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AULA 5 GESTÃO DE PESSOAS Prof.ª Janete Schmidmeier 2 CONVERSA INICIAL Nos novos modelos de gestão de pessoas, os quais estamos analisando profundamente nesta disciplina, algumas ferramentas têm se mostrado bastante efetivas no desenvolvimento de uma cultura voltada a tornar os colaboradores e equipes mais adaptáveis e receptivos às mudanças. Entre essas possibilidades, temos o desenvolvimento das habilidades dos líderes como coaches e mentores, no sentido de auxiliarem no desenvolvimento de seus liderados; a gestão das mudanças, por meio de ferramentas que criam um ambiente mais adaptável e potencializam os processos de aprendizagem organizacional; a mudança de paradigma, ao considerar o capital cultural da organização, da equipe e individual como elemento direcionador e engajador dos colaboradores em direção ao alcance de melhores resultados; a relevância do reforço da ética como um valor primordial na organização e nos processos de gestão de pessoas; e a necessidade da criação e acompanhamento de indicadores de desempenho de gestão de pessoas, a fim de garantir que haja alinhamento das políticas e processos de RH com as estratégias organizacionais, a atuação da liderança e as necessidades do ambiente interno e externo. E são esses os temas que estudaremos nesta aula. Aproveite os conteúdos! TEMA 1 – COACHING E MENTORING Oportunidades não surgem. É você que as cria. Chris Grosser Uma das principais habilidades demandadas dos líderes, nas organizações, está relacionada com sua atuação como coachings e mentorings dos seus liderados, a fim de desenvolverem as pessoas da sua equipe para que sejam mais eficientes e eficazes. Mas, existe diferença entre os dois conceitos? Segundo Erlich (2016), as diferenças podem ser elencadas com base nas principais características de ambos, conforme o Quadro 1. 3 Quadro 1 – Diferenças entre coaching e mentoring Fonte: Erlich, 2016. Ademais, o coaching tem como foco as pessoas e equipes e o desenvolvimento de suas potencialidades e a mudança de seus comportamentos, quando necessário. Já o mentoring tem como foco o profissional que pretende se desenvolver em uma profissão já definida, atuando como inspiração e fonte de experiência em determinada função ou área, no âmbito de uma organização. Mas, vamos focar em cada um deles, nesse momento. O coaching pode ser definido como “um processo que visa o desenvolvimento de qualidades e competências, para acelerar o alcance do coachee à sua meta” (Santos, 2017). Ainda segundo o autor, utiliza como base um conjunto de técnicas, ferramentas e recursos no sentido de auxiliar o indivíduo a definir e atingir os seus objetivos. Para Lotz e Gramms (2014), esse processo estimula reflexões, promovendo o desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo. Entre os conceitos do processo de coaching, podemos destacar dois que representam as pessoas envolvidas nesse processo: o coach e o coachee. O coach tem o papel de fazer perguntas e aplicar ferramentas com o propósito de estimular o coachee. Já este último tem o papel de observar a situação sob um novo prisma, abrindo a possibilidade para a escolha de novos comportamentos, favorecendo o alcance de novos patamares de resultados (Lotz; Gramms, 2014). Ou seja, o coach é o profissional que realiza o processo de coaching e o coachee é o indivíduo que se submete ao processo, buscando autoconhecimento e direcionamento. 4 O coaching, como um processo de desenvolvimento, trabalha por meio de diversas ferramentas, no gap entre um estado atual e um estado desejado, conforme a Figura 1. Figura 1 – Processo de coaching Fonte: Lotz; Gramms, 2014, p. 21. No que tange aos benefícios do coaching para as organizações, Lotz e Gramms (2014, p. 52) destacam: Existência de uma liderança: o coaching é uma forma de potencializar o desempenho e o desenvolvimento de habilidades técnicas de gestão de conflitos, de planos sucessórios, entre outros efeitos. Desempenho superior: o coach atua como orientador e facilitador no desenvolvimento de indivíduos e times de alta performance. Cultura organizacional: a ação promove um clima organizacional favorável ao desempenho das pessoas e da organização, à flexibilidade e ao estímulo à mudança. Aprendizagem organizacional: estimula-se o aprendizado contínuo por meio das ferramentas do coaching e da criação e manutenção da cultura de feedback. Carreira: há o desenvolvimento da carreira, por meio do alinhamento do profissional com a visão, a missão e os valores organizacionais, bem como da identificação do gap de competências. Empreendedorismo: identificam-se os colaboradores com características empreendedoras e estimulam-se o intraempreendedorismo e a proatividade. Desenvolvimento organizacional: atua-se nas estratégicas e nos planos, ao se formular objetivos alinhados à visão de futuro da organização e contribuir para o estabelecimento das suas metas. Já o mentoring pode ser definido como Estado atual Desafio, estímulo, apoio Ampliação dos modelos mentais Mudança de comporta- mento Alteração do padrão de resultado Estado desejado 5 [...] um processo de tutoria. Profissionais mais experientes, e com mais bagagem no mercado de trabalho, passam suas experiências para profissionais ainda não tão desenvolvidos. É uma forma de orientação baseada nas experiências do mentor. O foco do mentoring é agregar valor, difundir conhecimento e passar experiências para que o aluno, não só evolua profissionalmente, mas tenha uma visão macro dos problemas comuns no mercado de trabalho de ambos (mentor e aluno). [...] Sintetizando: O mentoring é uma orientação focada na passagem de experiências e habilidades de um profissional com mais bagagem no mercado, para um sem tanta bagagem. (Santos, 2017, grifos do original). Os programas de mentoring contemplam etapas específicas, segundo Lotz e Gramms (2014), sendo elas: sensibilização da organização para a sua implantação; estabelecimento dos critérios de funcionamento do programa; mapeamento dos possíveis mentores; mapeamento dos possíveis mentorados; treinamento dos mentores na condução do processo; orientação dos mentorados; avaliação, feedback e ajustes. O mentoring, assim como o coaching, tem como principais benefícios: a retenção de talentos na organização; a preservação do conhecimento acumulado na organização, por meio de um processo estruturado; a promoção da integração de novos talentos na organização; a disseminação das crenças e valores organizacionais; o desenvolvimento dos colaboradores para potencializarem seus resultados na organização, por meio do desenvolvimento de suas capacidades; a sua contribuição para a percepção de reconhecimento e valorização. E, para ampliar seus conhecimentos sobre coaching e mentoring, leia o artigo Saiba quais as diferenças entre coaching, counseling e mentoring, disponível no link: <https://exame.abril.com.br/negocios/saiba-quais-as- diferencas-entre-coaching-counseling-e-mentoring/> (Bloch, 2018). E acesse nosso material on-line para assistir ao vídeo com a explanação sobre esse tema. 6 TEMA 2 – GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS A única coisa constante é a mudança. Heráclito O gerenciamento de mudança organizacional é um processo estruturado em torno das necessidades e capacidades de mudança de uma organização, ou seja, que tem por objetivo preparar, adotar e implementar mudanças organizacionais fundamentais e radicais na cultura, em políticas, procedimentos e no ambiente físico de uma empresa, bem como em funções, habilidades e responsabilidades dos seus colaboradores. Quando a organização realiza projetos ou iniciativas para melhorar seu desempenho ou aproveitar oportunidades, eles geralmente exigem mudanças: mudanças nos processos, em funções detrabalho, em estruturas organizacionais e em tipos e usos da tecnologia. Segundo Marques dos Santos (2019), “o gerenciamento de mudanças fornece uma abordagem estruturada para apoiar os indivíduos em sua organização a migrar de seus próprios estados atuais para seus próprios estados futuros”. Programas de gerenciamento de mudanças organizacionais requerem algumas estratégias para serem bem-sucedidos, entre elas que o responsável pela mudança receba o apoio da alta gerência, para deixar claro que o esforço é importante, dominando os detalhes da mudança com clareza suficiente para ter uma discussão detalhada sobre os desafios que criaram a necessidade de operar de uma maneira diferente. O patrocinador precisa entender o impacto da mudança na equipe, ou seja, estar preocupado com as pessoas que serão afetadas pela mudança e comunicar-lhes, claramente, essa mudança e suas consequências. Já em relação aos envolvidos nas mudanças, é necessária uma disposição cultural para se adaptar e mudar. Todas as organizações tendem a resistir à mudança, em algum grau. Como a maioria das pessoas prefere o status quo, mudar pode ser difícil. Segundo Chiavenato (2015), a mudança pode ocorrer em qualquer uma das variáveis de uma organização, conforme a Figura 2. 7 Figura 2 – As variáveis de tarefa, estrutura, tecnologia e pessoas, em uma organização Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2015, p. 41. Outro ponto que merece destaque é a aprendizagem ocorrida na mudança, ou seja: em qualquer processo de mudança, ocorre necessariamente uma aprendizagem organizacional. Os dois conceitos estão tão atrelados que alguns autores defendem que a “aprendizagem pode ser pensada como um processo de mudança, provocado por estímulos diversos, mediado por emoções e que pode se manifestar ou não em modificações no comportamento de uma pessoa” (Fleury; Fleury, 2001, p. 191). Ainda segundo Fleury e Fleury (2001, p. 192), em uma organização, o processo de aprendizagem ocorre em três níveis, conforme segue: No nível do indivíduo: o processo de aprendizagem acontece primeiro no indivíduo, carregado de emoções positivas ou negativas, e se dá por meio de caminhos diversos. No nível do grupo: a aprendizagem pode ser um processo social partilhado pelas pessoas do grupo. No nível da organização: o processo de aprendizagem individual, de compreensão e de interpretação partilhado pelo grupo institucionaliza-se e expressa-se em diversos artefatos organizacionais: estrutura, regras, procedimentos e elementos simbólicos; as organizações desenvolvem memórias que retêm e recuperam informações. Ou seja, o gerenciamento das mudanças e a aprendizagem organizacional são processos imprescindíveis para a sobrevivência das organizações, porém demandam uma atenção e uma energia muito grandes, por parte dos gestores de pessoas. As maiores dificuldades encontradas no gerenciamento das mudanças são: Estrutura Tarefa Tecnologia Pessoas 8 morosidade em mudar atitudes e comportamentos; as pessoas podem ser imprevisíveis e ilógicas; a equipe responsável pela mudança precisa interagir individualmente com aqueles que precisarão mudar; o nível médio e a equipe da linha de frente devem ser envolvidos; obstáculos de visão cultural podem dificultar o processo de mudança. A mudança é sempre um desafio e a gestão da mudança, por meio do seu processo estruturado, busca a redução dos riscos, da resistência e a otimização do aprendizado e dos seus resultados operacionais, táticos e estratégicos. Por tratar-se de um processo estruturado, a mudança deve ser dividida em etapas: a. planeje-a com cuidado; b. seja o mais transparente possível; c. diga a verdade; d. comunique-se; e. crie um roteiro; f. forneça treinamento; g. convide à participação; h. não espere implementá-la da noite para o dia; i. monitore-a e meça-a; j. demonstre uma liderança forte. A atenção dispendida ao processo e às suas etapas busca garantir uma mudança efetiva e a redução da resistência a ela, por meio de uso da comunicação, do engajamento e do monitoramento. É preciso “[...] compreender a natureza dos processos de crescimento (forças que apoiam nossos esforços) e saber catalisá-los” (Senge, 1999, p. 21). E, para compreender melhor uma das metodologias utilizadas para gerenciar mudanças, leia a seção 1 do livro Metodologia para gestão de mudanças organizacionais: guia prático de conhecimentos da Strategy Consulting, de Jorge Bassalo (2017), disponível na Biblioteca Virtual, no link: <https://bv4.digitalpages.com.br/#/legacy/epub/160060>. E assista ao vídeo do material on-line. 9 TEMA 3 – GESTÃO DO CAPITAL CULTURAL Uma cultura organizacional eficiente e alinhada transforma o ambiente de uma empresa, trazendo mais resultados, produtividade e sintonia entre todos os envolvidos. Luciano Torrens O tema cultura organizacional tende a causar, nos gestores de pessoas, um certo desconforto, talvez por envolver muitas correntes, que conceituam e analisam o tema sob lentes bastante divergentes; talvez por representar um dos maiores desafios, no que tange à gestão do capital humano. Muitos são os elementos que compõem a cultura organizacional, o capital cultural e a sua gestão; então, vamos iniciar com a revisão de alguns conceitos fundamentais sobre a temática. A cultura, em sua visão contemporânea, pode ser conceituada como “[...] um sistema de concepções expressas herdadas em formas simbólicas por meio das quais o homem comunica, perpetua e desenvolve seu conhecimento sobre atitudes para a vida” (Geertz, 2001, p. 5). Porém, apesar de a cultura ser algo muito individual, ela é influenciada pelo aspecto social, ou seja, a cultura tem um caráter relacional. Como tais, as práticas sociais e organizacionais podem ser analisadas sob o ponto de vista cultural (Marchiori, 2006). E, com base nessa perspectiva, a cultura organizacional e a sua gestão passam a ser fator primordial na gestão das pessoas e equipes, na direção de resultados mais efetivos. A cultura organizacional é definida pelos valores que são demonstrados e vivenciados na interação entre gestores, colaboradores, clientes e fornecedores. E esses valores que integram a cultura não são, necessariamente, os valores declarados (Barrett, 2018). Ainda segundo Barret (2018, p. 31), “a cultura impulsiona a performance através da liberação do potencial humano”. Complementando essa definição, Chiavenato (2015, p. 17) defende que a [...] cultura organizacional é a mentalidade que predomina no comportamento da organização e seus participantes. A cultura focaliza a maneira como a organização e seus participantes se comportam e se relacionam entre si. Envolve hábitos, maneiras de pensar, de agir, de se comportar, expectativas, relacionamentos interpessoais, etc. Chiavenato (2015) chama atenção ainda para o fato de que a cultura organizacional pode ser dividida em aspectos de fácil e de difícil percepção. Dentre os aspectos de fácil percepção, podemos citar as políticas e diretrizes, métodos e procedimentos, objetos, estrutura organizacional e tecnologia adotada. 10 Já como aspectos de difícil percepção, podemos elencar as percepções, sentimentos, atitudes, valores, interações informais, normas grupais, entre outros (Chiavenato, 2015). Já ao tratar do capital cultural, podemos defini-lo como o acúmulo de conhecimentos, comportamentos e habilidades que podem ser usados para demonstrar a competência cultural de uma pessoa e, portanto, seu status social ou posição na sociedade. Aquele termo é bastante novo tanto na literatura, quanto nas estratégias organizacionais, uma vez que está incorporado aos modelos organizacionais mais orgânicos. Um dos maiores desafios atuais em gestão de pessoas é a gestão do capital cultural presente nas organizações. Gerir o capitalcultural em direção a uma cultura de engajamento pressupõe a prática de “cultivar” essa cultura, em um processo orgânico. Para tal, é necessário que haja intenção, planejamento, tempo e ajustes com base nas condições existentes no grupo e na organização. Pressupondo que a gestão do capital cultural é um processo orgânico, influenciado pelas condições do ambiente organizacional, pelas interações individuais, pela soma de conhecimentos, comportamentos e habilidades e pelo conjunto e alinhamento dos valores individuais, da equipe e organizacionais, não existe uma forma única de gerir esse capital. Porém, é possível elencar cinco áreas fundamentais para o desenvolvimento da cultura desejada, sendo elas: 1. o compromisso da liderança; 2. os papéis de suporte à cultura; 3. a definição e o desenvolvimento dessa cultura; 4. o seu alinhamento estrutural; 5. o seu acompanhamento e a aprendizagem. Muitas organizações resistem a adotar a gestão do capital cultural por acreditarem ela se tratar de algo intangível e de difícil mensuração. Porém, já existem ferramentas que auxiliam nesse gerenciamento, entre as quais podemos citar o método BVC de transformação cultural, desenvolvido pelo Barrett Values Centre ([S.d.]) e disponível em: <https://www.valuescentre.com/cultural- transformation/>. Segundo o método, os valores são os principais motivadores da cultura pessoal e organizacional e, concentrando-se no entendimento desses valores, é possível desenvolver planos de ação e metas coerentes com a cultura organizacional, garantindo o seu alinhamento e o engajamento dos colaboradores e stakeholders. https://www.valuescentre.com/cultural-transformation/ https://www.valuescentre.com/cultural-transformation/ 11 O método BVC foi estruturado com base em ferramentas de desenvolvimento cultural como: diagnóstico de cultura; gerenciamento de progresso cultural; alinhamento de liderança; antecipação diante das mudanças culturais; fornecimento de feedbacks para os stakeholders. Portanto, com base nos argumentos apresentados nesta seção, é possível concluir que “[...] a cultura não é como uma máquina que você constrói e gerencia. É mais como uma planta viva que você precisa nutrir. Para cultivar essa ‘entidade viva’, é crucial engajar e envolver pessoas, porque são a expressão de sua cultura” (Eneroth; Munday, 2018, p. 27). E, para conhecer mais elementos envolvendo a gestão do capital cultural, leia o capítulo 3 – “Reajustando a cultura corporativa” do livro Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas, disponível na Biblioteca Virtual (Chiavenato, 2015, p. 45-53). E assista ao vídeo on-line, com a participação de um especialista no tema. TEMA 4 – ÉTICA NA GESTÃO DE PESSOAS A ética das pequenas coisas é o que constrói a ética das grandes, e a falta de ética das grandes, destrói a das pequenas. Lia Cassole A ética tem sido protagonista em muitas das discussões sobre gestão e relações interpessoais. Por conta dessa realidade e da emergência de se garantir que os colaboradores e organizações sejam éticos em suas ações, faz-se fundamental tratarmos desse assunto. Muitas organizações adotaram a ética como um dos seus valores, em seus planejamentos estratégicos. Mas, afinal, o que é ser ético? A palavra ética vem da origem grega ethos, que significa o caráter, a personalidade do indivíduo em sua vida. Ela permite a realização dos valores morais e princípios que norteiam a conduta do ser, em uma sociedade (Ferreira, 2018). Para Chiavenato (2010), ética é o conjunto de princípios morais ou valores que definem o que é certo ou errado para uma pessoa ou grupo. Já Macedo (2007, p. 58) ensina que “a ética está voltada para a atuação do homem, tal como é ou 12 deveria ser, podendo-se dizer que ela gera normas e regras com o intuito de orientar as condutas humanas em suas relações sociais e organizacionais”. Relacionando os conceitos de ética à gestão de pessoas, podemos afirmar que os talentos e profissionais que atuam nas organizações têm valorizado o comportamento ético por parte dos líderes e seus pares e os clientes e mercados têm considerado, em sua escolha, produtos e serviços, empresas que apresentam um comportamento ético em todas as suas relações, tanto internas – com colaboradores –; quanto externas – com clientes, fornecedores e a sociedade. Além desses argumentos, Martins e Gabriel (2013) destacam que a ética na gestão de pessoas deve ser desenvolvida desde o momento da contratação até o desligamento de um colaborador, permanecendo como pilar de sustentação de todos os subsistemas de gestão de pessoas. Podemos citar inúmeras vantagens obtidas por organizações que valorizam a ética em todos os seus processos e interações, entre elas (Ferreira, 2018): o desenvolvimento e o fortalecimento das relações de confiança, tornando- as mais estáveis, produtivas e lucrativas; a criação de um ambiente de trabalho saudável e, consequentemente, mais produtivo, que atraia e retenha seus talentos; o aumento da confiança e da reciprocidade; a melhoria da disposição para o trabalho de equipe, aumentando o diálogo, a integridade e a sensação de comunidade e de valores compartilhados; a maximização do comprometimento e da lealdade dos empregados; uma contribuição para a obtenção de legitimidade perante o Estado e a sociedade; a minimização de riscos de escândalos que destroem carreiras e companhias. Por outro lado, a falta de ética na gestão das pessoas pode provocar impacto na reputação da organização e das pessoas que nela atuam, e uma empresa com problemas de reputação tende a afastar os talentos e inviabilizar futuras negociações com clientes (Ferreira, 2018). E, para concluir, que tal esclarecer o conceito e a importância do código de ética? Para Chiavenato (2010, p. 45), o [...] Código de Ética funciona como uma declaração formal que serve como guia para tomar decisões e agir dentro de uma organização. Todavia, duas coisas devem acontecer para que o código de ética 13 encoraje decisões e comportamentos éticos das pessoas. Primeiro, as companhias devem comunicar o seu código de ética a todos os seus parceiros, isto é, às pessoas dentro e fora da organização. Segundo, as companhias devem cobrar continuamente comportamentos éticos de seus parceiros, seja por meio do respeito aos seus valores básicos, seja por meio de práticas específicas de negócios. Finalmente, para se aprofundar em seu conhecimento, leia o artigo Ética na empresa ou ética da empresa? (2016), disponível no link: <https://administradores.com.br/noticias/etica-na-empresa-ou-etica-da- empresa>. E acompanhe a explanação a respeito do tema, no material on-line. TEMA 5 – INDICADORES DE GESTÃO DE PESSOAS O que não é medido não é gerenciado. Robert Kaplan e David Norton Atualmente, é indispensável conhecer e saber aplicar alguns indicadores de desempenho em gestão de pessoas, uma vez que não é possível realizar diagnósticos de desempenho, em busca da melhoria contínua, sem a criação e o acompanhamento de indicadores. Outro cenário que reforça a necessidade de acompanhamento do desempenho dos gestores em relação aos seus subordinados é a descentralização das responsabilidades pelas políticas e processos de gestão de pessoas para as áreas e os seus respectivos líderes. Os indicadores são importantes tanto para os gestores, quanto para a área de gestão de pessoas, uma vez que ela continua como responsável estratégica pelos produtos de gestão de pessoas, cabendo aos líderes sua operacionalização e sugestões de melhoria. Os indicadores de desempenho em gestão de pessoas funcionam como um termômetro que define o grau de produtividade de uma pessoa, equipe ou área. Ao se acompanhar periodicamente os principais indicadores, é possível construir uma base consistente parao aprimoramento dos processos, sem depender unicamente do feeling ou do achismo do gestor. A construção de indicadores de desempenho demanda algumas etapas a fim de garantir que os indicadores sejam factíveis e importantes no processo de construção de melhores resultados na gestão de pessoas. Existem diferentes tipos de indicadores de desempenho. Uma das abordagens apresenta três tipos básicos de indicadores de desempenho: os indicadores de efetividade, de eficácia e de eficiência, conforme a Figura 3. 14 Figura 3 – Tipos de indicadores Além desses três tipos básicos, podemos distribuir os indicadores em algumas categorias. A Endeavor (2018) distribui os tipos de indicadores em quatro categorias, sendo elas: Indicadores de produtividade: estão ligados ao uso dos recursos da empresa com relação às entregas. Indicadores de qualidade: ajudam a entender qualquer desvio ou não conformidade que ocorreu durante o processo produtivo. Indicadores de capacidade: medem a capacidade de resposta de um processo. Indicadores estratégicos: auxiliam na orientação de como a empresa se encontra com relação aos objetivos estratégicos. Dentre os indicadores de gestão de pessoas utilizados nas equipes e organizações, podemos citar: taxas de absenteísmo; investimentos em treinamento e desenvolvimento; índices de entrada, saída e rotatividade; clima organizacional; índices de satisfação com o trabalho; lucro por colaborador; gastos com rescisões etc. Os indicadores de recursos humanos terão um uso eficaz na organização se eles forem úteis na identificação de problemas organizacionais, receberem um acompanhamento sistemático e forem utilizados como base para uma intervenção que melhore seus índices (Oliveira, 2015). Agora, para conhecer as etapas de construção de indicadores de desempenho, leia o capítulo 6 do livro Gestão de pessoas: ferramentas Efetividade Fazer certo as coisas certas Para a organização ser efetiva, ela precisa ser, também, eficiente e eficaz Pressupõe permanência Eficácia Fazer a coisa certa Focar no resultado Obter resultados Aumentar o lucro Eficiência Fazer certo a coisa certa Focar no processo É ligada a recursos aplicados Reduzir os custos 15 estratégicas de competitividade (Stadler; Pampolini, 2014, p. 168-175), disponível na Biblioteca Virtual. E assista ao vídeo com a exposição sobre o tema. 16 REFERÊNCIAS BARRETT, R. A organização dirigida por valores: liberando o potencial humano para a performance e a lucratividade. Rio de Janeiro: Alta Books Editora, 2018. BVC – Barret Values Centre. Cultural transformation. Waynesville; Cowpe, [S.d.]. Disponível em: <https://www.valuescentre.com/cultural-transformation/>. Acesso em: 20 ago. 2019. BASSALO, J. 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Disponível em: <https://docplayer.com.br/83188701- Transformando-a-cultura-em-grandes-organizacoes.html>. Acesso em: 20 ago. 2019. ERLICH, P. Qual a diferença entre mentoring e coaching, afinal? Erlich Pessoas & Organizações Blog, 18 abr. 2016. Disponível em: <https://www.erlich.com.br/2016/04/18/qual-a-diferenca-entre-mentoring-e- coaching-afinal/>. Acesso em: 20 ago. 2019. ÉTICA na empresa ou ética da empresa? Administradores.com, João Pessoa, 17 ago. 2016. Disponível em: <https://administradores.com.br/noticias/etica-na- empresa-ou-etica-da-empresa>. Acesso em: 20 ago. 2019. 17 FERREIRA, L. A importância da ética na gestão de pessoas. In: ENCONTRO NACIONAL DE CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 29., 2018, São Paulo. Artigos. São Paulo: Enangrad, 2018. Disponível em: <http://2018.enangrad.org.br/pdf/2018_JUNIOR149.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2019. FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. Construindo o conceito de competência. 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