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Monografia Evento AMINU - A Evolução da Suplementação para a Síntese Proteica

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Introdução aos Aminoácidos 
Essenciais. . . . . . . .5
Aminoácidos cada vez mais 
estudados.........6
Desmistificando o ganho de massa magra 
como estética e sim como saúde.........7
Referências Bibliográficas.........13
Intestino como responsável pela 
nossa saúde.. . . . . . .15
Não somos o que ingerimos, somos o que 
absorvemos.........16
Processo de digestão e absorção, 
qual a melhor fonte de aminoácidos 
essenciais?.........19
Referências Bibliográficas.........22
Dietas Hipocalóricas e 
Hipoproteicas.. . . . . . .33
Importância de um emagrecimento 
saudável para manter o peso.........34
Perda de massa magra no processo de 
emagrecimento.........36
Estratégias para evitar a perda de massa 
magra.........37
Jejum intermitente.........40
Referências Bibliográficas.........42
Aminoácidos para potencializar o 
desempenho de atletas.. . . . . . .60
Importancia da Performance de 
atletas.........61
Fadiga muscular e seu impacto na 
fisiologia dos atletas.........61
Influencia da suplementacao com 
amioacidos em atletas.........62
Funcionalidade dos aminoacidos em 
disbiose de atletas.........67
Referências Bibliográficas.........68
Impacto da bariátrica na vida do 
paciente.. . . . . . .23
Dificuldade de absorção de 
nutrientes.........28
Doenças relacionadas à 
 bariátrica.........29
Perda de massa magra em 
bariátricos.........30
Referências Bibliográficas.........31
Envelhecimento – Importância da 
massa magra.. . . . . . .44
Envelhecimento celular, descompensação 
metabólica e inflamação, sedentarismo ou 
incapacidade física – Fatores que 
deterioram a massa muscular.........45
SARCOPENIA – Perda de: massa 
muscular, força muscular e/ou 
desempenho funcional.........48
Comorbidades Relacionadas à 
Sarcopenia.........50
CAQUEXIA.........50
FRAGILIDADE.........50
OBESIDADE SARCOPÊNICA.........50
Osteossarcopenia - Impacto da perda 
muscular na integridade.........51
Pouca Oferta de Aminoácidos Essenciais 
Provenientes Da Alimentação.........51
Proteína X Aminoácidos Essenciais – 
Como Potencializar o Tecido 
Muscular.........52
Referências Bibliográficas.........56
MONOG R A F I A A M I N N U | 3
Figura 1 
Os 20 aminoácidos presentes na natureza 
responsáveis pela formação das proteínas de todos 
os organismos vivos. Destes, 8 são considerados 
essenciais e 12 não essenciais. p. 09
Figura 2 
Turnover de proteínas relacionando as trocas 
existentes entre as proteínas corporais e o pool de 
aminoácidos livres. p. 09
Figura 3 
Aplicação da teoria do barril para avaliar o aporte 
dietético de aminoácidos. A nutrição fica limitada pelo 
fornecimento do nutriente mais escasso, no exemplo; a 
lisina (aminoácido limitante). p. 10
Figura 4 
Sinalização envolvida na síntese proteica mediada 
pelos aminoácidos (representados pela leucina), 
insulina, fator de crescimento semelhante à insulina 
(IGF-1) e exercício de força. p. 11
Figura 5 
Catabolismo das proteínas no trato gastrointestinal p. 19
Figura 6 
Alteração média da linha de base dos aminoácidos 
plasmático após a alimentação de proteínas inteiras 
(queijo, cottage) ou uma quantidade equivalente de 
uma mistura de aminoácidos livres com composição 
de aminoácidos (...) em voluntários saudáveis em 
jejum p. 20
Figura 7 
Proposta de diafonia entre disfunção mitocondrial e 
inflamação na perda de massa muscular. p. 21
Figura 8 
Diferentes técnicas de cirurgia bariátrica. p. 26
Figura 9 
Técnicas de cirurgia bariátrica mais realizadas. p. 27
Figura 10 
Ciclo vicioso subjacente ao ganho de peso (efeito ioiô): 
Possível impacto de uma dieta de restrição calórica 
sobre o humor e, portanto, desejo por carboidratos 
levando ao excesso de peso, mediado pela modulação 
do metabolismo do triptofano e resposta da leptina 
(aminoácido e hormônio sacietógenos). p. 34
Figura 11 
Exemplos dos efeitos do jejum intermitente em 
diferentes sistemas orgânicos p. 41
Figura 12 
Músculo esquelético como órgão secretor. p. 47
Figura 13 
Força muscular e o curso da vida. Para prevenir ou 
retardar o desenvolvimento da sarcopenia, maximize o 
músculo na juventude e na idade adulta, mantenha o 
músculo na meia-idade e minimize a perda na terceira 
idade. p. 48
Figura 14 
O exercício físico e a restrição calórica exercem efeitos 
tróficos / protetores nos músculos esqueléticos por 
vários mecanismos. p. 49
Figura 15 
Imagens representativas de RM da coxa operada 
na linha de base (pré-cirurgia), 2 semanas após e 6 
semanas após a artroplastia para os grupos placebo e 
aqueles que ingeriam os aminoácidos essenciais. As 
imagens do placebo são de uma mulher de 71 anos e as 
imagens do EAA são de uma mulher de 74 anos. p. 54
Figura 16 
Fisiologia da fadiga muscular p. 61
Figura 17 
Relação entre o catabolismo de aminoácidos de cadeia 
ramificada (ACR) e a síntese de alanina e de glutamina 
no tecido muscular. p. 63
Figura 18 
Catabolismo da Treonina p. 64
Figura 19 
Relação entre a sobrecarga do exercício e a qualidade 
do sono. p. 65
Figura 20 
Vias de metabolização do triptofano. Na via da 
serotonina, o triptofano é convertido em serotonina e 
melatonina. Na via da quinurenina, o triptofano gera a 
quinurenina e derivados como a NAD+ (nicotinamida 
adenina dinucleotídeo). Parte do triptofano ingerido 
na dieta serve ainda como fonte para a síntese de 
melanina e também como substrato para a síntese 
proteica. p. 66
FIGURAS
MONOG R A F I A A M I N N U | 4
Gráfico 1 
Ganho líquido de proteína de 42% e 49% maior após a 
ingestão da mistura de aminoácidos essenciais (EAA) 
em comparação com a mistura de aminoácidos totais 
semelhante ao Whey Protein (TAA), em pacientes 
idosos saudáveis e com DPOC, respectivamente. p. 06
Gráfico 2 
Síntese de proteínas musculares (PS), quebra 
de proteínas (PB) e balanço líquido de proteínas 
musculares (NB) após exercício resistido durante 
o consumo de solução de Placebo (PLA), 40 g de 
Aminoácidos Mistos (MAA) e 40 g de Aminoácidos 
Essenciais (EAA). p. 07
Gráfico 3 
Projeção da obesidade (IMC ≥ 30kg/m2 ) em adultos 
(≥ 18 anos) nas 26 capitais e no Distrito Federal, 2006 a 
2022. p. 24
Gráfico 4 
Cenário da cirurgia bariátrica no Brasil. p. 25
Gráfico 5 
Prevalência dos pacientes com intolerância alimentar 
de acordo com o tempo de pós-operatório e alimentos 
relatados. A carne foi o alimento menos tolerado pelos 
pacientes pós-bariátricos. p. 29
Gráfico 6 
Concentrações de aminoácidos antes e após dietas 
hipocalóricas de duas semanas em 38 indivíduos com 
sobrepeso. Os baixos níveis de triptofano encontrados 
após intervenções dietéticas relacionam-se com 
as altas taxas de recaídas de acompanhamento do 
tratamento. p. 35
Tabela 1 
Comparação entre o percentual de NNU do suplemento 
de aminoácidos essenciais e diferentes tipos de 
alimentos. p. 12
Gráfico 7 
Alterações no peso corporal de indivíduos com 
sobrepeso e obesidade submetidos a dietas com 
alto teor de proteína, alto teor de carboidrato e grupo 
controle (sem intervenção). A perda de peso foi muito 
superior no grupo que fez dieta com alto teor de 
proteína. p. 37
Gráfico 8 
Taxa sintética fracionária (FSR) da proteína muscular 
durante a fase de recuperação do exercício de 
resistência com ingestão de carboidratos (CHO), 
carboidratos + proteínas (CHO+PRO) e carboidratos + 
proteínas + leucina (CHO + PRO + Leucina). p. 38
Gráfico 9 
À esquerda, resultados da síntese de proteínas 
musculares. A ingestão da bebida de aminoácidos foi 
ingerida 1 h (A) e 3 h (B) após o exercício. *Diferença 
estatística dos valores de placebo e pré-consumo: P 
< 0,05. À direita, quebra de proteínas musculares. A 
bebida de aminoácidos foi ingerida 1 h (A) e 3 h (B) 
após o exercício. Não houve diferenças significativas (p 
> 0,05). p. 39
Gráfico 10 
Atrofia muscular - Valores brutos da linha de base para 
quadríceps e isquiotibiais e perda de músculo adutor 
entre os grupos p. 53
Gráfico 11 
Ganho líquido de proteína após a ingestão de 
aminoácidos essenciais p. 55
Tabela 2 
A função e sinalização dos aminoácidosna inflamação 
intestinal p. 18
GRÁFICOS
TABELAS
MONOG R A F I A A M I N N U | 6
Gráfico 1 - Ganho líquido de proteína de 42% e 49% 
maior após a ingestão da mistura de aminoácidos 
essenciais (EAA) em comparação com a mistura 
de aminoácidos totais semelhante ao Whey Protein 
(TAA), em pacientes idosos saudáveis e com DPOC, 
respectivamente.
Adaptado de JONKER, et al. 2017.
Introdução aos Aminoácidos Essenciais
 A inovação diz respeito ao desenvolvimento 
de novas soluções que atendam aos mercados ou ge-
rem valor para a sociedade. De modo geral, a inovação 
pode ser entendida como a busca de novidade de valor 
agregado por meio de novos produtos ou serviços. No 
contexto da inovação, o conceito de produto tem sido 
entendido como um conjunto de atributos tangíveis e 
intangíveis que possa ser consumido por um mercado, 
suprindo necessidades e desejos. Cerca de 20 mil pro-
dutos nos mais diversos segmentos são lançados anu-
almente na América Latina, porém 50% deles deixam de 
existir no ano seguinte, a explicação para esse fenômeno 
é simples: os produtos lançados não atendem aos reais 
desejos e necessidades dos consumidores.
 Desenvolver e lançar novos produtos consiste 
em um conjunto de atividades que busca atender às 
necessidades do mercado consumidor, respeitando as 
restrições tecnológicas que viabilizam o projeto, consi-
derando suas estratégias competitivas, para chegar às 
especificações do produto e do processo de produção, 
para que seja produzido adequadamente. Portanto, é 
imprescindível que o processo de desenvolvimento e 
lançamento de novos produtos seja embasado em ci-
ência, para que a real necessidade do consumidor seja 
atendida por meio de um produto final que seja seguro, 
eficaz e com máxima qualidade. 
Aminoácidos cada vez mais estudados
 Nos últimos anos tem sido demonstrado por 
meio de diversos estudos e pesquisas a importância 
dos aminoácidos para o bom funcionamento do corpo 
humano (BORSHEIM, E., et al., 2008; HOWATSON G, et 
al., 2012; KATSANOS, MADURA, ROUST, 2015). Nosso 
organismo em busca de sua homeostase realiza fun-
ções vitais que devem estar em constante renovação. 
Proteínas novas são criadas através do processo cha-
mado Síntese Proteica, que acontece mediante a união 
de uma série determinada de aminoácidos, unidos en-
tre si por ligações peptídicas. Muito além de músculos, 
as proteínas desempenham inúmeras funções, como a 
estruturação de tecidos, regulação da atividade de ór-
gãos endócrinos, atuação nos sistemas de defesa do 
organismo, participação dos processos de formação de 
enzimas, formação da estrutura sanguínea e construção 
muscular.
 A produção de proteínas é mais eficiente quan-
do ofertado todos os substratos para que ela ocorra. 
Aminoácidos são as menores partículas que formam 
as proteínas, ou seja, não precisam ser quebradas pelo 
nosso organismo para sua absorção. Após agrupados, 
constroem tecidos conjuntivos e estruturais. São essen-
ciais para produção de mais de 50 mil proteínas e mais 
de 15 mil enzimas. Influenciam o humor, a concentração, 
a atenção e o sono. O uso de aminoácidos essenciais 
(EAAs) vem sendo amplamente estudado e diversos 
estudos apontam que os EAAs são os responsáveis 
isolados pela indução do anabolismo muscular, poten-
cializando o ganho de massa magra. (WOLFE, 2002; PA-
DDON-JONES, 2006; LUCÀ-MORETTI, 2003). 
 JONKER, et al. avaliou através de um estudo 
duplo cego, randomizado e cruzado a eficácia da su-
plementação de aminoácidos essenciais no estímulo ao 
anabolismo das proteínas líquidas de todo o corpo entre 
pacientes idosos com DPOC (Doença pulmonar obstru-
tiva crônica) e idosos saudáveis, onde idosos saudáveis 
que fizeram uso somente de EAAs enriquecidos com 
leucina ganharam 42% mais massa magra que quan-
do ingerido um suplemento contendo uma mistura de 
aminoácidos totais (semelhante ao Whey Protein). Para 
pacientes doentes, o ganho chegou a ser 49% maior 
(gráfico 1).
MONOG R A F I A A M I N N U | 7
 Quando o estudo é feito em crianças, o ganho 
também é maior somente com o uso de EAAs. Os resul-
tados do estudo de JONKER, et al. demonstram que o 
uso isolado de aminoácidos essenciais com proporção 
adequada estimula o ganho de massa magra não so-
mente para pacientes com doenças crônicas, mas para 
pessoas saudáveis como um todo (JONKER, et al. 2017). 
 O aumento da disponibilidade de aminoácidos 
para a síntese proteica é o principal mecanismo para o 
aumento do anabolismo de proteínas musculares e isto 
é observado quando indivíduos consomem aminoá-
cidos. Estudos indicam que os aminoácidos, sozinhos, 
estimulam a síntese muscular proteica em pacientes 
idosos, entretanto, alguns estudos demonstram que a 
suplementação nutricional mista pode falhar no aumen-
to da massa muscular, uma vez que a resposta muscular 
ao anabolismo proteico pela hiperaminoacidemia com 
hiperinsulinemia endógena pode ficar desequilibrada 
(YANAI, 2015).
 Existem evidências de que a ingestão de ami-
noácidos essenciais orais resulta em uma mudança da 
degradação de proteínas musculares para a síntese de 
proteínas musculares após exercícios de resistência, se-
melhantes aos observados quando os aminoácidos são 
infundidos via endovenosa. TIPTON et al, examinaram 
a resposta da síntese líquida de proteínas musculares 
após um período de exercícios de resistência seguido 
por ingestão de aminoácidos. Neste estudo controlado, 
foi avaliada a resposta em homens e mulheres após in-
gestão de um composto misto de aminoácidos (MAA), 
uma solução de aminoácidos essenciais (EAA) e uma 
solução de placebo (PLA). 
 As concentrações arteriais de aminoácidos au-
mentaram aproximadamente 150 - 640% acima da linha 
de base durante a ingestão de MAA e EAA. O balanço 
líquido de proteínas musculares aumentou significativa-
mente de negativo, durante a ingestão do Placebo, a po-
sitivo durante a ingestão de MAA e EAA. Como o saldo 
líquido foi semelhante para MAA e EAA, não demonstra 
ser necessário incluir aminoácidos não essenciais em 
uma formulação projetada para provocar uma resposta 
anabólica do músculo após o exercício. Além disso, con-
forme demonstrado no gráfico 2, os EAA sozinhos redu-
zem mais o catabolismo proteico se comparado ao com-
posto misto de aminoácidos (Manninen, et al., 2002). 
 Como veremos mais adiante, os resultados do 
estudo multicêntrico de LUCÀ-MORETTI, mostraram 
que um suplemento de aminoácidos essenciais em pro-
porção equimolar, quando tomado como um único e 
total substituto de proteínas da dieta, atingiu um NNU 
corporal de 99%. Isso significa que 99% dos aminoá-
cidos constituintes do suplemento de EAA seguiram 
a via anabólica, atuando como precursores da síntese 
proteica do corpo. Em comparação, as proteínas alimen-
tares fornecem apenas entre 16% e 48% de NNU. Isso 
demonstra que os aminoácidos essenciais são mais efi-
cazes que as proteínas da dieta. Os resultados do estudo 
também mostraram que 1% dos aminoácidos constituin-
tes do suplemento seguiram a via catabólica, liberando 
assim apenas 1% de catabólitos e energia de nitrogênio. 
Em comparação, as proteínas alimentares liberam entre 
52% e 84% de catabólitos de nitrogênio e energia. Isso 
demonstra que o suplemento de aminoácidos essen-
ciais é mais seguro que as proteínas da dieta e fornece 
a menor quantidade de calorias em comparação com 
qualquer proteína proveniente da alimentação.
Desmistif icando o ganho de massa magra 
como estética e sim como saúde
 A composição corporal pode ser dividida em 
massa óssea, massa gorda e massa magra. A massa 
muscular magra geralmente contribui com cerca de 
50% do peso corporal total em adultos jovens, mas di-
Gráfico 2 - Síntese de proteínas musculares (PS), 
quebra de proteínas (PB) e balanço líquido de prote-
ínas musculares (NB) após exercício resistido duran-
te o consumo de solução de Placebo (PLA), 40 g de 
Aminoácidos Mistos (MAA) e 40 g de Aminoácidos 
Essenciais (EAA).
Adaptado de TIPTON, et al. 1999.
MONOG R A F I A A M I N N U |8
minui com a idade em cerca de 25% do peso corporal 
total entre 75 e 80 anos e a área do músculo vasto late-
ral (quadríceps) diminui em até 40% entre as idades de 
20 e 80 anos (KALYANI, CORRIERE, FERRUCCI, 2014). 
Como resultado da perda de músculo esquelético, esti-
ma-se que, após os 50 anos, ocorra uma redução de 4% 
na taxa metabólica basal a cada década (CHAU, et al., 
2008).
 A massa magra representa os músculos consti-
tuintes de nosso corpo e manter bons valores é impor-
tante não apenas para conquistar uma aparência defini-
da. A força corporal depende diretamente disso, ou seja, 
a facilidade com que as atividades do dia a dia são re-
alizadas depende diretamente da quantidade de tecido 
muscular magro. Uma pessoa com uma boa quantidade 
de massa magra nas pernas, por exemplo, sofrerá lesões 
mais dificilmente do que uma pessoa com menos massa 
magra. Por isso, ela influencia diretamente a resistência 
dos músculos frente a impactos e outros movimentos. A 
postura e os problemas na coluna vertebral também são 
diretamente afetados pela quantidade de massa magra 
que o corpo possui. Além disso, o ganho de massa ma-
gra é um aliado para a perda de gordura, pois acelera o 
metabolismo, aumentando o gasto energético. 
 Estima-se que a força muscular reduz, aproxi-
madamente, 15% entre a sexta e sétima décadas de vida 
e 30% após este período. O avanço pode se dar até o 
momento em que o indivíduo fique impossibilitado de 
realizar atividades comuns da vida diária, tais como ta-
refas domésticas: levantar-se da cadeira, subir escadas, 
varrer o chão ou tomar banho, contribuindo expressiva-
mente para o desenvolvimento da fragilidade e diminui-
ção funcional na idade avançada. A inabilidade física é a 
maior causa de utilização de atendimento domiciliar e 
hospitalização em idosos, com custo aproximado de 50 
bilhões por ano e sarcopenia de 18 bilhões de dólares 
por ano, nos Estados Unidos. No Brasil, as mortes e in-
ternações hospitalares de pessoas com mais de 60 anos, 
por causas externas, realizadas pelo Sistema Público de 
Saúde, mostram que as quedas representam 15,2% das 
mortes, ocupando 3º lugar na mortalidade. Quando ob-
servada morbidade, as quedas ocupam o primeiro lugar 
entre as internações. Em 2000, 48.940 pessoas (56,1%) 
foram hospitalizadas devido às quedas entre a popula-
ção com 60 anos ou mais (ORSATTI, 2011). 
 A construção da massa magra traz inúmeros 
benefícios para a nossa saúde a longo prazo, que vão 
muito além dos benefícios estéticos, como por exem-
plo, o fortalecimento dos ossos, melhora da imunidade, 
prevenção da resistência à insulina e auxílio no com-
bate a diversas doenças como a osteoporose e osteo-
artrite. Além de suas principais tarefas de manutenção 
da postura, respiração e locomoção, o músculo esque-
lético também representa uma importante reserva de 
nutrientes e um excelente regulador metabólico (WOL-
FE, 2006; MCLEOD, BREEN, HAMILTON, 2016). Quan-
to mais músculos tivermos, melhor será o nosso enve-
lhecimento, principalmente porque é nessa idade que 
se acentua a perda de massa magra e massa óssea, e 
para que tenhamos uma longevidade saudável, com in-
dependência e funcionalidade, é muito importante que 
desde a juventude sejam adotadas medidas que contri-
buam para a manutenção da integridade muscular.
 Por definição, tem-se que os aminoácidos são 
compostos orgânicos formados por um grupo amino 
(—NH3) associado a um grupo carboxila (—COOH). A 
principal função dos aminoácidos é atuar como subu-
nidades de estruturação de moléculas proteicas. A pro-
teína é o principal componente estrutural e funcional 
de todas as células do organismo. Enzimas, anticorpos, 
transportadores de membrana, moléculas de transpor-
te do sangue, matrizes intracelulares, cabelo, unhas, 
albumina de soro, queratina e colágeno, assim como 
muitos hormônios reguladores dos processos fisiológi-
cos, são todas moléculas proteicas. Assim, uma oferta 
adequada de aminoácidos no organismo é essencial 
para manter não apenas sua integridade, mas também 
a função celular, para saúde e reprodução. Além de 
atuar como subunidades estruturadoras das proteínas, 
os próprios aminoácidos também atuam como pre-
cursores de coenzimas, hormônios, ácidos nucleicos e 
outras moléculas essenciais para o funcionamento do 
organismo (MARCHINI, et al, 2016).
 Todas as proteínas de todos os organismos vi-
vos são formadas por uma combinação variada de 20 
tipos diferentes de aminoácidos (Fig. 1). Dependendo da 
capacidade de o organismo humano sintetizar endoge-
namente a quantidade de aminoácidos suficiente para 
suprir as necessidades metabólicas, tem-se a sua classi-
ficação em aminoácidos essenciais e não essenciais. Os 
aminoácidos essenciais são nutrientes indispensáveis à 
vida humana, uma vez que não podem ser sintetizados 
pelo organismo. O organismo humano é incapaz de sin-
tetizar cerca de metade dos 20 aminoácidos comuns e 
por este motivo devem ser obtidos através da ingestão 
de alimentos ou suplementos (MARCHINI, et al, 2016). 
MONOG R A F I A A M I N N U | 9
Figura 1 - Os 20 aminoácidos presentes na natureza responsáveis pela formação das proteínas de todos os organismos 
vivos. Destes, 8 são considerados essenciais e 12 não essenciais.
8 Aminoácidos Essenciais 12 Aminoácidos Não Essenciais
• Leucina
• Valina
• Isoleucina
• Metionina
São aqueles que nosso organismo não consegue 
produzir e, portanto, necessitamos obtê-los 
através da ingestão de alimentos.
São aqueles que nosso organismo consegue produzir 
a partir dos aminoácidos essenciais e de outras 
substâncias.
• Glicina
• Asparagina
• Cisteina
• Alanina
• Ácido Glutâmico
• Histidina
• Fenilalanina
• Lisina
• Treonina
• Triptofano
• Tirosina
• Serina
• Glutamina
• Prolina
• Arginina
• Ácido Aspártico
OS 20 AMINOÁCIDOS QUE COMPÕEM AS PROTEÍNAS
 Considerando que os aminoácidos essenciais 
não são sintetizados pelo organismo, muitas vezes são 
eles que limitam, de alguma forma, a síntese de pro-
teínas, músculos e tecidos. Sendo assim, para garantir 
um padrão saudável e adequado de síntese proteica, 
faz-se necessário um consumo dietético satisfatório ou 
até aumentado de aminoácidos essenciais. A ausência 
ou a ingestão inadequada de qualquer um dos amino-
ácidos essenciais leva a um balanço de nitrogênio ne-
gativo, podendo acarretar perda de peso, crescimento 
prejudicado (principalmente em crianças) e ainda al-
guns outros sintomas clínicos (IOM, 2005).
 A manutenção da massa e da função do tecido 
magro dependem da reconstrução contínua de proteí-
nas. Na Figura 2, as setas indicam os processos contí-
nuos de degradação e síntese de proteínas, assim como 
outras vias envolvendo o pool de aminoácidos livres, tais 
como: obtenção dos aminoácidos, seja a partir da dieta, 
suplementação ou da síntese endógena de aminoácidos 
não essenciais, e perda por excreção, oxidação ou pela 
conversão a outros metabólitos não proteicos (MAR-
CHINI JS, et al, 2016). 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) 
e à Academia Nacional Americana de Ciências (NAS), 
oito aminoácidos são considerados essenciais para a 
nutrição humana: Leucina, Valina, Isoleucina, Lisina, 
Fenilalanina, Treonina, Metionina, Triptofano. Algu-
mas literaturas consideram 9 aminoácidos essenciais, 
por considerarem a Histidina como um deles, porém ela 
é considerada um aminoácido condicionalmente essen-
cial, uma vez na infância o corpo não consegue sinteti-
zá-lo (ZENG, 2010). 
Figura 2 - Turnover de proteínas relacionando as trocas existentes entre as proteínas corporais e o pool de aminoácidos livres.
Consumo
dietético
Excreção Oxidação Vias 
não-protéicas
Perdas protéicas
Turnover
de proteínas
Síntese
Pele
Cabelo
Fezes
Síntese endógena
(Dispensável)
AMINOÁCIDOS
LIVRES
PROTEÍNAS
CORPORAIS
MONOG R A F I A A M I N N U | 1 0
 De maneira geral, os aminoácidos absorvi-
dos pelo organismo são utilizados para reconstitui-
ção das suas próprias proteínas, sendo, portanto, 
imprescindível o fornecimentode quantidade sufi-
ciente e balanceada dos diferentes tipos de aminoá-
cidos essenciais. A partir de uma dieta desequilibra-
da, existe o risco de alguns aminoácidos necessários 
para a síntese proteica estarem em quantidades in-
suficientes, enquanto outros aminoácidos aparece-
rem em excesso, seguindo para sua excreção sem 
mesmo terem sido utilizados ou, alternativamente, 
sendo desviados para o provimento de energia. Da 
mesma forma, quando determinados aminoácidos 
são consumidos em quantidade excessiva, existe a 
possibilidade que seja suprimida a absorção ou a 
utilização de outros aminoácidos, agravando ainda 
mais o quadro de desequilíbrio no pool de aminoáci-
dos livres (IOM, 2005).
 Portanto, se um determinado aminoácido obti-
do por meio da alimentação estiver escasso, a eficiência 
da alimentação fica limitada ao nível desse aminoácido 
insuficiente (fator limitante). O mesmo pode ser consi-
derado para suplementos de aminoácidos essenciais 
fabricados em proporções inadequadas dos componen-
tes. Portanto, para que tais riscos de desequilíbrio sejam 
evitados e a contínua síntese de proteínas do organis-
mo seja garantida, a suplementação com aminoácidos 
essenciais em proporção equimolar é muito importante, 
 Conforme figura 3, ilustrando um barril com 
água, cada ripa do barril representaria um tipo de ami-
noácido, sendo o comprimento das ripas representantes 
das quantidades individuais de cada aminoácido. Por-
tanto, a capacidade do barril fica limitada pela ripa mais 
curta, assim como a síntese proteica e o crescimento fi-
cam limitados pelos aminoácidos menos disponíveis. Por 
outro lado, os aminoácidos em excesso, corresponden-
tes às ripas acima do nível de água, não serão utilizados 
para a síntese de proteínas, seguindo para excreção ou 
vias alternativas para produção de energia. O nitrogênio 
consumido como fonte de energia é usualmente excre-
tado como amônia. Quando a dieta ou o suplemento é 
deficiente em, pelo menos, um aminoácido, o corpo não 
consegue utilizar com eficiência todos os aminoácidos 
disponíveis no pool. No exemplo ilustrado pela figura 3, 
apenas com a adição de lisina foi possível garantir um 
aproveitamento mais eficiente dos aminoácidos.
fornecendo a quantidade ideal de cada aminoácido es-
sencial que nosso organismo precisa.
 Cada célula do organismo é capaz de sintetizar 
um grande número de proteínas específicas a partir dos 
aminoácidos, sejam essenciais ou não essenciais. As ca-
racterísticas e a especificidade de cada proteína sinteti-
zada pelo organismo são predeterminadas pelo código 
genético presente nas moléculas de DNA, que funciona 
como modelo para a síntese de várias formas de RNA 
que, então, participam da síntese proteica propriamente 
Figura 3 - Aplicação da teoria do barril para avaliar o aporte dietético de aminoácidos. A nutrição fica limitada pelo 
fornecimento do nutriente mais escasso, no exemplo, a lisina (aminoácido limitante).
Fonte: MARCHINI JS, et al, 2016
Dieta desequilibrada Dieta adicionada com lisina
Excedente de 
aminoácidos
MONOG R A F I A A M I N N U | 1 1
dita. No entanto, para que a síntese proteica ocorra, é 
preciso que todos os aminoácidos necessários estejam 
disponíveis, principalmente os aminoácidos essenciais, 
que devem vir única e exclusivamente da dieta ou suple-
mentação (MAHAN LK, ESCOTT-STUMP S, 1998).
 Os aminoácidos exercem os seus efeitos na 
fase de iniciação da tradução do RNA-mensageiro em 
proteína. O mecanismo pelo qual os aminoácidos es-
timulam síntese de proteínas está relacionado ao fato 
do aumento da concentração intracelular dos mesmos 
promoverem a ativação de uma proteína quinase deno-
minada alvo da rapamicina em mamíferos (mammalian 
Target of Rapamycin - mTOR). O mTOR estimula a sín-
tese proteica principalmente por meio de três proteínas 
regulatórias chaves: a proteína quinase ribossomal S6 
de 70 kDA (p70S6k); a proteína 1 ligante do fator de ini-
ciação eucariótico 4E (4E-BP1); e o fator de iniciação eu-
cariótico 4G (eIF4G) (Fig. 4).
 Durante o período pós-prandial, os aminoáci-
dos plasmáticos estimulam a síntese de proteína muscu-
lar, fornecendo substratos a mesma, bem como ativando 
o receptor do complexo 1 da via mTOR (mTORC1), que 
inicia a tradução do mRNA. Quando ativado por ami-
noácidos, mTORC1 inicia uma série de processos que 
aumentam a taxa de tradução / síntese de proteínas no 
músculo esquelético (KATSANOS, MADURA, ROUST, 
2015). O mTOR desempenha um papel central na regu-
lação de todos esses processos e, portanto, controla o 
equilíbrio entre o anabolismo e o catabolismo em res-
posta às condições ambientais.
Figura 4 - Sinalização envolvida na síntese proteica mediada pelos aminoácidos (representados pela leucina), insulina, 
fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) e exercício de força.
mTOR
Leucina
IRS-1
IG
F-
1
In
su
lin
a
P13-K
Exercício
de Força
PKB
4E-BP1 elF4G
AMPK
SÍNTESE PROTÉICA
p70S6K
mTOR: proteína quinase denominada alvo da rapamicina em mamíferos; p70S6k = proteína quinase ribossomal S6 
de 70 kDA; eIF4G: fator de iniciação eucariótico 4G; 4E-BP1: inibidor do fator de iniciação da tradução proteica de-
nominada eIF4E; AMPK: proteína quinase ativada por adenosina monofosfato (AMP); PKB: proteína quinase B; IRS-1 
substrato do receptor de insulina 1; PI3-K: fosfatidil-inositol-3-quinase). (→ indica ativação; y indica inibição). Adaptado 
de ROGERO, 2008.
MONOG R A F I A A M I N N U | 1 2
 Os aminoácidos essenciais plasmáticos, quan-
do comparados aos não essenciais, são os principais 
responsáveis pela estimulação da síntese proteica mus-
cular. A ingestão de aminoácidos em sua forma livre per-
mite a absorção do dobro de aminoácidos essenciais se 
comparado a uma proteína intacta, dado que a proteína 
intacta contém inevitavelmente até 50% de aminoácidos 
não essenciais. Note-se que, diferentemente dos ami-
noácidos essenciais que precisam ser fornecidos atra-
vés da dieta, os não essenciais podem ser sintetizados 
no organismo e, portanto, participar diretamente como 
substratos para síntese proteica sem a necessidade de 
ser obtida através da dieta. Ao mesmo tempo, a inges-
tão de aminoácidos livres permite enriquecer a mistura 
de aminoácidos com leucina. Os aminoácidos em geral, 
e particularmente leucina, são estímulos poderosos de 
mecanismos moleculares implicados na síntese de pro-
teínas musculares por ativar o mTOR e seus alvos en-
volvidos no início da tradução do mRNA (KATSANOS, 
MADURA, ROUST, 2015).
 Existem evidências in vitro e in vivo de que a leu-
cina é capaz de estimular a síntese proteica, por ativar, 
principalmente, o início do processo de tradução pro-
teica. O efeito da suplementação crônica foi verificado 
em um estudo realizado com ratos suplementados com 
leucina durante 12 dias, no qual se observou aumento na 
taxa de síntese proteica no tecido adiposo, no músculo 
gastrocnêmio e no fígado. Outro estudo, que avaliou o 
efeito da suplementação crônica com leucina em ratos, 
verificou maior retenção de nitrogênio na carcaça des-
ses animais, após fase de recuperação nutricional de 60 
dias com dieta rica em leucina, a qual foi antecedida de 
outra fase de 60 dias de desnutrição proteica (LYNCH 
CJ, 2002). Porém, somente a Leucina não é capaz de re-
alizar síntese proteica, uma vez que o corpo precisa de 
todos os aminoácidos essenciais para dar sequência à 
síntese. O ideal seria um equilíbrio entre todos os ami-
noácidos juntamente com a Leucina. Isso traria além do 
estímulo, a síntese proteica completa.
 Há diversos métodos para realizar a avaliação 
nutricional de proteínas. Dentre esses métodos destaca-
-se o método que avalia a utilização líquida de nitrogênio 
(NNU - net nitrogen utilization). Como citado anterior-
mente, as proteínas obtidas pela alimentação fornecem 
entre 16 - 48% de NNU. Um suplemento de aminoáci-
dos essenciais em proporção equimolar, apresenta um 
perfil de aminoácidos que promove 99% de NNU, o que 
significa que 99% dos aminoácidosfornecidos atuam 
como precursores da síntese de proteínas (os “building 
blocks”). Este percentual de NNU é considerado o maior 
encontrado em uma formulação com aminoácidos, bem 
como supera toda a forma de proteína ingerida pela die-
ta (tabela 1) (LUCÀ-MORETTI, 2003).
Tabela 1 - Comparação entre o percentual de NNU do suplemento de aminoácidos essenciais e 
diferentes tipos de alimentos.
Suplemento de aminoácidos essenciais (Proporção equimolar)
Ovo inteiro
Peixe/carne/frango
Proteína da soja
Whey protein
Caseína
Leite
99% DE NNU
48% DE NNU
28 - 36% DE NNU
17% DE NNU
16% DE NNU
16% DE NNU
16% DE NNU
NNU DOS DIFERENTES TIPOS DE ALIMENTOS
MONOG R A F I A A M I N N U | 1 3
 Outra vantagem do suplemento de aminoáci-
dos essenciais é que 10 g do produto fornece a síntese 
proteica equivalente a 350 g de carne vermelha, peixe 
ou frango, mas seu valor calórico é muito baixo, espe-
cialmente recomendado para aqueles indivíduos que 
necessitam ganho de peso ou sua manutenção e ao 
mesmo tempo desejam controlar a gordura corporal. 
Além disso, sua absorção leva em torno de 23 minu-
tos após a sua ingestão, sendo que para se digerir uma 
proteína obtida da alimentação levam-se cerca de 3 - 4 
horas. O suplemento de aminoácidos essenciais induz 
minimamente a estimulação das secreções intestinais, 
uma vez que atuando completamente como uma pro-
teína dietética catabolizada, sendo absorvida sem a 
necessidade das peptidases prevenindo a sobrecarga 
das funções digestivas e sendo indicado para pacien-
tes com desordens gastrintestinais, incluindo gastrec-
tomia – sua liberação de catabólitos de nitrogênio é de 
apenas 1%, diferentemente das proteínas dietéticas, 
que podem fornecer entre 52-84% destes (LUCÀ-MO-
RETTI, 2003).
 Diante de todos os estudos realizados e consi-
derando a importância dos aminoácidos, viu-se a rele-
vância do desenvolvimento de uma forma de suplemen-
tação livre, inovadora, que fosse capaz de disponibilizar 
estes aminoácidos sem a necessidade de digestão, po-
tencializando assim a ação da suplementação. O AMIN-
NU é um suplemento formado pela combinação dos 8 
aminoácidos essenciais na forma livre com proporções 
adequadas para maximizar a síntese proteica no orga-
nismo. Após a ingestão são rapidamente utilizados, pois 
já se encontram em sua forma mais absorvível, assim, 
sendo utilizado em situações onde ocorra a necessida-
de de aumento de síntese proteica. Os diferenciais do 
AMINNU são a baixa ingestão calórica, sem adição de 
açúcar ou adoçantes artificiais, absorção de 99% dos 
aminoácidos e excelente palatabilidade, que torna o pro-
cesso de síntese proteica muito mais fácil de acontecer.
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MONOG R A F I A A M I N N U | 1 6
Intestino como responsável pela nossa 
saúde
 O trato gastrointestinal é grande e complexo, ele 
consiste em uma enorme área de superfície otimizada 
para absorver eficientemente nutrientes, água e eletróli-
tos, mantendo uma defesa eficaz contra toxinas intralu-
minais, antígenos e micro-organismos patógenos. Em 
especial a função do intestino está muito além do siste-
ma digestivo, o intestino também serve como um órgão 
endócrino, imunológico e neuronal, e é o maior órgão 
endócrino. Não distante, ele tem o papel de barreira que 
protege o hospedeiro da colonização por patógenos e 
a sua microbiota também participa do desenvolvimento 
da homeostase do sistema imunológico do hospedeiro, 
70% das células imunológicas do corpo residem no teci-
do linfoide associado ao intestino (PICCA et al., 2018).
 Existe uma comunicação bidirecional entre in-
testino-cérebro envolvendo a microbiota e compreende 
vias neurais como e humoral no qual temos citocinas, 
hormônios e neuropeptídeos como moléculas sinaliza-
doras como modelo de sistema humoral. Essa rede de 
comunicação é chamada de “eixo microbiota-intestino-
-cérebro” e sinaliza a percepção gastrointestinal ao cé-
rebro, que por sua vez elabora uma resposta no intesti-
no (CRYAN; O’MAHONY, 2011; MAYER, 2011) incluindo 
morfogênese de órgãos, desenvolvimento e maturaçãodo sistema imunológico e do trato gastrointestinal, vas-
cularização intestinal, regeneração de tecidos, carcino-
gênese, metabolismo, formação da memória, excitação 
emocional, comportamento afetivo, tomada de decisão 
intuitiva e uma série de doenças neurológicas (BERNT-
SON; SARTER; CACIOPPO, 2003; COLLINS; SURET-
TE; BERCIK, 2012; MAYER, 2011; SOMMER; BÄCKHED, 
2013).
 A microbiota intestinal humana é uma comuni-
dade complexa e é composta por cerca de 1014 micro-or-
ganismos (a maioria bactérias, mas também vírus, fun-
gos e protozoários) e o metagenoma supera o genoma 
humano mais de cem vezes. Ela desempenha um papel 
na imunidade, na inflamação e proliferação celular, na 
digestão e metabolismo, sintetiza a vitamina K e vitami-
nas do complexo B e é capaz de se comunicar não ape-
nas com o epitélio intestinal, mas também com órgãos 
e sistemas corporais distantes. (DORÉ et al., 2013; NEIS; 
DEJONG; RENSEN, 2015). Muitas bactérias intestinais 
produzem compostos antimicrobianos e competem por 
nutrientes e locais de fixação no revestimento intestinal, 
evitando assim a colonização por patógenos. Elas tam-
bém sinalizam ao sistema imunológico inato por meio 
de receptores específicos que reconhecem e se ligam 
a moléculas específicas associadas a bactérias, levan-
do à produção da resposta imune do hospedeiro, essa 
correlação entre as células da microbiota e da muco-
sa intestinal (enterócitos, células dendríticas, linfócitos, 
macrófagos e células M) modula a produção de várias 
citocinas e quimiocinas. Estes podem ser pró-inflamató-
rios, como IL-1 e IL-8, ou anti-inflamatórios, como IL-10 
(BULL; PLUMMER, 2014; PICCA et al., 2018).
 A disbiose refere-se a um desequilíbrio na 
abundância de espécies microbianas, que é comumente 
ligada ao comprometimento da função da barreira in-
testinal e células inflamatórias. O estresse oxidativo, a 
indução de bacteriófagos e a secreção de toxinas bacte-
rianas podem desencadear mudanças rápidas entre os 
grupos microbianos intestinais, resultando em disbiose. 
O desequilíbrio causado pela disbiose é agravada por 
outros distúrbios, como aumento da permeabilidade in-
testinal, a constipação intestinal ou diarreia e pode levar 
a uma perda na capacidade moduladora imunológica 
do trato gastrointestinal acarretando uma série de con-
sequências negativas ao organismo. Como exemplo o 
organismo pode passar a ter dificuldade em absorver e 
aproveitar as proteínas da alimentação. Em uma situa-
ção na qual há uma microbiota atípica ao intestino, a 
quebra dos peptídeos e reabsorção de toxinas do lúmen 
intestinal ocorrem de maneira inadequada (BÄCKHED 
et al., 2012; BELIZÁRIO; FAINTUCH, 2018; HULLAR, A.J. 
MEREDITH, FU, 2015).
Não somos o que ingerimos, somos o que 
absorvemos
 A proteína da dieta é um dos nutrientes mais 
essenciais para a produção de hormônios e enzimas, 
visão e reparo celular. A microbiota intestinal desempe-
nha uma função crucial no número total de aminoácidos 
disponibilizado e sobre a sua absorção que corresponde 
ao perfil de aminoácidos e suas características compo-
sicionais individuais (LIN et al., 2017; ZHAO et al., 2018).
 A microbiota intestinal atua como parte es-
sencial da reciclagem de proteínas e nitrogênio inge-
ridos. As unidades proteicas não digeridas geralmente 
são fermentados em vários metabólitos bacterianos ou 
outros produtos finais, como ácidos graxos de cadeia 
curta, sulfato de hidrogênio e amônia. Esses metabó-
litos bacterianos estão envolvidos em várias funções 
fisiológicas e têm efeitos benéficos ou deletérios no 
MONOG R A F I A A M I N N U | 1 7
hospedeiro, essa relação irá depender de suas concen-
trações. Em suma, se a proteína da dieta não é bem 
digerida, a homeostase da microbiota intestinal pode 
ser interrompida, resultando em distúrbios intestinais e 
desperdício de recursos nitrogenados (LIN et al., 2017; 
ZHAO et al., 2018).
 O destino metabólico dos aminoácidos de-
pende da composição das populações bacterianas e 
de sua localização no intestino. As bactérias primárias 
relacionadas ao metabolismo consistem em Klebsitella 
spp., Escherichia coli, Streptococcus spp, Succinivibrio 
dextrinosolvens, Mitsuokella spp. E Anaerovibrio lipolyti-
ca. Algumas dessas bactérias podem metabolizar dire-
tamente aminoácidos e têm a capacidade de secretar 
várias proteases e peptidase (HULLAR, A.J. MEREDITH, 
FU, 2015; ZHAO et al., 2018). 
 Para a lisina, por exemplo, ela é um aminoácido 
que não está sujeito a transaminação e acredita-se que 
2 a 20% da lisina corporal total seja derivada de fontes 
microbianas intestinais (intestino delgado e grosso) em 
animais monogástricos, incluindo humanos adultos. Ve-
rificou-se que o catabolismo da lisina na mucosa intes-
tinal é quantitativamente maior do que a incorporação 
de lisina nas proteínas da mucosa. Além disso, para a 
leucina, a contribuição da síntese da microbiota intesti-
nal para a entrada total do corpo foi estimada em 20% 
(NEIS; DEJONG; RENSEN, 2015; VAN DER WIELEN, NI-
KKIE, PAUL J. MOUGHAN, 2017).
 Portanto é importante conhecer a fonte de 
aminoácidos utilizada, pois ela pode representar uma 
abordagem estratégica para controlar o crescimento de 
espécies fermentadoras de aminoácidos e suas vias me-
tabólicas, as quais, por sua vez, podem ter um impacto 
no metabolismo do hospedeiro (LIN et al., 2017). Dife-
rentes fontes alimentares de proteína geram diferentes 
perfis de qualidade, dependente principalmente da com-
posição e da biodisponibilidade dos aminoácidos, ou 
seja, a capacidade do suplemento em fornecer um perfil 
adequado de aminoácidos essenciais indispensáveis à 
dieta (VAN DER WIELEN, NIKKIE, PAUL J. MOUGHAN, 
2017). No intestino saudável, os aminoácidos essenciais 
da dieta são absorvidos eficientemente por diferentes 
transportadores de aminoácidos nos enterócitos do 
jejuno proximal e várias funções são interdependentes 
da microbiota saudável e os aminoácidos essenciais na 
dieta. 
 A nível molecular, foi demonstrado que a con-
centração intracelular de leucina pode ser detectada 
pelo complexo multiproteína leucil-tRNA sintetase, que 
ativa o alvo mecanicista da rapamicina (mTOR) quinase. 
A ativação de mTOR induzida por aminoácidos regula 
a síntese de proteínas, lipídios e nucleotídeos, além de 
inibir a autofagia. A autofagia regulada pela sinalização 
mTOR é crucial para inibir a inflamação e manter a ho-
meostase intestinal (BIFARI et al., 2017; HE et al., 2018).
Durante a fome, o metabolismo dos aminoácidos essen-
ciais é direcionado à oxidação para gerar ATP. Esse pro-
cesso é regulado pela ativação da quinase ativada por 
AMP (AMPK), um sensor mestre do balanço de energia 
(BIFARI et al., 2017).
 Os aminoácidos em si estimulam a secreção de 
insulina. Os aminoácidos de cadeia ramificada, especial-
mente Leucina, têm um efeito insulinogênico quando 
administrados em conjunto com uma solução de glico-
se, em comparação com a solução de glicose isolada. 
Os aminoácidos também estimulam a liberação do pep-
tídeo 1 do tipo (GLP-1) e do polipeptídeo insulinotrópico 
dependente de glicose (GIP), que por sua vez aumentam 
a resposta anabólica promovendo a secreção de insuli-
na (MACDONALD et al., 2019).
 Os aminoácidos essenciais podem aumentar a 
expressão da β-defensina intestinal, que funciona como 
uma substância antimicrobiana de amplo espectro (BI-
FARI et al., 2017).
He e colaboradores reuniram diferentes estudos (Tabela 
2) que demonstram a importância dos aminoácidos es-
senciais como moduladores nas doenças intestinais (HE 
et al., 2018):
• É relatado que fenilalanina possui efeitos benéficos no 
tratamento da DII, inibindo a produção de TNF- α e me-
lhorando as respostas imunes. Também é responsável 
por regular e liberar hormônios intestinais, bem como a 
tolerância à glicose;
• A metionina é capaz de modular a imunidade, gerar 
glutationa para neutralizar o estresse oxidativo e inibe 
o aumento da permeabilidade paracelular mediada por 
TNF- α;
• Treonina é um componente primário da IgA intestinale mucinas, assim, a sua desnutrição induz inflamação e 
afeta as respostas imunes pela via NF- κB;
• Os BCAAs aprimoram o sistema de defesa imune in-
testinal, melhorando a integridade morfológica e a pro-
dução de imunoglobulina no intestino;
• Leucina aumenta a proliferação celular e as expres-
sões dos transportadores de aminoácidos pela ativação 
do mTOR;
MONOG R A F I A A M I N N U | 1 8
• A isoleucina induz a expressão de β- defensinas via 
receptores de acoplamento à proteína G (GPCRs) e vias 
de sinalização ERK/MAPK.
Tabela 2 - A função e sinalização dos aminoácidos na inflamação intestinal
AMINOÁCIDOS FUNÇÃO VIAS DE SINALIZAÇÃO
Triptofano ↑ IL-22, barreira intestinal↓ I1-1ß, I1-6, IL-8, TNF-ɑ, Th1 cells
5-HT, mTOR, AHR
Card9, ACE2, CaSE, MAPK
Fenilalamina ↑ cisteína e GSH↓ TNF-ɑ, IL-6, IL-8, estresse oxidativo
CaSR
Metionina ↑ integridade intestinal, Cisteína e GSH↓ IL-1ß , TNF-ɑ, estresse oxidativo
NF-κB
Lisina ↑ GSH, SOD, CAT↓ IL-1ß , IL-6, IL-17, TNF-ɑ, INF-y
CaSR, NF-κB
Treonina ↑ MUC2, IgA, barreira intestinal NF-κB, mTOR, MAPK
Valina ↑ Produção de imunoglobulina↓ TNF-ɑ, IL-6, INF-y, IL-1ß, e IL-17
GCN2, CaSR
Leucina ↑ integridade intestinal↓ inflamação intestinal
mTOR, GCN2
NF-κB, MAPK
Isoleucina ↑ expressão of ß-defensinas GCN2, GPCRs, MAPK
As funções dos aminoácidos essenciais na inflamação intestinal dependem principalmente das vias de sinali-
zação NF-κB, iNOS, MAPK, ACE2, GCN2, CaSR e mTOR. AHR: receptor de aril hidrocarboneto; 5-HT: 5-hidro-
xitriptofano; Card 9: membro da família do domínio de recrutamento da caspase 9; mTOR: alvo mecanicista da 
rapamicina; MUC2: mucina 2; MPO: mieloperoxidase; CaSR: receptor sensor de cálcio; MAPK: proteína quina-
se ativada por mitógeno; NF-κB: fator nuclear-kappa-B; ERO: esp’’écies reativas de oxigênio, GSH: glutationa; 
iNOS: óxido nítrico sintase induzível; ACE2: enzima conversora de angiotensina 2; GPCRs: receptores acopla-
dos à proteína G; SOD: superóxido dismutase; CAT: catalase; GCN2: cinase não reprimida controlada geral.
MONOG R A F I A A M I N N U | 1 9
Processo de digestão e absorção, qual a 
melhor fonte de aminoácidos essenciais?
 A digestão fisiológica e a absorção de nutrien-
tes no trato gastrointestinal requerem uma interação 
complexa entre as funções motora, secretora, digestiva e 
absorvente, vulnerável a uma infinidade de distúrbios em 
potencial que podem levar a síndromes globais ou espe-
cíficas de má absorção (Fig. 5). Em uma situação ideal 
o intestino delgado proximal absorve os nutrientes de 
maneira extremamente eficiente: após a perfusão de 
nutrientes no duodeno proximal a taxas pós-prandiais 
fisiológicas, até 80% dos triglicerídeos, 60% dos car-
boidratos e 50% das proteínas foram absorvidos an-
tes de atingir o duodeno distal e os nutrientes que não 
absorvidos, cerca de 10%, são fonte de energia para a 
microbiota do cólon (KELLER; LAYER, 2014).
 A digestão das proteínas começa no estôma-
go, onde o pH baixo as desnatura, removendo sua es-
trutura secundária e expondo-as à clivagem pela pep-
sina. A digestão de proteínas alimentares e endógenas 
por pepsinas e proteases pancreáticas produz peque-
nos polipeptídeos e aminoácidos livres; estes são pos-
teriormente hidrolisados por peptidases de borda em 
escova, por proteases e peptidases derivadas de hos-
pedeiros e bactérias, e em seguida são transportados 
para o enterócito. A absorção ocorre principalmente no 
jejuno proximal, mas outras partes do intestino delgado 
também têm capacidade de transporte significativa. O 
transporte para os enterócitos ocorre pelos principais 
transportadores ativos de aminoácidos neutros, dibási-
cos e dicarboxílicos (MACDONALD et al., 2019) (KEL-
LER; LAYER, 2014).
Figura 5 - Catabolismo das proteínas no trato gastrointestinal 
Adaptado de ZHAO, J. et al.2018
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 0
 O requerimento de nitrogênio da mucosa intes-
tinal é alto, devido a rápida renovação celular, produção 
de proteínas secretoras e a tendência de usar aminoá-
cidos como fonte de energia. O destino metabólico de 
uma fonte de nitrogênio ingerida depende também da 
cinética da absorção de aminoácidos. A administração 
de aminoácidos livres contorna a fase digestiva e o perfil 
de absorção é diferente do das proteínas intactas, pois 
os níveis plasmáticos de aminoácidos totais e essenciais 
são mais altos, atingem o pico mais rápido e diminuem 
mais rapidamente (Fig. 6). Além da qualidade da prote-
ína na dieta, ou seja, sua composição de aminoácidos e 
cinética de digestão e absorção, também a quantidade 
de proteína ingerida provavelmente modula as taxas de 
síntese de proteína muscular pós-prandial (MACDO-
NALD et al., 2019).
 Os aminoácidos essenciais também podem 
modificar a abundância de metabólitos intestinais, aju-
dam na regulação de processos inflamatórios, e são as-
sim fundamentais para a homeostase do organismo. Por 
outro lado, a disbiose intestinal altera as propriedades da 
barreira intestinal e, portanto, pode reduzir a capacidade 
do organismo em digerir proteínas complexas e indireta-
mente reduzir a quantidade de aminoácidos essenciais 
disponíveis no organismo. A utilização dos aminoácidos 
essenciais livres, já disponibilizados em menor fração, 
fornece os ativos que são necessários para restaurar 
a integridade do intestino e da microbiota natural, bem 
como, o fornecimento de aminoácidos para a realização 
das sínteses proteicas necessária para homeostase ce-
lular e do músculo esquelético (Fig. 7). 
 Para que a síntese muscular aconteça, diversos 
estímulos são necessários, mas é fundamental que o 
corpo tenha aminoácidos livres disponíveis. A recons-
trução muscular só acontecerá a partir do momento em 
que os nutrientes necessários estejam disponíveis e a 
partir das proteínas, elas devem ser digeridas (no estô-
mago), absorvidas (no intestino) e assim estar disponível 
Figura 6 - Alteração média da linha de base dos aminoácidos plasmático após a alimentação de proteínas inteiras 
(queijo, cottage) ou uma quantidade equivalente de uma mistura de aminoácidos livres com composição de aminoáci-
dos (...) em voluntários saudáveis em jejum 
Adaptado de MACDONALD et al (2019)
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 1
para o processo de síntese no músculo. O consumo de 
proteínas com alta digestibilidade ou uma dieta pobre 
em proteínas resulta em menos proteína atingindo o có-
lon, limitando a quantidade disponível para bactérias fer-
mentadoras de proteínas. Observa-se que é um proces-
so interligado dentro do organismo, e pode-se concluir 
que o paciente com disbiose não realiza essas etapas de 
maneira eficiente e todas as demais funções dependen-
tes da disponibilização dos nutrientes serão prejudica-
das. Os pacientes com disbiose estão inflamados e com 
a microbiota intestinal atípica, essas, por sua vez, podem 
consumir mais nutrientes da dieta para se proliferarem 
prejudicando a homeostase. Por esses motivos citados, 
muitas vezes, a biodisponibilidade de aminoácidos é 
afetada e os pacientes não conseguem ganhar massa 
magra ou passa por um processo de perdê-la rapida-
mente (NI LOCHLAINN et al, 2018).
Figura 7 - Proposta de diafonia entre disfunção mitocondrial e inflamação na perda de massa muscular.
Adaptado de PICCA et al (2018)
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 2
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MONOG R A F I A A M I N N U | 2 3
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 4
Impacto da bariátrica na vida do paciente 
 Obesidade é o acúmulo excessivo de gordura no 
tecido adiposo e, de forma ectópica, em outros órgãos, 
como fígado, como resultado de períodos crônicos de 
balanço energético positivo, caracterizado por um apor-
te calórico maior que o gasto energético. A prevalência 
da obesidade tem aumentado de modo significativo nas 
últimas décadas, atingindo níveis de pandemia global, 
fato alarmante atribuído principalmente ao atual estilo 
de vida, caracterizado por comportamento sedentário e 
hábitos alimentares não saudáveis. Grande preocupa-
ção para a saúde pública é o fato de que a obesidade 
é frequentemente associada ao desenvolvimento de di-
versas doenças crônicas, como diabetes tipo 2, doenças 
cardiovasculares, esteatose hepática e alguns tipos de 
câncer (PREVEDELLO, et al., 2009).
 Neste contexto, os pacientes com obesidade 
grave devem ser encarados como pessoas que pos-
suem menos qualidade de vida e condições clínicas que 
podem levá-las à morte. Por estes motivos, são neces-
sárias abordagens eficientes para promover significativa 
redução de peso. A orientação dietética, a programação 
de atividade física e o uso de fármacos antiobesidade 
são os pilares principais do tratamento (PREVEDELLO, 
et al., 2009).
 Segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de 
Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito 
Telefônico (Vigitel), de 2018, do Ministério da Saúde, a 
obesidade afeta 18,8% dos brasileiros e mais da metade 
(55,7%) tem excesso de peso (BRASIL, 2019). As proje-
ções do Ministério da Saúde e da Organização Mundial 
de Saúde para o Brasil indicam que a obesidade con-
tinuará a subir (Gráfico 3) (OLIVEIRA. M. L., 2013). Os 
hábitos de vida contemporânea favorecem o consumo 
exagerado de alimentos de alto valor calórico, mas com 
pobre qualidade nutricional. Essa ingestão excessiva 
também pode ser desencadeada por transtornos de 
compulsão alimentar. As abordagens para controle do 
peso corporal adulto são diversas, mas todas culminam 
no conceito fundamental de equilíbrio energético. Para 
manter o peso corporal, a ingestão calórica deve ser 
equilibrada com o gasto diário de energia (MAGDALON, 
FESTUCCIA, 2005).
Gráfico 3 - Projeção da obesidade (IMC ≥ 30kg/m2 ) em adultos (≥ 18 anos) nas 26 capitais e no Distrito 
Federal, 2006 a 2022.
Fonte: OLIVEIRA. M. L., 2013.
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 5
 Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 
pelo menos 15 mil casos de câncer por ano no Brasil po-
deriam ser evitados com a redução do peso e o combate 
à obesidade. Pesquisa feita na Universidade de Mon-
treal, Canadá e compartilhada pela Sociedade Brasi-
leira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica apontou que 
obesos perdem até nove anos em sua expectativa de 
vida. Os riscos inerentes ao excesso de gordura estão 
demonstrados em vários estudos populacionais, entre 
eles, um publicado na revista Lancet Endocrinology, em 
junho de 2018, que avaliou as causas de mortalidade de 
mais de 3,6 milhões de pessoas e sua associação com 
a obesidade. A pesquisa fortaleceu o conceito de que 
quanto mais pesado, maiores são os riscos. Mostrou que 
para cada 5 pontos a mais no Índice de Massa Corporal 
(IMC) acima do ideal, em torno de 25, o obeso apresenta 
chances 20% maiores de morrer. Homens com obesida-
de mórbida (IMC>40) têm uma expectativa de vida nove 
anos menor do que aqueles com peso normal. Isso sem 
contar o impacto na qualidade de vida, nas limitações de 
mobilidade, nos distúrbios do sono e outras restrições 
que enfrentam as pessoas com graus elevados de obe-
sidade (SBCBM, 2019).
 Somos o segundo país com maior número de 
cirurgias bariátricas, ficando atrás apenas dos Estados 
Unidos. Conforme demonstrado no gráfico 4, em todo 
o ano de 2018, foram realizadas 63.969 cirurgias bari-
átricas no Brasil, sendo 49.521 pela saúde suplementar 
(planos de saúde), conforme dados da Agência Nacio-
nal de Saúde Suplementar (ANS), 11.402 cirurgias pelo 
Sistema Único de Saúde (SUS) e 3.046 cirurgias par-
ticulares. Avaliando um período de oito anos, o núme-
ro de cirurgias bariátricas cresceu 84,73% entre 2011 e 
2018, segundo levantamento divulgado pela Sociedade 
Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). 
Foram realizados no período aproximadamente, 424 mil 
cirurgias da obesidade no país (BRASIL, 2019; SBCBM, 
2019).
Gráfico 4 - Cenário da cirurgia bariátrica no Brasil.
Fonte: SBCBM, 2019.
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 6
 É fundamental que o paciente que deseja pas-
sar por uma cirurgia bariátrica tenha acompanhamento 
de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, 
nutricionista, endocrinologista, cardiologista, preparador 
físico, enfermeiro, fonoaudiólogo. O paciente precisa ter 
a consciência de que terá uma ferramenta que vai aju-
dá-lo a emagrecer, mas ele deve ter sua participação, 
seguindo todas as recomendações pós-cirúrgicas, in-
cluindo o acompanhamento do endócrino para o resto 
da vida, para que não haja reganho de peso (BRASIL, 
2019).
 A cirurgia bariátrica é indicada para obesos com 
idade entre 18 e 65 anos, com IMC acima de 40 kg/m² 
(obesidade grau III) independente de presença de co-
morbidades, IMC entre 35 e 40 kg/m² (obesidade grau 
II) na presença de comorbidades e IMC entre 30 e 35 
kg/m² (obesidade grau I) na presença de comorbidades 
que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por 
um médico especialista na respectiva área da doença 
(SBCBM, 2017).Existem vários tipos de cirurgia bariátrica dis-
poníveis para os pacientes obesos (Fig. 8). Atualmente, 
a maior parte das cirurgias são feitas por laparoscopia, 
minimamente invasiva. Existem 3 técnicas cirúrgicas di-
ferentes: Restritivas, disabsortivas e mistas. As restritivas 
possibilitam, mediante saciedade precoce favorecida 
pela redução da capacidade gástrica, a diminuição do 
volume de alimentos ingeridos. 
Figura 8 - Diferentes técnicas de cirurgia bariátrica.
Adaptado de SBCBM, 2017.
1. Bypass Gástrico (gastroplastia com 
desvio intestinal em “ Y de Roux”)
3. Duodenal Switch
2 . Sleeve ou manga 
(Gastrectomia Vertical)
4. Banda gástrica ajustável
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 7
 As técnicas disabsortivas, mediante exclusão de 
um segmento do intestino delgado, propõem a redução 
da absorção de alimentos, e as mistas, por sua vez, as-
sociam uma restrição mecânica ao bolo alimentar a uma 
má absorção intestinal (SOUSA, 2013).
 Atualmente as duas técnicas mais utilizadas são 
Sleeve e Bypass gástrico (Fig. 9). A técnica de Sleeve ou 
manga é o método que retira parte do estômago sem 
alterar o intestino. Comumente é recomendada para 
pacientes que apresentem um quadro menos grave de 
obesidade. O outro método é chamado de bypass gás-
trico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”. 
Ele representa 75% das cirurgias realizadas no Brasil, 
sendo mais praticado no sistema público. Nesse caso, 
o estômago é reduzido com cortes ou grampos e é feita 
uma alteração no intestino para reconectá-lo à parte do 
estômago que irá permanecer funcional. A costura do in-
testino que foi desviado fica com formato parecido com 
a letra Y, daí a origem do nome. Roux é o sobrenome do 
cirurgião que criou a técnica (SBCBM, 2017).
 A técnica de bypass gástrico é a técnica que foi 
mais bem estudada e que há mais tempo é realizada. 
Consiste na redução do tamanho do estômago, que terá 
um volume de 30 a 50 ml e será ligado a um segmento 
do intestino delgado. A perda de peso é bastante sig-
nificativa (de 70% a 80% do peso inicial) e rápida, por-
que é um procedimento restritivo, ou seja, que limita a 
quantidade de alimentos que são ingeridos e também 
um procedimento disabsortivo, porque uma boa parte 
do intestino não receberá os sucos digestivos e por isso 
não participará da absorção dos alimentos. A cirurgia 
aumenta ainda a produção do hormônio da saciedade, 
o GLP-1, o que diminui a vontade de comer, mas a re-
dução da capacidade gástrica é a principal responsável 
pelo emagrecimento. É bastante efetiva no controle das 
comorbidades, especialmente no controle do diabetes. 
Nos casos de pacientes com doença do refluxo gastro-
esofágico de difícil controle é a técnica de escolha (FU-
JIOKA, 2005; SBCBM, 2017).
Figura 9 - Técnicas de cirurgia bariátrica mais realizadas.
Adaptado de SBCBM, 2017.
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 8
Dificuldade de absorção de nutrientes
 O aumento crescente no número de cirurgias 
bariátricas realizadas em todo o mundo, intensificou a 
preocupação sobre os seus efeitos a longo prazo, princi-
palmente em relação às alterações dietéticas e nutricio-
nais decorrentes. Isto porque a base para esta redução e 
manutenção de peso é a restrição da ingestão alimentar 
e/ou má absorção de nutrientes, que pode proporcionar 
várias deficiências nutricionais, incluindo anemia, perda 
de massa óssea, desnutrição proteica, neuropatias peri-
férica, danos visuais, encefalopatia de Wernicke e mal-
formação fetal (BORDALO, MOURÃO, BRESSAN, 2011).
 Tais alterações são comumente não diagnosti-
cadas e, portanto, não tratadas, podendo assim provocar 
consequências adversas à saúde e comprometendo a 
qualidade de vida desses pacientes. O perfil de vitami-
nas e minerais depende da dieta, tabagismo, idade, sexo, 
dentre outros fatores. Muitos indivíduos obesos apre-
sentam baixas concentrações de vitamina B6, vitamina 
C, 25 hidroxivitamina D e vitamina E antes mesmo da re-
alização de cirurgias bariátricas. A associação entre bai-
xas concentrações de micronutrientes no pré-operatório 
juntamente com as alterações anatômicas e fisiológicas 
proporcionadas pelas técnicas cirúrgicas pode tornar 
o paciente muito vulnerável a desenvolver deficiências 
grave de vitaminas e minerais (BORDALO, MOURÃO, 
BRESSAN, 2011).
 A adequação de micronutrientes é importan-
te não só para a manutenção da saúde, mas também 
para obter o máximo sucesso na manutenção e perda 
de peso em longo prazo. Para isso é necessário o co-
nhecimento sobre as principais deficiências nutricionais 
presentes nestes pacientes para que se possam desen-
volver protocolos de intervenção clínica e nutricional. Do 
ponto de vista nutricional, os pacientes submetidos à ci-
rurgia bariátrica deverão ser acompanhados pelo resto 
da vida, com o objetivo de receberem orientações espe-
cíficas para elaboração de uma dieta qualitativamente 
adequada (AILLS L, 2008). 
 Quanto mais disabsortiva for a cirurgia, maior a 
chance de complicações nutricionais. Reposições vita-
mínicas são feitas após a cirurgia e mantidas por tempo 
indeterminado. As deficiências nutricionais após cirur-
gia bariátrica ocorrem basicamente por: restrição da in-
gestão alimentar e/ou redução das áreas de absorção 
dos nutrientes. Além disso, a diminuição no tempo de 
trânsito gastrointestinal também pode resultar em má 
absorção de vários micronutrientes relacionados não 
só à exclusão do duodeno e jejuno como também ao 
contato limitado do alimento com a borda em escova. 
A presença de intolerância alimentar e a não utilização 
de polivitamínicos/minerais também contribuem nesse 
processo (BORDALO, MOURÃO, BRESSAN, 2011).
 A deficiência de vitamina B12 é uma das defici-
ências mais frequentes observadas após o bypass gás-
trico e pode ocorrer principalmente devido a diminuição 
do fator intrínseco, produzido pelas células parietais, 
necessário para absorção dessa vitamina. Se a vitami-
na B12 não for suplementada, 30% dos pacientes não 
conseguirão manter os níveis normais de B12 plasmá-
tica. Alguns pacientes (até 10%) não respondem a altas 
doses de vitamina B12 sublingual ou oral e necessitam 
de injeções intramusculares mensais de vitamina B12 
(FUJIOKA, 2005).
 A digestão de lipídios após o bypass gástrico 
ocorre de forma mais lenta devido à ausência de contato 
das gorduras com o duodeno o que prejudica a atuação 
da colecistoquinina (CCK), hormônio intestinal neces-
sário para a liberação das lipases biliares e pancreáti-
cas. Assim há produção limitada de enzimas lipolíticas 
e reduzida formação de micelas que pode resultar em 
esteatorréia e deficiência de vitaminas lipossolúveis (A, 
D, E, K). Ao contrário das deficiências de vitaminas hi-
drossolúveis (B12, B9, B6, B1, Vit C) que se manifestam 
rapidamente após a cirurgia, as deficiências de vitami-
nas lipossolúveis se desenvolvem de forma mais lenta 
de acordo com a absorção progressiva de gorduras. 
Além das deficiências vitamínicas, também podem ocor-
rer deficiências de minerais, como o ferro, selênio, zinco 
e cobre (XANTHAKOS, INGE, 2006).
 Em geral, as vitaminas A, D, E e K, serão defi-
cientes em dois terços desses pacientes em quatro anos 
após a cirurgia. Até 50% terão hipocalcemia e todos es-
ses pacientes com baixos níveis de vitamina D apresen-
tarão hiperparatireoidismo secundário. Manifestações 
de todas as diferentes vitaminas lipossolúveis podem 
ser vistas, variando de erupções cutâneas incomuns, 
osteomalácia e contusões fáceis. Outros problemas as-
sociados a esse tipo de procedimento incluem queda de 
cabelo grave, doença hepática (geralmente transitória), 
doença renal e odores corporais incomuns (FUJIOKA, 
2005; SLATER et al., 2004).
 A deficiência de proteína é a mais comumen-
te relatada entre os macronutrientes. É principalmente 
observada após as técnicas cirúrgicas disabsortivas ou 
mistas. No entanto, tal deficiência não ocorre somente 
MONOG R A F I A A M I N N U | 2 9
devido ao componente mal-absortivo destas técnicascirúrgicas. Pode estar associada também a outros com-
ponentes que levam a diminuição da ingestão alimentar 
como a anorexia, vômitos persistentes, diarreia, intole-
rância alimentar e etilismo ou à reduzida capacidade in-
dividual absortiva e adaptativa. A desnutrição proteica 
representa uma grave complicação metabólica observa-
da principalmente no pós-operatório tardio de cirurgia 
bariátrica. É caracterizada pela presença de hipoalbumi-
nemia, anemia, edema, astenia e alopecia (AILLS, et al., 
2008).
Doenças relacionadas à bariátrica
 O acompanhamento do paciente bariátrico 
pode ser convenientemente dividido em duas áreas: as 
questões de complicações cirúrgicas e perda de peso 
durante o primeiro ano e as questões nutricionais e me-
tabólicas que surgem após o primeiro ano (HSU, et al., 
1998). De acordo com estudo feito por FUJIOKA, em 18 a 
24 meses após a cirurgia bariátrica, quase todos os pa-
cientes declinaram a perda de peso e por consequência 
mantiveram ou passaram pelo período de reganho de 
peso (FUJIOKA, 2005). 
 Com o objetivo de verificar a presença de intole-
rância alimentar em pacientes submetidos à cirurgia ba-
riátrica, foi realizado um estudo retrospectivo por QUA-
DROS et al., com 165 pacientes do serviço de nutrição do 
Nuctrom. Foi relatada a presença de intolerância alimen-
tar por 46,67% dos pacientes, sendo que esta ocorreu 
principalmente no primeiro ano de pós-operatório. Con-
forme demonstrado no gráfico 5, a carne e o arroz foram 
os alimentos menos tolerados durante todo o período de 
pós-operatório. A dificuldade dos pacientes em ingerir 
carne, ou seja, proteína, pode dificultar a manutenção da 
massa magra. Os sintomas mais relatados foram: vômito 
(7,88%), síndrome de dumping (4,85%), diarreia (4,24%) 
e obstipação (2,42%). Não foi encontrada correlação en-
tre a presença destes sintomas e a de acompanhamento 
nutricional (p < 0,05), entretanto, deve-se considerar a 
possibilidade de deficiências nutricionais decorrentes 
da intolerância alimentar e/ou dos sintomas relatados, 
caso não seja realizado um acompanhamento nutricio-
nal adequado (QUADROS, et al.,2007).
Gráfico 5 - Prevalência dos pacientes com intolerância alimentar de acordo com o tempo de pós-operatório e alimentos 
relatados. A carne foi o alimento menos tolerado pelos pacientes pós-bariátricos.
Adaptado de QUADROS et al, 2007.
MONOG R A F I A A M I N N U | 30
 O vômito quase sempre ocorre durante os pri-
meiros meses após a cirurgia e é frequentemente des-
crito como “expelindo alimentos que estão presos”. Ge-
ralmente acontece de uma a três vezes por semana e 
geralmente é devido a comer demais ou não mastigar 
adequadamente os alimentos. O vômito é bem tolerado 
pela maioria dos pacientes, mas se o vômito se torna 
mais frequente, ocorrem baixos níveis de potássio e/ou 
baixos níveis de magnésio, exigindo substituição oral. 
Os pacientes precisam se ajustar à bolsa gástrica muito 
menor que agora recebe comida do esôfago. A cirurgia 
bariátrica diminui a capacidade do estômago de que-
brar os alimentos em pequenas partículas. (FUJIOKA, 
2005).
 Um problema que frequentemente pode ocor-
rer em pacientes pós-bariátricos é a desnutrição protei-
ca, e caso ocorra é necessário observar a ingestão total 
de alimentos do paciente e avaliar se o paciente está 
atendendo às suas necessidades calóricas e proteicas. 
Os suplementos de proteína e aminoácidos são muito 
úteis, sendo ideal ingerir suplementos ricos em aminoá-
cidos e com baixo teor de carboidratos (FUJIOKA, 2005).
Perda de massa magra em bariátricos
 A perda de músculo esquelético em pacientes 
submetidos à cirurgia bariátrica é uma consistente ob-
servação. O músculo esquelético contém a maior con-
centração de proteínas do corpo e perda de músculo 
esquelético tem implicações importantes para a saúde. 
O nível de proteína muscular requer um equilíbrio en-
tre as taxas de síntese e degradação de proteínas. As 
evidências atuais sugerem que a taxa reduzida de sín-
tese proteica está relacionada à perda de músculo após 
bypass gástrico. Isso não é surpreendente, devido a uma 
dieta hipocalórica pós-cirúrgico e, ao contrário de outros 
macronutrientes, proteínas e aminoácidos não são ar-
mazenados no organismo. Além disso, com o tamanho 
reduzido do estômago, produzindo uma quantidade me-
nor de ácido clorídrico, o processo de desnaturação pro-
teica fica muito comprometido (KATSANOS, MADURA, 
ROUST, 2015).
 A perda de tecido corporal magro após cirur-
gia bariátrica é uma preocupação clínica que recebeu 
atenção apenas recentemente. Manter a massa magra 
enquanto diminui o tecido adiposo nos meses seguintes 
à cirurgia é particularmente importante para o pacien-
te que anseia em alcançar resultados bem-sucedidos a 
longo prazo. Também é importante observar que a maio-
ria dos pacientes submetidos à intervenção de bypass 
gástrico tem entre 40 e 50 anos, um período na vida que 
coincide com o início de perda muscular acelerada as-
sociada à idade (KATSANOS, MADURA, ROUST, 2015).
 A ingestão adequada de proteínas é uma reco-
mendação comum para pacientes submetidos ao des-
vio gástrico. Contudo, a diminuição da massa corporal 
magra em pacientes submetidos ao bypass gástrico é 
observada apesar do aconselhamento alimentar para 
consumir quantidades adequadas de proteína. A inges-
tão de proteínas se torna particularmente importante em 
pacientes submetidos a cirurgia bariátrica, ao considerar 
que nesses pacientes, as concentrações de aminoáci-
dos plasmáticos diminuem após o desvio gástrico (TAM-
BOLI, 2010).
 Quando o déficit proteico ocorre na presença 
de uma ingestão excessiva de calorias na forma de car-
boidratos, a hiperinsulinemia inibe a degradação de te-
cido muscular e de tecido adiposo. Se os hormônios cor-
porais não se adaptarem à reserva proteica, há redução 
na síntese de albumina e imunidade corporal. Quando 
não diagnosticada, pode resultar em edema associado à 
desnutrição proteica caracterizada pela perda de massa 
magra, porém com inadequada perda de peso em fun-
ção do acúmulo de líquido extracelular. Embora a baixa 
ingestão proteica possa se ajustar ao balanço nitrogena-
do negativo, quando essa baixa ingestão é prolongada a 
deficiência torna-se inevitável sendo caracterizada pela 
redução de proteínas hepáticas e sintomas caracterís-
ticos como atrofia muscular, astenia e alopecia. Além 
disso, a desnutrição enérgico-proteica é comumente as-
sociada à presença de anemia ferropriva, deficiência de 
vitamina B12, ácido fólico e cobre; e a deficiência protei-
ca associa-se à deficiência de zinco, tiamina e vitamina 
B6 (BORDALO, MOURÃO, BRESSAN, 2011).
 Apesar da ênfase no aumento do consumo de 
proteínas, a ingestão recomendada de proteína não 
pode ser atendida por pacientes com até um ano após 
o bypass gástrico e uma grande quantidade de tecido 
corporal magro é perdida. Como a quebra de proteínas 
musculares diminui após o bypass gástrico, abordagens 
que efetivamente estimulam a síntese de proteínas nos 
músculos são de fundamental importância para manter 
o tecido muscular magro do corpo em pacientes bari-
átricos. Após cirurgia, a diminuição nas concentrações 
plasmáticas de aminoácidos é observada especifica-
mente no pool de aminoácidos essenciais. Além disso, a 
absorção de aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, 
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isoleucina, valina) aparece reduzida após procedimen-
tos de bypass gástrico (KATSANOS, MADURA, ROUST, 
2015).
 A mudança dos hábitos alimentares com au-
mento da ingestão de aminoácidos essenciais fornece 
uma abordagem que pode potencialmente impedir a 
perda de massa magra corporal e, finalmente, alcan-
çar um nível de saúde mais sustentado em pacientes 
submetidos à cirurgia bariátrica. Pacientes com bypass 
gástrico perdem em média 17% de tecido magro dos 
membros durante o ano seguinte ao procedimento. Atu-
almente, não há abordagens eficazes para evitar a perda 
de massa magra após o desvio gástrico. Em pacientes 
que apresentaram

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