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Trabalho de Física 4 – Bacharelado em física - noturno Título: Introdução à Relatividade Geral Aluno: Jônata Santos Soares NoUSP: 10300699 Física 4 - Prof a Dra. Maria Fernanda de Araújo Resende Introdução Neste texto iremos fazer uma breve introdução à relatividade geral de Einstein, com o objetivo de mostrar a dedução das equações de campo de Einstein. Para isto, faremos uma breve revisão das transformações de Lorentz, em seguida apresentaremos uma revisão da teoria da relatividade restrita: descrevendo-a por meio dos quadrivetores e apresentando a forma tensorial do eletromagnetismo. Depois, usaremos o formalismo lagrangiano para deduzir a equação de Euler-Lagrange relativística e consequentemente, deduzir a famosa equação geodésica. No final, daremos uma breve introdução à relatividade geral, apresentando conceitos básicos e deduzindo as equações de campo de Einstein. Transformações de Lorentz As transformações de Lorentz são um conjunto de equações que descrevem a mudança de coordenadas entre 2 referenciais inerciais de forma que se respeite o princípio da relatividade, que afirma que não existe um sistema inercial privilegiado. Sejam (x′,y′,z′,t′) e (x,y,z ,t ) 2 referenciais inerciais; sabemos que as transformações de Lorentz são escritas como: x′ = γ(x − vt) y′ = y z′ = z { t′ = γ (t − vx c2 ) O interessante é que podemos escrever este conjunto de equações de outras formas. Pela covariância das transformações de Lorentz, podemos escrevê-las como uma rotação no plano (ct,x), pois y e z são constantes, da forma { x′ ct′ = = −ct ct coshψ sinhψ − + x x sinhψ coshψ O ângulo ψ é chamado de parâmetro de rapidez, ele é determinado como tan−1 ( v c ) = ψ. Esta parametrização é coerente, devido ao fato de cosh2ψ − sinh2ψ = 1 e por esta informação, ds2 é invariante, ficando de acordo com o princípio da relatividade. Assim, quando queremos escrever as componentes do sistema S em função das variáveis de S’, basta trocar as posições dos termos de S’ pelos de S e vice-versa, pois a transposta da matriz de rotação é a mesma que a matriz original; e isto será usado na descrição da dilatação do tempo. Agora vamos escrevê-las na notação tensorial. Antes disso, definiremos uma nova notação para as coordenadas espaço-temporais como sendo xμ = (ct,x1,x2,x3), onde x1 = x; x2 = y e x3 = z. Dada esta notação, podemos escrever o conjunto de equações acima como x′μ = Λ μ ν xν onde Λ μ ν é representada na forma matricial por (Λ ν γ −βγ 0 0 μ ) = ( −βγ 0 γ 0 0 1 0 0 ) sendo β = v c e γ = √1−β2 1 0 0 0 1 Esta matriz é chamada de matriz de Lorentz. Sabemos que a métrica no espaço de Minkowski é invariante, ou seja, ds2 = ds′2 = −c2dt2 + dx2 + dy2 + dz2 = g μν dxμdxν, onde g μν é o chamado tensor métrico, que matricialmente é escrito como (g μν −1 0 0 0 ) = ( 0 0 1 0 0 1 0 0 ) 0 0 0 1 Usando as igualdades entre as métricas, temos que g μν dxμdxν = g μν dx′μdx′ν = g μν μ dxαΛ β ν dxβ = g μν μ Λ β ν dxαdxβ ≡ g αβ dxαdxβ Isto implica em g μν Λ α Λ α Λ μ α Λ β ν = g αβ que é chamada de condição de Lorentz. Portanto concluímos que o conjunto das transformações de Lorentz formam um grupo chamado grupo de Lorentz. Por meio destas transformações podemos chegar nos dois resultados clássicos que antecedem a teoria da relatividade restrita de Einstein a dilatação do tempo e a contração do espaço (ou de Lorentz). Dado um deslocamento em x’, denotamos x B ′ − x A ′ = l 0 como o comprimento próprio do objeto. Usando as transformações de Lorentz, podemos escrever as seguintes equações: x B ′ = γ(x B ) x A − vt B ′ = γ(x A − vt A ) ′ subtraindo as duas equações, obtemos: x B − x A ′ = γ(x B − x A ) − v(t B − t A ), mas o tempo no referencial S não variou, e portanto t B = 0. Assim, encontramos a chamada contração do espaço: x B − t A ′ − x A ′ = γ(x B − x A ) = l 0 = γl ⇒ l = l 0 γ Agora consideremos uma variação temporal t A o tempo inicial; consequentemente, t B ′ − t A ′ em S, sendo t B ′ ′ = t A + t 0 o tempo final e = t 0 . Escrevendo as transformações de Lorentz para os intervalos de tempo em S: t B ′ − vx c2 B ′ ) t A = γ (t B = γ (t A ′ − vx c2 A ′ ) fazendo o procedimento como feito para a contração do espaço, obtemos: t B = γ(t B − ′ − t A ′) − c2 v t A (x B ′ − x A ′) ; porém estes intervalos de tempo foram medidos para um mesmo deslocamento em S’, ou seja, x B ′. Então, chegamos a equação da dilatação do tempo: t B ′ = x A − t A = γ(t B ′ − t A ′) ⇒ t = γt 0 Agora discutiremos o conceito de tempo próprio, que será muito importante para o prosseguimento do texto. O intervalo de tempo próprio é definido como o intervalo de tempo no referencial no qual o corpo está instantaneamente em repouso, ele é representado pela letra dτ. Considere, no referencial S’, um corpo em repouso num intervalo de tempo dτ; sabemos então que há um tempo correspondente no referencial S, além disso, a métrica é invariante, então ds2 = ds′2, isto consequentemente implica que ds2 = ds′2 = −c2dt2 + dx2 + dy2 + dz2 = −c2dτ2 ⇒ dτ = dt γ consequentemente: τ = ∫ A B dτ = ∫ τ τ A B √1 − β(t)2 dt . Outro tópico interessante que advém das transformações de Lorentz é a adição de velocidades na relatividade especial. Considere 2 referenciais inerciais S e S’, então denotamos v x ′ como a velocidade de um corpo qualquer em x’, v x a velocidade deste mesmo corpo em x e v a velocidade relativa entre S e S’. Então escrevemos: v x ′ = dx′ dt′ = γ(dx−vdt) γ(dt− vdx c2 ) = (1− dx dt c2 −v v dx dt ) = 1− v x −v vvx c2 Para os eixos espaciais seguintes, o cálculo é semelhante, portanto será omitido deste texto. Dinâmica relativística Neste tópico iremos discutir os conceitos de força, momento e energia na relatividade restrita. A discussão destas grandezas se resume em apresenta-las no espaço quadridimensional para escrever a segunda lei de Newton na forma covariante. E fazemos isto escrevendo estas grandezas na forma de quadrivetores. Primeiro vamos definir a quadrivelocidade, definida como uμ = dτ μ onde τ é o chamado tempo próprio, que é o tempo medido no referencial S’ e suas componentes são dadas por uμ = ( dx dx dτ 0 , dr ⃗ dτ ) = (γ,γv⃗). Um item importante é que ao longo deste texto iremos considerar c = 1. Deste fato, vemos que uμu μ uμuν = −γ2 + γ2v2 = −γ2(1 − v2) = −1. Dada esta definição, podemos escrever a segunda lei de Newton na forma covariante como m = g μν d2x μ dτ2 du dτ μ = Fμ onde = m d2x dτ2 μ = aμ é a quadraceleração e suas componentes são aμ = (γ4v⃗.a⃗,γ4(v⃗.a⃗)v⃗ + γ2a⃗), a⃗ sendo a aceleração tridimensional. Agora derivando a expressão uμu μ = −1 em relação à τ, obtemos uμ du dτ μ + u μ du dτ μ = 0 ⇒ m(uμ du dτ μ + u μ du dτ μ ) = 0 ⇒ uμg μν m du dτ ν + u μ m du dτ μ = 0 uμg μν Fν + u μ Fμ = 0 ⇒ u μ Fμ = 0 ⇒ u μ aμ = 0. Agora calcularemos as componentes de Fμ. Suas componentes espaciaissão escritas como γF⃗. Já a componente temporal é dada por γF⃗.v⃗. Portanto Fμ = γ(F⃗.v⃗,F⃗). Outra grandeza é o quadrimomento definido por pμ = muμ = (mγ,mγv⃗). Fazendo o produto escalar, obtemos pμp μ = m2uμu μ = −m2 Também podemos escrever a segunda lei de Newton da forma dp dτ μ = Fμ A partir destas equações iremos construir a energia relativística. Começaremos pela seguinte equação dp dτ 0 = dp dt 0 dτ dt = γ dt d (mγ) = γF⃗.v⃗ ⇒ dt d (mγ) = F⃗.v⃗ É sabido pela mecânica newtoniana que o produto escalar F⃗.v⃗ é a potência fornecida pela força F⃗ e como potência, por definição, é a variação temporal da energia, definimos a energia relativística por E = mγ = √1−v2 m e assim o quadrimomento também pode ser escrito como pμ = (E, p⃗). Voltando ao produto escalar pμp μ , ele também é equivalente a pμp μ = pμg μν pν = −(p0)2 + (p⃗)2 = −E2 + (p⃗)2 Igualando a −m2, encontramos a relação energia-momento de Einstein: E2 = m2 + (p⃗)2 fazendo uma expansão binomial a equação da energia relativísitica, obtemos a expressão E = m + 1 2 mv2 + 3 8 mv4 + 16 5 mv6 + ⋯ O segundo termo corresponde a energia cinética newtoniana e os termos seguintes são correções relativísticas à energia cinética clássica e primeiro termo é chamado de energia de repouso, que corresponde a famosa equação de Einstein E 0 = m Equação de Euler-Lagrange relativística e a equação da geodésica Podemos usar o formalismo lagrangiano para obter as equações de movimento de uma partícula numa trajetória do espaço-tempo. Na relatividade restrita, as componentes do tensor métrico são constantes e isto implica que suas derivadas em relação ao tempo e às componentes espaciais são nulas; consequentemente as equações de movimento de um corpo serão determinadas pela dinâmica relativística discutida no item anterior. Mas na relatividade geral, o tensor métrico não é constante, implicando que suas derivadas são diferentes de zero. Ou seja, as componentes deste tensor variam com o tempo e com as coordenadas espaciais, como a geometria do espaço-tempo curvo é determinada pelo tensor métrico, devemos achar uma nova equação de movimento para um corpo nesta nova geometria, mantendo a invariância das leis físicas sobre quaisquer referenciais. Esta equação é a chamada equação geodésica. Antes de a obtermos, usaremos o cálculo variacional para determinar a equação de Euler-Lagrange relativística, a solução desta equação nos dará uma outra equação diferencial que será a equação geodésica. Começamos definindo a ação relativística pela integral: B S = ∫ dτ A L {xμ, dxμ dτ } onde L é a lagrangiana. Um item importante é que a lagrangiana nem sempre será a energia cinética menos a energia potencial, como definida na mecânica clássica. Fazendo δS = 0, e lembrando das condições de mínimo, obtemos a equação ∂L ∂xμ ∂L − dτ d ( ∂( ) = 0 que é a equação de Euler-Lagrange relativística. Mas fazendo uma mudança de variáveis como a descrita abaixo σ = dxμ dτ ) τ A −τ τ = τ A ⇒ τ A se { τ = τ B ⇒ σ σ = −τ B = 0 1 ⇒ σ ∈ [0,1] e utilizando o fato de que dτ2 = −ds2 ⇒ dτ = √−g μν dxμ dσ dxν dσ Escrevemos a ação relativística, com esta mudança, da forma S = ∫ dτ dxμdxν ⇒ dσ dτ = √−g μν τ B ν τ A = ∫ 0 1 dσ dτ dσ = ∫ 0 1 √ −g μν μ ν dσ dσ dσ Onde L é definida como a lagrangiana relativística e semelhante ao feito anteriormente, escrevemos a equação de Euler-Lagrange nesta nova variável como ∂L ∂xμ dx dx dσ → L{xμ, dxμ dσ } = √ −g μν dx μ dx dσ d ∂L dσ ∂( ) = 0 Então a equação obtida acima é a chamada equação de Lagrange relativística e vemos que, como dito numa observação, a lagrangiana não é a mesma que a da mecânica clássica; na relatividade ela corresponde a raiz quadrada do negativo da métrica de Minkowski. Usando esta equação, prosseguiremos como num problema de mecânica 1, resolveremos a equação de Lagrange e sua solução será a equação de movimento do corpo na geometria do espaço-tempo da relatividade geral, a chamada equação geodésica. A partir da equação acima, calculamos as derivadas em relação à uma linha qualquer da geometria espaço-temporal xλ ∂L ∂xλ − ( dxμ dσ ) 1 ∂g αβ dx α dx β β 2L ∂xλ dσ dσ L ∂g αβ dx α dx 2 ∂xλ dτ dτ (A) ∂L ∂( = − = − 1 β L dx dσ (B) Fazendo a derivada de (B) em respeito a σ, obtemos a expressão: − dx dσ λ ) = − g λβ d ∂L d 1 dx β d dx β β dσ ∂( dσ L dσ dτ dτ d2x β dτ2 dg dτ λβ dx dτ ] (C) Agora substituindo a expressão (C) e a equação (A) na equação de Euler-Lagrange, temos: − ( dx dσ μ ) ) = − (− g λβ ) = L (g λβ ) = L [g λβ + L β 2 ∂g ∂xλ αβ dx dτ α dx dτ β + L [g λβ d dτ2 2 x β + dg dτ λβ dx dτ β ] = 0 = − 1 2 ∂g ∂xλ αβ dx dτ α dx dτ β + [g λβ d dτ2 2 x β + dg dτ λβ dx dτ ] ⇒ β ⇒ g λβ d dτ2 2 x β − 1 2 ∂g ∂xλ αβ dx dτ α dx dτ β + ∂g ∂xγ λβ dx dτ γ dτ dx = 0 e rearranjando os termos, ficamos com: g λβ d dτ2 2 x β + ( ∂g ∂xγ λβ − 1 2 ∂g ∂xλ γβ ) dx dτ γ dx dτ β = 0 ; ∂g ∂xγ λβ − 1 2 ∂g ∂xλ γβ = 1 2 ( ∂g ∂xγ λβ + ∂g ∂xγ λβ − ∂g ∂xλ γβ ) (D) Posso escrever a equação obtida em (D) trocando a ordem entre β e γ nas derivadas temporais e então acrescento um termo ∂g ∂xβ λγ na expressão dentro do parêntesis; e isto resulta em g λβ d dτ2 2 x β + 1 2 ( ∂g ∂xγ λβ + ∂g ∂xβ λγ − ∂g ∂xλ γβ ) dx dτ β dx dτ γ = 0 Por fim, multiplicando toda a equação por gελ e sabendo que gελg λβ ε, obtemos d = δ β dτ2 2 x ε + 1 2 gελ ( ∂g ∂xγ λβ + ∂g ∂xβ λγ − ∂g ∂xλ γβ ) dx dτ β dx dτ γ = 0 Finalmente, escrevendo numa forma mais compacta: d2xε dτ2 + Γ βγ ε dxβ dτ dxγ dτ = 0 que é a chamada equação geodésica. Onde Γ βγ ε = 1 2 gελ ( ∂g ∂xγ λβ + ∂g ∂xβ λγ − ∂g ∂xλ γβ ) é definido como símbolos de Christoffel . Os símbolos de Christoffel são simétricos à troca de índices inferiores, porém eles não são tensores. Equações de Maxwell na forma covariante As equações de Maxwell constituem um conjunto de 4 equações diferenciais parciais que sintetizam, juntamente com a força de Lorentz, o estudo do eletromagnetismo e a óptica. Pelo princípio de equivalência da relatividade especial, sabemos que as leis físicas são invariantes perante mudança de referenciais inerciais. Por isso, é interessante escrever as equações de Maxwell na forma covariante, pois assim elas serão válidas para quaisquerreferenciais inerciais, e estarão numa forma mais compacta e elegante. Sejam as equações de Maxwell: ∇⃗⃗⃗.E⃗⃗ = ε ρ 0 ∇⃗⃗⃗ × E⃗⃗ = − ∂B ⃗⃗ ∂t ∇⃗⃗⃗.B⃗⃗ = 0 ∇⃗⃗⃗ × B⃗⃗ = μ 0 j⃗+ μ 0 ε 0 ∂E ⃗⃗ ∂t Escrevendo-as no sistema CGS, temos: ∂B⃗⃗ ∇⃗⃗⃗.E⃗⃗ = 4πρ ∇⃗⃗⃗ × E⃗⃗ = − ∂t ∇⃗⃗⃗.B⃗⃗ = 0 ∇⃗⃗⃗ × B⃗⃗ = 4πj⃗+ ∂E ⃗⃗ ∂t Por facilidade consideramos c = 1 ao longo do texto. Outra equação muito importante é a equação da continuidade: + ∇⃗⃗⃗.j⃗ = 0 . Para escrever as equações de Maxwell e a equação da continuidade na forma covariante, devemos construir quadrivetores correspondentes às grandezas vetoriais envolvidas neste conjunto de equações, no caso, para os campos elétrico, magnético e densidade de corrente. O campo elétrico pode ser descrito pelo quadrivetor Eμ = (0,E1,E2,E3), o campo magnético por Bμ = (0,B1,B2,B3) e a densidade de corrente jμ = (ρ,j1,j2,j3). A componente 0 de E e B é nula pois ela não varia com o tempo. Com esta notação, já podemos colocar nossas equações na forma tensorial. A primeira será a equação da continuidade, que definido o operador ∂ μ ∂t ∂ ,∇⃗⃗⃗); escrevemos como: ∂ μ ∂ρ ∂t = ( jμ = 0 Sabemos que os campos elétricos e magnéticos podem ser escritos em função dos potenciais escalar e vetor (devido ao teorema de Helmholtz) como: B⃗⃗ = ∇⃗⃗ × A⃗ e E⃗⃗ = −∇⃗⃗φ − ∂A ⃗ ∂t onde A⃗ é o chamado potencial vetor e φ chamado potencial escalar. Devido à este fato, é definido um quadrivetor potencial Aμ como Aμ = (φ,A⃗). Dada esta definição, podemos definir um tensor covariante Fμν chamado tensor campo eletromagnético (ou de Maxwell) como sendo Fμν = ∂μAν − ∂νAμ sendo: ∂μ = gμν∂ ν = (− ∂t ∂ ,∇⃗⃗⃗) . Exemplo: F01 = ∂0A1 − ∂1A0 = − ∂A ∂t x ∂φ ∂x = E1 . Seguindo esta lógica, obtemos a matriz do tensor de Maxwell que está representada abaixo (Fμν) = ( − = E x 0 E1 E2 E3 −E1 0 B3 −B2 −E2 −B3 0 B1 −E3 B2 −B1 0 ) É importante ressaltar que o tensor de Maxwell é um tensor antissimétrico; e assim, podemos escrever as equações de Maxwell de uma forma compacta e elegante por ∂ μ Fμν = 4πjν ∂ρFμν + ∂μFνρ + ∂νFρμ = 0 e as componentes do campo elétrico e magnético em outro referencial de Lorentz são obtidas pelas transformações A′μ = Λ μ ν Aν e F′μν = Λ μ l Λ νFlk k . Agora, consideremos uma partícula carregada imersa num campo eletromagnético, então pela segunda lei de Newton, sua equação de movimento é dada por dp dτ μ = m du dτ μ = qF ν μ uν Mas lembremos que a equação de movimento de um corpo sobre o espaço-tempo curvo é dada pela equação geodésica; só que neste caso em que há um campo eletromagnético, ela não será igualada a zero e sim a contribuição do campo eletromagnético, ficando da forma: d2xμ dτ2 + Γ νγ μ dxν dτ dxγ dτ = m q F ν μ dxν dτ Equações de campo de Einstein Até aqui, foi discutido de forma breve e sucinta, a teoria da relatividade restrita de Einstein, onde há a covariância das leis físicas perante a condição de Lorentz. De agora em diante, iremos dar uma breve introdução à relatividade geral. A teoria da relatividade geral, diferente da relatividade restrita, estuda não só os referenciais em movimento uniforme, mas também os referenciais acelerados; contudo sempre mantendo o princípio de equivalência, de que não existe um referencial privilegiado, implicando na covariância das leis físicas. Um item importante é que na relatividade geral, a aceleração é o que causa a curvatura do espaço-tempo. Portanto, na relatividade restrita, há ausência de curvatura no espaço. Com isto, quando temos um corpo acelerado, ele curva o espaço-tempo, implicando que o tensor métrico é variável com as coordenadas espaço-temporais. Mostraremos isto a seguir. Considere 2 observadores A e B. O observador A está num referencial que se move em movimento uniforme, já B está num referencial acelerado. Escrevendo o intervalo invariante para A, temos: ds2 = −dt2 + dx2 + dy2 + dz2 = g μν dxμdxν (A) como B está num referencial acelerado, suas transformações de coordenadas são dadas por 1 x′ = x − 2 at2; y′ = y;z′ = z;t′ = t Diferenciando as transformações obtidas: dx′ = dx − atdt ;dy′ = dy ;dz′ = dz ;dt′ = dt Substituindo na equação (A) e lembrando da invariância da métrica, obtemos que ds2 = ds′2 = −(1 − a2t2)dt′2 + 2at′dt′dx′ + dx′2 + dy′2 + dz′2 = g μν ′ dx′μdx′ν E portanto: (g μν −(1 − a2t′2) at′ 0 0 ′ ) = ( at′ 0 1 0 0 1 0 0 ) 0 0 0 1 o que queríamos mostrar. Para atender estas exigências, devemos escrever as equações que regem a relatividade geral como equações tensoriais, pois elas são invariantes perante uma mudança de coordenadas, o objetivo deste tópico é apresentar a equação que rege esta teoria, que são as equações de campo de Einstein, que consiste numa forma tensorial da equação de Poisson da mecânica Newtoniana. Iremos fazer uma aproximação de que a matéria é como um fluido ideal. Um fluido ideal é definido por não conduzir calor e que não tem viscosidade, além disso a pressão é a mesma em todas as direções. Consideremos c = 1 para todas as deduções. Então o tensor energia-momento, para um fluido ideal, pode ser escrito da forma: ρ 0 0 0 (Tμν) = ( 0 0 p 0 0 p 0 0 ) ; Tμν = (ρ + p)uμuν − pgμν 0 0 0 p Por analogia com a equação da continuidade, podemos escrever a conservação da energia e do momento pela equação: ∂ μ Tμν = 0 Esta equação, com algumas manipulações, implica na famosa equação de Euler da mecânica dos fluidos. As equações da relatividade geral, como foi dito, são equações tensoriais; contudo sabemos as equações mais importantes da mecânica são equações diferenciais, ou seja, há derivadas. Mas as derivadas não se transformam como tensores e assim, elas não podem ser usadas na dedução da equação de Einstein. Para isto, temos que achar um correspondente a derivada que são as derivadas covariantes, que se transformam como tensores. Definimos a derivada covariante como: ∇ μ Vα = ∂ μ Vα + Γ βμ α Vβ Semelhante ao feito para a derivada, a curvatura é o que determina a geometria do espaço-tempo, mas também não se transforma como tensores, então temos que definir uma curvatura generalizada, chamada de tensor curvatura de Riemann e o definimos como: R αβγ ε = ∂ β Γ αγ ε − ∂ γ Γ αβ ε + Γ αγ λ Γ λβ ε − Γ αβ λ Γ λγ ε A partir desta definição, obtemos algumas propriedades importantes do tensor de Riemann, que serão utilizadas na dedução do tensor de Einstein. Aqui estão elas: a) R αβγε λ b) R αβγε = g αλ R βγε = −R βαγε ; R αβγε = −R αβεγ ; R αβγε = R γεαβ c) R αβγε + R αγεβ + R αεβγ = 0 d) ∇ λ R αβγε + ∇ γ R αβελ + ∇ ε R αβλγ = 0 (identidade de Bianchi) Dado este tensor, podemos escrever a curvatura Gaussiana K como κ = R 1212 g com g = det (g αβ ) Outros tensores importantes na relatividade geral são o tensor de Ricci e a curvatura escalar, definidos como: R αβ ≡ R αβγ γ (tensor de Ricci) R ≡ gαβR αβ (curvatura escalar) Por meio destes tensores falados até agora, podemos definir um novo tensor, um tensor no qual sua derivada covariante seja nula e que represente uma grandeza semelhante à um potencial. Considere a identidade de Bianchi: ∇ λ R αβγε + ∇ γ R αβελ + ∇ ε R αβλγ= 0 multiplicando esta identidade por g α α + ∇ α α = 0 ∇ λ ε temos que: ∇ λ R βγ + ∇ γ R βαλ R βλγ R βγ − ∇ γ R βλα α + ∇ α R βλγ α = 0 ⇒ ∇ λ R βγ − ∇ γ R βλ + ∇ α R βλγ α = 0 agora, multiplicando esta nova expressão por g β λ : ∇ β R γ β − ∇ γ R + ∇ α R βγ αβ = 0 ⇒ ∇ β R γ β − ∇ γ R + ∇ β R γ β = 0 ⇒ 2∇ β R γ β − ∇ γ R = 0 Escrevendo tudo em função de ∇ β : ∇ β (R γ β − 1 2 δ γ β R) = 0 ⇒ ∇ β (Rβγ − 1 2 gβγR) = 0 E enfim definimos Gμν ≡ Rμν − 1 2 gμνR como o tensor de Einstein. Dadas as definições anteriores, iremos deduzir as equações de campo de Einstein. Estas equações são as equivalentes à equação de Poisson na mecânica Newtoniana; onde o potencial gravitacional agora será o tensor de Einstein e a densidade de cargas é representada pelo tensor energia-momento. Seja a equação de Poisson: ∇2φ = 4πGρ = Consideremos que g 00 −(1 + 2φ), pois 2φ ≪ 1. Como estamos aproximando no limite clássico , então o tensor energia-momento só terá a componente T 00 = ρ . Assim, a equação de Poisson se torna da forma: ∇2g 00 = −8πGT 00 A ideia fundamental de Einstein foi supor que o tensor curvatura do espaço-tempo era proporcional ao tensor energia momento, onde esta constante de proporcionalidade é a curvatura intrínseca. Então temos que K μν = κT μν , onde K μν é o tensor curvatura do espaço-tempo Mas a curvatura espaço-temporal também pode ser escrita em termos de outros tensores que descrevem a geometria do espaço Riemanniano, que são: o tensor de Ricci, o tensor métrico e a curvatura escalar. Ou seja, K μν = aR μν + bRg μν , onde a e b são constantes. Pela conservação de Tμν e pelo fato de que a derivada covariante do tensor métrico é nula, podemos escrever ∇ μ Kμν = ∇ μ (aRμν + bRgμν) = 0 = ( 1 2 a + b)gμν∇ μ R ⇒ b = − 1 2 a fazendo uma comparação com a equação abaixo ∇ μ (Rμν − 1 2 Rgμν) = 0 , chegamos na expressão: a (R μν − 1 2 Rg μν ) = κT μν para satisfazer o limite Newtoniano, temos que considerar a = -1 e portanto: R μν − 1 2 Rg μν = 8πGT μν e assim chegamos as equações de campo de Einstein: G μν = 8πGT μν Agora deduzida a equação de Einstein, podemos estudar alguns casos interessantes dela. O primeiro é escrevê-la para o vácuo. Sabemos assim, que no vácuo, o tensor energia-momento é 0, então: R μν − 1 2 Rg μν = 0 multiplicando por gμν, obtemos que R = 0 e consequentemente R μν = 0 . Enfim, falaremos da constante cosmológica. Podemos adicionar ao tensor de Einstein um termo implicando que a derivada do tensor métrico se anula, este termo é descrito como Λg μν , onde Λ é denominada constante cosmológica; ela foi adicionada pelo Einstein e assim descreve um universo estático. Temos que as equações de Einstein serão escritas da forma R μν − 1 2 Rg μν + Λg μν = 8πGT μν Porém, anos depois, Hubble mostrou que o universo se expandia e então a constante cosmológica não existia, o próprio Einstein falou que ter colocado este termo foi o maior erro da sua vida. Só que em anos recentes, na década de 1960-1970, descobriram que o universo está se expandindo de maneira acelerada e isto seria filiado a existência de uma energia extra, que foi denominada energia escura e esta energia pode ser representada pela constante cosmológica. Ou seja, ao que tudo indica, Einstein acertou novamente.
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