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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CAMPUS SOROCABA REPRESENTAÇÃO DE ESTUDO DE CASO SOBRE MUDANÇAS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL EM UMA AGÊNCIA BANCÁRIA APÓS PROCESSO DE AQUISIÇÃO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ORGANIZAÇÕES GRUPO 11 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO SOROCABA, 2016 1. RESUMO O presente trabalho visa analisar os principais aspectos referentes ao relacionamento entre empresa e funcionários durante um processo de fusão. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica acerca do tema proposto. Paralelamente, realizou-se o levantamento do histórico sobre a incorporação do banco estatal Banespa – Banco do Estado de São Paulo pelo grupo espanhol Santander, focalizando o processo de incorporação e como se deu o relacionamento com os funcionários durante o mesmo. Por fim, realizou -se a análise das ações realizadas pela instituição financeira com relação aos seus funcionários com base em autores e pesquisadores da área pertinente. 2. INTRODUÇÃO A globalização na década de 90 movimentou o mercado internacional com privatizações e aquisições. Só no Brasil, foram realizadas mais de mil fusões e aquisições nesta década; movimentações que foram potencializadas pelo projeto do Plano Real. Para Milanese (1995), as operações de fusão e aquisição podem ocorrer por vários motivos, entre eles podemos destacar os econômicos, estratégicos, financeiros e fiscais, mas que são caracterizados por serem processos irreversíveis, que alteram de uma forma drástica a cultura e a estrutura organizacional de uma ou mais empresas envolvidas. Desta forma, esta aquisição pôde exemplificar a forma na qual uma empresa é reestruturada para se adequar à cultura e à estrutura organizacional de uma outra empresa, para que este processo seja rentável e que não sofra com as diferenças entre as organizações envolvidas. Apesar das possíveis divergências, não se pode dizer que uma cultura é boa ou ruim, apenas são diferentes. Os aspectos pertinentes devem ser trabalhados para o maior sucesso do negócio. Para Sousa (2007) utilizar um modelo de gestão “importado”, porém remodelado, não é problema. O problema está em impor conceitos desta natureza. A cultura organizacional mostra ser importante fator para o sucesso das operações de fusões e aquisições. O desconhecimento destas diferenças pode ser um dos fatores de insucesso da operação, e, atualmente, poucas empresas dão a devida importância ao assunto. 3. CONTEXTUALIZAÇÃO No setor bancário, muitas instituições que funcionam atualmente são frutos de negociações internacionais entre bancos, como por exemplo o Santander Banespa, que foi resultado da compra do Banespa pelo banco espanhol Santander Central Hispano (BSCH). Antes desse processo de aquisição, o banco Banespa era considerado como uma Sociedade de Economia Mista, que é caracterizada por ser pública, mas que contém a forma do setor privado. Nesse processo de aquisição, então, ela se tornou privatizada, mas que possuía o Estado de São Paulo como seu principal acionista. A competitividade e a necessidade de atendimento à diferentes públicos foram os principais fatores na época que favoreceram e incentivaram o surgimento dessa internacionalização de empresas. De acordo com Korten (1996), essa tendência mostrou que a globalização determinava que as empresas ao redor do mundo não teriam uma nacionalidade nem fronteiras para o desenvolvimento. Dessa forma, o grupo Santander Banespa era formado pelos bancos Santander S/A, Santander Brasil, Santander Meridional e o Banespa; todos controlados pelo Santander Central Hispano, sediado na Espanha, em Madri. Este processo, além das questões burocráticas, requer um estudo sobre a estruturação organizacional da rede, no caso das agências, que maximize a efetividade das operações da empresa adquirida e minimize os custos e os problemas característicos de uma instituição pública. 4. PROBLEMA O estudo de caso se baseou em uma das agências do Santander Banespa, a partir de uma análise crítica do trabalhador que exercia o cargo de gerente geral da agência em questão. Este gerente apontou alguns problemas existentes na estrutura organizacional do Banespa antes da aquisição. Um problema relatado foi o excesso de poder e o acúmulo de atividades que foram designadas aos gerentes, onde teriam que efetuar a vigilância de todas as operações da organização, até as mais específicas. Existiam na época entraves legais e burocráticos para as demissões, além da necessidade de cautela para a preservação da imagem da instituição, tinha-se a estabilidade de muitos funcionários por serem cargos públicos. Além da estabilidade típica de um banco estatal, na antiga estrutura do Banespa existia a ocorrência de “promoções horizontais” que causavam a incidência de aumento nos salários por tempo de serviço, o que gerava uma discrepância entre salários do mesmo cargo e elevação de custos fixos. Segundo o gerente entrevistado o cliente Banespa tinha características que o diferenciavam dos clientes de outros bancos. Existia a fidelidade que, provavelmente, se devia ao fato do banco ter sido estatal. Para a permanência desses antigos clientes do Banespa, qualquer mudança organizacional deve ser cuidadosa, pois, além das resistências naturais do processo, o risco de perdê-los estaria contradizendo objetivos organizacionais de crescimento. Dessa forma as mudanças de estrutura deveriam acontecer sem que o cliente percebesse transformações bruscas nas formas de atendimento. Porem o banco necessita apresentar a nova cultura presente, onde se faz uso de inovações tecnológicas e deseja-se atender nova gama de consumidores, focando principalmente em empresários de pequenas e médias empresas. Dentro dessa problemática presente, a estrutura organizacional dentro de uma agencia do banco Banespa encontrava-se da forma explicitada abaixo. Figura 1: Organograma agencia Banespa Comitê de crédito da agência: É constituído, pelo Gerente Geral e pelos Gerentes de Negócios da Agência que se reúnem diariamente para aprovar ou não as solicitações de crédito. Gerente geral da agência: Exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes. Gerente administrativo: Atua com a gestão da equipe, respondendo pelos recursos humanos, supervisionando os setores e assessorando a gerencia geral, conduz os recursos materiais e financeiros providenciando meios para que as atividades sejam desenvolvidas em conformidade com as normas e procedimentos técnicos. Gerente Comercial: Gerencia diretrizes e define estratégias para comercialização de produtos e serviços. Desenvolve estudos sobre potencial, planos e programas de vendas, a fim de atingir os objetivos da empresa e aumentar participação no mercado. Supervisor bateria de caixa: Supervisiona e controla o fluxo de dinheiro e as operações realizadas nos caixas da agencia. Supervisor de cobrança: É o profissional responsável por programar a cobrança e auxiliar no atendimento aos clientes. Supervisor central de atendimento: Realiza suporte durante o atendimento em todas as etapas sendo elas, dúvidas, elogios, sugestões e reclamações. Supervisor de Cambio: Supervisionam e controlam equipe e serviços financeiros, de câmbio, bens-patrimoniais, créditos e bancários. Escriturários: O escriturário é responsável por vários trabalhos, que vão desde a preencher ou escrever formulários até o atendimento ao público. 5. SOLUÇÃO Figura 2: Organograma agencia Santander-BanespaA nova estrutura se caracteriza pela alteração na nomenclatura de “escriturários” para “assistentes administrativos” e “assistentes comerciais”. Isso foi possível com a adição de tecnologias para estes funcionários, que foram capacitados, e também com a contratação de estagiários no mesmo nível hierárquico. Esta decisão foi importante pois se tratava de uma estratégia de redução de custos, pois um estagiário requer menos encargos trabalhistas, e como tradeoff teria uma renovação ou uma inovação no quadro de funcionários. Além disso, o estagiário teria a possibilidade de renovação ou não do seu estágio. Os estagiários eram divididos entre “comerciais” e “administrativos”; cumpriam a mesma carga horária e função dos assistentes, porém com um salário menor. Além disso, os estagiários comerciais executavam tarefas mais complexas do que os administrativos, que se alternavam entre o auto-atendimento e o pré-atendimento. Apesar da semelhança entre as duas estruturas, necessitou-se de um chamado “deslocamento de poder” do gerente geral para o gerente operacional, que na nova estrutura passou a cumprir, entre outras funções, a de vigilância sobre operações. Para o gerente de PYMES (sigla em espanhol de pequena e médias empresas) foi delegado todo o poder da antiga gerencia comercial, mas com o foco de prospecção de novos clientes e empresas de pequeno e médio porte. Outro ponto a ser mencionado nessa mudança foi o cuidado em gerenciar os antigos clientes durante essa mudança. Por isso, a nova estrutura segue o mesmo padrão da antiga, mantendo a hierarquia que é visível aos clientes, mas agora com mais tecnologia e capacitação. Além disso, o layout da agência permaneceu o mesmo para que mantesse as características visuais que não afetariam a confiabilidade do cliente. 6. CONCLUSÕES A agência do Santander Banespa então, sofreu uma reestruturação organizacional nesse processo. Entretanto, apesar das diferenças nas nomenclaturas, no quadro de funcionários e na designação de tarefas, a estrutura funcional se manteve a mesma para que o cliente, caracterizado por ter uma longa fidelidade com o banco, também se mantivesse após todo esse processo de reorganização. Apesar deste caso se mostrar em sua totalidade bem-sucedido, como todo processo de reestruturação, esse também possui alguns problemas que precisam ser trabalhados, como informados pelo gerente. Um deles, que é muito comum nas empresas atualmente, é o excesso de atividades exercidas pelo estagiário. Por ter uma remuneração e encargos menores, algumas vezes esse tipo de funcionário é designado para desenvolver atividades além de suas capacidades. Assim, este problema deve ser identificado e reparado, pois se trata de algo além dos princípios legais, mas sim de princípios morais. A aquisição de organizações no Brasil por empresas internacionais foi um processo muito comum no país na década de 90, como mencionado anteriormente. Dessa forma, muitas instituições tiveram suas culturas e características organizacionais alteradas nesse processo. Algumas fracassaram, e algumas alcançaram o sucesso com essas mudanças. Por isso, concluímos que é essencial um projeto bem definido de reestruturação das empresas que são adquiridas, para que isso só influencie positivamente nos negócios da organização. 7. REFERÊNCIAS KORTEN, D. C. Quando as corporações regem o mundo: as consequências da globalização da economia. São Paulo, Futura, 1996. MILANESE, S. O Processo de M&A Passo a Passo. Análise Financeira. Disponível em <http://www.analisefinanceira.com.br> Acesso em 27 nov. 2016. SOUSA, Caissa Veloso; VALE, Erich . A Influência da Cultura Organizacional nas Operaçõe s de Fusões e Aquisições . 2007. 9 p. FEAD MINAS - Centro de Gestão Empreendedora, MINAS GERAIS, 2007. Disponível em: <http://gpi.aedb.br/seget/artigos07/1414_1414_Artigo_SegetII- 1.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2016 VELOSO, Elsa; TREVIZAN, Leonardo. ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS E PROCESSOS DE FUSÃO: ESTUDO DE CASO SOBRE MUDANÇAS DE ESTRUTURA EM AGÊNCIAS BANCÁRIAS. Revista Administração em Diálogo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, p. 60-79, set. 2010. Disponível em: <http://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/>. Acesso em: 26 nov. 2016.
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