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Biomedicina Resumo de Virologia e Imunologia – (MAD) ARBOVÍRUS Referem-se ao número de casos de uma doença (infecciosa ou não-infecciosa): Surto: acontece em um grupo pequeno da população (bairro, escola, hospital, pequena comunidade). Condições para estabelecer a infecção: maior disseminação do patógeno (clima, temporalidade) – exemplo: períodos chuvosos/enchentes e Leptospirose. Epidemia: em um período, em um local específico (cidade, estado, país), o número de casos de uma doença foi além do esperado. Condições para estabelecer a infecção: introdução de um novo microrganismo, modificação da estrutura da população/local, surgimento de novas cepas, mutações que conferem resistência. Endemia: número de indivíduos acometidos mantem-se constante ao longo do tempo, em um determinado local (cidade, estado, país). Uma doença é classificada como endêmica de uma região quando acontece com muita frequência no local. Pandemia: epidemia em diversas regiões do planeta, atingindo, pelo menos, dois continentes. Condições para estabelecer a infecção: migrações, viagens intercontinentais. Classificação de arbovírus: vírus transmitidos por artrópodes, em especial insetos/mosquitos. Comportamento endêmico! Flaviridae: comporta alguns Flavivírus que são transmitidos de outras formas (Hepatite C). problemática no diagnóstico pela possibilidade de reação cruzada, por conta das semelhanças entre as estruturas virais dessas diferentes espécies da mesma família. Prevenção: controle do vetor, pois só há vacina para Febre Amarela. Transmissão: ciclo silvestre (principal alvo – primatas) e ciclo urbano. Pessoas que vivem nas áreas periurbanas vivenciam o ciclo de transição. Aedes aegypti: região tropical do globo Aedes albopictus: sobrevive também em regiões de clima temperado (norte dos EUA; Europa – Itália, região mediterrânea; Ásia, até o Japão; leste da Austrália, sul da África...) Animais reservatórios: morcegos, marsupiais Estrutura viral Envelope: proteína M, proteína E Capsídeo Simetria icosaédrica RNA fita simples + (pronto para replicação) Proteínas não estruturais que compõem o envelope e o nucleocapsídeo NS 1, 2, 3, 4 e 5 (importância no desenvolvimento de vacinas, teste de diagnóstico, aplicadas em aspectos terapêuticos) Características clínicas Encefalite (inflamação) Febre hemorrágica – manifestação grave de dengue Febre com mialgias (dor muscular) Artralgia (dor articular) Erupção não hemorrágica Exantema (petéquias), cefaleia, dor retrorbitária, conjuntivite Patogênese: efeito citopático (dano direto, lise celular pelo brotamento) e imunopatológico (citocinas, ação de anticorpos, inflamação). Febre Amarela A revolta da vacina acontece após a epidemia de febre amarela e outras epidemias. Junto com isso vieram as vacinas, e as invasões das casas para tentar eliminar os mosquitos. A circulação do vírus pelo Aedes é erradicada no Brasil na década de 50, mas na década de 70, com a guerra fria, ele retorna, trazidos por navios...Em 2017 muitos macacos morreram (animais sentinela), o que indicou nova circulação de vírus da febre amarela e a população ficou mais susceptível porque a vacina deixou de ser obrigatória. Outros fatores: ciclo silvestre continuou; destruição da mata (disseminação dos insetos para as regiões urbanas); permanência do vetor Aedes no Brasil. O principal agente de transmissão é a fêmea do mosquito que, quando suga sangue (para amadurecer seus ovos), inocula o vírus no hospedeiro. Tropismo amplo: gânglios linfáticos, células epiteliais, células de rim e de fígado. Patogênese Inoculação (mosquito) → Replicação (linfonodos) → Disseminação (corrente sanguínea) → Necrose celular (rim e fígado) Manifestações Clínicas Fase 1: infecções subclínicas, sintomas inespecíficos Fase 2: disfunção hepatorenal e hemorragias A maioria evolui para cura. Assintomáticos ou com sintomas limitados, que se revolvem em poucos dias. Vacina de *vírus atenuado (vivo, porém ‘’enfraquecido’’) é produzida no Brasil e distribuída para todo o território. É considerada eficaz e segura, porém tem risco hipotético de causar danos em indivíduos imunossuprimidos. Protege. Anteriormente se fazia o reforço da vacinação após 10 anos, mas estudos recentes demonstraram que apenas uma dose mantém o indivíduo protegido além desse tempo. Então, atualmente, no Brasil, só uma dose é dada, segundo a recomendação da OMS. Uma possibilidade também era a administração da dose fracionada (necessário reforço após 7 anos). *Atenuação: passagem em diversas culturas de células/células de linhagens (imortalizadas – tratadas em Laboratório e não morrem) de ovo de galinha, fazendo com o que o vírus perca sua capacidade de virulência por replicar tanto. Por isso que quem tem alergia à ovo não pode tomar a vacina da febre amarela – antígenos presentes no ovo podem estar na vacina, com possibilidade de causar reações. Vacina de vírus inativado: morto. Dengue DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4 Dengue 1 e 4 causam infecções mais brandas. Dengue 2 e 3 tem sintomatologia mais grave e extensa. Epidemias geralmente são causadas por apenas um tipo. Dificuldade de desenvolver vacinas: epítopos diferentes dos subtipos virais – a resposta imune contra um não protege contra outro. Pelo contrário, pode favorecer manifestações clínicas mais graves. Infecta preferencialmente macrófagos e células dendríticas (além de células endoteliais), promovendo a secreção contínua de citocinas pró-inflamatórias e fatores (exemplo: IFN, TNF, NO) que agem no endotélio alterando a permeabilidade vascular e ativando o extravasamento plasmático. Isso causa os primeiros sinais e sintomas clássicos da doença (dor, febre, edema). Há ação de linfócitos Th1 (alteração da permeabilidade vascular), CD8+ (dano hepático) e linfócitos B (hipersensibilidade). Ocorrerá hiperconcentração dos componentes do sangue (aumento do hematócrito por perda de líquido) e perda de albumina (hipoalbuminemia). Imunopatogênese Ação de anticorpos: se ligam a células endoteliais e plaquetas porque essas células expressam uma proteína viral (NS 5) ou as tem ligadas em sua estrutura H tipo II: destruição de plaquetas e células endoteliais devido a reação cruzada (hemorragias e plaquetopenia) por ativação do complemento/formação do MAC ou por ação de células NK... H tipo III: acúmulo de complexo imune (vasculite e artrite) ativando complemento e fagócitos... Ação de citocinas Permeabilidade vascular aumentada Lesão hepática Manifestações clínicas da dengue clássica: febre alta e súbita, dor retrorbitária, dor de cabeça, artralgia, perda de apetite, exantema (petéquias). Manifestações clínicas da febre hemorrágica da dengue (FHD) Febre ou história de febre recente de sete dias Trombocitopenia (menor ou igual à 100.000/mm³ ou menos) Tendências hemorrágicas evidenciadas: Prova do laço positiva (mais de 20 petéquias em adultos e mais de 10 em crianças) Petéquias, equimoses ou púrpuras Sangramentos de mucosas do trato gastrintestinal Extravasamento de plasma manifestado por: Hematócrito apresentando aumento de 20% Presença de derrame pleural, ascite e hipoproteinemia Quando plasma sai do vaso a pressão arterial cai e o paciente fica próximo do choque, com risco para coagulação intravascular disseminada (CIVD). Reinfecção por sorotipos diferentes: Os anticorpos de memória com capacidade neutralizante para um subtipo viral se ligam de forma cruzada a outro subtipo viral na reinfecção, permitindo que esses vírus entrem mais facilmente em macrófagos e CD, já que eles, principalmente os macrófagos tem receptores que reconhecem a porção FC do anticorpo, permitindo assim que esse patógeno entre mais facilmente nas células, aumentando a infecção. Logo, a resposta imune contra um subtipo favorece manifestações clínicas mais graves contra os outros. Zika Estudos epidemiológicos e de filogenia viral. Doença autolimitada - não existem manifestaçõesclínicas graves, cursando com febre não muito alta, dores pelo corpo e prurido do exantema na pele. Alguns pacientes apresentam artrite, dores articulares e dificuldade de locomoção. Complicações clínicas – doença autolimitada: dores no corpo, febre súbita, porém baixa. Síndrome de Guillain-Barré – resposta imune generalizada e inespecífica, ativando linfócitos B autoreativos à produzirem anticorpos que destroem bainha de mielina. Pode acontecer de forma associada a qualquer infecção. Microcefalia (síndrome congênita: cabeça menor que 33 cm, alterações auditivas, perturbação na capacidade de fala e comunicação). Invasão do vírus no tecido neurológico do feto, causando danos na sua formação – tropismo por células neuronais precoces. Chikungunya ‘’Homem que anda arqueado’’: dores SIMÉTRICAS nas articulações (com inflamação, edema e lesão), que demoram para desaparecer (mais de 1 ano), e dores na coluna. Patogênese e manifestações clínicas: Febre não é tão alta, dores extensas, com edema nas articulações, cefaleia. Depósito de complexo imune nas articulações e dano direto do vírus. Infecta fibroblastos, células epiteliais, endoteliais, células musculares e células do fígado (lesão mais branda). Maior replicação nos tecidos linfoides. A maioria das pessoas que se infecta pelo vírus desenvolve sintomas. Tem disseminação muito veloz: as pessoas não têm imunidade contra o vírus e tem o mesmo vetor da dengue. Mortes são muito raras. Tratamento Arbovírus: sintomático Hidratação Repouso Antitérmicos Antieméticos Paracetamol é utilizado para os casos se não for possível fazer o diagnóstico clínico diferencial. Diagnóstico Arbovírus Biomol: detecção do ácido nucleico viral RT-PCR (até 5º dia) – mais vírus circulando na corrente sanguínea e sem AC ainda Detecção do antígeno (teste rápido) – identificar NS 1 (partícula viral ou antígeno na amostra do paciente) da Dengue Imunocromatografia (até 5º dia) Sorologia IgM e IgG (após o 5º dia) Cultura viral... Prevenção Arbovírus CONTROLE DO VETOR a nível domiciliar, local e estadual: eliminar os focos de reprodução do mosquito – reduzir a quantidade de água parada (caixa d’água, vasos de planta, lixo...) Diagnóstico Resumo – Silvana O Neves