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PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Definir, planejar, estruturar e desenvolver as estruturas de grupos de trabalho e equipes, formando a estrutura organizacional. • Como planejar e preparar equipes de trabalho para res- postas às demandas das empresas. • Definir métodos e ações de gerenciamento, reconhecimen- to de sucessos e premiações para equipes de trabalho. • Definir formas de avaliação e premiação de equipes de trabalho. • Definir e planejar o uso de teletrabalho, trabalhadores móveis e em equipes em rede, formação de equipes de comprometimento objetivo. Grupos de trabalho, equipes e estruturas organizacionais Preparação de equipes de trabalho para alta performance Avaliar e premiar as equipes de trabalho Tendências no trabalho em equipe Gerenciar equipes de trabalho: remunerar e liderar Dr. George Leal Jamil Gerenciando Equipes de Pessoas Grupos de Trabalho, Equipes e Estruturas Organizacionais Uma das características fortes da gestão de pes- soas dos nossos tempos é o incentivo ao traba- lho em grupos, em equipes. Busca-se não só a organização, mas a união de colaboradores em times que alcancem os mesmos objetivos de alta performance, de resultados acima da média e do simples desempenho acumulado. Novas tecnolo- gias, estruturas, propostas de edificações e mesmo mobiliário e infraestrutura têm sido propostas para possibilitar que essas equipes se formem, atuem e ofertem seus trabalhos no mercado. Esta unidade tem por objetivo avaliar como a gestão de pessoas aborda o tema das equipes e grupos responsivos de trabalho. Dentre os temas, veremos as implicações gerenciais, de avaliação, premiação, remuneração, liderança bem como apreciar os potenciais desenvolvimentos desses trabalhos em equipe, nos modernos arranjos em- presariais e de base tecnológica. Iniciamos, como de hábito, pelas definições conceituais, pela abordagem de base, onde se discute o que são os grupos e equipes de tra- balho, para que, posteriormente, avaliemos suas perspectivas de gestão. Avaliamos, das citações pesquisadas por Costa (2017), as seguintes bases para definir grupos de trabalho: 181UNIDADE VII • são formações de pessoas em um ambiente comum de trabalho; • essas pessoas guardam, entre si, objetivos de trabalho compreendidos de maneira coletiva e pessoal; • as pessoas produzem relacionamentos que vão desde as comunicações e intervenções até mesmo o controle; • há nítida tendência de influenciarem-se uns aos outros. Um fato intrigante, já nessas definições iniciais e nas nossas percepções do cotidiano empresarial, é como esses grupos se formam, e se arranjam. Tal definição é importante, inclusive, para per- ceber como comporão, junto às estruturas orga- nizacionais empresariais, tema que estudamos anteriormente e que, agora, serve como base de implementação dos grupos de trabalho. Uma alternativa que aparece de imediato é a formação de grupos por meio do controle de- liberado da empresa, ou seja, na definição da estrutura organizacional, os dirigentes e contro- ladores impõem um detalhamento de um grupo que irá, por exemplo: • atuar numa tarefa funcional, como um grupo de operadores, de vendedores, de profissionais de tarefas administrativas, de projeto, de gestão tática - financeira, contábil, de suprimentos, tecnologia da informação etc; • atuar numa oportunidade de mercado, como os profissionais que integram uma nova filial corporativa, um setor de aten- dimento a um novo mercado ou dedicado a um novo produto ou tecnologia; • executar uma tarefa temporária, como produzir e executar um grande evento de entretenimento, tal qual um show, uma exposição, um congresso ou apresenta- ções ao ar livre. É interessante notar, nesta última definição, que inserimos um fator novo: o grupo pode ser tem- porário, existindo por um objetivo específico - as- sim que alcançado, o grupo é considerado desfeito por uma ordenação dos dirigentes - ou por um prazo determinado pela estratégia da empresa. Numa alternativa, o grupo poderá ter existência por prazo indeterminado, ou seja, não tem sua função e seus objetivos determinados por um prazo, mas por outras questões, como as das de- finições de estruturas organizacionais. Retomando a discussão sobre as motivações de formação de grupos, uma organização deve, também, perceber que estes podem se formar por interesses específicos de seus agentes de negócios tanto interna quanto externamente, por exemplo: • profissionais que se oferecem como volun- tários para realizar uma tarefa determina- da, como algo de causa social - militares que assistirão, por sua decisão, a cidadãos em condições sociais de risco, num exem- plo de “ação social” coordenada; • profissionais que se auto-organizam para realizar um treinamento interno, em fun- ção de oportunidade interna ou externa de realizar trabalhos; • colaboradores de uma empresa que profes- sam uma determinada religião, reúnem-se em horários de folga do serviço para reali- zar cultos e relacionamentos ligados à sua fé; • clientes da empresa ou assinantes de servi- ços que se reúnem para representar, junto à empresa, seus interesses e contribuir para a melhoria contínua dos serviços. Como nos salientam Chiavenato (2015) e Costa (2017), os grupos regulados, formados por deli- beração empresarial, devem ter regras, controles e objetivos determinados para seu exercício e re- gulação. Algumas das características descritivas dos grupos, esperadas nas suas definições são: 182 Gerenciando Equipes de Pessoas Já nos grupos autoformados, a empresa deve per- ceber como são estruturados e, aí, num processo inverso, advindo dessa compreensão, elaborar a definição dos controles e parâmetros de sua in- teração junto à organização da própria empresa. Costa (2017, p. 201) apresenta-nos uma frase in- teressante, em que discute essa relação entre gru- pos formais e informais quando nos diz: “Perceba que, quando o coletivo se torna grupo, é possível identificar o objetivo comum, a influência mútua e as metas compartilhadas”. Ou seja, a percepção instrui uma existência, a adesão a grupos. Em adição ao que aqui discutimos, Robbins (2005) conceitua os grupos formais como sendo aqueles comandados pela empresa, que recebem designações de nomes de unidades funcionais, como: • Controladoria. • Divisão de treinamento corporativo. • Diretoria Financeira. E os informais são apresentados pelo autor, sob algumas definições, como “grupos de interesses”, “de amizades” e “de interações”. Robbins (2005) res- salta que todos esses tipos são importantes na vida organizacional, bem como não há uma razão es- pecífica para que pessoas se agrupem organizacio- nalmente, conceituando motivos, como percepção de status, segurança coletiva, busca e definição de autoestima, oportunidade de definição e exercício de poder e alcance de metas específicas. Esse mesmo autor apresenta-nos o desenvolvi- mento de grupos em progressão na seguinte ordem: “formação dos grupos”, pela adesão dos participantes; “tormenta”, quando a motivação coletiva se acumula; “normalização”, quando regras explícitas e/ou im- plícitas são produzidas para a convivência e ajuste do grupo; “desempenho”, que indica a vida útil, o trabalho continuado do grupo e, finalmente, a “in- terrupção”, quando o grupo encerra suas atividades. Perfil dos colaboradores, gestores. Formas de comunicação. Relacionamentos formais entre colaboradores e gestores. Regras de convivência - no mí- nimo, não impondo restrições comportamentais, mas definindo modalidades de relacionamentos. Interação com os trabalhos de planejamento empresarial - como a definição de indicadores e a for- ma de reportar os níveis de pro- dução para o acompanhamento. Em especial, os indicadores refe- rentes a custos e tempos associados com o trabalho do grupo. 183UNIDADE VII O relacionamento dos grupos com uma es- trutura pode se dar também de várias formas, seguindo os conceitos e definições que expuse-mos anteriormente. A primeira forma, como dissemos, mais evidente, é a de definição de um grupo para que realize uma tarefa ou produção dentro da delegação prevista numa estrutura or- ganizacional. Um caso exemplo pode ser defini- do quando temos a necessidade de compor uma equipe de testes de software, numa empresa que desenvolve aplicativos para processamento em smartphones - aqui, a definição surge da função esperada; esse grupo tem uma delegação já pre- vista, inserida na estrutura organizacional da empresa com o detalhamento específico e, daí, perfis e regras são definidos, como já estudamos. Outra situação ocorre quando a estrutura or- ganizacional da empresa é montada de maneira reativa, de acordo com um esforço ou ação de mer- cado. Um exemplo pode ser apresentado tomando por base uma empresa de comércio eletrônico de roupas, que verifica grande demanda por seus ar- tigos e entregas numa região que é coberta apenas pela sua ação virtual, pelo acionamento via site web ou aplicativos. Ao perceber essa situação, essa em- presa poderá decidir operar também presencial- mente, com uma loja física na região em análise, daí define uma equipe e as formas de trabalho, em reação aos eventos de mercado, montando, assim, um grupo específico para realização desse trabalho e ocupação dessa frente. Um último exemplo ilustra como um grupo surgido, internamente, na empresa poderá atuar em uma oportunidade, promovendo uma reestru- turação organizacional, uma mudança na estru- tura empresarial. Numa rede de supermercados, por exemplo, o gestor de uma das principais lo- jas, associa-se aos seus colegas para iniciativas de atendimento a consumidores de um segmento es- pecífico, como os da melhor idade. Se bem-suce- dida e percebida pelos gestores empresariais, essa associação produzirá resultados que pode levar à formação de um grupo de trabalho, envolver esses profissionais para que processos similares sejam implementados em outras unidades da empresa, tornando-se, até mesmo, uma nova política em- presarial da rede comercial como um todo. De maneira geral, a formação de grupos poten- cializará-nos à criação de equipes. Denominamos equipes os grupos quando já estruturados, amadure- cidos, com técnicas de gestão conhecidas, parâmetros bem identificados para processos, como admissão de novos colaboradores, saída de colaboradores, remu- neração, avaliações, premiação e reconhecimento, além do seu possível encaixe aos demais grupos e equipes da empresa, nas estruturas organizacionais. Podemos entender, portanto, as equipes como uma evolução natural dos grupos. Assim que há o amadurecimento, a evolução e a melhor definição profissional dos grupos, tornando-se órgãos fortes e definidos dentro das estruturas organizacionais, temos as equipes de trabalho. Claro, também as equipes podem surgir em função de demandas es- peciais, terem períodos intensivos, curtos ou mais longos de trabalho, atuar por metas e objetivos mais ou menos detalhados e pertencer a um ou outro arranjo, umaestrutura organizacional. A prática das equipes é o objetivo do estudo na sequência. 184 Gerenciando Equipes de Pessoas A demanda por maiores índices de performance, geralmente referidas nos mercados atuais, advém de fatos ligados às competitivas formas de for- mação e atuação das empresas, na atualidade. Há vários fatores que discutimos já na abertura deste tópico, que determinam a necessidade de alta per- formance de colaboradores. Aqui, exploraremos, na sequência, os fatores que demandam estes ele- vados índices de desempenho, suas principais fon- tes de obtenção e desenvolvimento e as implica- ções para a gestão empreendedora, na atualidade. Pode-se chamar a atenção para várias formas de trabalhar, atualmente, que determinam a ne- cessidade premente das organizações em esta- belecer elevados índices de performance. Entre as provocações e fontes para se obterem tais índices, podemos citar: • A velocidade de responder a eventos de mercado, como: • organização dos consumidores em fun- ção de interesses particulares, que evo- luem para demandas de grupo - por exemplo, associados, informalmente, via redes sociais corporativas ou abertas, sis- temas de comunicação instantânea, ser- viços de trocas de mensagens etc; Preparação de Equipes de Trabalho para Alta Performance 185UNIDADE VII • disponibilidade abrangente de tecnolo- gia, trazendo consumidores e curiosos para o âmbito de relacionamento das empresas com muita facilidade; • difusão dos comportamentos imediatis- tas, por parte de profissionais da rede de valor agregado e consumidores finais; • necessidade de posicionar inovações de mercado confiáveis e de imagem aliada aos objetivos das empresas. • Planejamentos estratégicos de altas de- mandas. • Flexibilidade no posicionamento de valor agregado para consumidores, em função de competição agressiva. • Integração de redes flexíveis de empresas, adaptando-se às realidades de mercado e reagindo a eventos, como os descritos an- teriormente. • Inserção agressiva e radical de tecnologia da informação nas negociações com clientes, como o uso de Big Data, Serviços de comér- cio eletrônico móveis, entre vários outros. Poucas vezes, na história recente do empreende- dorismo, as empresas viram-se com demanda tão elevada para apresentar novas soluções e novos po- sicionamentos, ou seja, conseguir e demonstrar as chamadas performances elevadas, da parte de seus colaboradores. Contudo, em que consiste uma alta performance? Não defendemos, aqui, que seja simplesmente a obtenção de valores resultantes de maior nível para os mesmos indicadores usados anteriormente para a administração do trabalho, principalmente para a avaliação dos resultados. Há, também, a introdução de novos indicadores, alinhados aos novos ambientes de mercado e às novas formas de competir. Antes de abordar estes dois itens, em composição, cabe discutir um, em especial: a produtividade. Considerando-se, isoladamente, a produtivi- dade é conceituada como a mensuração de um indicador de produção dividido por uma unidade de tempo. Assim, fatos como: • Número de atendimentos a pacientes por dia ou por semana - mensuração de produtividade, por exemplo, na área de saúde. • Número de peças produzidas, sem rejeição, por hora. • Volume de água potável liberada para con- sumo por dia. São noções simples de produtividade, contudo, que precisam ser um pouco mais discutidas. Do BUSINESS DICTIONARY (2017, on-line)1, vemos que a produtividade pode ser concei- tuada como: Produtividade é calculada pela divisão do núme- ro de resultados de produções num período pelo volume total de custos dos recursos usados para essa produção. Portanto, pensando em alta performance, pode- mos também relacionar à alta produtividade e, assim, provocar a compreensão sobre como os custos podem ser reduzidos e, em contrapartida, aumentar a produção efetiva. É importante dizer que tal conceito deve ser pensado neste momento em que a computação cognitiva e os aprendizados de máquina começam a ser mais intensivamente ofertados por empresas de serviços, alguns, até mesmo, iniciando ameaças de redesenho de car- reiras e redefinição profissional. 186 Gerenciando Equipes de Pessoas Esta noção de produtividade apresenta como os modernos ambientes de negócios poderão demandar mais rapidez, precisão e baixos cus- tos para a resolução de problemas, tomadas de decisão e implementação de planos, resultando em situações de alta performance empresarial. Retomando a análise dos dois fundamentos – a obtenção de valores elevados para os indi- cadores já conhecidos e a aplicação de novos indicadores – podemos exemplificar o que sejam estes altos índices, em que, por sua vez, definire- mos a “alta performance” no trabalho: A computação cognitiva é uma proposta de tecno- logia que visa criar e armazenar formas de conhe- cimento, usando redes e capacidades computa- cionais, permitindo que essas redes tecnológicassejam aplicadas na solução de problemas mais complexos. Para saber mais, acesse o link disponí- vel em: <https://www.ibm.com/developerworks/ community/blogs/tlcbr/entry/mp270?lang=en>. Fonte: o autor. Relação elevada de produtividade, ou seja, de produção pelos cus- tos dos recursos usados. Por exemplo, um ambiente automatiza- do, onde há maior número de peças para carros sendo produzidas, com menor custo apurado por não usar operadores humanos, é, potencialmente, uma situação de maior produtividade. Menor incidência de erros num ambiente de serviços ou in- dústria, levando ao êxito na realização de trabalhos. Por exem- plo, ao aplicar-se um sistema inteligente de pré-diagnóstico de pacientes, levando a uma instalação de saúde a predispor-se ao atendimento antes da chegada do paciente às instalações, preparando-se com antecipação. Menor índice de perdas no uso de materiais, pelo preparo e qualidade dos materiais usados. Pode ocorrer, por exemplo, na aplicação de novos materiais à base de nanotecnologia, para químicos e em construção pesada. Maior flexibilidade do trabalhador, ao poder se integrar a equi- pes de trabalho diferentes, como professores de disciplinas-con- ceito em instituições de ensino, em que o professor é mais um motivador, e o aluno tem, entre suas atribuições, de gerenciar o seu próprio método de aprendizado. 187UNIDADE VII São situações, entre muitas a serem citadas, que ilustram como os novos ambientes de trabalho e competição setorial implicam dinâmicas diver- sas, exigindo trabalhadores com mais preparo em áreas, até o momento, não completamente discutidas ou delimitadas, com alta inserção de tecnologia e com a consequente eliminação de postos ou configurações de trabalho. Torna-se importante avaliar que tais novos cenários geram, potencialmente, novas requisições para que o gestor de pessoas atue - são novos indi- cadores, potenciais conflitos, divergências, vanta- gens a serem obtidas, relacionamentos e imposição de um novo ambiente de trabalho. A seguir, algu- mas análises desses fatores e suas repercussões. Uma das questões, nos ambientes de alta perfor- mance, a impor sobre a gestão de pessoas, é avaliar se o ambiente - efetivamente - permanece interessante, motivador e oportuno para os colaboradores. Nas unidades anteriores, quando estudamos os funda- mentos do ambiente de trabalho e da formação de culturas setoriais, verificamos que a composição de vários aspectos resulta na proposição e realidade de um ambiente de trabalho. Cabe ao gestor de pessoas avaliar se, na busca da obtenção de novos valores mais agressivos dos indicadores de produtividade, não se perdem tais condições para que o ambiente de trabalho permaneça de agrado e realização para os colaboradores, se as bases que estudamos não são sacrificadas por uma iniciativa de obterem-se, em progressão, novos valores de desempenho. Adicionalmente, há perceptíveis implicações nos ambientes de trabalho pela inserção da au- tomação e de tecnologias, que levam a obter os expressivos resultados de ampliação de competi- tividade e performance. Um dos mais complexos problemas a serem considerados é a completa re- definição de tarefas de trabalho. No caso, pode-se analisar dois casos de automação: • trabalhadores em tarefas finais de linhas de produção; • “caixas” de agências bancárias. Por um lado, consideradas tarefas predominan- temente repetitivas, portanto, com algum grau de possibilidade de adequação a algoritmos e à lógica de trabalho, permite que os processos sejam construídos e, posteriormente, imple- mentados em sistemas automáticos que, ao fi- nal, podem substituir os operadores humanos. Se, por um lado, oferecem oportunidade ao trabalhador para se capacitar a funções mais elaboradas, que poderão surgir neste novo ambiente, por outro lado eliminam as funções operacionais pela introdução da automação. Os eventos que presenciamos com frequên- cia mostram como essas ondas de substituição são incessantes e efetivas. Qualquer um que tenha usado serviços ou percebido a evolução da indústria, nos últimos anos, presenciou a descontinuidade de posições de trabalho em tarefas repetitivas. Atualmente, encaramos novas tendências, como a da robotização, representada, entre outras várias situações, pelos “chatbots” - sistemas de atendimento automático que ten- dem a substituir tarefas finais e repetitivas, em centros de atendimento e instalações, como os “call centers”. Conheça mais sobre os “chatbots” e suas pers- pectivas na oferta de automação para serviços finais de call centers. Disponível em: <https:// marketingdeconteudo.com/chatbots/>. 188 Gerenciando Equipes de Pessoas Finalmente, na análise que pretendemos para este tópico, há de se perceber o impacto expressivo para o gestor de pessoas quando alteram-se os perfis profissionais desejados, assim que postos de trabalho são substituídos por autômatos e novas propostas de rea- lização de tarefas são propostas em um ambiente organizacional mais sofisticado, complexo e de alta competitividade. Ao proporem-se novos cargos – como vemos atualmente, de analista de dados, minerador de dados, profissionais de inteligên- cia empresarial, comercial, competitiva e de mercado, analistas de “big data”, programador de sistemas de comando numérico, gestores de processos, analistas de SEO, entre vários outros – te- mos,também, a repercussão de redesenho das estruturas onde esses trabalhadores atuam, dos seus relacionamentos entre si e com o restante da corporação bem como com os agentes externos – fornecedores e clientes. As novas estruturas e novos perfis de trabalhadores terão, tam- bém, de receber, como parte da inovação no processo de sua gestão: • novas definições de perfil; • novas formas de avaliação, mensuração e controle de suas performances; • novas formas de remuneração, avaliação, premiação e reco- nhecimento, em um ambiente de alta mobilidade; • novos relacionamentos nos modelos de negócios, das suas estruturas de chefia, controle e gestão; • novos indicadores de produtividade, uma vez que todo o seu cenário de trabalho modifica-se intensamente. As novas estruturas tendem a ser mais ágeis, porém há, aqui, o confronto cultural, uma vez que, se a empresa pretende inovar nos relacionamentos profissionais e de mercado, haverá de perceber como isso pode implicar também no seu setor. Há, portanto, im- plicações para a formação de ambiente de trabalho e relações de cultura a serem contempladas. O gestor de pessoas, neste contexto, é um profissional que deve compreender o impacto dessas novas frentes tecnológicas, das novas respostas necessitadas por parceiros de negócios, intermediários, financiadores e, finalmente, clientes. Ele, ainda, deve dominar como são as decisões no sentido de construir os novos ambientes de tra- balho de alta performance e a sua convivência com os aspectos culturais que tanto impactam o trabalho e desempenho de empresas no segmento competitivo. 189UNIDADE VII O relacionamento entre grupos e equipes torna-se perceptível quando nos lembramos que a organi- zação é um extrato, um subconjunto do contexto social. Uma empresa, uma organização sem fins lucrativos e uma instituição pública são grupos sociais organizados que representam, segundo uma determinada necessidade ou orientação, um recorte ou subconjunto da sociedade. Já as equipes são formadas com o desígnio de empreender um trabalho ou tarefa, atender a uma demanda estratégica de uma empresa, sendo geren- ciada de maneira consistente e otimizada pelos diri- gentes empresariais. Chama-se a atenção para o fato de ser inserida em um objetivo estratégico, com de- limitações definidas, que deve apresentar resultados num período de tempo, retornando investimentos feitos. Claro, o componente essencial da equipe são as pessoas, e aqui reside o objeto de nosso estudo - com- preender como as equipes serão propostas, formadas e geridas pelos gestores específicos, com a dedicada e essencialatuação do gestor de pessoas. Chiavenato (2015) chama-nos a atenção para vários pontos da formação de equipes e seu rela- cionamento com os fatores de gestão - que já dis- cutimos e que necessitam ser repensados neste momento: Gerenciar Equipes de Trabalho: Remunerar e Liderar 190 Gerenciando Equipes de Pessoas • a equipe poderá seguir várias lideranças, simultaneamente, e em atendimento com- partilhado às demandas dos líderes - há gestores de equipes, de empresa, inspira- dores, entre outros; • idealmente, a equipe compartilha respon- sabilidades via comunicação intensiva e disseminação de gerenciamento. A estru- tura matricial inspira-nos a compreender este compartilhamento de tarefas e de res- ponsabilidades; • há necessidade especial de alinhar os obje- tivos da equipe e daqueles que são dispos- tos para a organização, propostos em seus planos estratégicos; • o produto da equipe é coletivo, sendo titu- lado dessa forma. Aí reside um desafio, o qual é o tema adicional deste tópico: Como remunerar os trabalhadores de uma equi- pe? Como reconhecer os objetivos coleti- vos e os relacionar à produção? • a comunicação das equipes caracteriza-se pela intensidade, interação e abertura; • pretende-se que a mensuração de resul- tados da equipe seja coletiva e que, diante dos objetivos propostos coletivamente, possamos comparar os resultados. Este é um fator diretamente relacionado ao reco- nhecimento e às avaliações, fatores prepon- derantes para a remuneração e premiações; • o diálogo coletivo das equipes destina-se a decidir, coletivamente, e, se possível, com autonomia. O mesmo autor ainda aborda as questões refe- rentes à formação das equipes de trabalho, cujos relacionamentos definem-se em função de repu- tação, respeito, diálogo e objetivos definidos. Essa formação é crítica, essencial, pois, bem formada a equipe, teremos condições de desenvolver os trabalhos subsequentes com confiança e dinâmi- cas possíveis, com boas expectativas na obtenção de resultados progressivos, de alcance das metas corporativas, dispostas em seus acordos, suas ne- gociações e seu planejamento estratégicos. Os aspectos de liderança também precisam ser reavaliados ao determinar que o líder irá apoiar-se nos aspectos sociais, na responsabil- idade do autogerenciamento, das perspectivas de alcance de objetivos estratégicos por um time, da eventual sensação de perda de relevân- cia por parte de um colaborador e ao pressentir que está sendo reconhecido como um membro da equipe de trabalho. Costa (2017, p. 211) afirma, de maneira mar- cante, que “toda equipe é um grupo, mas nem todo grupo é uma equipe”. Nesta afirmação, a autora baseia sua discussão em considerar que as equipes assemelham-se e adotam perfis de agrupamentos sociais, de grupos de profissionais que, acima de tudo, são pessoas e atores sociais. Porém, alter- nativamente, os grupos não são imediatamente equipes. Os grupos, pelo que já mencionamos, são agrupamentos sociais com menor grau de comprometimento, objetivos mais amplos, vastos, eventualmente dissociados de uma gestão imedi- ata ou precisa de tempo e alocação de recursos. Aliando-se estas referências, Chiavenato (2015) e Costa (2017), temos uma consideração inicial quanto à eventual mensuração de resul- tados, com o objetivo de discutir questões de re- muneração das equipes. Podemos definir alguns pontos principais para avaliar o desempenho das equipes, com o intuito de promover um estudo que propicie eventuais reconhecimentos de de- sempenho para a remuneração dos colaboradores: 191UNIDADE VII • o esforço, nas equipes, é coletivo; • a responsabilidade pelos resultados, por- tanto, é também de todos; • as metas, definidas, a partir do planejamen- to estratégico empresarial, são definidas para todos, e não para um trabalhador específico; • eventuais aptidões e especificidades po- dem se perder, em virtude de gerencia- mentos pouco dinâmicos e conscientes do trabalho em equipe; • a unidade equipe deve ser empoderada com autonomia, isto é, os colaboradores necessitam ter poder de decisão próprio; • a liderança para as equipes é compartilhada; • a equipe pode demonstrar e desenvolver relacionamentos de solidez e coesão, que devem ser compreendidos pelos gestores. É oportuno notar que podem ser enunciados al- guns pontos a avaliar para a composição da re- muneração da equipe: Deve ser considerado que as regras e definições gerais de sistema de remuneração da empresa devem ser reavaliados em função da organiza- ção das equipes: há algo diferente, em termos de mérito, para os integrantes das equipes? Os resultados são, realmente, compartilhados? O reconhecimento é igual para todos os colabo- radores? A equipe é, realmente, vista como um agrupamento coeso? e, finalmente, acredita-se, verdadeiramente, que os colaboradores aceitam o tratamento coletivo? Podemos usar os resultados da avaliação (a ser detalhada no próximo tópico) do grupo para dividir e distribuir os fatores de acréscimo e premiação a todos os colaboradores da equipe. O resultado comum deve ser precisamente reconhecido pela empresa como um produto de equipe. Como ocorre o retorno, a revisão deste proces- so de reconhecimento: ao se prover toda a ava- liação da equipe, temos condição de perceber eventuais desacertos de ambiente de trabalho - insatisfações, incompreensão, quebra de clima de equipe? 192 Gerenciando Equipes de Pessoas Diante de tais fatos, o gestor de pessoas deverá negociar, como falamos no tópico específico de remuneração, os eventuais fatores necessários a determinar a remuneração final dos membros da equipe. Há de se compreender que as formações das equipes devem ocorrer dentro de um panorama de gestão financeira e de pessoas para a empresa. Com isto, expomos, aqui, uma decisão que deve ser tomada, prioritariamente, à formação das equipes de trabalho: as equipes serão reconhecidas como agrupamentos de colaboradores (e, desta forma, recebendo remunerações e reconhecimentos como tal, dentro do escopo definido pelos métodos já em uso para todos os colaboradores) ou agrupamentos especiais, envolvendo, até mes- mo, riscos em eventuais falhas, desta forma, sendo elegíveis para sistemas de remuneração diferenciados, que levem em contexto os pontos ressaltados anteriormente? Essa decisão, portanto, precede à delegação das equipes. A liderança de equipes realiza-se sob o prisma de considerar a força de coesão de equipes. A literatura convida-nos sempre às reflexões sobre ser esta uma liderança compartilhada. Contudo o que nos indica essa nova forma de liderar? Vejamos alguns pontos a seguir. Em primeiro lugar, há líderes setoriais, empresariais, como vimos nos tópicos específicos para a discussão do exercício dessas funções. Aqui, esses líderes convivem com os líderes situacionais da equipe, com os colaboradores que demonstrarem, nas ações dos grupos, a liderança na solução de um problema, na entrega de um determina- do produto ou artefato aos clientes finais e assim por diante. Num exemplo prático, pensemos numa empresa de marketing digital que forma uma equipe de trabalho com colaboradores formados em Comunicação, Ciência da Computação, Adminis- tração e Design. Estes profissionais integram uma equipe que terá, neste caso hipotético, a atribuição de atender às manutenções e às revisões de uma plataforma de software de um cliente final - uma grande corporação do setor automotivo - inclusive, definindo novas formas de usar os softwares, por meio de aplicativos em dispositivos móveis. 193UNIDADE VII Durante o processo de adequação das plataformas, ocorrem várias instâncias de necessidade de interação: problemas técnicos e de mercado aparecem - como adequações dos códigos, interfaces e respostas dos sistemas aos padrões exigidos pelo cliente final - tam- bém de alocação de recursos, como computadores, sistemas, pessoas, profissionais técnicos e de relacionamento, recursos financeiros e tempo/prazos para odesenvolvimento. A liderança situacional, ou seja, aquela que é executada por um membro da equipe em função de uma situação (demanda específica), conduz o processo, resolve os problemas e promove a interação esperada com o cliente final, trazendo os resultados esperados. Desse exemplo, podemos avaliar outras situações para o exercício da liderança, numa espécie de “rodízio” para essa equipe, tal como a comunicação entre este líder situacional e a direção da empresa - os líderes formais, que são definidos e atuam como nos casos que discutimos anteriormente. Essa comunicação deve ter fundamentos bem definidos para não passarem a imagem de intervenções, algo que poderia parecer a todos como sendo uma situação extrema, que afetaria o ambiente do grupo e do seu desempenho no atendimento de uma demanda de cliente final, aparentando uma situação de hier- arquia. Essa condição não está rigorosamente alinhada às percepções de trabalho de equipes, tornando-se uma condição inesperada e, eventualmente, indesejável de se ter um relacionamento hierárquico que ultrapasse o escopo da definição da equipe que foi elaborada. Por último, a existência da liderança compartilhada demanda a existência de um “espírito” ou clima no ambiente interno da equipe, que promova compreensão de todos para uma eventual ação que demande a existência deste líder e seu desempenho frente a um problema real ou tomada de decisão que se faça necessário. A exem- plo da situação de “hierarquia imposta” do parágrafo anterior, aqui não se pode ter a noção indesejável de “tomada de poder”, havendo necessidade de compreensão mútua, dos membros da equipe, para aquele exercício de liderança. Com esta discussão inicial, sobre a liderança nas equipes, avaliamos dois pontos fundamentais para sua gestão: avaliações e premiações. 194 Gerenciando Equipes de Pessoas Inicialmente, devemos pensar no tipo de equipe que foi constituída para definirmos, em anda- mento, como avaliar e premiar os colaboradores, diante das várias ações previstas. Robbins (2005, p. 211 - 216) instrui-nos a al- guns tipos diversos, a saber: • Equipes de soluções de problemas - montadas e geridas com a finalidade de atuar sobre um problema ou problemas específicos. Exemplo: revisar e implemen- tar nova política de cargos e salários para a empresa. Uma equipe como esta incluiria gestores, técnicos e administradores de pessoas, além de profissionais especialistas. • Equipes autogerenciadas - modelo deri- vado das concepções do “Toyotismo”, em referência às equipes de trabalho compos- tas pela montadora, estas equipes coorde- nam, entre si, a realização de trabalhos, idealmente sem interferência superior, com alto grau de autonomia. Dentro de seu escopo de ações, além do contexto téc- nico, há a alta demanda de poder decisório, delegações e consistência na realização de trabalhos entre várias equipes que se au- to-coordenam. Avaliar e Premiar Equipes de Trabalho 195UNIDADE VII • Equipes multifuncionais - compostas de profissionais de áreas diversas que ob- jetivam atuar em problemas multidisci- plinares, que demandem várias fontes de informação, conhecimento e experiências conceituais. Por exemplo, uma equipe que avalie a disseminação de políticas de cons- cientização de riscos sociais em equipes de construção pesada, que atuarão em obra de grande porte, localizada em região confli- tuosa ou de risco iminente. • Equipes virtuais - compostas por profis- sionais que atuam em sedes físicas de em- presas, e seus colegas que atuam em regime de teletrabalho, adotadas, atualmente, entre outros, nos mercados financeiros e de tec- nologia da informação. Discutiremos mais sobre esta modalidade no tópico seguinte, que encerra esta unidade. Na visão de Chiavenato (2015), vemos, ainda, as Equipes de projetos, que lidam com projetos es- pecíficos, destinadas a entregar o resultado des- se projeto aos clientes finais (por exemplo, em construção especial, indústria de alta tecnologia, entre outras); Equipes de melhoria de processos voltadas para o estudo de um processo em uso na empresa, na atualidade, e sua otimização em ter- mos de tempo e demais recursos; e as Forças-ta- refa cujo exemplo inegável vem do nosso sistema judiciário e policial, que atua com a composição de equipes de policiais e oficiais de segurança, aderidas de delegados e juízes, que compõem um conjunto voltado para o combate de práticas cri- minosas em determinados contextos. Para esses contextos, discutimos, a seguir, alternativas de métodos de avaliação e pre- miação. Para avaliar as equipes, os instrumen- tos recomendados para as avaliações individuais devem ser repensados e revisados, para a apli- cação e retorno de indicadores efetivos de análise do desempenho das equipes. Assim sendo, dis- cutem-se, a seguir, alguns pontos essenciais para essas avaliações: • Para que se defina o alcance dos objetivos, tais metas devem ser enunciadas como vi- sões de resultados a serem obtidos pelas equipes como um todo. Portanto, dian- te do enunciado global para a equipe, os acordos e as eventuais delegações internas à equipe - note que podem tomar várias formas - devem possibilitar que as metas sejam, efetivamente, compreendidas como gerais, de todos. A avaliação mais simples é averiguar se essas metas foram alcançadas. • Adicionalmente, avaliar como as metas foram alcançadas: como se deu o uso de recursos - tempo, dinheiro, recursos mate- riais, intangíveis - como relacionamentos, marca, informação e conhecimento - pela equipe, para o alcance das metas. • Verificar a produção final, em termos das expectativas de atendimento de metas gerais estabelecidas: o produto da equipe atendeu, em fatores e qualidade, ao que se esperava quando das delegações? • Internamente, devem ser avaliadas as “ne- cessidades humanas”, se os colaboradores que são membros das equipes tiveram atendidos seus anseios, se consideram res- peitados, remunerados e motivados. • Uma forma final de avaliação dos traba- lhos das equipes é verificar a composição de experiências, de resultados, que possam ser aplicados futuramente - a geração de “boas práticas” -, resultando em efetiva contribuição para os cenários futuros da empresa. Convidamos você a pensar se seria possível aplicar a “Avaliação 360°”, já enunciado em outra unidade deste livro, em ambiente de equipe de trabalho. 196 Gerenciando Equipes de Pessoas Seria desafiador, não? Mas vamos considerar que: • haja preparo empresarial para considerar os resultados ge- rados como obtidos pela equipe, e não por pessoas isolada- mente; • o relacionamento também se dá com toda a equipe; • as lideranças são compartilhadas; • poderá existir grau relevante de autonomia da equipe, che- gando mesmo à autonomia completa. Desta forma, verificamos que é possível aplicar um método tradi- cional de avaliação de profissionais, ou mesmo de grupos, para o trabalho em equipes, cabendo ao gestor de pessoas elaborar as revi- sões dos métodos para que estes possam ser aplicados, efetivamente, e com os resultados desejados. Finalizando este tópico, temos a abordagem das premiações da equipe. Como dito em toda esta unidade, uma decisão que precede a esse processo é a consideração de nível de autonomia e independên- cia da equipe, definida pela empresa no início dos trabalhos, como um ponto ou aspecto fundamental de sua atuação. Um fator que poderá ser usado para a premiação é proceder às avaliações internas do grupo, para avaliar o papel de líderes situa- cionais e de solução dos problemas enfrentados, com o objetivo de verificar que há atuações diferentes dentro das equipes, passíveis de reconhecimento também diferenciado. É claro que se torna fator críti- co e eventual complicador de avaliação dos trabalhos gerais da equipe, podendo confrontar a concepção de equipe propriamente dita. Outro fator diz respeito à concessão de benefícios. O exemplo mais evidente é o de premiações financeiras. Neste caso, claramente,há um contexto delicado em não se optar pela concessão de benefício idêntico a todos os trabalhadores integrantes da equipe. Em casos práticos já testemunhados por Chiavenato (2015), os níveis hierárquicos ocupa- dos pelos trabalhadores, antes da sua delegação para a equipe, foram considerados para concessão de maior ou menor valor, em escalas diferenciadas, que se fundamentavam naqueles níveis para premiar, financeiramente, os colaboradores integrantes. 197UNIDADE VII É fator de reconhecido risco recomendar ao nosso gestor de pes- soas em formação que negocie e explicite essas determinações como ponto básico do lançamento, do início dos trabalhos das equipes. Chiavenato (2015, p. 309) reforça essa necessidade quando avalia condições de negociações com as equipes, definindo, como uma das alternativas, a oportunidade de se ter “regras básicas” fundamentadas em alinhamento ao que aqui pretendemos com as definições iniciais. Finalizando esta objetiva abordagem, deve-se, ainda, lembrar que há premiações intangíveis, indiretas, também efetivas. Se no caso de profissionais, estudados isoladamente, tínhamos a designação de premiações intangíveis - como viagens, reconhecimentos, eventos etc. - aqui também podem ser projetados e executados meios de premiação coletiva. Por exemplo, a concessão de um treinamento para o grupo envolvido na execução de uma determinada tare- fa, tornando-os aptos ou lhes expondo a uma nova tecnologia ou benefício, em que se tornarão pioneiros na empresa. Num caso prático, derivado da afirmação anterior, temos o caso de um grupo que, ao responder às necessidades de uma empresa em termos de implantação de um novo sistema de logística, alcança as metas, e o sistema entra em funcionamento, como pretendido e planejado pela empresa. Desta forma, a empresa procura premiar os colaboradores envolvidos com um curso em tecnologia de ponta em gestão de suprimentos, a ser realizado no exterior. Claro, de posse desse conhecimento, essa equipe poderá dispor novas perspectivas de resultados para a empresa ao possibilitar a aplicação dessa nova tecnologia em soluções práticas e, finalmente, em correspondên- cia, ganhar coesão na realização de um programa de treinamento distante, uma experiência a ser considerada pelos colaboradores por vários anos adiante. Discutidos alguns aspectos de atuação das equipes de trabalho, avaliemos, na conclusão desta unidade, quais são algumas das perspectivas de trabalho adiante, na aplicação de equipes, como respostas a situações organizacionais, uma moderna demanda e atuação para o gestor de pessoas. 198 Gerenciando Equipes de Pessoas Claro, no moderno contexto da gestão de pessoas, não poderíamos conceber que a atuação em equi- pes ficaria estanque num modelo pré-concebido e que retrataria o seu funcionamento em orga- nizações tradicionais. Em vez disto, hoje, verifi- camos que a configuração de equipes é um tipo de atuação que impulsiona modelos de negócios corporativos em todo o mundo e busca novos e agressivos resultados. Como vimos, autores, como Chiavenato (2015) e Robbins (2005), entre muitos outros, abordam a virtualização de times de trabalho. Podemos conceituar esses times virtuais como grupos de trabalhadores que não se localizam fixamente em sedes de empresas, em locais restritos para realização de seus trabalhos. Aqui, adicionamos o fato de lidarmos com a configuração de uma ou várias equipes que “se conectam”, atuando com mobilidade e independência, com forte aplicação de tecnologias - muitas delas bastante triviais nos dias de hoje, como base de sistemas móveis (tablets, smartphones e seus aplicativos) - e definições de métodos e processos para sua atuação. Tendências no Trabalho em Equipe 199UNIDADE VII Há vários setores onde tais práticas constituem-se em oferta real, nos dias de hoje. Na Educação, por exemplo, instrutores atuam em conjunto, via aulas pela Internet para atender a turmas em curso de temas específicos. Esses professores/instrutores po- dem agir em trabalhos específicos ou em paralelo, conforme o planejamento para sua atuação. Em instalações de saúde, temos também a possibilida- de de interação de médicos especialistas, em adição aos profissionais que executam suas funções fixas - por exemplo, cirurgiões de ortopedia em comple- mentação a clínicos gerais de atendimento emer- gencial - para a avaliação de situações de pacientes e tomadas de decisão quanto aos tratamentos. É importante notar que essas modalidades de grupos virtuais vêm avançando agressivamente, com aumento de uso e difusão crescente, tornan- do-se efetiva a forma de trabalho a ser verificada pelos profissionais. Estudantes de áreas como Saúde, Finanças, Engenharia, Direito, Comuni- cação, Design, entre várias outras, atualmente, já devem considerar essa modalidade de integração até mesmo como uma vantagem, pois lhes provê flexibilidade de entrada em mercados de trabalho, inclusive noutras áreas e no exterior, aumentando suas possibilidades de atuação. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 200 Gerenciando Equipes de Pessoas Outras modalidades de atuação em equipes, na atualidade, são derivadas de modelos e oportuni- dades de negócios. Uma das mais bem sucedidas é a modalidade de processos de incubação e ace- leração de startups corporativas. Chamamos de startups a empresas de configuração mínima, com foco bem definido, que, apoiadas por tecnologias e estruturas inovadoras, buscam resolver proble- mas específicos do mercado, de maneira objetiva e pontual. Esses modelos de pequenas e ágeis orga- nizações multiplicam-se em todo o mundo, vários deles competindo entre si em setores, como de tecnologia da informação, de saúde e de finanças. Adicionalmente às suas proposições, as start- ups são apoiadas por programas de pré-incubação (educacionais em termos de empreendedorismo), de incubação (estruturação inicial das empresas) e de aceleração (obtenção dos primeiros resultados efetivamente competitivos). Temos exemplos de programas iniciados, no Brasil, por universidades, centros de pesquisa, governos de municípios, dos estados, da Federação e de instituições e sindicatos patronais e setoriais, alguns contando com dezenas de projetos em seus processos de seleção progressiva. Na modalidade corporativa, o que se quer de uma startup é que ela haja como um time de alta performance, que buscará a solução de um proble- ma pontual de uma empresa. Tipicamente, é consti- tuída por atuais ou ex-funcionários, colaboradores de seus agentes de negócios (distribuidores, reven- das, fornecedores etc.) e, até mesmo, de clientes que, sob coordenação da empresa, atuarão como empresa - ou equipe - separada. Ao final de um período, essa startup pode ser aderida ao conjunto formal de ações da empresa, sendo absorvida, ou contratada, ou, finalmente, em caso de quebra completa de atuação, de impossibi- lidade de sucesso no seu objetivo, encerramento de suas atividades. Aqui, a equipe de trabalho, focada e montada com o objetivo previsto de resolver um problema, poderá se tornar, ao final, uma empresa associada à empresa que a criou. Isto é, a equipe de alta performance foi, finalmente, aderida à em- presa-sede, numa situação de sucesso, passando a oferecer a solução de problema que a criou como uma alternativa da própria empresa maior. Um caso em aparente caminho oposto, mas que se encontra na mesma filosofia da equipe da empresa maior, é o de se realizar a separação de uma unidade empresarial, focada na solução de um problema. A essa alternativa chamamos de “spin-off ” empresarial. Uma empresa de pesquisas de mercado, por exemplo, teve uma de suas unidades, a de pesquisas ligadas ao setor de supermercados, considerada como bem-sucedida, ao responder por uma sólida evolução de faturamento e crescimento, até mesmo, alcançando níveis consistentes de autonomia. Os sócios da empresa decidiram,portanto, criar uma nova empresa, separada da estrutura original, em que se tornaram sócios dos colaboradores, para executar essa tarefa específica. Portanto, uma nova equipe de alta performance tornou-se, ao final, uma nova empresa, com objetivo específico, de realizar pesquisas para aquele setor-cliente final. Com estes três casos atuais - virtualização de times, startups e spin-offs - chamamos a atenção para as rápidas mudanças e perspectivas inerentes ao surgimento e à ação de equipes de trabalho, em especial as de alta performance. São grupos que, eventualmente, podem se tornar empresas de relevância para os proprietários e investidores, na atualidade. Vários são os aspectos que demandam a apre- ciação dos gestores de pessoas nestes novos con- textos - qualidade de produção, comunicações, integração efetiva ao que as empresas de maior porte pretendem, sustentabilidade estratégica de suas ações, ciclos de vida, legislação, entre outros -, mas tais fatores são inerentes às inovações que representam, são inegáveis sinais de mudanças, onde a gestão de pessoas tem papel preponderante. 201 1. Sobre o relacionamento entre grupos e equipes, temos as seguintes afirmações: I) Uma empresa caracteriza-se por apenas ter grupos, não equipes. II) Equipes são frequentes em empresas, grupos só se formam fora. III) Grupos sociais podem originar equipes de trabalho. IV) Equipes de trabalho podem ser conceituadas como grupos especiais. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas III e IV estão corretas. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 2. Equipes de trabalho podem se formar em virtude de(a): Assinale a opção que melhor completa a frase. a) Determinação única da chefia. b) Um projeto específico, de interesse estratégico da empresa. c) Reação a uma invasão de mercado por um concorrente. d) Uma forma absolutamente autônoma, sem controle externo. e) Determinação da legislação vigente. 3. São bons tipos de equipes de alta performance, exceto: a) Equipes de atendimento a elevadas demandas estratégicas. b) Existência de tecnologia emergente, que possibilite nova forma de trabalho. c) Integração da equipe em rede. d) Desejo da alta chefia da empresa de exibir índices maiores de performance para autopromoção. e) Necessidade de inovar por pressão de mercado. 202 17 princípios do trabalho em equipe Autor: John Maxwell Editora: Vida Melhor Sinopse: o autor faz uma análise de melhores práticas (a que denomina “17 princípios”) para a atuação de colaboradores em equipes de trabalho, em ge- ral, bem como para sua gestão. É um texto aplicável ao estudo e à prática de implementação e gestão de equipes de trabalho em geral. LIVRO 203 CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: transformando o executivo num excelente gestor de pessoas. Barueri: Ed. Manole, 2015. COSTA, W. S. Gestão de pessoas e desenvolvimento de equipes. Maringá: Unicesumar, 2017. OLIVEIRA, L. R. O que são chatbots. Marketing de conteúdo, 2017. Disponível em: <https://marketingde- conteudo.com/chatbots/>. Acesso em: 26 jan. 2018. PINEL, M. F. L. Teletrabalhador: Conceituação do teletrabalho. Teletrabalhador, 2012. Disponível em: <http:// www.teletrabalhador.com/conceituacao.html>. Acesso em: 26 jan. 2018. ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. São Paulo: Ed. Pearson Prentice Hall, 2005. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: <http://www.businessdictionary.com/definition/productivity.html>. Acesso em: 26 jan. 2018. 204 1. c) Pois grupos podem originar equipes e equipes, por este motivo, podem ser consideradas grupos específicos. 2. b) Que caracteriza um bom motivo para se ter uma equipe formada e competitiva num determinado projeto. 3. d) Pois autopromoção de gestores não é um motivo de ordem estratégica para uma equipe de alta perfor- mance. 205 206 Button 1:
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