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03/04/2019 1 Literatura infantojuvenil TA 1 Bases da literatura infantojuvenil Resumo Unidade de Ensino: Bases da literatura infantojuvenil Competência da Unidade de Ensino: Conhecer a literatura infantil em sua origem. Resumo: Você estudará o conceito e a natureza da literatura infantojuvenil, de sua relação com a "literatura geral" e também com o ensino. Você conhecerá um pouco sobre narrativas tradicionais, orais e escritas e como elas despertam a fantasia e imaginação. Palavras-chave: literatura infantojuvenil; narrativas; fantasia. Título da teleaula: Bases da literatura infantojuvenil Teleaula nº: 1 Convite ao estudo Nesta primeira unidade, trataremos das primeiras manifestações ficcionais e do surgimento da literatura infantojuvenil com suas características diferenciadoras, tanto no Continente Europeu, que se inicia no fim do século XVII, com adaptações dos contos de fadas, como no Brasil do fim do século XIX, estendendo-se até os dias atuais e dialogando com outras mídias. Conhecimentos prévios LITERATURA: Littera (latim) – Letra Manifestação artística por meio da palavra Como ler um texto literário? Literatura faz parte de um plano mais amplo da cultura. Pensando a aula: situação geradora de aprendizagem Marcela é professora do 5º ano de uma escola pública (classe com 40 alunos). Alguns trazem de casa o gosto pela leitura, outros leem pouco, mas gostam de ouvir histórias, gostam de músicas, ou de games. Apesar da pouca experiência, é uma leitora voraz de literatura e tem procurado despertar em seus alunos esse mesmo gosto. 03/04/2019 2 Pensando a aula: situação geradora de aprendizagem Entre os colegas está Alessandra, que dá aula de Língua Portuguesa para o 6º ano e também é grande incentivadora da leitura. Elas sempre fazem cursos para se aprimorar em seu trabalho e juntas buscam conhecer melhor a história da literatura infantojuvenil e escolher o que há de mais interessante para suas turmas. No início do ano letivo, elas se juntam para fazer o planejamento e sentem a necessidade de trazer mais livros com os contos de fadas clássicos, assim como fábulas para a biblioteca da escola. Quais contribuições o conhecimento sobre a história da literatura infantojuvenil pode trazer à reflexão dessas professoras sobre seu trabalho junto aos alunos? Pensando a aula: situação geradora de aprendizagem Cápsula 1 “Iniciando o estudo” O que essas professoras precisam saber para que façam um bom planejamento? De onde vieram os contos de fadas? Quando surgiu a literatura infantojuvenil? O que define um texto como infantojuvenil? Situação-Problema 1 No início do ano letivo, Marcela e Alessandra se reuniram para fazer seu planejamento, tendo em mãos livros e catálogos, com histórias mais tradicionais. Fizeram uma pesquisa em busca das origens dos famosos contos de fadas. Ouvir histórias = história da humanidade. Literatura para crianças e jovens (final do séc. XVII e início do XVIII) Conceitos de infância e família (Zilberman/1993 e Cademartori/1986). Adaptação de contos populares orais. Problematizando a Situação-Problema 1 A criança passou a ser isolada da sociedade, restringindo-se ao círculo familiar e depois à escola. Na escola: nivelamento por idade; carteiras enfileiradas. Narrativa primordial originou-se em parábolas, apólogos, fábulas, narrações mais ou menos simples que perderam o sentido com o passar do tempo, ficando apenas o enredo. (Coelho/2010) Problematizando a Situação-Problema 1 03/04/2019 3 Novelística popular medieval, de raízes indo-europeias (narrativas). Literatura para crianças e jovens se especificou. Problematizando a Situação-Problema 1 Popularizaram-se na Europa Transformaram-se em contos folclóricos durante a Idade Média Passaram a compor a chamada literatura infantil. GÊNEROS Apólogo Fábula Parábola Contos de fadas Problematizando a Situação-Problema 1 Resolvendo a Situação-Problema 1 O que define um texto como infantojuvenil? O que os professores precisam saber para que possam fazer boas escolhas literárias para suas aulas? Cápsula 2 “Participando da aula” Situação-Problema 2 Em uma pesquisa na biblioteca da escola, Marcela e Alessandra encontraram alguns livros estrangeiros de literatura infantojuvenil. Na estante, estavam todos misturados, mas as professoras tinham interesse em separar quais entre aqueles livros eram adaptações de textos antigos e orais, quais eram adaptações de obras originalmente escritas para adultos e quais foram escritos já como histórias para crianças. Queriam também refletir sobre o valor literário e histórico dessas obras. As questões a que responderemos nesta situação- problema são: Quando e por que surgiu a literatura infantojuvenil? Quem são os autores e quais são os textos mais significativos da literatura infantojuvenil mundial? Situação-Problema 2 03/04/2019 4 Charles Perrault publicou, na França, em 1697, os Contes du temps passé avec des moralités (adaptações dos textos folclóricos). Sua obra apresenta preocupação com o didático, com o acréscimo de moralidades, que inexistiam nas versões populares Percebeu o interesse/fascínio das crianças (próprios filhos) pelas histórias contadas pelas amas. (Cademartori/1992). Retirou-se a violência e a referência à sexualidade. Problematizando a Situação-Problema 2 Essas histórias sempre apresentavam personagens em situações precárias, semelhantes ao povo que as contava, mas acabavam tendo um final feliz, uma por meio através da mágica e do elemento maravilhoso. (Cademartori /1986) No século XIX: os Irmãos Grimm, na Alemanha, e o dinamarquês Christian Andersen (oficialmente), publicaram seus respectivos livros. Problematizando a Situação-Problema 1 Os Irmãos Grimm, Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786- 1859), na Alemanha, entre os séculos XVIII e XIX, fizeram também uma importante coleta dos contos de fadas. Essa coleta fazia parte do projeto romântico de construção da germanidade, e seus contos acabaram sendo vistos como histórias para o lar, para a família, e, consequentemente, lidos para as crianças. Problematizando a Situação-Problema 2 Várias versões para uma mesma história: A bela adormecida Giambattista Basile, do séc. XVII. Título Sol, Lua e Talia. A princesa é estuprada por um rei e dá a luz a dois gêmeos. É acordada por um de seus filhos. Acaba se casando com o rei, por mais que ele tenha abusado da garota enquanto estava adormecida. Problematizando a Situação-Problema 2 Dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875). Entre seus seis volumes de contos, há inúmeras histórias famosas: O patinho feio, As roupas novas do imperador, A pequena Sereia. Suas narrativas são uma coletânea de textos curtos, adaptações de contos orais. Problematizando a Situação-Problema 2 Outros autores: Joseph Jacobs (1854-1916): A história dos Três Porquinhos Lewis Carroll (1832-1898): Alice no País das Maravilhas (1865) e Alice através do espelho Carlo Collodi (1826-1890): Pinóquio Daniel Defoe (1660-1731): Robinson Crusoe (1719) Jonathan Swift (1667-1745): Viagens de Gulliver Problematizando a Situação-Problema 2 03/04/2019 5 A literatura infantojuvenil iniciou-se com Perrault, na França e também houve uma coleta e adaptação de contos pelos Irmãos Grimm, na Alemanha. As histórias dos Irmãos Grimm são mais numerosas que as de Perrault, mas há alguns contos comuns, e neles podemos ver diferenças e semelhanças. Há adaptações dos textos clássicos e textos originalmente publicados como literatura infantojuvenil. Riqueza na variedade de traduções e versões. Resolvendo a Situação-Problema 2 Cápsula 3 “Participando da aula” Situação-Problema 3 Tendo conhecido e trabalhado com alguns livros da literatura infantojuvenil, Marcela e Alessandra sentiram falta de livros brasileiros para trabalhar com seus alunos e quiseram conhecer mais sobre a produção nacional. Quando pesquisaram os catálogos, observaram que obras de 50 anos atrás ou mais eram apresentadas junto a outras contemporâneas.Assim, alguns questionamentos surgiram: Situação-Problema 3 Há diferença entre um livro de poesias de Cecília Meireles e outro de Olavo Bilac? Há alguma semelhança entre a obra infantojuvenil de Monteiro Lobato e a obra de João Carlos Marinho? Quando e por que surgiu a literatura infantojuvenil brasileira? E como é a produção nacional nos dias de hoje? E quanto à especificidade do gênero lírico, como era e como é hoje? Segundo Lajolo e Zilberman (1999), a literatura infantojuvenil brasileira teve início no final do século XIX e início do século XX. Nessa produção, constam traduções de textos estrangeiros, obras retiradas do folclore brasileiro e também produções dirigidas ao uso nas escolas. Figueiredo Pimentel: Contos da Carochinha (1894) Olavo Bilac: Contos Pátrios (1904) e Poesias Infantis (1904) Problematizando a Situação-Problema 3 MONTEIRO LOBATO E SEU IMPACTO NA LITERATURA Monteiro Lobato (1882-1948) rompe com esse tipo de literatura pedagógica. Seu objetivo era divertir e, em segundo lugar, educar, mas educar para a plena liberdade e o livre-arbítrio. Desse modo, ele estaria formando leitores no sentido amplo da palavra. Problematizando a Situação-Problema 3 03/04/2019 6 Temas a partir de 1930 (retrocesso): Glorificação os heróis e vultos da pátria; Textos que enaltecem os bandeirantes; Textos que tratam do ambiente rural, apresentam ufanismo; Fragilização da criança nas histórias, justificando a intervenção do adulto na vida dela. Problematizando a Situação-Problema 3 A partir da década de 1970 (novo cenário) revisão do mundo fantástico tradicional, reescritura dos contos de fadas; obras que mostram um desgaste da imagem exemplar da criança obediente e passiva; visão crítica da família e do mundo do adulto; aspectos gráficos não são mais subsidiários do texto, mas elementos autônomos. emergência do Brasil urbano – transferência das personagens para a cidade. Problematizando a Situação-Problema 3 POESIA Enquanto a poesia infantojuvenil em seu surgimento tinha mais um caráter didático, a partir da segunda metade século XX passou a ser de caráter lúdico e artístico. Ruptura com a poética tradicional (recorte didático e pedagógico) Produção poética para a infância solidificada (quantidade, diversidade e qualidade). Problematizando a Situação-Problema 3 POESIA E SUA RIQUEZA PEDAGÓGICA Parlendas Poesia narrativa Poesia descritiva Poema expositivo Poema misto Problematizando a Situação-Problema 3 Podemos concluir que a produção brasileira teve predominância em alguns momentos do pedagógico e em outros do literário, e que em cada “geração” predomina um desses aspectos. Se os primeiros textos para crianças eram didáticos, Lobato rompeu com essa característica; mas depois voltaram a ser apresentados textos moralistas, até que, após a década de 1970, voltou a haver uma produção de qualidade tanto na narrativa como na poesia. Resolvendo a Situação-Problema 3 Cápsula 4 “Participando da aula” 03/04/2019 7 e reflexões... A partir da leitura dos dois poemas, é possível afirmar que há diferenças entre eles em termos de abordagem e objetivo. Aponte algumas dessas diferenças. Provocando novas situações A Cigarra e a Formiga Esopo, La Fontaine, Monteiro Lobato e José Paulo Paes Disponível em: https://www.revistaprosaversoearte.com/11702-2/, . Acesso em: 01 fev. 2019. Provocando novas situações Esopo A cigarra passou o verão cantando, enquanto a formiga juntava seus grãos. Quando chegou o inverno, a cigarra veio à casa da formiga para pedir que lhe desse o que comer. A formiga então perguntou a ela: — E o que é que você fez durante todo o verão? — Durante o verão eu cantei — disse a cigarra. E a formiga respondeu:— Muito bem, pois agora dance! MORAL DA HISTÓRIA: Trabalhemos para nos livrarmos do suplício da cigarra, e não aturarmos a zombaria das formigas.” Provocando novas situações La Fontaine Tendo a cigarra em cantigas Folgado todo o Verão Achou-se em penúria extrema Na tormentosa estação. Não lhe restando migalha Que trincasse, a tagarela Foi valer-se da formiga, Que morava perto dela. Rogou-lhe que lhe emprestasse, Pois tinha riqueza e brilho, Algum grão com que manter-se Té voltar o aceso Estio. «Amiga, diz a cigarra, Prometo, à fé d’animal, Pagar-vos antes d’Agosto Os juros e o principal.» A formiga nunca empresta, Nunca dá, por isso junta. «No Verão em que lidavas?» À pedinte ela pergunta. Responde a outra: «Eu cantava Noite e dia, a toda a hora.» «Oh! bravo!», torna a formiga. – Cantavas? Pois dança agora!» “LIÇÃO DE VIDA: Os que não pensam no dia de amanhã, pagam sempre um alto preço por sua imprevidência.” Provocando novas situações Monteiro Lobato [...] – E o que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. – Eu cantava, bem sabe… – Ah! … exclamou a formiga recordando-se. Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas? – Isso mesmo, era eu… – Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo. A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol. “MORAL DA HISTÓRIA: Moral da História: Os artistas: poetas, pintores, músicos, são as cigarras da humanidade.” Provocando novas situações Sem barra - José Paulo Paes Enquanto a formiga Carrega a comida Para o formigueiro, A cigarra canta, Canta o dia inteiro. A formiga é só trabalho. A cigarra é só cantiga. Mas sem a cantiga da cigarra que distrai da fadiga, seria uma barra o trabalho da formiga. Provocando novas situações 03/04/2019 8 VE Caminho de Aprendizagem
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