Ebook-Missao-Proposito-iCarreira-2019

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PROPÓSITO, VISÃO, 
MISSÃO E VALORES
Reprodução proibida
https://icarreira.com.br/curso-coaching/
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Sumário
3 Introdução
4 Vivemos uma ditadura do propósito e missão de vida?
5 Qual a diferença entre valores, visão, missão e propósito?
6 Quanto tempo leva para descobrir?
7 Qual a vantagem em descobrir os meus?
19 Conclusão
8 Qual a relação das pessoas com a minha missão?
9 Temos uma só missão ou podemos ter algumas?
Como descobrir a minha missão? E qual o seu porquê?
3
“Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que nasceu 
e o dia em que descobriu o porquê” (Mark Twain).
O tema de encontrar o propósito e missão na vida tem se tornado cada vez mais co-
mum na internet, no trabalho, nas reuniões de família, de amigos, nos bares e restau-
rantes mundo afora. Não que o tema em si não tenha sido tratado no passado. Há di-
versos exemplos da história relatando filósofos e pensadores que se debruçaram sobre 
descobrir o “verdadeiro sentido da vida” ou “o significado da vida” ou ainda “qual o 
propósito da vida”.
Aristóteles disse certa vez: “conhecer a si mesmo é o começo de toda a sabedoria”. O 
próprio Aristóteles também disse: “onde o seu talento e as necessidades do mundo se 
encontram, lá estará o seu chamado”.
O ebook aborda a seguir algumas perguntas e respostas a respeito do assunto. Afinal, 
como coach de carreira, eu acredito que as perguntas são as respostas. O próprio Vol-
taire disse certa feita: “devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas do que 
pelas suas respostas”.
Após as perguntas e respostas, você vai ler a respeito de alguns pensamentos, filosofi-
as, teorias e psicoterapias centradas na busca por sentido.
Introdução
Este ebook foi baseado em um post do iCarreira com o título “Você vive ou apenas ex-
iste? Uma reflexão sobre missão e propósito de vida”. Caso queira ver o post ou ainda 
alguns outros, você pode conferir em http://www.icarreira.com.br
Por outro lado, este ebook é mais amplo do que o post no qual ele se baseia. Ele 
detalha com mais profundidade alguns pontos tratados no artigo do site do iCarreira.
http://www.icarreira.com.br
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Gostaria de começar dizendo que você não tem obrigação de descobrir qual a sua 
missão, visão, valores e propósito para viver. Falo isso porque parece que, assim como 
em relação à ditadura da felicidade (todos têm que ser felizes em todos os momentos 
da vida), o propósito e a missão têm sido recentemente difundidos como coisas es-
senciais e sem as quais não podemos viver em hipótese alguma. Acho isso simplista 
demais e acaba por nos gerar estresse desnecessário.
Existem pessoas que passam uma vida inteira sem descobri-los e, nem por isso, deixam 
de viver. Se bem que, segundo Oscar Wilde, “viver é a coisa mais rara do mundo e a 
maioria das pessoas apenas existe”.
Honestamente, eu acredito que, a partir do momento em que você se dá conta e busca 
descobrir o seu propósito e missão, você já não apenas existirá, mas passará a viver 
com certa plenitude, para pegar carona nas palavras de Wilde. E isso, basicamente, é 
feito por um processo de autoconhecimento, que pode fazer uso de terapia, sessões 
de coaching, assessments, auto observação, meditação, etc.
Vivemos uma ditadura do propósito 
e missão de vida?
Missão
Propósito
Plenitude
Felicidade
5
Para responder a essa pergunta, usarei uma ilustração que eu 
vi no Youtube: www.youtube.com/watch?v=f5L8dNw5PF0. 
Trata-se de um vídeo do canal AuthenticEducation e que se 
chama “The Best Analogy For Your Vision, Mission & Purpose” 
(A melhor analogia para a sua visão, missão & propósito).
Imagine um caminho que leva ao destino final da sua vida. 
Esse destino é a visão. O caminho que você escolhe é a 
missão. E o propósito é a razão pela qual você está seguindo 
esse caminho e não algum outro. Os valores são a bússola 
que guiam nesse caminho.
De uma outra forma, o propósito é o WHY (Por que?), a missão é o HOW (Como?) e a 
visão é o WHERE (Onde você quer chegar?).
Quero mencionar também um vídeo a que assisti no TED, do Simon Sinek: How great 
leaders inspire action (Como grandes líderes inspiram ação), também conhecido como 
Start with why (Comece com o porquê) (https://www.youtube.com/watch?v=qp0HIF3S-
fI4). Nesse vídeo, Sinek comenta que os grandes líderes e organizações invertem a or-
dem normalmente usada para explicar o que eles fazem (WHAT), como fazem (HOW) 
e porque o fazem (WHY).
Líderes e organizações de sucesso iniciam os seus discursos com o porquê, isto é, a 
razão de fazerem o que fazem. Sinek cita o exemplo da Apple, que diferentemente dos 
seus concorrentes, não comunica fazer computadores (WHAT) que servem para as pes-
soas trabalharem e se divertirem (HOW) e essa é a razão da sua existência.
Ao invés disso, desde cedo, a Apple alardeava que estava ao lado dos inconformados, 
daqueles que pensam diferente, que não aceitam o status quo e que, por isso, criava 
computadores com design e experiência ímpar, o que subverteu totalmente a ordem 
das coisas. Daí o conceito de começar com o porquê (Start with Why).
Ainda durante o vídeo, Sinek comenta sobre o célebre discurso de Martin Luther King 
Jr., quando ele reuniu milhares e milhares de pessoas (das quais 25% brancas) para 
falar no que ele acreditava para a sociedade norteamericana (WHY). Aliás, falando em 
Martin Luther King Jr., há uma famosa frase atribuída a ele que diz: “quem não tem uma 
causa pela qual morrer, não tem motivo para viver”.
Qual a diferença entre valores, 
visão, missão e propósito?
https://www.youtube.com/watch?v=f5L8dNw5PF0
https://www.youtube.com/watch?v=qp0HIF3SfI4
https://www.youtube.com/watch?v=qp0HIF3SfI4
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Desvendar o propósito, a visão e a missão é uma tarefa rápida para uns e demorada 
para outros. Quantos de nós não conhecem pessoas que, desde cedo, sacaram quais 
eram os seus talentos e o que nasceram para fazer? Por outro lado, qual de nós também 
não conhece pessoas que, apesar da idade já madura, ainda não se encontraram? O 
resumo da ópera é que cada um tem um tempo. Esse é mais um exemplo de que não é 
adequado nos compararmos aos outros, pois os contextos e histórias de vida são muito 
distintos. E eu mesmo sei como isso é complicado e, ainda muitas vezes, eu preciso me 
policiar para não cair na armadilha da comparação. Aceitar, portanto, que você pode 
se deparar com seu propósito e missão hoje ainda, ou mesmo que pode levar alguns 
anos para isso se consolidar é chave para não causar frustração.
Quanto tempo leva para descobrir?
Acredito que o lado bacana de todo esse falatório sobre missão e propósito é o fato 
das pessoas estarem se preocupando com algo que, até pouco tempo atrás, era 
muito incomum e fora das rodinhas de bate papo. Talvez mérito das novas gerações, 
muito questionadoras e inconformadas. Talvez mérito das redes sociais e da onda de 
transparência e visibilidade que vem varrendo o mundo.
7
Se, por um lado, não há problema em não saber o próprio propósito e missão, por outro 
lado, tampouco há problema em se lançar na descoberta deles. Muito pelo contrário. 
Acredito que, ao se ter clareza sobre eles, o indivíduo se permitirá ter maior congruên-
cia e muitos dos seus conflitos internos deixarão de existir (digo “muitos”, pois não con-
sigo acreditar em ser humano sem dilemas e sem incongruências). Nós podemos ter 
algumas crenças que limitam o nosso crescimento e sucesso. Ao nos darmos conta de 
onde queremos chegar (visão), como o faremos (missão) e qual a razão de querermos 
isso (propósito), nós começamos a abrir caminho para que o nosso ser se alinhe com o 
nosso plano,trocando aquelas crenças limitantes por outras mais positivas e estimulan-
tes, nos dando foco, clareza e congruência interna. De fato, clareza é poder!
Com o maior foco e clareza de direção, conseguiremos liberar o potencial latente em 
nós que fará a diferença na vida das pessoas. Compartilho com vocês algo em que 
acredito: que a nossa missão passa, de alguma forma, por ajudar ou servir as pessoas. 
Seja um professor que contribui para a educação de crianças, jovens ou adultos, seja 
um empresário que oferece empregos, seja um vendedor que ajuda a economia a gi-
rar e os seus colegas a ter um emprego, de alguma maneira, esse talento será utilizado 
para servir a sociedade e as pessoas.
Qual a vantagem em descobrir os meus?
8
Interessante notar que diversos livros de autoajuda utilizam esse pensamento para 
sugerir que devemos ajudar as pessoas a ter uma vida próspera financeiramente. O que 
não deixa de ser verdade, mas talvez evitando enfatizar tanto o lado econômico. Afinal, 
dinheiro não é um fim, mas um meio. E, sem dúvida, dinheiro é uma consequência. 
E uma consequência do valor que você gera para as pessoas. Note que valor não é algo 
sujeito à sua avaliação, mas sim à avaliação do outro. Nesse sentido, pouco importa o 
que eu acho sobre o que eu faço, mas o que o outro acha a respeito do que eu faço e 
entrego.
Perceba que o mundo está carente de pessoas com uma causa a defender. Geralmente, 
os indivíduos com um propósito e missão claros têm uma espécie de ímã, aglutinando 
as pessoas à sua volta, pois muitos estão à procura de algo em que acreditar. Um ver-
dadeiro líder é aquele que inspira seu entorno (e não somente aqueles quem lidera) a 
seguir em direção a uma determinada visão, segundo um propósito e uma missão que 
engajam e motivam. O interessante é que essa inspiração também fará com que alguns 
descubram outras missões por que lutar e, assim, cria-se um ciclo virtuoso.
Aristóteles também falou que vocação é quando os seus talentos encontram as ne-
cessidades do mundo. Mais uma vez, estamos falando de dois círculos com região de 
intersecção. Não basta olharmos para o nosso umbigo e esquecermos que a nossa 
missão está de alguma maneira atrelada com o próximo e, que é isso que pode nos 
trazer satisfação e plenitude de vida.
Qual a relação das pessoas com a 
minha missão?
9
Pois é... Interessante refletir sobre essa pergunta, não? Na realidade, penso que missão 
é plural e não singular, isto é, podemos ter algumas missões. Isso porque, como a 
ilustração do caminho para uma visão que falamos antes, a missão é justamente o 
caminho que nos leva à visão e, assim, podemos usar de alguns caminhos diferentes 
para chegar ao mesmo lugar.
Isso não significa dizer que qualquer caminho é bom ou que tanto faz o caminho 
tomado, desde que o lugar de chegada seja aquele pretendido. A escolha do caminho 
vai depender do seu propósito (WHY) e dos seus valores. E lembre-se de que feliz é o 
indivíduo que curte a jornada. Portanto, invista seu tempo em descobrir qual caminho 
você quer seguir.
Temos uma só missão ou podemos 
ter algumas?
Basicamente, se você ainda não descobriu a sua missão, há uma boa chance de 
descobri-la por meio do autoconhecimento.
Para isso, eu sugiro que você leia um artigo que eu postei no iCarreira, onde eu falei 
sobre uma das melhores ferramentas de autoconhecimento que eu já conheci: o 
eneagrama.
http://icarreira.com.br/a-melhor-ferramenta-de-autoconhecimento-queeu- conheco/
Como descobrir a minha missão? 
E qual o seu porquê?
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Filosofia Ikigai
Você já deve ter visto uma figura mostrando cerca de 4 círculos com alguma sobre-
posição entre eles. É mais ou menos como a figura a seguir, a qual foi extraída do 
Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ikigai)
No sentido horário, o círculo de cima compreende tudo aquilo que você ama; o seguin-
te contempla o que o mundo precisa; depois, o outro é sobre as coisas pelas quais 
você pode ser pago; o último diz respeito às coisas nas quais você é bom.
Note que há algumas interseções entre os 4 círculos, quais sejam:
Paixão 1 por essa teoria, a sua paixão é quando você junta aquilo no que você é muito bom com aquilo que você ama;
Vocação3 já a sua vocação é a união das necessidades do mundo com aquilo que você pode ser pago para fazer;
Missão2 a sua missão é encontrada quando você une aquilo que você ama com as necessidades do mundo;
Profissão4 a sua profissão seria a junção daquilo em que você é bom com o que poderia ser pago para fazer;
Ikigai5 esse é a interseção dos 4 círculos, o melhor dos mundos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ikigai
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Honestamente, não acho que essa teoria seja perfeita, mas acho que ela faz muito sen-
tido. Acredito que vale muito a pena o exercício de desenharmos os círculos acima 
num pedaço de papel ou mesmo desenhar no computador e preenchermos com os 
inputs e insights a nosso próprio respeito.
Com isso, poderemos descobrir se temos simplesmente uma profissão e não uma paix-
ão. Ou você até já tem uma missão, mas ainda não está sendo pago para isso. Impor-
tante salientar que missão tem a ver com “aquilo que o mundo precisa”, isto é, tem a ver 
com servir o próximo. Esse entendimento encontra refúgio também em outros autores 
e teorias.
É por isso que eu realmente lhe encorajo a desenhar os 4 círculos e preencher com as 
suas informações, já que isso vai lhe dar mais clareza sobre a sua razão de existência.
Falando em razão de existir, como já comentado, você vai notar que no centro da figura 
mostrada há uma palavra: ikigai.
Como você pode perceber, a origem dessa palavra é japonesa, mais precisamente a 
ilha de Okinawa, ao sul do Japão. “Iki” significa vida e “kai” quer dizer realização de 
desejos e expectativas.
Os seguidores dizem que essa filosofia de vida (ikigai) tem por objetivo descobrir qual 
a “razão de ser de cada pessoa”, ou se preferir, “qual o motivo de acordarmos todas as 
manhãs”.
Ainda de acordo com os seguidores, todos nós 
temos um ikigai. E a busca por identificar o seu 
requer uma profunda e extensa busca de si mes-
mo (autoconhecimento). É como eu gosto de 
dizer: o autoconhecimento é uma viagem só de 
ida. Uma vez que você começou a sua jornada, 
ela não terá mais fim.
Aqueles que já iniciaram o processo de auto-
conhecimento sabem que, às vezes, ele pode 
ser até doloroso. Como dizia Henry Ford, “pen-
sar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por 
isso tão poucos se dediquem a ele”.
Outra frase emblemática a respeito das dificul-
dades de se conhecer mais vem de Miguel de 
Cervantes: “faça com que seu trabalho mais im-
portante seja conhecer a si mesmo, o que é a 
lição mais difícil do mundo”.
Por outro lado, a liberdade, a clareza e a con-
gruência que o autoconhecimento traz é infinita-
mente maior do que as agruras que ele dá.
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Retomando sobre o ikigai, os japoneses dizem que somente a partir da busca da sua 
razão de ser (raison d’être) é que você terá satisfação e significado de vida. O impres-
sionante é que a longevidade do povo japonês em Okinawa é tamanha que muitas 
pessoas chegam a ultrapassar os 100 anos de vida.
É verdade que o tema de achar o seu propósito e missão de vida não é nada novo, 
como já vimos um pouco acima, mas é bastante curioso o fato dele estar tão em voga 
novamente (vemos assim que a história se repete!). Ele nunca desapareceu, mas en-
tendo que ultimamente ele foi “democratizado” ou “popularizado”, poispassou a fazer 
parte das reflexões e questionamentos de muito mais pessoas, o que eu considero 
como extremamente positivo.
Logoterapia
A logoterapia, que é uma psicoterapia baseada na busca por sentido, foi fundada pelo 
psiquiatra Viktor Frankl, após ele ter sobrevivido a campos de concentração na segun-
da guerra mundial. 
Para quem não conhece, Viktor Frankl escreveu alguns livros, 
dentre os quais, talvez o mais famoso seja “Em busca de sentido”. 
Nesse livro, Viktor Frankl comenta que teve seu pai, mãe, irmão e 
esposa mortos em campos de concentração ou em crematórios. 
Ele mesmo sofreu as mais profundas humilhações, castigos 
e dificuldades, além de esperar a qualquer momento pela 
exterminação da sua própria vida. 
Ele relatou que prisioneiros que eram forçados ao trabalho 
escravo desistiam de viver e não iam trabalhar, mas ficavam 
nos alojamentos, deitados muitas vezes sobre os próprios 
excrementos. Ficavam parados, inertes, como que esperando a 
execução por um soldado nazista. Ele comenta muito vividamente como observava 
essa “desmotivação” nos seus colegas de alojamento. 
O Dr. Frankl gostava muito de mencionar uma frase de Nietzsche: “quem tem por que 
viver, pode suportar quase qualquer como”. 
No campo de concentração, praticamente todas as circunstâncias levam o prisioneiro 
a perder o controle da sua vida. A única coisa que resta é a “última liberdade humana”, 
a saber: a capacidade de escolher a atitude pessoal que se assume diante de tais 
circunstâncias. 
14
Isso é muito poderoso. Viktor Frankl nos ensinou que, apesar das circunstâncias mais 
complicadas e hostis, nós ainda temos controle sobre aquilo que nós pensamos. Nós 
podemos escolher qual o nosso estado mental, o que certamente vai repercutir em 
nossas ações ou atitudes. 
Quando solicitado a resumir em uma sentença qual era a diferença entre a logoter-
apia e a psicanálise, Viktor Frankl retrucou que, antes, precisaria entender qual era a 
essência, na visão do interlocutor, da psicanálise. Este então respondeu: “durante a 
psicanálise, o paciente precisa deitar num sofá e contar coisas que, às vezes, são muito 
desagradáveis de se contar”. Ao que o Dr. Frankl respondeu: “bem, na logoterapia, o 
paciente pode ficar sentado normalmente, mas precisa ouvir certas coisas que, às vez-
es, são muito desagradáveis de se ouvir”. 
A Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, como a Logoterapia também é conhecida, 
concentra-se no sentido da existência humana, bem como na busca da pessoa por esse 
sentido. Essa busca de sentido é a principal força motivadora no ser humano (vontade 
de sentido).
Essa é uma importante diferenciação com a psicanálise freudiana, pois esta se caracter-
iza pela “vontade de prazer”. 
Segundo Frankl, a busca por sentido certamente pode causar tensão interior em vez 
de equilíbrio. Porém, ainda segundo ele, essa tensão é um pré-requisito indispensável 
para a saúde mental. Abaixo, seguem algumas frases de Viktor Frankl que são verdadei-
ras ideias contra intuitivas, pois nossa mente nos impele a fugirmos da dor, dos proble-
mas e de tudo aquilo que nos traz tensão: 
15
“Ouso dizer que nada no mundo contribui tão efetivamente para a sobrevivência, mes-
mo nas piores condições, como saber que a vida da gente tem um sentido”. 
“O que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas antes 
a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente. O 
que ele necessita não é a descarga de tensão a qualquer custo, mas antes o desafio de 
um sentido em potencial à espera de seu cumprimento”. 
O Dr. Frankl dizia que o vazio existencial manifesta-se, principalmente, num estado de 
tédio. Ele costumava citar como exemplo a “neurose dominical”, onde uma espécie de 
depressão ou tédio acomete indivíduos que, após uma semana corrida, desaceleram 
no final de semana e se sentem vazios por dentro. O mesmo seria válido, segundo ele, 
para crises de aposentados e idosos. 
Qualquer que seja o caso de vazio existencial, a logoterapia entende que fenômenos 
como depressão, agressão e vícios são a consequência desse sentimento de vazio, ou 
em outras palavras, falta de sentido para a vida. 
A vontade de sentido frustrada é compensada por uma vontade de poder, incluindo a 
forma mais primitiva, que é a vontade de dinheiro. 
Talvez seja por isso que muitas pessoas correm atrás de dinheiro desenfreadamente. 
Parece que se torna realmente uma compulsão. Lembro de uma frase do Tony Rob-
bins, famoso palestrante motivacional e coach norte americano, em que ele diz mais ou 
menos assim: sucesso sem realização pessoal é fracasso! 
É por isso que alguns empresários, quando vendem suas empresas e se aposentam, 
caem em depressão ou tédio – eles atingiram o sucesso material, mas estão sem real-
ização pessoal ou profissional que lhes dê completude, significado ou sentido. 
Para finalizar, de acordo com a logoterapia, nós podemos descobrir o sentido da vida 
de 3 formas distintas:
1
criando um trabalho 
ou praticando um ato;
2
experimentando 
algo ou encontrando 
(amando) alguém;
3
pela atitude que 
tomamos em relação ao 
sofrimento inevitável.
Por mais que o sofrimento (inevitável) seja uma das formas de encontrar sentido, Viktor 
Frankl deixava claro que ele não era, de modo algum, necessário para encontrar sentido.
16
Pirâmide dos Níveis Neurológicos
Esse modelo de níveis neurológicos foi inspirado por Gregory Bateson e introduzido 
na programação neurolinguística (PNL) por Robert Dilts.
A análise dessa pirâmide nos leva a refletir sobre qual é a nossa verdadeira missão, qual 
o nosso objetivo final. O objetivo dela, portanto, é mostrar a hierarquia neurológica do 
ser humano para compreender a importância do desenvolvimento de missão, propósi-
to e visão.
É por isso que o alinhamento entre esses níveis ocupa papel chave na PNL. É uma fer-
ramenta preciosíssima para, a partir do nosso objetivo final, reorganizarmos a nossa 
vida, dando sentido às nossas ações, dando-nos controle sobre as iniciativas que nos 
conduzirão ao destino final, ou seja, ao nosso objetivo e missão. 
Legado
Afiliação
Identidade
Crenças e Valores
Capacidades e Habilidades
Comportamento
Ambiente
Ambiente – é o seu ambiente de trabalho, a sua roupa, o seu carro, a sua moradia;
Comportamento – ações e reações que você tem diante do ambiente onde se encon-
tra. Diz respeito não somente às ações realmente executadas, mas também àquelas 
apenas em pensamento;
Capacidades e habilidades – basicamente, se referem aos conhecimentos do in-
divíduo;
Crenças e valores – as pessoas fazem o que fazem e do jeito que fazem porque estão 
embasadas por verdades absolutas (crenças, que podem ser limitantes ou positivas) e 
por princípios fundamentais (valores);
17
Identidade – a identidade se relaciona com a missão da pessoa e com o seu senso de 
si mesmo;
Afiliação – aborda a qualidade do relacionamento interpessoal em diversos âmbitos, 
tais como família, trabalho, amigos etc.;
Legado ou espiritualidade – este nível está relacionado com a espiritualidade, com a 
visão e o propósito. 
É muito interessante notar que a espiritualidade e legado são o nível mais elevado na 
escala evolutiva dentro dos níveis neurológicos, sendo o ambiente externo o nível mais 
superficial. 
Não é raro encontrar coachees (cliente do coach) que iniciam um processo de coach-
ing buscando um objetivo material e terminam por descobrir que o que buscavam era, 
na verdade, algo mais elevado. 
Veja também que, ao mudar um nível superior, você acaba cascateando essas mu-
danças também para os níveis inferiores. A recíproca não é verdadeira. Exemplifican-
do: você pode ter um diploma de Harvard (capacidades e habilidades), mas se as suas 
crenças e valores não lhe permitirem, você não conseguirá obter sucesso. 
Por outro lado, ter um propósito e um legado claros fará com que toda a sua vida mude, 
influenciando a sua identidade, as crenças e os valores que você possui, assim como 
os seus comportamentos,as pessoas com quem você anda e os ambientes onde você 
escolhe viver. 
18
Teoria do Estado de Fluxo (Flow)
O professor Mihaly Csikszentmihalyi se debruçou sobre duas perguntas para desen-
volver a sua famosa Teoria do Flow ou Teoria do Estado de Fluxo: 
Mihaly parecia estar determinado a desvendar quais seriam os elementos ou aspectos 
que contribuíam para uma vida que valesse a pena ser vivida. Para isso, ele explorou e 
analisou diferentes áreas, tais como filosofia, arte, religião e alguns outros campos do 
conhecimento. 
Uma das constatações de Mihaly é que riqueza não traz felicidade (acima de determi-
nado valor, a pessoa já vive muito bem). Em pesquisa conduzida por ele nos EUA, o 
índice de pessoas que declaravam ser “muito felizes” permanecia estável na casa dos 
30%, independentemente do crescimento econômico e da renda per capita. 
Mihaly, em suas buscas para descobrir as razões para a felicidade, se atentou ao fato de 
que o nosso sistema nervoso não pode processar mais do que uma certa quantidade 
de dados por segundo. Quando estamos realmente envolvidos em um processo de 
flow (estado de atenção focado), o nosso sistema nervoso parece não conseguir mon-
itorar como seu corpo está se sentindo, se está com frio, se está com fome, cansado 
ou sequer pensar em problemas do dia a dia. Assim, a existência é temporariamente 
suspensa. Ela passa a ser atemporal. 
Mihaly chegou também à conclusão de que qualquer coisa que seja significante para 
você é o significado da vida. É o que preenche a sua vida de significado e você não 
tem muito como explicar os motivos. Você apenas sabe que é algo que lhe dá prazer e 
pode ficar minutos (senão horas a fio) fazendo aquilo e nem percebe o tempo passar. 
E como descobrir as atividades que nos deixam em Flow? Autoconhecimento. 
Descobrir as atividades que você executa em estado de flow vai lhe ajudar a entender 
aquilo que você gosta de fazer, aquilo que você faz bem. E algo importante de ser dito 
é que normalmente isso é algo que lhe desafia. Se não houver desafio, você fica ente-
diado, não consegue entrar em flow. A chave é um ponto de equilíbrio entre desafio 
versus suas próprias habilidades. 
Isso é importante, pois existe um ponto ótimo onde as nossas capacidades e habili-
dades estão alinhadas ao desafio ao qual somos submetidos. Se as nossas habilidades 
estiverem aquém do desafio, ficaremos estressados e angustiados. Se elas estiverem 
além do nosso desafio, ficaremos entediados. 
 Por que é tão difícil ser feliz?
 Qual o significado da vida?
19
Conclusão
Como dizia Viktor Frankl a seus alunos nos EUA e na Europa: “Não procurem o sucesso. 
Quanto mais o procurarem e o transformarem num alvo, mais vocês vão errar. Porque 
o sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem 
lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior do que a 
pessoa, ou como um subproduto da rendição pessoal a outro ser. A felicidade deve 
acontecer naturalmente, e o mesmo ocorre com o sucesso; vocês precisam deixá-lo 
acontecer, não se preocupando com ele. Quero que vocês escutem o que sua con-
sciência diz que devem fazer e coloquem-no em prática da melhor maneira possível. 
E então vocês verão que a longo prazo – estou dizendo: a longo prazo! – o sucesso vai 
persegui-los, precisamente porque vocês esqueceram de pensar nele”. 
Aqui há vários conselhos de sabedoria que podemos tomar emprestados para a nossa 
discussão. Se não temos ainda clareza sobre o nosso propósito e missão, não devemos 
nos preocupar. Ele vai aparecer quando menos esperarmos. E outra coisa é que não 
devemos ter pressa. Ele pode acontecer depois de um certo tempo. O fundamental é 
que comecemos a jornada e não paremos. Como disse Confúcio: “não importa quão 
devagar você vá, contanto que você não pare”. 
Além disso, muito mais próximo do que o destino é a jornada. Tendemos muitas vezes 
a inverter essa ordem. “Quando eu chegar lá, quando eu tiver aquilo, quando eu me 
tornar isso, aí eu vou ser feliz”. Errado! Precisamos curtir a jornada, escolher a nossa at-
itude, ser feliz hoje e, então, o destino é mera consequência. 
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