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ANTÔNIO CELSO RODRIGUES DE OLIVEIRA RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO DO CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM ALIMENTOS PONTA GROSSA 2017 ANTÔNIO CELSO RODRIGUES DE OLIVEIRA RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO DO CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM ALIMENTOS Relatório de Estágio Supervisionado apresentado à coordenação de Alimentos como requisito básico de conclusão do Curso Técnico em Alimentos do Colégio Estadual Professor João Ricardo Von Borell Du Vernay. Prof. Orientador: Me. Enelise Aparecida Staron. PONTA GROSSA 2017 DEDICATÓRIA À professora Nelci Catarina Chiquetto. Pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão deste relatório. À professora Mareci Mendes de Almeida. Pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão deste relatório. À professora coordenadora do curso, pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e amizade. Aos meus pais, irmãos, toda a minha família, que não mediram esforços para que eu chegasse até aqui. EPÍGRAFE “Os pais somente podem dar bons conselhos e indicar bons caminhos, mas a formação final do caráter de uma pessoa está em suas próprias mãos.” Anne Frank SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 5 1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 6 1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 6 2. FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA .............................................................................. 7 3. DESCRIÇAO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO: ..................... 9 3.1 Análise de compostos fenólicos totais (CFT): .................................................... 9 3.2 Umidade: .......................................................................................................... 10 3.3 Índice de diástase: ........................................................................................... 10 3.4 Hidroximetilfurfural (HMF): ............................................................................... 11 3.5 Açúcares Redutores: ........................................................................................ 13 3.6 Sacarose aparente: .......................................................................................... 14 3.7 Sólidos insolúveis: ............................................................................................ 15 3.8 pH e acidez: ..................................................................................................... 15 3.9 Cinzas: ............................................................................................................. 16 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES: ......................................................................... 17 5. ÁREAS DE IDENTIFICAÇAO COM O CURSO: .................................................... 22 6. CONCLUSÃO: ....................................................................................................... 23 REFERÊNCIAS: ........................................................................................................ 24 ANEXOS: .................................................................................................................. 25 ANEXOS: .................................................................................................................. 26 5 1. APRESENTAÇÃO IDENTIFICAÇÃO: 1. Estagiário (a): ANTÔNIO CELSO RODRIGUES DE OLIVEIRA. 2. Endereço: RUA SERRA DO CADEADO, Nº63. 3. Telefone residencial: (42) 3235-5166 4. Celular: 5. Curso: TÉCNICO EM ALIMENTOS (INTEGRADO). 6. Matrícula: 7. Empresa cedente de Estágio: 8. Local : UEPG a) Data de início do estágio:_24_/_04_/_2017 b) Data de termino do estágio:_14_/_08__/_2017 c) Carga horária total de estágio realizada: 80 Horas 9. Coordenador de estágio: Enelise Staron 10. Coordenadora de curso: Grazielle Zeni Ponta Grossa,02 de setembro de 2017. Antônio Celso Rodrigues de Oliveira 6 1.1 OBJETIVOS O estágio realizado na Universidade Estadual de Ponta Grossa objetivou o desenvolvimento de análises físico-químicas no mel, como por exemplo o índice de diástase, hidroximetilfurfural (HMF), açúcares redutores, sacarose aparente, umidade, pH, acidez, cinzas e sólidos insolúveis. Todos os resultados foram comparados com a Normativa nº11 de 20 de outubro de 2000, a qual especifica cada parâmetro em seus respectivos máximos e mínimos. 1.2 JUSTIFICATIVA No estágio foram realizadas análises no mel, o qual se dá em uma importância nutricional e comercial, pois foram analisados aspectos que influenciam diretamente a qualidade, bem como a sua regulamentação para que não ocorra nenhuma forma de lesão ao consumidor. Todos os parâmetros foram realizados e comparados aos padrões da Normativa nº11 de 20 de outubro de 2000, que gere todos os aspectos deste produto a fim de assegurar a sua melhor qualidade. 7 2. FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA O mel é um alimento muito apreciado desde a Grécia antiga, em função do seu sabor e do seu considerável valor nutritivo. Sua qualidade nutricional, devida presença de vitaminas e minerais, seu alto valor energético, suas propriedades medicinais, como a ação antioxidante e a atividade anti-séptica, anti-reumática, diurético, digestivo, expectorante e calmante, e suas propriedades sensoriais ainda têm atraído inúmeros consumidores para este produto. (BORSATO, 2008 apud STARON, 2013) Na composição do mel são encontradas, no mínimo, 181 substâncias (LOUVEAUX, 1985; SATO; MIYATA, 2000), entre as quais: açúcares, com predominância de glucose e frutose, água, uma mistura complexa de outros carboidratos, enzimas, aminoácidos, ácidos orgânicos, minerais, substâncias aromáticas, pigmentos e grãos de pólen, podendo conter cera de abelhas procedentes do processo de extração. No mel, 70% dos açúcares são monossacarídeos, logo não necessitam de digestão prévia. (BORSATO, 2008 apud STARON, 2013) A caracterização físico-química do mel foi estabelecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na Instrução Normativa n° 11, de 20 de outubro de 2000, a qual constitui o Regulamento de Identidade e Qualidade do Mel. Esse regulamento impede a adição de açúcares e/ou outras substâncias que alterem a composição original do mel. (BORSATO, 2008 apud STARON, 2013)Ainda de acordo com a Normativa nº11, é expressamente proibida a utilização de qualquer tipo de aditivos. Os contaminantes orgânicos e inorgânicos não devem estar presentes em quantidades superiores aos limites estabelecidos pelo Regulamento Técnico MERCOSUL correspondente. (BRASIL, 2000) De acordo com a Normativa a cor do mel é variável de quase incolor a pardo- escura, deve ter sabor e aroma característicos de acordo com a sua origem, a sua consistência é variável de acordo com o estado físico em que o mel se apresenta. A variedade do mel pode também alterar a composição físico-química, como exemplo Açúcares Redutores (frutose e glucose), Sacarose Aparente (porcentagem de sacarose no mel), Hidroximetilfurfural (HMF), Atividade Diastásica, cinzas (minerais e sujidades presentes no mel), umidade, entre outros. (BRASIL, 2000) 8 O mel é consumido no Brasil desde 1839, proveniente da abelha Apis Mellífera, oriunda de Portugal. Hoje em dia o seu consumoé muito significativo. Sua produção é mais elevada nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná. Existem vários tipos de méis, como o mel floral, que é o mel obtido dos néctares das flores, o mel unifloral ou monofloral, que é quando o produto proceda principalmente da origem de flores de uma mesma família, gênero ou espécie e possua características sensoriais, físico-químicas e microscópicas próprias, o mel multifloral ou polifloral, quando o mel é obtido a partir de diferentes origens florais, o mel de melato, que é o mel obtido principalmente a partir de secreções das partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que se encontram sobre elas, e dentre outros tipos como mel escorrido, mel prensado, mel centrifugado, mel de laranjeira, mel de eucalipto, mel do campo, etc. 9 3. DESCRIÇAO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO: As amostras de mel, que vieram diretamente dos produtores do Apiário Franco, que é situado no distrito de Itaiacoca (PG) no Sítio Pedra Branca, forneceu a amostra com data de fabricação 02/02/2017 e prazo de validade de 02/02/2018, Lote 702. As amostras foram armazenadas em estufa com umidade controlada (Câmara climática SL-206, SOLAB) a 35°C. Sendo que a amostra foi submetida as seguintes análises: 3.1 Análise de compostos fenólicos totais (CFT): O termo ”compostos fenólicos” abrange grande número de substâncias orgânicas, que são compostos aromáticos que se caracterizam pela presença de pelo menos um grupo hidroxila ligado diretamente a um anel aromático (SIMÕES, 2007apud STARON). O procedimento desenvolvido por Larrauri; Rupérez e Saura Calixto (1997) citado por Rufino (2010) com modificações, no qual foi utilizado para executar a extração dos compostos fenólicos totais. O teor de compostos fenólicos foi determinado utilizando o método espectrofotométrico Folin-Ciocalteau (SINGLETON; ROSSI, 1965) utilizando Ácido Gálico como padrão de referência. (SIGMA ALDRICH CHEMICAL CO.) A leitura foi realizada em absorbância a 765nm em espectrofotômetro (SP- 2000 Welength, EEQ-9005- EDUTEC, 110), e os resultados expressos em mg de ácido gálico (EAG) /100g de amostra. Preparo da amostra: Homogeneizou-se a amostra com espátula e pesou-se 20g em tubos de centrífuga. Extraiu sequencialmente com 40 ml de metanol 50% (50% água, 50% metanol), em temperatura ambiente por 1 hora. Os tubos foram centrifugados (Centrífuga CELM, modelo COMBATE, série 3548 TECNAL 110/220 V) por 20 minutos e o sobrenadante foi recuperado. Em seguida adicionou-se 40 ml de acetona 70% (30% água, 70% acetona) em temperatura ambiente e extraiu por 1 hora, e novamente centrifugado nas mesmas condições anteriores. Após isso, juntou os extratos de metanol e acetona, e completou até 100 ml em balão volumétrico com Água Milli-Q. 10 3.2 Umidade: O método utilizado foi o de refratometria (AOAC, 2000), no qual fornece o teor de substancia seca em todos os casos que se trate de soluções açucaradas puras (CECCHI, 1999 apud GRANATO & NUNES, 2016). Os resultados são expressos em g de água/100g de mel, obtido após comparar o valor do IR (índice de refração) encontrado na leitura (refratômetro de bancada tipo Abbe). Se o mel estiver a exatamente 20°C, pode-se apenas aplicar a tabela de IR, más se o mel estiver acima de 20°C, acrescenta-se 0,00023 ao IR para cada °C acima, e se estiver abaixo de 20°C, diminui-se 0,00023 para cada °C abaixo. 3.3 Índice de diástase: Utilizou-se o método de Malaspina (SANTOS; MALASPINA & PALMA, 2003 apud GRANATO & NUNES, 2016). Esta análise indica se o mel foi adulterado ou aquecido, ocasionando a desnaturação parcial ou total das amilases (BOGDANOV; RUOFF & PERSANO-ODDO, 2004; Aroucha et al., 2008 apud STARON, 2013). Utiliza a leitura espectrofotométrica da descoloração de uma solução de amido, iodo e mel em condições controladas (BOGDANOV; MARTIN & LÜLLMANN, 1997 apud STARON, 2013). Quanto mais rápida a descoloração, maior a atividade diastásica da amostra, expressa em unidades da Escala GÖTHE por grama de mel. A Escala GÖTHE é definida como a quantidade de enzima capaz de converter 0,01g de amido em uma hora a 40°C. Preparo da amostra: Pesou-se cerca de 5g de mel, acrescentando 20 ml de água destilada, corrigiu-se o pH desta solução até o valor de 5,3 com NaOH 0,1 Mol/L e completou o volume da solução até 50 ml em balão volumétrico. A reação ocorre em um tubo de ensaio, no qual contém 5 ml da solução de mel, 500µL de tampão acetato 0,1 Mol/L pH 5,3, 500µL da solução de cloreto de sódio 0,1 Mol/L, 150µL da solução de iodo 0,02 Mol/L e 9,6 ml de água destilada, mantendo em banho- Maria a 40°C±1°C. É essencial que a solução de mel esteja tamponada antes do contato com o cloreto de sódio, pois em pH abaixo de 4, a atividade diastásica é inibida, também é importante seguir exatamente a ordem das ações e sempre levar em conta a temperatura do banho-maria. Adicionando por fim 11 250µL da solução de amido 1g/100 ml e disparar o cronômetro, agitando a solução até completa homogeneização, transferindo uma parte do volume do sistema de reação para uma cubeta de 1 cm e medir a absorbância da solução no espectrofotômetro a 660nm, utilizando água como branco, retornando a solução para o tubo após a leitura. Esta primeira leitura é o valor da absorbância inicial (Abs i), aplicada posteriormente na fórmula. No decorrer da análise deve-se realizar leituras periódicas de absorbância, retornando sempre o tubo ao banho-maria, até atingir um valor entre 0,240 e 0,200. Atingindo este valor, a contagem do tempo no cronômetro é imediatamente interrompida, sendo o tempo transcorrido registrado. O último valor de absorbância é considerado a absorbância final (Abs f). O índice de diástase é calculado da seguinte fórmula: Sendo: 0,3=constante de absortividade= (previamente determinado através de ensaio sem mel, dado pelo método) T(h)=tempo (em hora) entre as medidas de Abs i e Abs f V=volume da solução de mel 10% no tubo de ensaio (ml) 0,016= volume total em litros da solução no tubo de ensaio (16ml) A legislação exige um mínimo de diastase de 8 na escala GÖTHE ou 3, se o teor de HMF não ultrapassar 15mg/Kg (BRASIL, 2000). 3.4 Hidroximetilfurfural (HMF): O HMF pode ser oriundo de duas reações, da desidratação das hexoses em condições ácidas, numa velocidade que varia diretamente com a temperatura ou da decomposição do 3-deoxiosona na Reação de Maillard (FALLICO; ARENA & ZAPPALA, 2008 apud GRANATO & NUNES, 2016). O HMF é tóxico para as abelhas, mas não é prejudicial para os consumidores nos níveis naturalmente encontrados no mel (KOMATSU; MARCHINI & MORETI, 2001 apud GRANATO & NUNES, 2016). 12 O método da análise do HMF é espectrofotométrico (STARON, 2013 APUD AOAC, 2000), proposto por White fundamenta-se da diferença de absorbância a 284nm e 336nm de uma solução aquosa clarificada de mel, contra a referência da solução aquosa do mesmo mel na qual o cromóforo do HMF é destruído pelo bissulfito (GRANATO & NUNES, 2016 APUD DAYRELL & VITAL, 1991). Figura 1: Fórmula molecular do HMF Fonte: Google imagens Preparo da amostra: Em um béquer, adicionou-se 5 g de mel e cerca de 25ml de água destilada, solubilizando a amostra. Adicionando 500µL da solução de Carrez1, homogeneizar, e mais 500µL da solução de Carrez 2, homogeneizar (neste momento, a solução se torna turva) e completar o volume para 100 ml. Filtrar a solução em papel, descartando-se os primeiros 10 ml filtrados. Da solução filtrada, pipetar 5 ml em quatro tubos de ensaio. No primeiro, adicionar 5 ml da soluçãode bissulfito de sódio 0,2g/100 ml, sendo este o tubo de referência. Nos demais adicionados 5 ml de água destilada, sendo chamados de solução teste. Homogeneizar as soluções e medir em espectrofotômetro nos comprimentos de onda de 284nm e 336nm em cubeta de quartzo. Antes das medidas em triplicata de cada amostra, o aparelho deve ser calibrado com a solução de referência correspondente. Se as leituras de absorbância orem superiores a 0,6, deve-se diluir as soluções teste e referência na mesma proporção, e repetir a leitura. O teor de HMF no mel, expresso em mg/kg é calculado pela seguinte fórmula: F=149,7, calculado através da seguinte fórmula: 126=Massa molecular do HMF 13 1000=absortividade molecular o HMF a 284nm 10=centilitro/L 1000=g/Kg 5=gramas de mel De acordo com a legislação brasileira o mel pode conter no máximo 60mg/Kg de HMF (BRASIL, 2000). 3.5 Açúcares Redutores: O procedimento de Lane-Eynon é baseado na capacidade dos açúcares redutores, como glicose e frutose, reduzirem o cobre presente na solução cuproalcalina (Soluções de Fehling A + Fehling B, modificadas por Soxhlet), sob ebulição (BOGDANOV; MARTIN & LÜLLMANN, 1997, CECCHI, 1999 apud STARON, 2013). A solução passa da cor azul para vermelho tijolo, e deve ficar constantemente em ebulição durante a titulação, levando no máximo 3 minutos (CECCHI, 1999 apud STARON, 2013). Preparo da amostra: Deve-se dissolver 5 gramas de mel em água destilada até 25 ml, em balão volumétrico (solução 1:5). Desta solução homogeneizada, transferir 2 ml para um balão volumétrico de 100 ml (diluição final de 1:250), completar o volume com água destilada e homogeneizar, reservando a solução 1:5 para a análise de sacarose aparente. A titulação é feita com bureta de 25 ml contendo a solução de mel diluída 1:250 e um Erlenmeyer com 5 ml de solução de Fehling A, 5 ml de Fehling B e 40 ml de água destilada. Aquecer o Erlenmeyer em chapa aquecedora ou mesmo na chama de um bico de Bunsen ou um fogão, usando um tripé ou tela de amianto. Após a solução entrar em ebulição é iniciada a titulação, liberando de uma vez 5 ml da solução de açúcares na bureta. Com o reinício da ebulição, a solução Fehling torna-se avermelhada, mas ainda com muita presença de azul. A titulação deve ser reiniciada, desta vez gota a gota, sob agitação e sendo observada a modificação da cor. Considera-se o fim da reação quando a solução, contra a luz fluorescente, não apresenta qualquer tonalidade ou reflexo azul, estando colorida por um vermelho tijolo intenso. 14 O cálculo da quantidade de açúcares redutores se dá através da seguinte fórmula: AR= açúcares redutores; F= fator de correção da padronização das soluções Fehling; 250= diluição do mel. MV- média dos volumes gastos nas soluções 3.6 Sacarose aparente: Considerando que a sacarose é um dissacarídeo não-redutor, composto por glicose e frutose unidas por ligações glicosídicas (GRANATO & NUNES, 2016 APUD NELSON & COX, 2014), admite-se que após a hidrólise, é possível quantificar indiretamente a sacarose na solução analisada, através dos açúcares redutores formados. Preparo da amostra: A partir da solução 1:5 utilizada na análise de açúcares redutores, deve-se transferir 2 ml para um béquer de 100 ml, adicionando 40 ml de água destilada e 1 ml de ácido clorídrico (HCl) concentrado. Esta solução deve ser submetida ao aquecimento até a ebulição, resfriada e neutralizada com NaOH 5mol/L até pH 7±0,2 e completada com água destilada até 100 ml, em balão volumétrico. O resultado é expresso em açúcares totais (AT). AT= açúcares totais; F= fator de correção obtido da padronização das soluções Fehling. MT- média dos volumes gastos nas titulações O aquecimento até a ebulição, em condições fortemente ácidas, garante que a sacarose seja hidrolisada, tendo como produtos as moléculas separadas de glicose e frutose. A massa molecular da sacarose (MM= 342mol/L) fica sendo 95% das massas moleculares glicose e frutose juntas (MM= 360mol/L), levando em consideração que 5% da massa refere-se à água (MM= 18mol/L) que foi utilizada na hidrólise. Assim, a quantidade de sacarose aparente de uma amostra é calculada pela equação: 15 SA =sacarose aparente; AT= açúcares totais; AR= açúcares redutores. 3.7 Sólidos insolúveis: Os sólidos insolúveis do mel consistem de partículas de cera em suspensão, fragmentos de insetos e plantas e ainda grãos de pólen. Além de outros elementos inerentes do mel ou do processamento que este sofreu (MENDES et al., 2009 apud GRANATO & NUNES, 2016). Esta análise permite detectar as impurezas no mel, tornando-se uma importante medida de controle higiênico (SILVA et al., 2006 apud GRANATO & NUNES, 2016). Preparo da amostra: Para esta análise utiliza-se o método gravimétrico com filtração em cadinhos porosos (BOGDANOV; MARTIN & LÜLLMANN, 1997 apud STARON, 2013 ). Deve-se pesar cerca de 5 gramas de mel, diluindo em água a 80ºC e transferir para cadinho poroso nº3 acoplado ao Kitassato, o cadinho deve ser previamente seco a 105ºC por 12h, resfriado em dessecador e pesado. Filtrar sob vácuo e lavar a amostra de mel no cadinho, com água a 80ºC, até o volume de cada filtrado atinja 1L. Em seguida o cadinho é novamente seco a 105ºC por 12h, resfriado e pesado. O cálculo da quantidade de sólidos insolúveis se dá através da seguinte fórmula: Massa dos sólidos= cadinho filtrado e seco cadinho seco O máximo permitido é de 0,1g/100g de mel, más quando o mel for prensado se tolera até 0,5 g/100g (BRASIL, 2000). 3.8 pH e acidez: A acidez no mel é importante, pois previne a ação de micro-organismos, contribui para o sabor do mel, aprimoramento das reações químicas e atividade 16 antioxidante (GRANATO & NUNES, 2016 APUD GHELDOF & WANG et al., 2002; CAVIA et al., 2007). O ácido presente no mel é o ácido glucônico, além dos ácidos fórmico, acético, benzóico, butírico, láctico, oxálico, málico, succínico, pirúvico, glicólico, cítrico, fenilacético, tartárico, maleico, piroglutâmico e valérico (STARON, 2013 APUD STRINSON et al., 1960; ANDRADE et al., 1997; SUAREZ-LUQUE et al., 2002). Preparo da amostra: Para a medida do pH e da acidez no mel, deve-se pesar 2,0 gramas da amostra e diluir em água destilada até o volume de 15ml. O pH deve ser determinado com auxílio de um pHmetro, previamente calibrado com as soluções-tampão pH 4 e 7. A mesma solução de mel deve ser utilizada na determinação de acidez, por titulação. Colocar a solução de mel em um erlenmeyer, adicionar duas gotas de fenolfetaleína e titular com NaOH 0,05 mol/L em bureta de 10 ml, até o ponto de viragem com coloração levemente rósea, que persiste por 10 segundos (GRANATO & NUNES, 2016 APUD KOMATSU, 1996). Para o cálculo de acidez utiliza-se a equação: Vg= volume gasto na titulação (mL); Cm= concentração molar do NaOH; Fc= fator de correção do NaOH; Ma= massa da amostra em gramas. 3.9 Cinzas: O mel apresenta um baixo conteúdo de cinzas, o qual depende do material recolhido pelas abelhas durante a coleta do néctar e melato (RODRÍGUEZ et al., 2004 apud GRANATO & NUNES, 2016). Os valores obtidos para este parâmetro estão relacionados com a presença quantitativa do material mineral no mel, influenciado também pelo tipo de solo em que a planta nectarífera tem seu crescimento (FELSNER et al., 2004; BORSATO et al., 2010 apud GRANATO & NUNES, 2016). 17 Preparo da amostra Adiciona-se 2 gramas de mel em cadinho, que previamente deve ser calcinado a 550ºC em forno mufla por uma hora, resfriado em dessecador e pesado. O cadinho com mel deve ser levado à capela e as amostras carbonizadas em chama. Esse procedimento evita que as amostras transbordem do cadinho e se acumule no interior da mufla. O cadinho deve retornar para a mufla por 6 horas a 550°C, apósisso, deve ser resfriado em dessecador e pesado. O cálculo de cinzas se dá através da seguinte fórmula: Massa de cinzas= cadinho pós queima – cadinho vazio A legislação brasileira exige para o mel floral cerca de 0,6g/100g, e para o mel de melato, 1,2g/100g. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES: CFT (Compostos fenólicos totais): A amostra de mel apresentou 20,83±2 mgEAG/100g na análise de compostos fenólicos totais, sendo inferior aos resultados encontrados por LIMA et al., (2015), que encontrou valores entre 25,50 a 37,17mg EAG/100g. Também sendo inferior aos resultados encontrados por STARON et al., (2013), na qual foram encontrados valores entre 35,08 a 95,43 mg EAG/100g. O conteúdo de fenólicos totais em mel e mesmo a variedade de fenólicos é mutável para cada tipo de mel, isso se deve ao fato de que a maioria das plantas contém um grande número de polifenóis e flavonoides e cada planta tende a ter um perfil distinto (AL-MAMARY et al., 2002; WEI & ZHIRONG, 2003 apud GRANATO & NUNES, 2016). Umidade: Na análise umidade, a amostra se manteve estável em 16,8g de água/100g de mel na primeira semana de análises, chegando de 19,6 a 19,8g de água/100g de mel nas semanas seguintes, sendo muito próximo ao resultado encontrado por STARON et al., (2013), que encontrou o valor de 17,20±0,12g/100g de umidade para este mesmo mel. 18 Borsato (2008) e Vargas (2006) determinaram valores de umidade, com méis provenientes dos Campos Gerais, de 15,10 a 18,43% e de 15,56 a 21,58% respectivamente. O teor de umidade no mel depende das condições ambientais e da manipulação de apicultores no período de colheita, época e grau de maturação do mel (RODRÍGUEZ et al., 2004; YANNIOTIS et al., 2006; BORSATO,2008 apud STARON, 2013). De acordo com Bogdanov, Martin e Lüllmann, o mel deve-se manter estável e livre de fermentação, sendo acima de 20g/100g de umidade o mel fica sujeito à fermentação e não é aceito na comercialização. A legislação brasileira permite conteúdos de umidade até 21g/100g de umidade (BOGDANOV; MARTIN & LÜLLMANN, 1997 apud STARON, 2013). Índice de diástase: No índice de diástase, a amostra apresentou na 1º semana um índice de 3,3±0,2, na 2° semana 3,29±0,13, na 3º semana 2,93±0,15, na 4° semana 4,07±0,63 e na 5° semana 5,7±0,38. A legislação exige um mínimo de diástase de 8 ou 3 na escala Göthe, se o HMF não ultrapassar 15mg/Kg (BRASIL, 2000), o índice de diástase mostrou-se dentro da legislação, até a 2º semana de análises, más com uma queda no padrão a partir da 4°semana, pois o índice sempre deve diminuir de acordo com o prazo de validade estimado do produto, já que o índice de diastase é afetado pelo tempo de armazenamento e temperatura (STARON, 2013), porém este fator pode ter sido influenciado também pelas trocas de equipamentos utilizados na 3°, 4° e 5° semanas de análises, que foram pontos cruciais no resultado final. Os únicos resultados que saíram fora, de acordo com a legislação, foram os da 3º, 4° e 5° semanas de análises, que apresentaram entre 2,93±0,15, 4,07±0,63 e 5,7±0,38 respectivamente. Se analisarmos uma média no decorrer do índice, notaremos que, ele sempre esteve dentro dos padrões exigidos pela legislação até a 3° semana, sendo que o HMF nunca chegou exatamente a 15mg/Kg. Comparando com os resultados encontrados por STARON et al., (2013), que encontrou valores entre 10,11±1,08 com HMF de 0,75±0,01,e também de acordo com os resultados encontrados por Ajlouni e Sujirapinyokul et al, (2010), que 19 encontraram valores entre 9,43 a 22,1 para méis comerciais e 17,6 a 25,4 para méis não processados, a amostra por nós analisada, possui uma atividade diastásica muito baixa, levando em conta o tipo de florada e a época em que o mel foi produzido.(STARON, 2013 APUD CRANE, 1983; SHADE et al., 1958; BOGDANOV et al., 2004; SAK-BOSNAR & SAKAC, 2012). Analisando os dados, o mel está de acordo com a legislação logo após o seu processamento, obviamente há uma alteração depois de um período após a sua produção, armazenamento e consumo. Hidroximetilfurfural (HMF): O HMF apresentou na 1º semana o valor de 6,1876±0,9mg/Kg, na 2º semana 13,5728±0,6mg/Kg, na 3º semana 5,0898±0mg/Kg, na 4º semana 6,1876±0,08mg/Kg e na 5º semana 4,6705±0,02mg/Kg. Gráfico 1: Índice de HMF durante as semanas Comparando com o máximo exigido pela legislação, que é de 60mg/Kg, o mel está de acordo com a mesma. Por mais que os resultados não formaram um padrão em ordem crescente, pois o HMF aumenta de acordo com uma temperatura elevada, e os resultados não ultrapassaram 15mg/Kg, pois o índice de diástase se manteve perto de 3, todos os resultados estão de acordo com a legislação. De acordo com STARON et al. (2013), que encontrou valores entre 0,24 e 1,70mg/Kg, os níveis de HMF estarão dentro da legislação se não ultrapassarem 60mg/Kg como máximo, e 15mg/Kg se o índice de diástase for 3. 20 Açúcares redutores (AR): Na análise de açúcares redutores obteve os valores sem significativa diferença, variando entre 69,8% a 73,04%, atendendo aos limites exigidos pela legislação brasileira a qual determina um mínimo de 65% para o mel floral. Os resultados foram inferiores aos encontrados por STARON et al. (2013), que encontrou valores de 87,68% a 89,89%. Sendo os valores encontrados neste trabalho próximos aos de Azeredo et al. (2003), que determinou valores de 67,3% a 73,5% para méis de diferentes origens. Sacarose aparente (SA): No índice de sacarose aparente, foram determinados valores variando entre 4,90% a 5,72% nas três primeiras semanas, nos quais os resultados estão de acordo com a legislação que exige um máximo de 6%, e próximos aos de STARON et al. (2013), que encontrou valores de 3,79% a 5,67%. Porém na 4º semana obteve-se um índice de sacarose aparente de 7,58%, logo o índice de SA deve sempre diminuir, por causa da enzima invertase que permanece no mel até sua inativação (PEREIRA, 2003 apud STARON, 2013 ) Quanto ao aumento no índice de SA, podemos comparar esse aumento tanto para o índice de diastase quanto para o HMF em proporção, onde também a partir da 4°semana tiveram um aumento significativo. Sólidos insolúveis: O índice de sólidos insolúveis apresentou o valor de 0,07±0,01, sendo que a legislação exige um máximo de 0,1g/100g de mel, mas quando o mel for prensado se tolera até 0,5g/100g de mel (BRASIL, 2000 apud STARON, 2013 ). Sendo este valor muito próximo aos encontrados por STARON et al., (2013) que obteve valores entre 0,02 a 0,06%. Logo, os valores estão de acordo com a legislação no incide de sólidos insolúveis, indicando boas práticas de higiene no apiário produtor do mel analisado. (STARON et al., 2013). 21 pH: O valor de pH obtido foi de 4,27±0,01, estando de acordo com a legislação, pois esta não determina valores de pH no mel, já que valores baixos podem ajudar a evidenciar adulterações por xarope de sacarose ou amido invertido por hidrólise ácida, e valores muito altos são encontrados em caldas de sacarose sem adição de amido (BRASIL, 2000; BOGDANOV; MARTIN & LÜLLMANN; 1997; MERCOSUL, 1999 apud STARON, 2013 ). Cinzas O teor de cinzas obtido foi de 0,2±0,0006, estando de acordo com a legislação, que exige um máximo de 0,6% para o mel floral e de 1,2% para o mel de melato. STARON et al., (2013) encontrou valores de 0,24 a 0,52%, estando muito próximo dos valores encontrados para este mesmo mel. A determinação de cinzas possui importância significativa, podendo determinar irregularidades, fraudes e adulterações. (SCHLABITZ et al., 2010 apud GRANATO & NUNES, 2016 ) Acidez: No teor de acidez foi obtido o valor de 18,08 mEq Kg, estando de acordo com a legislação que exige um máximo de 50 mEq Kg (BRASIL, 2000 apud STARON, 2013) STARON et al., (2013) encontrou valores entre18,16 a 33,11 mEqKg, estando os resultados muito próximos neste parâmetro A variação de acidez em méis é resultante do tipo de florada a qual influencia na composição do néctar, este que possui diversos ácidos orgânicos, já citados neste trabalho (ROOT, 1985 apud STARON, 2013 ). 22 5. ÁREAS DE IDENTIFICAÇAO COM O CURSO: Em uma ligação direta com o curso, teve uma relação com as disciplinas de Analise de alimentos e Bioquímica, onde o conteúdo abordado está relacionado com as atividades desenvolvidas no estágio, como por exemplo as análises de Espectrofotometria, gravimetria, para além das reações que ocorrem nas mesmas. 23 6. CONCLUSÃO: O estágio contribuiu para a minha formação como aluno e como pessoa, pois as atividades realizadas diariamente fornecem uma responsabilidade e experiência onde somente a teoria não fornece, também para o conhecimento pessoal, onde o mel, que foi o produto estudado, por mais que muito consumido não muito conhecido teoricamente. Houve a possibilidade de avaliar parâmetros no mel onde determinam se este está ou não apto a ser comercializado, estes por mais simples que sejam, são de extrema importância. 24 REFERÊNCIAS: GRANATO, D. & NUNES, D. S. Análises químicas, propriedades funcionais e controle da qualidade de alimentos e bebidas: Uma abordagem teórico-prática. Rio de Janeiro, Ed. Elsevier. P. 148-168, 2016. STARON, E. A. Classificação de mel por quimiometria durante o processamento e o armazenamento. [Dissertação] Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2013. 25 ANEXOS: 26 ANEXOS: 27
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