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LISTA DE EXERCÍCIOS 4 – ÁLGEBRA SUPERIOR I Unidade 4 : Anéis e Corpos (Obs.: as páginas indicadas em cada questão indicam onde o assunto pode ser encontrado no livro texto adotado). 1. Seja (A,+, ·) um anel, com elemento neutro da adição 0. Para todo x ∈ A, tem-se que −x ∈ A é tal que x + (−x) = (−x) + x = 0 (−x é o simétrico de x em (A,+, ·) com respeito a operação +). Prove que: (a) Seja θ ∈ A. Se x + θ = x, para algum x ∈ A, então θ = 0. (O elemento neutro 0 – chamado de zero do anel – é único). Solução: θ = 0+ θ = [(−x) + x] + θ = (−x) + (x+ θ) = (−x) + x = 0, (b) Sejam x,β ∈ A. Se x + β = 0, então β = −x. (O elemento simétrico −x de cada elemento x de um anel (A,+, ·) é único). Solução: β = 0+ β = [(−x) + x] + β = (−x) + (x+ β) = (−x) + 0 = −x. (c) O simétrico de 0 é 0. Solução: Fica a cargo do aluno. (d) Para todo x ∈ A, tem-se que [−(−x)] = x. Solução: Fica a cargo do aluno. 1 2. Seja Z[ √ 2] = {x ∈ R : x = a + b√2,a,b ∈ Z}. Defina ⊕ e · em Z[√2] como segue (a+ b √ 2)⊕ (c+ d √ 2) = [(a+ c) + (b+ d) √ 2] (a+ b √ 2) · (c+ d √ 2) = [(ac+ 2bd) + (bc+ ad) √ 2] Prove que: Para todo a,b, c,d ∈ Z, (a) (a+ b √ 2) = (c+ d √ 2)⇔ a = c,b = d. Solução: Se a = c e b = d então claramente (a+b √ 2) = (c+d √ 2), agora suponha que (a+b √ 2) = (c+d √ 2), podemos escrever a−c = (d−b) √ 2. Observe que o lado esquerdo é um número racional e no lado direito se d−b fosse não nulo como √ 2 é irracional o termo (d−b) √ 2 seria irracional mas não pode ocorrer pois a − c é racional assim b = d. Daí a − c = 0, logo a = c. (b) Mostre que Z[ √ 2] com as operações definidas acima é um domínio de in- tegridade. Solução: Deve-se verificar as seguintes noves propriedades : i. Associatividade da soma ii. Comutatividade da soma iii. Existência do elemento neutro da adição iv. Existência do inverso aditivo v. Associatividade na multiplicação vi. Distributividade à direita e à esquerda vii. Comutatividade da multiplicação viii. Existência da unidade ix. Não possui divisores de zero 3. Seja (D,+, ·) um domínio de integridade. Demonstre, utilizando os axiomas de definição de domínio de integridade, que: (a) 0 · x = 0, ∀ x ∈ A. Solução: 0 ·x = (0+0) ·x = 0 ·x+0 ·x⇔ 0 ·x+0 = 0 ·x+0 ·x Cancelamento⇔ 0 = 0 ·x. 2 (b) −1 · x = −x, ∀ x ∈ A. Solução: Relembre que x+[−(x)] = [−(x)]+x = 0, x ·0 = 0 ·x = 0. Daí, − 1 · x+ 1 · x = (−1+ 1) · x = 0 · x = 0⇒ −1.x+ x = 0⇒ −1.x = −x. (c) (−x) · y = −(x · y), ∀ x,y ∈ A. Solução: Pela unicidade do elemento oposto, tem-se que x · y+ [−(x · y)] = [−(x · y)] + x · y = 0. Daí, (−x) · y+ x · y = [(−x) + x] · y = 0 · y = 0⇒ (−x) · y+ x · y = 0⇒ (−x).y = −(x.y). (d) x · (−y) = −(x · y), ∀ x,y ∈ A. Solução: Pela unicidade do elemento oposto, tem-se que x · y+ [−(x · y)] = [−(x · y)] + x · y = 0. Daí, x · (−y) + x · y = x · [(−y) + y] = x · 0 = 0⇒ x · (−y) + x · y = 0⇒ x · (−y) = −(x · y). (e) (−x) · (−y) = x · y, ∀ x,y ∈ A. Solução: Pela unicidade do elemento oposto, tem-se que x · y+ [−(x · y)] = [−(x · y)] + x · y = 0. Daí, (−x) · (−y) + [−(x · y)] = (−x) · (−y) + x · (−y) = [(−x) + x] · (−y) = 0 · (−y) = 0⇒ (−x) · (−y) + [−(x · y)] = 0⇒ (−x) · (−y) = x · y. 4. Considere o conjunto dos números racionais Q, munido das operações ⊕ e ⊗, definidas por: x⊕ y = x+ y+ 1 e x⊗ y = x+ y+ x · y. Sabendo que (Q,⊕,⊗) é um corpo, determine: (a) k ∈ Q, tal que x⊕ k = x, ∀ x ∈ Q. Solução: Elemento neutro da adição x⊕ k = x⇔ x+ k+ 1 = x⇔ k+ 1 = 0⇔ k = −1. (b) t ∈ Q, tal que x⊗ t = x, ∀ x ∈ Q, x 6= −1. Solução: Elemento neutro da multiplicação x⊕ t = x⇔ x+ t+ x · t = x⇔ t+ x · t = 0⇔ t · (1+ x) = 0⇔ t = 0, pois x 6= −1. 3 (c) r ∈ Q, tal que 2⊗ r⊕ 3⊗ r = r. Solução: 2⊗ r⊕ 3⊗ r = r⇔ (2+ r+ 2 · r)⊕ (3+ r+ 3 · r) = r⇔ (2+ r+ 2 · r) + (3+ r+ 3 · r) + 1 = r⇔ 2+ r+ 2 · r+ 3+ r+ 3 · r+ 1 = r⇔ 6 · r+ 6 = 0 6 · (r+ 1) = 0⇔ r+ 1 = 0⇔ r = −1. 5. Considere o conjunto dos números racionais Q, munido das operações ⊕ e ⊗, definidas por: x⊕ y = x+ y+ 3 e x⊗ y = x+ y+ x · y 3 . Sabendo que (Q,⊕,⊗) é um corpo, determine: (a) k ∈ Q, tal que x⊕ k = x, ∀ x ∈ Q. Solução: Elemento neutro da adição x⊕ k = x⇔ x+ k+ 3 = x⇔ k+ 3 = 0⇔ k = −3. (b) t ∈ Q, tal que x⊗ t = x, ∀ x ∈ Q, x 6= −3. Solução: Elemento neutro da multiplicação x⊗ t = x⇔ x+ t+ x · t 3 = x⇔ t+ x · t 3 = 0⇔ t · ( 1+ x 3 ) = 0⇔ t = 0, pois x 6= −3. (c) r ∈ Q, tal que −3⊗ r⊕ 2⊗ r = r. Solução: − 3⊗ r⊕ 2⊗ r = r⇔ ( −3+ r+ (−3).r 3 ) ⊕ ( 2+ r+ 2.r 3 ) = r⇔( −3+ r+ (−3).r 3 ) + ( 2+ r+ 2.r 3 ) + 3 = r⇔ −3+ r− r+ 2+ r+ 2.r 3 + 3 = r⇔ 2+ 2.r 3 = 0⇔ 6 3 + 2.r 3 = 0⇔ 2.r 3 = −6 3 ⇔ 2r = −6⇔ r = −3. 6. Seja (A,⊕,⊗) um anel tal que x2 = x para todo x ∈ A. Mostre que A é um anel comutativo. 4 Solução: Devemos mostrar que se x,y ∈ A então x ⊗ y = y ⊗ x. Segue da hipótese e das propriedades do anel que x⊕ y = (x⊕ y)⊗ (x⊕ y) = (x⊗ x)⊕ (x⊗ y)⊕ (y⊗ x)⊕ (y⊗ y) = x⊕ (x⊗ y)⊕ (y⊗ x)⊕ y Somando o elemento simétrico de x e de y nos lados esquerdo e direito da igualdade respectivamente segue que (x⊗ y)⊕ (y⊗ x) = 0A. Multiplicando y à direita, segue que [(x⊗ y)⊕ (y⊗ x)]⊗ y = 0A. Como y⊗ y = y segue que (x⊗ y)⊕ [(y⊗ x)⊗ y] = 0A. Multiplicando x à esquerda, segue que x⊗ [(x⊗ y)⊕ (y⊗ x)] = 0A. Como x⊗ x = x segue que (x⊗ y)⊕ [(x⊗ y)⊗ x] = 0A. Agora observe que (y⊗ x)⊗ y e y⊗ x e (x⊗ y)⊗ x são elementos simétricos de x⊗ y, pela unicidade do elemento simétrico segue que (y⊗ x)⊗ y = y⊗ x = (x⊗ y)⊗ x Agora observe que x⊗ y = (x⊗ y)⊗ (x⊗ y) = [(x⊗ y)⊗ x]⊗ y = [(y⊗ x)⊗ y]⊗ x = y⊗ x. Isto prova que o anel A é comutativo. 5 7. Seja (A,⊕,⊗) um anel e a ∈ A. Prove que, B = {x ∈ A : x⊗ a = a⊗ x} é um subanel de A. Solução: De acordo com a proposição 4.1.5 basta provar que se y, x ∈ B então x− y ∈ B e x⊗ y ∈ B. Observe que se x ∈ B então −x ∈ B, de fato (−x⊗ a)⊕ (x⊗ a) = (−x⊕ x)⊗ a = 0A e (a⊗ (−x))⊕ (x⊗ a) = (a⊗ (−x))⊕ (a⊗ x) = a⊗ (x⊕ () − x)) = 0A Da unicidade do elemento simétrico segue que −x⊗a = a⊗(−x) assim −x ∈ B. Agora observe que (x− y)⊗ a = x⊗ a− y⊗ a = a⊗ x⊕ a⊗ (−y) = a⊗ (x− y) Logo x− y ∈ B. Também temos que (x⊗ y)⊗ a = x⊗ (y⊗ a) = x⊗ (a⊗ y) = (x⊗ a)⊗ y = (a⊗ x)⊗ y = a⊗ (x⊗ y) Isto prova que x⊗ y ∈ B. 8. Vamos definir duas operações no conjunto dos números inteiros, usando as operações usuais de Z, que o tornam um anel. a⊕ b = a+ b+ 1 a� b = ab+ a+ b 6 (a) Qual é o elemento zero de (Z,⊕,�) ? Solução: O elemento zero ou elemento neutro é o −1 pois x⊕−1 = x+ (−1) + 1 = x para todo x ∈ Z. (b) (Z,⊕,�) possui unidade? Qual? Solução: A unidade é o 0 pois x⊗0 = x�0+x+0 = x para todo x ∈ Z. (c) Mostre que (Z,⊕,�) é um domínio de integridade. Solução: Como já sabemos que (Z,⊕,�) é um anel para verificar que os inteiros com estas operações é uym domínio de integridade só precisamos verificar três propriedades. 1. Comutatividade da Multiplicação: Dados a,b ∈ Z temos a� b = ab+ a+ b = ba+ b+ a = b� a. 2. Existência da unidade: Já encontramos no item b). 3. Não existência de divisores de zero: Se um produto de dois elementos é igual o elemento neutro da adição então um dos elementos coincide com o elemento neutro. Se a � b = −1 então ab + a + b = −1 daí (a + 1)(b + 1) = 0. Logo a = −1 ou b = −1, isto prova que não existem divisores de zero. 7 Dado dois anéis (A,+, ·) e (B,⊕,⊗), dizemos que a função f : A → B é um homomorfismo do anel A no anel B se, e somente se, para quaisquer x,y ∈ A tem-se que • f(x+ y) = f(x)⊕ f(y); • f(x · y) = f(x)⊗ f(y). Se além disso f é uma bijeção então dizemos que f é um isomorfismo e neste caso dizemos que A e B são isomorfos. Responda os itens abaixo: 9. Mostre que f(0A) = 0B. Solução: Observe que f(0A) = f(0A+0A) = f(0A)⊕f(0A), somando o inverso aditivo do elementof(0A) nos dois lado da igualdade obtemos que 0B = f(0A) e isso termina a solução. 10. Mostre que f(−a) = −f(a), onde −a é o simétrico de a em relação a operação ⊕. Solução: Segue do exercício anterior que f(a)−f(a) = f(a−a) = f(0A) = 0B. Daí, f(−a) = −f(a). 11. Seja N(f) = {x ∈ A : f(x) = 0B}, mostre que N(f) é um subanel de A. Solução: Pelo exercício 1 temos que f(0A) = 0B assim 0A ∈ N(f). Agora tome x,y ∈ N(f), pelo exercício 2 temos que f(x− y) = f(x+ (−y)) = f(x− y) = f(x) − f(y) = 0B − 0B = 0B, isto mostra que x − y ∈ N(f). Da definição de homomorfismo, se x,y ∈ N(f) segue que f(x · y) = f(x)⊗ f(y) = 0B ⊗ 0B = 0B, isto nos diz que x · y ∈ N(f). Como N(f) satisfaz as três propriedades acima segue que N(f) é um subanel. 12. Seja f : Z −→ Z um homomorfismo do anel dos inteiros com as operações usuais nele mesmo. Prove que f é a função identidade ou a função constante 8 igual a zero. Solução: Seja a = f(1), como f é um homomorfismo segue que a = f(1) = f(1 · 1) = f(1)2 = a2. Daí a = 0 ou a = 1. Observe que se n ∈ N então f(n) = f(1+ 1+ · · ·+ 1) = f(1) + · · ·+ f(1) = nf(1) = n · a. Como f é homomorfismo sabemos que f(0) = 0, se n < 0 e n ∈ Z sabemos que −n ∈ N e usando o fato de que f é homomorfismo segue que f(−n+ n) = f(0) = 0 = f(−n) + f(n) = −n · a+ f(n) Portanto f(n) = n · a e assim provamos que f(x) = a · x para todo x ∈ Z. Se a = 0 então a função f é constante e igual à zero e se a = 1 então a função f é constante. 13. Se f : Q→ Q é um homomorfismo de (Q,+, ·) em (Q,+, ·) (anel dos racionais com as operações usuais) mostre que f(x) = x, para todo x ∈ Q ou f(x) = 0, para todo x ∈ Q. Solução: Da definição de homomorfismo segue que f(1) = f(1 ·1) = f(1) · f(1), daí f(1) = 0 ou f(1) = 1. Por outro lado, para qualquer n ∈ N não nulo temos que f(n) = f(1+ · · ·+ 1) = f(1)+ · · ·+ f(1) = n · f(1), do exercício 2 segue que f(−n) = −f(n) = −n · f(1), em particular provamos que f(x) = x · f(1) para todo x ∈ Z. Agora considere um número racional da forma p q , com p ∈ Z e q ∈ N∗. Da definição de homomorfismo segue que, f( p q ) = f(p · 1 q ) = f(p) · f( 1 q ). Note que f(1) = f(q · 1 q ) = f(q) · f( 1 q ), se f(1) = 1 então 1 = q · f( 1 q ) assim f( 1 q ) = 1 q , substituindo na igualdade anterior segue que f( p q ) = f(p · 1 q ) = f(p) · f( 1 q ) = p · f(1) · f( 1 q ) = p q . 9 Assim f(x) = x, para todo x ∈ Q . Se f(1) = 0 então f( p q ) = f(p · 1 q ) = f(p) · f( 1 q ) = p · f(1) · f( 1 q ) = 0 Assim f(x) = 0, para todo x ∈ Q. 14. Mostre que 2Z e 3Z não são isomorfos. Solução: Suponha que exista um isomorfismo f : 2Z → 3Z, daí f(2) = 3 · k com k ∈ Z e k 6= 0 pois f(0) = 0 e f é um isomorfismo. Por outro lado, da definição de isomorfismo segue que f(4) = f(2+ 2) = f(2) + f(2) = 6k e f(4) = f(2 · 2) = f(2) · f(2) = 9k2. Daí, 9k2 = 6k, como k é não nulo segue que k = 2/3 mas isto é um absurdo pois k é um número inteiro. Portanto, 2Z e 3Z não são isomorfos. 15. Mostre que {0, 1, 2} não é subanel de Z5. Solução: Observe que o simétrico aditivo de 2 em Z5 é 3. Por outro lado, 1+ 3 = 4 /∈ {0, 1, 2} assim este subconjunto não pode ser um anel. 16. Calcule os divisores de zero nos anéis Z6. Solução: Os divisores de zero de Z6 são 2, 3 e 4 pois 2·3 = 6 = 0 e 3·4 = 12 = 0 e cada um deles é não nulo. 17. Se p é um número primo mostre que Zp com as operações usuais é um corpo. Solução: Veja a seção 2.5 da Unidade 2 do livro texto. 18. Calcule os divisores de zero no anel Z18. Solução: Os divisores de zero são os elementos 2, 3, 4, 6, 8, 9, 10, 12, 14, 15 e 16. Bom Trabalho! 10
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