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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO Profª Mª Adriana Lopes Ferreira RECIFE 2018 1. O trato gatrointestinal Situação clínica evidenciada pela exteriorização de sangue através do trato gastrointestinal. Pode apresentar-se como: 2. Hemorragias Digestivas Hematêmese Melena Hematoquezia Sangramento oculto 2. Hemorragias Digestivas Estima-se que existam cerca de 50 admissões na UTI por ano a cada 100.000 hab. relacionada a hemorragia digestiva. A mortalidade pelo primeiro episódio varia de 4 a 10% dos casos, e em casos recorrentes, 36%. Classificam-se em 2 tipos principais: 2. Hemorragias Digestivas Hemorragia Digestiva Alta: Lesões existentes no sistema digestório proximal ao ligamento de Treitz Hemorragia Digestiva Baixa: Lesões existentes no sistema digestório distal ao ligamento de Treitz Ligamento de Treitz Fonte: Google imagens São classificadas em 2 grupos principais: 2.1 Hemorragia Digestiva Alta (HDA) • Causada por ruptura de varizes esôfago-gástricas; • Taxas de mortalidade de 30 a 50% HDA Varicosa • Causada por úlceras pépticas; • Taxas de mortalidade de 08 a 11% HDA não- varicosa 2.1 Hemorragia Digestiva Alta (HDA) HDA Varicosa HDA Não-varicosa Fonte: Google imagens Manifestações clínicas: Compatível com a perda sanguínea 2.1 Hemorragia Digestiva Alta (HDA) Hematêmese Melena Diagnóstico: Anamnese e Exame Físico Sondagem nasogástrica Endoscopia Digestiva Alta (EDA) 2.1 HDA 2.1.1 HDA Varicosa Principal complicação da Hipertensão Portal e cursa com expressiva mortalidade; Frequente em pacientes com cirrose hepática e esquistossomose; Fonte: Google imagens Tratamento: objetiva corrigir o choque hipovolêmico, obter hemostasia do sítio sangrante, prevenir o ressangramento e as complicações associadas; 1. Monitorização hemodinâmica* 2. Manutenção de via aérea pérvia 3. Obtenção de acesso venoso *Paciente estável hemodinamicamente 2.1.1 HDA Varicosa Pulso < 100 bpm PAS > 90 bpm Boa perfusão periférica 4. Reposição volêmica 2.1.1 HDA Varicosa Parâmetros Grau de Choque I II III IV Estimativa de perda volêmica (ml) <750 750-1500 1500-2000 <2000 Pulso (bpm) <100 >100 >120 >140 Pressão Sistólica (mmHg) Normal Normal Diminuída Diminuída Frequência Respiratória (irpm) 14-20 20-30 30-40 >40 Sensório Levemente ansioso Moderadamente ansioso Ansioso e confuso Confuso e letárgico Débito urinário (ml/h) >30 20-30 5-15 Desprezível Orientação de Reposição Cristalóide Cristalóide Cristalóide e sangue Cristalóide e sangue 5. Exames Complementares: - Hematócrito - Hemoglobina - Tipagem sanguínea - Contagem de plaquetas - Coagulograma - EDA Pacientes idosos, com comorbidades: uréia, creatinina e eletrólitos; Pacientes com antecedente ou suspeita de hepatopatia: transaminases, bilirrubinas e albuminas; 2.1.1 HDA Varicosa 6. Iniciar o tratamento: Drogas vasoativas =Uso de drogas vasoativas locais TERLIPRESSINA 2mg-4/4h (24h) – 1mg-4/4h (2 a 5 dias) SOMATOSTATINA OCTREOTIDE Tratamento endoscópico* = Ligadura elástica / Escleroterapia 2.1.1 HDA Varicosa 2.1.1 HDA Varicosa Ligadura elástica Escleroterapia Fonte: Google imagens Balão de Sengstaken-Blakemore • Alto risco de complicações: úlceras esofagianas, aspiração traqueal, migração, necrose e perfuração esofagiana; • Taxa de mortalidade de até 20%; • Deve ser mantido por no máximo 24h; 2.1.1 HDA Varicosa TIPS (Derivação portossistêmica intra-hepática transjugular Cirurgia Balão de Sengstaken-Blakemore 2.1.1 HDA Varicosa Fonte: Google imagens Técnica de inserção do Balão de Sengstaken-Blakemore: 1. Anestesia tópica da narina 2. Introduzir a sonda até o estômago 3. Insuflar o balão gástrico (250 ml) 4. Tracionar a sonda até sentir a resistência (impactação do balão na cárdia) 5. Fixar a sonda na altura da narina 6. Insuflar o balão esofágico (pressão de 25mmHg) 7. Confirmar o posicionamento através de radiografia 2.1.1 HDA Varicosa Cuidados importantes: • O balão esofágico deverá ser desinsuflado a cada 8h, por um período de 15 minutos; • Manter a sonda bem fixada na narina do paciente; • Controlar volume e aspecto do débito; • Monitorar a pressão dos balões com manômetro; • Trocar fixação, quando necessária; • Jejum absoluto. 2.1.1 HDA Varicosa Indicações de abordagem cirúrgica: • Presença de sangramento incontrolável na primeira EDA; • Persistência ou recidiva de hemorragia após intervenções endoscópicas; • Perfuração esofágica após intervenção endoscópica; • Varizes de fundo gástrico, de difícil acesso para intervenção endoscópica; 2.1.1 HDA Varicosa Principais causas: • Úlcera péptica gastroduodenal • Lesão aguda de mucosa gastroduodenal • Mallory-Weiss (Laceração da transição esôfago-gástrica) • Câncer gástrico • Esofagites Em cerca de 80% dos casos o sangramento cessa espontaneamente 2.1.2 HDA Não-Varicosa Medidas iniciais semelhantes às da HDA varicosa; Tratamento: • Inibidores da Bomba Protônica (Terapia antissecretora) OMEPRAZOL IV – PANTOPRAZOL IV • Erradicação do H. pylori AMOXICILINA • Drogas vasoativas (sangramento incontrolável) Terlipressina, somatostatina, octeotrídeo 2.1.2 HDA Não-Varicosa Tratamento endoscópico: Injeção de substâncias esclerosantes, a fim de provocar uma reação inflamatória, com subsequente hemostasia térmica 2.1.2 HDA Não-Varicosa Adrenalina Termocoagulação Indicação de abordagem cirúrgica: • Presença de achado endoscópico de alto risco de sangramento; • Perfuração gastroduodenal após intervenções endoscópicas; • Necessidade de hemotransfusão maior do que 50% da volemia estimada para 24h; 2.1.2 HDA Não-Varicosa Escore de Rockall: 2.1.2 HDA Não-Varicosa Variáveis Pontuação 0 1 2 3 Idade <60 60 a 79 > ou = 80 - Estudo volêmico Sem choque P> 100bpm PAS > 100 mmHg P> 100bpm PAS <100 mmHg - Comorbidades Nenhuma Nenhuma ICC, ICO, outras comorbidades importantes IR, IH, Carcinomatose Diagnóstico Mallory- Weiss ou sem lesões Qualquer outro diagnóstico Câncer gastrointestinal - Estigma de sangramento (Endoscópico) Ausente ou coágulo plano - Sangue no TGI alto, coágulo aderido, vaso visível ou sangramento ativo - 2.1.2 HDA Não-Varicosa Escore de Rockall: Menos frequente do que a HDA; Maior frequência em idosos e pessoas no sexo masculino; Na maior parte dos casos o sangramento é autolimitado; As principais manifestações clínicas são: 2.2 Hemorragia Digestiva Baixa (HDB) Hematoquezia Sangramento oculto 2.2 Hemorragia Digestiva Baixa (HDB) Doença Diverticular do Cólon • Sangramentosoriundos de divertículos no cólon direito; • Hemorragia súbita, volumosa e autolimitada • Colonoscopia = Termocoagulação e injeção de esclerosantes Angiodisplasias • As lesões envolvem cólon direito; • Ectasias vasculares decorrentes de lesões degenerativas associadas ao envelhecimento; • Perda sanguínea lenta e intermitente As principais causas de HDB Aguda são: 2.2 Hemorragia Digestiva Baixa (HDB) Doença Hemorroidária • Sangramentos de pequeno volume, não misturado às fezes, em gotajemento; • Retossigmoidoscopia Neoplasia de cólon • Mais frequente em idosos; • Difícil diagnóstico (hemorragias de origem obscura); • Arteriografia mesentérica As principais causas de HDB Crônica são: Conduta das hemorragias maciças: • Reposição volêmica, correção da anemia e restauração do equilíbrio hemodinâmico; • Colonoscopia de urgência Nem sempre permite a identificação do ponto de sangramento; • Arteriografia mesentérica Detecção do ponto de sangramento para injeção local de vasoconstritores • Abordagem cirúrgica Quando o sangramento não cessa ou na necessidade de hemotransfusão em grande quantidade (4/5 unid em 24h) 2.2 Hemorragia Digestiva Baixa (HDB) Condição clínica caracterizada por dor abdominal cuja intensidade requer solução urgente 3. Abdome Agudo Dor visceral Mal localizada (mal estar no centro do abdômen); Não leva à contratura da parede abdominal Dor somática Bem localizada (de acordo com o órgão envolvido Pode cursar com contratura muscular Espasmos de vias biliares e ureter, na oclusão intestinal e na fase inicial da apendicite Processos inflamatórios como na segunda fase da apendicite e na colecistite aguda 3. Abdome Agudo - Etiologia Abdome agudo cirúrgico Traumático Trauma fechado Acidente com veículos, quedas Trauma aberto Ferimento por arma branca ou arma de fogo Não traumático Inflamatório Apendicite, pancreatite, colecistite, diverticulite Perfurativo Úlcera duodenal ou gástrica perfurada, diverticulite perfurada Obstrutivo Tumor gástrico ou intestinal, úlceras pépticas, hérnias estranguladas Hemorrágico Gavidez ectópica rota, rotura de baço Vascular Rotura de aneurisma intra-abdominal, colite isquêmica, trombose mesentérica Quanto mais ácido for o líquido irritativo, mais intensa é a irritação peritoneal (“Abdome em tábua”); Processos inflamatórios de visceras pélvicas levam à peritonite sem rigidez da parede abdominal; Atenção especial para pacientes idosos, debilitados, imunossuprimidos – podem não apresentar sinais de rigidez da musculatura; O uso prévio de antibióticos e analgésicos podem dificultar o diagnóstico e definição do tratamento. 3. Abdome Agudo Diagnóstico Exame físico Exames complementares Amamnese 3. Abdome Agudo 3. Abdome Agudo - Anamnese DOR Momento de início Localização inicial e atual Característica 3. Abdome Agudo - Anamnese Característica da dor Traumático Trauma fechado Variada de acordo com as estrutura acometida/ difusa (grande quantidade de sangue ou líquidos na cavidade abdominal Trauma aberto Não traumático Inflamatório Intensa e localizada/ associada à febre Perfurativo Em pontadas/ acompanhada de enrijecimento abdominal Obstrutivo Em cólica Hemorrágico Difusa Vascular Difusa / em pontada (obstrução) 3. Abdome Agudo - Anamnese Investigar náuseas e vômitos Obstrução intestinal alta Obstrução intestinal baixa Amarelo-esverdeado Amarelado Comprometimento péptico ou laceração esofágica Presença de sangue EXAME FÍSICO GERAL: Observar mudança de posição frequente Coloração da pele Verificação de SSVV 3. Abdome Agudo – Exame físico Inspeção • Cicatriz cirúrgica • Distensão abdominal • Orifícios heniários Ausculta • Ausculta por 3 minutos • Avaliação de todos os quadrantes • Alterações de peristaltismo Palpação e Percussão • Inicialmente na área distal à dor • Bilateral • Avaliação da contratura muscular 3. Abdome Agudo – Exame físico Sinal de Blumberg Sinal de Murphy Fonte: Google imagens 3. Abdome Agudo – Exame físico • Rx • Tomografia • USG • Exames laboratoriais 3. Abdome Agudo – Exames complementares Abordagem cirúrgica: Laparoscopia ou Laparotomia 3. Abdome Agudo - Tratamento Fonte: Google imagens FERREIRA RPB, EISIG JN. Projeto Diretrizes: Hemorragias Digestivas. Conselho Federal de Medicina; Associação Médica Brasileira; Federação Brasileira de Gatroenterologia, abr-2008. ALVES, JR; RODRIGUES, JMS. Hemorragia digestiva: manejo fundamentado na medicina baseada em evidências. Rev Fac Ciênc Med Sorocaba; 10(1): 5-18, 2008. Brunner; Suddarth. Tratado de Enfermagem médico-cirúrgica. 12 ed . Rio de Janeiro,:Guanabara Koogan, 2011. SALLUM AMC, PARANHOS WY. O enfermeiro e as situações de emergência. 2ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2010. PIRES, MTB; STARLING, SV. Manual de urgências em pronto- socorro. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Referências J.L.S, 63 anos, sexo masculino, procedente de Paulista, foi admitido na unidade de urgência e emergência apresentando hematêmese importante. A acompanhante relata evacuação com odor fétido nas últimas 3 horas. Etilismo (+); HAS (+); DM (-). Ao exame físico: PA = 90 X 60 mmHg; FC = 122; FR = 32. 1. Qual o diagnóstico de enfermagem prioritário? 2. Quais as intervenções de enfermagem? Caso clínico