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Profa. Dra. Caroline Pereira Moura Aranha CarolineAranha@ufgd.edu.br Universidade Federal da Grande Dourados Faculdade de Engenharia Bromatologia Regras para boa convivência Objetivos da Disciplina Importância da Bromatologia e composição centesimal. Abordar as principais características químicas dos alimentos, no que se refere à composição, qualidade e estabilidade. Conhecer e aplicar as técnicas de controle de qualidade dos alimentos, seu valor nutricional, bem como interpretar os resultados analíticos e enquadrá-los de acordo com os padrões exigidos pela Legislação Vigente. Ementa Introdução à Bromatologia. Conceitos de alimentos. Os consumidores e a alimentação no século XXI. Manuseio de tabelas de composição dos alimentos. Estudo dos grupos de alimentos quanto às características físico- químicas, nutricionais e sensoriais. Técnicas de preparação de amostra. Análise de gorduras e óleos, proteínas, carboidratos, cinzas, vitaminas, fibra alimentar, aditivos. Cálculos do valor calórico de alimentos. Legislação de alimentos. Programa da Disciplina: Critérios de aprovação: Se frequência < 75% então: reprovado ou; Se frequência ≥ 75% e; MA ≥ 6,0 então: aprovado; Se frequência ≥ 75% e; MA < 6,0 então: fazer PS; PS substitui a menor entre P1 e P2; Recalcula MA; Se MA ≥ 6,0 então: aprovado ou; Se MA < 4,0 então: reprovado ou; Se 4,0 ≤ MA < 6,0 então: fazer EF; Se EF ≥ 6,0 então: aprovado ou; EF < 6,0 então: reprovado. Programa da Disciplina: Critérios de aprovação: P1 – 28/06 P2 – 23/08 PS – 30/08 Exame – 06/09 MA = ((P1*0,8) + (R1*0,2)) + ((P2*0,8) + (R2*0,2)) 2 Bibliografia básica CECCHI, Heloisa Mascia. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2. ed. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2003. 206p. ASCAR, JOSE MIGUEL. Alimentos: aspectos bromatologicos e legais. . Sao Leopoldo: UNISINOS, 1985. Bibliografia complementar EVANGELISTA, José. Tecnologia de Alimentos. Rio de Janeiro: Atheneu, 1989. p.577-584. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico- químicos para análises de alimentos. 4ª ed. (1ª Edição digital), 2008. 1020 p. ARAÚJO, J. M. A. Química de Alimentos: Teoria e Prática. 2. ed. Viçosa : UFV, 1999. 416p. BARUFFALDI, R.; OLIVEIRA, M. N. Fundamentos de Tecnologia de Alimentos. vol. 3. São Paulo : Atheneu, 1998. BOBBIO, F. O.; BOBBIO, P. A. Introdução à Química de Alimentos. 3. ed. São Paulo : Varela, 2003. RIBEIRO, E.P., SERAVALLI, E.A.G. Química de Alimentos, Editora Blucher, 2007, 2a ed. GAVA, A.J. Tecnologia de Alimentos: Princípios e Aplicações. Editora ABDR, 2008. FENNEMA, O. R. Food Chemistry. 4 ed. CRC Press, 2007. LASZLO, H. Química de alimentos: alteração dos componentes orgânicos. Nobel, 1986. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos químicos e físicos para análises de alimentos. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. IV ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2005. GUTIÉRREZ, JOSÉ BELLO. Ciência Bromatológica: Principios Generales de Los Alimentos, 2000. Anvisa Enfim.... a Bromatologia BROMATOLOGIA OU ANÁLISE DE ALIMENTOS Definição: A palavra Bromatologia deriva do grego: Broma, Bromatos significa “alimentos, dos alimentos” e Logos significa “Ciência”. Logo, pode-se definir Bromatologia como a ciência que estuda os alimentos. Se dedica primariamente ao conhecimento da natureza, composição, elaboração, alteração e estado de conservação dos alimentos Assim como também estuda: - O valor alimentício/ calórico - Físico, químico, -Toxicológico, adulterantes etc. Relaciona-se com tudo aquilo que, de alguma forma, é alimento para os seres humanos > desde a produção, coleta, transporte da matéria-prima, até a venda como alimento natural ou industrializado. Alimento: “toda substância ou mistura de substâncias, naturais ou processadas que, quando ingeridas pelo homem, garantam ao seu organismo os materiais e a energia necessários para o desenvolvimento de seus processos biológicos. Inclui também as que são ingeridas por hábito, costumes ou como aditivos, tenham ou não valor nutritivo.” SALINAS, R.D. Alimentos de nutrição: introdução à bromatologia. 3a ed. Porto Alegre: Artmed DEFINIÇÕES ALIMENTOS SIMPLES: São aquelas substâncias que por ação de enzimas dos sucos digestivos são transformadas em metabólitos (açúcares, lipídios, proteínas). ALIMENTOS COMPOSTOS: São substâncias de composição química variada e complexa, de origem animal ou vegetal, ou formada por uma mistura de alimentos simples (leite, carne, frutas, etc). METABÓLITOS: são os alimentos diretos, ou seja, são substâncias metabolizadas depois de sua absorção (água, sais, monossacarídeos, aminoácidos, ácidos graxos). DEFINIÇÕES ALIMENTOS APTOS PARA O CONSUMO: São aqueles que respondendo às exigências das leis vigentes, não contém substâncias não autorizadas que constituam adulteração, vendendo-se com a denominação e rótulos legais. Também são chamados de alimentos GENUÍNOS. ALIMENTOS NATURAIS são aqueles alimentos que estão aptos para o consumo, exigindo-se apenas a remoção da parte não comestível (“in natura”). A diferença entre alimentos genuínos e naturais está em que sempre os alimentos genuínos devem estar dentro das regulamentações da lei; no entanto, nem sempre o alimento natural pode ser genuíno, como por exemplo uma fruta que está com grau de maturação acima da maturação fisiológica permitida. ALIMENTOS NÃO APTOS PARA O CONSUMO: São aqueles que por diferentes causas não estão dentro das especificações da lei. Podem ser: ALIMENTOS CONTAMINADOS: são aqueles alimentos que contém agentes vivos (vírus, bactérias, parasitas, etc.) ou substâncias químicas minerais ou orgânicas (defensivos, metais pesados, etc.) estranhas à sua composição normal, que pode ser ou não tóxica, e ainda, componentes naturais tóxicos (sais como nitratos, etc.), sempre que se encontrem em proporções maiores que as permitidas. ALIMENTOS ALTERADOS: são os alimentos que por causas naturais, de natureza física, química ou biológica, derivada do tratamento tecnológico não adequado, sofrem deteriorações em suas características organolépticas, em sua composição intrínseca ou em seu valor nutritivo. Como exemplo de alimentos alterados temos o odor característico da carne no início do estágio de decomposição, o borbulhar do mel (fermentação), ou latas de conservas estufadas (enchimento excessivo ou desenvolvimento de microorganismos). Segundo Evangelista, as alterações podem ser classificadas em cinco grupos: - Alterações enzimáticas (ranço hidrolítico e escurecimento enzimático); - Alterações por agentes químicos (escurecimento químico e ranço oxidativo); - Alterações por agentes físicos (temperatura e luz solar); - Alterações macrobianas (roedores, insetos, etc.); - Alterações por microrganismos (fungos, bactérias e leveduras). EVANGELISTA, José. Tecnologia de Alimentos. Rio de Janeiro: Atheneu, 1989. ALIMENTOS FALSIFICADOS: São aqueles alimentos que tem aparência e as características gerais de um produto legítimo e se denominam como este, sem sê-lo ou que não procedem de seus verdadeiros fabricantes, ou seja, são alimentos fabricados clandestinamente e comercializados como genuínos (legítimos). Pode acontecer que o alimento falsificado esteja em melhores condições de qualidade que o legítimo, mas por ser fabricado em locais não autorizados ou por não proceder de seus verdadeiros fabricantes, é considerado falsificado e, portanto, não apto ao consumo. Fonte: EVANGELISTA, 1989. Produtos Falsificados Causas de Fraudes Bebidas Bebidas nacionais, vendidas como importadasCafé Venda de café africano, como brasileiro ou colombiano Chá Venda de chá brasileiro, como asiático Queijos Venda de queijos nacionais, como estrangeiros. Exemplos de falsificação envolvendo a procedência do alimento ALIMENTOS ADULTERADOS: São aqueles que foram privados, parcial ou totalmente, de seus elementos úteis ou característicos, porque foram ou não substituídos por outros inertes ou estranhos. • Também a adição de qualquer natureza, que tenha por objetivo dissimular ou ocultar alterações, deficiências de qualidade da matéria-prima ou defeitos na elaboração, que venham a constituir adulteração do alimento. A adulteração pode ser por acréscimo de substâncias estranhas ao alimento (Ex: água no leite ou vísceras em conservas de carnes, amido no doce de leite, melado no mel), por retirada de princípios ativos ou partes do alimento (retirada da nata do leite ou cafeína do café) ou por ambas simultaneamente. Produtos adulterados Causas de adulterações Café moído Para aumento de volume e peso: cevada, milho, raízes, casacas de café etc. Para aumento da coloração: caramelo Farinha de trigo Farinhas inferiores Farinhas inferiores Gesso etc. Leite Água Massa de farinha de trigo Farinha de trigo com raspa de mandioca Mate Gravetos de erva-mate Pão de sêmola Farinha de trigo com raspa de mandioca Picles Ácido acético no vinagre Pimenta do reino Sementes de mamão, dessecadas e moídas Serragem de madeira Sal e açúcar Areia Vinagre de álcool Água Vinagre de vinho Ácido acético Exemplos de produtos adulterados por adição de alimentos ou substâncias inferiores Fonte: EVANGELISTA, 1989. Análise de Alimentos ? ? ? ? ? ??? ? Determinar um componente específico do alimento, ou vários componentes? • Boa sensibilidade • Baixo custo de análise • Fácil operação • Equipamentos robustos Estudo químico e nutricional dos constituintes fundamentais dos alimentos Glicídios Lipídios Proteínas Fibras alimentares Vitaminas Minerais Água Estudo químico nutricional dos constituintes secundários dos alimentos (enzimas, constituintes de cor, sabor e aroma) Função da Análise de Alimentos Conhecer a composição da matéria-prima e do produto acabado Determinar o padrão de identidade e qualidade dos alimentos Controlar e garantir a qualidade da matéria-prima e do produto Estabelecer a composição nutricional nos rótulos Segurança no consumo de alimentos Gerar banco de dados e validação de processo Desenvolver novos produtos e padrões de qualidade Conhecer os efeitos do processamento e da estocagem na qualidade do produto Análise de Alimentos: Por quê? Característica Alteração Textura Perda de solubilidade, perda de capacidade de retenção de água, endurecimento, amolecimento Sabor Desenvolvimento de rancidez (hidrolítica ou oxidativa), sabor cozido ou caramelo, odores indesejados Cor Escurecimento, branqueamento Valor Nutricional Perda, degradação ou alteração da biodisponibilidade de proteínas, lipídeos, vitaminas, minerais... Segurança Formação/inativação de substâncias tóxicas Alterações que podem ocorrer em alimentos durante a manipulação, processamento ou armazenamento Fennema, O.R. Química de Alimentos, 4 ed. 2010 Reações e eventos envolvidos com as alterações em alimentos Fennema, O.R. Química de Alimentos, 4 ed. 2010 Evento primário Evento secundário Hidrólise de lipídeos Ác. Graxos livres reagem com proteínas Hidrólise de polissacarídeos Áçúcares reagem com proteínas Oxidação de lipídeos Produtos reagem com diversos outros constituintes Contusões em frutas Ruptura celular, liberação de enzimas, disponibilidade de oxigênio Aquecimento de hortaliças Perda da integridade celular, liberação de ácidos, inativação de enzimas Aquecimento do tecido muscular Desnaturação e agregação de proteínas, inativação de enzimas Conversão cis trans em lipídeos Polimerização durante a fritura (formação de espuma, solidificação do óleo). Nas Indústrias de Alimentos Nas Universidades e Institutos de Pesquisa Desenvolvimento de novos produtos Ex.: Desenvolvimento de biscoitos com farinha de resíduos de palmeira real – caracterização (umidade, cinzas, proteína). Desenvolvimento de novas metodologias analíticas Nos órgãos Governamentais Controle da qualidade Padronização Métodos padrões (Manual da AOAC; Organização Internacional de Normatização – ISO; Métodos Instituto Adolfo Lutz – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA)) Fiscalização Legislação Importância do Controle de Qualidade pela Análise de Alimentos PESQUISA É utilizada para desenvolver ou adaptar métodos analíticos exatos, precisos, sensíveis, rápidos, eficientes, simples e de baixo custo na determinação de um dado componente do alimento CONTROLE DE QUALIDADE É utilizada no controle de qualidade de rotina para checar a matéria-prima que chega, como também o produto acabado que sai da indústria, além de controlar diversos estágios do processamento. Na medida do possível são utilizados os métodos instrumentais devido a sua rapidez nas determinações. Importância do Controle de Qualidade pela Análise de Alimentos matéria-prima produto-final processamento Controle de qualidade Controle de qualidade Controle de qualidade FISCALIZAÇÃO É utilizada para verificar o cumprimento da legislação através de métodos analíticos que sejam exatos e precisos, preferencialmente aqueles oficiais, realizando o controle de qualidade dos produtos alimentícios e padronização de novos produtos. Legislação ANVISA - Legislação – Farinhas Portaria nº 354, de 18 de julho de 1996 Publicada no DOU, de 22/07/1996, Seção 1 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PORTARIA Nº 146 DE 07 DE MARÇO DE 1996. (*) REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO LEITE UAT (UHT) Resolução nº 482, de 23 de setembro de 1999 (*) (Republicada dia 20/06/2000) REGULAMENTO TÉCNICO PARA FIXAÇÃO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE ÓLEOS E GORDURAS VEGETAIS Composição Química dos Alimentos – Composição Centesimal Constituintes dos Alimentos 1) Quantitativamente Majoritários Carboidratos, Lipídios, Proteínas 2) Minerais Macrominerais e Microminerais 3) Substâncias orgânicas (ocorrem em quantidades proporcionalmente pequenas). Vitaminas, emulsificantes naturais, ácidos orgânicos, oxidantes e antioxidantes, enzimas, pigmentos responsáveis pela cor, compostos responsáveis pelo conjunto de aroma e sabor (“Flavor”) naturais. 4) Água Valor nutritivo de um alimento é dado pelo seu conteúdo em: Carboidratos Lipídios Proteínas Minerais Vitaminas Alimento: todo material que possa ser consumido. Esse material pode se apresentar em qualquer estado físico e deve ser suficiente para a manutenção, crescimento, respiração e realização de trabalhos. Nutriente: substâncias quimicamente definidas e que exercem atividades distintas no organismo. Ex. Carboidratos, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e componentes minerais. Classificação dos Alimentos a) Origem Vegetais (autotróficos), animais (heterotróficos) e minerais b) Conservação Não perecíveis (grãos, açúcar) Semiperecíveis (algumas hortaliças e frutas) Perecíveis (leite, carnes) c) Pelo nutriente presente Ricos em carboidratos (cereais e derivados) Proteícos (carnes) Gordurosos (manteiga, azeite, creme) Vitamínicos (frutas e hortaliças) Fibra (grãos inteiros, frutas e verduras) VARIABILIDADE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS Alimentos de origem vegetal: variedade(genética); condições de cultivo (solo, clima, irrigação, etc); estágio de maturação; condições e tempo de estocagem; parte do alimento (casca ou polpa). Alimentos de origem animal: teor de gordura; parte do animal; alimentação e idade do animal; raça. VARIABILIDADE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS Fatores no pós-colheita: perda ou absorção de umidade; perda de constituintes voláteis; decomposição química e enzimática; deterioração microbiológica; contaminação com metais (provenientes de equipamentos). Convencionou-se chamar “Composição Centesimal” de um alimento à proporção em que aparecem, em 100g do produto, grupos homogêneos de substâncias que constituem o alimento. Também por convenção, os grupos homogêneos de substâncias constituintes do alimento são os seguintes: 1. Umidade ou voláteis a 105ºC 2. Cinzas ou resíduo mineral fixo 3. Lipídios, gorduras ou extrato etéreo; 4. Proteína bruta ou extrato nitrogenado; 5. Carboidratos, glicídios, açúcares ou sacarídeos; 6. Fibras ou substâncias insolúveis. A composição centesimal de um alimento exprime de forma grosseira o valor nutritivo destes alimentos. Podemos, a partir da composição centesimal, verificar a riqueza do alimento em alguns grupos homogêneos considerados, assim como verificar, por cálculo, o valor calórico desse alimento. Composição centesimal Somatória das 6 frações vai dar 100% Através da composição centesimal tenho uma idéia do valor nutritivo. Através do valor nutritivo obtenho o valor calórico - Proteínas - Lipídios - Glicídios Supor: Tabela de Composição Centesimal da Soja Proteína 40% Lipídios 20% Glicídios 20% Fibra 5% Cinza 5% Umidade 10% Utilizada na Rotulagem Nutricional Obrigatória Valor nutritivo Todo alimento é composto de uma parte sólida e outra líquida
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