Prévia do material em texto
Profa. Leise N. Moreira Maio – 2018 Faculdade Estácio de Sergipe – FASE TÉCNICA DIETÉTICA CONCEITO • Vegetais, normalmente cultivados na horta, dos quais algumas partes são utilizadas como alimento em sua foram natural. • Compreendem as partes comestíveis das plantas com características nutricionais e botânicas diferentes: raízes, tuberosas, tubérculos, caules, folhas, flores, frutos e sementes. • Podem ser conhecidas como: ▫ Verduras Parte comestível de cor verde; ▫ Legumes frutas e sementes de leguminosas; ▫ Tubérculos e raízes Parte subterrânea das espécies; ▫ Bulbos e talos. ESTRUTURA • Vegetais jovens Célula formada por uma membrana mais externa (primária) composta por celulose, hemicelulose e substância pécticas (protopectina, pectina e ác. péctico). • Vegetais mais velhos ou firmes Há uma segunda membrana (secundária). Nos vegetais lenhosos esse membrana é acrescida de lignina endurecendo o vegetal e tornando-o menos flexível. ESTRUTURA • PECTINA: Substância cimentante que une as paredes das células adjacentes por uma camada intercelular (lamela média); • CELULOSE: Tipos diferentes (localização): ▫ Hemicelulose: Vegetais tenros e jovens, nas partes carnosas e na polpa; ▫ Pectocelulose: Tecidos de sustentação e membranas vegetais, nas frutas, na cenoura, beterraba, ... ▫ Adipocelulose: Folhas, nervuras e parênquima foliar; ▫ Lignocelulose: Órgãos de veiculação da seiva (partes duras do tronco – não utilizadas na alimentação); ▫ Celulose propriamente: Plantas em estado de plena maturação (tecido de proteção). CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA • Indica características de estrutura e composição química, que determinam a forma de preparação a ser escolhida. • Folhas ▫ Ricas em fibra, Fe, Ca, pró-vitamina A (vitaminas e minerais), mas é pobre em calorias; ▫ Quando tenras consumir cruas. Quando envelhecidas devem ser subdivididas e cozidas (alto teor de celulose), facilitando o aproveitamento pelo aparelho digestivo; ▫ Ex.: acelga, agrião, aipo, alface, bredo, caruru, couve, espinafre, mostarda, repolho, salsa, serralha, taioba, ... CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA • Sementes ▫ Semente envolta por cutícula de celulose endurecida Cozinhar antes. ▫ Ex.: Ervilha, vagem, feijões verdes, milho verde. • Tubérculos e raízes ▫ Quando novos alguns podem ser consumidos crus, outros devem ser cozidos (modificar o amido e neutralizar substâncias tóxicas). ▫ Ex.: Beterraba, cenoura, nabo, rabanete, aipim, batata, cará e inhame. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA • Bulbos ▫ Usados como condimentos, possuem uma substância volátil chamada cistina que conferem odor característico; ▫ Ex.: alho, cebola, alho-poró • Flores: ▫ Servir ligeiramente cozidas; ▫ Alcachofra, brócolis, couve-flor, flor de abóbora. • Caules: ▫ Cada um tem características próprias, principalmente de sabor; ▫ Ex.: acelga, aipo, aspargo e ruibarbo. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA • Frutos: ▫ Possuem características, valor nutritivo e formas de preparo diferentes das frutas; ▫ Ex.: abacate, abóbora, berinjela, chuchu, fruta- pão, jiló, maxixe, moranga, pepino, pimentão, tomate, .... • Parasitas: ▫ Cogumelos de várias espécies de plantas criptógamas, (12% de PTN e 20 a 28% de CHO); ▫ Ex.: Champignon, funji, shitake, semeji, ... VALOR NUTRITIVO • Seu valor varia de acordo com a parte da planta; • Possuem efeito alcalinizante sistêmico, preenchendo as necessidade de micronutrientes e fibras. • Nutrientes encontrados: ▫ Proteínas 1 a 3 % ▫ Lipídios Pequenas quantidades ▫ Carboidratos 4 a 24% (mono, di e polissacarídeos) ▫ Vitaminas Lipossolúveis (A, D, E e K) e Hidrossolúveis (C, B1, 2, B3, B5, B6, B9, B12 e H) ▫ Sais minerais Potássio, sódio, cálcio, ferro, zinco, fósforo, cromo, selênio, dentre outros. FATORES ANTINUTRICIONAIS • Ác. oxálico e ác. fítico: ↓ a absorção de Fe, Ca, Zn e Mg formando compostos insolúveis; ▫ Ác. oxálico: cenoura, couve-flor, espinafre, repolho, .. ▫ Ác. fítico: aipo, cebola, espinafre, ... • Hemaglutininas: Enzimas que desnaturam as PTNs (proteases) Inativadas pelo calor; • Saponinas: Produz espuma e hemólise dos eritrócitos. Ex.: aspargo, açafrão, espinafre, ... • Solanina: Glicosídio tóxico do broto da batata, parcialmente destruído pela cocção; • Ác. cianídrico: Venenoso a partir de certa dosagem, mas o calor evapora. Ex.: mandioca brava. OUTROS COMPONENTES • Enzimas ▫ Responsáveis pelas modificações que ocorrem nos vegetais Modificam os pigmentos: clorofilases, oxidases, hidrolases; Agem sobre vitaminas: lipoxidase, tiaminase, ác. ascórbico oxidase; Atuam sobre a celulose: celulases; Agem sobre o tanino: polifenol oxidase (escurecimento enzimático em vegetais que contem polifénois quando expostos ao ar – ex.: maçã, banana, batatas, ...); Alteram a cor: peroxidases (provocam escurecimento – o branqueamento inativa essa enzima); Proteolíticas: Papaína e bromelina (amaciamento de carne – 200 ml de suco de abacaxi para 100 kg de carne). CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO TEOR DE GLICÍDIOS • Grupo A – Contem cerca de 5% de CHO ▫ Abobrinha, agrião, acelga, alface, berinjela, brócolis, broto de bambu, cebolinha, coentro, couve, couve-flor, espinafre, jiló, maxixe, rabanete, repolho, salsa, taioba, tomate, ... • Grupo B – Contem cerca de 10% de CHO ▫ Abóbora, barbana, beterraba, cenoura, chuchu, ervilha verde, nabo, quiabo, couve-de-bruxelas, vagem, ... • Grupo C – Contem cerca de 20% de CHO ▫ Aipim, araruta, mandioquinha, cará, batata-doce, cogumelo, fruta-pão, inhame, milho, pinhão (37%). RELAÇÃO COM O VALOR CALÓRICO. PIGMENTOS • CLOROFILA – HORTALIÇAS VERDES ▫ Distribuído na natureza e pouco solúvel em água; ▫ Cozimento em meio ácido fraco, perde Mg e transforma-se em feofitina (verde oliva ou marrom) provocando escurecimento enzimático e prejudicando a aparência do vegetal; ▫ Cozimento em meio alcalino (bicarbonato de sódio) Remoção do grupo fitol – CLOROFILINA intensifica a cor verde durante a cocção, amacia o vegetal (hidrolise da pectina), mas destrói vit. hidrossolúveis; ▫ Presente nas frutas quando verde desaparece na maturação. PIGMENTOS • Carotenóide – Hortaliças amarelas, alaranjadas e vermelhas ▫ Podem ser: α e β-caroteno: Cenoura, abóbora, manga, ... Licopeno: tomate, melancia, goiaba, ... Criptoxantinas e xantofilas: milho amarelo e mamão Capsantina: pimentão vermelho ▫ Estáveis em pH ácido e alcalino e resistente a cocção, mas são sensíveis a luz, a oxidação e temperaturas extremas responsáveis por muitos vegetais mudarem de cor no cozimento; ▫ Valorizados como antioxidantes. PIGMENTOS • Betalaínas ▫ Presente na beterraba: betacianina (vermelha) e betaxantina (amarela ); ▫ Solúveis em água, estáveis em pH ácido, instáveis na luz e no ar. São destruída em altas temperaturas e longo tempo de cozimento. Possuem comportamento e aparência similar as antocianinas. • Flavonas e flavonóis (Antoxantinas) – Hortaliças brancas e branco-amareladas ▫ Normalmente são incolores. Ex.: repolho branco e batata; ▫ Em meio alcalino transformam-se em amarelo e escurecem com cocção prolongada; ▫ Na presença de Ferro, pode ficar esverdeadas ou parda (ex.: Couve-flor). PIGMENTOS • Flavonóides – Hortaliças vermelho- arroxeadas ▫ Antocianinas Cores atrativas e brilhantes de frutos, flores e folhas; ▫ Muito solúveis e com ação antioxidante. Em meio ácido: vermelho-escarlate e em meio alcalino: azul ou arroxeado; ▫ Ex.: uvas, cerejas, morango, berinjela. • Taninos ▫ Varia de vermelho ao marrom, possuem natureza coloidal, sabor adstringente intenso (ác. tânico – precipita PTNs); ▫ Consistência e sabor de frutas e hortaliças. MODIFICAÇÃO DOS PIGMENTOS DE HORTALIÇAS PELA COCÇÃO Pigmento Cor Hidrossolubilidade Ação ácida Ação álcali prolongada Ação cocção Clorofila Verde Pequena Torna verde- oliva Torna mais verde Torna verde-oliva Caroteno Alaranjado Insolúvel Mínima Mínima Escure Xantofila Amarela Pouco solúvel Mínima Mínima Escure Licopeno Vermelho Insolúvel Mínima Mínima Escure Antocianina Vermelho Muito solúvel Intensifica o vermelho Torna roxo ou azul Não altera Flavinas ou flavonas Branco- amareladas Solúveis Ficam brancas Ficam amareladas Escurecem e, na presença de Fe, ficam esverdeadas e pardas Taninos Incolor Insolúvel Não altera Escurece Anula Fonte: HUGHES (1950). Extraído d ORNELAS, 2006. COR E FORMA DE COCÇÃO SENESCÊNCIA OU DETERIORAÇÃO • O tempo entre a “vida de prateleira” e o processamento são muito diferentes para cada tipo de vegetal; • As células vegetais, depois de coletado, ficam desprovidas do fornecimento de nutrientes do solo e do ar , entrando na fase de senescência ou deterioração; • Mudança estrutural + importante: Amolecimento ou perda de textura, pela ação das enzimas naturais (celulase, pectinase, hemicelulase, proteinases, ...) que degradam a parede celular da planta; • Em seguida começam reações químicas de oxidação, o desenvolvimento do sabor e do aroma termina e começa a perda de valor nutricional. PERÍODO DE SAFRA MÉTODOS DE COCÇÃO DE HORTALIÇAS • BRANQUEAMENTO ▫ Técnica que aplica calor por meio de água quente ou vapor a alimentos por poucos minutos (2 a 10), realizando logo em seguida imersão em água fria. ▫ Promove estabilização enzimática evitando o escurecimento do vegetal, ↓ a contaminação microbiana e facilita a remoção de cascas e peles. ▫ Vegetais conservados por congelamento devem ser branqueados Melhor aparência e textura. MÉTODOS DE COCÇÃO DE HORTALIÇAS • CALOR ÚMIDO ▫ Cocção a fogo brando Hortaliça tenras e novas que exigem pouco tempo de cocção e pouca água, com controle de tempo para o cozimento. Ex.: Chuchu, vagem, cenoura, aipim e batatas ▫ Cocção por ebulição Indicada para hortaliças menos novas, tubérculos e raízes, que exigem mais tempo de cocção. Ex.: Folhas mais velhas, aipim, batatas, ... ATENÇÃO: A composição da água tem grande influência na cocção. Quando mole (+ Na e – K) a cocção é mais fácil e com < perda de nutriente, quando dura (+ K, Ca e Mg) torna a pectina insolúvel e endurece a celulose Cocção mais difícil. MÉTODOS DE COCÇÃO DE HORTALIÇAS • CALOR ÚMIDO ▫ Cocção por pressão Hortaliças endurecidas ou compactas, ↓ o tempo de cocção e as perdas por dissolução. Ex.: Leguminosas, batatas, beterrabas, ... ▫ Cocção no vapor (estufa) Hortaliças compactas, no cozimento de volumes maiores, em curto tempo e sem perdas por dissolução. Ex.: Batatas, beterraba, folhas endurecidas, abóbora, etc. OBS.: O acréscimo de sal a 0,7 a 1% favorece o sabor, ↓ as perdas por dissolução e facilita o abrandamento. MÉTODOS DE COCÇÃO DE HORTALIÇAS • CALOR SECO ▫ Há concentração do valor nutricional, o alimento fica mais saboroso, mas pode haver perda vitamínica. ▫ Assado Não há perdas por dissolução, mas pode haver destruição de vitaminas B, C e A (altas temperaturas). Ex.: Batatas, beterraba, abóbora Recheadas, gratinadas, pudim, suflê, na grelha ou na brasa. ▫ Frituras Hortaliça crua: + tempo e quantidade de gordura. Cozida previamente Sauté. Ex.: batata, aipim, cará, berinjela, ... Preparações com envoltura: croquete, bolinhos, a milanesa. COR E FORMA DE COCÇÃO • Hortaliças verdes ▫ Folhas tenras cozinhar em pouca água, abafadas, e por curto tempo; ▫ Folhas mais duras cozinhar em > volume de água em ebulição, ↓ o tempo. • Hortaliças amareladas e vermelhas ▫ Cozinhar em pouca água e fogo brando evitando perdas e ↑ a biodisponibilidade de carotenóides. COR E FORMA DE COCÇÃO • Hortaliças arroxeadas ▫ Cozinhar com casca (beterraba) para evitar a perda do pigmento, contudo é melhor assar. ▫ Vinagre e suco de limão torna-as vermelhas, sem perda de nutrientes. • Hortaliças brancas ▫ Assim como as amarelas devem ser cozidas em pouca água e fogo brando; ▫ Quando duras, cozinhar na pressão. A cocção em calor seco acentua a cor da batata e da cenoura porque dextriniza o amido. O acréscimo de açúcar também acentua a cor e o dourado. CONSISTÊNCIA E COCÇÃO • Leguminosas Deixar os grãos de remolho com um pouco de sal a 0,7%. Evitar o uso de bicarbonato de sódio: ↓ o teor de vitaminas dos alimentos e amolecer demasiadamente o vegetal; • Hortaliças do grupo C Cozinhar em altas temperaturas na panela de pressão ou no forno (teor de amido); • Colocar o vegetal em água em ebulição, coagula a superfície e evita perda de nutrientes. REGRAS PARA COCÇÃO DE HORTALIÇAS • HORTALIÇAS FRESCAS ▫ Preparar e cozinhá-las o mais próximo de servir; ▫ Preparar as hortaliças inteiras ou subdividi-las o mínimo possível (micronutrientes); ▫ Cozinhar com casca, sempre que indicado; ▫ Cozinhar com água suficiente para cobrir o vegetal (evita perda de nutrientes solúveis); ▫ Acrescentar o sal depois que estiverem quase cozidas; ▫ Observar o ponto de cocção de cada hortaliça Deve ficar tenra, abrandada, sem desintegrar-se. REGRAS PARA COCÇÃO DE HORTALIÇAS • HORTALIÇAS FRESCAS ▫ Folhosos duros: Cozinhar em panela destampada e com bastante água em ebulição para ↓ o tempo de cocção e conservar a cor verde; ▫ Folhas novas e tenras Cozinhar rapidamente em panela abafada com um mínimo de água (mantém a cor); ▫ Hortaliças ricas em enxofre (repolho, nabo, ...) Cozinhar em panela destampada e + água para volatilizar os ác. aromáticos; ▫ Usar a água de cocção de hortaliças em sopa, molhos e ensopados. REGRAS PARA COCÇÃO DE HORTALIÇAS • HORTALIÇAS CONGELADAS ▫ Não descongelar as hortaliças antes de cozinhá-las; ▫ Seguir as instruções que acompanham o pacote do alimento congelado industrialmente; ▫ As normas gerais de cocção são as mesmas das hortaliças frescas, contudo o tempo de cocção é mais curto (branqueamento). FORMAS DE PREPARO • Saladas ▫ Cruas, cozidas, mistas ou compostas • Sucos • Cozidos em água e sal • Sopas • Purês • Pudins • Suflês • Recheados • Fritos • À milanesa e à romana • Bolinhos/ croquetes • Sauté • Ensopado • Refogado • Gratinados • Galantina HORTALIÇAS CONSERVADAS • Enlatadas ▫ Valor nutritivo semelhante aos frescos. Deve-se utilizar o líquido de cocção para realçar o sabor. • Desidratadas ▫ Conservar o sabor, o valor nutritivo e as características originais do vegetal com perda de 75 a 85% do peso inicial. Usadas como condimentos. HORTALIÇAS CONSERVADAS • Congeladas ▫ Mantém as características sensoriais, devem ser branqueados antes para não alterar cor e consistência, mas possuem alto custo. • Pickles ▫ Conservação dos vegetais atravésda mudança de pH (ácido) e adição de sal. ▫ Por não serem fervidos e estar em meio ácido, conservam muito bem as vit. Hidrossolúveis e outros nutrientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • ORNELAS, L. H. Técnica Dietética: seleção e preparo de alimentos. São Paulo, Editora Atheneu, 2006, 8ª edição. • DOMENE, S. M. A. Técnica Dietética: Teoria e aplicações. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2011. 350p.