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TITULO DA DISCIPLINA: SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE EDIÇÃO Nº 1 – 2017 ENG. EDUARDO IORGOF ROCHA APRESENTAÇÃO O conceito de qualidade vem se desenvolvendo ao longo do tempo e na atualidade tomou proporções pouco imagináveis em meados do século XX. Qualidade hoje não só tem a ver com o produto, mas com o atendimento, com as expectativas geradas e com uma concorrência de nível global. Para o pessoal da indústria é tema diário, não importando em qual setor trabalhe. Somente estes pontos já demonstram a importância do assunto. Neste livro, vamos buscar compreender melhor o conceito de gestão da qualidade que é tão relevante quanto. Existe uma brincadeira na qual se diz “a qualidade não é espontânea” ela deve ser gerida para que possamos obtê-la. Isso faz com que as empresas passem por profundas transformações, inclusive na forma de serem administradas. O primeiro capítulo trata a cultura da mudança, um assunto também recente, porém, bem presente em nosso dia a dia. Mudanças que antes aconteciam uma vez em cada dez anos, hoje podem acontecer duas vezes por dia. No bojo desta situação entramos um problema, que qualquer um que trate a qualidade vai encontrar pela frente mais cedo ou mais tarde. Trata-se da resistência à mudança. Outro ponto bem importante é a própria evolução do conceito de qualidade também abordado nesse capítulo. Processos, ferramentas e métodos, é disso que tratamos no segundo capítulo. São métodos usados pela gestão da qualidade. Assunto realmente interessante que também faz parte do dia a dia nas empresas. Fala-se sobre algumas normas como a ISO 9000, que é a mais conhecida, a ISO14000, OHSAS 18000 entre outras. O ciclo PDCA, FMEA e o CEP como exemplo de algumas ferramentas. No capítulo de número 3 apresentamos algumas técnicas gerenciais de melhoria contínua. Na sequência apresenta-se como as normas são organizadas hierarquicamente. Concluímos com o quarto capítulo que trata exclusivamente da ISO 9000. A situação das empresas aqui no Brasil, conforme o IMETRO, motivações, vantagens, dificuldades, apresentamos uma receita para sua implantação, como contratar uma consultoria finalmente como contratar uma certificadora, segundo IMETRO, também. Esperto que tenha um bom proveito. Sumário CAPITULO 1 -‐ Fundamentos ....................................................................................... 8 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8 1.1. Mudança de cultura ...................................................................................... 9 1.2. Resistências ................................................................................................. 14 1.3. Fatores de Resistência ................................................................................ 16 1.4. Fontes individuais ....................................................................................... 17 1.5. Fontes organizacionais ................................................................................ 18 1.6. Processos de mudanças .............................................................................. 20 1.7. Fundamentos .............................................................................................. 24 1.7.1. Evolução do conceito ................................................................................. 24 1.7.2. Os Pensadores da Qualidade ...................................................................... 25 1.7.2.1. Dr. W. Edwards Deming .......................................................................... 25 1.7.2.2. Joseph Juran ............................................................................................ 27 1.7.2.3. Armand FEIGENBAUM ............................................................................. 29 1.7.2.4. Phillip CROSBY ......................................................................................... 29 1.7.2.5. David GARVIN .......................................................................................... 29 1.7.3. Princípios e objetivos TQC, TQM e PNQ ..................................................... 31 1.7.3.1. TQC ou Total Quality Control .................................................................. 31 1.7.3.2. TQm ou Total Quality Management ........................................................ 34 1.7.3.3. PNQ -‐ Prêmio Nacional da Qualidade ..................................................... 34 1.7.4. ISO 9001, GMP e ONA ................................................................................ 35 1.7.4.1. Good Manufacturing Practice (GMP) ...................................................... 38 1.7.4.2. A ONA ...................................................................................................... 38 1.8. Exercícios .................................................................................................... 40 CAPITULO 2 -‐ Processos, ferramentas e Métodos ................................................... 43 2. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 43 2.1. Processos .................................................................................................... 44 2.1.1. sistema de gerenciamento da qualidade ................................................... 44 2.1.2. Sistemas De gestão .................................................................................... 46 2.1.2.1. Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ; ................................................. 46 2.1.2.2. Sistema de Gestão Ambiental -‐ SGA ........................................................ 47 2.1.2.3. Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho – SGSST. ............ 48 2.1.2.4. Responsabilidade social (ISO 26000 e SA8000) ....................................... 48 2.2. Ferramentas e métodos .............................................................................. 50 2.2.1. Ciclo PDCA e MASF ..................................................................................... 50 2.2.2. FMEA e FTA ................................................................................................ 54 2.2.3. CEP -‐ Controle Estatístico do Processo ....................................................... 56 2.3. Exercícios .................................................................................................... 57 CAPITULO 3 -‐ Conceito ............................................................................................. 59 3. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 59 3.1. Técnicas gerenciais de melhoria contínua .................................................. 60 3.1.1. Kanban ....................................................................................................... 60 3.1.2. JIT (Just-‐in-‐time) .........................................................................................61 3.1.3. Jidoka ou autonomação ............................................................................. 64 3.1.4. Kaizen ......................................................................................................... 65 3.1.5. PULL FLOW ................................................................................................. 68 5.1.1. Lean Manufacturing ou produção enchuta ................................................ 69 3.1.6. Filosofia POKA Yoki ou Zero Quality Control .............................................. 72 3.1.7. TPM -‐ Total Productive Management ........................................................ 73 3.1.8. Sistema Andon ........................................................................................... 76 3.2. Normas técnicas ......................................................................................... 79 3.2.1. Classificação e tipos ................................................................................... 79 3.2.1.1. Normalização .......................................................................................... 79 3.3. Exercícios .................................................................................................... 85 CAPITULO 4 -‐ ISO 9000 ............................................................................................. 87 4. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 87 4.1. Situação do Brasil ........................................................................................ 88 4.2. O que leva uma empresa a buscar a certificação da ISO 9000 ................... 94 4.3. Benefícios .................................................................................................... 95 4.4. Dificuldades ................................................................................................ 96 4.5. Planejamento, Implantação e manutenção ................................................ 97 4.6. Consultorias & Certificadoras ................................................................... 107 4.7. Exercícios .................................................................................................. 114 ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 -‐ FAZES DO PROCESSO DE MUDANÇAS – ADAPTADO (HAYES, 2002) .......................................................... 22 FIGURA 2 -‐ CICLO PDCA -‐ FONTE: ADAPTADO BIBLIOTECA SEBRAE ........................................................................ 50 FIGURA 3 -‐ PROCESSO DE MELHORIA CONTÍNUA SEGUNDO SHIBA ET. AL. (1993) FONTE: (CARPINETTI, 03/2012) ............ 51 FIGURA 4 -‐ ETAPAS DO MASF -‐ FONTE: (CARPINETTI, 03/2012) ............................................................................ 53 FIGURA 5 -‐ MÉTODO KANBAN E SUPERMERCADOS -‐ FONTE BLOG DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL ................. 60 FIGURA 6 -‐ MUDA, MURA OU MIRI -‐ FONTE CITISYSTEMS ...................................................................................... 65 FIGURA 7 -‐ KAIZEN -‐ FONTE (KAIZEN INSTITUTE, 2008) ......................................................................................... 68 FIGURA 8 -‐ PRODUÇÃO ENXUTA -‐ FONTE BLOG DO DAVID ...................................................................................... 70 FIGURA 9 -‐ MECANISMO POKA YOKE -‐ FONTE ROI MANAGEMANTS CONSULTANTS .................................................... 73 FIGURA 10 -‐ SINALIZADORES SISTEMA ANDON -‐ FONTE CITISYSTEMS ........................................................................ 76 FIGURA 11 -‐ SISTEMA ANDON -‐ FONTE CITISYSTEMS ............................................................................................. 78 FIGURA 12 -‐ NÍVEIS DE NORMATIZAÇÃO -‐ FONTE (ABNT, S.D.) ............................................................................... 82 FIGURA 12 -‐ NÍVEIS DE NORMATIZAÇÃO -‐ FONTE (ABNT, S.D.) ............................................................................... 86 FIGURA 13 -‐ ADAPTADO DA TABELA 9 ................................................................................................................. 91 FIGURA 14 -‐ ADAPTADO DA TABELA 10 .............................................................................................................. 91 FIGURA 15 -‐ ADAPTADO DA TABELA 11 .............................................................................................................. 91 FIGURA 16 -‐-‐ ADAPTADO DA TABELA 9 ............................................................................................................... 92 FIGURA 17 -‐ ADAPTADO DA TABELA 10 .............................................................................................................. 92 FIGURA 18 -‐ ADAPTADO DA TABELA 11 .............................................................................................................. 92 INDICE DE TABELAS TABELA 1 -‐ FATORES MOTIVADORES FONTE -‐ (SALES & SILVA) .............................................................................. 17 TABELA 2 -‐ TABELA DE TIPOS DE RESISTÊNCIAS -‐ FONTE: (ROBBINS, JUDGE, & SOBRAL, 2010) ................................ 20 TABELA 3 -‐ FALALHA INTERNA E EXTERNA -‐ FONTE: (G O M E S, 2004) ................................................................... 28 TABELA 4 -‐-‐ PREVENÇÃO E INSPEÇÃO -‐ FONTE: (G O M E S, 2004) ........................................................................ 28 TABELA 5 -‐ VERBETES DA QUALIDADE FONTE ADAPTADO DE GARVIN (1987) INTO (G O M E S, 2004) .................... 30 TABELA 6 -‐ PRINCÍPIOS DA QUALIDADE TOTAL – FONTE (CAMARGO, 2011) ............................................................... 33 TABELA 7 -‐ FAMÍLIA ISO 9000 FONTE (MELLO, 01/2012) .................................................................................... 38 TABELA 8 -‐ A EVOLUÇÃO DA TPM. FONTE -‐ (MORAES, 2004) .............................................................................. 74 TABELA 9-‐ HISTÓRICO DE CERTIFICAÇÃO ISO 9000 E 1400 FONTE SITE INMETRO .................................................... 88 TABELA 10 -‐ HISTÓRICO DE CERTIFICAÇÃO ISO 9000 FONTE SITE INMETRO ............................................................ 89 TABELA 11 -‐ HISTÓRICO DE CERTIFICAÇÃO ISO 14000 FONTE SITE INMETRO .........................................................90 TABELA 12 -‐ MOTIVAÇÃO NA BUSCA DA CERTIFICAÇÃO DA ISO 9000 FONTE: (JUNIOR, 2013) ..................................... 94 TABELA 13 -‐ BENEFÍCIOS -‐ FONTE SAMPAIO ET AL. (2012) INTO (JUNIOR, 2013) ...................................................... 95 TABELA 14 -‐ FONTE SAMPAIO ET AL. (2012) INTO (JUNIOR, 2013) ........................................................................ 97 CAPITULO 1 - FUNDAMENTOS 1. INTRODUÇÃO Caro(a) Aluno(a), O livro começa falando sobre mudança e tem uma boa razão para isso. Esse é um tremendo desafio a ser enfrentado pelas empresas que buscam um bom sistema de qualidade que garanta a sua existência em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo. Desejo recomendar uma atenção especial ao tema, pois, muitos, dão pouca atenção a isso e se vêm frustrados em suas realizações. O desenvolvimento técnico e o sucesso da empreitada dependem diretamente da conivência da equipe como um todo. Uma pessoa pode pôr tudo a perder. Conteúdo desta unidade Aqui falaremos sobre a base ou fundamentos da qualidade. Esmiuçaremos, no possível, o tema da mudança. O que se entende por qualidade e a evolução do conceito. Falaremos um pouco sobre os grandes pensadores dos temas e como impactaram em sua evolução. Concluiremos com os princípios e objetivos do TQC, TQM e PQN pincelando o entendimento de algumas normas em seu desfecho. Espero que aproveitem bastante. 1.1. MUDANÇA DE CULTURA Para se falar em qualidade antes é preciso uma pequena contextualização para que se possa entender melhor o processo que as empresas estão passando. Vive-se hoje em um ambiente de profundas e aceleradas mudanças estruturais (política, econômica e social). Esse fato exige das empresas soluções cada vez mais criativas e diferenciadas, elevando-se assim a qualidade de vida das pessoas. As mudanças estão acontecendo tanto na forma de se governar nações como também na estrutura administrativa de todo tipo de organização não governamental. São mudanças de grande envergadura e profundidade, como a descentralização de autoridade, redução dos níveis hierárquicos, estimulo a parcerias e, tudo isso, com foco no cliente, privilegiando a qualidade e a competitividade. As mudanças organizacionais ocorrem no âmbito político-institucional, étnico-econômico e cultural causando grande impacto no dia a dia do profissional. As mudanças são tão profundas que em muitos casos fala-se em mudança de cultura da empresa e acaba se tornando um ponto crítico que deve ser bem entendido, principalmente quando o tema é qualidade. Para que se possa falar em mudança de cultura é necessário definir o que se entende por ela. No dicionário etimológico1 explica-se o seguinte: “Origem da palavra cultura Do latim cultura, culturae, que significa “ação de tratar”, “cultivar” ou “cultivar a mente e os conhecimentos”. Originalmente, a palavra culturae se originou a partir de outro termo latino: colere, que quer dizer “cultivar as plantas” ou “ato de plantar e desenvolver atividades agrícolas”. 1 http://www.dicionarioetimologico.com.br/cultura/ 06/02/2017 14:53 Com o passar do tempo, foi feita uma analogia entre o cuidado na construção e tratamento do plantio, com o desenvolvimento das capacidades intelectuais e educacionais das pessoas. ” A ENDEVOR Brasil2 explica que “A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas internas e externas de uma empresa. ” Isto posto, fica claro entender que os hábitos, crenças, valores éticos e morais e as políticas internas e externas cultivadas ao longo do tempo constituem a cultura de uma empresa. Então, alterar a cultura de uma empresa deve ser entendido como o ato de provocar a alteração em cada um ou em todos os itens foram relacionados, no mesmo artigo a ideia é complementada da seguinte forma: Uma boa cultura pode motivar os funcionários e ajudá-los a crescer junto com o empreendimento, assim como uma cultura “desorganizacional” pode empurrar a empresa e os funcionários para problemas de produtividade e no ambiente de trabalho. ” Costa, 2014 cita abaixo alguns fatores tidos como responsáveis pela consolidação de uma cultura organizacional: • “Traços e valores: Uma cultura organizacional geralmente se inicia a partir dos traços e dos valores dos donos. Estilo de liderança, agilidade na tomada de decisão, centralização ou descentralização de comando, maior ou menor apego a normas e regulamentos, importância dada à hierarquia e à disciplina, todos esses fatores podem ser associados ao caráter do pessoal na linha de comando. • Ambiente cultural de origem: Influência na qual os fundadores se viram inseridos desde sua infância. 2 https://endeavor.org.br/importancia-cultura-organizacional-para-empresa/ 06/02/2017 15:08 Empresas fundadas por imigrantes italianos, chineses, alemães, norte-americanos ou japoneses tendem a apresentar traços culturais distintos, compatíveis com suas culturas nacionais de origem. Mesmo dentro do mesmo país, é possível identificar traços culturais diferentes ao negociarmos com empresários gaúchos, paulistas ou pernambucanos. • Produto, serviço ou negócio: Os produtos de alta tecnologia exigem uma cultura mais competitiva, dinâmica e flexível. A produção em massa pode suportar uma cultura de trabalho duro e estabilidade. O serviço público tem convivido com culturas mais burocráticas e mecanicistas, muito embora essa realidade esteja se transformando. A iniciativa privada pode trabalhar com estruturas mais orgânicas. Os pequenos negócios costumam ser, até certo ponto, centralizados e quase amadores. As grandes corporações devem ser descentralizadas e profissionalizadas. As empresas familiares mantêm forte influência do fundador, as empresas comandadas por acionistas são absolutamente distintas. • Políticas de gestão de pessoas: As políticas de captação, valorização e desenvolvimento de pessoas impactam na manutenção e reforço de uma determinada cultura. Essas políticas definem as características dos indivíduos que serão recrutados, valorizados, desenvolvidos e prestigiados em uma determinada organização. Pessoas que não se adaptam à cultura, ainda que sejam admitidas na organização por uma falha no processo seletivo, dificilmente serão alvo de planos de desenvolvimento específicos, de promoções importantes ou de incentivos financeiros significativos. • Ritos e símbolos: O que e como é festejado e glorificado reforçam os valores que a organização deseja que sejam praticados, lembrados, admirados e perpetuados. Cerimônias de premiação aos funcionários mais antigos (cada vez mais raras) reforçam a fidelidade à empresa como um valor. Fotos do fundador espalhadas pela empresa querem lembrar a todos que os valores imprimidos por ele na criação do negócio ainda são vigentes (geralmente associados a um mito de líderherói). Aplausos, apitos e gritos quando alguém concretiza uma venda (ritual presente em alguns call-centers) indicam que o sucesso ou fracasso de alguém está diretamente ligado à capacidade de venda e que o reconhecimento (ou demérito) será público e notório. Festas de final de ano regadas a refrigerante indicam que a empresa é contra o uso de álcool e drogas. Cerimônias públicas de humilhação a quem não atinge as metas de produtividade (corredor polonês, danças em cima de mesas, piadinhas ofensivas) são um claro sinal de que a empresa tolera assédio moral, desde que as metas sejam batidas. Os fins justificam os meios. O ambiente é competitivo e cruel.• Ambiente físico: Há conforto ou estoicismo? Os móveis são modernos ou clássicos? Há distinção dos espaços ocupados pelos líderes e pela operação? Ou entre o pessoal da área-meio e da área-fim? Os restaurantes e os estacionamentos são segmentados? As portas das salas ficam abertas? Há salas de reuniões? O café é servido em xícaras de porcelana por uma copeira uniformizada, é disponibilizado por uma máquina de café automática ou os funcionários fizeram uma “vaquinha” e adquiriram sua própria cafeteira? Para falar com o gerente é preciso passar pela mesa da secretária (e, obviamente, pelo escrutínio da secretária) ou não é preciso marcar horário? As comunicações são verbais ou por e-mail? Todos têm acesso a computadores? Esses elementos – móveis, acesso à tecnologia, layout das salas, espaços distintos para diferentes níveis hierárquicos – são todos indícios da cultura organizacional. Eles nos dirão se a cultura é mais ou menos informal, participativa, voltada ou não para os avanços tecnológicos, inovadora, criativa ou voltada para a qualidade de vida dos colaboradores. • Dress-code: Como as pessoas se vestem na sua organização? Geralmente associamos terno e gravata e tailleur às culturas mais formais e conservadoras; jeans e calçados esportivos, às culturas informais; uniformes, às culturas fortes; modelitos alternativos, às culturas nas quais a criatividade e a originalidade são os fatores mais importantes. Independentemente da cultura organizacional, há um consenso entre os recrutadores contemporâneos de que perfumes fortes, maquiagem extravagante, saias curtas, decotes, transparências e sandálias masculinas não combinam com nenhum tipo de cultura organizacional, exceto a do show business. • Clima organizacional: Se a cultura organizacional nos diz o modo como as pessoas pensam e como fazem as coisas, o clima nos diz como as pessoas se sentem dentro da empresa. Cultura e clima estão associados. Culturas muito competitivas, focadas prioritariamente em metas e resultados, costumam gerar um clima mais tenso e de pouca cooperação e confiança. Culturas voltadas para as relações humanas podem gerar ambientes descontraídos e de alta sociabilidade e integração entre seus membros. Organizações pautadas pelo formalismo e pela hierarquia ensejam ambientes de pessoas cautelosas, formais e de poucas iniciativas. Empresas cujos donos trabalham lado a lado com suas equipes podem gerar culturas mais participativas. • Localização geográfica: Há relatos de empresas com diferentes traços culturais em suas filiais de cidades litorâneas e do interior do estado. Também há relatos de diferenças culturais entre filiais de cidades muito quentes e de cidades muito frias. O mesmo ocorre em relação a cidades localizadas na fronteira com outros países, cidades turísticas, cidades em relativo isolamento e outras características geográficas e regionais que acabam impactando a cultura da empresa. ” (COSTA, 2014) 1.2. RESISTÊNCIAS Tanto a literatura acadêmica quanto a gerencial tendem a apontar a resistência à mudança - Isto é, qualquer conduta que objetiva manter o status quo em face da pressão para modificá-lo (Zaltman e Duncan, 1977) como uma das principais barreiras à mudança bem-sucedida (Kurtz e Duncan, 1998; Coghlan, 1993). (Hernandez & Caldas, 2001) Por quais motivos a resistência a mudanças ainda é considerada uma das, se não é a principal, barreiras às tão almejadas transformações organizacionais bem-sucedidas? Não dever ser nenhum segredo que empregados descontentes que adotam comportamentos resistentes podem pôr em risco todo o sucesso de um projeto. Por esse e outros motivos, não deve haver escassez de receitas destinadas a superar este tipo de problema. A mudança no contexto organizacional engloba alterações fundamentais no comportamento humano, dos padrões de trabalho e nos valores em resposta a modificações ou antecipando alterações estratégicas, de recursos ou de tecnologia. Considera que a chave para enfrentar com sucesso o processo de mudança é o gerenciamento das pessoas, mantendo alto nível de motivação e evitando desapontamentos. O grande desafio não é mudança tecnológica, mas mudar pessoas e a cultura organizacional, renovando os valores para ganhar vantagem competitiva. (ROSSI, 2000) As mudanças geram questões culturais que afetam o equilíbrio das forças dentro de uma organização (status quo). A resistência é causada na ocasião de ruptura desse equilíbrio. A cultura organizacional é de fundamental importância, pois a resistência pode vir tanto de pessoas (nível individual) como da própria empresa (nível corporativo). “[...] um padrão bastante comum entre as pessoas é que a maioria delas associa mudanças a perdas e quando isso acontece, fica claro por que existe resistência às mudanças. Existe até um componente biológico na resistência. O que o corpo faz quando recebe um transplante de coração? Mesmo que esse coração novo e saudável signifique a diferença entre a vida e a morte o corpo tenta rejeita-lo (ou seja, resistir a essa mudança), optando pela manutenção do coração velho e doente. Se a mudança está associada a perda, as pessoas só a aceitarão se duas coisas forem mostradas a elas: primeiro que haja uma necessidade de mudança (senão a organização poderá morrer); segundo, que haja um ganho para o indivíduo afetado pela mudança. Em outras palavras deve haver um OQEGCI (o que eu ganho com isso), para que o indivíduo seja um apoiador da mudança. ” ECKES apud (ARIENTE, 2005). Kurt Lewin foi que fundamento o conceito de resistência a mudança organizacional. Ele descreve uma organização com um sistema de equilíbrio quase estacionário onde vetores produzem uma resultante quase nula o que mantêm o status quo. Uma mudança produz um desequilíbrio entre as mesmas podendo favorecer um sentido ou outro. Em outras palavras, favorecem a resistência ou a mudança propriamente dita. “As mudanças ocorreriam quando uma das forças superasse a outra em intensidade, deslocando o equilíbrio para um novo patamar. Assim a resistência à mudança seria o resultado da tendência de um indivíduo ou de um grupo a se opor às forças sociais que objetivam conduzir o sistema para um novo patamar de equilíbrio. ” (LEWIN apud (HERNANDEZ, 2001)). 1.3. FATORES DE RESISTÊNCIA O problema da mudança advém da sensação de perda que pode causar e naturalmente as pessoas resistem a ela. Este quadro não é sempre negativo, aspectos positivos também podem emergir da situação. Como a própria mudança, pode assumir que as pessoas vão resistir a ela. O que deve ser questionado é qual o motivo que levas as pessoas a resistir. Veja na Tabela 1 alguns fatores motivadores e seus respectivos autores. AUTOR CARACTERÍSITCAS TOOLE apud (BOYETT & BOYETT, 1999), p.65 33 hipóteses para explicar por que as pessoas resistem às mudanças: homeostase, stare decisis, inércia, satisfação, falta de amadurecimento, medo, interesse pessoal, falta de autoconfiança, choque do futuro, futilidade, falta de conhecimento, natureza humana, ceticismo, rebeldia, genialidade individual versus mediocridade do grupo, ego, pensamento de curto prazo, miopia, sonambulismo, cegueira temporária, fantasia coletiva, condicionamento chauvinista, falácia da exceção, ideologia, Institucionalismo, “A natureza não evolui aos saltos.”, retidão dos poderosos, “Na mudança, não existe maioria”, determinismo, crença na ciência, hábito, despotismo do hábito, insensatez humana. Kotter e Schlesinger apud (HAMPTON, Estudaram inúmeras mudanças empresariais e encontraram quatro causas comuns de resistência: egoísmo provinciano, má 1992), p. 570 compreensão e falta de confiança, avaliações diferentes, baixa tolerância à mudança. Motta apud (MOURA G. G., 2002), p. 40 Aponta alguns fatores que podem levar aresistência à mudança: receio do futuro, recusa ao ônus da transição, acomodação ao status funcional, acomodam-se aos seus direitos e conveniências, receio do passado. (ROBBINS S. P., 2002), p. 533 Identificou as principais fontes para a resistência organizacional: inercia estrutural, foco limitado da mudança, inércia de grupo, ameaça à especialização, ameaça às relações de poder estabelecidas, ameaça das alocações de recursos estabelecidas. Tabela 1 - Fatores motivadores Fonte - (SALES & SILVA) Fatores positivos podem ocorrer da própria resistência: “1. A resistência a mudanças pode possuir papel crucial ao influenciar a organização em direção à estabilidade, podendo ser fator mediador entre necessidade de mudança e estabilidade, evitando o excesso; 2. A resistência pode apontar aspectos de mudança que podem ser inapropriados, mal planejados ou que sejam prejudiciais à organização; 3. A resistência traz um influxo de energia à organização podendo aflorar aspectos motivacionais e energéticos, tão necessários para a implementação de transformações. 4. Propulsiona a busca por métodos alternativos para tentar homogeneizar os conflitos existentes, tornando-se importante fonte de inovação; 5. Funciona como um alerta de perigo da conformidade nas decisões em grupo e enfatiza a necessidade de debates para melhores e mais adequadas soluções. ” (WADDELL E SOHAL apud (CHU, 2003), p.4). 1.4. FONTES INDIVIDUAIS O nível individual é de importância fundamental, pois é nele que se deve levar em conta aquilo que permeia o íntimo dos colaboradores. É o que alguns chamam de subjetividade. Ignorar essa premissa ou, até mesmo transparecer não se preocupar com ela, pode aumentar significativamente a resistência com relação ao que vem de novo ou se quer implantar. Nesse instante começa a ficar claro como pode ser delicado implantar qualquer tipo de alteração funcional. O indivíduo que trabalha 9 horas (8h + 1h de almoço) por dia e está desperto por 12 horas, tem 75% do seu dia dedicado a empresa. Assim sendo, é normal considerar que a empresa seja uma parcela muito importante da vida do trabalhador. Esse espaço contribui significativamente para na construção de sua realidade e acaba se tornando um elemento de grande impacto no imaginário das pessoas. Desta feita, qualquer mudança tem o potencial de afetar significativamente as identidades dos participantes. Afetam a compreensão e a forma com que veem o mundo e a própria organização (VERGARA apud (SALES & SILVA)). A tradição de modelos que tratam de mudanças foca extensivamente na racionalidade deixando de lado a complexidade, a ambiguidade e os paradoxos individuais. Em outras palavras, deixam as emoções de lado, legando-as ao segundo ou até ao terceiro plano. A sincronização da nova realidade com a realidade da pessoa, requer um processo de reconstrução e ajustes que acabará resultando em uma nova visão de si mesmo, propiciando o vislumbre de uma nova realidade em sua percepção de mundo. Expressar sentimentos, manifestar-se e aumentar o grau de compreensão são fundamentais para elaborar melhor seus medos e angústias, adentrando assim em um processo de subjetivação (VERGARA apud (SALES & SILVA)). 1.5. FONTES ORGANIZACIONAIS (SILVA & VERGARA, 2003) Apontam a comunicação como uma ferramenta efetiva para se conter a resistência a mudança. A maior dificuldade é conseguir o devido alinhamento dos participantes para a comunicação, assimilação e consequente compreensão na realização dos objetivos colocados. A falta de alinhamento induz a um desafio ainda maior, pois a ausência de coerência deve dificultar em muito o trabalho. Pode-se trabalhar a cultura através da imposição de valores através da liderança sobre grupos. Dependendo da receptividade, a gestão acaba se tornando mais eficiente para superar esse processo de resistência através do alinhamento de todos ao objetivo buscado. A cultura da empresa é uma variável interna o que torna possível gerenciar, manipular, criar ou até destruí-la. É um atributo da gestão adubar culturas fortes com técnicas eficientes e claras de disseminação de valores muito bem definidos (SCHEIN, 2008.). A cultura deve enaltecer valores nos membros de sua organização e esta influenciará na sua percepção nos processos de mudança. Uma Empresa que valoriza a inovação não deverá encontrar grandes resistências em mudanças para inovar, agora, outra empresa que não cultive o mesmo valor pode não ter a mesma sorte. Veja a Tabela 2 para um resumo dos fatores causadores de resistência tanto individual como organizacional: Fontes individuais Fontes organizacionais Hábitos – Criamos hábitos ou respostas programadas para enfrentar a complexidade da vida. Quando nos defrontamos com a mudança, essa tendência de reagir conforme de costume transforma-se em fonte de resistência. Inércia estrutural – As organizações possuem mecanismos internos, como seu processo de seleção e as regras formais, para produzir estabilidade. Quando uma organização se confronta com a mudança, essa inércia estrutural age como um contrapeso para sustentar a estabilidade. Segurança – As pessoas com elevada necessidade de segurança costumam resistir à mudança por se sentirem ameaçadas. Foco limitado de mudança – As organizações são formadas por diversos subsistemas interdependentes. Não se podem fazer mudanças em um deles sem afetar os demais. Dessa forma, mudanças limitadas nos subsistemas tendem a ser anuladas pelo sistema maior. Fatores econômicos – As mudanças nas tarefas ou rotinas estabelecidas podem suscitar temor com relação às finanças quando uma pessoa acha que não será capaz de apresentar o mesmo desempenho de antes, especialmente quando a remuneração é vinculada à produtividade. Inércia de grupo – Mesmo que os indivíduos queiram mudar seu comportamento, as normas de grupo atuam de forma limitadora. Método desconhecido – A mudança faz o conhecido ser trocado pela ambiguidade e pela incerteza. Ameaça à especialização – As mudanças nos padrões organizacionais podem ameaçar a exclusividade de alguns grupos especializados. Incerteza – É caracterizada pela falta de informações sobre acontecimentos futuros. Ela representa o medo do desconhecido. A incerteza aumenta o risco de fracasso e torna difícil computar as probabilidades e os custos associados a decisões alternativas Ameaça às relações de poder estabelecidas – Qualquer redistribuição de autoridade para tomada de decisões pode ameaçar as relações de poder já estabelecidas dentro da organização. Processamento seletivo de informações – As pessoas processam seletivamente as informações para manter suas percepções intactas. Elas só ouvem o que querem ouvir. Ignoram informações que possam desafiar o mundo que construíram. Ameaça às distribuições estabelecidas de recursos – Os grupos que controlam os recursos geralmente encaram a mudança como uma ameaça, pois tendem a estar satisfeitos com o status quo da organização. Auto interesse dos indivíduos – Qualquer proposta de mudança no projeto de trabalho, na estrutura ou tecnologia, pode ameaçar a equipe de trabalho do gerente, podendo levar a uma perda de poder e prestígio. Falta de entendimento e confiança – Muitas vezes os funcionários não entendem a intenção da mudança, desconfiando do processo. Avaliações e metas distintas – Forma como os indivíduos avaliam as estratégias e objetivos da organização. Para um gerente, a inovação pode ser essencial para garantir que a organização se mantenha competitiva; para os funcionários, a inovação poderá ser vista como um problema ou ameaça à sua segurança, à sua função Tabela 2 - Tabela de tipos de resistências - Fonte: (ROBBINS, JUDGE, & SOBRAL, 2010) 1.6. PROCESSOS DE MUDANÇAS O que são? Bem, para (ANDERSON & ANDERSON, 2001) é a ferramentade pensamento consciente que gerencia as atividades de mudança orientadas para a ação e resultado. (SMEDS, 1994) aponta 5 fazes que este processo deve percorrer: 1. A execução das fases de análise e modelagem da situação corrente; 2. Visualização da situação corrente e identificação de problemas e oportunidades; 3. Definição da situação futura; 4. Implementação da mudança e; 5. Estabilização do novo processo. (HAYES, 2002) aponta para o fato que a gestão de mudanças é realizada de forma menos eficiente. Aspectos proeminentes do processo são pura e simplesmente ignorados ou deixam de ser levados em consideração deixando em haver a busca pela maior eficiência da empresa. Ele ainda considera alguns passos como essenciais. Figura 1 - Fazes do processo de mudanças – Adaptado (HAYES, 2002) Primeiro passo – Algum fato externo ou situação interna da uma indicação clara da necessidade de mudança (ANDERSON & ANDERSON, 2001). Segundo passo – O início do processo de mudança começa aqui. É quando a necessidade passa a ser um desejo. Para tanto, é necessário definir um responsável com o objetivo de criar um relacionamento efetivo de confiança. O estudo de viabilidade é fundamental. (STICKLAND, 1998) Terceiro passo – Analisa-se onde se está (situação atual) e onde se deseja chegar (situação ideal) (ANDERSON & ANDERSON, 2001). Quando se diagnostica a causa de um problema entende-se melhor as suas deficiências inerentes. Isso ajuda na elaboração da situação ideal desejada (HAYES, 2002). Quarto passo - Já se sabe onde se está (situação atual), já se sabe onde se quer chegar (situação ideal), agora falta o como. O como é a elaboração do caminho que vai se tomar para se chegar lá e tornar real a proposta de mudança. São os famosos planos de ação. (SELLMANN & MARCONDES, 2010) Quinto passo – Com os planos de ação elaborados, mãos à obra. O monitoramento feito através de controle constante é fundamental para se assegurar os resultados desejados (ANDERSON & ANDERSON, 2001). Sexto passo – Consolidação e revisão são palavras chave. Um sistema de feedback tem por objetivo revisar os resultados obtidos e a consolidação da situação ideal (ANDERSON & ANDERSON, 2001). (HAYES, 2002) complementa ressaltando que, tão importante quanto a consolidação realizada no sexto passo é a atualização de mudanças e desta forma iniciar o ciclo continuo deste processo. 1.7. FUNDAMENTOS 1.7.1. EVOLUÇÃO DO CONCEITO Pode-se dizer que a era da qualidade começou na década de 1920 com W.A. Shewhart quando questionou como variava na produção bens e serviços. Foi ele o criador do Controle Estatístico de Processo (CEP) e do famoso ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Action) e se tronou conhecido com Ciclo de Deming da Qualidade. (Longo, 1995) Logo após a segunda Guerra mundial e com o Japão tem o início de sua reconstrução. Para isso a Japanese Union ofScientists and Engineers ( JUSE) convida W.E. Deming para trenar industriais e empresários e fazer palestras pelo país. Deming passou a divulgar e a ensinar o CEP e a falar sobre a gestão da qualidade. LONGO (1995) continua falando sobre a mudança silenciosa da postura gerencial japonesa no trato da gestão da qualidade. O estilo dessa revolução se coloca de modo oposto a outra revolução que ocorria de fora simultânea. A barulhenta revolução tecnológica ocidental. Vale ressaltar que o Japão é chamado hoje de potência mundial em função do trabalho iniciado nesta ocasião. A década de 1970 se destacou pela relevância atribuída à disseminação das informações. As variáveis socioculturais e políticas assumem tal relevância ao ponto de determinar o estilo gerencial. Já na década de 1980 o planejamento estratégico é consolidado e combina novas técnicas de gestão a estratégia. Essas novas técnicas levam em conta variáveis técnicas, políticas, sociais, de informação e econômicas. Leva em conta como a qualidade impacta estrategicamente no mercado e nos consumidores. Considera que a sociedade competitiva atual pode ameaçar a sobrevivência da empresa. O Desempenho e a competitividade podem afetar negativamente a produtividade e a qualidade pelas seguintes causas (Longo, 1995): • Deficiências na capacitação dos recursos humanos; • Modelos gerenciais ultrapassados, que não geram motivação; • Tomada de decisões que não são sustentadas adequadamente por fatos e dados; e • Posturas e atitudes que não induzem à melhoria contínua. 1.7.2. OS PENSADORES DA QUALIDADE 1.7.2.1. DR. W. EDWARDS DEMING Sem dúvida W. Edwards Deming foi o mais famoso guru da qualidade e um de seus precursores. Colaborou no famoso estudo do comportamento nas organizações e referenciado como experiências de Hawthorne onde verificou-se que o fator que motivava mais os empregados era a atenção dispensada pela gerencia afetando para melhor a sua produtividade. Mais tarde foi apresentado a Walter A. Shewhart, estatística que concebeu e desenvolveu o CEP (Controle estatístico de processo) que permitiria determinar o nível de variação inerente a um processo de produção. Shewhart teve um impacto tão profundo que acabou influenciando Dening a definir qualidade como a conformidade de um produto com as especificações técnicas que lhe foram atribuídas. Durante a segunda grande guerra Deming também colaborou no esforço para derrotar os inimigos dos EUA. Foi convidado pela Universidade de Stanford que solicitou seu auxilio. Ele viajou pelos Estados Unidos e ensinou mais 30.000 alunos os conceitos do controle estatístico de produção. Os resultados foram tão satisfatórios que, como membro honorário, viu a criação da American Society for Quality Control (ASQC) em 1946. Nessa época fundou uma empresa de consultoria em que ajudava as organizações com o CEP. (G O M E S, 2004) “PRÍNCIPIOS DE QUALIDADE DE DEMING 1. Criar na organização um propósito constante direcionado à melhoria de produtos e serviços. 2. Criar um clima organizacional onde falhas e negativismo não são aceites, mas são encarados como oportunidades de melhoria. 3. Terminar a dependência da inspeção em massa para garantir conformidade; desenhar produtos e processos com qualidade intrínseca. 4. Terminar a prática de decidir contratos com base no preço mais baixo, em alternativa minimizar o custo total no ciclo de vida do produto. Desenvolver relações de longo prazo com fornecedores do processo. 5. Procurar a melhoria contínua do processo produtivo, melhorando a qualidade e reduzindo os custos. 6. Instituir um programa de treino e formação. 7. Substituir a supervisão pela liderança em todos os níveis hierárquicos. 8. Eliminar razões para receios; criar um clima de confiança. 9. Eliminar barreiras entre áreas funcionais na empresa. 10. Eliminar slogans que exortam aumentos de produtividade; os verdadeiros problemas residem na estrutura do sistema e não podem ser resolvidos somente pelos trabalhadores. 11. Terminar com a prática de gestão por objetivos e quotas de trabalho; a liderança efetiva substitui estas práticas. 12. Eliminar barreiras que impedem os colaboradores de sentirem orgulho no seu trabalho. 13. Implementar técnicas de controlo estatístico da qualidade ao nível dos operadores. 14. Envolver todos os colaboradores no processo de transformação da organização. ” (G O M E S, 2004) Vale ressaltar que os princípios acima enfatizam a necessidade da gestão assegurar que os esforços das pessoas para melhoria da qualidade sejam motivados e amparados para que hajam resultados futuros. 1.7.2.2. JOSEPH JURAN Juran também fez parte do departamento de qualidade dos laboratórios Bell e fazia parte a equipe que esteve no Japão do pós-guerra. Trabalhou com Walter Shewhart e teve um tremendo impacto no modelo japonês de qualidade. Ele enxergava qualidade como sendo uma forma de adequar um determinadoproduto à pretendida utilização. Esse novo conceito aproximou os produtos ainda mais do cliente e de seu utilizador. Permitiu que as especificações técnicas se adaptassem a utilização requerida pelo consumidor. O livro Quality Control Handbook de 1951 promove um modelo de avaliação dos custos da qualidade. Custos referentes a falhas tanto a internas como externas que poderiam ser minimizados através de procedimentos de prevenção e de inspeção regular. Desta forma consegui justificar a injeção de capital para programas de melhoria da qualidade. MODELO DE CUSTOS DE QUALIDADE FALHA INTERNA: Custos de produção defeituosa antes de chegar ao cliente: • Desperdício: trabalho e materiais empregues na produção de produtos com defeito. • Reelaboração: correção de produção defeituosa. • Reteste: inspeção e teste de produtos que foram reelaborados. • Paragem: tempo de paragem de equipamento não programada. • Reciclagem: o que fazer a produtos com defeito. FALHA EXTERNA: Clientes recebem produtos defeituosos. Este tipo de custos é difícil de quantificar e tende a ser subestimado: • Reclamações: investigar e resolver queixas dos clientes. • Devoluções: receber e substituir produtos defeituosos. • Custos de garantia: manter e respeitar serviço de garantia. • Perda de negócio no futuro. Tabela 3 - Falalha interna e externa - Fonte: (G O M E S, 2004) PREVENÇÃO: Custos associados à prevenção de falhas de qualidade • Planeamento: desenvolver o plano da qualidade, os procedimentos e os manuais para comunicar o plano da qualidade. • Design: avaliar e modificar o design de produtos, testar novos produtos e processos. • Treino e formação: programas de formação em qualidade. • Controlo do processo: recolher dados, desenvolver e manter o sistema, analisar os dados. •. Reporte: distribuir informação a colaboradores. • Projetos de melhoria: desenvolvimento de programas para redução do número de produtos defeituosos, motivação para a qualidade, etc. INSPEÇÃO: Custos com inspeção e teste antes do produto ser enviado ao cliente • Inspeção de materiais: na recepção ou antes de incorporar no processo. • Inspeção final e teste. • Equipamento de teste: manutenção e calibragem de equipamento. • Materiais e serviços: utilização ou destruição produtos ou serviços na fase de inspeção. • Avaliação de stocks: teste aos produtos para avaliar estragos ou deterioração. Tabela 4 -- Prevenção e inspeção - Fonte: (G O M E S, 2004) Em LeaderShip of Quality, Juran não apenas definiu um modelo de custo, mas foi além. Ele estabeleceu uma base conceitual para o processo de gestão a qualidade e sugere que equipes distintas de projetos sejam responsáveis por 3 áreas distintas que são: planejamento da qualidade, controle da qualidade e melhoria da qualidade, também conhecidas como a trilogia de Juran. Planejamento da qualidade “requer a descrição dos clientes e das suas necessidades, a definição de objetivos da qualidade, a definição de medidas da qualidade, o desenvolvimento do plano da qualidade, a disponibilização de recursos necessários para implementar o plano e a sua implementação efetiva. ” (G O M E S, 2004) Controle da qualidade “O controlo da qualidade consiste na implementação de um sistema de métricas da qualidade, de avaliação de ações que visam melhorias da qualidade e de ações corretivas com base na análise de métricas da qualidade. ” (G O M E S, 2004) Melhoria da Qualidade “o estabelecimento, através de políticas, de programas e procedimentos e de uma infraestrutura que potência a melhoria de criar uma consciência coletiva para a qualidade, motivar os colaboradores para produção com qualidade e reconhecer o seu esforço para melhoria da qualidade. ” (G O M E S, 2004) 1.7.2.3. ARMAND FEIGENBAUM Em 1956, foi ele quem propôs a expressão CONTROLDE DE QUALIDADE TOTAL como forma de dizer que a qualidade não é o resultado do esforço de apenas um grupo, mas sim da coletividade. Deu enorme ênfase no aprimoramento da comunicação entre departamentos, principalmente entre os de design, materiais e produção. 1.7.2.4. PHILLIP CROSBY Defensor do conceito do defeito zero ou produção sem defeito algum, entende a qualidade como Dening a entendia, em termos de conformidade do produto com as suas especificações técnicas. Introduz a ideia right first time (fazer certo da primeira vez) e em seu livro Quality is Free (1979) defende a ideia de que a qualidade é grátis e que depende essencialmente da gestão de pessoas da empresa, na época o famoso RH. 1.7.2.5. DAVID GARVIN Seu conceito de qualidade difere substancialmente de seus predecessores. Realmente, pode-se dizer que foi uma evolução. Fácil de reconhecer... difícil de definir». Esse é o entendimento da Associação de Bibliotecas do Reino Unido sobre a questão «o que é a qualidade? » (LIBRARY ASSOCIATION 1994). Garvin resolveu o problema desenvolvendo um léxico inerente a qualidade ao qual cria diferentes dimensões. Este fato permite que clientes, gestões e trabalhadores discutam o tema com maior facilidade. Fator encorajador que faltava às organizações para encoraja-las a assumir a qualidade como elemento de importância estratégica, priorizando as dimensões que a ela são mais relevantes. AS DIFERENTES DIMENÇÕES DA QUALIDADE PERFORMANCE: medida de desempenho do produto a nível das principais funções (por exemplo, a capacidade de focagem de uma máquina fotográfica). FUNCIONALIDADES DO PRODUTO: conjunto de funções secundárias que complementam a oferta do produto (por exemplo, o sistema de navegação). FIABILIDADE: probabilidade do produto deixar de funcionar de forma adequada num determinado período de tempo (tempo médio até que ocorra uma falha). CONFORMIDADE: medida do nível de adequação do produto às suas especificações. Reflete a perspectiva de Deming, Juran, serve de base ao controlo estatístico do processo. DURABILIDADE: medida do tempo de vida do produto em termos técnicos ou até ao momento em que a reparação deixa de ser eficiente do ponto de vista económico. SERVIÇO: inclui a rapidez, a cortesia, a competência e a facilidade em reparar o produto. APARÊNCIA: refere-se à estética ou apelo sensorial do produto. IMAGEM: refere-se a uma percepção subjetiva de qualidade associada à marca do produto. Tabela 5 - Verbetes da qualidade fonte ADAPTADO DE GARVIN (1987) into (G O M E S, 2004) 1.7.3. PRINCÍPIOS E OBJETIVOS TQC, TQM E PNQ “Mudança” é a palavra mágica para a implantação da QUALIDADE TOTAL. Exige novos conceitos e valores. Estas mudanças devem seguir alguns princípios e requer atitudes especialmente por representar uma nova cultura, e uma nova filosofia dentro da organização. (Camargo, 2011) 1.7.3.1. TQC OU TOTAL QUALITY CONTROL Quando se fala em TCQ (Total Quality Control) ou em português CQT ( Controle de Qualidade Total) estamos falando de uma nova formada de gestão totalmente consagrada que reserva padrões de excelência e qualidade internacionais. Dentre as ferramentas aplicadas, os 5S se destacam com características de autodisciplina, saúde, eliminação dos desperdícios e características de controle e ordenação. O sucesso é tão estrondoso que se tornou obrigatório com impacto de alta magnitude nas ações gerenciais, práticas de engenharia e processos operacionais. Esta transição aconteceu nos anos da década de 1970 e formaram a ponte para o atual sistema de qualidade. “tudo o que vamos fazer, seja no ambiente profissional ou na condição de indivíduo, você deve estabelecer critérios e disciplina, para ter sucesso nos propósitos”. (Camargo, 2011) Veja os princípios da qualidade total na Tabela 6: Princípios da qualidade total 01 SATISFAÇÃO TOTAL DOS CLIENTES O ato de assegurar a satisfação dos clientes (internos, externos, parceiros), se dá através de uma boa gestão.As necessidades e principalmente o grau de percepção dos clientes é muito importante por isto devemos sempre focar as ações para atender e superar suas expectativas. 02 PROPÓSITOS O estímulo à prática de novos princípios colabora para a fixação de novos valores, porém é um processo gradativo e lento. A adoção de novos princípios exige persistência e deve ser estimulada repetidamente, para a perenidade da mudança desejada para o processo. 03 POSTURA PARTICIPATIVA A informação é primordial no processo de participação, para que todos se sentem valorizados no processo. Ao criar este clima participativo, fortalece as decisões e colabora para o comprometimento com os objetivos. O foco do espírito do trabalho em equipe contribui para a sinergia dos elementos envolvidos no processo, atingindo os resultados. 04 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Só se obtém resultados com qualidade, através do equilíbrio dos interesses individuais e da organização, através da satisfação e motivação dos colaboradores e melhoria da sua qualidade de vida. A cultura participativa e o espírito de colaboração resultam em positividade e produtividade qualificada. 05 APERFEIÇOAMENTO A atualização é obrigatória, para adequar o processo às exigências dos clientes. Por isso é fundamental a informação e a observação das mudanças que ocorrem rapidamente (tecnologia e costumes). Os clientes passam a ter outras necessidades. Portanto é uma ferramenta que necessita de constante acompanhamento com o objetivo de antecipar as mudanças para atender as expectativas dos clientes e se manter competitivo no mercado. A dinâmica da informação e evolução das exigências de consumo promove o surgimento de novas leis e regulamentações em relação a garantia dos produtos e serviços. 06 DELEGAR A delegação de competências é fator fundamental, pois representa naturalmente a responsabilidade individual. Esta medida resulta em melhores controles e eficiência nos resultados. 07 ELIMINAR OS ERROS O que se espera é: o padrão de desempenho em qualquer processo não deve apresentar erros. Esta cultura deve ser assimilada pelos participantes, na busca contínua busca da perfeição. 08 GARANTIA DA QUALIDADE A garantia de qualidade tem como base a realização do planejado, através da formalização dos processos. É importante a informação destes processos, com a finalidade de determinar os passos a serem seguidos. 09 PROCESSOS GERENCIADOS A gerência de processos tem por finalidade a harmonização entre as áreas, e faz com que não aconteçam conflitos nas atividades. Esta interatividade colabora para que todas as partes envolvidas nos processos sejam atendidas em conformidade com o planejado. (clientes internos, clientes externos, fornecedores). 10 INFORMAÇÃO Para se obter a QUALIDADE TOTAL, todos e sem exceção devem ser bem informados de suas responsabilidades (competência de delegação) em relação à visão, missão e ao próprio negócio da organização. Para isso a fluxo de informações deve ser bem claro e coerente aos objetivos pretendidos. Tabela 6 - Princípios da qualidade total – Fonte (Camargo, 2011) 1.7.3.2. TQM OU TOTAL QUALITY MANAGEMENT GQT (Gestão da Qualidade Total) ou “Total Quality Management - TQM” é uma filosofia em que todos os interessados (a sociedade, os consumidores, os funcionários e os acionistas) devem ser satisfeitos. Nessa filosofia “total” significa um esforço concentrado de toda a empresa que tem por objetivo primário a qualidade como ponto focal dos negócios. Este esforço é tanto interno como externo. Interno quando se fala dos diversos setores da organização assim como seus diversos níveis hierárquicos. Externo quando se fala dos distribuidores, parceiros de negócio, fornecedores e até o ambiente onde a empresa exerce suas atividades. (Camargo, 2011) 1.7.3.3. PNQ - PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE Vamos permitir que a própria Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) explique do que se trata: “Prêmio é o reconhecimento máximo à excelência da gestão das organizações no Brasil Realizado anualmente, o ciclo de avaliação do Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ) reconhece empresas nível classe mundial e ocupa uma posição central na missão da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), de estimular e apoiar as organizações para o desenvolvimento e a evolução de sua gestão, por meio da disseminação dos Fundamentos e Critérios de Excelência, para que se tornem sustentáveis, cooperativas e gerem valor para a sociedade. O PNQ reconhece as organizações que são referência em excelência da gestão no Brasil. O processo visa estimular o desenvolvimento do País, promover a melhoria da qualidade da gestão e o aumento da competitividade das organizações3. “ 1.7.4. ISO 9001, GMP E ONA Um sistema de gestão deve fazer referência a tudo que a empresa realiza para gerenciar suas atividades. As empresas que seguem um modelo de gestão criam normas que servem de modelo e determinam como se deve operar. Tanto a ISO 9000 quanto a 14000 são normas genéricas. Isto é, podem ser aplicadas a qualquer tipo de organização. Estas, são normas internacionais e diretrizes criadas para a gestão da qualidade. São um conjunto de práticas de sucesso disponibilizadas a todas as organizações. Podemos citar aqui como exemplo outros sistemas de gestão como: o estratégico, financeiro, de RH, inovação e até o de produção. Todos estes sistemas devem se comunicar de forma integrada e complementar. Desta maneira, é de máxima relevância que as melhores práticas se socializem e permitam obter os melhores resultados. (Mello, 01/2012) A primeira publicação da ISSO 9000 foi em 1987 onde diversas estruturas se mostraram totalmente desnecessárias. Em 1994 era constituída de mais de 20 normas e documentos. Na versão de 2000 este número foi reduzido a 4 normas primárias suportadas por um número reduzido de documento que a suportavam. Mello (2012) continua e diz que a versão de 2008 corrigiu apenas alguns temos buscando um sentido mais claro sem acrescentar ou retirar nenhuma cláusula mantendo as 4 normas: • ISO 9000: Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário; • ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos; • ISO 9004: Sistemas de gestão da qualidade – Diretrizes para melhoria de desempenho; • ISO 19011: Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental. A ISO 9001 e 9004 podem ser usadas independentemente ou de forma complementar. A ISO 9001:2008 destina-se a aplicação interna e é usada 3 http://www.fnq.org.br/avalie-se/pnq 13/02/2017 15:28 basicamente para certificação ou no cumprimento de clausulas de contratos. Está focada na eficácia de atender às necessidades dos clientes. A ISO 9004 tem um conceito mais amplo. É orientada para o sucesso sustentado em ambientes complexos, exigente e de mudanças constantes. Não é utilizada para a certificação ou contrato. A ISO 19011 é a revisão da ISO 10011 (1,2, e 3) e das normas ISO 14010, 14011 e 14012. Diretriz para auditorias de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental. Veja na Tabela 7 - Família ISO 9000 Fonte Tabela 7 o propósito de cada ISO: Normas e diretrizes Propósito ISO 9000 – Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulários Estabelece termos e definições fundamentais usados nas normas da família ISO 9000, necessários para evitar interpretações errôneas durante o seu uso. ISO 9001 – Sistemas de gestão da qualidade – requisitos É a norma para fins contratuais usada para avaliar a capacidade de uma organização em atingir os requisitos dos clientes e os regulamentares aplicáveis para, assim, satisfazer esses clientes. ISO 9004 – Gestão para o sucesso sustentável de uma organização – uma abordagem para sistema de gestão (a ser publicada) Fornece orientação paraatingir sucesso sustentado para qualquer organização em um ambiente complexo, exigente e de constante mudança, provendo um foco mais amplo sobre a gestão da qualidade do que a norma ISO 9001. Ela contempla as necessidades e expectativas de todas as partes interessadas e sua satisfação, por meio da melhoria continua e sistemática do desempenho da organização. Não se destina ao uso para certificação, regulamentar ou contratual. ISO 19011 – Diretrizes para audito- ria de sistemas de gestão da Fornece diretrizes para a verificação da capacidade do sistema em atingir qualidade e/ou ambiental os objetivos da qualidade definidos. Ela pode ser usada internamente, na auditoria de fornecedores ou nas auditorias de terceira parte (certificação do sistema de gestão). ISO 10003 – Quality management – Customer satisfaction – Guidelines for dispute resolution external to organizations (ainda não publicada pela ABNT) Fornece diretrizes para uma organização planejar, projetar, desenvolver, operar, manter e melhorar continuamente um processo eficaz e eficiente de resolução de disputas para reclamações que ainda não foram solucionados pela organização. Ela não se destina para propósitos contratuais ou de certificação. ISO 10005 – Sistemas de gestão da qualidade – Diretrizes para planos da qualidade Fornece diretrizes para auxiliar na preparação, analise crítica, aceitação e revisão de planos da qualidade. ISO 10006 – Sistemas de gestão da qualidade – Diretrizes para a gestão da qualidade em empreendimentos Fornece diretrizes para a gestão da qualidade em empreendimentos que possuem as seguintes características, entre outras: são únicos, com fases não repetitivas, tem algum grau de risco e incerteza, espera-se que apresentem resultados quantifica- dos especificados e tem datas de início e termino planejadas, dentro de limitações de recursos e custos claramente definidos ISO/TS 16949 – Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos particulares para aplicação da ABNT NBR ISO 9001:2000 para organizações de produção automotiva e peças de reposição pertinentes Esta especificação técnica define requisitos do sistema da qualidade baseados na ISO 9001, AVSQ (Itália), EAQF (Franca), QS-9000 (USA) e VDA 6.1 (Alemanha). É aplicável as plantas de organizações onde produtos especificados pelo cliente são manufaturados para produção e/ou reposição. Ela é aplicável nas organizações onde ocorre a montagem de automóveis ou a fabricação de peças ou componentes para a indústria automobilística. Ela se destina para propósitos contratuais ou de certificação. Tabela 7 - Família ISO 9000 Fonte (Mello, 01/2012) 1.7.4.1. GOOD MANUFACTURING PRACTICE (GMP) OU BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) A BPF foi regulamentada pela RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nº 39 da ANVISA (empresas produtoras de produtos sujeitos à vigilância sanitária) e publicada no Diário Oficial da União no dia 14 de agosto de 2013 regulamenta os procedimentos administrativos para concessão da Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) e da Certificação de Boas Práticas de Distribuição e/ou Armazenagem (CBPDA) no Brasil4. São atividades relacionadas a insumos farmacêuticos, higiene pessoal, saneantes, cosméticos, perfumes, medicamentos e produtos ligados à saúde. A certificação não é obrigatória para regular o funcionamento das empresas produtoras de produtos sujeitos à vigilância sanitária, somente em certos casos como registro de medicamentos, licitação pública, viabilizar relações comerciais tanto nacionais como internacionais e alterações pós registro. (MATOS, 06/2015) MATOS (2015) continua dizendo que estas são normas de fabricação, distribuição e armazenagem para garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos com os regulamentos técnicos e estão discriminadas pelos RDCs: • Medicamentos: RDC no 17/2010; • Insumos farmacêuticos ativos: RDC no 249/2005; • Produtos para a saúde: RDC no 16/2013. 1.7.4.2. A ONA Vamos permitir que a própria ONA defina-se: 4 http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2871537/RDC_39_2013_COMP.pdf/f5c15b07- 0bd6-4148-bc01-8e96a7938d05 14/02/2017 10:14 “A ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO - ONA é uma entidade não governamental e sem fins lucrativos que certifica a qualidade de serviços de saúde no Brasil, com foco na segurança do paciente. Nossa metodologia é reconhecida pela ISQua (International Society for Quality in Health Care), associação parceira da OMS e que conta com representantes de instituições acadêmicas e organizações de saúde de mais de 100 países. O objetivo de nossa ação é promover um processo constante de avaliação e aprimoramento nos serviços de saúde e, dessa forma, melhorar a qualidade da assistência no País. A ONA certifica: I. Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde • Hospitais • Ambulatórios • Laboratórios • Serviços de Pronto Atendimento • Home Care • Serviços de Hemoterapia • Serviços de Nefrologia e Terapia Renal Substitutiva • Serviços de Diagnóstico por Imagem, Radioterapia e Medicina Nuclear II. Serviços Odontológicos III. Programas de Saúde e Prevenção de Riscos • Com foco em pacientes saudáveis e com fatores de risco • Com foco em pacientes portadores de condições crônicas IV. Serviços para a Saúde • Serviço de Processamento de Roupas para a Saúde • Dietoterapia • Manipulação • Esterilização e Reprocessamento de Materiais”. Fone: Site da ONA5 1.8. EXERCÍCIOS 1. Quais são os 9 fatores tidos como responsáveis pela consolidação de uma cultura organizacional? • Traços e valores • Ambiente cultural de origem • Produto, serviço ou negócio • Políticas de gestão de pessoas • Ritos e símbolos • Ambiente físico • Dress-code • Clima organizacional • Localização geográfica 2. Quais os fatores positivos que podem ocorrer da resistência a mudança? “1. A resistência a mudanças pode possuir papel crucial ao influenciar a organização em direção à estabilidade, podendo ser fator mediador entre necessidade de mudança e estabilidade, evitando o excesso; 2. A resistência pode apontar aspectos de mudança que podem ser inapropriados, mal planejados ou que sejam prejudiciais à organização; 3. A resistência traz um influxo de energia à organização podendo aflorar aspectos motivacionais e energéticos, tão necessários para a implementação de transformações. 5 https://www.ona.org.br/Pagina/20/A-ONA 14/02/2017 10:49 4. Propulsiona a busca por métodos alternativos para tentar homogeneizar os conflitos existentes, tornando-se importante fonte de inovação; 5. Funciona como um alerta de perigo da conformidade nas decisões em grupo e enfatiza a necessidade de debates para melhores e mais adequadas soluções. ” (WADDELL E SOHAL apud (CHU, 2003), p.4). 3. Quais são as 5 fazes que este processo deve percorrer? 1. A execução das fases de análise e modelagem da situação corrente; 2. Visualização da situação corrente e identificação de problemas e oportunidades; 3. Definição da situação futura; 4. Implementação da mudança e; 5. Estabilização do novo processo. 4. Quais são as diferentes dimensões da qualidade? AS DIFERENTES DIMENÇÕES DA QUALIDADE PERFORMANCE: medida de desempenho do produto a nível das principais funções (por exemplo, a capacidade de focagem de uma máquina fotográfica). FUNCIONALIDADES DO PRODUTO: conjunto de funções secundárias que complementam a oferta do produto (por exemplo, o sistema de navegação). FIABILIDADE: probabilidade do produto deixar de funcionar de forma adequada num determinado período de tempo (tempo médio até que ocorra uma falha). CONFORMIDADE: medida do nível de adequação do produto às suas especificações. Reflete a perspectiva de Deming, Juran,serve de base ao controlo estatístico do processo. DURABILIDADE: medida do tempo de vida do produto em termos técnicos ou até ao momento em que a reparação deixa de ser eficiente do ponto de vista económico. SERVIÇO: inclui a rapidez, a cortesia, a competência e a facilidade em reparar o produto. APARÊNCIA: refere-se à estética ou apelo sensorial do produto. IMAGEM: refere-se a uma percepção subjetiva de qualidade associada à marca do produto. 5. Porque a mudança é tão importante para a implantação da qualidade total? “Mudança” é a palavra mágica para a implantação da QUALIDADE TOTAL. Exige novos conceitos e valores. Estas mudanças devem seguir alguns princípios e requer atitudes especialmente por representar uma nova cultura, e uma nova filosofia dentro da organização. (Camargo, 2011) CAPITULO 2 - PROCESSOS, FERRAMENTAS E MÉTODOS 2. INTRODUÇÃO Caro(a) Aluno(a), Muito se fala sobre as mudanças ocorridas na forma de se gerir uma indústria ou uma organização. Nesta capitulo abordaremos algumas técnicas de gestão e falaremos sobre algumas normas. Conteúdo desta unidade Entramos aqui um pouco na parte técnica da qualidade apresentando alguns processos, sistemas de gerenciamento e discutiremos algumas normas como a ISO 14000, SGSST e as ISO 26000 e a SA8000. Falemos também sobre algumas ferramentas como o ciclo PDCA, MASF, FMEA, FTA e CEP. Bom proveito. 2.1. PROCESSOS 2.1.1. SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA QUALIDADE Alguém já teve oportunidade de caminhar por uma empresa e constatar diversos problemas, inclusive de qualidade, e depois descobrir que ela era uma empresa certificada? Philip B Crosby (1997) demonstrou muito bem que estava perfeitamente a par do problema quando afirma que a ISO não é uma filosofia operacional, é apenas um sistema passivo e não dirige a organização a fazer a coisa certa desde a primeira vez e procura salientar este fato no relato a seguir: “Recentemente dei um seminário na índia para líderes da indústria, do governo e educadores. O assunto foi ‘A realidade do gerenciamento da qualidade’ Durante o intervalo dois empresários vieram até mim e disseram que o seminário já tinha passado da metade e eu ainda não tinha mencionado a ISSO 9000. Perguntaram quando eu faria isso. “Provavelmente só se o assunto for levantado na sessão de perguntas, ” respondi. “Na verdade, não tem nada a ver com gerenciamento da qualidade. ” Um homem abriu a pasta (...) e mostrou-me. “Estamos certificados”, disse. “Este é o resultado da última auditoria. Comprova que estávamos conformes em tudo, a não ser em alguns procedimentos que já estamos corrigindo. Aprimoramos muito. Em nossa penúltima auditoria tivemos muitas não- conformidades, mas as reduzimos em 80% dessa vez. Não vejo como você pode discordar disso. ” Disse a ele que não era contra, mas via pouco valor. “Você tem feito isso a vários anos. Será que as reclamações de seus clientes diminuíram? Quantas eram quando você começou e quantas são agora? ” Um olhou para o outro. “Não mantemos registros disso. Estamos trabalhando no sistema, não com detalhes” “E o custo de sua não-conformidades? Está diminuindo? ” Novamente eles se olharam e responderam que não mantinham registro. “Então como estão os negócios? Estão melhorando? Seus lucros têm aumentado desde que vocês começaram a trabalhar duro no sistema? ” “Está a mesma coisa. Achamos que as coisas melhorarão quando os europeus perceberem que estamos certificados. ” Disse a eles que tinha tido a mesma conversa n Chile e Paraguai algumas semanas antes. Também estavam esperando que os mágicos de Oz fizessem o trabalho por eles. Olharam para mim e esperançosos. “Quem é esse Mágico? ” (Crosby, 1997) Fica muito claro no texto acima que os gestores estavam se comportando como adolescentes que vão à escola em busca de um certificado, mas que na verdade não têm a menor ideia do que estão a fazer por lá. Com um pouco de perspicácia, um bom observador perceberá que isso não só ocorre em países como o Chile ou o Paraguai, para citar nações mais próximas, tem muita empresa aqui mesmo sofrendo do mesmo mal. Qualidade total é uma nova mentalidade em se administrar e representa uma tremenda quebra de paradigmas. A implementação de processos ou normas de qualidade sem uma mudança de conceitos e crenças pode levar do nada a lugar nenhum. Tão simples quanto isso. Gerenciar tem o significado de dirigir ou a administrar. Gerenciar a qualidade total dá a entender que se dever dirigir ou administra-la até seu ponto mais elevado e Crosby nos deu algumas dicas bem interessantes de quais são os de maior relevância. Ele pergunta: “as reclamações de seus clientes diminuíram? Quantas eram e quantas são agora? ”. Opa, então com certeza esse é um ponto de extrema importância que deve ser administrado. Ele também pergunta: “E o custo de sua não-conformidades? Está diminuindo? ” Outro ponto crítico. “Então como estão os negócios? Estão melhorando? Seus lucros têm aumentado desde que vocês começaram a trabalhar duro no sistema? ” Então qualidade tem a ver com a melhoria dos negócios e aumento da lucratividade que têm que ser monitoradas. Estar certificado ou não, não é uma informação relevante, os procedimentos são ferramentas para levar a organização a um destino. Caso contrário, é só mais um documento que pode ser fixado na parede. 2.1.2. SISTEMAS DE GESTÃO Os sistemas de gestão pela qualidade são 3: 1. Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ; 2. Sistema de Gestão Ambiental – SGA; 3. Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho – SGSST. Estas normas são de nível internacional. Cada uma delas com grande impacto na gestão de uma empresa e de magnitude amplificada quando estão devidamente integradas. Estas norteiam mercados globalizados auxiliando nos processos tanto de planejamento quanto no administrativo. (PUC - Rio) 2.1.2.1. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE – SGQ; Em um passado recente a qualidade era o diferencial de apenas algumas organizações, no presente é uma questão de sobrevivência que deve estar em absoluta sincronia entre o planejamento estratégico e os diversos níveis da cadeia de suprimentos. O conceito de qualidade deve ser aplicado às necessidades dos clientes e incorporado a visão e a diretiva da corporação, de forma independente ao tipo ou tamanho do negócio. Isso induz as organizações a grandes mudanças operacionais tornando-as capazes de atender de uma forma mais eficiente o mercado consumidor impelindo-as a definir a aplicabilidade nos processos e quais seriam as oportunidades de melhora provinda dessas falhas. Como resultado do desenvolvimento da filosofia do Total Quality Management – TQM, com início na década de 1980, surgiu o Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ com o objetivo de auxiliar e promover substanciais mudanças no ambiente corporativo e melhorar seus resultados. A ISO 9000 define: Qualidade: “grau no qual um conjunto de características inerentes atende requisitos”. Gestão da qualidade: “atividades coordenadas para orientar e controlar uma organização em relação à qualidade”. 8 princípios da gestão da qualidade: Liderança, envolvimento de pessoas, abordagem de processo, melhoria contínua, abordagem sistemática para a gestão, abordagem factual para a tomada de decisão e benefícios mútuos (relacionamento com fornecedores). (PUC - Rio) 2.1.2.2. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL - SGA As primeiras normas da ISO 14.000 surgiram em meados da década de 1990 e buscavam a perfeita integração entre os critérios de desempenho empresarial e os princípios de sustentabilidade com procedimentos de monitoração, conservação e controle. O desenvolvimento dos meios de comunicação vem informando cada vez mais a população que está desenvolvendo uma consciência ambiental cada vez mais
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