Buscar

Eclampsia apresentação

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE – UNINORTE
ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
HIPOCALCEMIA PUERPERAL EM CÃO- RELATO DE CASO
Resumo
Introdução
	Os transtornos metabólicos do cálcio ocorrem no organismo devido a uma série de complexas e multifatoriais etiologias. A alteração da homeostase cursa, basicamente, com aumento ou diminuição da concentração plasmática de cálcio no sangue, ou seja, hiper ou hipocalcemia. A hipocalcemia é encontrada comumente na prática médica. A sua apresentação clínica varia desde pacientes assintomáticos até com sintomatologia clínica severa. A manifestação da hipocalcemia ocorre quando as demandas diárias de Ca pela glândula mamária sobrepõem a capacidade do PTH e vitamina D de manter a homeostase da calcemia, ocorrendo graves problemas para o organismo animal (González, 2012).
	Cadelas e gatas sofrer a chamada eclampsia ou tetania puerperal. A eclampsia está associada a um aumento da demanda de cálcio e hipocalcemia, porém, observa-se que os sinais dessa deficiência aparecem, apenas, próximos há terceira semana após o parto, no pico da lactação. Nas cadelas, a maior demanda de leite é a causa primária da eclampsia, porém, este requerimento se dá num período mais tardio, cerca de 20 dias após o parto (González, 2012).
	Alguns dos fatores de risco para instalação da doença são mais determinantes que outros, porém é o somatório dessas causas, tanto ambientais como as individuais que causará o desequilíbrio e o surgimento do problema. Em caninos, a influência racial é muito marcante. A eclampsia é acentuadamente mais freqüente em raças de pequeno porte e em animais hiperexcitáveis. Nos felinos não parece existir influência da raça e, em ambos os casos, não parece existir efeito da idade. Os fatores ambientais influenciam tanto no aparecimento quanto na manutenção e recidiva da disfunção, um manejo nutricional inadequado em cadelas no periparto, também está relacionado com o aparecimento da eclampsia (MOISER, 1992).
Os sintomas iniciais da eclampsia incluem respiração rápida, nervosismo, ansiedade, agitação e ruídos de lamúria. O intervalo entre os sinais iniciais e a tetania 4 avançada variam entre 15 minutos e 12 horas. Com a progressão da sintomatologia, o animal apresenta-se com andar vacilante, rigidez dos membros e hipertermia, chegando facilmente à 42ºC. Essa elevação da temperatura está associada ao aumento da atividade muscular. Mais além, surge à incapacidade do paciente em manter-se em pé, acompanhada de hiperpnéia, pulso rápido, salivação intensa e mucosas congestas. A musculatura afetada exibe uma fina fasciculação. Os tremores tornam-se progressivamente mais intensos, levando a ataques convulsivos. Antes da morte o animal está em choque, às mucosas estão pálidas e secas, as pupilas dilatadas e a temperatura subnormal. A morte é resultado de severa depressão respiratória, hipertermia e edema cerebral associados (RODRIGUES, 2004) 
Caso
O presente caso ocorreu no dia 21 de março de 2019 no hospital veterinário da Uninorte (Hovet), onde uma cadela de pequeno porte, SRD, 9 anos de idade, alimentada apenas com resto de comida, vacinação e vermifugação atrasadas. Na anamnese foi informado pelo proprietário que o animal havia dado cria há 7 dias e que o parto foi difícil ocasionando a morte de parte dos filhotes. Também foi esclarecido que desde então a cadela vinha apresentando crises convulsivas, dificuldade para respirar (dispneia), produzindo pouco leite, dificuldade para se alimentar e andar.
Em função do agravamento do quadro o proprietário resolveu então levar o animal ao médico veterinário. No Hovet foi observado que o animal apresentava dispneia, taquicardia, membros enrijecidos, hipertermia, taquicardia e estado bastante debilitado.
Tendo como base o histórico e os dados da anamnese do animal foram instituídos de imediato um protocolo para hipocalcemia (eclampsia). O tratamento foi a base de fluidoterapia de soro ringer com lactato, cálcio administrado endovenoso na dose 0,5mg/kg e midazolam a 0,3mg/kg. Para acompanhamento o animal ficou internado até o dia seguinte e após resposta positiva ao tratamento a cadela recebeu alta com continuidade do tratamento para casa com cálcio 0,2 ml/kg além da recomendação de não permitir que a cadela amamentação os filhotes e castração assim que possível com o intuito de evitar reincidências. 
 . 
Discussão
	
	Segundo o autor (RODRIGUES, 2004) para o tratamento da eclampsia a dose de gliconato de cálcio a 10% é de aproximadamente 2 a 10 ml, variando com o tamanho do animal a gravidade dos sinais. A via preferencial de aplicação do medicamento é a intravenosa. Drogas anticonvulsivantes como pentobarbital ou o diazepam, devem ser consideradas nos casos em que o cálcio não é suficiente para controlar os sintomas neurológicos. A hipertermia pode ser corrigida com banhos de água fria e álcool. Os casos que cursam com hipoglicemia podem ser tratados com soluções de dextrose. A alcalose, associada à hiperventilação, é reduzida coma administração intravenosa de solução salina. 
A suplementação dietética de cálcio e vitamina D e o uso de corticoesteróides parecem ser eficientes no tratamento da eclampsia de cadelas. A prednisolona é particularmente indicada quando a hipoglicemia, a hipercolesterolemia ou a cetonemia estão associadas à eclampsia. Outra medida importante a ser tomada é a separação dos filhotes de sua mãe. O estímulo da mamada e a perda de cálcio pelo leite aumentam ainda mais a hipocalcemia, favorecendo a manutenção do quadro e a chance de recidivas.
Como preconizado na literatura, em função da gravidade do problema, o tratamento do animal foi instituído imediatamente, mesmo na ausência de exames laboratoriais. Pois o tempo que se leva para se obter os resultados de exames laboratoriais pode, sem sombra de dúvidas, agravar ainda mais a situação ou mesmo custar a morte do animal.
 Tendo como base na literatura, foi utilizado para o tratamento: o cálcio na via endovenosa (IV); por ser a vias de ação mais rápida, com objetivo de se regularizar a concentração na corrente sanguínea; o Midazolam para reduzir ao máximo a hiperexcitação; o soro com ringer com lactato para repor os eletrólitos, já que o animal não comia nem bebia. E as recomendações de não permitir que a cadela amamentasse suplementação alimentar, ração adequada e castração assim que possível com o intuito de evitar reincidências.
Conclusão
Considerando a gravidade da disfunção e que algumas raças tem uma maior probabilidade de sofrer com doença, a prevenção e o diagnóstico inicial são fundamentais para manter a integridade do animal e ainda evitar perda da ninhada. Ainda foi possível notar que o atendimento e o tratamento correto o mais rápido possível são fatores importantíssimo para determinar a recuperação do paciente.
Referências
MOISER, J. E. Moléstias do Parto e Pós-Parto in ETTINGER, S. J., Tratado de Medicina Interna Veterinária, 3a edição, São Paulo, editora Manole, 1992. 
Seminário apresentado pela aluna Gabriela Fredo na disciplina de TRANSTORNOS METABÓLICOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no segundo semestre de 2012. Professor responsável pela disciplina: Félix H. D. González.

Continue navegando