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FAMÍLIA MULTIESPÉCIE NO DIREITO DE FAMÍLIA

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FAMÍLIA MULTIESPÉCIE NO DIREITO DE FAMÍLIA 
Keny de Melo Souza 
Graduanda no curso de Direito pelo 
Centro de Ensino Superior de São Gotardo 
 
1 CONCEITO DE FAMÍLIA 
 
1.1 O que vem a ser família? 
 
Cada um tem seu conceito e construção mental e moral de família, mas será 
que existe um padrão correto para o que seja a entidade familiar? 
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 2261, especificamente nos 
parágrafos 3° e 4°, assevera que, 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
[….] 
 
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre 
homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão 
em casamento. 
 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por 
qualquer dos pais e seus descendentes. 
 
A Carta Magna, como apresentado acima, pontua que a família por se tratar 
de uma base da sociedade, deve ter especial proteção do Estado, consolidando a 
constituição familiar; como também, através da união estável. 
O Código Civil brasileiro não apresenta expressamente o conceito de família, 
mas traz em seu artigo 1.511 como se dá a constituição da entidade familiar ao contrair 
matrimônio, versando que “o casamento estabelece comunhão plena de vida, com 
base na igualdade de direito e deveres dos cônjuges2”; bem como reza o artigo 1.723, 
deste mesmo código, “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o 
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e 
estabelecida com o objetivo de constituição de família3”. Ambos preceituam que a 
família surge com a vontade de dois indivíduos de constituírem família. 
 
1 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil . Senado Federal. 
Brasília-DF. 2016. 
2 Brasil. Código Civil. Vade Mecum. 29ª ed. Editora Rideel. 2° semestre. 2019. 
3 Ibidem. 
 
Destarte, diante da presente panorâmica social, o Dicionário Houaiss traz um 
novo conceito de família como sendo o "núcleo social de pessoas unidas por laços 
afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantêm entre si uma 
relação solidária4". 
Para tanto, percebe-se que a entidade familiar, ou seja, a família, possui um 
caráter tradicionalista; porém, nos últimos anos vêm ganhando novos conceito e 
formato, transcendendo a mera composição conceitual ou moral, adequando-se ao 
cenário estrutural moderno. 
 
2 ESPÉCIES DE FAMÍLIA 
 
Dentro do contexto de que família é um núcleo social de pessoas unidas por 
laços afetivos, variando de acordo com sua composição e organização, tendo em 
comum o zelo e bem-estar daqueles que a compõe; espera-se que o Estado preste 
total e isonômico cuidado a qualquer espécie familiar. 
Claro que, como o indivíduo vive em uma época dinâmica e em constante 
mutação, há de constar as principais espécies que estruturam estes núcleos. São 
elas: família tradicional ou nuclear; família matrimonial; família informal; família 
monoparental; família anaparental; família reconstituída; família unipessoal; família 
eudemonista. 
Segue-se um quadro explicativo destes principais tipos, apresentado pelo 
professor Pedro Menezes, 
 
Tipos de família Características Membros Exemplos 
Tradicional 
nuclear 
Tipo mais comum de família 
formado pelos pais e seus 
filhos. 
 Pai(s) 
 Mãe(s) 
 Filho(s) 
Formação básica da família 
composta por pai, mãe e filhos. 
Matrimonial 
A família matrimonial é 
legitimada pelo casamento 
civil. 
 Pai(s) 
 Mãe(s) 
 Filho(s) 
Famílias em que os 
responsáveis são casados 
legalmente (casamento civil). 
 
4 IBDFAM. Dicionário reformula conceito de família . 2016. Disponível em: 
http://www.ibdfam.org.br/noticias/5990/Dicion%C3%A1rio+reformula+conceito+de+fam%C3%ADlia. 
Acesso em: 26 abr. 2020. 
 
Tipos de família Características Membros Exemplos 
Informal 
A legitimidade se dá pela 
convivência, sem o que a 
união do casal tenha sido 
oficializada. 
 Pai(s) 
 Mãe(s) 
 Filho(s) 
Famílias em que os pais 
possuem uma união estável, não 
oficializada. 
Monoparental 
Composta por apenas um 
dos responsáveis, pai ou 
mãe. 
 Mãe ou pai 
 Filhos 
Famílias em que a 
responsabilidade com os filhos é 
de apenas um dos pais. 
Anaparental 
Composta sem a presença 
de nenhum dos pais.  Filhos 
Famílias sem a presença dos 
pais, como no caso de irmãos 
em que os mais velhos cuidam 
dos mais novos. 
Reconstituída 
Composta pela união de um 
casal com filho(s) de uma 
união anterior. 
 Mãe ou pai 
 Madrasta 
ou padrasto 
 Filhos 
Famílias onde pelo menos um 
dos cônjuges possui filho(s) de 
uma união anterior. 
Unipessoal 
Composta por apenas uma 
pessoa. 
 Uma única 
pessoa 
É o caso de pessoas viúvas ou 
solteiras que vivem sozinhas em 
uma casa. 
Eudemonista 
União afetiva entre pessoas 
tendo como princípio a 
busca pela felicidade. 
 Múltiplas 
pessoas 
Famílias poliamorosas, onde 
adultos compartilham o afeto e o 
cuidado das crianças entre si. 
 
Fonte: https://www.diferenca.com/tipos-de-familia/5 
 
Este quadro confirma que família, independente da sua forma de constituição, 
possui amparo legal, protegida pelo Estado, com o vínculo seja pautado no respeito e 
afeto entre seus membros. 
No entanto, este quadro não apresenta uma constituição familiar peculiar, 
conhecida como família multiespécie, tema deste presente artigo. Este tipo de família 
vem traçando novos entendimentos jurídicos conforme os casos concretos que 
chegam ao Poder Judiciário, levando o animal doméstico de semovente para ser 
 
5 MENEZES, Pedro. Tipos de família. 2018. DIFERENÇA: descubra as diferenças e semelhanças. 
Disponível em: https://www.diferenca.com/tipos-de-familia/. Acesso em: 26 abr. 2020. 
https://www.diferenca.com/tipos-de-familia/
 
senciente, figurando em decisões importantes como na guarda compartilhada em 
ações de divórcio no Brasil. 
 
3 FAMÍLIA MULTIESPÉCIE NO DIREITO BRASILEIRO 
 
3.1 Conceito 
 
De forma bem simples, família multiespécie é aquela constituída pelo vínculo 
afetivo entre seres humanos e seus animais de estimação. 
Partindo deste pressuposto, os animais de estimações não podem ser 
tratados meramente como objetos de direito (bens móveis), ou melhor, semoventes 
como preconiza o direito brasileiro, no artigo 82, do Código Civil; estes, atualmente, 
são considerados seres sencientes, pois são passíveis de sentimento. Para o 
advogado Rodrigo da Cunha Pereira6, especialista em Direito de Família e Sucessões, 
 
Os animais de estimação devem ser considerados mais que “semoventes” 
como tratados pela doutrina tradicional. Por isso têm sido denominados de 
seres sencientes que são aqueles que têm sensações, isto é, que são 
capazes de sentir dor, angústias, sofrimento, solidão, raiva etc. A ideia de um 
animal como uma cadeira, como móveis, como um automóvel em uma 
disputa judicial, a tradicional percepção legal de animais de companhia como 
mera res não coincide mais com o sentimento social pós-moderno. 
 
 
Percebe-se que o interesse de constituir família não traz unicamente o desejo 
do casal em ter filhos; muitas das vezes, independente das circunstâncias e de suas 
escolhas, adotam ou “adquirem” um animalzinho de estimação para complementar o 
ambiente familiar. 
Neste diapasão, o tratamento dispensado aos animais vem traçando um novo 
caminho no sistema jurídico, presente não apenas pela convivência digna e bem-estar 
deste ser senciente; mas o estreitamento do vínculo afetivo entre o ser humano e seu 
animal. 
 
 
 
 
 
6 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Família multiespécie : Diálogo no Direito de Família. 2018. Disponível 
em: http://www.rodrigodacunha.adv.br/familia-multiespecie-e-tema-programa-dialogos-direito-de-familia/. Acesso em: 23 abr. 2020. 
 
3.2 Amparo jurídico 
 
Difícil estabelecer uma diferenciação do status jurídico do animal. Para o 
direito das coisas está no rol de objeto de direito, considerado semovente; como 
animal de companhia, acaba sendo inferiorizado em relação ao ser humano, muita 
das vezes menospreza por sua condição animal. 
Este, como ser senciente, necessita do reconhecimento de seu status como 
pessoa para determinados fins; como vem acontecendo comumente em sede de 
divórcio e guarda do animal de estimação. Por isso é importante que o ordenamento 
jurídico acompanhe a evolução constante da sociedade. 
Uma família multiespécie ao romper os laços do matrimônio ou união estável, 
veem-se diante da demanda de quem ficará com o animal de estimação; uma vez que 
este ocupa um espaço para além do convencional, envolvendo carinho, dedicação, 
afeto e cuidados; o mesmo dispensado a um filho. 
Neste ponto, nas Varas de Família, o magistrado em uma ação de divórcio 
que envolve menores, na decisão para quem dar a guarda, deve prezar pelo melhor 
interesse da criança e do adolescente; da mesma forma, deve resguardar o melhor 
interesse do animal, atrelado ao interesse do reclamante. 
Destarte, nestes casos aplica-se a legislação de família relativa à guarda, 
como versa o artigo 1.583, § 1°, do Código Civil, vez que ainda não há lei específica. 
 
Art.1.583 - A guarda será unilateral ou compartilhada. 
 
§ 1o - Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores 
ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a 
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da 
mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos 
filhos comuns. 
 
É imperioso ressaltar a dificuldade de comprovar quem é o verdadeiro 
responsável pelos cuidados e zelo do animal de estimação, principalmente se tiver 
sido adotado, neste caso, não há nenhum dado ou registro de quem é o adotante; 
mesmo que tenha sido adquirido em algum pet shop, o recibo de compra e venda, não 
dá ao comprador o pleno direito de ser o legítimo responsável por seu pet. 
 
 
 
Marianna Chaves7 comenta que, 
 
Certamente não se está a defender a relação entre humanos e animais como 
uma espécie de parentesco e nem que o dever de cuidado se origine em uma 
espécie de poder familiar advindo de uma relação de filiação. Mas ao adquirir 
ou “adotar” um animal de companhia, há de se ter em mente – tal como um 
filho – de que se trata de um ser vivo que não poderá ser descartado. E ao 
contrário das crianças, os animais de companhia jamais alcançarão 
autonomia, sendo dependentes dos humanos com quem conviverem, do 
instante do nascimento até o momento da sua morte. É uma relação pautada 
pelo afeto que ambos os seres experimentarão, mas também vinculada a 
uma conduta responsável por parte dos humanos, que se exprimirá através 
de um dever de cuidado. 
 
Este é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em análise à ação de 
Recurso Especial, 
 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. 
ANIMAL DE ESTIMAÇÃO. AQUISIÇÃO NA CONSTÂNCIA DO 
RELACIONAMENTO. INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO 
ANIMAL. DIREITO DE VISITAS. POSSIBILIDADE, A DEPENDER DO CASO 
CONCRETO. 
1- Inicialmente, deve ser afastada qualquer alegação de que a discussão 
envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimação é menor, ou se trata 
de mera futilidade a ocupar o tempo desta Corte. Ao contrário, é cada vez mais 
recorrente no mundo da pós-modernidade e envolve questão bastante delicada, 
examinada tanto pelo ângulo da afetividade em relação ao animal, como também 
pela necessidade de sua preservação como mandamento constitucional (art. 
225, § 1, inciso VII - "proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais a crueldade”). 2 - O Código Civil, ao definir a 
natureza jurídica dos animais, tipificou-os como coisas e, por conseguinte, 
objetos de propriedade, não lhes atribuindo a qualidade de pessoas, não sendo 
dotados de personalidade jurídica nem podendo ser considerados sujeitos de 
direitos. Na forma da lei civil, o só fato de o animal ser tido como de estimação, 
recebendo o afeto da entidade familiar, não pode vir a alterar sua substância, a 
ponto de converter a sua natureza jurídica. 3 - No entanto, os animais de 
companhia possuem valor subjetivo único e peculiar, aflorando sentimentos 
bastante íntimos em seus donos, totalmente diversos de qualquer outro tipo de 
propriedade privada. Destarte, o regramento jurídico dos bens não se vem 
mostrando suficiente para resolver, de forma satisfatória, a disputa familiar 
envolvendo os pets, visto que não se trata de simples discussão atinente à posse 
e à propriedade. 4 - Por sua vez, a guarda propriamente dita - inerente ao poder 
familiar - instituto, por essência, de direito de família, não pode ser simples e 
fielmente subvertida para definir o direito dos consortes, por meio do 
enquadramento de seus animais de estimação, notadamente porque é um 
munus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho. Não se trata de uma 
faculdade, e sim de um direito, em que se impõe aos pais a observância dos 
deveres inerentes ao poder familiar. 5 - A ordem jurídica não pode, 
simplesmente, desprezar o relevo da relação do homem com seu animal de 
estimação, sobretudo nos tempos atuais. Deve-se ter como norte o fato, cultural 
e da pós-modernidade, de que há uma disputa dentro da entidade familiar em que 
prepondera o afeto de ambos os cônjuges pelo animal. Portanto, a solução deve 
 
7 CHAVES, Marianna. Disputa de guarda de animais de companhia em sede de divórcio e 
dissolução de união estável: reconhecimento da família multiespécie? 34 f. Tese (Doutorado) - 
Curso de Direito Civil, Universidade de Coimbra, Coimbra, 2017. Disponível em: 
https://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/4066/2788. Acesso em: 23 abr. 2020. 
 
perpassar pela preservação e garantia dos direitos à pessoa humana, mais 
precisamente, o âmago de sua dignidade. 6 - Os animais de companhia são 
seres que, inevitavelmente, possuem natureza especial e, como ser senciente - 
dotados de sensibilidade, sentindo as mesmas dores e necessidades 
biopsicológicas dos animais racionais -, também devem ter o seu bem-estar 
considerado. 7 - Assim, na dissolução da entidade familiar em que haja algum 
conflito em relação ao animal de estimação, independentemente da qualificação 
jurídica a ser adotada, a resolução deverá buscar atender, sempre a depender 
do caso em concreto, aos fins sociais, atentando para a própria evolução da 
sociedade, com a proteção do ser humano e do seu vínculo afetivo com o animal. 
8 - Na hipótese, o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na 
constância da união estável e que estaria demonstrada a relação de afeto entre 
o recorrente e o animal de estimação, reconhecendo o seu direito de visitas ao 
animal, o que deve ser mantido. 9 - Recurso especial não provido. 
(STJ - REsp 1713167 SP 2017/0239804-9 – Relator Ministro LUIZ FELIPE 
SALOMÃO, Data do Julgamento: 19/06/2018, T4 – Quarta Turma, Data de 
Publicação: DJe 09/10/2018) 
 
Numa sociedade dinâmica, é inquestionável a necessidade do 
reconhecimento da família multiespécie, visto que o animal cada vez mais está 
presente no seio familiar e com um papel relevante, considerado como um membro 
da família e tratado tal qual um filho, tanto em lares solteiros quanto nos com ou sem 
filhos, necessita ser resguardado em contendas familiares pelo Direito de Família ou 
que se assevere a elaboração de legislação específica, priorizando o melhor interesse 
deste que será desde seu nascimento até sua morte, dependente dos indivíduos que 
os têm por companhia. 
Por fim, é importante destacar que em 07 de agosto de 2019,o Plenário do 
Senado aprovou o projeto de lei (PLC n.º 27/2018) que cria o regime jurídico especial 
para os animais; pelo texto, os animais não poderão mais ser considerados objetos. 
O referido projeto estabelece que os animais passam a ter natureza jurídica sui 
generis, como sujeitos de direitos despersonificados, eles serão reconhecidos como 
seres sencientes, ou seja, dotados de natureza biológica e emocional e passíveis de 
sofrimento8. Assim confirmando os apontados apresentados anteriormente. 
Em suma, é perceptível o quanto o Direito de Família molda-se 
constantemente ao cenário em que se encontra, dinamizando a prática jurídica e 
aproximando-se paulatinamente da realidade e necessidade do indivíduo, 
apresentando diferentes tipos de tutela que se amoldem, também, à família 
multiespécie. 
 
8 Senado aprova projeto que cria natureza jurídica para os animais. Fonte: Agência Senado. 
2019. Senado Federal. Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/08/07/senado-aprova-projeto-que-inclui-direitos-
dos-animais-na-legislacao-nacional. Acesso em: 26 abr. 2020. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. 
Senado Federal. Brasília-DF. 2016. 
 
Brasil. Código Civil. Vade Mecum. 29ª ed. Editora Rideel. 2° semestre. 2019. 
 
CHAVES, Marianna. Disputa de guarda de animais de companhia em sede de 
divórcio e dissolução de união estável: reconhecimento da família 
multiespécie? 34 f. Tese (Doutorado) - Curso de Direito Civil, Universidade de 
Coimbra, Coimbra, 2017. Disponível em: 
https://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/4066/2788. Acesso em: 23 abr. 
2020. 
 
IBDFAM. Dicionário reformula conceito de família. 2016. Disponível em: 
http://www.ibdfam.org.br/noticias/5990/Dicion%C3%A1rio+reformula+conceito+de+fa
m%C3%ADlia. Acesso em: 26 abr. 2020. 
 
MENEZES, Pedro. Tipos de família. 2018. DIFERENÇA: descubra as diferenças e 
semelhanças. Disponível em: https://www.diferenca.com/tipos-de-familia/. Acesso 
em: 26 abr. 2020. 
 
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Família multiespécie: Diálogo no Direito de Família. 
2018. Disponível em: http://www.rodrigodacunha.adv.br/familia-multiespecie-e-tema-
programa-dialogos-direito-de-familia/. Acesso em: 23 abr. 2020. 
 
Senado aprova projeto que cria natureza jurídica para os animais. Fonte: 
Agência Senado. 2019. Senado Federal. Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/08/07/senado-aprova-projeto-
que-inclui-direitos-dos-animais-na-legislacao-nacional. Acesso em: 26 abr. 2020.

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