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Resumo Processo Civil Alterações do NCPC

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RESUMO 
Principais Mudanças 
CPC/73 x CPC/15 
Direito Processual Civil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
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Índice 
Modificações do NCPC ................................................................................................................................... 4 
Normas Fundamentais no NCPC........................................................................................................................ 4 
Artigo 1º ............................................................................................................................................................ 4 
Artigo 3º ............................................................................................................................................................ 4 
Artigo 4º ............................................................................................................................................................ 5 
Artigos 5º e 6º ................................................................................................................................................... 5 
Artigo 7º ............................................................................................................................................................ 5 
Artigo 8º ............................................................................................................................................................ 6 
Artigo 9º ............................................................................................................................................................ 6 
Artigo 10 ............................................................................................................................................................ 6 
Artigo 11 ............................................................................................................................................................ 7 
Ordem Cronológica ............................................................................................................................................ 7 
Critérios de Determinação de Competência ..................................................................................................... 8 
A alegação da incompetência relativa ............................................................................................................... 9 
Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas .............................................................................. 10 
Honorários Advocatícios como crédito alimentar do advogado ..................................................................... 10 
Honorários de sucumbência para advogados públicos ................................................................................... 10 
Intervenção de terceiros (artigos 119 e seguintes, NCPC) .............................................................................. 11 
Amicus Curiae .................................................................................................................................................. 11 
Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (artigos 133 a 137, NCPC) ..................................... 12 
Flexibilidade dos procedimentos ..................................................................................................................... 13 
Alteração do procedimento pelas partes ........................................................................................................ 13 
Da Prática Eletrônica de Atos Processuais ...................................................................................................... 14 
Ato tempestivo ................................................................................................................................................ 14 
Contagem dos prazos processuais em dias úteis ............................................................................................ 14 
Período entre 20 de dezembro e 20 de janeiro .............................................................................................. 15 
Tutela Provisória (artigos 294 a 311, NCPC) .................................................................................................... 15 
Unificação do procedimento ordinário e do procedimento sumário ............................................................. 15 
Da audiência de conciliação ou de mediação .................................................................................................. 16 
Ônus da prova.................................................................................................................................................. 16 
Obrigação de enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo de capazes ........................................ 17 
Ampliação dos limites objetivos da coisa julgada ........................................................................................... 17 
Observação dos precedentes pelos juízes e tribunais ..................................................................................... 18 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
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Extinção dos embargos infringentes ............................................................................................................... 19 
Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas – IRDR (artigos 976 a 987, NCPC) .................................... 19 
Da Reclamação (artigo 988, NCPC) .................................................................................................................. 20 
Uniformização dos prazos ............................................................................................................................... 20 
Extinção do agravo retido ................................................................................................................................ 20 
Extinção do juízo de admissibilidade do REsp e do RE em face do órgão que proferir a decisão recorrida ... 21 
Mais hipóteses de embargos de divergência .................................................................................................. 21 
 
 
 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
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Modificações do NCPC 
 
O presente material tem como escopo as principais 
inovações trazidas pelo Novo Código de Processo Civil (Lei 
13.105/15) em comparação com o antigo CPC (Lei 5.925/73), a fim 
de contribuir da melhor forma para o aproveitamento da matéria, 
focando nas principais alterações trazidas pelo NCPC. 
É importante ressaltar que alguns dispositivos do antigo CPC 
continuarão vigorando enquanto sua aplicação for pertinente, 
como por exemplo, o procedimento sumário iniciado antes da 
vigência do novo regramento. 
 
Normas Fundamentais no NCPC 
 
Apesar das normas fundamentais no NCPC não possuírem paralelo com o 
CPC antigo, existe correspondência com a Constituição Federal de 1988. 
O NCPC, já em seu artigo 1º, positiva a ordenação disciplina e interpretação 
do processo civil à luz dos valores e normas fundamentais estabelecidos no texto 
constitucional. 
Artigo 1º 
 
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os 
valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República 
Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. 
Ao conjunto de artigos formados pelos arts. 1º ao 12, do CPC/15, foi 
designado o nome de “Normas fundamentais”. A positivação destes dispositivos – 
muitos dos quais já presentes na CF/88, explícita ou implicitamente – deu-se 
devido à necessidade, constatada pelo legislador, de reafirmá-lose de estabelecer 
um parâmetro de interpretação a ser aplicado em relação ao restante das normas 
do código. 
Artigo 3º 
 
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. 
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§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos 
deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do 
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 
Tal solução consensual poderá se dar no plano material, através da 
realização de audiência de conciliação e mediação obrigatória, por exemplo (ex vi 
do art. 334, caput, do CPC/15); e, ainda, à luz de aspectos processuais, que já 
existiam no antigo CPC, contudo, de forma mais limitada. De acordo com o novo 
CPC, que instaurou inéditos moldes para o “Novo rito comum”, é possibilitado às 
partes a realização de 3 audiências. 
Além disso, o princípio da inafastabilidade da prestação jurisdicional é 
materializado no artigo em comento. 
Artigo 4º 
 
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do 
mérito, incluída a atividade satisfativa. 
Enquanto a CF/88 se refere ao tempo razoável de duração do processo, o 
novo CPC faz menção ao prazo razoável para solução integral do mérito, prioriza-
se, portanto, a qualidade, a solução meritória. Percebe-se, portanto, a adoção do 
princípio da primazia da solução do mérito, ou seja, o devido enfretamento do 
mérito. 
Há, desde o CPC/73, a possibilidade de retratação do juízo a quo, como, por 
exemplo, nos casos de indeferimento de inicial. O novo CPC, contudo, levanta nova 
hipótese de retração do juiz de primeira instância, qual seja, em qualquer caso de 
sentença terminativa, se houver recurso de apelação, passa a existir juízo de 
retratação. Percebe-se, portanto, abandono da rigidez quanto à formalidade do 
processo e valorização de seu mérito. 
Artigos 5º e 6º 
 
Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de 
acordo com a boa-fé. 
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, 
em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
Os artigos supracitados tratam da presença da boa-fé na relação processual 
bem como da cooperação no intuito de uma decisão de mérito justa e efetiva. 
Artigo 7º 
 
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Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de 
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à 
aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo 
contraditório. 
O princípio da paridade das armas, isto é, da paridade entre as partes é 
consubstanciado no artigo supracitado. Há paralelismo com o princípio da 
isonomia, disposto no art. 5º, caput, da CF/88. 
Artigo 8º 
 
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às 
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa 
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a 
publicidade e a eficiência. 
O artigo acima preza pela atuação do juiz pautada pela proporcionalidade, 
razoabilidade e fim social da norma, não estando adstrita, portanto à literalidade 
dos dispositivos. 
Artigo 9º 
 
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: 
I - à tutela provisória de urgência; 
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; 
III - à decisão prevista no art. 701. 
A ideia é a do contraditório substancial e participativo; contudo, tal 
contraditório não deve ser absoluto, ou seja, em alguns casos será postergado ou 
suprimido. Embora o novo CPC elenque, neste primeiro momento, três casos de 
dispensa do contraditório prévio (art. 9º, parágrafo único), urge ressaltar que a sua 
aplicação em todos os outros casos não se mostra razoável ou possível, visto que 
causaria uma morosidade ainda maior da máquina judiciária. Neste sentido, deve-
se perceber que o rol elencado pelo parágrafo único do dispositivo supracitado é 
exemplificativo, ou seja, não se limita às hipóteses citadas. 
Artigo 10 
 
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Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
O juiz não pode decidir com base em “elemento surpresa” antes de consultar 
as partes, mesmo que tal decisão deva ser tomada ex officio. O objetivo deste 
dispositivo, portanto, é evitar que o juiz decida unilateralmente, ainda que se trate 
de matéria pública, sem antes analisar os argumentos das partes, os quais podem 
modificar seu posicionamento original. Cumpre ressaltar, contudo, que assim como 
no caso do artigo anterior, o novo CPC elenca diversas exceções ao art. 10. 
 
Artigo 11 
 
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. 
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença 
somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério 
Público. 
No que concerne à publicidade, é necessário enaltecer sua relevância para o 
interesse público. Entretanto, há exceções a esta regra, no âmbito das quais o 
interesse público recomenda o oposto à publicidade, é o caso dos processos que 
tramitam em segredo de justiça (e.g. questões familiares). 
Ordem Cronológica 
 De acordo com o artigo 12 do NCPC, as sentenças ou acórdãos proferidos 
devem estar de acordo com a ordem cronológica de conclusão. 
 Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem 
cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação dada pela 
Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) 
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à 
disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores. 
§ 2o Estão excluídos da regra do caput: 
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de 
improcedência liminar do pedido; 
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em 
julgamento de casos repetitivos; 
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas 
repetitivas; 
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IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932; 
V - o julgamento de embargos de declaração; 
VI - o julgamento de agravo interno; 
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de 
Justiça; 
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência 
penal; 
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão 
fundamentada. 
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das 
conclusões entre as preferências legais. 
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1o, o requerimento 
formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando 
implicar a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência. 
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à mesma 
posição em que anteriormente se encontrava na lista. 
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na listaprevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, 
o processo que: 
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de 
realização de diligência ou de complementação da instrução; 
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II. 
Critérios de Determinação de Competência 
 
Art. 53. É competente o foro: 
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou 
dissolução de união estável: 
a) de domicílio do guardião de filho incapaz; 
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; 
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem 
alimentos; 
III - do lugar: 
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; 
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b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica 
contraiu; 
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação 
sem personalidade jurídica; 
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o 
cumprimento; 
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no 
respectivo estatuto; 
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano 
por ato praticado em razão do ofício; 
IV - do lugar do ato ou fato para a ação: 
a) de reparação de dano; 
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; 
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano 
sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. 
Sobre o artigo acima, cumpre dizer que o antigo art. 100, I, CPC/73 
estabelecia um “foro privilegiado” para as mulheres no que tange a determinados 
tipos de demanda; à luz do art. 5º, da CF/88, tal disposição foi mitigada, não 
havendo menção a este “foro privilegiado” no novo CPC. 
A alegação da incompetência relativa 
 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão 
preliminar de contestação. 
§ 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de 
jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
§ 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a 
alegação de incompetência. 
§ 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao 
juízo competente. 
§ 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de 
decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o 
caso, pelo juízo competente. 
De acordo com o CPC/73, havia dois tipos de incompetência: (i) absoluta – 
alegada em preliminar da contestação, matéria não sujeita à preclusão; e (ii) 
relativa – deveria ser apresentada em peça apartada, denominada “exceção de 
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incompetência relativa”, sendo prorrogada a incompetência relativa do órgão caso 
não fosse impugnada no momento próprio. 
No que tange às exceções, importante salientamos que o novo CPC as 
extermina; a exceção de suspeição e a exceção de impedimento devem alegadas 
por meio de petição específica, conforme disposição do art. 146, do CPC/15 e a 
exceção de incompetência relativa deve ser alegada em preliminar de contestação, 
ex vi do art. 65, do CPC/15. 
Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas 
 
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do 
vencedor. 
§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de 
sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos 
interpostos, cumulativamente. 
Este primeiro parágrafo traduz disposição técnica que aponta em quais 
situações são devidos honorários advocatícios. 
Honorários Advocatícios como crédito alimentar do 
advogado 
 
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do 
vencedor. 
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com 
os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo 
vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. 
Se o juiz requisita precatório de natureza alimentar, este é pago antes 
daquele que não possui natureza alimentar. Hipótese: o juiz requisita um 
precatório para a parte, sem natureza alimentar, e outro para o advogado, a título 
de honorários, ou seja, com natureza alimentar; diante desta situação, o precatório 
do advogado será pago antes que o da parte beneficiária. 
Honorários de sucumbência para advogados públicos 
 
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do 
vencedor. 
§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos 
da lei. 
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A título de complemento da clara redação dispositivo acima, cabe dizer que 
existem Municípios e Estados que já aplicavam a disposição desta norma antes 
mesmo da entrada em vigor do novo CPC 
 
Intervenção de terceiros (artigos 119 e seguintes, NCPC) 
 
O quadro abaixo compara a modalidade de intervenção de terceiros no 
antigo CPC e no novo CPC: 
Percebe-se, portanto, que o CPC/15 inclui como modalidade de intervenção 
de terceiro dois institutos já conhecidos no ambiente acadêmico e prático, quais 
sejam, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o amicus curiae. 
É importante salientar que o novo CPC não extingue a oposição, apenas passa a 
tratá-la como procedimento especial de jurisdição contenciosa (arts. 682 a 686, 
CPC/15). A oposição, na verdade, é uma ação, que é proposta pelo opoente em 
relação aos opostos e possui natureza petitória, ou seja, busca-se o 
reconhecimento do domínio. 
Quanto à nomeação à autoria, importante destacar que esta não era muito 
utilizada sob a égide do CPC/73; a nomeação à autoria buscava corrigir uma 
ilegitimidade passiva, o que poderia conduzir à extinção do processo sem resolução 
do mérito. 
O novo CPC extingue o instituto da nomeação da autoria, embora mantenha 
e aprimore a sua razão de ser, permitindo que, diante de qualquer hipótese de 
legitimidade, o réu, em preliminar de contestação, nomeie aquele que entender 
como o correto para compor o polo passivo da lide. Importante ressaltar que, agora, 
a nomeação não necessita mais da anuência do nomeado para se concretizar, mas 
tão somente da anuência do autor, que, acolhendo a alegação, deverá emendar a 
inicial, procedendo à substituição do polo passivo, e reembolsar as despesas e 
pagar honorários ao procurador do réu excluído. 
Amicus Curiae 
 
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Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade 
do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por 
decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda 
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, 
órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 
15 (quinze) dias de sua intimação. 
§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem 
autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de 
declaração e a hipótese do § 3o. 
§ 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, 
definir os poderes do amicus curiae. 
§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução 
de demandas repetitivas. 
A partir do caput do artigo em tela, é possível inferir que o juiz pode solicitar 
ou admitir o amicus curiaede ofício, seja por requerimento das parte ou de quem 
pretenda manifestar-se. 
Incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
(artigos 133 a 137, NCPC) 
 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será 
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir 
no processo. 
§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os 
pressupostos previstos em lei. 
§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da 
personalidade jurídica. 
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo 
de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título 
executivo extrajudicial. 
§ 1o A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor 
para as anotações devidas. 
§ 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade 
jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a 
pessoa jurídica. 
§ 3o A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2o. 
§ 4o O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais 
específicos para desconsideração da personalidade jurídica. 
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Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para 
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por 
decisão interlocutória. 
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. 
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de 
bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. 
Tal instituto já era aplicado – no âmbito de varas cíveis, federais, juizados 
especiais etc., por exemplo – antes mesmo do início de vigência do novo CPC, 
contudo, visto que não havia regulamentação quanto à sua forma, prevalecia o 
princípio da liberdade das formas (expresso pelo art. 188, do CPC/15), ou seja, era 
facultado ao magistrado aplicar a forma que melhor se ajustasse ao processo. 
Muitos juízes, sob a égide do CPC/73, realizavam, nos próprios autos, uma 
desconsideração provisória da personalidade jurídica, citando-se o sócio e 
postergando-se o contraditório e, após a produção de provas e feitas as alegações 
pertinentes, decidiam, em caráter definitivo, se a personalidade jurídica seria 
desconsiderada ou não. Portanto, como não havia forma previamente 
estabelecida, era normal que a desconsideração fosse feita nos próprios autos. O 
novo CPC, regulamentando a matéria, estabelece que (i) deve ser formado um 
apenso (incidente), (ii) que este apenso suspende a tramitação do processo, (iii) o 
sócio será citado, devendo se defender (contraditório prévio) e, (iv) se a alegação 
de desconsideração se der em primeiro grau, o juiz proferirá decisão interlocutória 
provendo ou não a desconsideração. Tal decisão poderá ser atacada mediante 
agravo de instrumento, ex vi do art. 1.015, IV, do CPC/15. 
Flexibilidade dos procedimentos 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: 
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de 
prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior 
efetividade à tutela do direito; 
Um exemplo da aplicação prática do dispositivo acima é a possibilidade de 
inversão da ordem da oitiva das testemunhas por determinação do juiz (artigo 361, 
NCPC). 
Alteração do procedimento pelas partes 
 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é 
lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para 
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ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, 
faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das 
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de 
nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se 
encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. 
O artigo 190 traz consigo uma das questões mais polêmicas do NCPC, visto 
que a ideia de intervenção mínima do Estado consagrada no dispositivo em questão 
vai de encontro ao que se encontra disposto no artigo 22 da Constituição que versa 
sobre a competência privativa da União de legislar sobre o direito processual. 
Da Prática Eletrônica de Atos Processuais 
 
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a 
permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio 
eletrônico, na forma da lei. 
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à prática de 
atos notariais e de registro. 
O entendimento extraído do dispositivo acima é o de que a prática 
eletrônica dos atos processuais é admitida. 
Ato tempestivo 
 
Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. 
§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. 
Este dispositivo traduz uma forma de combate à jurisprudência defensiva 
utilizada para o não enfrentamento do mérito da causa nas hipóteses de prática de 
ato processual prematuro. Primeiramente, cumpre esclarecer que o prazo é o 
período de tempo compreendido entre dois termos: o termo inicial, momento a 
partir do qual nasce a faculdade para a prática do ato processual; e o termo final, 
momento em que se encerra tal faculdade. Quando o ato é praticado após o termo 
final, diz-se que o ato é intempestivo. Quando o ato é praticado antes do termo 
inicial, por sua vez, diz-se que o ato é prematuro. Este era o tema que gerava grande 
polêmica na prática processual. 
 
Contagem dos prazos processuais em dias úteis 
 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
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Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, 
computar-se-ão somente os dias úteis. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos 
processuais. 
Dessa forma, a contagem dos prazos processuais será computada apenas em dias 
úteis. 
Período entre 20 de dezembro e 20 de janeiro 
 
Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 
20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. 
§ 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os 
membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os 
auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto 
no caput. 
§ 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de 
julgamento. 
De acordo com o dispositivo em tela, os processos serão suspensos entre os 
dias 20 de dezembro e o dia 20 de janeiro. É de se ressaltar, contudo, que embora 
os processos sejam suspensos neste período, as intimações poderão ser feitas 
regularmente; somente não haverá audiências e os prazos ficarão suspensos. 
Tutela Provisória (artigos 294 a 311, NCPC) 
 
Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. 
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser 
concedida em caráter antecedente ou incidental. 
Sobre o artigo acima cumpre dizer que ocorreu o advento da tutela 
provisória e o fim do processo cautelar. Além disso, a tutela provisória divide-se em 
tutela provisória de urgência (cautelar e antecipada) e da evidência. 
De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves,a tutela provisória é 
proferida mediante cognição sumária, ou seja, o juiz ao concedê-la ainda não tem 
acesso a todos os elementos de convicção a respeito da controvérsia jurídica. 
Excepcionalmente, entretanto, essa espécie de tutela poderá ser concedida 
mediante cognição exauriente, quando o juiz a concede em sentença. 
Unificação do procedimento ordinário e do procedimento 
sumário 
 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
16 
 
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em 
contrário deste Código ou de lei. 
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais 
procedimentos especiais e ao processo de execução. 
De acordo com a doutrina de Daniel Amorim Assumpção Neves, “o NCPC 
acaba com a estranha opção do CPC/73 de prever como procedimento comum dois 
procedimentos: sumário e ordinário. Na nova sistemática há apenas um 
procedimento padrão, que passa se chamar procedimento comum, o que deve ser 
elogiado, já que a existência de dois procedimentos comuns era uma anomalia. 
Da audiência de conciliação ou de mediação 
 
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de 
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de 
mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu 
com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. 
Daniel Amorim Assumpção Neves afirma que no procedimento comum 
previsto no CPC/73, o momento posterior à citação do réu era o de sua resposta 
por escrito no prazo de 15 dias, no procedimento ordinário, e em audiência de 
conciliação, no procedimento sumário. Assim não é, necessariamente, no NCPC. 
Cria-se no artigo 334 uma audiência de conciliação ou de mediação, que poderá ser 
realizada por meio eletrônico (§ 7º), a ocorrer após a citação do réu e antes do 
momento de apresentação de sua resposta. 
No procedimento comum previsto no NCPC, o réu só será citado e no 
mesmo ato intimado para contestar em 15 dias se o direito versado no processo 
não admitir autocomposição, o que é extremamente raro. A regra, portanto, será a 
citação e no mesmo ato a intimação do réu para comparecer à audiência de 
conciliação ou de mediação. Caberá ao juiz indicar desde esse momento se o meio 
consensual mais adequado é a mediação ou a conciliação, de forma que o processo 
já seja dirigido para o terceiro adequado no Centro de Solução Consensual de 
Conflitos. 
Nos termos do artigo 334, caput, do NCPC, essa audiência será designada 
com antecedência mínima de 30 dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 
dias de antecedência. 
Ônus da prova 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas 
à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos 
do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o 
juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
17 
 
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir 
do ônus que lhe foi atribuído. 
O NCPC adota a forma dinâmica de distribuição do ônus da prova. Na lição 
de Daniel Amorim Assumpção Neves: consagra-se, legislativamente, a ideia de que 
deve ter o ônus da prova a parte que apresentar maior facilidade em produzir a 
prova e se livrar do encargo. Como essa maior facilidade dependerá do caso 
concreto, cabe ao juiz fazer a análise e determinar qual o ônus de cada parte no 
processo. Registre-se que, diante da omissão do juiz, as regras continuaram a ser 
aplicadas como sempre foram sob a égide do CPC/73, ou seja, caberá ao autor o 
ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito e ao réu, os fatos impeditivos, 
modificativos e extintivos. 
Obrigação de enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo de capazes 
 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
O dispositivo acima consagra o sistema de fundamentação exauriente, ou 
seja, que é obrigação do juiz enfrentar todas as alegações das partes. 
Ampliação dos limites objetivos da coisa julgada 
 
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos 
limites da questão principal expressamente decidida. 
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida 
expressa e incidentemente no processo, se: 
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; 
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no 
caso de revelia; 
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como 
questão principal. 
O caput do artigo acima traz a regra que vem a ser excepcionada pelo §1º. 
Permite-se que a coisa julgada material alcance a resolução da questão prejudicial, 
decidida expressa e independentemente do processo (inciso I) 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
18 
 
O inciso II trata do contraditório prévio e efetivo, de forma é exigido a 
respeito da questão prejudicial que tenha havido contraditório prévio e efetivo, 
não se aplicando no caso de revelia. 
O inciso III versa sobre a competência absoluta do juízo, de modo que a 
exigência no aludido inciso tenha caráter indispensável para que a coisa julgada 
material não resulte de atividade de juízo absolutamente incompetente. 
Observação dos precedentes pelos juízes e tribunais 
 
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de 
constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de 
demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial 
repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria 
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 
§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, 
quando decidirem com fundamento neste artigo. 
§ 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em 
julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da 
participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a 
rediscussão da tese. 
§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal 
Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos 
repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no 
da segurança jurídica. 
§ 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese 
adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de 
fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança 
jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. 
O artigo 927 do NCPC prevê que a jurisprudência e os precedentes passam 
a ter importância maior na atividade jurisdicional. A jurisprudência e os 
precedentes, portanto, passam a ter valor normativo; neste sentido, a parte que, 
reiteradamente, impugna decisão que aplica a orientação jurisprudencial se porta 
com explícito desrespeito em relação ao objetivo do novo CPC. 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
19 
 
Extinção dos embargos infringentesArt. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá 
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, 
que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em 
número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, 
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas 
razões perante os novos julgadores. 
§ 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, 
colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão 
colegiado. 
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do 
prosseguimento do julgamento. 
§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao 
julgamento não unânime proferido em: 
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse 
caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no 
regimento interno; 
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar 
parcialmente o mérito. 
§ 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: 
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas 
repetitivas; 
II - da remessa necessária; 
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial. 
Na lição de Daniel Amorim Assumpção Neves, “o NCPC retira o recurso de 
embargos infringentes do rol recursal, como pode se notar da mera leitura do 
artigo 994, que prevê o rol das espécies de recursos. 
Entretanto, em seu artigo 942 cria uma inovadora técnica de julgamento 
com propósitos muito semelhantes aos do recurso de embargos infringentes, mas 
com natureza de incidente processual e não de recurso”. 
Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas – IRDR 
(artigos 976 a 987, NCPC) 
 
O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas – IRDR – é inspirado no 
modelo alemão e estabelece que um Tribunal de Justiça, por exemplo, pode fixar 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
20 
 
tese jurídica, por meio de precedente, em relação à região que ocupa, inclusive no 
que tange aos Juizados Especiais. Salienta-se, também em relação à força dos 
precedentes, que ainda sob a égide do CPC/73, havia uma forma de criação de 
precedente que se denomina “assunção de competência”, mecanismo este mantido 
pelo CPC/15, mas que não é utilizado na prática processual. Por fim, cumpre 
ressaltar que, uma vez que determinada matéria é tratada em âmbito de Recurso 
Especial Repetitivo (STJ) ou Recurso Extraordinário Repetitivo (STF), não cabe sua 
discussão em âmbito de IRDR, visto que não faria sentido estabelecer precedente 
regional quando já se teria um precedente nacional. 
Da Reclamação (artigo 988, NCPC) 
 
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: 
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de 
resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência 
O inciso acima cria novas hipóteses de reclamação. De acordo com Daniel 
Amorim Assumpção Neves, o dispositivo acima “ao prever o cabimento de 
reclamação constitucional para garantir a observância de acórdão ou precedente 
proferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de 
competência. Também amplia o cabimento da reclamação constitucional aos 
tribunais de segundo grau, porque o artigo 988, I e II, do NCPC se limita a indicar 
apenas tribunal, não exigindo tribunais de superposição como ocorre no texto 
constitucional.” 
Uniformização dos prazos 
 
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os 
advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública 
ou o Ministério Público são intimados da decisão. 
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e 
para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. 
O NCPC preza pela uniformização e, por conseguinte, simplificação dos 
prazos. De forma diferente do antigo CPC, o prazo do NCPC será, via de regra, de 
15 dias e com a contagem em dias úteis. É importante ressaltar que o prazo dos 
embargos de declaração é de 5 dias, ou seja, foi mantido. 
Extinção do agravo retido 
 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
21 
 
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito 
não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem 
ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a 
decisão final, ou nas contrarrazões. 
§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o 
recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas. 
§ 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões 
mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença. 
O agravo retido foi extinto pelo NCPC, assim como a preclusão em 1º grau. 
Dessa forma, possíveis questões decididas na fase cognitiva devem ser suscitadas 
como preliminar de apelação. 
O artigo 1009 do NCPC afirma que o recurso cabível contra a sentença 
terminativa ou definitiva é a apelação, não importando a espécie de processo ou do 
procedimento. 
Extinção do juízo de admissibilidade do REsp e do RE em face 
do órgão que proferir a decisão recorrida 
 
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido 
será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o 
qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal 
recorrido, que deverá 
I – negar seguimento: 
 a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo 
Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a 
recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade 
com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de 
repercussão geral; 
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que 
esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do 
Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento 
de recursos repetitivos. 
Nas hipóteses das alíneas a e b do artigo supracitado ocorre a extinção do 
juízo de admissibilidade do REsp e do RE em face do órgão que profere a decisão 
recorrida. 
Mais hipóteses de embargos de divergência 
Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que: 
Processo Civil – Principais Mudanças do NCPC 
 
22 
 
I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de 
qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e 
paradigma, de mérito; 
II - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de 
qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e 
paradigma, relativos ao juízo de admissibilidade; (Revogado pela Lei nº 13.256, de 
2016) 
III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de 
qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que 
não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia; 
IV - nos processos de competência originária, divergir do julgamento de qualquer 
outro órgão do mesmo tribunal. (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016) 
§ 1o Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos 
e de ações de competência originária. 
§ 2o A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode 
verificar-se na aplicação do direito material ou do direito processual. 
§ 3o Cabem embargosde divergência quando o acórdão paradigma for da mesma 
turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido 
alteração em mais da metade de seus membros. 
§ 4o O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de 
repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, 
onde foi publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado 
disponível na rede mundial de computadores, indicando a respectiva fonte, e 
mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos 
confrontados. 
§ 5o É vedado ao tribunal inadmitir o recurso com base em fundamento genérico de 
que as circunstâncias fáticas são diferentes, sem demonstrar a existência da 
distinção. (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016) 
Pelo que se encontra disposto no artigo supracitado, é possível afirmar que 
ocorreu a ampliação das hipóteses em que o embargo de divergência é cabível, de 
modo que se torne possível que o acórdão de órgão fracionário seja embargado no 
caso em que se verifiquem teses contrapostas. 
 
 
 
 
 
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Acredite em você! 
 
"A vitória se alcança com a conjugação de esforço e com o 
equilíbrio da mente com o corpo." (William Douglas)

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