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saúde mental e atenção psicossocial
Introdução
Até um passado recente falar sobre saúde mental era falar sobre manicômios imundos, remédios controlados, afim de dopar, pacientes amarrados, loucos, malucos (como eram considerados) sem a menor sanidade mental, pessoas que eram submetidas a uma crueldade tamanha indigna de qualquer ser humano.
Desde 1987 até os dias de hoje, os profissionais de saúde mental lutam pelo fim dos hospitais psiquiátricos no país. O maior deles estava situado em Barbacena, MG, e matou mais de 60 mil pessoas e ainda lucravam com o corpo dessas pessoas pois eram vendidos para faculdades de medicina de todo país.
O Objetivo desse trabalho é trazer uma análise a partir do livro SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE PAULO AMARANTE. Para refletirmos sobre tudo que ocorreu no passado nessas casas de tortura e o que estamos fazendo hoje. Como estamos construindo esse novo lugar social para essas pessoas que estão em sofrimento psíquico.
Desenvolvimento
Paulo Amarantes é formado em psiquiatria e sempre foi militante na luta contra os manicômios. Sua luta sempre foi contra a violência da psiquiatria, denunciando a sociedade a realidade cruel e perversa das instituições psiquiátricas.
Paulo caracterizou o processo de apropriação da loucura pela medicina com a instituição do saber e da principal instituição psiquiátrica, o hospício, identificando e desenvolvendo os principais conceitos e práticas que fundaram o paradigma psiquiátrico. 
A saúde mental é muito mais do apenas semiologia ou psicopatologia por tanto não pode ser reduzida a apenas estudo e tratamento das doenças mentais.
A pouco tempo atrás na prática assistencial quando alguém dizia que trabalhava na “saúde mental” significava dizer que essa pessoa trabalhava com hospícios e manicômios.
O que significa dizer que alguém tem ou não uma doença mental?
De acordo com a (OMS) Organização Mundial da Saúde, saúde é o “estado de completo bem-estar físico, mental e social” e não apenas a ausência de doenças. Mesmo tendo avançado um pouco do ponto onde estávamos depois dessa definição, ainda fica a pergunta: O que é este estado de completo bem-estar? O que vem a ser doença?
Nos deparamos com um empasse, o que é ser normal? Há quem diga que normal é quem ainda não foi devidamente examinado...
O alienismo representa a resposta da ciência médica à questão da loucura, escrita como alienação mental, isto é, como uma doença que deveria ser tratada por um tipo especial de medicina, segundo os paradigmas do tratamento físico-moral pineliano e da teoria das paixões.
 A loucura passa a ser entendida como uma afecção médica provocada pela combinação de causas físicas e morais. Neste contexto, aparece um novo especialista, o alienista, a quem compete tratar, usando uma expressão da época, "dos infelizes privados do uso da razão". Aparece também o hospício, lugar de triunfo e operação desta nova concepção.
Philippe Pinel, médico que ficou conhecido como pai da psiquiatria, sucessora do alienismo. Ele participado ativamente dos acontecimentos da Revolução Francesa, período em que marcou a história da humanidade. Suas ideias ainda hoje repercutem em nossas vidas.
Podemos citar aqui uma ideia, como por exemplo a transformações nos hospitais que antes era bem diferente do que conhecemos hoje, com enfermeiras em seus corredores, doentes deitados em camas aos cuidados dos médicos... Na verdade os hospitais surgiram na Idade Média como instituição de caridade que tinham como objetivo oferecer abrigo, assistência religiosa aos pobres, mendigos e desabrigados além de alimentação. Daí vem o nome Hospital que conhecemos hoje, que vem de hospedagem.
Para George Rosen, um dos maiores estudiosos da história da medicina e das políticas de saúde, um dos valores básicos que motivaram o surgimento dos hospitais foram os ensinamentos de Paulo, o apóstolo que pregava a “fé, a esperança e a caridade” mas a maior delas é a caridade (Rosen,1980: 336-7)
Aos poucos os hospitais foram transformados em instituições médicas. A loucura e o loucos, até esse momento possuíam vários significados. Eram chamados de demônios ou endeusados, de comédia a tragédia.
Em 1656 foi criado pelo rei da França o Hospital Geral, que passou a cumprir uma função de ordem social e política mais explícitas. Para Foucault o advento do Hospital Geral foi fundamental importância para a definição de um novo lugar social para o louco e a loucura na sociedade ocidental. Foucault referiu-se ao Hospital Geral como a “Grande Internação ou o grande Enclausuramento”. 
Trata-se de recolher, alojar, alimentar aqueles que se apresentam de espontânea vontade , ou aqueles que para lá são encaminhados pela autoridade real ou judiciária. É preciso também zelar pela subsistência, pela boa conduta e pela ordem geral daqueles que não puderam encontrar seu lugar ali, mas que poderiam ou mereciam estar ali. Essa tarefa é confiada aos diretores nomeados por toda a vida, e que exercem seus poderes não apenas nos prédios do Hospital como também em toda a cidade de Paris sobre todos aqueles que dependem de sua jurisdição. (Foucault, 1978: 49)
Os médicos começaram a intervir nesse espaço hospitalar constantemente e o saber sobre o hospital permitiria ao médico agrupar as doenças e assim observa las de forma diferente no dia a dia em seu curso e evolução. 
Com tudo isso produziu-se um saber sobre as doenças. Esse processo podemos denominar de medicalização do hospital e se deu em duas fases: O hospital se tornou uma apropriação médica, a medicina tornou-se um saber e uma prática que passou a predominar nos hospitais.
No âmbito da instituição passou a se ter o controle sobre o desenvolvimento de uma ação e não sobre o que isso resultava como consequência uma vigilância perpetua das pessoas que lá estavam. O hospital passou ao mesmo tempo a ser um local com espaço para a realização de exames, espaço de tratamento e além disso espaço para a reprodução do saber médico.
Esse novo modelo de fato produziu um saber original sobre as doenças mas por outro lado esse “saber” referia-se a uma doença institucionalizada, ou seja doença modificada pela ação da institucionalização, logo torna-se uma doença produzida, transformada pela própria intervenção médica.
ANEXO - II
Entrevista com os profissionais
PSF – Castelo São Manoel
1-Quais são os principais objetivos do Programa da Saúde da Família?
O principal objetivo é a Prevenção.
2- Sendo o PSF a porta de entrada e o primeiro nível de atenção à saúde, como são elaborados os projetos de promoção da saúde e de prevenção?
Através da Educação Permanente, onde os funcionários recebem treinamentos e atualizações sobre os assuntos, como hipertensão, diabetes, obesidade e amamentação. Agora também está sendo implantada a “Sala de espera”, onde são passadas as informações sobre as doenças e a prevenção de forma descontraída.
3- Quais as estratégias usadas para um bom funcionamento dos programas propostos?
Grupos, sala de espera e reuniões semanais.
4- Que atendimentos são oferecidos no PSF?
Odontológico, Clínico Geral, Nutrição, Enfermagem e Aux. de Enfermagem.
5- Quando o usuário necessita de atendimento em outros serviços como se dá o encaminhamento?
O médico investiga o caso para saber qual a especialidade ele irá encaminhar, faz a ficha de encaminhamento e é feito pelo sistema.
6- Como o trabalho do PSF é organizado, no que concerne à atuação dos profissionais?
Através do planejamento anual e da reunião de equipe, a reunião semanal. E geralmente esse planejamento pode ter alterações, pois acontecem surtos e epidemias e é preciso vacinar a população.
7- Quais profissionais compõem a equipe? Quantos são?
1 Médica, 1 Enfermeira, 1 Dentista, 1 Aux. de Saúde Bucal, 1 Aux. de Enfermagem, 6 agentes de saúde, 1 recepcionista e 1 Aux. de Serviços Gerais, 1 apoiadora e 2 residentes: 1 de Nutriçãoe 1 de Enfermagem.
8- Como atuam os agentes comunitários de saúde?
Visitas domiciliares, buscativas, acompanhamento das crianças, ajudam com os grupos, participam do planejamento da equipe, marcação de consultas, cadastro do PSF.
9- Como se dá a organização do território atendido pelo PSF?
É dividido por microáreas, são 8 microáreas no total, cada uma contendo em média 180 famílias, sendo que a microárea 2 e 4 não possuem um agente de saúde, por isso a informação não é passada diretamente ao PSF.
10- Qual o perfil da população atendida?
Depende da microárea, algumas são bem misturadas entre uma população mais carente e classe média, outras, como o exemplo da microárea 8 do PSF Castelo São Manoel, a maioria é uma população mais carente e há mais número de bolsa família, crianças, gravidez na adolescência e problemas com drogas.
11- Atualmente, quantas pessoas em média são atendidas diariamente?
De 40 a 60 pessoas.
12- Em quais situações não cabe procurar o PSF?
Emergência, infartos, casos de ortopedia. E quando chegam situações desse tipo, é pedida uma ambulância para o Hospital Alcides Carneiro.
13- Em sua opinião seria necessário que um profissional de Psicologia integrasse a equipe do PSF? Por quê?
Para ajudar nos grupos e no suporte as famílias.
14- Quais os maiores desafios enfrentados pelos PSF’s? Quais as estratégias que vêm sendo elaboradas para vencê-los?
Os encaminhamentos demorados e as famílias com resistência a se cadastrem no PSF. Nós perdemos a sala de vacina e com isso perdemos o contato com os primeiros meses da criança, que muitas vezes é uma forma da família ser inserida no Programa, as vacinas ficaram em atraso e faltam cadernetas de vacinas. No momento, só deram a esperança para o mutirão das vacinas para acertar as cadernetas.
ANEXO – III
FOTOS DO LOCAL: PSF (CASTELO SÃO MANOEL)
Conclusão
Depois de tudo que pude observar e presenciar, concluo que foi de grande valia ter estado tanto no PSF quanto no Pronto Socorro, pois pude ampliar ainda mais  a minha visão sobre a necessidade de profissionais comprometidos com o bem estar físico e psicológico do outro. 
 O fato de ter saído da teoria e ter  vivenciado um pouquinho da prática fez com que eu me apaixonasse ainda mais pela Psicologia e aguçou minha vontade de colocar a mão na massa para de alguma forma contribuir para minimizar os sofrimentos das pessoas. 
 
 Em relação a atuação dos profissionais da Psicologia  na Rede da Saúde Pública acho que é indispensável a atuação, pois de acordo com a Lei 8080 de 1990, que instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS), indicou uma prática  que não se limitasse ao combate de doenças expandindo dessa forma  ação dos profissionais de saúde para todos os níveis  de atenção e possibilitando de maneira mais incisiva o ingresso de novas categorias no campo da saúde pública. 
 	 Por fim ressalto a importância do psicólogo que desenvolve suas atividades em saúde coletiva , a fim de reconhecer suas próprias potencialidades e dos indivíduos buscando encontrar  caminhos próprios e novos na construção de uma vida com qualidade. 
Bibliografia
 
CASTRO, M.R.A importância dos estágios em graduação. Psicologia do Patrocínio. Publicado em 01/05/2011. Disponível em http://www.psiunicerpmrc.blogspot.com.br 
BARBOSA, A.M.G.O importante papel do estágio no desenvolvimento de competência. In, revista Ágora: Políticas Públicas e Serviço Social. Ano 1, no 1, outubro de 2004- issn-1807-698X. Disponível em: http://www.ssistentesocial.com.br 
ESCOREL, S., GIOVANELLA, L., MENDONÇA, M. H., MAGALHÃES, R., SENNA, M. C. M. S. Avaliação da implementação do Programa da Saúde da Família em dez grandes centros urbanos: síntese dos principais resultados. Brasília, DF: MS/SPS/ DAB, 2002.  
DIMENSTEIN, MDB. O psicólogo nas Unidades Básicas de Saúde: desafios para a formação e atuação profissionais. Estudos de Psicologia. Natal, v.3, n.1, p. 53-81, 1998. DIMENSTEIN, M, et al. Demanda em Saúde Mental em Unidades de Saúde da Família. Mental, ano III, n. 5, Barbacena, p. 33-42, 2005