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AAs e Ureia

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2018	1
BIOQUÍMICA – BQI 103 – P3
Livro – Princípios de Bioquímica de Lehninger – NELSON, COX
OXIDAÇÃO DE AMINOÁCIDOS E PRODUÇÃO DE UREIA – Cap 18
AAs classe de biomoléculas que contribui significativa- mente para a produção de energia metabólica.
A fração de energia metabólica obtida a partir de AAs varia muito de acordo com o tipo de organismo e com as condições metabólicas. Carnívoros obtêm (imediatamente após a refei- ção) 90%de suas necessidades energéticas da oxidação de AAs. Plantas nunca ou quase nunca oxidam AAs para produ- zir energia fotossíntese é a fonte de energia. As [ ] de AAs nos tecidos vegetais são cuidadosamente reguladas para sa- tisfazer as necessidades de biossíntese de prot, ac nucleicos e outras moléc necessárias para o crescimento. O catabo- lismo dos AAs não ocorre nas plantes, mas seu propósito é a produção de metabólitos p/ outras vias biossintéticas.
Nos animais, os AAs sofrem degradação oxidativa em 3 cir- cunstâncias metabólicas diferentes:
durante a síntese e a degradação de prot celulares, alguns AAs liberados pela hidrólise de prot não são necessários para biossíntese de novas prot, sofrendo degradação oxidativa.
quando uma dieta é rica em prot e os AAs ingeridos exce- dem as necessidades do organismo p/ síntese proteica, o ex- cesso é catabolizado; AAs não podem ser armazenados.
durante o jeju ou no diabetes melito não controlado, quando os carboidratos estão indisponíveis ou são utilizados de modo inadequado, as proteínas celulares são utilizadas como combustível.
Em todas essas condições metabólicas, os AAs perdem seu grupo amino para formar α-cetoácidos, os “esqueletos de car- bono” dos AAs. Os α-cetoácidos sofrem oxidação a CO2 e H2O ou, geralmente mais importante, fornecem unidades de três a quatro C que podem ser convertidas, pela glicogênese, em glicose, o combustível para o cérebro, para o músculo es- quelético e para outros tecidos.
As vias do catabolismo dos AAs são bastante semelhantes na maioria dos organismos. Assim como no catabolismo dos
CHO e dos AG, os processos de degradação de AAs convergem para vias cata- bólicas centrais, com os esquele- tos de C da mai- oria dos AAs en- contrando uma via para o ciclo do ac cítrico. Uma caracterís- tica importante distingue a de- gradação dos AAs: todos os AAs contêm um grupo amino, e
as vias para a degradação dos AAs incluem uma etapa fun- damental, na qual o grupo α-amino é separado do esqueleto de C e desviado para as vidas do metabolismo do grupo amino.
DESTINOS METABÓLICOS DOS GRUPOS AMINOS
O nitrogênio, N2, é inerte para a utilização na maioria dos pro- cessos bioquímicos; poucos organismos conseguem conver- ter o N2 em formas biologicamente úteis.
Os AAs deriva- dos das proteí- nas da dieta são a origem da maioria dos gru- pos amino. A maior parte dos AAs é metaboli- zada no fígado. Parte da amônia gerada nesse processo é reci- clada e utilizada em uma varie- dade de vias bi- ossintéticas; o excesso é ex- cretado direta- mente ou con- vertido em ureia ou ácido úrico para excreção, dependendo do
organismo. O excesso de amônia produzido em outros teci- dos (extra-hepáticos) é enviado ao fígado (na forma de grupo amino) para conversão em sua forma de excreção.
. 4 AAs desempenham papéis centrais no metabolismo do N2: glutamato, glutamina, alanina e aspartato. Esse AAs em especial são aqueles mais facilmente convertidos em inter- mediários do ciclo do ác cítrico: glutamato e glutamina são convertidos em α-cetoglutarato, alanina em piruvato e aspar- tato em oxaloacetato. Glutamato e glutamina são especial- mente importantes, atuando como uma espécie de ponto de encontro para os grupos amino. No citosol das céls do fígado (hepatócitos), os grupos amino da maior parte dos aminoáci- dos são transferidos para o α-cetoglutarato, formando gluta- mato, que entra na mitocôndria e perde seu grupo amino para formar NH4+. O excesso de amônia produzido na maior parte dos demais tecidos é convertido no nitrogênio amídico da glu- tamina, que circula até chegar ao fígado, entrando na mito- côndria hepática. Glutamina, glutamato ou ambos estão pre- sentes na maior parte dos tecidos em [ ] mais elevados que os demais AAs.
Resumo 2ª prova – VET18	Julia Louzada
2018
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Resumo 2ª prova – VET18
Julia Louzada
No músculo esquelético, os grupos amino que excedem as necessidades geralmente são transferidos ao piruvato para formar alanina, outra molécula importante para o transporte de grupo amino até o fígado.
- As proteínas da dieta são enzimaticamente degra- das até AAs
Em humanos, a degradação das proteínas ingeridas até seus AAs constituintes acontece no trato gastrintestinal. A chegada de proteínas da dieta ao estômago estimular a mucosa gás- trica a secretar o hormônio gastrina, que, por sua vez, esti- mula a secreção de ác clorídrico. A acidez do suco gástrico lhe permite funcionar tanto como antisséptico quanto como agente desnaturante, desenovelando proteínas globulares e tornando suas ligações peptídicas internas mais suscetíveis à hidrólise enzimática. O pepsinogênio, precursor inativa ou zimogênio, é convertido na pepsina ativa por meio de uma clivagem autocatalisada que ocorre em pH baixo. No estô- mago, a pepsina hidrolisa as proteínas ingeridas, atuando em ligações peptídicas em que o resíduo de AA localizado na porção aminoterminal provém dos AAs aromáticos, clivando polipeptídicas longas em uma mistura de peptídeos menores.
À medida que o conteúdo ácido do estômago passa para o intestino delgado, o pH baixo desencadeia a secreção do hor- mônio secretina na corrente sanguínea. A secretina estimu- lar o pâncreas a secretar bicarbonato no intestino delgado, para neutralizar o HCl gástrico, aumentando abruptamente o pH, que fica próximo a 7. A digestão das proteínas prossegue agora no int. delg.
A tripsina e a quimotripsina continuam a hidrólise dos peptí- deos produzidos pela pepsina no estômago. A degradação de pequenos peptídeos no int. delg. é então completada por outras peptidases intestinais. Estas incluem as carboxipepti- dades A e B, as quais removem resíduos sucessivos da ex- tremidade carboxiterminal dos peptídeos e uma aminopepti- dase, que hidrolisa resíduos sucessivos da extremidade ami- noterminal de peptídeos pequenos. A mistura resultante de AAs livres é transportada para dentro das céls epiteliais que revestem o int. delg., através dos quais os AAs entram nos capilares sanguíneos nas vilosidades e são transportados até o fígado.
- O piridoxal-fosfato participa da transferência de grupos α-amino para o α-cetoglutarato
Chegando ao fígado, a primeira etapa no catabolismo da mai- oria dos L-AAs é a remoção de seus grupos α-amino, reali- zada por enzimas denominadas aminotransferases ou tran-
saminases. Nessas reações de transaminação, o grupo α-amino é transferido para o carbono α do α-cetogluta- rato, liberando o correspon- dente α-cetoácido, análogo do AA. Não ocorre desami- nação efetiva nessas rea- ções, poiso α-cetoglutarato torna-se aminado enquanto o α-AA é desaminado. O glu- tamato funciona como doa- dor de grupos amino para vias biossintéticas ou para vias de excreção.
As reações catalisadas pelas aminotransferases são livre- mente reversíveis. Todas as aminotransferases apresentam o mesmo grupo prostético e o mesmo mecanismo de reação. O grupo prostético é o piridoxal-fosfato (PLP), seu principal papel nas células é o metabolismo de moléculas com grupos amino. O PLP funciona como carregador intermediário de grupos amino, no sítio ativo das aminotransferases.
Ele sofre transformações reversíveis entre sua forma aldeí- dica, o piridoxal-fosfato, que pode aceitar um grupo amino, e sua forma aminada, a piridoxamina-fosfato, que pode doar seu grupo amino para o α-cetoácido. Geralmente, o piridoxal- fosfato encontra-se ligado covalentemente ao sítio ativo da enzima por meio de uma ligação aldimina (base de Schiff) com o grupo ε-amino de um resíduo de Lys.
O piridoxal-fosfato participa de uma variedade de reações nos carbonos α,β e  de AAs. Reações no C α incluem ra- cemizações e descarboxilações, assim como transamina- ções.
As aminotransferases são exemplos clássicos de enzimas que catalisam reações biomoleculares de pingue-pongue, nas quais o primeiro substrato reage e o produto deve deixar o sítio ativo antes que o segundo possa se ligar. Assim, o aa liga-se ao sítio ativo (S.A.), doa seu grupo amino ao PLP e deixa o S.A. na forma de um α-cetoácido. O outro α-cetoá- cido, que funciona como substrato, se liga então ao S.A., aceita o grupo amino da piridoxamina-fosfato e deixa o S.A. na forma de um aa.
- O glutamato libera seu grupo amino na forma de amônia no fígado
Nos hepatócitos, o gluta- mato é transportado do cito- sol para a mitocôndria, onde sofre desaminação oxida- tiva, catalisada pela L-glu- tamato-desidrogenase.
Nos mamíf, essa enzima está presente na matriz mi- tocondrial. É a única enzima que utiliza NAD+ ou NADP+ como aceptor de equiva- lente redutores.
A ação combinada de uma aminotransferases e da glu-
tamato-desidrogenase é conhecida como transdesamina- ção. Uns poucos AAs contornam a vida de transdesaminação e sofrem diretamente desaminação oxidativa. O α-cetogluta- rato formado a partir da desaminação do glutamato pode ser utilizado no ciclo do ác cítrico e para a síntese de glicose.
A glutamato-desidrogenase opera em uma importante inter- secção do metabolismo do C e do N2. Essa enzima alostérica tem sua atividade influenciada por um arranjo complicado de moduladores alostéricos modulador positivo ADP e o mo- dulador negativo GTP.
- A glutamina transporta a amônia na corrente san- guínea
A amônia é bastante tóxica para os tecidos animais e seus níveis no sangue são regulados. Em muitos tecidos, incluindo
o cérebro, alguns proces- sos, como a degradação de nucleotídeos geram amônia livre. A maior parte dessa amônia livre é convertida em um com- posto não tóxico antes de ser exportada dos tecidos extra-hepáticos para o sangue e transportada até o fígado ou até os rins. Para essa função de transporte, o glutamato, essencial para o metabo- lismo intracelular do grupo amino, é substitu- ído pela L-glutamina. A amônia livre produzida nos tecidos combina-se com o glutamato, produ- zindo glutamina, pela ação da glutamina-sin- tease. Essa reação re- quer ATP e ocorre em
duas etapas. A glutamina é uma forma de transporte não tó- xico para a amônia; ela normalmente está presente no san- gue em concentrações muito maiores que os demais AAs. Na maioria dos animais terrestres, a glutamina que excede as necessidades de biossíntese é transportada pelo sangue para o intestino, o fígado e os rins, para ser processada. Nes- ses tecidos, o N2 amídico é liberado como íon amônio na mi- tocôndria, onde a enzima glutaminase converte glutamina em glutamato e NH4+. O NH4+ do intestino e dos rins é trans- portado no sangue para o fígado. No fígado, a amônia de to- das essas fontes é utilizada na síntese da ureia. A maior parte do glutamato entra em reações de transaminação necessá- rias para a biossíntese de AAs e a/ outros processos.
- A alanina transporta a amônia dos músculos es- queléticos para o fígado
A alanina tbm desempenha um papel especial no transporte
dos grupos amino para o fígado em uma forma não tóxica, por meio de uma via deter- minada ciclo da gli- cose-alanina. No músculo e em alguns outros tecidos que de- gradam AAs como combustível, os gru- pos amino são coleta- dos na forma de gluta- mato, por transamina- ção. O glutamato pode ser convertido em glu- tamina para o trans- porte ao fígado ou pode transferir seu grupo α-amino para o piruvato, produto da glicólise muscular. No
citosol dos hepatócitos, a alanina-aminotransferase transfere o grupo amino da alanina para o α-cetoglutarato, formando piruvato e glutamato. O glutamato então entra na mitocôndria, onde a reação da glutamato-desidrogenase libera NH4+, ou sofre transaminação com o oxaloacetato para formar aspar- tato, outro doador de N2 para síntese da ureia.
A utilização de alanina para o transporte da amônia dos mús- culos esqueléticos para o fígado é outro exemplo de econo- mia intrínseca dos organismos vivos. Os músculos esqueléti- cos em contração vigorosa operam anaerobicamente, produ- zindo piruvato e lactato pela glicólise, assim como amônia pela degradação proteica. De algum modo, esses produtos devem chegar ao fígado, onde o piruvato e o lactato são in- corporados na glicose, que volta aos músculos, e a amônia é convertida em ureia para excreção. O custo energético da gli- coneogênese é assim imposto ao fígado e não ao músculo, e todo o ATP disponível no músculo é destinado à contração muscular.
A amônia é tóxica para os animais
A amônia facilmente cruza a barreira hematoencefálica, de modo que qualquer condição que aumente os níveis de amô- nia na circulação sanguínea tbm exporá o cérebro a altas [ ]. Danos perda de neurônios, alterações na formação de si- napses e deficiência geral no metabolismo energético celular. A remoção do excesso de amônia presente no citosol requer a aminação redutora do α-cetoglutarato a glutamato pela glu- tamato-desidrogenase e a conversão de glutamato em gluta- mina pela glutamina-sintease (via mais importante para a re- moção da amônia). Altos níveis de NH4+ levam a um aumento dos níveis de glutamina, que atua como soluto osmotica- mente ativo nos astrócitos do cérebro; isso desencadeia um aumento na captação de água, que entra nos astrócitos para manter o equilíbrio osmótico, levando ao edema das céls e do cérebro e ao coma.
EXCREÇÃO DE N2 E CICLO DA UREIA
Se não forem reutilizados para a síntese de novos AAs ou de outros produtos nitrogenados, os grupos amino são canaliza- dos em um único produto final de excreção. A maioria das espécies aquáticas é amoniotélica e excreta o N2 amínico como amônia. A amônia tóxica é simplesmente diluída na água do ambiente. Os animais terrestres necessitam de vias para a excreção do N2 que minimizem a toxicidade e a parta de água. A maior parte dos animais terrestres é ureotélica, excreta na forma de ureia; aves e répteis são uricotélicos, excretam como ácido úrico. As plantas reciclam praticamente todos os grupos amino, e a excreção de N2 ocorre apenas em circunstâncias muito incomuns.
Nos organismos ureotélicos, a amônia depositada na mito- côndria dos hepatócitos é convertida em ureia no ciclo da ureia. A produção de ureia ocorre quase exclusivamente no fígado, sendo o destino da maior parte da amônia canalizada para esse órgão. A ureia passa para a circulação sanguínea e chega aos rins, sendo excretada na urina.
- A ureia é produzida a partir da amônia por meio de cinco etapas enzimáticas
O ciclo da ureia inicia dentro da mitocôndria hepática, mas três de suas etapas seguintes ocorrem no citosol; o ciclo as- sim abrange dois compartimentos celulares. O primeiro grupo amino que entra no ciclo da ureia é derivado da amônia na matriz mitocondrial. O fígado tbm recebe parte da amônia pela veia porta, sendo essa amônia produzida no intestino pela oxidação bacteriana de AAs. Qualquer que seja sua fonte, o NH4+ presenta na mitocôndria hepática é utilizado imediatamente, juntamente com o CO2 (como HCO3-) produ- zido pela respiração mitocondrial. Essa reação é dependente de ATP, sendo catalisada pela carbomoil-fosfato-sintetase I enzima regulatória. A forma mitocondrial da enzima é dife- rente da forma citosólica, a qual tem uma função distinta na biossíntese das pirimidinas.
O carbomoil-fosfato, que funciona como doador ativado de grupos carbomoila, entra no ciclo da ureia. O ciclo tem ape- nas 4 etapas enzimáticas. Primeiro, o carbomoil-fosfato doa seu grupo carbomoila para ornitina, formando citrulina, com a liberação de Pi (1). A ornitina é uma intermediário-chave no metabolismo do nitrogênio. Ela é sintetizada a partir do gluta- mato, em uma via com 5 etapas. A ornitina desempenha um papel que se assemelha àquele do oxaloacetato no ciclo do ácido cítrico, aceitando material a cada volta do ciclo da ureia. A citrulina passa da mitocôndriapara o citosol.
Os próximos dois passos trazem o segundo grupo amino. A fonte é o aspartato produzido na mitocôndria por transamina- ção e transportado para o citosol. A reação de condensação entre o grupo amino do aspartato e o grupo ureido (carbonila) da citrulina forma arginino-succinato (2). Essa reação citosó- lica requer ATP e ocorre via um intermediário citrulil-AMP. O arginino-succinato é então clivado (3), formando arginina e fumarato; este último é convertido em malato e a seguir entra na mitocôndria para unir-se aos intermediários do ciclo do ác cítrico. Esse passo é a única reação reversível do ciclo da ureia. Na última etapa (4), a enzima citosólica arginase cliva a arginina, produzindo ureia e ornitina. A ornitina é transpor- tada para mitocôndria p/ iniciar outra volta no ciclo da ureia.
No ciclo da ureia, as enzimas mitocondriais e citosólica en- contram-se agrupadas produto de uma reação enzimática é catalisado diretamente para próxima etapa da via no final apenas a ureia é liberada.
- Os ciclos do ácido cítrico e da ureia podem ser ligados
O fumarato produzido na reação da arginino-succinase tbm é intermediário do ciclo do ác cítrico, os ciclos estão interconec- tados - em processo apelidado de “bicicleta de Krebs”. Con- tudo, cada ciclo opera independentemente e a comunicação entre eles depende do transporte de intermediários-chave en- tre a mitocôndria e o citosol. Os 3 transportadores juntos fa- cilitam o movimento do malato e do glutamato para dentro da matriz mitocondrial e o movimento do aspartato e do α-ceto- glutarato para fora da mitocôndria, rumo ao citosol.
Não há nenhum transportador para levar diretamente o fuma- rato gerado na síntese de arginina no citosol para a matriz mitocondrial. Contudo, o fumarato pode ser convertido em malato no citosol, e depois esses intermediários podem ser metabolizados no citosol ou o malato pode ser transportado para o interior da mitocôndria, para utilização no ciclo do ác cítrico. O aspartato formado na mitocôndria por transamina- ção entre oxaloacetato e o glutamato pode ser transportado para o citosol, onde atua como doador de N2 na reação do ciclo da ureia. Essas reações, que constituem a lançadeira aspartato-arginino-succinato, fornecem elos metabólicos entre essas vias separadas, pelos quais os grupos amino e os esqueletos de C dos AAs são processados.
No ciclo da ureia, outras interconexões entre vias podem aju- dar a explicar a razão pela qual o aspartato é utilizado como doador de N2. Os ciclos da ureia e do ác cítrico estão forte- mente unidos a um processo adicional, que traz o NADH na forma de equivalentes redutores para dentro da mitocôndria. O NADH produzido pela glicólise, pela oxidação de AG e em outros processos não pode ser transportado através da mem- brana mitocondrial interna. Contudo, equivalente redutores podem entrar na mitocôndria pela conversão de aspartato em oxaloacetato no citosol e utilizando o NADH para reduzir o oxaloacetato a malato, o qual é então transportado para a matriz mitocondrial via transportador malato-α-cetoglutarato. Uma vez dentro da mitocôndria, o malato pode ser convertido novamente em oxaloacetato, ao mesmo tempo em que gera NADH. O oxaloacetato é convertido em aspartato na matriz e transportado para fora da mitocôndria pelo transportador as- partato-glutamato. Essa lançadeira de elétrons malato-aspar- tato completa novo ciclo, que funciona mantendo a mitocôn- dria com suprimento de NADH.
Esses processos exigem que as [ ] de glutamato e aspartato sejam mantidas em equilíbrio no citosol.
A atividade do ciclo da ureia é regulada em dois níveis
Quando a ingestão dietética é basicamente proteica, os es- queletos de C dos AAs são utilizados como combustível, pro- duzindo ureia a partir dos grupos amino excedentes. Durante o jejum prolongado, quando a degradação da prot muscular começa a suprir boa parte da energia metabólica do orga- nismo, a produção de ureia tbm aumenta significativamente.
Essas alterações de demanda com relação à atividade do ci- clo da ureia são realizadas, a longo prazo, pela regulação das velocidades de síntese das 4 enzimas do ciclo da ureia e da carbomoil-fosfato-sintease I, no fígado. Essas 5 enzimas são sintetizadas em taxas mais altas em animais em jejum e em animais com dietas de alto conteúdo proteico.
Em uma escala de tempo mais curta, a regulação alostérica de pelo menos uma enzima-chave ajusta o fluxo pelo ciclo da
ureia. A primeira enzima da via, a carbomoil-fosfato-sintetase I, é ativada alostericamente por N-acetil-glutamato, sinteti- zado a partir de acetil-CoA e glutamato pela N-acetil-gluta- mato-sintase. Em vegetais e microrganismos, essa enzima catalisa a primeira etapa na síntese de novo de arginina a partir do glutamato, mas, nos mamíf, a atividade dela no fí- gado exerce função puramente reguladora. Os níveis estaci- onários de N-acetil-glutamato são determinados pelas [ ] de glutamato e acetil-CoA (os substratos da N-acetil-glutamato- sintase) e arginina (ativador da N-acetil-glutamato-sintase e, portanto, ativador do ciclo da ureia).
VIAS DA DEGRADAÇÃO DOS AAS
As vias do catabolismo dos AAs representam normalmente apenas 10 a 15% da produção de energia no organismo hu- mano; essas vias são bem menos ativas que a glicólise e a oxidação dos AG. As 20 vias catabólicas convergem para for- mar apenas seis produtos principais, os quais podem entrar no ciclo do ác cítrico. Desse ponto, os esqueletos de C tomam vias distintas, sendo direcionados para a gliconeogênese ou para a cetogênese, ou oxidados completamente a CO2 e H2O.
10 aa são hidrolisados para liberar acetil-CoA;
5 aa são convertidos em α-cetoglutarato;
4 aa são convertidos em succinil-CoA;
2 aa são convertidos em fumarato;
2 aa são convertidos em oxaloacetato.
Alguns AAs são convertidos em glicose, outros em corpos cetônicos
Os AAs inteira ou parcialmente hidrolisados em acetil-CoA podem produzir corpos cetônicos no fígado, onde a acetoa- cetil-CoA é convertida em acetoacetato e, então, em acetona e β-hidroxibutirato AAs cetogênicos.
Os AAs convertidos em α-cetoglutarato, succinil-CoA, fuma- rato, oxaloacetato podem ser convertidos em glicose e glico- gênio AAs glicogênicos.
Diversos cofatores enzimáticos desempenham papéis importantes no catabolismo dos AAs
Uma variedade de rearranjos químicos interessantes ocorrem nas vias catabólicas dos AAs. Ex: transaminação, transferên- cias de grupos de um C.
.Transferências de grupos de um C envolvem três possí- veis cofatores: biotina, tetra-hidrofolato ou S-adenosilmetio- nina. Esses cofatores transferem grupos de um C em diferen- tes estados de oxidação: a biotina transfere grupos de um C sem eu estado mais oxidado, CO2; o tetra-hidrofolato trans- fere grupos de um C em estados intermediários de oxidação e, algumas vezes, como grupos metila; e a S-adenosilmetio- nina transfere grupos metila, o estado mais reduzido do C. Os últimos dois cofatores são especialmente importantes para o metabolismo dos AAs e dos nucleotídeos.
As formas de tetra-hidrofolato são, em sua maioria, intercon- versíveis, funcionando como doadores de unidades de um C em uma grande variedade de reações metabólicas.
A S-adenosilmetionina é o cofator preferido para transferên- cias biológicas do grupo metila. Esse cofator é sintetizado a partir do ATP e da metionina. A S-adenosilmetionina é um potente agente alquilante, em virtude do seu íon sulfônico de- sestabilizado.
Os AAs de cadeia ramificada não são degradados no fígado
Os três AAs com cadeias laterais ramificadas (leucina, isoleu- cina e valina) são oxidados como combustível principalmente pelos tecidos muscular, adiposo, renal e cerebral. Esses teci- dos extra-hepáticos contêm uma aminotransferase, ausente no fígado, que atua sobre os 3 AAs de cadeia ramif, produ- zindo os α-cetoácidos correspondentes. O complexo da de- sidrogenase dos α-cetoácidos de cadeia ramif catalisa en- tão a descarboxilação oxidativa dos 3 α-cetoácidos, liberando o grupo carboxila como CO2 e produzindoo derivado de acil- CoA respectivo.
A asparagina e os aspartato são degradados em oxaloacetato
Os esqueletos de C da aspara- gina e do aspartato entram, por filme, no ciclo do ác cítrico como malato nos mamíf ou como oxa- loacetato nas bactérias. A en- zima asparaginase catalisa a hidrólise da asparagina, produ- zindo aspartato, o qual sofre transaminação com o α-cetoglu- tarato, gerando glutamato e oxaloacetato. O oxaloacetato é convertido em malato no citosol e, então, transportado para a matriz mitocondrial pelo trans- portador malato- α-cetogluta- rato. Em bactérias, o oxaloace- tato produzido na reação de
transaminação pode ser utilizado diretamente no ciclo do ác cítrico.
. Da mesma forma que ocorre com CHO e lip, a degradação de AAs resulta, ao final, na produção de equivalentes reduto- res (NADH e FADH2) pela ação do ciclo do ác cítrico.

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