo menos paralelas em relação ao solo. Mantenha os olhos num ponto fixo a frente e a coluna em posição neutra. Os braços devem ficar completamente estendidos sustentando a barra durante todo o movimento. Agache sem pressa. Faça uma pequena pausa na posição mais profunda que conseguir agachar e então recupere a posição em pé. O agachamento de arranco desenvolve a estabilização do tronco, equilíbrio e a flexibilidade da articulação gleno-umeral – esta pode ser o ponto limitante da correta execução no início. Esse exercício ensina a sustentar a barra acima da cabeça, como na fase de fixação. 2. Final de arranco Apóie a barra nos ombros como no exercício tradicional de agachamento, no entanto segure a barra na largura da pegada do arranco. Com a barra apoiada nos ombros rapidamente estenda os braços e flexione as pernas numa posição de meio agachamento em um único movimento, terminando o exercício na posição de agachamento de arranco. Uma vez entendido a técnica do final do arranco, você deve executá-lo com velocidade. Esse exercício ensina a frenagem da barra que ocorre durante o deslize. 3. Final da puxada Neste exercício iremos trabalhar o correto movimento do braço durante a puxada. Os braços devem apenas conduzir o impulso da barra para terminar na posição de agachamento de arranco, não exercendo muita força para isso. O ponto principal aqui é que durante o movimento da puxada, os cotovelos devem flexionar lateralmente, fazendo com que a barra fique sempre próxima do tronco (como no exercício de remada alta para o trapézio!), finalizando com uma pequena rotação dos punhos para que a barra fique perpendicular á cabeça do atleta. Inicie o movimento de pé com a barra na parte inferior do quadril. Os braços devem estar estendidos e o trapézio e demais músculos da cintura escapular relaxados. Cotovelos acima da barra e a cabeça em posição neutra olhando á frente. Mantenha os ombros na linha da barra. Faça um movimento de puxada da barra apenas com a extensão dos tornozelos e contraindo o trapézio. No ponto mais alto que a barra atingir, levante os cotovelos abrindo-os lateralmente e acima da barra. Faça isso sem se desequilibrar pra frente ou trás. Pratique trazendo a barra bem próxima ao tronco e levantado a uma altura acima do osso externo do tórax. Os punhos se mantém relaxados até a barra atingir o topo da cabeça. Pegue a barra com os braços estendidos acima da cabeça. Ao mesmo tempo abaixe o corpo em posição de meio agachamento. Fique então de pé. 4a. Arranco bloco Integrando todos os exercícios acima descritos chegamos ao arranco da altura do joelho. O principal agora é aprender a utilizar o impulso das pernas. Quando da saída no bloco você já está na posição atlética,no ângulo correto para saltar explosivamente levando a barra consigo. A utilização do bloco garante a aprendizagem do correto posicionamento inicial além de diminuir a carga do exercício. Os blocos permitem posicionar a barra na altura correta em todas as repetições. No entanto atletas iniciantes devem apenas utilizar os blocos de saída para ajustar um correto posicionamento inicial, não devendo aumentar a carga em função disso. Nesta etapa objetivamos o correto domínio técnico do levantamento. Na posição inicial o quadril deve estar flexionado e a barra apoiada encima dos blocos estando na altura dos joelhos, as costas devem manter a postura firme e plana, com a cabeça em posição neutra olhando num ponto fixo a frente. Iniciando o movimento com um salto explosivo, você não deve usar os braços para levantar a barra, apenas utilizá-los como “guia” da barra até a posição final de agachamento de arranco. A velocidade deve ser enfatizada em toda repetição. Após vários treinos aprendendo a levantar a barra acima da cabeça, os atletas que necessitarem de força explosiva em posições mais profundas de flexão do quadril e joelhos podem passar para posições de saída abaixo do joelho. Para a maioria dos atletas de outras modalidades que querem treinar com o LPO, chegar até este ponto já será suficiente para proporcionar benefícios no seu treinamento de força e potência, principalmente atletas de elevada estatura como jogadores de basquete e vôlei, ou com limitações de flexibilidade. 4b. Arranco suspenso Exercício idêntico ao anterior, no entanto comece com a barra apoiada acima dos joelhos. Desta forma é possível treinar o fortalecimento de toda a musculatura dorsal e da região do core através da manutenção da estabilidade da posição. Esse movimento – e o seu correspondente no arremesso - é o mais específico para o esporte e terá destaque especial dentro do programa de treinamento do LPO System. No início do movimento o atleta realiza a puxada com um salto explosivo terminando com a barra acima da cabeça, como aprendido no exercício anterior. 5. Arranco suspenso - abaixo do joelho Exercício idêntico ao anterior, no entanto comece com a barra suspensa no meio da tíbia. Desta forma é possível treinar a dupla flexão de joelhos (ver capítulo anterior). O início do movimento é mais lento, trazendo a barra até a altura dos joelhos. Os joelhos rapidamente flexionam o suficiente para entrarem embaixo da barra, estando ela agora em contato com as coxas. A partir de então o atleta realiza a puxada com um salto explosivo terminando com a barra acima da cabeça, como aprendido nos exercícios anteriores. 6. Arranco alto (“power snatch”) O último exercício é o arranco alto partindo do solo, terminando assim a seqüência de aprendizagem. Inicie o movimento estendendo os joelhos e trazendo a barra até a altura dos joelhos, começando devagar e aumentando a velocidade da barra progressivamente a partir do momento que realiza a dupla flexão de joelhos. Pegue a barra acima da cabeça com os braços estendidos e depois recupere a posição final ficando de pé. Toda essa seqüência de aprendizado do arranco pode ser aprendida por atletas em 1-2 sessões de treinamento até o arranco suspenso, que mostraremos ser o ideal pra a preparação física. Tenha paciência e aprenda cada passo anteriormente descrito. Após dominar corretamente as posições técnicas do arranco e executá-las com equilíbrio e velocidade, você pode aumentar a carga da barra. Aprender o arranco antes irá ajudá-lo a aprender mais rapidamente o arremesso. ARREMESSO O Arremesso (“clean and jerk”) na sua forma clássica ou competitiva consiste em levantar a barra em dois tempos: desde o tablado até o peito – primeiro tempo (“clean”). E desde o peito até a completa extensão dos braços acima da cabeça – segundo tempo (“jerk). PRIMEIRO TEMPO (“clean”) Para executar o primeiro tempo o atleta pega a barra na plataforma, levanta à maior altura possível e em seguida agacha profundamente para colocá-la sobre os ombros (figura). A puxada do arremesso é praticamente idêntica a do arranco, sendo possível erguer mais peso em função da pegada das mãos na barra mais próxima. O apoio da barra nos ombros acorre com a rápida rotação dos cotovelos por baixo da barra. Figura: Fases do Arremesso (Primeiro tempo). Primeiro vamos analisar mais a fundo as características do primeiro tempo do arremesso. Este levantamento possui muita semelhança biomecânica com o arranco analisado anteriormente. Mais adiante no capítulo continuaremos com a segunda fase do arremesso, o segundo tempo, pois possui características muito particulares e distintas dos levantamentos observados até aqui. Vamos analisar a puxada do arremesso: A. Posição Inicial Coloque a barra na direção da ponta dos pés. Mantenha a distância dos mesmos na largura dos ombros aproximadamente. Assim que os pés estiverem posicionados, agache até ficar com as coxas paralelas ao solo. Faça a pegada do arremesso na barra. Posicione os ombros a frente da barra e mantenha o equilíbrio do corpo na região anterior dos pés. Feche as mãos segurando a barra em “gancho” e faça uma rotação externa dos cotovelos. Tenha os braços estendidos, porém sem tensão. Mantenha o peito alto e a coluna em posição firme e plana. Olhando sempre à frente, mire um ponto fixo. No arremesso a pegada na barra é mais próxima o que facilita colocá-la nos ombros, além de permitir sustentar mais peso com menor carga na articulação do ombro. A distância da pegada do arremesso é um pouco mais que a largura dos ombros, estando condicionada à flexibilidade do punho na posição de agachamento pela frente. O agarre em “gancho” também é utilizado para este levantamento. B. Primeira puxada Estenda os joelhos e o quadril para levantar a barra, que avança em direção a tíbia. Enquanto aplica força no solo concentre-se em levantar os ombros. Tome cuidado para não estender o quadril antes do joelho. C. Transição Continue levantando os ombros até a barra atingir o meio das coxas. Faça uma pequena e rápida flexão do quadril e joelhos permitindo a passagem da barra e posicionando os mesmos embaixo da barra (dupla flexão dos joelhos). D. Segunda puxada Neste ponto você se encontra na posição atlética, portanto execute um salto vertical explosivo. Até aqui a seqüência de desenvolvimento das fases transcorre de maneira idêntica ao do arranco. A barra precisa ser levantada pelo menos até uma altura um pouco acima do umbigo. Antes de começar a perder altura contraía os músculos do trapézio e flexione os cotovelos lateralmente puxando a barra. Neste momento o atleta está totalmente ereto, em posição total de extensão devido ao salto realizado. E. Deslize Mantenha os cotovelos acima da barra trazendo a mesma próxima do tronco. Com o final da puxada, mova-se velozmente para baixo executando um agachamento profundo. Rotacione os cotovelos anteriormente embaixo da barra, apoiado-a nos músculos deltóides. Levante bem os cotovelos, esse movimento deve estar sincronizado com o agachamento para frear o movimento de queda da barra. Mantenha as costas firmes e em posição neutra, e o peito alto. F. Fixação Mantenha os cotovelos para cima para manter a barra nessa posição “encaixada” nos ombros enquanto se levanta. Levante da posição de agachamento frontal que ficou com o tronco o mais ereto possível, evitando assim qualquer desequilíbrio. ARREMESSO MODALIDADES DE ARREMESSO O Arremesso alto (“power clean”) combina as mesmas características do arranco alto. Assim como no arranco competitivo, existe uma variaçãotécnica do primeiro tempo de arremesso sem a utilização do agachamento profundo muito útil para o treinamento esportivo. O atleta executa o primeiro tempo com um meio agachamento, limitando assim a quantidade de peso a ser levantada, como já explicado anteriormente no arranco alto. No arremesso alto é possível desenvolver uma grande quantidade de potência, o que é benéfico para o treinamento de diversas modalidades esportivas. Outra característica é que no arremesso alto não se trabalha com o peso acima da cabeça, o que permite atletas que precisam diminuir a sobrecarga no ombro ou que tenham limitações a treinar com o exercício de LPO sem maiores problemas. O Arremesso suspenso (“hang clean”) é simples de aprender sendo um movimento que gera grande quantidade de potência. Assim como o arranco suspenso, este exercício é a pedra fundamental para atletas de outros esportes que queiram treinar com o LPO. Os levantamentos do LPO se completam, o arranco em função de sua característica única da pegada trabalha a velocidade, pois as cargas levantadas são mais baixas que a do primeiro tempo. O arremesso permite levantar mais peso, assim exige um aumento na quantidade de força aplicada no movimento. Portanto para o treinamento da força explosiva temos esses dois exercícios trabalhando as duas componentes da equação da potência: força e velocidade. O Arremesso do bloco é a execução do primeiro tempo com a barra apoiada em suportes na posição inicial. APREDENDO O PRIMEIRO TEMPO Da mesma forma que o arranco, o arremesso também é ensinado através do método inverso. Como já vimos no começo do livro, o arranco e o arremesso são muito similares, portanto a seqüência de ensino do primeiro tempo segue o mesmo padrão do arranco. Tendo aprendido primeiro o arranco a aprendizagem do arremesso é bem mais rápida, pois o atleta apenas faz alguns ajustes no padrão já aprendido. Para aprender o primeiro tempo do arremesso você deve antes aprender a sustentar firmemente a barra nos ombros com as mãos próximas e fechadas se possível. Portanto passe um tempo se acostumando e desenvolvendo a flexibilidade principalmente do punho para se acostumar e então passar para os exercícios a seguir: 1. Agachamento pela frente Este exercício é o ponto final da execução do primeiro tempo, portanto ensina ao atleta o correto posicionamento da barra ao final do movimento. Para a execução do agachamento pela frente, tome a barra pela pegada do arremesso e apóie-a no músculo deltóide - estando o ombro flexionado. Dependendo da flexibilidade do seu punho as mãos podem manter-se fechadas ou abertas, apoiando a barra com as pontas dos dedos. Faz-se a flexão do quadril e joelhos agachando até as coxas ficarem pelo menos paralelas ao solo. Faça uma ligeira pausa na parte mais baixa do agachamento e então retome a posição em pé com controle total da barra. Tenha certeza de aprender corretamente e com destreza o agachamento pela frente antes de passar para os próximos exercícios de aprendizagem do arremesso. 2. Arremesso do final da puxada Este movimento ensina o correto movimento do baço durante a puxada. O principal é aprender a fazer o giro dos cotovelos e a flexão do ombro no final da puxada para apoiar a barra na posição correta de agachamento. Partindo da posição em pé, puxar a barra com a flexão dos tornozelos e contraindo ao mesmo tempo o músculo trapézio das costas. Os cotovelos devem flexionar lateralmente. Realizar rapidamente o giro anterior dos cotovelos e flexão do ombro para apoiar a barra na posição de agachamento frontal. Flexione ao mesmo tempo o quadril em meio agachamento para ajudar a amortecer a queda da barra. 3a. Arremesso bloco Tendo o domínio correto do tempo do “encaixe” da barra nos ombros, o próximo estágio é o primeiro tempo saindo da altura dos joelhos. Novamente, o elemento fundamental é a aceleração da barra através do salto explosivo no início do movimento. Comece da posição atlética com uma pequena flexão dos joelhos e o equilíbrio na parte anterior dos pés. A barra deve estar devidamente apoiada nos blocos. Braços estendidos, cotovelos acima da barra, tronco flexionado pelo quadril e os ombros a frente da barra. Inicie a puxada com um salto vertical explosivo, estendendo quadril, joelhos e tornozelos. Com o salto completado os cotovelos movem-se flexionando lateralmente acima da barra. A barra precisa ser levantada o mais alto possível com a extensão total das articulações a uma altura acima do umbigo pelo menos. Traga os cotovelos para frente com uma rotação dos mesmos e apóie a barra nos deltóides. Esse movimento deve ser rápido e sem hesitação. Com a prática você irá pegar o tempo exato do “encaixe” antes de completar o meio agachamento. Assim que a barra atinge os deltóides o corpo desacelera a mesma fazendo o agachamento. Então reverta o movimento levantando a barra com a extensão dos membros inferiores. 3b. Arremesso suspenso Agora a barra deve começar apoiada nos joelhos. O movimento é exatamente o mesmo do arremesso do bloco, no entanto agora o atleta deve manter o posicionamento da barra com a estabilização da região dorsal e dos músculos do core. Comece da posição atlética com uma pequena flexão dos joelhos e o equilíbrio na parte anterior dos pés. A barra deve estar apoiada acima dos joelhos. Braços estendidos, cotovelos acima da barra, tronco ligeiramente flexionado pelo quadril e os ombros a frente da barra. Inicie a puxada com um salto vertical explosivo, estendendo quadril, joelhos e tornozelos. Encaixe a barra nos deltóides no movimento de meio agachamento. O arremesso suspenso é o movimento que beneficia todo atleta que pretende utilizar o primeiro tempo como exercício de condicionamento de força e potência. 4. Arremesso abaixo dos joelhos Neste exercício a barra deve começar na altura da tíbia, estando assim abaixo da altura dos joelhos. Nesta posição inicial aprende-se a fazer a dupla flexão dos joelhos, só que agora para o arremesso. O movimento é exatamente o mesmo do arranco. Traga a barra devagar até atingir a altura dos joelhos. Então rapidamente faça uma ligeira flexão do quadril colocando a barra em contato com as coxas e os joelhos embaixo dela. A partir de então, acelere o movimento fazendo a segunda puxada com um salto explosivo. Encaixe a barra nos ombros com o giro dos cotovelos e o meio agachamento. Finalize o movimento ficando de pé. 5. Arremesso alto Agora você pode juntar todos os exercícios aprendidos anteriormente e passar para a saída “clássica” do solo. A barra deve estar apoiada no solo na direção da ponta dos pés. Joelhos flexionados, o tronco firme e os ombros a frente da barra. O peso do corpo está distribuído e equilibrado região média dos pés. Mantenha os braços e cotovelos estendidos e diretamente acima da barra. Cabeça em posição neutra e olhando a frente. A puxada desta posição começa devagar com a extensão do quadril levando a barra até a altura dos joelhos. Executa-se a dupla flexão dos joelhos levando a barra ao meio das coxas enquanto os ombros se elevam. Tornozelos, joelhos e quadris estão flexionados. Salte explosivamente seguido de um movimento agressivo de meio agachamento colocando-se embaixo da barra. Encaixe a barra nos ombros com o giro anterior dos cotovelos e então se levante. ARREMESSO SEGUNDO TEMPO (“jerk”) Após levantar as barra até o ombro o atleta se posiciona para lançá-la acima da cabeça. O segundo tempo consiste numa pequena flexão seguida de uma poderosa extensão das pernas para lançar a barra acima da cabeça. Para posicionar a barra acima, o levantador executa a “tesoura”,posicionando uma perna à frente e a outra mais atrás. Está é a forma mais comum em competições de LPO. Uma vez que a barra está controlada acima da cabeça, o atleta recupera o posicionamento paralelo das pernas. Figura: Fases do Arremesso (Segundo tempo). Após executar o primeiro tempo, respire fundo e se prepare fisicamente e mentalmente para executar o segundo tempo, que se desenvolve nas seguintes fases: Posição Inicial (A) A posição inicial do segundo tempo é com a barra descansando nos ombros, não bloqueando a garganta. Os pés devem estar na largura dos ombros e paralelos com os joelhos e quadril estendidos. Os cotovelos devem apontar para frente, flexionados aproximadamente 90º em relação ao ombro. Olhe um ponto fixo a frente. Saque (B-D) Abaixe um pouco o corpo flexionando o quadril e joelhos até uma posição de ¼ de agachamento. Certifique-se de manter o tronco ereto (perpendicular ao solo). Após essa ligeira flexão, reverta o movimento saltando explosivamente para cima. Durante o salto movimente as pernas abrindo-as antero- posteriormente executando assim a tesoura. Coloque a frente o pé que for mais confortável para você, não existindo uma regra. Quando a tesoura é terminada o corpo fica numa posição abaixo da altura da barra. Mantendo os braços firmemente estendidos, trave o movimento de queda da barra acima da cabeça. Recuperação (E-F) Assim que a barra estiver suspensa acima da cabeça recupere a posição em pé trazendo a perna que está à frente e depois a de trás. Mantenha o peso equilibrado acima da cabeça antes de baixá-lo. MODALIDADES DE SEGUNDO TEMPO O push press é uma variação na execução do segundo tempo que alguns levantadores executam durante a competição. Ao invés de executar a tesoura para jogar a barra acima da cabeça, o levantador executa o salto e fica embaixo da barra em posição de agachamento, com os pés paralelos. APRENDENDO O SEGUNDO TEMPO O segundo tempo é o movimento mais simples dos exercícios competitivos do LPO, portanto pode ser aprendido antes do arranco e do primeiro tempo. Segue também a metodologia inversa de aprendizagem. Para isso utilizaremos três exercícios. 1. Desenvolvimento pela frente Com a barra apoiada nos ombros, empurre a barra acima da cabeça, fazendo a flexão completa dos ombros. Esse exercício desenvolve força na musculatura da cintura escapular e tríceps. O atleta aprende e desenvolve o equilíbrio para sustentar a barra acima da cabeça. 2. Push press Tendo o domínio no exercício de agachamento (veja mais detalhes no próximo capítulo) já é possível aprender o “push press”. A partir da posição inicial do agachamento pela frente, flexione o quadril e salte explosivamente empurrando a barra acima da cabeça, terminando com os braços estendidos segurando a barra acima da cabeça. Este exercício também pode ser executado com a barra apoiada nas costas – como no agachamento - principalmente por atletas que tenham dificuldades com correto posicionamento no agachamento pela frente. 3. Segundo tempo Após o domínio da técnica do “push press”, fica fácil executar o segundo tempo. A dinâmica do movimento é a mesma. No momento do salto, enquanto a barra está passando á frente do rosto coloque uma perna à frente e a outra mais atrás (tesoura), abaixando seu corpo e pegando a barra acima da cabeça com os braços estendidos. Estando a barra em equilíbrio recupere os pés, primeiro a perna que está á frente depois a que está atrás e fique em pé com a barra acima da cabeça. Fechado todo o ciclo de aprendizagem dos exercícios que utilizaremos fundamentalmente no LPO System, o arranco alto e o arremesso alto, o atleta de qualquer modalidade se encontra em plenas condições de utilizá-los com toda segurança e eficiência para seus objetivos de aumento de força e potência muscular. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Neste capítulo apresentaremos alguns exercícios que completam aos exercícios competitivos do LPO, o arranco e arremesso, no objetivo de aumentar a capacidade de força e potência dos atletas. Esses exercícios são derivados dos exercícios competitivos e muitas vezes poderão ser substitutos dos mesmos no processo de treinamento. Cabe aos treinadores identificarem as necessidades de sua modalidade esportiva e dos seus respectivos atletas. PUXADA A puxada (“pull”) é utilizada como exercício assistente no treinamento de LPO para aumentar a força e potência nessa fase particular dos exercícios competitivos. Através dos exercícios de puxada o atleta poderá desenvolver a força e potência dos grupos musculares envolvidos no movimento e praticar levantamentos com cargas elevadas aumentando assim o estímulo neuromuscular. Os atletas de outros esportes podem se beneficiar do treinamento com puxadas pois boa parte do tempo do treinamento anual é gasto na sala de musculação para se aumentar a força geral. Apesar desses exercícios se caracterizarem por uma menor produção potência em comparação ao arranco e arremesso, as puxadas permitem desenvolver potência e um elevado grau de força na tripla extensão – joelhos, tornozelos e quadril – em função das altas cargas que se pode trabalhar. Dentro do plano de periodização, é possível utilizar esses exercícios antes, no período preparatório por suas características de força, passando depois para o arranco e arremesso no período competitivo, onde se procura trabalhar com mais explosão nos movimentos. Os exercícios de puxada se referem a qualquer levantamento onde não se necessite levantar a barra acima da cabeça e nem colocá-la nos ombros. Podem ser feitas com a pegada de arranco (“snatch pull”) ou do arremesso (“clean pull”). Além disso, podem iniciar a partir do solo ou dos blocos. Existem dois modos de se fazer a puxada: 1. Puxada “clássica” Assuma uma posição firme inicial, fazendo a pegada ou de arranco ou do arremesso. Faça o levantamento se concentrando em “empurrar” o solo com a ação das pernas, estendendo fortemente os joelhos e quadril. Chegue com a barra até a posição atlética e salte explosivamente. Faça o encolhimento dos ombros com uma forte contração dos músculos trapézio. Figura: Puxada arranco Figura: Puxada arremesso 2. Puxada alta Faça a mesma seqüencia de movimento da puxada “clássica”. Após saltar explosivamente, faça o encolhimento dos ombros contraindo os músculos do trapézio. Ao mesmo tempo, flexione os cotovelos puxando a barra a maior altura possível. Figura: Puxada alta arranco Figura: Puxada alta arremesso Já que a barra nunca é levantada acima da cabeça, a puxada é um excelente exercício para atletas que queiram treinar com levantamentos explosivos sem fazer o movimento completo, ou porque não possam ou porque não necessitem na sua modalidade específica. No entanto, o salto explosivo para se levantar a barra continua presente, propiciando assim o treinamento da potência mesmo com esses levantamentos parciais do arranco e arremesso. Fazer a puxada saindo dos blocos permite aos atletas retornarem a exata posição inicial. Eles podem ainda relaxar e refazer a pegada entre cada repetição. Além disso, permite o atleta trabalhar com cargas mais elevadas. Quanto mais baixa a posição inicial de saída, mais difícil se torna o exercício, exigindo assim maior grau de força. A puxada pode ser feita nas mesmas posições iniciais da seqüencia inversa de ensino do arranco e primeiro tempo. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES AGACHAMENTO A maioria dos esportes necessita de força e resistência nas pernas para o máximo desempenho esportivo, e no LPO elas são a “alma” desse esporte. O exercício de agachamento é a base do treinamentode um levantador. Por se tratar de um exercício dinâmico, multiarticular e que envolve simultaneamente as articulações do quadril, joelhos e tornozelos, o agachamento está diretamente ligado à maioria das modalidades esportivas pelo princípio da especificidade. Se executado com técnica e carga adequada é um exercício seguro e eficaz. 1. Técnica Posicionar os pés um pouco a mais que a largura dos ombros. Se necessário utilizar um “calço” (um apoio de aprox. 2-3cm) nos calcanhares para melhor equilíbrio. Apoiar a barra firmemente nos ombros, realizando uma pequena rotação externa dos mesmos. Com a barra apoiada nos ombros, flexione os joelhos e o quadril até as coxas ficarem pelo menos paralelas ao solo, em velocidade controlada evitando o “tranco” na troca do movimento descendente para o ascendente. Mantenha a postura normal ereta da coluna durante todo o movimento. Depois retorne a posição em pé. É importante que se retire a barra de frente para o suporte, pois ao término do exercício você pode visualizar onde deve guardar a barra. O exercício de agachamento tem sido motivo de muita controvérsia quanto a sua prescrição, principalmente pela “crença” antiga que este exercício cause lesões na articulação do joelho e na região lombar. Qualquer exercício executado de maneira incorreta pode resultar em lesão. A mesma pode ocorrer em função do excesso de carga ou da execução imprópria do exercício. Portanto a técnica correta é fundamental. A profundidade com que se agacha é um tema bastante discutido no treinamento esportivo. Geralmente é recomendada a flexão até as coxas formarem um ângulo de 90º com o solo (agachamento paralelo). O valor do agachamento profundo para o aumento do desempenho atlético ainda é um assunto bastante debatido. Na extensa revisão feita por Escamilla (6), o autor conclui que para o atleta que possui o joelho saudável o agachamento paralelo é preferível em função do profundo, pois o potencial de lesão do menisco, ligamento cruzado e colateral aumentam em função da profundidade. Porém o autor não exclui a utilização do agachamento profundo como treinamento caso o esporte exija. Dentro do treinamento do LPO, utilizamos o agachamento completo. Para o treinamento de atletas de outras modalidades, dentro do método do LPO System, utilizaremos também o agachamento completo, caso o atleta apresente articulações saudáveis. Esse estímulo do agachamento completo ajuda a aumentar a flexibilidade do quadril além da força estabilizadora da musculatura do tronco. Sempre que o atleta apresentar alguma restrição, o agachamento se ajusta a altura da sua limitação, ou é substituído por alguma variante de cadeia cinética fechada. Agachar é um padrão de movimento fundamental do ser humano. O correto desenvolvimento deste padrão desenvolve músculos e articulações mais fortes, reduzindo instabilidades. Como forma prática, sempre que agachar utilize um “calço” de aproximadamente 2-4 cm nos calcanhares. Este “calço” permite maior estabilidade para se agachar, equilibrando a posição devido a algum encurtamento e permitindo que o atleta atinja posições profundas com segurança. Recomendamos o uso das sapatilhas de LPO sempre que possível, por ser um calçado próprio para isso. No entanto é possível fazer uma adaptação com uma peça de madeira ou com anilhas pequenas. 2. Segurança e Reabilitação Pesquisas recentes sobre o agachamento (Escamilla, 2.000) mostram que este é um excelente exercício para o aumento de força nos membros inferiores, sendo inclusive utilizado como exercício de reabilitação para os joelhos. Para entender os benefícios do agachamento para a articulação do joelho, duas forças atuantes nessa articulação precisam ser entendidas: a força compressiva e a força de cisariamento. Figura: Tipos de força aplicada aos ossos. A força compressiva é aplicada nas extremidades do osso de maneira simultânea e perpendicular, “comprimindo” o osso. A força de cisariamento é aplicada paralelamente á superfície do osso, na suas extremidades e de direção opostas entre si. (figura). O aparelho locomotor (ossos, músculos, tendões e ligamentos) é constituído para suportar melhor as forças compressivas do que as de cisariamento. Portanto reduzir a força de cisariamento durante a execução de um exercício é desejável. O ligamento cruzado anterior (LCA) atua prevenindo que a tíbia se movimente para frente. Como o agachamento combina simultaneamente as ações de extensão do joelho e quadril, os isquiotibias (que atuam como extensores do quadril e flexores do joelho) são ativados simultaneamente com o quadríceps e funcionam de modo a neutralizar o movimento para frente da tíbia que o quadríceps executa (diminuindo a carga no LCA). Além disso, por estar com os pés apoiados ao solo durante o exercício, o músculo sóleo também é ativado, ajudando na estabilidade da articulação e reduzindo a força de cisariamento. A dor na região lombar é freqüentemente associada ao agachamento. Contraturas e distensões musculares podem ocorrer em uma variedade de movimentos que envolvam extensão e rotação da coluna. Quando executado de forma correta, o agachamento não provoca esse tipo de lesão. 3. Variações do exercício Para o trabalho de força dos membros inferiores, apresentamos duas variantes do agachamento. Essas variações se aplicam as necessidades específicas de algumas modalidades esportivas. Agachamento pela frente - Este exercício é específico para o primeiro tempo. O agachamento frontal preserva as características do agachamento tradicional (barra nas costas) com uma redução sensível na carga (20% menor), diminuindo a carga geral do exercício. Como a barra está apoiada nos ombros o corpo tende a ficar numa posição mais ereta, o que aumenta a carga no quadríceps. Subida no banco – Esta variação é uma excelente forma de se treinar de forma unilateral os membros inferiores, ajudando a corrigir eventuais diferenças de força entre os membros. Além de preservar as características de aplicação de carga no joelho do agachamento, a subida no banco permite uma iniciação segura ao agachamento. Atletas iniciantes e com debilidades de força e flexibilidade que impeçam a manutenção da postura correta no agachamento, devem treinar com este exercício. O MÉTODO LPO SYSTEM Neste capítulo do livro pretendo apresentar um pouco do trabalho que venho realizando ao longo dos anos aplicando o LPO como método fundamental no treinamento de força e potência de atletas de diversas modalidades esportivas. O LPO System é o método que criei e venho utilizando com diversos atletas juvenis, profissionais e olímpicos aqui no Brasil e que tem mostrado na prática a eficiência do sistema. Esse nome foi criado para se diferenciar das diversas formas que existem de se trabalhar com o LPO no esporte. Esta é a forma que considero ideal para os atletas de nosso país, no entanto não desconsidero os outros métodos. Todo conteúdo do método foi construído dentro da cultura esportiva do atleta brasileiro, portanto está em plena conformidade com a nossa realidade. Muitas informações e métodos formulados no exterior e apresentados aqui através de livros e manuais de treinamento não incorporam isso. Aqui no Brasil nossos atletas têm características e peculiaridades que precisam ser levadas em conta na hora de montar um programa de treinamento. A idéia é trabalhar o levantamento olímpico como esporte auxiliar, portanto o programa do LPO System está fundamentado em três objetivos: 1. Aumento da força relativa (desenvolvimento neuromuscular) 2. Equilíbrio muscular 3. Segurança Desta forma posso afirmar que os atletas irão aprender a executar força em alta velocidade (objetivo 1) utilizando
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