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CAPÍTULO 2 Acreditação Hospitalar A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender os processos de acreditação. � Conhecer as certificadoras no Brasil. � Conhecer os critérios de cada um dos tipos de certificação. 26 Gestão da Qualidade Hospitalar 27 Acreditação hospitalar Capítulo 2 Contextualização Prezado(a) pós-graduando(a), neste capitulo vamos estudar a evolução das instituições acreditadoras no mundo e no Brasil. Atualmente, várias empresas já são especializadas em prestar serviços para as empresas certificadoras de instituições de saúde. Estes institutos utilizam-se da metodologia desenvolvida pelas acreditadoras para avaliar as instituições de saúde. Estudaremos, também, os critérios estabelecidos pelas acreditadoras para a certificação das instituições de saúde. Bons estudos! Conceito de Acreditação Hospitalar Antes de estudarmos os sistemas de acreditação e sua evolução com o passar dos anos, é importante diferenciarmos alguns dos termos utilizados pelos sistemas de acreditação. Você sabia que certificação e acreditação são terminologias diferentes? A certificação da qualidade é o reconhecimento da instituição por uma unidade certificadora da conformidade do sistema de qualidade. Estas conformidades podem incluir: os processos; requisitos da assistência ao cliente/paciente; normatização das ações. (ALVES, 2012). A acreditação é um processo de avaliação externa, por meio do qual uma organização avalia periodicamente as instituições de saúde para determinar se elas atendem aos critérios estabelecidos para a melhoria dos serviços prestados no cuidado ao paciente. (ALVES, 2012). Você também encontrará na literatura sobre avaliação da qualidade na atenção e na assistência em saúde outros instrumentos reguladores, como: • Habilitação: realizada principalmente por autoridade sanitária, necessária para o funcionamento do serviço; A certificação da qualidade é o reconhecimento da instituição por uma unidade certificadora da conformidade do sistema de qualidade. 28 Gestão da Qualidade Hospitalar • Categorização: é a divisão e classificação das unidades de saúde de acordo com as especialidades e complexidades. Atualmente, a qualidade faz parte de um conjunto de atributos essenciais para que as empresas sejam competitivas no seu mercado de atuação, e, por isso, é de fundamental importância que gestores, líderes do processo, envolvam- se e envolvam seus subordinados na elaboração do planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos, mobilização de toda organização para a busca da melhoria contínua de processos. Evolução da Acreditação Hospitalar no Mundo As organizações hospitalares da Europa foram as percursoras em implantar a qualidade dos serviços, a partir do século XVIII, devido à inadequação dos prédios hospitalares da época. (MADUREIRA; OLIVEIRA, 2014). A partir do século XX, dois eventos foram considerados marco para avaliação dos serviços de saúde: o Council on Medical Education da American Medical, em 1906, que iniciou com um processo de avaliação de 163 escolas médicas, das quais 124 foram fechadas por não apresentarem condições de estrutura e processos de trabalho; e a proposta do cirurgião americano Ernst Amory Codmann, do Massachussetts General Hospital, em padronizar a avaliação dos resultados, primeira iniciativa de avaliação de tratamento em que o hospital deveria acompanhar o paciente o tempo suficiente para determinar se o tratamento alcançara seus objetivos. (MADUREIRA; OLIVEIRA, 2014; RODRIGUES et al., 2011). Em 1913, o Colégio Americano de Cirurgiões desenvolveu uma padronização mínima para hospitais (Minimum Standard for Hospitais) com os requisitos básicos a serem avaliados: organização do corpo clínico; conselho diretor do hospital; regulamentação e normas para os trabalhadores do hospital; guarda de prontuários; padronização de check-list de avaliação do paciente; solicitação de exames laboratoriais e específicos; disponibilidade de equipamentos para diagnósticos e terapêuticos. Essa inspeção iniciou em 1918, e dos 692 hospitais apenas 89 preencheram os requisitos. No início, a padronização tinha por finalidade criar um ambiente adequado para proteger o médico do ambiente de trabalho adverso, mas, em seguida, passou a enfatizar a prática clínica. À medida que o sucesso do programa se 29 Acreditação hospitalar Capítulo 2 espalhou, um número crescente de hospitais quis se submeter ao processo. (RODRIGUES et al., 2011, p. 89). Em 1951, da parceria entre o Colégio Americano de Cirurgiões, o Colégio Americano de Clínicos, a Associação Americana de Hospitais e a Associação Médica Canadense, formou-se a Joint Commission on Hospital Acreditation (JCHA). Em 1958, a Associação Médica Canadense se separou da JCHA e fundou a Canadian Council on Hospital Accreditation (CCHA). (DONAHUE; O´ LEARY, 2000). Em 1974, a Austrália criou o conselho de padronizações de Hospitais. Em seguida, Nova Zelândia, Reino Unido e França criaram seus próprios critérios de padronização. Além das normas da JCHA, também foram relevantes os critérios criados pela European Foundation for Quality Management (EFQM). Em 1988, a JCHA expande seus objetivos, abrangendo organizações de saúde em geral, não mais somente instituições hospitalares, e forma-se a Joint Comissiono n Acreditation of Healthcare Organizations (JCAHO). E, em 1999, criou-se a Joint Comission Internacional, responsável em desenvolver padrões internacionais para sua atuação fora dos Estados Unidos. (RODRIGUES et al., 2011; MALIK; SCHIESARI, 2014). Os Sistemas de Acreditação na América Latina e Brasil A partir de 1990, intensificou-se a implantação de sistemas de acreditação na América Latina, organizada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Em 1991, através da parceria entre a OPAS e a Federação Latino Americana de Hospitais, elaborou-se um instrumento de avaliação hospitalar para a América Latina e Caribe. A estruturação deste documento foi realizada por meio de padrões e níveis de complexidade. (RODRIGUES et al., 2011). Desde 1970, o Brasil vem desenvolvendo portarias e resoluções com critérios para avaliar a assistência à saúde. Uma das primeiras iniciativas não- 30 Gestão da Qualidade Hospitalar governamentais ocorreu em 1986, inspirada no modelo americano desenvolvido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões. O Ministério da Saúde elaborou, em 1992, o projeto Garantia da Qualidade em Saúde junto com o Banco Mundial. Sua estrutura compreendeu quatro componentes básicos: rede de informações, desenvolvimento gerencial, regulação e controle da utilização de tecnologias e controle social, informados por sistemas específicos ligados à vigilância epidemiológica, vigilância sanitária e instrumentos de ação para o Sistema Único de Saúde, nos três níveis de governo. (MADUREIRA; OLIVEIRA, 2014, p. 321, grifo nosso). Em 1994, a Academia Nacional de Medicina, o Colégio Brasileiro de Cirurgiões e a Universidade do Estado de Rio de Janeiro se reuniram para criar o programa de Avaliação e Certificação da Qualidade em Saúde (PACQS). Em 1997, o PACQS transformou-se no Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), que representa a JCI no Brasil. (RODRIGUES et al., 2011). Tais esforços evoluíram com o passar dos anos e, atualmente, o Brasil possui quatro modelos de acreditação hospitalar: Programa de Controle de Qualidade do Atendimento Médico Hospitalar (CHQ); International Organization for Standardization (ISO); Organização Nacional de Acreditação (ONA); Joint Comission International (JCI). Programa de Controle de Qualidade Hospitalar – CHQ O Programa de Controle de Qualidade do Atendimento Médico-Hospitalar (CHQ) está vinculado à Associação Paulistana de Medicina e ao Conselho Regional de Medicina. O programa envolve a coleta e análise regularde informações sobre a gestão dos hospitais. Além disso, o CHQ prevê a visita in loco para verificação dos padrões estabelecidos para a concessão da certificação. O objetivo do CHQ é o estimulo à melhoria da qualidade nos hospitais do Estado de São Paulo, ajudando-os a cumprir sua função social e seu compromisso com as comunidades. (MIRANDA, 2011). De acordo com Alves (2012), as instituições que adotam o modelo CHQ têm os seguintes benefícios: � Têm à disposição um modelo de gestão da qualidade; 31 Acreditação hospitalar Capítulo 2 � Podem compartilhar experiências com pelo menos 100 instituições hospitalares do Estado de São Paulo através de reuniões periódicas; � Participação de eventos da qualidade; � Assessoria específica voltada à infecção hospitalar; � Pesquisas de satisfação com usuários; � Visitas periódicas para avaliação das equipes; � Selo de reconhecimento de conformidade; � Participação do Prêmio de Gestão em Saúde – PNGS. PRÊMIO DE GESTÃO EM SAÚDE – PNGS. Este é um prêmio anual que reconhece e qualifica as organizações da área da saúde que buscam excelência em sua gestão, resultando em um atendimento adequado à população e resultados superiores de desempenho. A visão do PNGS é servir como modelo referência para avaliação e orientação da gestão das organizações de saúde em todo o Brasil. A rigorosa metodologia de avaliação do PNGS está alinhada com as diretrizes do Prêmio Nacional da Qualidade. O prêmio consistirá de um troféu, diploma de reconhecimento e ampla divulgação na mídia. A missão do prêmio é contribuir para o aprimoramento das práticas de gestão na área da saúde, por meio da avaliação e reconhecimento das melhores práticas no setor. Há quatro categorias distintas, nas quais pode haver mais de um vencedor: hospitais, laboratórios de patologia clínica, clínicas de especialidades médicas (clínicas de imagem, hemoterapia, ortopedia, oncologia, diálise, etc.) e atendimento domiciliar. Poderão concorrer entidades de qualquer parte do território nacional e que tenham: pelo menos um ano de existência; pelo menos dez pessoas na sua força de trabalho; registro no Conselho Regional de Medicina do seu Estado; estar inscrito no CNPJ e que não sejam operadoras de planos de saúde. As entidades para concorrer, deverão submeter ao PNGS um relatório de gestão que será avaliado por uma banca avaliadora e por 32 Gestão da Qualidade Hospitalar um corpo de juízes; o processo de avaliação terá duas fases, sendo a segunda, uma visita às instalações. Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/RdzDCw>. Acesso em: 10 ago. 2016. Joint Comission International - JCI A Joint Commission on Acreditation foi criada nos Estados Unidos, em 1951, e, aos poucos, foi evoluindo para outros países. O processo de acreditação americano é coordenado pela Joint Comisson international - JCI. O objetivo do programa é estimular a demonstração de uma melhoria contínua e sustentada nas instituições de saúde, por meio do emprego de padrões de consenso internacional de Metas Internacionais de Segurança do Paciente. No Brasil, a JCI é representada pela Comissão Brasileira de Acreditação, que detém o direito de utilização da metodologia. Além da CBA, estão autorizados a fazer uso da metodologia a Fundação para a Acreditação e o Desenvolvimento Assistencial (FADA), instituição ligada à Fundação Avedis Donabedian, na Espanha. A Fundação Avedis Donabedian (FAD) foi fundada em 1989 e é a entidade gestora do Instituto Universitário Donabedian Avedis, criada em 2006. Ele está ligado à Universidade Autónoma de Barcelona, como um centro com personalidade jurídica própria. Sua missão é colaborar com os profissionais, instituições, administrações públicas, os cidadãos e as organizações profissionais e outras instituições públicas e privadas, com o objetivo de melhorar a qualidade de saúde e serviços sociais recebidos pelos cidadãos. Melhorar a qualidade promove uma atitude e um desempenho científico e profissional que utiliza elementos da teoria de avaliação, as disciplinas de gestão e outras metodologias quantitativas e qualitativas, para fazer o trabalho de profissionais cada vez com maior qualidade científica e técnica e que os usuários recebam um serviço adequado às suas necessidades e expectativas. Fonte: Disponível em: <www.fadq.org>. Acesso em: 15 jul. 2016. 33 Acreditação hospitalar Capítulo 2 A CBA é uma agência acreditadora, formada pela Academia Nacional de Medicina, pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pela Fundação Cesgranio. (MADUREIRA; OLIVEIRA, 2014). A JCI, assim como as outras agências certificadoras, desenvolveu um manual internacional de padrões de acreditação hospitalar, constituído de quatro seções, conforme quadro a seguir: Quadro 4 – Seções do Manual da ONA Fonte: Adaptado de Brasil (2012). Embora a metodologia internacional JCI tenha chegado ao Brasil na mesma época em que foi estabelecido o Programa Brasileiro de Acreditação, a quantidade de organizações acreditadas por essa metodologia corresponde a 10% das acreditadas pela ONA. A maior parte das organizações são de São Paulo, Rio de janeiro e Rio Grande do Sul. Seção Critérios Avaliados Seção I Requisitos para participação na acreditação Seção II Padrões centrados no paciente - Metas internacionais de segurança do paciente (IPSG). - Acesso ao cuidado e continuidade do cuidado (ACC). - Direitos dos pacientes e familiares (PFR). - Avaliação do paciente (AOP). - Cuidado ao paciente (COP). - Anestésicos e cirurgias (ASC). - Gerenciamento e uso de medicamentos (MMU). - Educação dos pacientes e familiares (PFE). Seção III Padrões de Gestão da Organização de Saúde - Melhoria da qualidade e segurança do paciente (QPS). - Prevenção e controle de infecções (PCI). - Governo, Liderança e Direção (GLD). - Gerenciamento e segurança das instalações (SQE). - Gerenciamento da informação (MOI). Seção IV Padrões para Hospitais de Ensino - Educação Médica (MPE). - Programa de Pesquisas Seres Humanos (HRP). 34 Gestão da Qualidade Hospitalar Organização Nacional de Acreditação A Organização Nacional de Acreditação é um sistema brasileiro voltado ao sistema de certificação de terceira parte, ou seja, utiliza instituições acreditadoras para realização do processo de certificação. Esse processo é muito semelhante às normas da ISO. O processo de avaliação está fundamentado nos critérios estabelecidos pela Fundação Nacional da Qualidade, nos setes pilares da qualidade em saúde, descritos por Donabedian no manual publicado pela OPA, no sistema Americano Joint Commission e em outros sistemas desenvolvidos por países como Canadá, Austrália, Nova Zelândia, França e Argentina. (MADUREIRA; OLIVEIRA, 2014). Figura 3 - Elementos básicos do sistema de acreditação ONA Fonte: A autora. O Ministério da Saúde e a ONA tornaram-se parceiros em todo o processo de elaboração, desde a habilitação de empresas acreditadoras até as certificações das unidades de saúde. Para que as empresas possam organizar-se para serem certificadas e atender aos critérios estabelecidos, a ONA desenvolveu um manual. O manual foi editado a partir da experiência acumulada em dez anos da avaliação de vários hospitais brasileiros. (HELITO, 2010). O manual é dividido em seções e subseções. Nas seções estão reunidos os serviços, setores e unidades que possuem afinidades entre si. Nas subseções estão descritos os respectivos padrões, cada um deles com a definição do que se busca avaliar e com uma lista de itens e orientações. A Organização Nacional de Acreditação é um sistema brasileiro voltado ao sistema de certificação de terceira parte, ou seja, utiliza instituições acreditadoras para realização do processo de certificação. O Ministério da Saúde e a ONA tornaram-se parceiros em todo o processo de elaboração, desde a habilitação de empresasacreditadoras até as certificações das unidades de saúde. 35 Acreditação hospitalar Capítulo 2 Quadro 5 - Seções e subseções do manual da ONA Fonte: Rodrigues et al. (2011, p. 96-97). A ONA realiza a certificação tendo como base 03 níveis: • Nível 1 – Segurança e Estrutura. • Nível 2 – Organização. • Nível 3 – Práticas de Gestão da Qualidade. Agora, caro(a) pós-graduando(a), veremos o que cada um desses níveis exige. Nível 1 – As exigências contemplam o atendimento aos requisitos básicos Seções Descrição Liderança e administração Direção e liderança, gestão de pessoas, gestão administrativa financeira, gestão de materiais e suprimentos e gestão da qualidade. Serviços profissionais e organização da assistência Corpo clínico e enfermagem. Serviços de atenção ao paciente/cliente Internação, recepção, transferência, referência e contrarreferência, aten- dimento ambulatorial e emergência, centro cirúrgico, anestesiologia, obs- tetrícia, neonatologia, tratamento intensivo, hemoterapia, reabilitação, medicina nuclear e radioterapia. Serviço de apoio diagnós- tico e terapêutico Laboratório clínico, diagnóstico por imagem, métodos gráficos e anato- mia patológica. Serviços de apoio técnico e abastecimento Sistema de informação do paciente, prevenção e controle de infecções, assistência farmacêutica, assistência nutricional, lavanderia, central de processamento de materiais e esterilização, higiene, segurança e saúde ocupacional, serviço social e materiais e suprimentos. Serviços de apoio admi- nistrativo e infraestrutura Gestão de projetos físicos, gestão da infraestrutura fisco-funcional, ges- tão de manutenção predial, gestão de resíduos, gestão de equipamentos médico-hospitalares e gestão de segurança. Ensino e pesquisa Educação continuada, ensino e pesquisa. 36 Gestão da Qualidade Hospitalar da qualidade na assistência prestada ao cliente, nas especialidades e nos serviços das organizações de saúde a serem avaliadas, com recursos humanos compatíveis com a complexidade, qualificação adequada dos profissionais e responsáveis técnicos com habilitação correspondente para as áreas de atuação institucional. (HELITO, 2010). Neste nível, é avaliada a segurança necessária exigida pelas normas sanitárias e técnicas e pelas boas práticas assistenciais, por isso, assemelha-se à lógica da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA). (RODRIGUES et al., 2011; HELITO, 2010; ALVES, 2012). Nível 2 – As exigências deste nível contemplam evidências de adoção de planejamento na organização da assistência, referentes à documentação, ao corpo funcional, ao treinamento, ao controle, às estatísticas, às estatísticas básicas para a tomada de decisão clínica e gerencial e às práticas de auditoria interna. (FELDMAN, 2010). Neste nível, a organização cumpre os requisitos do nível 1 e utiliza uma metodologia com seus processos, protocolos clínicos e toda uma estratégia de padronização dos processos assistenciais, administrativos e gerenciais. (HELITO, 2010; ALVES, 2012). Aqui, a organização é o atributo a ser alcançado, os critérios são bem semelhantes ao da ISO 9000. Nível 3 – As exigências deste nível contêm evidências de políticas institucionais de melhoria contínua em termos de estrutura, novas tecnologias, atualização técnico-profissional, ações assistenciais e procedimentos médico- sanitários. Neste nível, a assistência em saúde deve ser segura e com processos padronizados. A fase apresenta, também, ciclos de melhoria compactos, sistêmicos e uma gestão voltada para a excelência, ou seja, tem estratégias de benchmaketing, indicadores comparativos de desempenho, processos de ciclos de melhoria nos quais se observam tendência e resultados positivos. (HELITO, 2010). Aqui, o objetivo principal é alcançar a excelência, assemelhando-se ao Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). Após a avaliação, a organização de saúde poderá obter o seguinte resultado: Não acreditada. 37 Acreditação hospitalar Capítulo 2 Acreditada – nível 1. Acreditada plena – nível 2. Acreditada com excelência – nível 3. Mas quais são as organizações acreditadas no Brasil? No Brasil, atualmente, há 253 instituições acreditadas, divididas nos diversos Estados brasileiros, com destaque para São Paulo, Minas gerais, Espirito Santo, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão, Goiás, Mato Grosso e Rio de Janeiro. Accreditation Canada International O Canadian Council on Hospital Accreditation (CCHA) foi formado em 1958, passando por várias modificações nos últimos 50 anos. Em 2000, o Conselho Canadense de Acreditação - Canadian Council on Health Services Accreditation (CCHSA) - lançou o programa internacional, estendendo sua atuação a outros países. A partir de 2008, passou a chamar-se Accreditation Canada. (RODRIGUES et al., 2011). A metodologia foi implantada no Brasil pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG). Da mesma forma que o CBA, o IQG desenvolve a dimensão educacional e participa junto ao Accreditation Canada da avaliação. A Accreditation Canada não adota nenhum tipo de manual específico. Para eles, a acreditação deve ser feita por um programa customizado de acordo com as características de cada instituição com uma abordagem centrada no cliente. (HELITO, 2010; ALVES, 2012). No Brasil, atualmente, há 253 instituições acreditadas, divididas nos diversos Estados brasileiros, com destaque para São Paulo, Minas gerais, Espirito Santo, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão, Goiás, Mato Grosso e Rio de Janeiro. 38 Gestão da Qualidade Hospitalar Quadro 6 – Padrões da avaliação da Accreditation Canada International Fonte: Adaptado de Rodrigues et al. (2011). No Brasil, apenas 45 hospitais são acreditados pelo Accreditation Canada, sendo dois no Rio de Janeiro, um em São Paulo e um em Curitiba. Esses hospitais também são acreditados pela ONA. (RODRIGUES et al., 2011). Padrões clínicos Atenção ambulatorial. Cuidado ao paciente com câncer. Cuidados especializados e contínuos em geriatria. Serviços comunitários. Serviços de emergência e atendimento ao trauma. Atenção domiciliar. Atenção materna infantil. Cuidado em saúde mental. Reabilitação. Cuidados intensivos. Serviços de atenção ao paciente cirúrgico. Padrões administrativos Liderança e parcerias. Recursos humanos. Ambiente. Gestão da informação. Outros padrões Farmácia. Laboratório biomédico. Diagnóstico por imagem. No Brasil, apenas 45 hospitais são acreditados pelo Accreditation Canada, sendo dois no Rio de Janeiro, um em São Paulo e um em Curitiba. 39 Acreditação hospitalar Capítulo 2 Figura 4 - Mapa das instituições acreditadas pela ACI no Brasil Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/JyBqRI>. Acesso em: 16 jul. 2016. International Organization for Standarzation (ISO) A International Organization for Standarzation (ISO) foi fundada em 1947 como uma instituição não governamental sediada em Genebra. Em 1987, foi publicada a primeira ISO série 9000 para certificação da qualidade total. A primeira versão brasileira publicada da ISO 9000 foi a série NBR ISO-9000, publicada em 1994 pela Norma Brasileira de Acreditação (NBR). Essa versão passou por diversas modificações e foi transformada na NBR–ISO 9000:2000, a qual foi compactada em três normas: 9000:2000; 9001:2000, 9004:2004. (HELITO, 2010). A International Organization for Standarzation (ISO) foi fundada em 1947 como uma instituição não governamental sediada em Genebra. 40 Gestão da Qualidade Hospitalar A ABNT é o Foro Nacional de Normalização por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, e confirmado pelo governo federal por meio de diversos instrumentos legais. Entidade privada e sem fins lucrativos, a ABNT é membro fundador da International Organization for Standardization (Organização Internacionalde Normalização - ISO), da Comisión Panamericana de Normas Técnicas (Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas - Copant) e da Asociación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Normalização - AMN). Desde a sua fundação, é também membro da International Electrotechnical Commission (Comissão Eletrotécnica Internacional - IEC). A ABNT é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (ABNT/NBR), elaboradas por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE). Desde 1950, a ABNT atua também na avaliação da conformidade e dispõe de programas para certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental. Esta atividade está fundamentada em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e alicerçada em uma estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados. Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/uAMVV5>. Acesso em: 16 jul. 2016. Esta norma está baseada em 08 princípios fundamentais: • Princípio 1 – Foco no cliente; • Princípio 2 – Liderança; • Princípio 3 – Envolvimento das pessoas; • Princípio 4 – Abordagem do processo; • • Princípio 5 – Abordagem sistêmica para a gestão; • Princípio 6 – Melhoria contínua; • Princípio 7 – Abordagem factual para tomada de decisão; • Princípio 8 – Benefícios mútuos nas relações com fornecedores. 41 Acreditação hospitalar Capítulo 2 Para você melhor compreender a aplicação das normas da série BNR- ISO-9000:2000, apresentamos, no quadro que segue, uma breve descrição de cada uma das normas: Quadro 7 – Resumos das principais normas da série ISO-9000 Fonte: Adaptado de Rodrigues et al. (2011, p. 29). A ISO promove nas instituições de saúde o processo de certificação de acordo com as conformidades estabelecidas nas normas. (HELITO, 2010). A certificação ISO tem como base quatro objetivos estratégicos: a) Aceitação universal; b) Compatibilidade atual; c) Compatibilidade futura; d) Documentação e manutenção. Caro(a) pós-graduando(a), a série ISO 9000 é uma norma que se aplica a qualquer tipo de empresa, dessa forma, grande parte das indústrias (principalmente por empresas de natureza complexa – indústria bélica, naval, aeronáutica), empresas que necessitam da máxima segurança e qualidade, e, por isso, adotam a norma ISO 9000 para a melhoria de seus processos e, consequentemente, a melhoria da qualidade de seus produtos. Normas Descrição NBR-ISO-9000:2000 (Sistemas de Gestão da Qualidade – fundamen- tais e vocabulários) Define os termos fundamentais empregados na série ISO. NBR-ISO-900:2000 (Sistemas de Gestão da Qualidade – requisitos) É a norma que estabelece os requisitos utilizados pela organização para avaliar sua capacidade de atender tanto aos requisitos do cliente como os decorrentes de regulamentação aplicável as suas atividades. NBR-ISO-9004:2000 (Sistemas de Gestão da Qualidade – diretriz para melhoria do desempenho) Esta norma fornece diretrizes para a organização obter melhorias contínuas em seu sistema de ges- tão da qualidade e trazer benefícios para a organi- zação através da satisfação dos clientes. 42 Gestão da Qualidade Hospitalar Atividade de Estudos: 1) Caro(a) pós-graduando(a), na sua carreira profissional você jaz fez parte de uma equipe de certificação? Descreva como foi a sua experiência. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Algumas Considerações Grande parte das instituições de saúde tem adotado a certificação da qualidade como forma para melhorar os serviços ofertados. Embora, muitas vezes, os gestores não façam esta associação, mas a gestão da qualidade é fundamental para melhoria da produtividade, evitando que sejam realizados retrabalhos. Diante desse contexto, observa-se um número cada vez maior de instituições de saúde que tem visto na qualidade uma poderosa estratégia para a competitividade frente à concorrência. Tanto para alavancar parte do mercado como na minimização de custos, a qualidade oferece a melhoria de rentabilidade do negócio. Porém, para que se alcance este grau de qualidade, é necessário cumprir critérios estabelecidos pelos órgãos certificadores. Assim, o objetivo, neste capítulo, foi apresentar os principais órgãos certificadores e os critérios estabelecidos por cada um deles para que se conceda a certificação em seus diversos níveis de qualificação. No próximo capítulo, veremos quais as ferramentas da qualidade poderão ser utilizadas pelo gestor hospitalar para alcançar os critérios da certificação. Bons estudos! 43 Acreditação hospitalar Capítulo 2 Referências ALVES, V. L. de S. Gestão da Qualidade: ferramentas utilizadas no contexto contemporâneo da saúde. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2012. BRASIL. Manual brasileiro de acreditação hospitalar/Secretaria de assistência à saúde. 3. ed. rev. e atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. DONAHUE K. T.; O’LEARY D. S. A evolução dos sistemas de acreditação de instituições de saúde. Ensaio: Avaliação de Políticas Públicas em Educação, 2000. FELDMAN, L. B. Auditoria de gestão de risco com foco profissional. In: D´INOCENZZO, M. (Coord.). Indicadores, auditoria, certificações: ferramentas de qualidade para gestão em saúde. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2010. HELITO, R. A. B. Processos de qualificação e avaliação de serviços de saúde. In: D´INOCENZZO, M. (Coord.). Indicadores, auditoria, certificações: ferramentas de qualidade para gestão em saúde. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2010. MADUREIRA, M. C.; OLIVEIRA, S. C. Qualidade e acreditação em Saúde. In: ANDRÉ, A. M. (Coord.). Gestão estratégica de clínicas e hospitais. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2014. MALIK, A. M.; SCHIESARI, L. M. C. Qualidade e acreditação. In: VECINA N. Gestão em saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. MIRANDA, V. de M. Aspectos históricos da qualidade em Saúde. In: LUONGO, J. Gestão da qualidade em saúde. São Paulo: Rideel, 2011. RODRIGUES, M. V. et al. Qualidade e acreditação em saúde. Rio de Janeiro: FGV, 2011. 44 Gestão da Qualidade Hospitalar